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Urgência e Emergência Trauma abdominal Pode ser classificado em: • Trauma fechado (contusão abdominal): decorrente de forças de desaceleração ou transmissão de choque pela parede abdominal. • Trauma aberto (penetrante ou ferida abdominal): geralmente é ocasionado por lesões por projeteis de arma de fogo (PAF) ou arma branca. Lesões mais comuns: • Trauma fechado: a) Baço 40 a 55% b) Fígado 35 a 45% c) Intestino delgado 5 a 10% • Trauma penetrante por arma branca a) Fígado 40% b) Intestino delgado 30% c) Diafragma 20% d) Cólon 15% • Trauma penetrante por arma de fogo: a) Intestino delgado 50% b) Cólon 40% c) Fígado 30% d) Estruturas vasculares abdominais 25% • O trauma das estruturas abdominais pode determinar sangramento importante (por lesões de vísceras solidas ou de grandes vasos) ou produzir irritação peritoneal (ocasionada por conteúdo liquido proveniente de alças lesadas ou por grande quantidade de sangue) • Portanto, a avaliação inicial do trauma abdominal não visa determinar precisamente o órgão acometido e sim SE EXISTE OU NÃO INDICAÇÃO CIRÚRGICA Abdome cirúrgico? • Trauma penetrante: quando paciente apresentar choque e/ou peritonite e/ou evisceração • Trauma contuso: o que demonstra um abdome cirúrgico é a presença de peritonite e/ou retropneumoperitônio e/ou pneumoperitônio Trauma abdominal penetrante Lesões por arma de fogo: • A exploração cirúrgica está indicada sempre que houver violação da cavidade peritoneal • A intensidade cada vez maior dos projeteis de arma de fogo justifica essa conduta • Mais que 90% das lesões na parede anterior do abdome encontramos lesões intra-abdominais e por isso a laparotomia quase sempre é indicada (ATLS) • Se o abdome não for cirúrgico, a conduta vai depender da localização da lesão • Temos dois prováveis cenários: - a ferida deve ser avaliada - sob anestesia local, realiza-se a exploração digital - a duvida é se penetrou ou não na cavidade peritoneal Lesão na região dorsal ou no flanco do abdome: • Exame físico fica mais difícil • Melhor conduta: TC com triplo contraste (oral, retal e venoso) • Cirurgia estará indicada caso seja diagnosticada lesão de alguma estrutura retroperitoneal ou peritoneal Trauma abdominal fechado • Baço • Cuidado: “Sinal do cinto de segurança” • Trauma contuso o abdome é cirúrgico na presença de irritação peritoneal, retro ou pneumoperitônio • O problema em se identificar a irritação peritoneal é que nem sempre podemos confiar no exame físico • Temos dois cenários: a) Paciente desperto, estável hemodinamicamente, sem lesões em outros sistemas: - exame físico é confiável para avaliarmos e responder se existe irritação peritoneal - caso o exame físico evidencie irritação peritoneal a conduta é a laparotomia b) Quando a situação é critica (paciente comatoso, vitima de TCE ou intoxicado por drogas, alcoolizado e/ou com lesões multissistêmicas) - o paciente não é “capaz de nos responder” a essa pergunta inicial - devemos lançar mão de exames complementares, que avaliarão se há lesão de vísceras abdominais Exames para avaliar trauma contuso: • Lavado peritoneal diagnostico (LPD) • FAST • TC LPD: • Método empregado no trauma fechado • Indicações: - utilizado em indivíduos não responsivos (TCE, INTOXICAÇÕES EXOGENAS) e/ou hipotensos sem causa aparente - pacientes comatosos com lesões multissistêmicas, hipotensos ou chocados em que o sangramento pode ser proveniente de qualquer uma das principais fontes (abdome, fraturas pélvicas, etc) também devem ser submetidos ao LPD • Realizado através de colocação de cateter na cavidade do peritônio, através de pequena incisão infraumbilical • Cuidado: gestantes e pacientes com fraturas pélvicas, o acesso deve ser realizado através de incisão supraumbilical (evitar o útero gravídico e um possível hematoma no retroperitônio) 1) Aspiração inicial com retorno de mais do que 10 ml de sangue, é um sinal imediato de positividade 2) Caso o retorno de sangue não ocorra: devemos infundir 1000ml de solução de Ringer Lactato aquecida. Fazer compressão abdominal ou rotação lateral do paciente facilitando a mistura da solução. Após, um mínimo devemos aspirar um mínimo de 200ml de liquido de retorno 3) O efluente é enviado ao laboratório para analise bioquímica, com dosagem de amilase e fosfatase alcalina e contagem celular 4) A presença de 100.000 hemácias/mm3 ou mais, 500 leucócitos/ mm3 ou mais, amilase acima de 175 U/dl ou pesquisa positiva para bile, bactérias ou fibras alimentares torna o LPD positivo para lesão intra-abdominal, estando indicada a laparotomia exploradora 5) O LPD tem sensibilidade de 98% para detecção de sangramento intra- abdominal • Desvantagens: - não faz diagnostico de lesões diafragmáticas, lesões da porção extraperitoneal da bexiga, hematomas retroperitoneais, pequenas lesões intestinais e lesões em pâncreas, rim e duodeno • Contraindicações: - Absolutas: peneumoperitonio, exame físico confiável com peritonite, trauma penetrante com evisceração - Relativas: cirurgia abdominal prévia, obesidade mórbida, cirrose avançada e presença de coagulopatia FAST • Identificar liquido livre na cavidade abdominal (sangue extravasado de viscera oca) • Sítios de avaliação: - espaço hepatorrenal (Morrison) - espaço esplenorrenal - pelve - pericárdio • Detecção de coleções >250ml • Vantagens: - exame não invasivo - rápido - pode ser repetido quantas vezes forem necessárias • Desvantagens: - examinador dependente - baixa acurácia para coleções <500ml - gás intestinal - obesidade - resultado falso-negativo para lesões retroperitoneais - lesão de vísceras ocas • Paciente instável hemodinamicamente com LPD ou FAST positivo esta indicada a laparotomia exploradora • Pacientes hemodinamicamente estáveis o próximo passo é a tomografia abdominal Tomografia computadorizada: • Principal exame para analise detalhada do traumatismo abdominal • Exige estabilidade hemodinâmica • Acurácia superior a 90% • A grande “limitação” da TC são as lesões de vísceras ocas Lesões na transição toracoabdominal: • Nas lesões penetrantes da região toracoabdominal, a estrutura mis acometida é o diafragma • A grande dúvida nessas lesões é se houve ou não lesão dos dois compartimentos (abdome e tórax) • O comprometimento ou não do abdome depende de duas variantes: a fase do ciclo respiratório e o trajeto do objeto agressor • Lesões do tórax: drenagem torácica • Lesão abdominal (choque, peritonite, evisceração): laparotomia • Duvidas: laparoscopia ou videotoracoscopia Cirurgia para o controle de danos: Serve para estabilizar levemente o paciente! Três fases: 1) Operação inicial breve 2) Reanimação na terapia intensiva 3) Reoperação planejada Hematoma retroperitoneal: • É mais frequente e mais grave nas feridas abdominais, principalmente ocasionadas por PAF • A maioria dos casos requer tratamento cirúrgico • Tamponamento do sangramento dos vasos pelo retroperitônio, formando um hematoma • Com base na localização do hematoma podemos antecipar qual vaso foi lesado, assim como a conduta adequada a ser traçada • Nos pacientes estáveis, a TC pode identificar os hematomas e as lesões viscerais associadas, permitindo o planejamento do tratamento (cirúrgico ou não) Trauma da pelve: • As fraturas pélvicas estão relacionadas a traumas mais intensos e associados a lesões em outros compartimentos como tórax, abdome e encéfalo • A complicação imediata mais temida é a hemorragia e por consequência o choque hipovolêmico ➢ Achados sugestivos de fraturas pélvicas: - discrepância do tamanho dos mmii - rotação lateral dos mmii - hematoma em região perineal - uretrorragia ➢ Diagnostico:- radiografia simples em AP Melhor conduta? • A conduta imediata é tentar fechar o anel pélvico • Caso haja sangramento arterial a conduta ideal é a angioembolização, porem se não for disponível, devemos fazer laparotomia para controle do sangramento.
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