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Introdução as Relações Internacionais - Robert Jackson

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Prévia do material em texto

Introdução às 
relações internacionais
Introdução às 
relações internacionais
Teorias e abordagens
3a edição revista e ampliada
Tradução:
BárBara Duarte e Carlos alBerto MeDeiros
Revisão técnica:
arthur ituassu
Prof. da PUC-Rio, mestre e doutor em Relações Internacionais 
pelo Instituto de Relações Internacionais da PUC-Rio
Robert Jackson • Georg Sørensen
CIP-Brasil. Catalogação na publicação 
Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ
Jackson, Robert
J15i Introdução às relações internacionais: teorias e abordagens/Robert Jackson, Georg Søren- 
sen; tradução Bárbara Duarte, Carlos Alberto Medeiros; revisão técnica Arthur Ituassu. – 
3.ed., rev. e ampl. – Rio de Janeiro: Zahar, 2018.
 il.
Tradução de: Introduction to international relations (theories and approaches)
Inclui bibliografia e índice
Inclui glossário
ISBN 978-85-378-1769-8 
 1. Relações internacionais. 2. Política internacional. 3. Política econômica. I. Sørensen, 
Georg. II. Duarte, Bárbara. III. Medeiros, Carlos Alberto. IV. Ituassu, Arthur. V. Título.
 CDD: 327.1
18-49084 CDU: 327
Meri Gleice Rodrigues de Souza – Bibliotecária – CRB-7/6439
Para os nossos estudantes
Título original:
Introduction to International Relations
(Theories and Approaches)
Tradução autorizada da sexta edição inglesa, revista e ampliada, 
publicada em 2016 por Oxford University Press,
de Oxford, Inglaterra
Copyright © 2003, 2010, 2016, Robert Jackson e Georg Sørensen
Copyright da edição brasileira © 2007, 2013, 2018: 
Jorge Zahar Editor Ltda.
rua Marquês de S. Vicente 99 — 1o | 22451-041 Rio de Janeiro, RJ
tel (21) 2529-4750 | fax (21) 2529-4787
editora@zahar.com.br | www.zahar.com.br
Todos os direitos reservados. 
A reprodução não autorizada desta publicação, no todo 
ou em parte, constitui violação de direitos autorais. (Lei 9.610/98)
Grafia atualizada respeitando o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
Revisão: Eduardo Monteiro, Tamara Sender
Projeto gráfico: Printmark Marketing Editorial
Capa: Sérgio Campante
Ilustração: © Gregor Schuster/Zefa/Corbis
Edições anteriores: 2007, 2013
3.ed
Nesta nova edição, beneficiada pelos proveitosos comentários dos leitores das 
edições anteriores, fomos estimulados a manter o objetivo e o formato básicos 
do livro: uma introdução sucinta e de fácil compreensão às principais teorias e 
abordagens de Relações Internacionais (RI). Também seguimos as sugestões de 
ampliar o foco sobre “por que estudar RI” no Capítulo 1, fazer uma atualização 
importante no Capítulo 7 para incluir temas e teorias mais contemporâne-
os e ampliar as “questões-chave” no Capítulo 11. Todos os capítulos foram 
atualizados à luz de acontecimentos internacionais da atualidade e debates 
em curso nessa disciplina. O livro tem agora uma estrutura mais clara, com 
capítulos organizados em quatro partes: 1. O estudo de RI; 2. Teorias clássi-
cas; 3. Abordagens e debates contemporâneos; e 4. Política e questões. Foram 
acrescentadas, ao final de cada capítulo, questões que conectam teoria e prática. 
O site de apoio foi revisto e ampliado; os links incluem referências a debates 
teóricos, bem como informações, em âmbito mundial, sobre situações em áre-
as geográficas específicas, dando assim aos estudantes uma perspectiva sobre 
como a teoria pode dialogar com o mundo real. Esta nova edição contém, ao 
final do livro, um glossário de termos-chave.
Somos gratos pelo apoio e incentivo de muitas pessoas. Tim Barton, da edi-
tora Oxford University Press, apoiou com entusiasmo o projeto desde o início. 
Vários leitores anônimos fizeram sugestões de grande auxílio para as revisões 
e esclarecimentos. Alguns colegas nos aconselharam e encorajaram: Will Bain, 
Derek Beach, Michael Corgan, Kenneth Glarbo, Hans Henrik Holm, Kal Holsti, 
Peter Viggo Jakobsen, Brian Job, Knud Erik Jørgensen, Anne Mette Kjær, Tonny 
Brems Knudsen, Mehdi Mozaffari, Liselotte Odgaard, Elias Götz, Jørgen Dige 
Pedersen, Nikolaj Petersen, Thomas Pedersen, Jennifer Jackson Preece, Mette 
Skak, Sasson Sofer, Morten Valbjørn e Mark Zacher.
Sarah Iles foi de gande ajuda como editora-chefe desta edição. Annette An-
dersen mais uma vez tratou o texto com a eficiência e a pontualidade usuais. 
Lotte Dalgaard Christensen e Maiken Gelardi Madsen fizeram a revisão do texto, 
sugeriram referências, revisaram tabelas e ajudaram a corrigir os vários dados 
no Centro de Recursos Online deste livro junto com a Oxford University Press 
(estudos de caso, questões para revisão, links e flashcards). Em tudo isso, reali-
zaram um trabalho soberbo, apresentando ideias, acrescentando elementos e 
Agradecimentos
5
Introdução às relações internacionais6
fazendo correções, garantindo que tudo fosse colocado no devido lugar. Agra-
decemos em especial aos leitores que nos ofereceram observações úteis sobre 
a última edição, incluindo nove especialistas anônimos. Tentamos lidar com 
as excelentes sugestões de modo a gerar melhorias sem sacrificar os objetivos 
e as qualidades da edição anterior, que, em geral, receberam elogios. Estamos 
confiantes de que tanto professores quanto alunos concluirão que esta nova 
edição conseguiu alcançar esse objetivo. 
Por fim, agradecemos mais uma vez a nossas esposas e nossos filhos por 
apoiar nosso esforço contínuo de produzir um manual de RI que possa contri-
buir para a formação de leitores não só na América do Norte e na Europa, mas 
em qualquer lugar onde as relações internacionais sejam ensinadas e estudadas 
como uma disciplina acadêmica.
Aarhus e Redbourn
Novembro de 2015
Novidades desta edição
 · Maior cobertura de temas contemporâneos da política internacional, in-
cluindo terrorismo, guerra e paz, religião e meio ambiente.
 · Um novo capítulo mais detalhado sobre feminismo, pós-estruturalismo e pós- 
colonialismo.
 · Novas perguntas, ao final dos capítulos, que desafiam o leitor a analisar o modo 
como as teorias apresentadas organizam e modelam as perspectivas globais.
 · Um capítulo substancialmente atualizado sobre debates contemporâneos 
na área de economia política internacional, incluindo aspectos da diversi-
dade capitalista, modelos de desenvolvimento e desigualdade.
 · Cobertura ampliada das “questões-chave” do Capítulo 11.
 · Uma vinculação mais clara entre teoria e prática.
7
Atualmente, quase toda a população mundial vive dentro das fronteiras das 
distintas comunidades territoriais chamadas de Estados — cerca de 7 bilhões 
de pessoas são cidadãos ou sujeitos de algum país. Para mais de meio bilhão 
de habitantes dos países desenvolvidos da Europa ocidental, América do Nor-
te, Austrália, Nova Zelândia e Japão, a segurança básica e o bem-estar são em 
geral considerados naturais, por serem garantidos e, em geral, fornecidos dire-
tamente pelo Estado. No entanto, a situação nos países em desenvolvimento 
da Ásia, África e antiga União Soviética é quase que oposta para a maioria da 
população — proteção, policiamento, imposição da lei e outras condições civis 
de segurança mínima não são garantidos a todos. Ademais, para muitos, ter 
acesso a alimentação adequada, água limpa, habitação e necessidades socioeco-
nômicas similares é um desafio diário. A disciplina de Relações Internacionais 
(RI) procura entender como os povos estão providos ou não dos valores bási-
cos: segurança, liberdade, ordem, justiça e bem-estar.
Qual o conteúdo do livro?
Este livro é acima de tudo uma introdução à disciplina acadêmica de RI. O 
que é uma “disciplina”? É um ramo do conhecimento voltado para o enten-
dimento sistemático de um assunto. Assim como nas ciências sociais, em RI 
não existe uma forma única e melhor de dominar este tema. Em vez disso, 
contamos com várias teorias e tradições teóricas significativas: o realismo, o 
liberalismo, a sociedade internacional, o construtivismo social e a economia 
política internacional. Essas interagem e se sobrepõem de maneiras curiosas e 
importantes, que serão examinadas nos capítulos seguintes. No entanto, cada 
uma apresenta um método própriode explorar as RI. O realismo, por exemplo, 
se concentra na qualidade básica da segurança, porque, segundo os realistas, 
a guerra é uma possibilidade constante em um sistema de Estados soberanos. 
Os liberais, por outro lado, argumentam que as relações internacionais podem 
ser cooperativas em vez de conflituosas. Essa crença se baseia na ideia de que 
os Estados modernos e liberais são capazes de levar progresso e oportunidades 
ao maior número de pessoas no mundo. 
Sobre este livro
17
18 Introdução às relações internacionais
Todas as teorias e tradições teóricas mais importantes de RI são apresentadas 
nos capítulos seguintes. Não há por que explicar cada capítulo detalhadamente 
aqui, mas uma orientação pode ajudar. O que este livro tem a oferecer? Seus 
principais elementos podem ser resumidos da seguinte maneira: 
 · Esta edição apresenta uma introdução sobre as ferramentas analíticas da 
disciplina: as teorias e abordagens de RI. Algumas teorias se mostraram 
mais importantes do que outras. Nos capítulos centrais deste livro, enfo-
camos as teorias chamadas de “consagradas”, ou as “principais tradições” 
teóricas. São essas o realismo, o liberalismo, a sociedade internacional e 
importantes teorias de economia política internacional (EPI). Há também 
um capítulo sobre uma abordagem nova e importante, o construtivismo 
social, bem como um capítulo sobre as teorias aplicadas na análise de polí-
tica externa. Por fim, revisamos as teorias “pós-positivistas” que ganharam 
proeminência ao longo dos últimos anos. 
 · As teorias são apresentadas de maneira exata, destacando seus pontos fortes 
e fracos. Os principais pontos de controvérsia entre as teorias são discutidos 
a fundo. O livro esclarece, portanto, como os debates teóricos estão conec-
tados uns aos outros e estruturam a disciplina de Relações Internacionais.
 · O livro enfatiza a relação entre a “teoria de RI” (conhecimento acadêmico 
das relações internacionais) e a “prática de RI” (acontecimentos do mun-
do real e atividades da política mundial) — a teoria, por si só, se sustenta 
para além de ser válida como um guia para a prática. O livro explica com 
cuidado como determinadas teorias organizam e tornam perspicaz a nos-
sa visão do mundo. Muitas vezes, assumimos que a prática vale mais do 
que o estudo, mas são o estudo, nossas suposições e teorias orientadoras 
que configuram a prática.
Dicas de estudo
Para facilitar, os capítulos estão estruturados da seguinte forma: 
 · Resumo: cada capítulo começa com um pequeno resumo dos principais 
pontos.
 · Pontos-chave: cada capítulo termina com uma lista de pontos-chave. 
 · Questões: cada capítulo apresenta uma série de questões que podem ser 
usadas para discussões ou temas de trabalhos. 
 · Orientação para leitura complementar: cada capítulo oferece uma orienta-
ção para uma leitura complementar sobre o assunto tratado. 
 · Links: cada capítulo fornece referências específicas a links relevantes. Os links 
mencionados no capítulo, além de outros, podem ser encontrados no site 
associado ao livro em: www.oxfordtextbooks.co.uk/orc/jackson_sorensen6e/.
 · Glossário: os termos-chave são destacados em negrito por todo o texto e 
depois apresentados no Glossário, ao final do livro.
 · O site associado ao livro contém estudos de caso organizados por capítulos, 
outras questões para estudo e links, incluindo links específicos para países/
regiões e organizações internacionais fundamentais. 
Cada capítulo foi orientado por nosso objetivo de capacitar os estudantes 
a adquirirem conhecimento de RI como disciplina acadêmica em desenvolvi-
mento. Embora tenhamos escrito o livro tendo em mente, sobretudo, os cursos 
de nível introdutório, ele também contém muitas informações e análises que 
se mostrarão valiosas em cursos de nível mais elevado, tornando possível que 
os alunos avancem com mais rapidez em seu estudo de RI. 
19Sobre este livro
Este livro foi enriquecido com uma gama de ferramentas de aprendizado para 
ajudá-lo a avançar pelo texto e reforçar seu conhecimento de RI. Trata-se de 
um guia que mostra como tirar o máximo de seu texto.
Resumos de capítulos
Breves resumos, ao início de cada capítulo, criam condições para a dis-
cussão de temas e questões que serão apresentados e indicam o escopo da 
cobertura em cada capítulo. 
Quadros
Por todo o livro, quadros fornecem informações extras sobre determinados te-
mas que complementam sua compreensão do principal texto de cada capítulo. 
Termos do glossário
Termos-chave aparecem em negrito no texto e são definidos num glossário 
ao final do livro para ajudá-lo a revisar o conteúdo.
Pontos-chave
Ao final de cada capítulo, há um conjunto de aspectos-chave que resumem 
os argumentos mais importantes desenvolvidos em cada um deles.
Perguntas
Uma série de perguntas cuidadosamente selecionadas é fornecida para 
ajudá-lo a avaliar sua compreensão dos temas centrais, e também pode ser 
usada como base para discussão em seminários ou trabalhos de curso. 
Leituras complementares
São fornecidas listas de leituras como guias para se descobrir mais sobre os 
temas que aparecem em cada capítulo e para ajudar a localizar os principais 
livros desse campo. 
Centro de Recursos Online
Cada capítulo fornece referências a links relevantes comentados que podem 
ser encontrados no Centro de Recursos Online associado a este livro.
Guia de aspectos do aprendizado
20
O Centro de Recursos Online associado a este livro fornece a estudantes e ins-
trutores materiais de ensino e aprendizagem prontos para uso. Esses recursos 
são gratuitos e visam maximizar a experiência de aprendizado.
www.oxfordtextbooks.co.uk/orc/jackson_sorensen6e/
Para estudantes: 
Estudos de caso
Cada capítulo é complementado por um breve estudo de caso, por sua vez 
acompanhado de tarefas destinadas a reforçar sua compreensão dos temas 
apresentados.
Questões para revisão
Outras perguntas vão permitir-lhe testar seu conhecimento e fornecer exa-
mes práticos valiosos. 
Links 
Uma série de links comentados, organizados por capítulo, vai direcioná-lo 
a diferentes debates teóricos, assim como a informações sobre situações de 
RI em diferentes locais do planeta. 
 Há links para tratados importantes, artigos e trabalhos escritos, bem 
como mapas e informações sobre organizações internacionais e uma cole-
ção dos mais relevantes documentos sobre a Guerra do Iraque.
Flashcards 
Uma série de flashcards interativos contendo termos e conceitos-chave serve 
para testar sua compreensão da terminologia de RI. 
Guia do Centro de Recursos Online
21
Introdução às relações internacionais22 Introdução às relações internacionais
Para instrutores:
Quadros do livro
Todas as figuras e tabelas do texto são apresentadas em formato de alta 
resolução para possibilitar o download em software de apresentação ou o 
uso em tarefas e material de exame.
PARTE 1 Estudando RI
1 Por que estudar RI? 25
2 RI como um tema acadêmico 61
1
As relações internacionais 
na vida cotidiana 26
Breve descrição histórica 
do sistema de Estados 35
Globalização e o sistema 
de Estados 45
As RI e o mundo contemporâneo 
dos Estados em transição 48
Conclusão 55
Pontos-chave 57
Questões 58
Orientação para leitura 
complementar 59
Links 59
Por que estudar RI?
Resumo 
Este capítulo responde à pergunta “por que estudar RI?”. Começa apresentando as 
bases sociais e históricas das relações internacionais, ou RI. O objetivo é enfatizar 
a realidade prática das relações internacionais em nossas vidas e associá-la ao seu 
estudo acadêmico. Essa ligação é feita, aqui, focando o principal tema histórico 
das RI: os Estados soberanos modernos e as relações internacionais do sistema 
de Estados. Por que existem Estados e sistemas 
de Estados? Três tópicos centrais são discutidos: 
o significado das relações internacionais na vida 
cotidiana e os principais valores providos pe-
los Estados; a evolução histórica do sistema de 
Estados e da economia mundial; e o mundo con-
temporâneo de Estadosem transição. 
Estudando RI26
As relações internacionais na vida cotidiana
RI é a abreviatura para o campo acadêmico das relações internacionais. 
Este pode ser definido como o estudo das relações e interações entre países, 
incluindo as atividades e políticas de governos nacionais, organizações gover-
namentais internacionais (OGIs), organizações não governamentais (ONGs) 
e corporações multinacionais (CMNs). Pode ser tanto um assunto teórico 
quanto um tema prático ou político, e abordagens acadêmicas que o tenham 
como foco podem ser empíricas, normativas ou mesmo ambas. O campo das 
RI é frequentemente considerado um ramo da ciência política, mas também é 
um tema estudado por historiadores (vinculados à história internacional ou 
diplomática) e economistas (economia internacional). É ainda um campo dos 
estudos jurídicos (direito público internacional) e uma área da filosofia (ética 
internacional). Dessa perspectiva mais ampla, as RI constituem claramente um 
campo interdisciplinar. Aspectos das relações internacionais, particularmente 
a guerra e a diplomacia, têm sido explorados e comentados pelo menos desde 
o antigo historiador grego Tucídides, mas as RI só se tornaram uma disciplina 
acadêmica propriamente dita no início do século XX.
A principal razão para o estudo das RI é o fato de a população mundial 
estar dividida em comunidades políticas distintas, Estados independentes que 
influenciam profundamente o modo de vida de todas as pessoas. Os Estados- 
nação estão envolvidos conosco, assim como nós com eles. Naqueles mais 
bem-sucedidos, a maioria das pessoas se identifica, com muita frequência for-
temente, com o país do qual são cidadãs. Elas têm orgulho da bandeira de seu 
país. Cantam o hino nacional, e não o de outros países. Veem a população do 
mundo como dividida e organizada em termos de Estados nacionais distintos. 
“Eu sou americano, você é francês, ele é alemão, ela é japonesa, aquele homem 
é do Brasil, aquela mulher é da África do Sul, o outro sujeito é russo…” E assim 
se dá em todo o mundo. 
Do ponto de vista prático, é difícil, se não impossível, para a maioria das 
pessoas escapar dos diversos efeitos dos Estados-nação sobre suas vidas coti-
dianas, mesmo que quisessem. O Estado está comprometido em protegê-las 
e fornecer-lhes segurança, tanto pessoal quanto nacional, em promover sua 
prosperidade econômica e seu bem-estar social, em lhes cobrar impostos, em 
educá-las, em licenciá-las e regulamentá-las, em mantê-las saudáveis, em cons-
truir e preservar a infraestrutura pública (estradas, pontes, portos, aeroportos 
etc.), entre muitas outras coisas. Esse envolvimento entre pessoas e Estados é 
frequentemente tido como favas contadas. Mas é uma relação profunda. As 
pessoas são moldadas, de modo muito significativo, por essa realidade.
27Por que estudar RI?
As RI têm como foco as várias atividades dos Estados-nação em suas rela- 
ções externas. Para dar conta disso, alguns conceitos básicos se fazem ne-
cessários. Um Estado independente pode ser definido como um território 
dotado de fronteiras e contornos distintos, com uma população permanen-
te, sob a jurisdição de um governo supremo constitucionalmente separado 
— isto é, independente — de todos os governos estrangeiros: um Estado 
soberano. Em conjunto, esses Estados formam um sistema de Estados 
internacional de extensão global. Atualmente, há quase duzentos Estados in- 
dependentes. A maioria das pessoas, com poucas exceções, não apenas vive, 
como também é cidadã de pelo menos um desses países e, muito raramente, 
de mais de um deles, embora essa possibilidade esteja aumentando à medida 
que o mundo se torna cada vez mais interdependente. Praticamente, todos 
nós estamos ligados a um Estado particular e, por meio deste, nos conecta-
mos ao sistema de Estados que afeta nossas vidas de maneiras importantes, 
mas que talvez nem tenhamos consciência. 
Os Estados são independentes uns dos outros, pelo menos legalmente: 
eles têm soberania. No entanto, isso não significa que estejam isolados. Pelo 
contrário, se unem e se influenciam e, portanto, devem encontrar meios de 
coexistir e de lidar uns com os outros. Em outras palavras, eles formam um 
sistema de Estados, que é o tema central de RI. Ademais, estão geralmente in-
corporados aos mercados internacionais, que geram efeitos sobre as políticas 
dos governos e sobre a riqueza e o bem-estar de seus cidadãos. Sendo assim, o 
relacionamento entre Estados é necessário — ou seja, o isolamento total não é 
uma opção. Quando um país é isolado e excluído do sistema de Estados, seja 
devido às ações do seu próprio governo ou de poderes externos, o resultado 
geralmente é o sofrimento da população local — os exemplos mais recentes 
são Birmânia (oficialmente, República da União de Mianmar), Líbia, Coreia 
do Norte, Iraque, Irã e Síria. Assim como na maioria dos outros sistemas 
sociais, o sistema de Estados apresenta vantagens e desvantagens para os 
Estados envolvidos e seus povos. Em outras palavras, RI foca a natureza e as 
consequências dessas interações. 
O sistema de Estados é um modo distinto de organizar a vida política 
mundial, cuja origem histórica é bem antiga. Já houve sistemas de Estados em 
diferentes épocas e locais: por exemplo, na antiga Índia, na Grécia e na Itália 
renascentista (Watson 1992). Contudo, o tema das RI surgiu no início da Era 
Moderna (séculos XVI e XVII) na Europa, quando os Estados soberanos funda-
mentados em territórios contíguos foram originariamente estabelecidos. Desde 
o século XVIII, as relações entre tais Estados independentes são chamadas de 
“relações internacionais”. De início, o sistema de Estados era europeu. Com a 
emergência dos Estados Unidos no final do século XVIII, esse sistema se tornou 
Estudando RI28
ocidental. Nos séculos XIX e XX, o sistema de Estados foi ampliado a fim de 
abranger todo o território global — leste e oeste, norte e sul. Hoje, RI é o estudo 
do sistema global de Estados a partir de várias perspectivas acadêmicas, sendo 
que as mais importantes serão discutidas no decorrer deste livro.
O mundo de Estados é basicamente um mundo territorial. As pessoas preci-
sam viver em algum lugar do planeta, esses lugares precisam relacionar-se entre 
si de um modo ou de outro. É uma forma de organizar politicamente as regiões 
povoadas do mundo, um tipo diferenciado de estruturação política territorial 
com base em inúmeros governos distintos, que são legalmente independentes 
uns dos outros. Nesse sentido, o único grande território que não é considerado 
um Estado é a Antártida, administrada por uma associação de Estados que 
têm interesse em seu meio ambiente e em seu potencial em termos de pesquisa 
científica e desenvolvimento econômico. Para entender o significado das RI é 
necessário compreender a vida dentro de um Estado. O que isso implica? Qual 
sua importância? Como devemos pensar sobre isso? Estas questões — principal-
mente a última — são a preocupação central deste livro. Os capítulos seguintes 
tentam responder de várias formas a esta pergunta fundamental. Este capítulo 
aborda o principal tema histórico das RI: a evolução do sistema de Estados e o 
mundo contemporâneo de Estados em transição. A história é importante por-
que os Estados e o sistema de Estados precisavam vir a existir, tornar-se uma 
realidade prática, antes que pudessem ser teoricamente estudados.
Por que estudar RI? É importante, antes de começar a responder a esta ques-
tão, avaliar nossa vida diária como cidadãos de Estados particulares e nossas 
expectativas quanto a esses Estados. Há, no mínimo, cinco valores sociais bási-
cos que os Estados supostamente devem defender: segurança, liberdade, ordem, 
justiça e bem-estar. Por serem tão fundamentais ao bem-estar humano, tais 
valores sociais precisam ser protegidos e garantidos. É claro que outras orga-
nizações sociais, além do Estado, podem assumir tal responsabilidade: como a 
família, o clã ou as organizações étnicas ou religiosas. Na Era Moderna,contu-
do, o Estado tem sido, em geral, a principal instituição a cumprir esta função e 
espera-se que o próprio garanta estes valores básicos. Por exemplo, as pessoas 
costumam achar que o Estado deveria financiar a segurança, responsável pela 
proteção dos cidadãos com relação a ameaças internas e externas. Esta é uma 
preocupação ou um interesse fundamental dos países. No entanto, a própria 
existência de Estados independentes afeta o valor da segurança: vivemos em 
um mundo de muitos países, quase todos minimamente armados. Dessa forma, 
os Estados tanto defendem como ameaçam a segurança das pessoas — este 
paradoxo do sistema de Estados é geralmente conhecido como “dilema de 
segurança”. Portanto, assim como qualquer outra organização humana, os 
Estados apresentam problemas e soluções. 
29Por que estudar RI?
Apesar de a maioria dos países ter um comportamento amistoso, não amea-
çador e pacífico, alguns deles podem ser hostis e agressivos. Nesse contexto, com 
a ausência de um governo mundial para coagi-los, constitui-se um desafio básico 
e antigo para o sistema de Estados: a segurança nacional. Consequentemente, 
para lidar com esta questão, a maioria dos Estados possui Forças Armadas. Por 
isso, o poder militar é considerado uma condição essencial para que os Estados 
possam coexistir e se relacionar uns com os outros sem serem intimidados ou 
subjugados. Um elemento importante, o qual não devemos nunca esquecer, é 
que países desarmados são um fato raro na história do sistema de Estados. Com 
o objetivo de aumentar a segurança nacional, muitos Estados também optam 
por formar alianças. A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) é de 
longe o mais importante exemplo de aliança militar na história recente.
Além disso, para garantir que nenhuma grande potência consiga alcançar 
uma posição hegemônica de dominação total, com base na intimidação, na 
coerção ou no uso absoluto da força, é necessário construir e manter uma 
balança de poder militar. Essa abordagem para o estudo da política mundial 
é típica das teorias realistas das RI (Morgenthau 1960), que partem do pressu-
posto de que as relações dos países podem ser mais bem caracterizadas como 
um mundo no qual os Estados que possuem armas são rivais competidores e, 
de tempos em tempos, iniciam guerras interestatais. 
O segundo valor básico, cuja garantia é responsabilidade dos Estados, é 
a liberdade, tanto a pessoal quanto a nacional — a independência. Uma das 
razões fundamentais para a constituição dos Estados e para a sustentação dos 
encargos instituídos por governos a seus cidadãos, como impostos e o serviço 
militar obrigatório, é a condição de liberdade nacional ou de independência 
que os Estados procuram sempre afirmar. Não podemos ser livres a não ser que 
nosso país também seja: isso esteve muito claro para os milhares de cidadãos 
tchecos, poloneses, dinamarqueses, noruegueses, belgas, holandeses e franceses, 
assim como para os habitantes de outros países invadidos e ocupados pela 
Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial. No entanto, mesmo 
quando um país é livre, sua população pode não ser, mas pelo menos o pro-
blema da liberdade está nas próprias mãos dos cidadãos. A guerra ameaça e, 
algumas vezes, destrói a liberdade. A paz, pelo contrário, promove a liberdade, 
tornando possíveis a mudança internacional progressiva e a criação de um 
mundo melhor. A paz e a mudança progressiva estão, certamente, entre os 
valores mais fundamentais das relações internacionais. Essa abordagem sobre 
a política mundial é típica das teorias liberais das RI (Claude 1971). Opera 
a partir da suposição de que as relações internacionais podem ser mais bem 
caracterizadas como um mundo no qual os Estados cooperam entre si, com o 
objetivo de manter a paz e a liberdade, além de buscar a mudança progressiva. 
Estudando RI30
O terceiro e o quarto valor básico sob responsabilidade dos Estados são 
a ordem e a justiça. Para que os países possam coexistir e interagir com base 
na estabilidade, na certeza e na previsibilidade, é fundamental que tenham o 
interesse comum no estabelecimento e na manutenção da ordem internacional. 
Para isso, é obrigatório defender o direito internacional: manter compromissos 
com tratados e cumprir as regras, convenções e hábitos da ordem legal inter-
nacional. Além disso, espera-se que aceitem práticas diplomáticas e apoiem as 
organizações internacionais. O direito internacional, as relações diplomáticas e 
as organizações internacionais só podem existir e operar de modo bem-sucedi-
do caso estas expectativas sejam, em geral, cumpridas pela maioria dos Estados 
durante a maior parte do tempo. Outro dever dos países é defender os direitos 
humanos. Hoje, já existe uma estrutura legal internacional de direitos huma-
nos — direitos civis, políticos, sociais e econômicos — desenvolvida desde o 
término da Segunda Guerra Mundial. Certamente, a ordem e a justiça estão en-
tre os valores mais fundamentais das relações internacionais. Esta abordagem 
com relação ao estudo da política mundial é típica das teorias da sociedade 
internacional das RI (Bull 1995). De acordo com esta linha de raciocínio, as 
relações internacionais podem ser mais bem caracterizadas como um mundo 
no qual os Estados são atores socialmente responsáveis e compartilham o in-
teresse de preservar a ordem internacional e promover a justiça internacional. 
O último valor básico que se espera que os Estados defendam é a riqueza e 
o bem-estar socioeconômico da população. Os cidadãos acreditam que o seu 
governo deva adotar políticas apropriadas a fim de incentivar um alto índice de 
emprego, baixa inflação, investimento constante, fluxo ininterrupto de comér-
cio, e assim por diante. Uma vez que as economias nacionais raramente estão 
isoladas umas das outras, a maioria das pessoas também espera que seu país 
atue no ambiente econômico internacional de forma a elevar ou, no mínimo, 
defender e manter o padrão de vida nacional. 
Hoje, a maioria dos Estados investe no planejamento e na implementação 
de políticas econômicas que possam manter a estabilidade da economia inter-
nacional, da qual são todos cada vez mais dependentes. Em geral, esse processo 
envolve políticas econômicas que possam lidar, de modo adequado, com os 
mercados internacionais, com a política econômica de outros Estados, com o 
investimento externo, com as taxas de câmbio, com o comércio internacional, 
com a comunicação e com o transporte internacional e outras relações econô-
micas internacionais que afetam a riqueza e o bem-estar nacionais. 
A interdependência econômica — o alto grau de dependência econômica 
mútua entre os países — é uma característica impressionante do sistema de Es-
tados contemporâneo. Por um lado, algumas pessoas consideram tal situação 
positiva, uma vez que a expansão do mercado global pode gerar um aumento 
31Por que estudar RI?
da liberdade e da riqueza, por meio de mais distribuição, especialização, eficiên-
cia e produtividade. Já outros teóricos entendem a interdependência econômica 
como algo negativo, porque promove a desigualdade ao permitir que países 
ricos e poderosos, ou com vantagens financeiras e/ou tecnológicas, dominem 
países pobres e fracos que não detêm tais vantagens. Outros, ainda, conside-
ram o protecionismo nacional preferível à interdependência econômica como 
melhor forma de reagir às crises financeiras e econômicas que periodicamente 
perturbam a economia mundial. Mas, independentemente dessa discussão, a 
riqueza e o bem-estar estão entre os valores mais fundamentais das relações 
internacionais. Essa abordagem da política mundial é típica das teorias de 
economia política internacional (EPI) (Gilpin 1987). Para os defensores des-
sa corrente de pensamento, as relações internacionais podem ser mais bem 
caracterizadas como um mundo fundamentalmente socioeconômico e não 
simplesmente político e militar. 
A maioria das pessoas parte do pressuposto de que os valores básicos 
(segurança, liberdade,ordem, justiça e bem-estar) são naturais e só se cons-
cientizam de que algo está errado — por exemplo, durante uma guerra ou uma 
depressão — quando os Estados individuais perdem o controle da situação. 
Nessas ocasiões, as pessoas despertam para circunstâncias mais complexas de 
suas vidas que, no dia a dia, não são percebidas ou ficam em segundo plano 
— ou seja, tendem a se conscientizar dos aspectos considerados naturais e da 
importância desses valores em suas vidas diárias. Por exemplo, atentamos à 
segurança nacional quando um poder externo se arma para a guerra ou ter-
roristas internacionais agem de modo hostil contra o nosso país ou um de 
nossos aliados. Em relação à independência nacional e à nossa liberdade como 
cidadãos, nos conscientizamos quando a paz não é mais garantida. Já no que se 
refere à justiça e à ordem internacional, nos tornamos cientes quando alguns 
Estados, principalmente as grandes potências, abusam, exploram, condenam 
ou desrespeitam o direito internacional ou os direitos humanos. Por fim, nos 
conscientizamos do bem-estar nacional e do nosso bem-estar socioeconômico 
quando países estrangeiros ou investidores internacionais, com base em sua 
influência econômica, prejudicam nosso padrão de vida. 
Durante o século XX, houve momentos significativos de expansão da cons-
ciência com relação aos principais valores sociais. A Primeira Guerra Mundial 
deixou terrivelmente claras para a maioria das pessoas a capacidade do con-
flito armado mecanizado moderno, entre as grandes potências, de destruir as 
vidas e as condições de sobrevivência de modo devastador e a importância de 
reduzir o risco de uma guerra como esta (ver link 1.09). A partir desse reconhe-
cimento, emergiram os primeiros passos significativos no pensamento das RI 
com foco nas instituições legais efetivas — por exemplo, a Liga das Nações — a 
Estudando RI32
fim de impedir a guerra entre grandes potências (ver link 1.10). Esses esforços 
não tiveram o sucesso que se esperava. Mas as RI permanecem importantes 
porque buscam entender o mais amplamente possível as diferentes maneiras 
pelas quais as relações internacionais podem fortalecer, mas também solapar, 
a qualidade de vida de tantas pessoas que vivem em diferentes países ao redor 
do globo.
A Segunda Guerra Mundial não apenas enfatizou a realidade dos perigos 
da guerra entre grandes potências. Ela revelou também a importância de se 
impedir qualquer potência de escapar do controle, assim como a imprudência 
de seguir uma política de apaziguamento — adotada pela Grã-Bretanha e pela 
França em relação à Alemanha nazista, um pouco antes da guerra, e que pro-
vocou consequências desastrosas a todos, inclusive ao povo alemão. 
Após a Segunda Guerra Mundial, verificamos também outros momentos de 
expansão da consciência no que diz respeito à importância fundamental desses 
valores. A crise dos mísseis cubanos de 1962, por exemplo, esclareceu os perigos 
da guerra nuclear e o fato chocante de que ela poderia destruir a civilização 
humana. Os movimentos anticoloniais na Ásia e na África dos anos 1950 e 
1960 e os movimentos dissidentes nas antigas União Soviética e Iugoslávia no 
final da Guerra Fria demonstraram claramente quanto a autodeterminação 
e a independência política ainda eram relevantes. A Guerra do Golfo (1990-
91) e os conflitos nos Bálcãs, em particular na Bósnia (1992-95) e no Kosovo 
(1999), foram uma lembrança da importância da ordem internacional e do 
respeito pelos direitos humanos. Em 2001, os ataques a Nova York e Washing-
ton despertaram a atenção da população norte-americana e de outros países 
com relação aos perigos do terrorismo internacional (ver link 1.16). Mais re-
centemente, os levantes populares (a “Primavera Árabe”) no norte da África 
e no Oriente Médio (2010-13), a guerra civil na Síria (iniciada em 2011 e em 
andamento enquanto este texto está sendo escrito), o conflito entre Israel e 
palestinos em Gaza, a guerra de secessão na Ucrânia e a postura ameaçadora 
da Rússia de Vladimir Putin no Leste europeu (desde 2014), assim como o 
avanço da organização terrorista radical Estado Islâmico (EI) (a partir de 2014), 
demonstram uma vez mais a importância vital desses mesmos valores.
Já a Grande Depressão (1929-33) demonstrou para a população mundial 
como os meios econômicos de vida poderiam ser afetados de modo adverso, até 
mesmo destruídos, através de condições específicas de mercado não só internas, 
mas também internacionais (ver link 1.11). Já a inflação global da década de 
1970 e do início dos anos 1980, causada por um aumento súbito e dramático 
nos preços do petróleo pelo cartel da Organização dos Países Exportadores 
de Petróleo (Opep), relembrou quanto as interconexões da economia global 
podem ameaçar o bem-estar nacional e pessoal em qualquer lugar do mundo.

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