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Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2020.2 – 3º semestre HIPERTROFIA Aumento do tamanho das células. o Pode levar ao aumento do tamanho do órgão; ▪ A hipertrofia ocorre geralmente quando as células são incapazes de se dividir: o Não existem células novas, apenas células maiores, aumentadas: ❖ Esse aumento de tamanho ocorre devido ao aumento da quantidade de proteínas estruturais e de organelas. Figura 1: O processo de hipertrofia acontece pelo predomínio de síntese em relação ao catabolismo. Em condições normais há o equilíbrio entre os dois. ▪ Haverá o aumento da síntese de proteínas e consequentemente um maior número organelas que levará ao aumento do tamanho e capacidade funcional da célula, para a mesma conseguir atender a demanda. Figura 2: Comparação das células em estado normal e hipertróficas. A atividade nuclear é maior para aumentar a síntese proteica e, por isso, o núcleo fica com uma coloração mais intensa. CAUSAS As causas da hipertrofia podem ser de origem patológica quando fisiológica: ▪ Aumento de demanda funcional; ▪ Estimulação hormonal específica; A hipertrofia (aumento do tamanho) e a hiperplasia (aumento do número) podem também ocorrer juntas, ambas resultam em um órgão hipertrófico. HIPERTROFIA FISIOLÓGICA ▪ Músculo liso: Hipertrofia e Hiperplasia simultaneamente: o Ex.: Útero gravídico. ▪ Músculo estriado e músculo cardíaco: Apenas hipertrofia: o Ex.: Músculo estriado em fisiculturistas: ❖ O aumento de demanda no exercício físico paralelo a uma alimentação rica em proteína fornece aminoácidos para possibilitar a síntese proteica que levará ao aumento da massa muscular. O miocárdio possui um potencial quase nulo de divisão celular então, quando é necessário, as células só fazem aumentar de tamanho. Figura 3: Hipertrofia e hiperplasia uterina: O aumento fisiológico maciço do útero ocorre como consequência da hipertrofia e hiperplasia do musculo liso estimulado pelo estrogênio. Ocorre também no o final da gestação quando as glândulas mamárias hipertrofiam em resposta a secreção de prolactina. HIPERTROFIA PATOLÓFICA ▪ Secundária a um processo de doença que leva a um aumento na carga de trabalho do órgão: o Ex.: Hipertrofia do miocárdio ventricular em resposta a uma válvula aórtica estenótica; ▪ Compensatória: Quando um órgão ou uma parte dele falha, outro órgão ou parte dele é chamada a fazer mais trabalho: o Ex.: Rim. Catabolismo celular Síntese celular Patologia Patologia Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2020.2 – 3º semestre Figura 4: Hipertrofia patológica do miocárdio. ▪ A hipertrofia celular pode resultar da proliferação de uma organela específica: o Ex.: Em casos de desintoxicação, gera um aumento da demanda dos hepatócitos que causa um aumento da quantidade de REL dos hepatócitos: ❖ As enzimas oxidases de função mista no REL dos hepatócitos são responsáveis por uma variedade de desintoxicação de drogas e produtos químicos exógenos, e isto resulta em hipertrofia de hepatócitos individuais. Hipertrofia e hiperplasia celular são respostas comuns aos estímulos nocivos. ATROFIA/HIPOTROFIA Diminuição do tamanho da célula pela perda de substância celular. Não confundir hipotrofia com hipoplasia e atrofia com aplasia. Aplasia/agenesia x Hipoplasia: ▪ Aplasia: o Ausência congênita de um tecido ou órgão; o Ausência de tecido primordial na fase embrionária. ▪ Hipoplasia: o Incapacidade de um órgão ou estrutura de atingir o volume adulto normal; o Diminuição de atividade formadora de tecidos. Não confundir atrofia com distrofia: As duas são a diminuição do tamanho da célula. ▪ Atrofia possui causa fisiológica ou patológica: o Célula era normal e diminuiu; ▪ Distrofia é sempre patológica: o Qualquer distúrbio na formação da célula que afeta o desenvolvimento e crescimento, ou seja, a célula nunca cresceu para diminuir posteriormente. o Grande parte das distrofias tem causa genética. ▪ Célula atrófica não está morta, apenas diminuída: o Pode acontecer devido a dois processos: ❖ Redução da síntese proteica; ❖ Aumento da degradação das proteínas celulares. ▪ Quando um número suficiente de células passa por uma adaptação, todo o órgão ou tecido também diminui de tamanho (ex.: atrofia por mobilização de um membro). Porém, pode existir uma atrofia de células e o órgão, como um todo, não estar diminuído; ▪ A maioria dos processos de atrofia é devido a autofagia: AUTOFAGIA ▪ Toda célula realiza autofagia, logo é um processo normal. ▪ Organelas senescentes são fundidas com lisossomos e degradas por hidrolases, para degradar células mais antigas e reaproveitar componentes moleculares para a síntese de novas organelas; ▪ No caso da atrofia, há um aumento da autofagia: Figura 5: Catabolismo celular maior em relação a síntese. ▪ Causas: Renovação, desnutrição, patógenos e toxinas. CLASSIF ICAÇÃO DA ATROFIA ▪ Atrofia simples: Devida a redução no volume celular (tamanho) sem alteração no número de células: o Ex.: Atrofia de fibras musculares esqueléticas na denervação. ▪ Atrofia numérica: Devida a redução no número das células (hipoplasia): o Ex.: Atrofia dos túbulos seminíferos na hanseníase. Figura 6: Atrofia simples (redução volumétrica e não numérica das células) de fibras musculares esqueléticas na denervação, em um caso de poliomielite. Síntese celular Catabolismo celular Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2020.2 – 3º semestre Na figura anterior, um caso de poliomielite: É um quadro de denervação de músculo esquelético que ocorre uma destruição de neurônios (dos corpos anteriores da medula espinhal) e consequente denervação de diversas fibras musculares que ficarão bem pequenas (miniaturas das fibras sadias com arquitetura semelhante à normal). No entanto, outras células que não estão desnervadas, trabalharão o dobro para compensar (compensação). Sendo assim, a imagem mostra atrofia e hipertrofia. CAUSAS DA ATROFIA ▪ Fisiológicas: o Crescimento, Envelhecimento; Pós gestação (ex.: redução do útero gravídico e da mama pós lactação). ▪ Patológicas: o Falta de nutrientes (ex.: Desnutrição); Alterações circulatórias (ex.: quando há uma redução de aporte sanguíneo para determinado tecido); Compressão; Não fisiológica por interrupção de sinais tróficos específicos (ex.: alteração hormonal pode levar a interrupção da sinalização normal); Perda de inervação; Desuso (ex.: membro pós fratura). HIPERPLASIA Aumento no número de células em um órgão ou tecido. ▪ Ocorre em células com capacidade de mitose quando estimuladas para maior atividade: o Células lábeis e estáveis sempre vão sofrer hiperplasia: ❖ Ex.: Epiderme e fibroblastos; ❖ As células permanentes respondem com hipertrofia porque a capacidade de divisão delas é praticamente nula (ex.: musculares cardíacas e esqueléticas). CAUSAS ▪ Fisiológica: Hormonal ou compensatória; ▪ Patológica: excesso de hormônios e fatores de crescimento. HIPERPLASIA FISIOLÓGICA ▪ Hormonal: Aumenta a capacidade funcional do órgão ou tecido: o Ex.: Mama na puberdade e gestação. ▪ Compensatória: Compensar a perda parcial de um órgão ou tecido: o Ex.: Recuperação do fígado; Cicatrização: Tec, conjuntivo ocorre a proliferação de fibroblastos e vasos sanguíneos. HIPERPLASIA PATOLÓGICA ▪ Estimulação hormonal excessiva; ▪ Produção excessiva de fatores de crescimento: o Ex.: Hiperplasia prostática benigna (não tem mutação nas células); o Ex.: Hiperplasia da tireoide: O aumento de TSH estimula a célula, e essa pode proliferar de forma desordenada. Figura 7: Comparação de células epiteliais foliculares normais (imagem 1), e células foliculares na hiperplasia da tireoide (imagem 2). Hiperplasia não é câncer. Câncer é neoplasia. ▪ Ambos são um aumento das células em um tecido,mas: o Hiperplasia há um aumento no número de células, mas nenhuma destruição da estrutura do tecido; o Neoplasia: Crescimento celular desordenado a autônomo, sem finalidade biológica. ▪ Uma hiperplasia fisiológica regride uma vez cessada o estímulo causador e a patológica não regride. ▪ Uma hiperplasia patológica pode proceder uma neoplasia maligna. HIPOPLASIA Diminuição numérica de células em um tecido, um órgão ou de parte do corpo. ▪ A região afetada é menor e menos pesada do que o normal, mas conserva o padrão arquitetural básico; ▪ Assim como ocorre na hipotrofia, as consequências da hipoplasia para o indivíduo, dependem de sua localização e intensidade. CAUSAS ▪ Durante a embriogênese: Pode ocorrer defeito de formação de um órgão ou parte dele: o Ex.: Hipoplasia pulmonar e renal. ▪ Após o nascimento: Resultado da diminuição do ritmo de renovação celular, aumento da taxa de destruição das células ou ambos os fenômenos ao mesmo tempo; ▪ Pode ser fisiológica ou patológica. Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2020.2 – 3º semestre FISIOLÓGICAS ▪ Ex.: Involução do timo a partir da puberdade; Involução das gônadas no climatério. Hiperplasias paralela a atrofia e apoptose (morte celular) aumentada, também terá hipoplasia do órgão afetado. PATOLÓGICAS ▪ Hipoplasia da medula óssea provocadas por agentes tóxicos ou por infecções (ex.: anemias aplásicas/hipoplásicas); ▪ Hipoplasia dos órgãos linfoides na AIDS ou em consequência da destruição de linfócitos por corticoides; ▪ As hipoplasias patológicas podem ser reversíveis, exceto as decorrentes de anomalias congênitas. Figura 8: Células do túbulo seminífero, Na primeira imagem normal, e na segunda com atrofia numérica (hipoplasia). METAPLASIA Alteração reversível na qual um tipo de célula adulta (epitelial ou mesenquimal) é substituído por um outro tipo celular adulto. Ou seja, a célula sensível ao sofrer estresse, terá uma alteração do seu fenótipo para virar uma célula capaz de suportar a agressão. ▪ O problema seria a redução da função e, além disso, uma tendência aumentada a uma transformação maligna devido a agressão constante. ▪ Metaplasia = Reprogramação de células-tronco: Então, quando há o estresse há a inversão do processo patológico. ▪ Um tipo de epitélio só se transforma em outro tipo epitelial. Logo, não se modifica para um tecido mesenquimal. ▪ A persistência do estímulo pode levar ao surgimento de neoplasias malignas: o Ex.: Metaplasia escamosa: ❖ Em fumantes: A fumaça do cigarro entra no trato respiratório com uma temperatura muito elevada levando a morte de células do epitélio respiratório e é substituído por células escamosas que são mais resistentes porém não produz muco e nem possui cílio e, por isso, perde a função do aparelho mucociliar que é um dos principais mecanismos de defesa do sistema respiratório. DISPLASIA Crescimento e maturação celular desordenados. ▪ As células que compõem um epitélio normalmente exibem uniformidade de tamanho, forma e núcleos. Além disso, eles são organizados de maneira regular, porém, na displasia, o padrão é perturbado por: o Variação no tamanho e forma das células; o Aumento nuclear, irregularidade e hipercromatismo; o Disposição desordenada das células no epitélio. ▪ Assim como a metaplasia, a displasia é uma resposta a lesões persistentes e geralmente regride; ▪ No entanto, a displasia compartilha muitas características citológicas do câncer. A displasia é uma lesão pré-neoplásica (último estágio antes da neoplasia), pois é um estágio necessário na evolução celular em várias etapas para o câncer: o A displasia possui a arquitetura que controla, um pouco, a multiplicação desordenada, ao contrário da neoplasia que não respeita nenhum fator. ▪ A displasia grave é considerada uma indicação para terapia preventiva agressiva para: o Curar a causa subjacente; Eliminar um agente nocivo; Remover cirurgicamente o tecido agressor. ▪ Assim como no desenvolvimento do câncer, a displasia resulta de mutações sequenciais em uma população celular em proliferação; ▪ Quando uma mutação específica confere uma vantagem de crescimento ou sobrevivência, a progênie (“filhotes”) da célula mutante tenderá a predominar. A proliferação contínua oferece uma maior oportunidade para mutações adicionais; FISIOLÓGICO: ATIVAÇÃO de genes responsaveis pela diferenciação normal do tecido REPRESSÃO de outros que vão condicionar a diferenciação metaplástica ESTRESSE: INATIVAÇÃO dos genes responsáveis pela diferenciação normal do tecido ATIVAÇÃO de outros que vão condicionar a diferenciação metaplástica Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2020.2 – 3º semestre ▪ A acumulação de tais mutações distancia progressivamente a célula das restrições regulatórias normais; Resumindo: Displasia é a expressão morfológica de um distúrbio na regulação do crescimento. No entanto, diferentemente das células cancerígenas, as células displásicas não são totalmente autônomas e, com a intervenção, o tecido ainda pode voltar ao normal. Figura 9: Displasia cervical. Figura 10: Comparação entre a metaplasia escamosa e a displasia escamosa, histologicamente, do epitélio brônquico. Ex.: Um paciente ao continuar fumando, as metaplasias (células ainda orientadas) tornam-se displásicas (formatos e orientações das células diferentes). DISTÚRBIO DO CRESCIMENTO: AGENESIA Agenesia é a ausência completa de um órgão primordial. Ou seja, quando não se formou o órgão na fase embrionária. ▪ Pode se manifestar como: o Total falta de um órgão: ❖ Ex.: Agenesia renal unilateral ou bilateral. o Ausência de parte de um órgão: ❖ Ex.: Agenesia do corpo caloso do cérebro. o Falta de tipos celulares específicos em um órgão: ❖ Ex.: Ausência de células germinativas testiculares na síndrome congênita de células de Sertoli. Figura 11: Agenesia da bexiga e rim direito. APLASIA Aplasia é a persistência de um órgão ou rudimento (“resquício”) de órgão, sem o órgão maduro. Ex.: Na aplasia pulmonar, o brônquio principal termina cegamente em uma massa indefinida de ductos rudimentares e tecido conjuntivo (ao contrário do normal, que entra do pulmão e lá dentro se ramifica): ▪ O pulmão esquerdo é afetado mais frequentemente do que o direito; ▪ Com o crescimento compensatório pós-natal o pulmão remanescente frequentemente hérnia dentro tórax contra lateral. Figura 12: Aplasia pulmonar com hérnia diafragmática. Aplasia Pulmonar x Hipoplasia pulmonar: Na hipoplasia, o pulmão, mesmo pequeno, possui arquitetura e suas características. Na aplasia, termina em uma massa de ductos e tecidos conjuntivos, não é possível identificar as características do pulmão, logo não é reconhecido como um pulmão. Anemia aplásica: Termo incorreto pois o órgão não poderia ter se desenvolvido, e o termo é usado para a medula óssea normal que reduziu a produção de célula porque foi agredida. ATRESIA Reflete a formação incompleta de um orifício corporal normal ou passagem tubular. Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2020.2 – 3º semestre ▪ Muitos órgãos ocos se originam como cordões e cordões celulares cujos centros sofrem morte celular programada (apoptose) para produzir uma cavidade ou lúmen central, e a atresia é a situação na qual o processo da formação do lúmen não acontece. ▪ Exemplos: o Atresia esofágica: Ausência localizada do lúmen, que não foi totalmente estabelecida na embriogênese; o Atresia biliar: Estreitamento progressivo seguido pelo bloqueio dos dutos biliares; o Atresia anal: Abertura do ânus é estreita, recoberta por pele ou está ausente. Figura 13: Atresia do cólon. Figura 14: Atresia anal.
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