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1 Beatriz Cavalcanti Regis Manual do Residente de Clínica Médica 2ª ed. + A Clínica Através da Imagem + Exame Clínico (Porto) 8ª ed. + Artigo INTRODUÇÃO • Osteoartrite/osteoartrose/artrose: artropatia resultante da degeneração da cartilagem com posterior lesão óssea. • Causa mais frequente de doença crônica musculoesquelética, sendo a maior causa de limitação das atividades diárias entre os idosos. • As alterações articulares características são desencadeadas ou agravadas pela ação de fatores biológicos (idade > 50 anos, genéticos, inflamatórios, metabólicos, hormonais, envelhecimento) e mecânicos (trauma, displasia óssea, obesidade, desalinhamentos, neuropatias com perda de propriocepção). MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Principal: dor articular (evolução insidiosa e lenta, mas com a progressão da doença, torna-se persistente e de maior intensidade). • Dor mecânica → protocinética (piora com o movimento continuado e melhora com o repouso). • Com a progressão, a dor noturna pode ocorrer, bem como dor no repouso e rigidez matinal de curta duração (< 15min). • Exame físico: dor à palpação articular, presença de crepitação ao movimento e aumento de volume articular decorrente de proeminências ósseas (osteófitos), aliado ao espessamento da sinóvia e ao derrame articular. • Articulações mais comprometidas são as que suportam peso: coxofemoral; joelhos; tornozelos; pés; ombros; interfalangianas distais (nódulos de Heberden) e proximais (nódulos de Bouchard) – formas hereditárias e mais frequentes em mulheres; metatarsofalangianas do hálux, as primeiras articulações carpometacarpianas, coluna e, eventualmente, temporomandibulares. EXAMES COMPLEMENTARES • RX: estreitamento do espaço articular (perda de cartilagem; pinçamento articular), esclerose óssea subcondral e o desenvolvimento de osteófitos; erosões ósseas e cistos subcondrais (casos mais graves). • RNM: se RX normal ou para avaliar tecidos moles envolvidos (lesão de menisco ou de ligamentos). • Exame do líquido sinovial (diagnóstico diferencial de artropatia microcristalina por pirofosfato de cálcio): aspecto amarelo citrino, com escassa celularidade (< 3.000 leucócitos), geralmente menos do que 25% de células polimorfonucleares. • Os exames laboratoriais (hematológicos, bioquímicos e imunológicos) mostram-se normais. DIAGNÓSTICO • Obrigatória a presença de dor + exames de imagem complementando a suspeita. • Casos com alterações apenas nos exames de imagem não configuram diagnóstico de osteoartrite (dissociação clinicorradiográfica). TRATAMENTO • Objetivo: alívio dos sintomas + redução da incapacidade funcional + retardo da progressão da doença. TERAPIA NÃO FARMACOLÓGICA • Orientações: acerca da doença (salientar que a doença não é sinônimo de envelhecimento e que a intervenção terapêutica trará considerável melhora na qualidade de vida), redução da carga articular (ex.: afastamento de atividades laborais), exercícios de alongamento, aeróbicos, fortalecimento muscular e controle do peso. • Complemento: calçados apropriados, órteses para apoiar a deambulação, palmilhas em cunha para corrigir desvios, joelheiras, adesivo patelar. • Instalação de artefatos de assistência em ambiente doméstico. TERAPIA FARMACOLÓGICA • Sintomáticos de ação rápida e curta duração: ✓ Analgésicos: paracetamol (1ª escolha; evitar em hepatopatas) ou dipirona – dor leve a moderada); opioides (dor intensa; efeitos adversos em idosos – alterações cognitivas, de humor, alucinações, depressão respiratória, 2 Beatriz Cavalcanti Regis Manual do Residente de Clínica Médica 2ª ed. + A Clínica Através da Imagem + Exame Clínico (Porto) 8ª ed. + Artigo aumento do risco de quedas, obstipação e retenção urinária) ✓ AINH: eficácia superior aos analgésicos comuns para casos moderados a graves; cuidadosa avaliação do risco de toxicidade gastrintestinal e renal. ✓ Opioides (ex.: tramadol) em caso de má resposta ou contraindicação às opções expostas. • Sintomático e/ou modificador de doença de ação lenta: demoram de 1-3 meses para ter ação sobre os sintomas. ✓ Cloroquina e hidroxicloroquina: forma erosiva da osteoartrite de mãos e de outras articulações nas quais existe processo inflamatório significativo; 125-250mg/dia de difosfato de cloroquina e 200- 400 mg/dia de sulfato de hidroxicloroquina. - Avaliações oftalmológicas de controle. ✓ Diacereína: 50-100mg/dia; pode provocar diarreia e flatulência. ✓ Glicosamina e condroitina: 1.500mg e 1.200mg respectivamente, em uma única tomada diária. ✓ Hialuronato intra-articular: 3-5 aplicações na articulação afetada, com intervalo de 1 semana entre elas. ✓ Ranelato de estrôncio: 2g/dia, apresentado na forma de pó hidrossolúrvel. • Agentes tópicos: ✓ Capsaicina (efeitos colaterais limitam seu uso – irritabilidade ocular ou epidérmica). ✓ AINH: cetoprofeno, ibuprofeno, felbinaco, piroxicam. • Terapia intra-articular: ✓ Triancinolona hexacetonida ou ácido hialurônico (joelho). TERAPIA CIRÚRGICA • Dor crônica refratária ao tratamento clínico + deformidades importantes. • Opções: a fenestração do osso subcondral, a remoção de osteófitos, osteotomias corretivas para desvios angulares, artroplastias totais ou parciais, artrodese e transplante de cartilagem.
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