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Retalhos cutâneos

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Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2020 
 
INTRODUÇÃO 
Consiste na transferência de tecido de uma área (doadora) a outra 
(receptora), mantendo-se um pedículo vascular – base do retalho 
por onde passa o suprimento sanguíneo –, ou seja, presença de 
suprimento vascular próprio. 
 Retalho pediculado: Refere-se a um retalho que tem a sua 
ligação mantida ao seu pedículo original, ou seja, ao 
suprimento sanguíneo original; 
 Retalho livre: Diz-se respeito a desconexão temporária do 
pedículo e a anastomose – comunicação natural direta 
ou indireta entre dois vasos sanguíneos – na zona 
receptora a novos vasos utilizando técnica microvascular. 
PR INCIP IOS 
1. “Like with like” – o melhor substituto para um tecido 
perdido é ele mesmo, ou seja, um tecido análogo; 
2. O principio de unidades e subunidades anatômicas para 
evitar o efeito “remendo”; 
3. Sequência de reconstrução: !!!Valido ressaltar que os 
degraus das escadas repetidamente são modificados 
dados às novas terapias; 
 
4. Bote salva-vidas: Sempre ter uma opção extra para caso 
de insucesso no procedimento; 
5. Área doadora: A mobilidade causada pela retirada do 
retalho deve ser sempre levada em conta. 
ANATOMIA 
!!!Angiossomo: Bloco de vários tecidos supridos por vasos de 
origem comum. 
O sistema esquelético é coberto por tecido muscular, fáscia 
profunda, tecido subcutâneo – camada lamelar -, fáscia superficial 
(de Scarpa), tecido subcutâneo – camada areolar -, derme e 
epiderme. O suprimento sanguíneo é divido em: 
 Artérias segmentares, vasos de maiores calibres que 
distribuem o fluxo sanguíneo a grandes grupos 
musculares pelo corpo; 
 Artérias perfurantes, derivam das segmentares, podem 
ser dividas em: 
o Miocutâneas: Penetram no musculo, nutrindo-
o, e deste seguem para o tecido subcutâneo da 
pele; 
o Septocutâneas: Penetram pela fáscia que separa 
os grupos musculares e seguem para o tecido 
subcutâneo e pele; 
o Cutâneas diretas: Seguem de um vaso 
segmentar ao subcutâneo e pele. 
As artérias perfurantes são origem aos plexos vasculares subfascial, 
subdérmico e dérmico, desses dois últimos, derivam ramos que 
formam a microcirculação cutânea – constituída por arteríolas, 
rede capilar, vênulas e anastomoses arteriovenosas -, tem função de 
trocas metabólicas, termorregulação, homeostase e controle do 
fluxo sanguíneo. Importante para manter a vitalidade dos tecidos. 
FIS IOLOGIA 
 
AUTONOMIZAÇÃO 
Intervenção realizada um tempo anterior à transferência com o 
objetivo de aumentar a segurança vascular. Trabalha-se com 
manobras cirúrgicas que visam a redução transitória do fluxo 
sanguíneo para o retalho e que levam ao aumento da vascularização 
do mesmo. Provoca isquemia local – intencional e programada – 
estimulando um processo de neovascularização interna do retalho. 
A lesão de terminações locais nervosas, que ocorre ao incisar o 
retalho, cursa com liberação de noradrenalina e vasoconstrição 
local, diminuindo o fluxo sanguíneo capilar, além da própria 
isquemia provocada pela secção de vasos – a isquemia é revestida 
após a depleção das catecolaminas locais e liberação de substâncias 
inflamatórias vasodilatadoras e angiogênicas, recuperando o tônus 
e fluxo vascular. 
 Deve ser realizada 30 dias antes ou mais do procedimento 
cirúrgico. 
Queda do 
suprimento 
sanguíneo
Queda na 
PPO2
Vasodilata-
ção
*Neovascu
-larização
Plástica 
 
Plástica 
Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2020 
 
Expansão tecidual: Autoimunização + expansores de tecidos, 
ou seja, há ganho de tecido pela atividade mitótica e vascularização 
da pele. Comum na gestação e obesidade. 
CLASSIF ICAÇÃO 
FORMA 
1. Planos: Mantêm a forma original com uma única 
superfície de revestimento cutâneo. (Maioria); 
2. Tubulizados: Bordas são suturadas uma à outra 
formando um tubo, ou empregados na transferência 
indireta de retalhos; 
3. Duplo revestimento: Dobrados sobre si mesmo ou 
forrados com enxerto de pele, apresentando dupla face. 
Usados nas reparações que precisam de forro; 
4. Pré-moldados: Moldados na área doadora em uma etapa 
cirúrgica anterior e sua transferência. 
PEDÍCULOS 
 Monopediculados; 
 Bipediculados; 
 Multipediculados. 
COMPOSIÇÃO 
1. Cutâneo ou simples: Composto de pele e tecido 
subcutâneo, nutridos por um ou mais pedículos 
vasculares; 
2. Fascioocutâneo: Composto por pele, tecido subcutâneo e 
fáscia profunda – realiza a interconexão funcional e 
estrutural entre os tecidos moles e ossos; é o componente 
elástico que envolve, dá suporte, separa, conecta, divide e 
dá coesão ao corpo como um todo – e seu pedículo de 
nutrição. São retalhos menos espessos que os musculares 
e musculocutâneos, de fácil dissecção e transposição e 
com vascularização segura; 
3. Miocutâneo: Composto por tecido muscular, contendo ou 
não tecido subcutâneo e adjacentes. Os músculos 
apresentam diversidade de formas e tamanhos: músculos 
longos (ex.: reto do abdome – mais utilizado), músculos 
achatados e músculos romboides. A função contrátil dos 
músculos pode ser mantida (ex. para correção de 
paralisia faciais); 
4. Osteomiocutâneo: Composto de tecido ósseo e partes 
moles (fáscia, músculo, tecido subcutâneo e pele), esses, 
permitem recuperação da sustentação óssea perdida, com 
papel estético e funcional importante. 
 Osso de nutrição endossal: ossos longos tem a 
nutrição mantida essencialmente pela artéria 
nutrícia; 
 Osso de nutrição periostal: ossos chatos cuja 
nutrição é mantida por pelos diversos vasos 
periostais. 
5. Ometal/Intestinal: Retalho de Omento (epíploon) uma 
importante estratégia para tronco anterior e posterior. 
LOCALIZAÇÃO 
1. Local: Compartilha com um dos lados do defeito. O 
retalho está próximo a área receptora, mantendo as 
características da pele a ser reconstruída. Menor tempo 
operatório e melhor recuperação. (Bom para idosos); 
2. Regional: Na mesma região do corpo do defeito, mas não 
compartilha com a mesma margem; 
3. Distantes: 
 Diretos: Usados diretamente na área receptora. 
2 momentos: confecção da retalho e outro para 
liberação. 3-4 semanas entre as cirurgias; 
 Indiretos: Transferidos em duas etapas: a partir 
de um vetor, ou por migrações. 
MÉTODOS DE TRANSFERÊNCIA 
1. Avanço ou deslizamento: Avanço do tecido adjacente. 
Retalhos posicionados em frente a área receptora após 
liberação dos tecido, sem mudança de direção 
lateralmente (ex. V-Y = incisados em V e suturados em Y); 
 
2. Rodam sobre seu próprio pivô: Rodam o tecido. 
 
 Rotação: Retalhos traçados a partir de uma borda; 
 Interpolação: Retalhos que para alcançar a área 
necessitam passar por pele integra como uma ponte; 
 Transposição: Retalhos que alcançam a área a partir 
de um movimento giratório que transpõe a área da 
pele normal, mas mantem conexão com uma das 
Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2020 
 
extremidades. Ex.: Limberg (losango), Nasogeniano 
(nariz); Bilobado (ang. De 90º entre os lobos), 
Zetaplastia (formato em Z – ganho de tecido). 
SUPRIMENTO SANGUÍNEO 
1. Randomizados/ao acaso: Sem pedículo vascular definido, 
recebem fluxo sanguíneo proveniente do plexo 
sanguíneo, ex. avanço, V-Y, rotação, zetaplastia; 
2. Axiais: Em função de uma ou mais artérias que 
constituem o eixo do retalho. 
 Peninsular: Conexão constante da pele entre o 
pedículo e a região doadora, limitando sua 
amplitude de deslocamento; 
 Em ilha: Pode haver desligamento da pele entre a 
área doadora e receptora, permitindo melhor 
mobilização para as rotações; 
 Fluxo reverso: O pedículo proximal é cortado, 
deixando o retalho se nutrir por um plexo distal de 
fluxo reverso. 
 Perfurante: O fluxo sanguíneo oriundo de uma 
perfurante de um vaso sanguíneo; 
INERVAÇÃO 
1. Tipo 1: Único nervo motor que se divide após penetrar no 
musculo; 
2. Tipo 2: Único nervo motor que se divide antes de penetrar 
no musculo; 
3. Tipo 3: Múltiplos nervos motores que derivamde um 
mesmo tronco nervoso; 
4. Tipo 4: Múltiplos nervos motores que derivam de 
diferentes troncos nervosos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Referência: 
Campos, Humberto. Cirurgia Plástica para estudantes de 
medicina. 1ª ed. Salvador BA: Editora Sanar, 2020.

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