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Maria Beatriz Valença Saúde da Mulher 1 • Conjunto de alterações neuroendócrinas para levar a transformação do organismo da mulher, objetivando a gestação; • Um ciclo menstrual normal dura de 21 a 35 dias (em média 28 dias), com média de 2 a 6 dias de fluxo e de 20 a 80 ml de perda sanguínea; • Pode ser dividido em dois segmentos: ✓ Ciclo ovariano: - Fase folicular; - Fase lútea. ✓ Ciclo uterino: - Fase menstrual; - Fase proliferativa; - Fase secretora. • O hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH), produzido de forma pulsátil pelo hipotálamo durante o ciclo menstrual, que é responsável pela secreção hipofisária de hormônio luteinizante (LH) e hormônio folículo-estimulante (FSH); • O ciclo menstrual ovulatório necessita da secreção de GnRH em uma faixa crítica de amplitude e frequência, maior na primeira fase do ciclo e menor na segunda; • As gonadotrofinas, LH e FSH, são produzidas pelo gonadotrofo, localizado na adeno-hipófise. Os gonadotrofos, sob ação do GnRH, sintetizam, armazenam e liberam gonadotrofinas. GnRH (hipotálamo) FSH E LH (adeno- hipófise) Estrogênio, progesterona e inibinas (feedback + ou -) (ovários) Ciclo Menstrual e Amenorreia CICLO MENTRUAL HIPOTÁLAMO, HIPÓFISE E GÔNADA CRESCIMENTO FOLICULAR Ao nascer: 1 mi de folículos primordiais Menarca: 500 mil 400 mil chegam até a ovulação, enquanto o restante entrará em atresia, morte celular programada ou apoptose Maria Beatriz Valença Saúde da Mulher 1 • Iniciado o crescimento folicular, os folículos primordiais chegam a folículo primário, secundário e antral inicial, sendo esse crescimento independente das gonadotrofinas; • O estímulo das gonadotrofinas é o pré-requisito para o desenvolvimento dos folículos pré-ovulatórios. Os últimos 15 dias do crescimento folicular dependem do aumento cíclico de FSH. TEORIA DAS DUAS CÉLULAS: • Folículos antrais: - Células da teca: ✓ Receptores de LH; ✓ Sob estímulo do LH, sintetizam androstenediona e testosterona. - Células da granulosa: ✓ Receptores de FSH; ✓ Mediante atividade da enzima aromatase, dependente de FSH, convertem os androgênios em estradiol e estrona. • A esteroidogênese ovariana é dependente de LH, que a estimula nas células da teca, fornecendo o substrato (androgênios) para a conversão a estrogênios nas células da granulosa; • À medida que o folículo se desenvolve, as células da teca expressam genes para a síntese de mais receptores de LH e para expressão das enzimas do citocromo P450, visando à síntese de androgênios. As células da granulosa, com o crescimento e a proliferação, aumentam os receptores de FSH e a expressão da enzima aromatase, elevando o nível estrogênico na circulação e no líquido folicular; • O folículo dominante é selecionado entre o quinto e sexto dia do ciclo, ele tem maior atividade da enzima aromatase, que lhe permite maior produção de estradiol, maior número de receptores de FSH e, paralelamente, estimula a expressão de receptores de LH também nas células da granulosa; • O estradiol, secretado predominantemente pelo folículo dominante, atua como regulador da secreção de gonadotrofinas. No início da fase folicular, o estradiol inie a secreção de FSH (retrocontrole negativo); • As células da granulosa expressam receptores tanto de FSH como de LH e produzem quantidades cada vez maiores de estradiol, atingindo um platô aproximadamente 24 a 36 horas antes da ovulação; • Os altos níveis de estradiol secretados pelo folículo dominante desencadeiam o pico de LH (retrocontrole positivo do estradiol sobre as gonadotrofinas); • Com o pico de LH, o ovócito reassume a meiose, a síntese de prostaglandinas é estimulada e as células da granulosa são luteinizadas, passando a sintetizar progesterona e estradiol; • Após a ovulação, o folículo reorganiza-se para formar o corpo lúteo, que tem sua função controlada pela secreção hipofisária de LH. Caso a fertilização não ocorra, corpo lúteo entra em remissão 12 a 14 dias após a ovulação. Quando ocorre gestação, a gonadotrofina coriônica humana produzida pelo embrião evita a regressão lútea, e a hCG mantém a esteroidogênese ovariana até a placenta assumir a produção hormonal da gestação; • As concentrações elevadas de progesterona da segunda fase do ciclo reduzem a frequência e a amplitude dos pulsos de GnRH, provavelmente pelo aumento dos opioides endógenos. A pulsatilidade do LH na segunda fase do ciclo ocorre a cada 3 a 4 horas, comparada a um pulso a cada 90 minutos na fase folicular; • Ao fim da fase lútea do ciclo anterior, com o decréscimo do estradiol, da progesterona e da inibina A, ocorre o aumento do FSH nos primeiros dias da fase folicular. Esse é o sinal para que os folículos antrais, capazes de responder ao estímulo do FSH, iniciem o crescimento e para que comece um novo ciclo. • O estradiol e a inibina A e B são os principais hormônios ovarianos reguladores da secreção de gonadotrofinas; • Quando o estradiol, secretado pelo folículo pré-ovulatório, mantém-se elevado por 48 horas, ocorre o pico de LH ou retrocontrole positivo de estradiol sobre a hipófise; • A progesterona, secretada em níveis baixos ao fim da fase folicular, é facilitadora do pico de LH e parece ser responsável pelo pico de FSH no meio do ciclo; • FSH → inibina B (células da granulosa); • LH → inibina A (corpo lúteo); • A concentração da inibina A, secretada pelas células da granulosa luteinizadas, diminui paralelamente ao estradiol e à progesterona, mantendo-se baixa na fase folicular. Juntamente com o estradiol, CONTROLE OVARIANO Maria Beatriz Valença Saúde da Mulher 1 a inibina A controla a secreção de FSH na fase de transição luteofolicular. • Quando não acontece a gestação, o corpo lúteo regride e, paralelamente, ocorre a descamação endometrial (menstruação); • Alterações morfológicas do endométrio espelham a atividade do estradiol e da progesterona; • Fase proliferativa: Intensa atividade mitótica nas glândulas e no estroma endometrial; • Espessura do endométrio: aprox. 2 mm no início da fase folicular e 10 mm no período pré-ovulatório; • Fase lútea: secreção glandular e edema do estroma; • Não ocorrendo a gestação, o endométrio pré-menstrual apresenta infiltração leucocitária e reação decidual do estroma; • A concentração dos receptores de estrogênio é alta na fase proliferativa, diminuindo após a ovulação, refletindo a ação supressiva da progesterona sobre os receptores de estrogênio; • A concentração máxima dos receptores de progesterona no endométrio ocorre na fase ovulatória, espelhando a indução desses receptores pelo estradiol. Na fase lútea, os receptores de progesterona diminuem muito nas glândulas e continuam presentes no estroma. 1. Fase folicular: • A retroalimentação hormonal promove o desenvolvimento ordenado de um único folículo dominante, que deve estar maduro na metade do ciclo e preparado para a ovulação; • A média de duração da fase folicular humana varia de 10 a 14 dias, e a variabilidade nessa duração é responsável pela maioria das alterações na duração total do ciclo; • Quando há o folículo dominante e a produção aumentada de estradiol, ele eleva a produção de LH, que vai atingir seu pico, em torno de 200 microgramas/mL de estradiol; • Cerca de 32 a 36 horas após o início da elevação do LH, ele atinge o pico, levando a ovulação e voltando a cair. A ovulação ocorre 10 a 12 horas após seu pico máximo. 2. Fase lútea: • O período da ovulação até o início da menstruação dura, em média, 14 dias; • É marcada pelo aumento da progesterona, que é produzida pelo corpo lúteo; • Primeira fase: predomínio do FSH e estrogênio; • Segunda fase: predomínio da progesterona por ação do pico deLH; • Após o oitavo dia da ovulação, há o aumento da progesterona. O LH apoia o corpo lúteo para que consiga produzir progesterona e estradiol; • Se não ocorrer a fecundação, o corpo lúteo na ausência de beta- HCG vai regredir e levar a queda de estrogênio, progesterona e inibina. A queda hormonal promove a perda do feedback negativo que estava bloqueando o hipotálamo de produzir os hormônios do ciclo menstrual. Nesse momento a mulher menstrual e tudo volta ao início. Obs.: Inibina A → primeira fase Inibina B → segunda fase GnRH aumenta Estimula a hipófise a produzir FSH FSH estimula os ovários Ovários recrutam os folículos Folículos pré- ovulatórios CICLO ENDOMETRIAL CICLO OVARIANO Maria Beatriz Valença Saúde da Mulher 1 • Caso ocorra fecundação, o corpo lúteo vai produzir progesterona até que a placenta consiga produzir sozinha esses hormônios. 1. Fase menstrual: corresponde aos dias de menstruação e dura cerca de 3 a 7 dias, geralmente. 2. Fase proliferativa ou estrogênica: período de secreção de estrógeno pelo folículo ovariano, que se encontra em maturação. 3. Fase secretora ou lútea: o final da fase proliferativa e o início da fase secretora é marcado pela ovulação. Essa fase é caracterizada pela intensa ação do corpo lúteo. 1. Ao começo de cada ciclo menstrual mensal, os níveis de esteroides gonadais são baixos e vêm diminuindo desde o final da fase lútea do ciclo anterior; 2. Com a involução do corpo lúteo, os níveis de FSH começam a se elevar, e uma coorte folicular em crescimento é recrutada. Cada um desses folículos secreta níveis crescentes de estrogênio enquanto se desenvolve na fase folicular. O aumento de estrogênio, por sua vez, é o estímulo para a proliferação endometrial; 3. A elevação dos níveis de estrogênio provém de uma retroalimentação negativa sobre a secreção de FSH hipofisário, que começa a declinar próximo à metade da fase folicular. Além disso, os folículos em crescimento produzem inibina-B, que suprime a secreção de FSH pela hipófise. De maneira oposta, o LH inicialmente diminui em resposta a níveis de estradiol elevados, mas, em um momento mais tardio na fase folicular, o nível de LH é dramaticamente aumentado (resposta bifásica); 4. 4. Ao final da fase folicular (pouco antes da ovulação), receptores de LH/FSH-induzidos estão presentes na superfície de células da granulosa e, com a estimulação do LH, modulam a secreção de progesterona; 5. Após um grau suficiente de estimulação estrogênica, o aumento repentino de LH hipofisário é disparado, o que desencadeará a ovulação, que ocorre de 24 a 36 h mais tarde. A ovulação anuncia a transição para a fase lútea – secretora; 6. O nível de estrogênio é reduzido durante a fase lútea inicial, pouco antes da ovulação até o meio da fase lútea, quando começa a se elevar outra vez como resultado da secreção do corpo lúteo. De modo semelhante, a inibina-A é secretada pelo corpo lúteo; 7. Os níveis de progesterona se elevam após a ovulação e podem ser usados como um sinal presumido de que a ovulação ocorreu; 8. A progesterona, o estrogênio e a inibina-A agem centralmente para suprimir a secreção de gonadotrofina e um novo crescimento folicular. Esses hormônios permanecem elevados durante o tempo de vida do corpo lúteo e, então, diminuem com a sua involução, preparando o caminho, portanto, para o próximo ciclo. • Ausência de menstruação no período da menacme; • É classicamente dividida em dois tipos: - Amenorreia primária: não ocorrência de menarca até os 16 anos de idade, com presença de caracteres sexuais secundários, ou a não ocorrência de menarca até os 14 anos de idade em meninas sem desenvolvimento de caracteres sexuais secundários; - Amenorreia secundária: ausência de menstruação por 6 meses ou por um período equivalente a três ciclos habituais, em uma mulher que previamente menstruava. Períodos menores de ausência de menstruação são comumente referidos como atraso menstrual. CICLO UTERINO VARIAÇÕES HORMONAIS AMENORREIA Maria Beatriz Valença Saúde da Mulher 1 • Pode ser fisiológica (gestação, lactação, menopausa) ou patológica (atraso do desenvolvimento puberal, pseudo- hermafroditismo, sinequias uterinas); • Para que ocorra o fluxo menstrual, é necessária integridade anatômica e fisiológica do sistema reprodutor feminino, dividido didaticamente em quatro “compartimentos”: 1. O hipotálamo e o SNC, que representam o controle primário do ciclo menstrual, sofrendo influência endógena (esteroides sexuais e outros hormônios, por mecanismos de feedback) e também do ambiente externo; 2. A adeno-hipófise, que, como resposta ao GnRH, secreta o FSH e o LH, atuantes no ovário; 3. O ovário, que secreta estrogênio e progesterona em resposta às gonadotrofinas (LH e FSH) produzidas pelo eixo hipotálamo- hipófise; 4. A vagina e o útero, que devem ser patentes para exteriorização do fluxo, sendo que o útero deve ter um endométrio responsivo às variações hormonais cíclicas. • Em geral, resulta de alguma anormalidade genética ou anatômica. Entretanto, todas as causas de amenorreia secundária podem apresentar-se como amenorreia primária; • Causas mais comuns: - Disgenesia gonadal: 50%; - Hipogonadismo de causa hipotalâmica: 20%; - Ausência de útero, colo uterino ou vagina: 15%; - Septo vaginal ou hímen imperfurado (5%); - Doença hipofisária: 5%. • Aspectos importantes a serem avaliados: presença ou ausência de caracteres sexuais secundários (especialmente mamas), presença ou ausência de útero e os níveis de FSH. - Na ausência de telarca, as etiologias mais prováveis são atraso funcional no desenvolvimento puberal (FSH baixo ou normal) e disgenesia gonadal (FSH elevado); - Se há desenvolvimento mamário, há sinal de ação estrogênica e, portanto, de funcionamento ovariano. Nesses casos, quando o útero é ausente, os diagnósticos mais prováveis são agenesia mulleriana e insensibilidade androgênica; - Se há desenvolvimento mamário e o útero é presente, as etiologias devem ser as mesmas das amenorreias secundárias, apenas ocorrendo antes que a adolescente tenha a sua primeira mesntruação. • Deve-se, inicialmente, excluir gravidez em pacientes com amenorreia primária e telarca presente; • Em seguida, deve-se excluir criptomenorreia, isto é, a ausência de fluxo menstrual devido ao bloqueio da saída da menstruação, por hímen imperfurado ou septo vaginal. Dor pélvica cíclica é frequente, podendo ocorrer hematocolpo, hematometra e até derrame intraperitoneal. O tratamento é cirúrgico, suscitando a procura de outras malformações congênitas no trato genital; • Posteriormente, verifica-se a normalidade do restante da anatomia, isto é, se a pct apresenta útero e vagina, e se esta é completa ou curta; • Prova de progesterona: quando positiva, estabelece a anovulação como etiologia, pois indica tanto anatomia íntegra e responsiva à estimulação hormonal quanto ovário produtor de estrogênio; • Os casos com anatomia normal representam disfunção do eixo hipotálamo-hipófise-ovário, e o restante da investigação segue o mesmo protocolo para amenorreias secundárias; • Nas pacientes com vagina ausente ou curta, ou com útero ausente ou rudimentar, é aconselhável a realização de cariótipo: - Caso o cariótipo seja normal (46,XX), está-se diante de síndrome de Mayer-Rokitansky-Küster-Hauser; - No caso de ausência de útero e vagina, mas com cariótipo 46,XY, trata-se de insensibilidade completa aos androgênios (síndrome de Morris ou feminização testicular). PACIENTE COM ÚTERO E FSH ALTO: • Hipófise está funcionando normalmente, assim como o hipotálamo também. Logo, a causa está no ovário; • A função do FSH é estimular o ovário, então, nesse caso, ele está elevado, masnão está estimulando → HIPOGONADISMO HIPERGONADOTRÓFICO → Os ovários não estão funcionantes, apesar da produção dos hormônios gonadotróficos; • Deve-se, então, realizar o cariótipo, sendo o diagnóstico mais comum nesse caso a disgenesia gonadal – SÍNDROME DE TURNER; INVESTIGAÇÃO DAS AMENORREIAS PRIMÁRIAS CAUSAS DAS AMENORREIAS PRIMÁRIAS AUSÊNCIA DE CARACTERES SEXUAIS SECUNDÁRIOS Maria Beatriz Valença Saúde da Mulher 1 • Síndrome de Turner (45,X): ovários em fitas, que não consegue responder ao estímulo normal de FSH, que tem sua produção aumentada, uma vez que a gônada não produz os esteroides e a inibina que, por mecanismo de feedback, normalmente inibem a produção hipofisária de LH e FSH. Perfil clássico: baixa estatura, pescoço alado, tórax em escudo, cúbito valgo (aumento do ângulo dos braços), linha de implantação baixa dos cabelos, palato em ogiva, vários nevos pigmentados e quartos metacarpais curtos; • Tratamento: reposição de estrógeno e progesterona para agir no lugar do ovário que não funciona. PACIENTE COM ÚTERO E FSH BAIXO: • O ovário pode estar normal, não responde por não ter estímulo do LH e do FSH → HIPOGONADISMO HIPOGONADOTRÓFICO; • A amenorreia primária causada por hipogonadismo hipogonadotrópico ocorre quando o hipotálamo não secreta quantidades adequadas de GnRH ou em caso de distúrbio hipofisário associado à produção ou liberação inadequada de gonadotrofinas hipofisárias; • Atraso fisiológico: O atraso fisiológico ou constitucional da puberdade é a manifestação mais comum de hipogonadismo hipogonadotrópico. A amenorreia pode ser consequência da ausência de desenvolvimento físico causada por reativação tardia do gerador de pulsos de GnRH. Há deficiência funcional de GnRH em relação à idade cronológica, mas os níveis são normais em termos de desenvolvimento fisiológico; • Síndrome de Kallmann (46, XX): - A segunda causa hipotalâmica mais comum de amenorreia primária associada ao hipogonadismo hipogonadotrópico é a insuficiente secreção pulsátil de GnRH (síndrome de Kallmann), que tem vários mecanismos de transmissão genética; - Essa insuficiência decorre de alterações na migração de células produtoreas de GnRH na embriogênese; - A insuficiência da secreção pulsátil de GnRH causa deficiências de FSH e LH; - Muitas vezes, a síndrome de Kallmann está associada à anosmia (incapacidade de perceber odores), bem como à cegueira para cores; - Tratamento: administração de GnRH ou estrogênio/progesterona. PACIENTE SEM ÚTERO: • Realiza-se o cariótipo, pois o principal diagnóstico nesse caso é a deficiência da enzima 5-alfa-redutase; • Deficiência de 5-alfa-redutase: - As pcts com esse distúrbio têm genótipo XY, muitas vezes apresentam virilização na puberdade, têm testículos e não apresentam estruturas mullerianas por causa do hormônio antimulleriano ativo; - Essa enzima converte a testosterona em seu tipo mais potente, di-hidrotestosterona; - A diferença entre pacientes com insensibilidade androgênica e pacientes com deficiência de 5α-redutase é que estas não desenvolvem mamas na puberdade. Elas têm baixos níveis de gonadotrofina em virtude de níveis de testosterona suficientes para inibir o desenvolvimento mamário e possibilitar que os mecanismos normais de feedback permaneçam intactos; - Não há diferenciação masculina normal do seio urogenital e dos órgãos externos, pois esse desenvolvimento requer di- hidrotestosterona; - Os órgãos genitais internos masculinos normais derivados dos ductos de Wollf estão presentes, uma vez que esse desenvolvimento exige apenas testosterona. O crescimento de pelos em padrão masculino, a massa muscular e a mudança da voz também dependem de testosterona; - Internamente há o testículo, mas externamente há uma vagina; - Tratamento: Vai depender da criação dessa criança. Obs.: Em paciente com 14 e sem caracteres sexuais pensasse logo em causa genética. Enquanto, em paciente com caracteres sexuais tem que excluir gravidez inicialmente. PACIENTES COM ÚTERO: • Após excluir gravidez, deve-se dosar os hormônios; • TSH anormal: hipo ou hipertireoidismo; • PRL aumentada: hiperprolactinemia; • FSH elevado: falência ovariana; Síndrome de Savage (atrofia ovariana); • FSH normal: - Estrogênio normal: SOP; - Estrogênio diminuído: doença crônica (lesão renal crônica). PACIENTES SEM ÚTERO: • Síndrome de Mayer-Rokitansky-Kuster-Hauser: - Inclui agenesia vaginal e anormalidades variáveis do ducto de Müller, e, em alguns casos, anormalidades renais, ósseas e auditivas; - Pct com cariótipo XX; - Agenesia dos ductos de muller → não tem útero e os dois terços superiores da vagina; - Tem a genitália externa, pois é desenvolvida pela ausência de testosterona; - Tem ovários e pelos normais; AUSÊNCIA DE CARACTERES SEXUAIS SECUNDÁRIOS Maria Beatriz Valença Saúde da Mulher 1 - Tratamento: neovagina, para que a pct tenha um hábito sexual normal. • Síndrome de Morris: - Cariótipo XY; - Indivíduos com fenótipo feminino com insensibilidade androgênica congênita completa (antes denominada feminização testicular) desenvolvem caracteres sexuais secundários femininos, embora não menstruem; - O genótipo é masculino (XY), mas há um defeito que impede a função normal do receptor androgênico, ocorrendo o desenvolvimento do fenótipo feminino; - Os níveis séricos de testosterona estão na faixa masculina normal. É possível que não haja vagina ou que ela seja curta; - Genitália externa feminina, com gônada masculina e sem pelos, pois o homem depende dessa sensibilidade para produção maior de pelos pela testosterona; - Tratamento: terapia hormonal, retirada das gônadas e neovagina. PRIMEIRO TEMPO: • Descartar gravidez – causa mais comum de amenorreia secundária; • Síndrome de Asherman (sinequias uterinas): única causa uterina de amenorreia secundária e deve ser excluída e buscada na história clínica. A paciente deve ser questionada quanto à ocorrência prévia de hemorragia pós-parto, infecção endometrial e manipulação uterina, como curetagem, histeroscopia (HSC) cirúrgica, dilatação, etc.; • IMC: IMC maior que 30 kg/m2 é observado em aproximadamente 50% das pacientes com síndrome dos ovários policísticos (SOP). Mulheres com IMC menor que 18,5 kg/m2 têm, com frequência, amenorreia funcional hipotalâmica, associada a distúrbios dietéticos ou exercícios extenuantes. Assim, alterações na dieta, perda de peso recente, estresse, hábitos de exercícios físicos e doenças agudas e crônicas devem ser investigados, pois suscitam a possibilidade de amenorreia hipotalâmica, um diagnóstico de exclusão na maioria dos casos; • A ocorrência de alguns sintomas de deficiência estrogênica, como fogachos, secura vaginal, diminuição da libido e alterações no sono, pode estar associada a estágios iniciais de falência ovariana; • O uso de medicamentos que podem estar associados à amenorreia deve ser investigado: recente iniciação ou descontinuação de contraceptivos orais, uso prolongado de contraceptivos de baixa dosagem, fármacos androgênicos, como danazol, e progestogênios em alta dose, fármacos que podem cursar com aumento da prolactina (PRL) sérica (metoclopramida, antipsicóticos, ranitidina etc.); • Sintomas de hiperandrogenismo, como acne e hirsutismo, também podem sugerir diagnóstico de SOP. SEGUNDO TEMPO: • Dosar: - PRL: hiperprolactinemia; - FSH: falência ovariana; - Tireotrofina (TSH): doenças tireoidianas; - Sulfato de desidroepiandrosterona, caso haja sinais de hiperandrogenismo. • Teste da progesterona: -Verifica, além da patência do trato genital, a presença de estrogênio suficiente circulante; - Administra-se 5 a 10 mg de acetato de medroxiprogesterona (ou outro progestogênio em dose equivalente) durante 7 a 10 dias. Decorridos2 a 7 dias do fim da administração, se ocorrer hemorragia de privação, o teste será considerado positivo, e é possível concluir que: ✓ O trato genital é competente; ✓ O endométrio prolifera-se em resposta aos estrogênios circulantes; ✓ O ovário secreta estrogênios, que apresentam níveis séricos normais (maiores que 40 pg/mL); ✓ Hipófise e hipotálamo atuam conjunta e adequadamente, estimulando a secreção ovariana. - Positivo: diagnostica como anovulação a causa da amenorreia; - Caso não ocorra hemorragia de privação, o teste é considerado negativo. Isso acontece por algum dos seguintes motivos: ✓ Gestação; ✓ Obstrução nas vias de drenagem ou ausência de útero; ✓ Inexistência de endométrio ou ausência de receptores endometriais para estrogênio (amenorreia ✓ primária); ✓ Ausência de atividade estrogênica (hipogonadismo, em que os níveis de estradiol são menores ✓ que 30 pg/mL). TERCEIRO TEMPO: • PRL elevada: hiperprolactinemia; • TSH diminuída ou aumentada: doenças da tireoide; • FSH aumentado: Quando há hipoestrinismo, indica hipogonadismo hipergonadotrófico – isto é, falência ovariana prematura (ou disgenesia gonadal nas amenorreias primárias). O cariótipo deve INVESTIGAÇÃO DAS AMENORREIAS SECUNDÁRIAS Maria Beatriz Valença Saúde da Mulher 1 ser considerado em pacientes com menos de 30 anos, e deve-se procurar causas autoimunes; • FSH diminuído ou normal: Pode ser indicativo de hipogonadismo hipogonadotrófico. O teste da progesterona é uma boa conduta se não tiver sido realizado no segundo tempo da investigação; • Teste da progesterona positivo: SOP, interferência de medicamentos, perda de peso, estresse, exercícios físicos moderados a intensos ou disfunção hipotálamo-hipófise autolimitada sem causa específica; • Teste da progesterona negativo: Quando não ocorre sangramento de privação, é importante revisar a anamnese da paciente em busca de história de infecção ou manipulação uterina, principalmente instrumentada. Caso não haja essa possibilidade, passa-se diretamente ao “quinto tempo” da investigação. Caso a história seja indicativa ou suspeita de alteração ou manipulação uterina, pode-se passar ao “quarto tempo” da avaliação. QUARTO TEMPO: • Teste de estrogênio + progestogênio: - Servirá para determinar se o fluxo menstrual é ausente por inoperância dos órgãos-alvo ou por ausência de proliferação endometrial induzida pelo estrogênio; - Administra-se um estrogênio para induzir proliferação, seguido de um progestogênio para decidualização (p. ex., estrogênios conjugados 1,25 mg/dia ou estradiol 2 mg/dia por 21 dias, com adição de acetato de medroxiprogesterona 10 mg/dia nos últimos 5 dias); - Negativo: define amenorreia de causa uterina; - Positivo: pressupõe-se cavidade endometrial normal e indica-se seguir investigação, ou seja, passar ao “quinto tempo”. QUINTO TEMPO: • Exames de neuroimagem: várias lesões orgânicas no crânio podem causar disfunção do hipotálamo ou na hipófise. • A pct apresenta sinequias uterinas, que podem ser decorrentes de curetagens recorrentes, infecções uterinas, e impedem o espessamento endometrial; • A paciente ovula, mas não menstrua; • A paciente também não consegue engravidar, pois é necessário que o endométrio esteja espessado para que ocorra a implantação. ETIOLOGIAS DAS AMENORREIAS RELACIONADAS COM OS SISTEMAS ORGÂNICOS COMPROMETIDOS SNC – HIPOTALÂMICA • Atraso puberal sem anormalidade evidente (constitucional ou idiopático); • Defeitos genéticos; • Traumatismos cranianos; • Processos inflamatórios, degenerativos e infecciosos; • Anorexia nervosa/desnutrição (sínd. de má absorção); • Atletas (excesso de exercícios); • Estresse/emoções; • Pseudociese; • Tumores; • Sínd. de Kallmann (amenorreia + anosmia). HIPOFISÁRIA • Traumatismos; • Sínd. de Sheehan (necrose hipofisária pós- parto); • Adenomas (prolactinoma); • Sínd. de sela vazia. GONADAL • SOP; • Falência ovariana prematura; • Sínd. de Turner (disgenesia gonadal com estigmas somáticos e cariótipo 45X0 ou mosaico); • Sínd. de Swyer (disgenesia gonadal pura, sem estigmas somáticos e com cariótipo 46XY); • Agenesia ovariana isolada; • Deficiências enzimáticas; • Tumores ovarianos; • Sínd. de Savage (insensibilidade ovariana às gonadotrofinas hipofisárias – ovários resistentes). ANATÔMIAS (uterina e das vias de escoamento do fluxo menstrual) • Sínd. de Mayer-Rokitansky-Kuster-Hauser (agenesia uterina com cariótipo 46XX – ovários); • Sínd. de Morris – Insensibilidade androgênica (agenesia uterina com cariótipo 46XY – testículos); • Sínd, de Asherman (sinéquia uterina pós- parto); • Agenesia cervical; CAUSAS DAS AMENORREIAS SECUNDÁRIAS SÍNDROME DE ASHERMAN Maria Beatriz Valença Saúde da Mulher 1 • Estenose cervical; • Septo vaginal transverso; • Hímen imperfurado; • Aplasia endometrial (congênita). DIVERSAS • Hiperplasia virilizante da suprarrenal forma não clássica; • Doenças da tireoide; • Doença de Cushing; • Insuficiência hepática; • Insuficiência renal; • Hiperprolactinemia idiopática; • Gravidez; • Iatrogênicas (uso de medicamentos); • Deficiência da enzima 5-alfa-redutase. CAUSAS ● Causas anatômicas: ausência de útero, vagina não patente, presença de septo vaginal, hímen imperfurado. Há doenças cromossômicas que resultam em alterações anatômicas. ● Causas hipotalâmicas: distúrbios funcionais, desordens alimentares, uso de anticoncepcional (anovulação), estresse, infecções. ● Causas hipofisárias: aumento de prolactina, tumores, Síndrome de Sheehan, Síndrome de Cushing. ● Causas ovarianas: radioterapia, quimioterapia, menopausa. ● Causas endócrinas: SOP, hiperplasia de adrenal, puberdade tardia. Maria Beatriz Valença Saúde da Mulher 1
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