Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
A otosclerose, também conhecida como otospongiose, é uma doença hereditária que gera a desmineralização e o remodelamento do osso ao redor da cóclea, afetando principalmente a base do estribo. Ou seja, há a reabsorção e crescimento anormal do tecido ósseo endurecido, que prejudica a mobilidade do estribo. É uma doença degenerativa, monogênica, autossômica, dominante, de penetrância incompleta e expressão variada. Sua causa é uma deficiência no metabolismo do flúor e do cálcio. Ao vibrar, a membrana timpânica faz vibrar também os ossículos da orelha média - martelo, bigorna e estribo - que transmitem o impulso para a cóclea, localizada na orelha interna. Em indivíduos portadores de otosclerose essa vibração não chega à cóclea - onde as vibrações são convertidas em impulsos elétricos que serão transportados até o sistema nervoso -, justamente porque o estribo está fixado devido ao tecido endurecido que o imobiliza, causando a perda auditiva classificada como condutiva, uma vez que há incapacidade de conduzir o estímulo. A doença se manifesta em duas fases: Otospongiose, na qual o osso ainda não está fixado, e Otosclerose propriamente dita, na qual o osso já se encontra fixado. O principal sintoma é a perda auditiva progressiva que pode ser uni ou bilateral, de início precoce - entre os 20 e 30 anos - e agravada depois dos 50 anos, podendo evoluir para surdez total. Há outros sintomas possíveis como zumbidos, vertigens e problemas de equilíbrio. A evolução pode ser mais rápida e o quadro pode ser mais grave durante a gravidez. Por ser uma doença de penetrância incompleta e expressão variada, a presença do genótipo não implica necessariamente no fenótipo correspondente nos indivíduos portadores e pode apresentar diferentes níveis de gravidade de acordo com cada indivíduo, ou seja, não é garantido que o portador de otosclerose manifestará a doença ao longo da vida. Entretanto, há fatores de risco para essa manifestação, como distúrbios vasculares, metabólicos, hormonais e autoimunes, infecções virais e traumatismos. Além disso, sabe-se que a doença acomete mais mulheres do que homens. Atualmente, sabe-se que o principal gene envolvido na otosclerose é o SERPINF1 (Serpin Peptidase Inhibitor, Clade F), que codifica PEDF (fator derivado do epitélio pigmentar), um potente inibidor da angiogênese e conhecido regulador da densidade óssea. A angiogênese já foi proposta como fator chave no desenvolvimento de otosclerose. O SERPINF1 está localizado no 17º cromossomo na posição 17p13.1. Foram identificadas nesse gene seis mutações diferentes capazes de reduzir a quantidade dessa proteína no estribo. O principal transcrito de SERPINF1 no osso do estribo humano é o SERPINF1-012. Estudos mostram que portadores de otosclerose possuem uma redução significativa na eficiência de tradução desse transcrito. Outras mutações nesse mesmo gene estão relacionadas a outras doenças ósseas como a osteogênese imperfeita, popularmente conhecida como “doença dos ossos de vidro”. Não há ainda cura definitiva para a otosclerose. O tratamento é realizado a fim de retardar a evolução da doença e aliviar os sintomas. Ele é feito com prescrição de medicamentos, uso de aparelhos auditivos para amplificação sonora e, em alguns casos, cirurgia (estapedectomia ou estapedotomia), havendo indicação com base no grau de perda auditiva e condições clínicas. Estando a cóclea preservada, o uso de aparelhos auditivos apresenta grandes benefícios. O profissional responsável por avaliar, selecionar, prescrever, adaptar e acompanhar a utilização do Aparelho de Amplificação Sonora Individual (AASI) é o fonoaudiólogo. Na impossibilidade de adaptação bilateral, a determinação do lado a ser colocado o AASI deve ser feita pelo fonoaudiólogo com base nas características audiológicas, necessidades comunicativas e condições físicas do paciente. O Teste de Ganho Funcional de AASI também é realizado por fonoaudiólogo e consiste em um exame voltado para pesquisar os limiares auditivos do paciente com o AASI e sem o AASI. REFERÊNCIAS 1. CARVALHO, M.T.B. Otosclerose familiar: a base genética. 2019. Dissertação (Mestrado Integrado em Medicina) – Faculdade de Medicina, Universidade de Lisboa, Lisboa. 2. PIATTO, Vânia B. et al . Genética molecular da deficiência auditiva não-sindrômica. Rev. Bras. Otorrinolaringol., São Paulo , v. 71, n. 2, p. 216-223, Apr. 2005 3. HOLME, R. Destravando o primeiro gene para causar o otosclerosis: uma entrevista com Dr. Ralph Holme. [7 de junho, 2016]. Manchester: News-Medical. Entrevista concedida a April Cashin-Garbutt. 4. Ziff, J. L. et al. Mutations and altered expression of SERPINF1 in patients with familial otosclerosis. Human molecular genetics. vol. 25, n. 12. p. 2393 - 2403, 2016 5. GUIMARÃES, H. Otosclerose, 2019. Disponível em: <https://www.materdei.com.br/cuidados-com-a-saude/guia-de-doencas/otosclerose>. Acesso em: 11 abr. 2021. 6. MOREIRA, L. O Que é Otosclerose e Como Tratar, 2014. Disponível em: <https://portalotorrino.com.br/o-que-e-otosclerose-e-como-tratar/> . Acesso em: 11 abr. 2021.
Compartilhar