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Educação Profissional de Nível Técnico CNPJ: 20.835.176/0001-70 Rua Manoel Mota, S/N, Monte Castelo, Patos – PB CEP – 58.707-000 Telefone: (83) 3421-1936 Docente: José Franklin Nunes Lima 1º Semestre de 2020.2 2 SUMÁRIO 1. Epidemiologia do Trauma ----------------------------------------------------------------04 1.1 Cinemática do trauma ----------------------------------------------------------------------04 1.2 Importância da avaliação da vítima (primária e secundária) --------------------------08 1.3 Recursos de atendimento de emergência disponíveis ----------------------------------18 1.4 Legislação e ética do trauma (Consentimento da vítima/Prioridades de atendimento) -------------------------------------------------------------------------------------------------------19 2. Desobstrução das vias aéreas em adultos, gestante, obeso e bebê (consciente e inconsciente) -------------------------------------------------------------------------------------21 2.1 Manobra de Heimlich (Desengasgo) -----------------------------------------------------21 3. Parada cardiopulmonar --------------------------------------------------------------------25 3.1. Diretrizes 2018 de Ressuscitação Cardiopulmonar: Suporte Básico de Vida--27 3.2. Sinais de uma parada cardiopulmonar ---------------------------------------------------26 3.3. Ressuscitação cardiopulmonar (RPC) ---------------------------------------------------28 4. Hemorragias ----------------------------------------------------------------------------------32 4.1 Hemorragia externa (torniquete e compressivos) ---------------------------------------34 4.2 Hemorragia interna (sinais e sintomas) ---------------------------------------------------36 5. Ferimentos Localizados ---------------------------------------------------------------------38 5.1. Olhos ------------------------------------------------------------------------------------------38 5.2. Objetos encravados -------------------------------------------------------------------------40 5.3. Arma branca/Arma de fogo ----------------------------------------------------------------42 6. Intercorrências Neurológicas --------------------------------------------------------------42 6.1 Síncope/desmaio -----------------------------------------------------------------------------42 6.2 Crise convulsiva/Crise Epiléptica ---------------------------------------------------------46 7. Acidentes com animais peçonhentos e venenosos -----------------------------------49 7.1. Picada de cobra ------------------------------------------------------------------------------49 7.2. Picada de aranha e ferroada de escorpião ------------------------------------------------54 8. Queimadura -----------------------------------------------------------------------------------62 8.1 Primeiro grau ---------------------------------------------------------------------------------65 8.2 Segundo grau ---------------------------------------------------------------------------------65 8.3 Terceiro grau ---------------------------------------------------------------------------------66 8.4 Quarto grau -----------------------------------------------------------------------------------66 9. Tipos de Fraturas ---------------------------------------------------------------------------70 3 9.1 Tipos de Imobilização --------------------------------------------------------------------75 Referências ------------------------------------------------------------------------------------82 4 1. EPIDEMIOLOGIA DO TRAUMA O conjunto de agravos decorrentes de violências e acidentes, denominado causas externas, atrai muita atenção devido à sua importante prevalência e incidência. No Brasil, elas são a terceira maior causa de mortalidade geral, atrás apenas das neoplasias e das doenças do aparelho circulatório, em um padrão próximo ao de países industrializados. No ano de 2013 foram registrados 151.683 óbitos por violências e acidentes, dos quais 68,9% eram representados pelas faixas etárias de 10 a 49 anos. Dados de 2014 revelam 1.119.565 internações por eventos dessa natureza somente no sistema público de saúde, com custo total de R$ 1.298.255.659,60. No Brasil, foi implantado em grande parte do território nacional o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU 192), um serviço pré-hospitalar cujo objetivo é prestar um atendimento ágil a vítimas em situação de urgência ou emergência. Nele, a correta avaliação da situação do trauma, das medidas a serem realizadas e da estrutura adequada para a resolução das necessidades do paciente são fundamentais para minimizar as consequências dos agravos. Assim, uma vez que o tempo de transporte ao serviço de saúde especializado é um fator essencial a ser considerado no prognóstico do traumatizado, é importante que os sistemas de atendimento pré-hospitalar estejam fortalecidos e organizados (IBIAPINO, 2017). Em face do exposto, resumidamente o objetivo dos primeiros socorros são: a redução da morbidade e mortalidade com o alívio do sofrimento, a prevenção de mais doenças ou lesões e a promoção da recuperação. Vale salientar ainda que, os primeiros socorros podem ser iniciados por qualquer pessoa, em qualquer situação, e incluem o autoatendimento. 1.1 CINEMÁTICA DO TRAUMA 1ª Lei de Newton: o ponto material isolado está em repouso ou em movimento retilíneo uniforme (Princípio da inércia). 5 2ª Lei de Newton: a força resultante é o produto de sua massa pela aceleração adquirida. F = Massa (Kg) X Aceleração (m/s) 2 3ª Lei de Newton: a interação entre corpos é regida pelo princípio da Ação e Reação. Lei da Conservação da Energia: e energia não pode ser criada ou destruída, mas transformada. Os traumas mecânicos são os mais importantes. Dentre eles os que ocorrem com maior frequência são os contusos, associados às colisões automobilísticas, o atropelamento, agressões físicas, quedas e explosões. Impacto Frontal: é a colisão contra um objeto que se encontra em frente ao veículo. Impacto Lateral: é a colisão contra o lado de um veículo, capaz de imprimir ao ocupante uma aceleração que o afasta do ponto de impacto. Pode ocorrer lesão de tórax e da pelve. 6 Impacto Traseiro: ocorre quando um veículo está parado e outro o atinge por trás. Os ocupantes são arremessados para frente, onde o tronco sofre aceleração. A cabeça dos ocupantes não acompanha essa aceleração. A hiperextensão estira as estruturas de sustentação do pescoço, produzindo lesão por mecanismo de chicote. Capotagem: o ocupante que não esteja contido pode chocar-se contra qualquer parte da cabine. Esse tipo de colisão produz lesões mais graves por causa dos deslocamentos múltiplos. Ejeção do veículo: as lesões podem ser maiores devido ao impacto também provocado contra o solo. A probabilidade de lesões nessa forma de acidentes aumenta em 300%. Lesões por contenção: são causadas, por exemplo pelo air-bag, em segundo impacto do veículo, quando este já foi disparado e está desinflado. 7 O air-bag não substitui o cinto de segurança e não tem utilidade em capotamentos. Também é muito comum esse tipo de lesão pelo uso incorreto do cinto de segurança. Colisão do pedestre: mais conhecida como atropelamento, segue três fases de impacto: impacto contra o para-choque dianteiro, geralmente atingindo pernas e pelve; impacto contra o capô e o para-brisa, geralmente afetando tronco e cabeça; impacto contra o solo, geralmente afetando cabeça, coluna e vísceras. Derrapada lateral: na tentativa de não ficar prensado, o motorista tenta virar a moto de lado e deixá-la cair sobre sua própria perna. Este ato produz diminuição da velocidade, separando-a do motociclista.A moto continua sua trajetória e acaba absorvendo a maior parte da energia da colisão. Quedas: são as primeiras causas de traumatismo não-fatal e a segunda de importantes lesões de medula e cérebro. Ocorrem por desaceleração em superfícies firmes como concreto e asfalto. Explosões: transformação química rápida de produtos sólidos, semi-sólidos, líquidos e gasosos em produtos gasosos que ocupam volumes maiores do que ocupados antes da detonação. 8 Primárias: o tímpano é bastante vulnerável, os pulmões apresentam contusão, edema e pneumotórax, ruptura de alvéolos e veias pulmonares, levando a embolia gasosa e à morte súbita. Pode haver hemorragia intra-ocular, deslocamento da retina e roturas intestinais. Secundárias: resultam de objetos arremessados que atingem indivíduos adjacentes. Por exemplo, a explosão por granadas. Terciárias: ocorre quando os próprios indivíduos se transformam em um míssil e são arremessados contra objetos sólidos ao solo. 1.2 IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO DA VÍTIMA (PRIMÁRIA E SECUNDÁRIA) O atendimento em urgências de fato pode representar uma constante luta para profissionais da área da saúde, sendo que suas atribuições são de suma importância para a vida de muitos. Estas atribuições são diversas e impactam positivamente a vida de muitos cidadãos – desde situações de parto, parada cardiorrespiratória, crises convulsivas, intoxicações, queimaduras, e muitos outros aspectos. Diante de tais situações que podem ser substancialmente variáveis e até mesmo imprevisíveis, os profissionais precisam estar preparados para saber como proceder em momentos oportunos. Isso quer dizer que é preciso muito mais do que uma ambulância, equipamentos e materiais para que eles possam exercer suas atividades. Para entender melhor essa premissa, é importante destacar que existem duas formas de se fazer uma avaliação do paciente, que consiste na abordagem primária e secundária. A abordagem primária constitui-se na avaliação de responsividade (chamar o paciente) e também a expansão torácica. Já a abordagem secundária deve ser adotada depois da avaliação primária completa e também das demais intervenções específicas dessa segunda fase do atendimento. Vale salientar ainda que embora esta avaliação possua uma grande importância, não se trata de um procedimento obrigatório, principalmente quando estamos com pacientes mais críticos ou que esta avaliação possa acarretar um atraso no transporte do mesmo. 9 AVALIAÇÃO PRIMÁRIA Em 1976 após um acidente sofrido, o cirurgião ortopédico Jim Styner percebeu que os procedimentos de primeiros socorros a vítimas de traumas não eram adequados. Assim ele desenvolveu o protocolo XABCDE do trauma, sendo adotado a partir de 1978 pelos serviços médicos de urgência e emergência em vários países. No Brasil o protocolo XABCDE foi introduzido em todas as regiões a partir da década de 90. O mesmo visa identificar a sequência de prioridades; estabelecer o tratamento durante avaliação primária e secundária; identificar os componentes chaves na história do evento e do paciente; e explicar as técnicas que devem ser utilizadas na fase de ressuscitação e tratamento definitivo. Destacando a importância do atendimento de urgência e emergência na rede pública de saúde, o Ministério da Saúde criou, em 2002, o Regulamento Técnico dos Sistemas Estaduais de Urgência e Emergência (Portaria GM/MS 2.048). Foram estabelecidos princípios e diretrizes para a classificação, cadastramento e funcionamento dos serviços de urgência e emergência; atendimento pré-hospitalar fixo e móvel; regulação médica; atendimento hospitalar, classificado conforme a complexidade do caso e a criação de núcleos de educação. No ano seguinte, o governo federal instituiu a Política Nacional de Atenção às Urgências (Portaria nº 1863/GM) com a finalidade de organizar o sistema de atendimento a urgências e emergências e desenvolver metodologias e processos para o registro de dados, organização e avaliação de informações estatísticas relativas aos atendimentos em unidades de urgência. AVALIAÇÃO PRIMÁRIA EM POLITRAUMATISMO ( A B C D E) A – Abertura das Vias Aéreas e Controle da Coluna Cervical B – Boa Respiração (Ventilação) C – Circulação com Controle de Hemorragias e Sangramentos D – Avaliação Neurológica E – Exposição / Avaliação do Ambiente 10 X- Exsanguinante (hemorragia) Perda de sangue que acontece após um ferimento, trauma ou alguma doença, devido ao rompimento de vasos da circulação sanguínea. Ela pode ser externa, quando o sangramento é visualizado para fora do corpo ou interna. A- Abertura das Vias Aéreas e Controle da Coluna Cervical Vias aéreas superiores e inferiores: As vias aéreas devem ser verificadas e desobstruídas por meio de manobras (CHIN – LIFT OU JAW TRUSTH), e se necessário apelar para meios mecânicos ou cirúrgicos. Toda vítima de trauma é portadora de Traumatismo Raquimedular – TRM, até que se prove o contrário. Depois de fazer a avaliação das vias aéreas , deve-se fazer a imobilização da coluna vertebral do paciente. CHIN-LIFT E JAW TRUSTH Atenção: o colar cervical deverá ser aplicado sempre com a vítima na posição dorsal. B – Boa Respiração (Ventilação) Ver, ouvir e sentir (3 a 5 segundos); Expansão torácica, dispneia e cianose; Avaliação da frequência respiratória (normal, lenta ou acelerada); Profundidade dos movimentos respiratórios (superficiais ou profundos); Exposição torácica (trauma de tórax). 11 De início verifica-se se a vítima está respirando, caso contrário deve realizar a desobstrução das vias aéreas e fazer a ventilação assistida com máscara facial. Para obter uma boa respiração é necessário uma boa entrada de ar, o bom funcionamento dos pulmões, do diafragma e da caixa torácica. Material para Oxigenoterapia Cânula e cateter nasal Fluxo mínimo = 1l/min; Fluxo máximo = 6l/min (A oferta chega a 66% de O2) Máscara facial simples (sem reservatório) Fluxo mínimo = 5l/min (40% de O2); Fluxo máximo = 8l/min (60% de O2) Máscara sem reinalação com reservatório de O2 12 Fluxo mínimo= 6l/min (60% de O2); Cada 1l/min acrescenta 10% na concentração de O2 (a oferta de O2 chega a 100%com 10 l/min) Máscara de Venturi Fluxo mínimo = 4l/min (24% de O2), Fluxo máximo = 12l/min (50% de O2) Bolsa - valva – Máscara Fluxo máximo = 15l/min (oferta de 95% - 100% de O2) Cânula orofaríngea Indicação: quando o paciente apresenta incapacidade de manter as vias aéreas pérvias e/ou Glasgow menor ou igual a oito. Contraindicações: pacientes conscientes ou semiconscientes e reflexos de vômito. Complicações: tosse, vômito e laringoespasmos. 13 OXÍMETRO DE PULSO (SPO2) E VENTILADOR MECÂNICO Valores Normais: entre 90% e 99%; Ideal: Maior que 94% e menor ou igual a 99%; < 90% comprometimento de O2 tecidual; > 100% se caracteriza como um quadro de toxicidade. CUIDADOS Local de colocação do oxímetro deve estar limpo e seco; Evitar locais edemaciados; Tamanho adequado. 14 INTERFERÊNCIAS Movimentação excessiva; Umidade nos sensores; Localização; Anemia; Coloração de esmalte de unhas. Material de intubação VANTAGENS DA INTUBAÇÃO Isola as vias aéreas; Oferta de 100% de oxigênio; Risco de aspiração (vômito, corpo estranho ou sangue); Previne insuflação gástrica; Via adicional para administração de medicamentos. DESVANTAGENS DA INTUBAÇÃO Lesões das cordas vocais; Trauma das vias aéreas (hemorragias); Intubação esofágica; Hipoxemia pela tentativa prolongada de intubação; Quebra de dentes. 15 TRAQUEOSTOMIA VANTAGENS Fornece uma ligaçãosegura às vias aéreas para aspiração de secreções ou para ventilação mecânica, se necessário; Medicamentos na forma de nebulização e oxigênio podem ser administrados pela cânula; É o método de escolha para ventilação mecânica, quando a disfunção bulbar torna a ventilação não invasiva impossível e quando é desejado um sistema de ventilação de suporte à vida; Deixa a face livre e evita problemas com os tirantes e problemas de pressão na pele; Os médicos, enfermeiros e alguns terapeutas estão familiarizados com os cuidados a ter com a traqueostomia. DESVANTAGENS Algumas pessoas pensam que é demasiado invasiva, aumenta a sua incapacidade e dependência, e impede-os de usar alguns artigos de vestuário (colares ou gravatas). As secreções necessitam ser aspiradas, tanto durante a noite como de dia; Tossir para limpar as pequenas vias aéreas é difícil. O orifício da traqueostomia pode infectar, sangrar ou desenvolver tecido inflamatório (granuloma) que tem que ser removido; Algumas pessoas ficam com problemas de fala e deglutição; Distúrbio de cicatrização. 16 C – CIRCULAÇÃO COM CONTROLE DE HEMORRAGIAS A vítima deve ser avaliada cuidadosamente quanto aos seguintes parâmetros: Pulso: Deve-se avaliar a presença, a qualidade e a regularidade. Ficar atento para possível PCR. Cor: Perfusão adequada produz pele rosada, a pele fica pálida quando o sangue é desviado para outra área e azulada quando a oxigenação é incompleta. Temperatura: Pele fria indica perfusão diminuída, pele quente ao toque é sinal de boa perfusão. Umidade: Pele seca é bom sinal enquanto que pele úmida é sinal de choque. Perfusão: Maior que 2s indica que as extremidades não estão fluxo sanguíneo adequado. D-AVALIAÇÃO NEUROLÓGICA Avaliação pupilar (Consiste na observação da simetria e resposta ao estímulo luminoso). Escala de Coma de Glasgow (Abertura dos olhos, melhor resposta verbal, melhor reposta motora). 17 E – EXPOSIÇÃO / AVALIAÇÃO DO AMBIENTE Última etapa da avaliação é tirar as roupas do paciente para encontrar todas as lesões. Lesões não podem ser tratadas se não forem primeiro reconhecidas. 18 AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA Tem como objetivo tratar lesões que não foram encontradas na avaliação primária. Esta se inicia após ser feita a avaliação primária e a reanimação (quando necessário). S – Sintomas e SSVV. A – Alergias. M – Medicações. P – Passado Médico. L – Líquidos e Alimentos ingeridos. A – Ambiente. 1.3 RECURSOS DE ATENDIMENTO DE EMERGÊNCIA DISPONÍVEIS APH – Atendimento Pré-hospitalar; RESGATE – Aeromédico, em altura, aquático; BLS – Suporte Básico de Vida; PHTLS – Suporte de Vida ao Traumatizado no Pré-hospitalar; TLSN – Suporte de Vida do Enfermeiro no Trauma; PALS - Suporte de Vida Avançado em Pediatria; ACLS - Suporte de Vida Avançado em Cardiologia; ATLS - Suporte de Vida Avançado no Trauma. SAMU – 192 BOMBEIROS – 193 19 1.4 LEGISLAÇÃO E ÉTICA DO TRAUMA (CONSENTIMENTO DA VÍTIMA/PRIORIDADES DE ATENDIMENTO) ART. 135 do CPB E ART. 304 do CTB Deixar de prestar socorro ou providenciá-lo, a vítima de acidentes ou pessoas em situações desastrosas é crime. Imperícia: fazer atividades fora das suas competências e atribuições: Intubação, entrar no fogo, suturar, etc. Imprudência: executar a ação mesmo sabendo do risco que está correndo: ultrapassar o sinal vermelho. Negligência: ser omisso: ver a situação e não fazer nada. PRIORIDADES DE ATENDIMENTO Consiste na identificação dos pacientes que necessitam de intervenção médica e de cuidados de enfermagem, de acordo com o potencial de risco, agravos à saúde ou grau de sofrimento, usando um processo de escuta qualificada e tomada de decisão baseada em protocolo e aliada à capacidade de julgamento crítico e experiência do enfermeiro. 1º - Usuário procura o serviço de urgência. 2º- É acolhido pelos funcionários da portaria/recepção ou estagiários e encaminhado para confecção da ficha de atendimento. 3º - Logo após é encaminhado ao setor de Classificação de Risco, onde é acolhido pelo auxiliar de enfermagem e enfermeiro que, utilizando informações da 20 escuta qualificada e da tomada de dados vitais, se baseia no protocolo e assim classifica o atendimento. CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO 1 - Apresentação usual da doença; 2 - Sinais de alerta (choque, palidez cutânea, febre alta, desmaio ou perda da consciência, desorientação, tipo de dor, etc.); 3 - Situação – queixa principal; 4 - Pontos importantes na avaliação inicial: sinais vitais, SPO2, escala de dor, escala de Glasgow, doenças preexistentes, idade, dificuldade de comunicação, alergias, medicações em uso, vícios (droga, álcool, retardo mental, etc.); 5 - A Reavaliação constante poderá mudar a classificação. PROTOCOLO DE MANCHESTER 21 2. Desobstrução das vias aéreas em adultos, gestantes, obesos e bebês (consciente e inconsciente). OVACE (OBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS POR CORPOS ESTRANHOS) Como reconhecer: Dificuldades respiratórias, tosse, palidez, náuseas, cianose labial, incapacidade de falar e a presença de ruídos respiratórios incomuns. Principais causas CLASSIFICAÇÃO Leve: a vítima consegue tossir, falar e respirar; Grave: a vítima não consegue tossir, falar e/ou respirar. SINAL UNIVERSAL DO ENGASGO Vítimas conscientes – OVACE LEVE Boa troca de ar, consegue tossir e falar. Abordagem a ser realizada: Confirme se a vítima consegue tossir e/ou falar. Pergunte: Você está engasgado? Encoraje a vítima a continuar tossindo; Fique ao lado da vítima e monitore suas condições. 22 Vítimas inconscientes – OVACE GRAVE Troca de ar muito prejudicada, ansiedade, tosse fraca ou “silenciosa”, chiado alto durante a inspiração, extrema dificuldade para respirar- tossir e/ou falar, cianose labial, sinal universal de asfixia, parada respiratória. Abordagem a ser realizada: Aproxime-se e pergunte: Você está engasgado? Sinais de forma grave: Manobra de Heimlich (compressões abdominais) – Para vítimas responsivas acima de 1 ano de idade. 2.1 MANOBRA DE HEIMLICH 1. Na ausência de tosse ou fala; 2. Identifique o apêndice xifóide e umbigo; 3. Segurar a vítima por trás, formando uma circunferência; 4. Fazer compressões para dentro e para cima no formato da letra jota “J”. MANOBRA DE HEIMLICH EM ADULTOS – VÍTIMAS CONSCIENTES Posicione-se atrás da vítima; Mantenha as pernas afastadas; Passe os braços por baixo das axilas da vítima ao longo da cintura; Feche uma das mãos e encoste-a no centro do abdome da vítima; Posicione a outra mão sobre a primeira; Golpeie o abdome com movimentos para dentro e para cima. 23 MANOBRA DE HEIMLICH EM GESTANTES E OBESOS – VÍTIMAS CONSCIENTES Para a vítima obesa ou gestante realizar compressões torácicas semelhantes a RCP. DESENGASGO COM CRIANÇAS DE COLO 1. Segurar a cervical da criança, colocar a cabeça para baixo e promover 5 tapinhas entre as escapulas. 2. Cinco compressões no osso esterno. 24 OVACE – VÍTIMAS INCONSCIENTES Abordagem a ser realizada: Dar suporte e apoiar no chão em decúbito dorsal horizontal; Comunicar a inconsciência; Iniciar 30 compressões torácicas; Abrir vias aéreas e observar cavidade oral; Retirar manualmente o que pode ser observado; Executar 2 ventilações de 1 segundo cada; Prosseguir com a RCP; Reavaliar a cada 2 minutos. 3. PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA (PCR) A parada cardíaca acontece é tida como uma situação súbita e inesperada, que se caracteriza pela parada dos batimentos cardíacos ou quando os mesmos são ineficazes, inconsciência, ausência de respostas a estímulos, apneia, pulso não palpável, impossibilitandoassim o coração de exercer sua função, resultando em alterações na sua 25 atividade mecânica e elétrica, diminuindo o débito cardíaco que resultará em variações nas ondas de excitação elétrica através do miocárdio, provocando alterações dinâmicas no volume e pressão do sangue nas câmaras cardíacas (BAUER, et.al, 2018). Fenômenos que antecedem a parada cardiorrespiratória: forte dor no peito, abdômen e nas costas; falta de ar; dor ou formigamento no braço esquerdo e fortes palpitações, por exemplo. Vale salientar, que a parada cardíaca representa uma situação de emergência, que pode levar à morte em poucos minutos caso não seja tratada rapidamente. CAUSAS DA PARADA CARDÍACA Cardiopatias; afogamento; traumas; engasgo; trombos; aterosclerose e choques. TRATAMENTO USO DE MEDICAMENTOS QUE INIBEM A PCR Aspirina (AAS): esse medicamento é usado com o objetivo de evitar a formação de coágulos sanguíneos, principalmente nas placas de gordura das artérias. Beta-bloqueadores: esses medicamentos fazem com o coração volte a bater lentamente, reduzindo a necessidade de oxigênio desse órgão. Exemplos: propranolol, atenolol, bisoprolol, metoprolol. Antagonistas do cálcio: esses medicamentos são utilizados com os mesmos objetivos que os beta-bloqueadores, naquelas pessoas que não toleram o uso desses últimos. Exemplos: verapamil, diltiazen, nifedipina. Inibidor da ECA: esses medicamentos são extremamente importantes, porque reduzem os danos causados pelo infarto ao coração. Exemplos: captopril, enalapril. Nitratos: medicamentos normalmente usados para tratamento durante episódios de dor, vasodilatadores sendo utilizados na forma de comprimidos sublinguais. Isocordil, monocordil. Quando o quadro de parada for revertido, é necessário realizar exames que evidenciem o que ocasionou o evento, possibilitando assim um tratamento eficaz e 26 ainda a prevenção de uma nova parada cardíaca. Em alguns casos, pode ser necessário o implante de um marca - passo ou até mesmo um cardiodesfibrilador implantável - CDI, que são pequenos aparelhos usados para diminuir ou reverter o quadro de parada cardíaca. Lembrando que tomar regularmente os medicamentos prescritos, a adoção de um estilo de vida saudável e um acompanhamento multiprofissional são elementos fundamentais para diminuir a probabilidade desenvolver problemas cardíacos. NÃO SE DEVE REALIZAR PCR Decapitação; Rigidez cadavérica; Carbonização; Esmagamento de cabeça e tórax; e Estado de putrefação. 3.1 SINAIS DE PARADA RESPIRATÓRIA Inconsciência; Tórax imóvel; Ausência de saída de ar pelas vias aéreas; Cianose de extremidades; Ausência de pulsação (pulsos femorais ou carotídeos); Ausência de ausculta cardíaca. 27 3.2 DIRETRIZES 2018 DE RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR: SUPORTE BÁSICO DE VIDA 1º Reconhecimento imediato da emergência e acionamento do Sistema de Emergência: Ligue 192 ou 193. 2º Aplicação de RCP. 3º Aplicação imediata de choque com Desfibrilador assim que disponível. 4º Suporte Avançado de Vida seguido de tratamento pós-reanimação. 5º Cuidados pós-PCR integrados. CORRENTE DE SOBREVIVÊNCIA PARA CRIANÇAS 1º Possíveis causas de PCR em crianças (prevenção). 2º RCP imediata e de alta qualidade, com ênfase nas compressões torácicas. 3º Acionamento do Serviço de Emergência. Ligue 192 ou 193. 4º Suporte Avançado de Vida eficaz. 5º Cuidados pós-PCR integrados. 28 3.3 RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR (RCP) ADULTOS C – Circulação A – Vias aéreas B – Respiração D – Desfibrilação C – CIRCULAÇÃO E COMPRESSÃO TORÁCICA Checar pulso carotídeo proximal. Se há pulso, mas a vítima não responde continuar com a respiração de resgate. Se não há pulso iniciar a compressão torácica. Realizar 30 compressões para 2 ventilações, entre uma frequência de 100 a 120 por minuto. OBS: O ACLS 2015 contra indica as ventilações boca a boca. Nessa condição só será necessário às compressões externas. 29 A – ABERTURA E AVALIAÇÃO DAS VIAS AÉREAS Fazer abertura das VA (possível obstrução por queda da língua, corpos estranhos); Manobra de Jaw-Thrust (elevação da mandíbula e deslocando-a para frente, abrindo a boca da vítima); Manobra de Chin-Lift (elevação do mento); Manobra de Heimlich (possibilita uma tosse artificial com expulsão do corpo estranho). 30 B – BOA RESPIRAÇÃO Determinar a ausência de respiração. Se a vítima adulta não responde, e não está respirando, aplicar respiração de resgate com 2 ventilações moderadas com um tempo de 1 segundo para cada ventilação. D – DESFIBRILAÇÃO PRECOCE Bifásico: 200 J / Monofásico: 360 J 31 CRIANÇAS C – CIRCULAÇÃO E COMPRESSÃO TORÁCICA Traçar uma linha imaginária entre os mamilos. Fazer a compressão com a região hipotenar de uma das mãos. 30:2 (Sozinho) 15:2 (2 Socorristas) A E B – ABERTURA E AVALIAÇÃO DAS VIAS AÉREAS D – DESFIBRILAÇÃO PRECOCE Observar o tamanho das pás. Usar entre 2 J/Kg ou 4 J/Kg, dependendo do aparelho e peso da criança. NEONATOS C – CIRCULAÇÃO E COMPRESSÃO TORÁCICA Com 2 polegares sobre o osso esterno, comprimir o esterno 1/3 do tórax (3:1). Não é indicado fazer Desfibrilação em menores de 1 ano. OBS: respiração boca a boca reduz chances de sobrevivência. 32 A – ABERTURA E AVALIAÇÃO DAS VIAS AÉREAS B – BOA RESPIRAÇÃO 33 4 HEMORRAGIAS Hemorragia é o extravasamento de sangue dos vasos através da ruptura das suas paredes, que acontece após um ferimento, trauma ou alguma doença. Ela pode ser externa, quando o sangramento é visualizado para fora do corpo, ou interna, quando acontece para dentro de alguma cavidade do organismo, como no abdômen, crânio ou pulmão. Na hemorragia venosa ou arterial, pode haver sangramento de grande quantidade, sendo importante se dirigir ao pronto-socorro mais próximo para que sejam feitos os procedimentos adequados. 34 Existem três tipos de hemorragias externas (capilar, venosa e arterial). Externa: visível, extravasa para o meio ambiente. Interna: o sangue extravasa para o interior do próprio corpo. Arterial: sangue vivo, vermelho claro, em jato. Venoso: vermelho escuro, em fluxo contínuo, sob baixa pressão. Capilar: Flui de diminutos vasos da ferida. Facilmente controlada. CLASSIFICAÇÃO DAS HEMORRAGIAS REPOSIÇÃO VOLÊMICA RÁPIDA Usadas soluções cristaloides aquecidas (39ºC) – A solução ringer é a de escolha inicial, seguida por SF 0,9%. 35 Dose: Adultos – 2000ml, aberto. Crianças – 20 ml/Kg em 20 a 30min. Durante a administração inicial observa-se a resposta do paciente e as decisões diagnósticas e terapêuticas são baseadas nessa resposta, uma maneira de grosseira de determinar o volume inicial de cristaloide a ser reposto é a “regra 3 para 1”. REPOSIÇÃO DE SANGUE Caso persistam sinais de choque, após 2 ou 3 reposições de cristaloides é necessário a reposição com concentrado de hemácias; Idealmente usar sangue tipado com prova cruzada, ou se não houver tempo, sangue O negativo; Deve-se usar 1g de cálcio EV para cada litro de sangue utilizado. Reposição com crist. Hipertônicos (7,5%) 4.1 CONTROLE DE HEMORRAGIA EXTERNA Pressão direta (compressivos): Método rápido e eficiente. Comprimir entre 10 e 30 minutos com compressas ou com a própria mão enluvada. CAPILAR É o sangramento mais comum, que acontece no dia-a-dia, geralmente, devido a pequenos cortes ou escoriações, em que apenas os pequenos vasos que chegam até a superfície Da pele, chamados de capilares, são atingidos. O que fazer: como este tipo dehemorragia é leve e de pequena quantidade, ela costuma parar sozinha, após 5 a 10 minutos. Deve-se lavar o local com água e sabão e, depois, cobrir com um curativo limpo e seco. 36 VENOSA É a hemorragia que acontece devido a algum corte grande ou mais profundo, com sangramento em fluxo contínuo e lento, por vezes de grande volume, através da ferida. O que fazer: este tipo de sangramento só é grave quando atinge uma veia de grosso calibre, e, por isso, costuma parar com a compressão do local, com um pano limpo. Deve-se procurar o pronto-socorro mais próximo, pois geralmente, é necessária a realização de sutura da ferida para que não haja risco de infecção ou novo sangramento. ARTERIAL Nesta hemorragia as artérias são atingidas, estes vasos são responsáveis por levar sangue do coração para as demais partes corpo e, se caracteriza por sangue vermelho vivo, com grande fluxo e intensidade. O sangramento arterial é o tipo mais grave, e pode, até, provocar jatos de sangue para locais distantes do corpo e apresenta risco de morte. O que fazer: como é um sangramento grave, deve ser parado o mais rápido possível, com a compressão forte do local com panos limpos ou com a realização de um torniquete, pois é uma hemorragia de mais difícil controle. Deve-se ir rapidamente ao pronto-socorro ou ligar para o 192. Se o sangramento for em um braço ou perna, pode- se elevar o membro para facilitar a contenção. Torniquete: Deve-se identificar a vítima de torniquete, marcando seu horário. Só é utilizado quando todos os métodos falharem e apresente muitas complicações. Saiba como fazer o torniquete: Amarre um pano limpo ligeiramente acima do ferimento, enrolando-o firmemente duas vezes. Amarre-o com nó simples; Em seguida, amarre um bastão sobre o nó do tecido. Torça o bastão até estancar o sangramento; Marque o horário em que foi aplicado o torniquete; Procure socorro médico imediato; Desaperte a vítima gradualmente a cada 10 ou 15 minutos, para manter a circulação do membro afetado e evitar a necreso tecidual. 37 O torniquete passa a ser o método de primeira escolhas em situações de amputação e ou ferimentos profundos em membros. 4.2 HEMORRAGIAS INTERNAS Quando é interna, a identificação se torna mais criteriosa, porém os sinais e sintomas que indicam a presença de uma hemorragia deste tipo são: Palidez e cansaço; Pulso rápido e fraco; Respiração acelerada; Sede excessiva; Queda da pressão; Náuseas ou vômitos com sangue; Confusão mental ou desmaios; Dor abdominal, a região mencionada fica rígida. Na suspeita de uma hemorragia interna, deve-se procurar o pronto-socorro para que sejam feitas as intervenções necessárias para que a mesma seja contida. Uma das formas de hemorragia interna mais frequente é a cerebral, que leva ao surgimento de um AVE hemorrágico. Existem ainda, alguns exemplos de hemorragias internas que se exteriorizam, e as mais comuns estão presentes: Nas fezes, devido a uma lesão no intestino ou hemorroidas, por exemplo, que é chamada de hemorragia digestiva baixa; Na tosse, também conhecida como hemoptise, que acontece devido a infecções respiratórias, lesões nos pulmões ou câncer; No útero, devido a alterações menstruais ou miomas; 38 Na urina, causado por infecções ou cálculos urinários; No nariz também chamada de epistaxe, ocasionada por espirros ou irritação da mucosa do nasal. Para conter este tipo de sangramento deve-se: 1. Sentar o paciente e inclinar a cabeça para a frente; 2. Apertar as narinas com o polegar e indicador durante pelo menos 10 minutos; 3. Após estancar o sangramento, higienizar o nariz e a boca, sem fazer pressão, utilizando uma compressa ou pano molhado com água; 4. Não assoar o nariz durante pelo menos 4 horas após o nariz sangrar. Quando pode ser grave: se surgirem outros sintomas como tonturas, desmaio ou sangramentos nos olhos e ouvidos. Nestes casos deve-se ligar para o Samu 192 ou se dirigir para unidade de saúde mais próxima. Como evitar: não ficar exposto muito tempo ao sol ou a temperaturas muito altas, pois o calor dilata as veias da mucosa nasal, facilitando o sangramento. 5. FERIMENTOS LOCALIZADOS Conceito É o rompimento da pele, podendo atingir camadas mais profundas do organismo, órgãos, vasos sanguíneos e outras áreas. Pode ser provocado por vários fatores, dentre eles: faca, arma de fogo, objetos perfuro-cortantes, arames, pregos, pedaços de metais, etc. TIPOS DE FERIMENTO A incisão é um corte bem definido feito por um material cortante. Quando acomete os membros, pode ocorrer a danificação de estruturas como os tendões. A laceração é uma ruptura irregular causada por esmagamento ou dilaceração. Geralmente, sangra menos, mas lesa muito mais. 39 A abrasão ou escoriação é um ferimento leve em que as camadas mais superficiais da pele são raspadas, deixando a região em carne viva. Ocorre geralmente em quedas. A contusão ou equimose ocorre quando o sangue escapa para os tecidos, após um golpe brusco. Pode geralmente ocultar danos mais profundos O ferimento perfurante apresenta uma pequena abertura externa, mas pode provocar grandes lesões internas. É o que ocorre quando pisamos em um prego. Ferimento por transfixação é quando há perfuração por bala ou qualquer outro projétil com abertura do ferimento pequena e limpa, mas sua saída é irregular e muito maior. 5.1. OLHOS O olho é um órgão muito sensível do corpo humano, estando localizado na face, ficando susceptível a traumatismos. O traumatismo ocular é uma condição grave que requer rápida ação médica. Trauma é uma lesão gerada por uma ação violenta, de natureza externa, ou seja, é um ferimento no olho que compromete sua estrutura e prejudica a capacidade de enxergar. Na maioria das ocorrências, o trauma acaba não oferecendo grandes riscos, sobretudo se for tratado corretamente, porém vai depender das causas e dos sintomas apresentados após o acidente. O trauma sofrido na região do globo ocular é uma condição relativamente comum, que pode ocorrer no ambiente doméstico, em acidentes de trabalho, nos momentos de lazer e na prática esportiva. No geral, as causas mais comuns são: Exposição prolongada (mais de 15 minutos) a produtos químicos de uso doméstico e industrial; Entrada de corpos estranhos (insetos, areia, poeira e outras partículas); Socos e tapas em brigas ou esportes de contato; Acidentes com bolas pequenas, como de golfe e tênis, que atingem diretamente o globo ocular; Acidentes de trânsito ou por queda em ambientes públicos em no próprio domicílio. https://retinapro.com.br/blog/principais-partes-do-olho/ 40 SINAIS E SINTOMAS Variam bastante de acordo com a causa. No geral, pode haver: Manchas; Vermelhidão; Visão turva; Lacrimejamento; Edema; Formação de manchas escuras conhecidas como moscas volantes; Perda parcial ou total da visão. OBS: Esses sintomas podem desaparecer depois de alguns dias, com o tratamento adequado. Uma das consequências mais temidas após o trauma ocular é o descolamento de retina, que pode levar à perda de visão. Nesse caso específico, alguns sinais que podem sugerir esta condição é o aparecimento de moscas volantes, flashes no campo de visão ou visão turva. Logo após um acidente, é preciso agir rapidamente. Nos casos de lesão por corpo estranho, é necessário que seja avaliado pelo médico oftalmologista. Quando está localizado superficialmente, pode ser removido no consultório médico, contudo quando há a penetração dele para o interior do olho, a intervenção cirúrgica será mais eficaz. Nos casos em que ocorre a contaminação por produto químico, é indicado que a leitura do rótulo do produto seja feita, e de imediato lavar com água corrente até chegar ao posto de atendimento mais próximo. Nos casosque se caracterizam como contusões, que são traumatismos produzidos por uma lesão, que tanto poderá traduzir-se por uma mancha escura (equimose) como por um tumor de sangue (hematoma); este, quando se localiza na cabeça, é denominado, vulgarmente, „galo‟. As contusões são dolorosas e não se acompanham de solução de continuidade da pele. Nestes casos é recomendado que a vítima permaneça de olhos fechados, principalmente se os mesmos estiverem muito edemaciados. A parte contundida deve ficar em repouso sob a ação da bolsa de gelo nas primeiras horas e do banho de luz nos dias subsequentes. Em todas essas situações, é fundamental procurar um pronto socorro para o atendimento oftalmológico adequado. O oftalmologista pode indicar o uso de colírios que tenham ação antimicrobiana e anti-inflamatória, ou pode haver ainda a indicação de procedimentos cirúrgicos, de acordo com a complexidade do quadro. Após https://retinapro.com.br/blog/moscas-volantes-o-que-sao-e-com-o-que-devo-me-preocupar/ https://retinapro.com.br/blog/afinal-o-que-e-descolamento-de-retina/ https://retinapro.com.br/blog/afinal-o-que-e-descolamento-de-retina/ https://retinapro.com.br/blog/moscas-volantes-o-que-sao-e-com-o-que-devo-me-preocupar/ https://retinapro.com.br/blog/1a-consulta-oftalmologica-quais-exames-levar/ 41 esse primeiro atendimento, é importante fazer um acompanhamento para acompanhar a evolução da lesão. Cuidados importantes: é fundamental proteger sempre a região dos olhos com equipamentos de segurança, por exemplo, com óculos solar e evitar o contato com substâncias irritantes. 5.2 OBJETOS ENCRAVADOS Nas lesões por objetos perfurantes (madeiras, lâminas, pedaços de metal, vidros) geralmente há exposição dos tecidos do corpo ao ambiente. Esta situação é associada a acidentes nos ambientes de trabalho e domésticos, sendo ocasionado muitas vezes por violência. Conduta: Não retire os objetos encravados, (madeira, ferro, arame, vidros, galho, etc.). A retirada pode provocar lesões nos órgãos e graves hemorragias, pois libera o ponto de pressão que está fazendo. Proteja a área com pano limpo, sem retirar o objeto, fixando-o para evitar movimentação durante o transporte. Aguarde a chegada até o local de atendimento. Fique ao lado da vítima e conforte-a. Importante: Verificar a carteira de vacinação, para averiguar a necessidade de administrar a vacina antitetânica. 42 CONDUTAS DIANTE DA EVISCERAÇÃO Na evisceração não se deve tentar colocar o órgão de volta na cavidade abdominal. Deve-se deixar as vísceras na superfície do abdômen. A maior parte do conteúdo abdominal necessita de ambiente úmido. Dessa forma, é necessário umedecer as vísceras com compressas limpas e estéreis, na tentativa de evitar necrose dos tecidos. 5.3. FERIMENTOS POR ARMA BRANCA/ARMA DE FOGO Os casos de ferimentos provocados por armas brancas e armas de fogo, infelizmente, chamam a atenção pela frequência e letalidade com que se apresentam. CONDUTA Avalie o estado de consciência da vítima e tente acalmá-la; Lave as mãos e em seguida os ferimentos com água e sabão; Se uma faca estiver "presa" no corpo da vítima, não tente remover; 43 Remova a vítima, cuidando para não introduzir ou movimentar o objeto "encravando"; Se houver apenas o ferimento, comprima o local com um pano limpo; Eleve os membros afetados; Acione ou procure imediatamente o serviço especializado. 6. INTERCORRÊNCIAS NEUROLÓGICAS 6.1 SÍNCOPE/DESMAIO Caracterizada por perda súbita e transitória da consciência e do tônus postural, seguida de recuperação espontânea e completa, a síncope habitualmente se associa a sintomas premonitórios, como tontura, sudorese, náuseas, palpitações ou visão turva, embora esses elementos possam estar ausentes. O evento resulta de hipofluxo cerebral transitório, o que o diferencia de outras causas de perda de consciência. A diminuição do fluxo sanguíneo no cérebro decorre geralmente de queda na pressão arterial, determinada pela redução do débito cardíaco, da resistência vascular periférica ou de ambos. O esclarecimento da etiologia da síncope é importante para avaliar o risco do indivíduo, permitir um tratamento direcionado e adequado e evitar recorrências, que ocorrem em até um terço dos pacientes num período de três anos. Como se não bastasse, a literatura demonstra que há altas taxas de “síncope não explicada”, as quais, portanto, devem estimular as estratégias de investigação e diagnóstico. O episódio pode ser desencadeado por uma série de fatores, incluindo: Medo; Trauma emocional; Estresse; Dor severa; Uma queda súbita da pressão arterial; Baixo nível de açúcar no sangue devido ao diabetes ou longos períodos em jejum; Hiperventilação (respiração rápida e superficial); Desidratação; https://www.minhavida.com.br/temas/medo https://www.minhavida.com.br/saude/temas/estresse https://www.minhavida.com.br/temas/hiperventila%C3%A7%C3%A3o https://www.minhavida.com.br/saude/temas/desidratacao 44 Ficar em pé por muito tempo; Levantar-se rápido demais de uma posição sentada ou deitada; Esforço físico em altas temperaturas; Tosse severa; Esforço excessivo durante a evacuação; Convulsões; Abuso de drogas ou álcool. Medicamentos que reduzem a pressão arterial também podem causar desmaios, principalmente se você passa muito em pé ou faz esforço. Esses remédios geralmente são aqueles usados para tratar a pressão alta, alergias, depressão e ansiedade. Se o paciente tem a sensação de desmaio ou sofre é acometido pelo mesmo quando vira a cabeça para o lado, pode ser que os ossos do pescoço estejam comprimindo um vaso sanguíneo. As mudanças hormonais no início da gravidez, por vezes, podem causar desmaios. Em casos raros, um desmaio também pode ser sintoma de tumores cerebrais – principalmente se acompanhado de outros sintomas neurológicos, como convulsão. Existem alguns fatores de risco: Diabetes; Bloqueios cardíacos; Arritmias cardíacas; Ansiedade ou ataques de pânico. Se você sofreu um desmaio, peça para alguém que testemunhou o episódio relatar algumas informações que você por ventura não lembre. Se possível, leve essa pessoa ao hospital com você. Em pessoas que já desmaiaram, alguns sintomas e características são motivo de preocupação. Veja: Desmaio durante o exercício; Vários episódios dentro de um curto espaço de tempo; Desmaio repentino, sem quaisquer sintomas de alarme ou qualquer gatilho aparente; Desmaio precedido ou seguido de possíveis sintomas cardíacos, tais como dor no peito, palpitações ou falta de ar; Idade avançada; Lesão significativa como resultado de desmaio; https://www.minhavida.com.br/saude/temas/tosse https://www.minhavida.com.br/temas/convuls%C3%B5es https://www.minhavida.com.br/temas/tumores%20cerebrais https://www.minhavida.com.br/saude/temas/diabetes https://www.minhavida.com.br/temas/arritmias%20card%C3%ADacas 45 História familiar de morte súbita. Durante a consulta médica será realizada a anamnese do paciente, verificação da pressão arterial e ausculta respiratória e cardíaca, além da solicitação de alguns exames, que são eles: ecocardiograma, eletrocardiograma, eletroencefalograma, radiografia do tórax e exames de sangue. CONDUTA SE A PESSOA APENAS COMEÇOU A DESFALECER 1. Sentá-la em uma cadeira, ou outro local semelhante. 2. Curvá-la para frente. 3. Baixar a cabeça do acidentado, colocando-a entre as pernas e pressionar a cabeça para baixo. 4. Manter a cabeça mais baixa que os joelhos. 5. Fazê-la respirar profundamente, até que passe o mal-estar. HAVENDO O DESMAIO 1. Manter o acidentado deitado, colocando sua cabeça e ombros em posição mais baixa em relação ao resto do corpo. 2. Afrouxar a sua roupa. 3. Manter o ambiente arejado. 4. Se houver vômito,lateralizar-lhe a cabeça, para evitar sufocamento. 5. Depois que o acidentado se recuperar, pode ser dado a ela café, chá ou mesmo água com açúcar. 6. Não se deve dar jamais bebida alcoólica; 7. Solte cintos, colares ou qualquer acessório que possa apertá-la. 46 Se o desmaio durar mais que dois minutos agasalhar a vítima e procurar o serviço de urgência. O QUE NÃO DEVE SER FEITO Jogar água fria no rosto da vítima; Oferecer álcool ou qualquer coisa para a pessoa cheirar; Sacudir a vítima. 6.2 CRISES CONVULSIVAS / CRISE EPILÉPTICA DEFINIÇÃO É uma contração violenta, ou uma série de contrações dos músculos voluntários, com ou sem perda de consciência. 47 PRINCIPAIS CAUSAS Nos ambientes de trabalho podemos encontrar esta afecção em indivíduos com histórico anterior de convulsão. De modo específico, podemos encontrar trabalhadores com convulsão quando expostos a agentes químicos de poder convulsígeno, tais como os inseticidas clorados e o óxido de etileno. Febre muito alta, devido a processos inflamatórios e infecciosos, ou degenerativos; Hipoglicemia; Alcalose; Erro no metabolismo de aminoácidos; Hipocalcemia; Traumatismo na cabeça; Hemorragia intracraniana; Edema cerebral; Tumores; Intoxicações por gases, álcool, drogas alucinatórias, insulina, dentre outros agentes; Epilepsia ou outras doenças do Sistema Nervoso Central. SINTOMAS Inconsciência; Queda desamparada, onde a vítima é incapaz de fazer qualquer esforço para evitar danos físicos a si própria; Olhar vago, fixo e/ou revirar dos olhos; Suor; Midríase (pupila dilatada); Lábios cianosados; Espumar pela boca; Morder a língua e/ou lábios; Corpo rígido e contração do rosto; Palidez intensa; 48 Movimentos involuntários e desordenados; Perda de urina e/ou fezes (relaxamento esfincteriano). Geralmente os movimentos incontroláveis duram de 2 a 4 minutos, tornando-se, então, menos violentos e o acidentado vai se recuperando gradativamente. Estes acessos podem variar na sua gravidade e duração. Depois da recuperação da convulsão há perda da memória, que se recupera posteriormente. Conduta: 1. Tentar evitar que a vítima caia desamparadamente, cuidando para que a cabeça não sofra traumatismo e procurando deitá-la no chão com cuidado, acomodando-a; 2. Retirar da boca próteses dentárias móveis (pontes, dentaduras) e eventuais detritos; 3. Remover qualquer objeto com que a vítima possa se machucar e afastá-la de locais e ambientes potencialmente perigosos, como por exemplo: escadas, portas de vidro, janelas, fogo, eletricidade, máquinas em funcionamento; 4. Não interferir nos movimentos convulsivos, mas assegurar-se que a vítima não está se machucando; 5. Afrouxar as roupas da vítima no pescoço e cintura; 6. Virar o rosto da vítima para o lado, evitando assim a asfixia por vômitos ou secreções; 7. Não colocar nenhum objeto rígido entre os dentes da vítima; 8. Tentar introduzir um pano ou lenço enrolado entre os dentes para evitar mordedura da língua; 9. Não jogar água fria no rosto da vítima; 10. Quando passar a convulsão, manter a vítima deitada até que ela tenha plena consciência e autocontrole; 11. Se a pessoa demonstrar vontade de dormir, deve-se ajudar a tornar isso possível; 12. Contatar o atendimento especializado pela necessidade de diagnóstico e tratamentos precisos. 49 No caso de se propiciar meios para que a vítima durma, mesmo que seja no chão, no local de trabalho, a melhor posição para mantê-la é deitada na "posição lateral de segurança" (PLS). Devemos fazer uma inspeção no estado geral da vítima, a fim de verificar se ela está ferida e sangrando. Conforme o resultado desta inspeção, devemos proceder no sentido de tratar das consequências do ataque convulsivo, cuidando dos ferimentos e contusões. 7.0 ACIDENTES COM ANIMAIS PEÇONHENTOS E VENENOSOS Em sua diversidade geográfica, o Brasil é um país rico em flora e fauna. São florestas, rios, montanhas, semi-áridos e litoral, habitados por inúmeras espécies de animais, que variam de acordo com a localização geográfica ou que ocorrem indiscriminadamente em quase todas as regiões do território nacional. 50 Muitas espécies de animais, que povoam a flora brasileira, são dotadas de mecanismos de defesa que têm peçonhas ou venenos. São animais peçonhentos. Entre estes se destacam, pela frequência de acidentes que causam entre a população, os insetos, escorpiões, aranhas e cobras. O veneno destes animais pode causar dolorosas intoxicações e, muitas vezes, se não houver socorro imediato, morte. Portanto animais peçonhentos são aqueles, vertebrados ou invertebrados, que possuem glândulas de veneno que se comunicam com dentes ocos, ferrões, aguilhões, por onde o veneno é injetado com facilidade. Já os animais venenosos são aqueles, vertebrados ou invertebrados, que produzem veneno, mas não possuem um aparelho inoculador (dentes ou ferrões), provocando envenenamento passivo que são os ocasionados por ingestão, onde há numerosas espécies de moluscos marinhos que já provocaram mortes por serem ingeridos (peixe baiacu); ou por contato (lonomia ou pararama), ou ainda por compressão (sapo). 7.1. PICADA DE COBRA Os acidentes por cobras merecem atenção, visto que são importantes do ponto de vista da saúde pública, por sua frequência e potencial gravidade, sobretudo em países como o Brasil, que apresenta características geográficas favoráveis à existência de grande número de espécies de cobras venenosas. Estima-se que anualmente, atinjam cerca de um milhão de acidentes com vítimas, com óbito estimado em 30 a 50 mil. Quadro XXIX - Distribuição geográfica de algumas cobras venenosas mais comuns. É importante possuir noções para identificação do ofídio agressor, caracterizando-o como peçonhento ou não, pois um grande número de acidentes ofídicos ocorre por serpentes não peçonhentas, tendo fundamental importância no 51 tratamento e também na autoproteção. A identificação do gênero é importante nos casos de serpentes peçonhentas, uma vez que a soroterapia específica é o recurso terapêutico fundamental para a vítima. A identificação pode ser realizada através de suas características anatômicas ou dos sintomas apresentados pela vítima, já que as características das peçonhas se mantêm relativamente constantes entre os ofídios do mesmo gênero. A diferença entre as corais e as falsas corais é difícil; em geral, nas corais os anéis coloridos (pretos e vermelhos intercalados com anéis brancos ou amarelados) envolvem toda a circunferência do corpo; nas falsas corais, em geral, os anéis se interrompem na região ventral. Há na região amazônica algumas corais de cor marrom escura, sem anéis e com manchas avermelhadas na região ventral. ** - Orifício localizado entre o olho e a narina, com função sensitiva. 52 A Figura abaixo serve para distinguir as características externas de serpentes venenosas e não venenosas. Vale salientar, que no Brasil, existem também algumas espécies conhecidas como semi-peçonhentas ou opistóglifas. Elas contam com os dentes inoculadores no 53 fundo da boca, mas normalmente não conseguem dar uma mordida tão profunda ao ponto de injetarem o veneno. Mesmo assim, existem casos registrados de vítimas de picadas de cobras semi- peçonhentas que enfrentaram complicações médicas e precisaram ter os sintomas contidos no hospital. É por isso que, independente do tipo de cobra, uma picada deve sempre ser tratada com cuidado e o paciente, levado ao serviço de saúde o mais rápido possível. CONDUTA EM CASOS DE PICADA DE COBRA 1. Acalmar e confortar a vítima que, quase sempre, estará excitada ou agitada. Eladeve ser mantida em decúbito dorsal, em repouso, evitando deambular ou correr, caso contrário, a absorção do veneno pode disseminar-se; 2. Lavar o local da picada apenas com água ou com água e sabão, fazendo a antissepsia local, se possível (a ferida também é contaminada por bactérias); 3. Não perfurar ou cortar o local da picada; 4. Não colocar folhas, pó de café ou outros contaminantes; 5. Não se deve fazer o garroteamento do membro afetado, pois isto agravará as lesões locais; 6. O membro afetado deve ser mantido elevado; 7. Manter a vítima hidratada; 54 8. Evitar o uso de drogas depressoras do Sistema Nervoso (álcool por exemplo); 9. Controlar os sinais vitais e o volume urinário do acidentado; 10. Dar o apoio respiratório que o caso exigir. 11. Transportar a vítima com urgência para o atendimento especializado de emergência. 12. Em nenhuma circunstância a extremidade deve ser envolvida com gelo. 13. Se já passaram mais de 30 minutos desde o momento da picada, não adianta qualquer medida local de primeiros socorros. Deve-se manter os cuidados gerais de repouso e apoio psicológico: verificação dos sinais vitais e prevenção de estado de choque e transportar a vítima o mais rápido possível ao serviço de emergência médica. Sempre que for possível, deve-se localizar a cobra que mordeu a vítima e levá-la, com segurança, para reconhecimento e para que seja ministrado o soro específico. O soro universal não é tão eficiente quanto o soro específico. Captura-se uma cobra viva levantando-a do chão com uma haste qualquer pelo meio do corpo, sem se arriscar e, em seguida, coloca-se o animal em uma caixa bem fechada; assim ela não consegue reagir nem dar o bote. Se não for possível levá-la viva, não devemos hesitar em mataro animal e recolher o exemplar. PREVENÇÃO Em relação às medidas preventivas relativas ao acidente ofídico, importam o conhecimento de fatores relacionados às serpentes, bem como da atividade humana. Isto torna a profilaxia do ofidismo um objetivo difícil de ser alcançado pela complexidade das possibilidades de interação ofídio - homem. Entretanto, algumas medidas gerais são factíveis na diminuição do risco de envenenamento ofídico, a saber: Evitar andar descalço, pois as porções inferiores do corpo (pés e pernas) são os locais mais atingidos nas picadas; o uso de botas é aconselhado nos locais de ocorrência de ofídios. Observação cuidadosa ao caminhar em locais de mata e capinzais, área na qual podem ser encontradas serpentes. Uso de luvas resistentes (raspas de couro) para determinadas atividades laboratoriais e de trabalho de campo. Cobras gostam de abrigar – se em locais 55 quentes, escuros e úmidos, cuidado ao revirar montes de lenhas ou inspecionar buracos na terra com as mãos desprotegidas. Cuidado ao subir em árvores, pois descritos acidentes na cabeça, ombros e braços. Onde há rato, há cobra. Manter limpo terrenos, evitando acúmulo de madeira, tijolos, pedras, entulhos de construção civil, lixos, etc, além de se evitar trepadeiras que encostem nas paredes ou alcancem telhados e forros. A criação de determinadas aves afiófagas (como gansos, emas, dentre outras) ajuda a afugentar as serpentes. Evitar caminhadas desnecessárias noturnas em locais de mata e capinzais, dados os hábitos noturnos (saída para alimentação) de boa parte das serpentes peçonhentas. 7.2 PICADA DE ARANHA E FERROADA DE ESCORPIÃO ARANHAS No Brasil existem numerosas aranhas venenosas, distribuídas por todas as regiões. Os acidentes envolvendo aranhas têm importância médica por sua frequência de ocorrência e potencial risco de complicações associadas. Os aracnídeos têm hábitos noturnos, alimentam-se de pequenos insetos, e por isso os acidentes ocorrem, de um modo geral, no domicílio ou em regiões do peridomicílio. No Brasil, mais de 95% dos casos notificados de araneísmo ocorrem nas regiões Sudeste e Sul. As partes do corpo mais frequentemente atingidas nestes acidentes são os membros superiores e inferiores com 85% dos acidentes. ESPÉCIES DE ARANHAS E SUAS REAÇÕES ESPECÍFICAS Gênero: Loxoceles Nome Comum: Aranha Marrom Características Tamanho do corpo: 1 cm. Envergadura: 3 cm Coloração: cor marrom clara uniforme, dorso verde-oliva, pernas finas e longas, pêlos escassos. 56 OBSERVAÇÕES: São responsáveis por cerca de 20% do total de acidentes no Brasil. São consideradas aranhas mansas, picando quando espremidas contra o corpo. Têm hábitos noturnos e constroem teias irregulares em fendas de barrancos e cascas de árvores. Dentro de casa situam-se, geralmente, atrás de móveis, rodapés soltos, cantos de parede, sótãos, garagens, pilhas de tijolos ou telhas. Este acidente, muitas vezes é inicialmente negligenciado pela ausência de manifestações precoces, mas pode evoluir e produzir quadros graves. É mais comum em mulheres adultas, com picadas geralmente na coxa, tronco ou braços. Sinais e sintomas: Ausentes ou dor local discreta. Tardios (>12-24 horas): Forma cutânea - (87% a 98%) dor local (queimadura) de intensidade crescente; sinais locais discretos, evoluindo com vesículas e flictênulas hemorrágicas, que necrosam e ulceram (difícil cicatrização); hipertermia, náusea, mal estar, cefaléia, exantema pruriginoso ou petequial. Gênero: Phoneutria Nome Comum: Aranha Armadeira, Aranha da Banana, Aranha dos Mercados de Frutas Características Tamanho do corpo: 4-5 cm. Envergadura: 15 cm Coloração: colorido acinzentado ou marrom, corpo coberto de pêlos cinzentos e curtos. 57 Observações: São responsáveis pela maioria dos acidentes em quase todas as regiões brasileiras. De hábito noturno, não fazem teia e ao serem molestadas apóiam-se nas patas traseiras e erguem as dianteiras preparando-se para atacar. Abrigam-se em roupas, sapatos, madeiras, materiais de construção acumulados, bananeiras, folhagens e cupinzeiros inativos. Os acidentes acometem principalmente mãos e pés. Sinais e sintomas: Dor (ardência) intensa com irradiação, associada ou não a sudorese e a edema e eritema locais, câimbra e náusea. Nos casos graves: choque neurogênico com sudorese fria, agitação, salivação, broncorréia, priapismo, taquicardia e arritmias respiratórias. Gênero: Latrodectus Nome Comum: Viúva Negra, Aranha Ampulheta e Flamenguinha Características Tamanho do corpo: 1,5 cm. Envergadura: 3 cm Coloração: abdômen globoso, quase esférico, com manchas vermelhas em fundo negro; mancha vermelha em forma de ampulheta no ventre. 58 Observações: Há poucos casos registrados no país, sendo relatados especialmente no Nordeste. São de hábito diurno e teia irregular. Encontrada em casa da zona rural, plantações, praias, arbustos, montes de lenha e cupinzeiros. As fêmeas são pequenas, de abdômen globular, e picam quando espremidas contra o corpo. Os machos são muito menores (3 mm) e não causam os acidentes. Sinais e sintomas: Dor intensa, irradiada; hiperestesia, eritema e sudorese locais, contraturas musculares generalizadas, rigidez muscular, mialgia, convulsões tetânicas, sialorréria, bradicardia, hipotensão, febre, arritmias e psicoses. Gênero: Lycosa Nome Comum: Tarântula, aranha da grama, aranha do campo e aranha de jardim. Características: Tamanho do corpo: 2-3 cm. Envergadura: 5 cm Coloração: ventre negro e dorso do abdômen com desenho em forma de seta. Observações: São aranhas que não constroem teias. Vivem em gramados, junto a piscinas e jardins e a materiais empilhados. Não são agressivas, picando quando se sentem ameaçadas. Os acidentes são, em geral, sem gravidade. Sinais e sintomas: Prurido local intenso; edema e pápulas locais, irritação de mucosas com tosse, às vezes, intensa. Necrose superficial (< 1% dos casos) 59 Conduta A pessoa que for prestar os primeiros socorros precisasaber identificar o mais rapidamente possível o tipo de picada que a vítima levou e providenciar imediatamente sua remoção para onde haja pessoal capaz de aplicar o tratamento por soro. Para amenizar a dor da vítima, enquanto não ocorre o atendimento especializado, aplicar bolsa de gelo ou compressa de água gelada. Se for possível, poderá ser feita a imersão da parte atingida em água fria. Deve-se acalmar e tranquilizar a vítima, não demonstrando apreensão com seu estado, observar atentamente os sinais vitais, estando pronto para prevenir choque e instituir o suporte básico à vida. O tratamento depende do diagnóstico acertado e da identificação do aracnídeo e, por vezes, inclui soroterapia. A notificação dos casos é indispensável para garantir o fornecimento adequado de soro pelo sistema de saúde, além de permitir um melhor conhecimento de sua relevância epidemiológica. PREVENÇÃO Existem algumas medidas que auxiliam na prevenção de acidentes com aracnídeos, são elas: Manter limpos os ambientes de trabalho, domicílios, quintais, jardins, sótãos e garagens. Evitar acúmulo de folhas secas, lixo, materiais de construção e entulho próximo a locais de trabalho e domicílios; Evitar folhagens densas (trepadeiras, plantas ornamentais, arbustos, bananeiras e outras) junto a paredes e muros das edificações; Manter a grama aparada; 60 Limpar os terrenos baldios, vizinhos, pelo menos, numa faixa de um a dois metros junto a edificações; Eliminar ou empilhar adequadamente sobras de materiais de construção, jornais e outros; Proteger mãos e pés ao manipular entulhos ou sobras de materiais e podas de árvores; Observar com cuidado sapatos e roupas, sacundindo-os antes do uso; Não pôr as mãos em buracos, sob pedras e troncos podres; O uso de calçados e de luvas de couro pode evitar acidentes; Evitar a proliferação de insetos, para evitar o aparecimento das aranhas que deles se alimentam; Preservar os predadores naturais (sapo, galinha, pássaros e lagartos). ESCORPIÃO O envenenamento escorpiônico, muito frequente no Brasil, é o responsável por um significativo número de mortes, especialmente entre crianças. Cerca de 80% dos acidentes registrados são da região Sudeste e 15% da região Nordeste, com coeficiente de incidência anual de 2,5 casos por 100.00 habitantes e com letalidade em torno de 1%. Tal como ocorre com as serpentes, o maior número de acidentes surge nos meses de calor, diminuindo muito no inverno; além disso, é interessante notar que o número de acidentes, nos diversos períodos do dia e da noite, parecem depender tão somente das circunstâncias e não de alguma particularidade ecológica. Os acidentes têm ocorrência regional e sazonal, sendo a maioria em indivíduos de 15 a 50 anos, com discreto predomínio no sexo masculino. Os membros superiores e inferiores são os locais mais acometidos (70%) dos casos). O gênero Tityus é o que tem maior importância no Brasil. Estes tipos de escorpiões têm na maioria de 6 a 7 cm de tamanho. Frequentemente escondem-se em lugares sombrios e frescos, sob madeiras, pedras, cascas de árvores, tijolos, folhas, telhas, etc, junto a domicílios. Picam ao serem molestados. 61 62 Conduta 1. Lavar a região atingida com água; 2. Colocar saco com gelo ou compressa de água gelada sobre o local da ferroada para auxiliar no alívio da dor; 3. Toda atenção deverá ser dada para o caso de desenvolvimento de reações sistêmicas, ou de ferroadas por Tityus serrulatus; 4. Pode ser necessário a instituição de suporte básico à vida e prevenção do estado de choque; 5. Remoção imediata para atendimento médico. 6. Não pegue o animal agressor com a mão; 7. Se possível levar o animal para identificação. PREVENÇÃO As principais medidas para minorar a ocorrência dos acidentes por escorpiões são: Manter limpos os locais de trabalho, domicílios, quintais, jardins, sótãos e garagens; Evitar acúmulo de lixo ou entulho próximo ao seu local de trabalho ou domicílio; Eliminar ou empilhar adequadamente sobras de materiais de construção, jornais e outros proteger as mãos e pés ao manipular entulhos ou sobras de materiais; No trabalho de campo, o uso de calçados e de luvas de raspas de couro pode evitar acidentes; Observar com cuidado sapatos e roupas, principalmente os menos usados, sacudindo-os antes de usa-los, pois escorpiões podem se esconder neles e picam ao serem comprimidos contra o corpo; Não por as mãos em buracos, sob pedras e troncos podres; Usar telas em ralos de chão, pias ou tanques; Acondicionar adequadamente o lixo, a fim de evitar a proliferação de insetos de que se alimentam os escorpiões; 63 Preservar os predadores naturais, como aves de hábitos noturnos (coruja, João- bobo), sapos, gansos, galinhas, pássaros e lagartos. 8.QUEIMADURAS Conceitos Queimaduras são lesões provocadas pelo calor, radiação, produtos químicos ou certos animais e vegetais, que causam dores fortes e podem levar a infecções. O fogo é o principal agente das queimaduras, embora as produzidas pela eletricidade sejam as mais mutilantes. Para cada 100 queimados, 3 morrem. A dor na queimadura é resultante do contato dos filetes nervosos com o ar. Para aliviar a dor, pode-se cobrir o local. Contudo, via de regra, não se cobre queimadura, para evitar aderências. 64 EPIDEMIOLOGIA As queimaduras são a 4ª maior causa de morte por injúria unidirecional nos EUA; Estima-se que ocorrem 1 milhão de acidentes com queimaduras por ano no Brasil; 2/3 dos acidentes ocorrem dentro do ambiente domiciliar; 58% das vítimas são crianças; O principal agente causal é líquido/alimento super aquecido. 65 INSOLAÇÃO E INTERMAÇÃO A insolação é causada pela ação direta dos raios solares sobre o corpo. Manifesta-se pelo aparecimento de irritabilidade, cefaléia, vertigens com transtornos visuais, zumbidos e mesmo colapso e coma. A intermação está mais na dependência de alterações na termorregulação do organismo sob a ação do calor. Suas manifestações são: vermelhidão da face, náuseas, sede, vertigens, com uma sensação angustiosa e vômitos, até que o doente cai desfalecido com cianose. MANIFESTAÇÕES LOCAIS Não há eliminação de toxinas (não há suor). Formação de substâncias tóxicas. Dor intensa. Perda de líquidos corporais que podem levar ao choque. Destruição de tecidos. Infecção. A consequência mais grave das queimaduras é a porcentagem da área do corpo atingida. Quando esta é menos de 15%, diz-se que o acidentado é, portador de queimaduras. Quando a percentagem da pele queimada ultrapassa os 15% (cerca de 15 palmos), pode- se considerá-lo como grande queimado. CLASSIFICAÇÃO DAS QUEIMADURAS 1. Agentes Causadores (tipos) de Queimaduras Físicos Temperatura: vapor, objetos aquecidos, água quente, chama. Eletricidade: por corrente elétrica, por raios ultravioletas. Radiação: por sol, aparelhos de raios X, raios nucleares. Químicos Produtos químicos: ácidos, bases, álcool, gasolina. 66 Biológicos Animais: lagarta-de-fogo, água-viva, medusa. Vegetais: o látex de certas plantas, urtiga. 2. Profundidade ou Grau da Queimadura 1º grau: só atinge a epiderme ou a pele (causa vermelhidão). 2º grau: atinge toda a epiderme e parte da derme (forma bolhas). 3º grau: atinge toda a epiderme, a derme e outros tecidos profundos, podendo chegar até os ossos. 67 4º grau: surge a cor preta, devido à carbonização dos tecidos. 3. Extensão ou Severidade da Queimadura Baixa: menos de 15% da superfície corporal atingida. Média: entre 15 e menos de 40% da pele coberta. Alta: mais de 40% do corpo queimado. Uma regra prática para avaliar a extensãodas queimaduras pequenas ou localizadas, é compará-las com a superfície da palma da mão do acidentado, que corresponde, aproximadamente a 1% da superfície corporal. Cálculo de Superfície Corpórea (REGRAS DOS NOVES DE WALACE) 68 CUIDADOS INDISPENSÁVEIS AOS QUEIMADOS Retirar a vítima do contato com a causa da queimadura: Lavar a área queimada com bastante água, no caso de agentes químicos, retirar a roupa do acidentado, se ela ainda contiver parte da substância que causou a queimadura. Apagar o fogo, se for o caso, com extintor (apropriado), abafando-o com um cobertor ou simplesmente rolando o acidentado no chão. Verificar se a respiração, o batimento cardíaco e o nível de consciência do acidentado estão normais. Para aliviar a dor e prevenir infecção no local da queimadura: Mergulhar a área afetada em água limpa ou corrente, até aliviar a dor. Não romper as bolhas e nem retirar as roupas queimadas que estiverem aderidas à pele. Não aplicar pomadas, líquidos, cremes e outras substâncias sobre a queimadura. Elas podem complicar o tratamento. Se a pessoa estiver consciente e sentir sede, deve ser-lhe dada toda água que deseja beber porém, lentamente e com cuidado. Encaminhar logo que possível a vítima ao PA ou ao Hospital, para avaliação e tratamento. DEBRIDAMENTO É muito importante para diminuir a ameaça de infecção. À medida que os resíduos se acumulam na superfície da ferida, eles podem retardar a migração dos queratinócitos, atrasando, assim, o processo de epitelização. O debridamento apresenta duas metas: para remover o tecido contaminado por bactérias e corpos estranhos, protegendo, assim, o paciente contra a invasão de bactérias. Para remover o tecido desvitalizado ou a escara da queimadura na preparação para a enxertia e cura da ferida. 69 ESCAROTOMIA DESCOMPRESSIVA Procedimento de emergência realizado por um médico. O edema tecidual pode causar compressão de estruturas em membros e predispor à necrose de extremidades. O aspecto duro e inelástico da pele com queimadura de 3º grau restringe os movimentos respiratórios e pode levar a insuficiência respiratória. FASCIOTOMIA Procedimento realizado na emergência por cirurgião experiente, indicado quando se suspeita de síndrome de compartimento no antebraço ou perna, geralmente em lesões decorrentes da passagem de corrente de alta voltagem. ENXERTOS Queimaduras grandes e profundas não conseguem se regenerar por si só. A regeneração será lenta por segunda intenção, poderia deixar defeitos como, perda da função e contração no local. 70 Os enxertos podem ser de pele de seres humanos vivos ou mortos: aloenxertos, a membrana da placenta humana e pele de porcos: xenoenxertos. O próprio paciente: autoenxerto, no entanto, pode ser o doador se as áreas de retirada do enxerto não estiverem comprometidas, os locais mais comuns são as coxas, nádegas e tronco. QUEIMADURAS POR PRODUTOS QUÍMICOS Retire toda a roupa da região queimada, pois deve estar impregnada da substância que a queimou; Lave completamente a parte atingida, usando grande quantidade de água corrente; Aplique uma gaze ou atadura esterilizada sobre a região afetada; Não use produtos para tentar neutralizar o efeito da substancia que causou o acidente. QUEIMADURA POR ELETRICIDADE Interrompa imediatamente a corrente elétrica; Adotar medidas de precaução padrão (EPI); Os problemas mais graves produzidos por uma descarga elétrica são: PCR, dano ao sistema nervoso central (TRM), lesões em órgãos internos e traumas associados; Análise Primária (ABCDE); Toda vítima de choque elétrico deve ser considerada grave. QUEIMADURAS POR RADIAÇÃO Faça a descontaminação, tirando as roupas da vítima e lavando-lhe o corpo em água abundante, para eliminar as partículas de radiação. Trate as queimaduras que geralmente se apresentam como 1º e 2º e conduza a vítima ao hospital. 71 QUEIMADURAS POR FRIO São lesões causadas por congelação, que condicionam perda de sensibilidade e de cor nas zonas afetadas. Afetam mais frequentemente o nariz, orelhas, bochechas, queixo, dedos das mãos e dos pés. O risco de queimaduras aumenta nas pessoas com insuficiência vascular e em pessoas vestidas inadequadamente para temperaturas frias. Como reconhecer queimaduras pelo frio? Área da pele branca ou acinzentada. Pele firme ou serosa. Formigueiro, a vítima muitas vezes não tem consciência das queimaduras porque os tecidos congelados estão adormecidos. 9. TIPOS DE FRATURAS Introdução É uma interrupção na continuidade do osso. Constituem uma emergência traumato-ortopédica que requer boa orientação de atendimento, calma e tranquilidade por parte de quem for socorrer e transporte adequado. Apresentam aparência geralmente deformante devido ao grau de deformação que podem impor à região afetada. A fratura ocorre quando existe não solução de continuidade de um osso. Ocorre geralmente devido à queda, impacto ou movimento violento com esforço maior que o osso pode suportar. O envelhecimento e determinadas doenças ósseas (osteoporose) aumentam o risco de fraturas, que podem ocorrer mesmo após traumatismos banais. Estas lesões são chamadas fraturas patológicas. A fratura pode se dar por ação direta, por exemplo, um pontapé na perna, levando à fratura no local do golpe, ou por ação indireta, por exemplo, a queda em pé de uma altura considerável, ocorrendo fratura da parte inferior da coluna vertebral, isto é, o impacto foi transmitido através dos ossos da perna e bacia até a coluna vertebral. Ainda se pode dar por ação muscular, sendo, neste caso, a contração muscular com força suficiente para causar fratura. Nos ambientes de trabalho a fratura pode ocorrer devido a quedas e movimentos bruscos do trabalhador, batidas contra objetos, ferramentas, equipamentos, assim como queda dos mesmos sobre o trabalhador; 72 portanto pode ocorrer em qualquer ramo de atividade, ou durante o trajeto residência- trabalho-residência. A pessoa que for prestar os primeiros socorros deve ser muito hábil na avaliação e decisão da conduta a ser tomada nestes casos. Aqui, a dor do acidentado e as lesões secundárias resultantes do traumatismo são mais graves e perigosas do que nos outros casos de emergências ortopédicas. As sequelas nas fraturas podem ocorrer com maior probabilidade e gravidade. A imobilização deve ser cuidadosa; as lesões secundárias, atendidas com redobrada atenção, e o transporte para atendimento médico só poderá ser feito dentro de padrões rigorosos. Suspeita-se de fratura ou lesões articulares quando houver: 1. Dor intensa no local e que aumente ao menor movimento; 2. Edema local; 3. Crepitação ao movimentar (som parecido com o amassar de papel); 4. Hematoma (rompimento de vasos, com acúmulo de sangue no local) ou equimose (mancha de coloração azulada na pele e que aparece horas após a fratura); 5. Paralisia (lesão de nervos). Antes de descrevermos as condutas básicas do primeiro socorro em fraturas, vamos conhecer os tipos de fraturas mais comuns. Classificação As fraturas podem se classificadas de acordo com sua exteriorização e com a lesão no osso afetado. Fratura Fechada ou Interna São as fraturas nas quais os ossos quebrados permanecem no interior do membro sem perfurar a pele. Poderá, entretanto romper um vaso sanguíneo ou cortar um nervo. Fratura Aberta ou Exposta São as fraturas em que os ossos quebrados saem do lugar, rompendo a pele e deixando exposta uma de suas partes, que pode ser produzida pelos próprios fragmentos ósseos ou por objetos penetrantes. Este tipo de fratura pode causar infecções. 73 Fratura em Fissura São aquelas em que as bordas ósseas ainda estão muito próximas, como se fosse
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