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Hysla Carneiro – P7 -traumatismo na região facial frequentemente resulta em ferimentos nos tecidos moles, nos dentes e nos principais componentes do esqueleto da face, incluindo mandíbula, maxila, zigoma, complexo naso-órbito-etmoidal (NOE) e estruturas supraorbitárias -avaliação dos pacientes com traumatismo facial -avaliação imediata: -a avaliação do estado neurológico do paciente e um exame da coluna cervical devem ser realizados -Impactos graves o bastante para causar fraturas ao esqueleto facial são frequentemente transmitidos à coluna cervical -Procede-se à palpação cuidadosa do pescoço para detectar possíveis áreas dolorosas e uma série de radiografias da coluna cervical deve ser realizada assim que possível -Com frequência, as fraturas do osso da face comprometem gravemente a ventilação do paciente, em especial quando ele está inconsciente ou em posição supina -Fraturas mandibulares graves, particularmente as bilaterais ou cominutivas, podem provocar deslocamentos consideráveis da mandíbula e da língua em direção posterior, resultando em obstrução das vias respiratórias superiores -O simples manuseio, reposicionamento e estabilização da mandíbula em uma posição mais anterior podem aliviar esta obstrução -A colocação de uma sonda nasofaríngea ou orofaríngea pode ser suficiente para adequar temporariamente as vias respiratórias -Em alguns casos, a intubação endotraqueal pode ser indicada -Quaisquer aparelhos protéticos, dentes arrancados, pedaços de osso completamente avulsionados ou outros detritos também podem contribuir para a obstrução das vias respiratórias e devem ser imediatamente removidos -Quaisquer áreas de sangramento devem ser prontamente examinadas e tratadas com tamponamento, curativos compressivos ou pinçamento dos vasos -Todo o excesso de sangue e saliva deve ser aspirado da faringe, prevenindo a aspiração e o laringospasmo -As lesões da região facial podem envolver não somente os ossos da face, mas também os tecidos moles, como língua e áreas cervicais superiores, ou podem estar associadas a lesões, como uma fratura de laringe. -em alguns casos, uma traqueostomia de emergência pode ser necessária para adequar o funcionamento das vias respiratórias -Em pacientes traumatizados, com completa obstrução dessas vias, uma cricotireotomia é o meio mais rápido de acesso à traqueia -historia e exame físico: -Após a estabilização do paciente, deve-se obter uma história o mais completa possível, a partir do próprio; contudo, em razão da perda de consciência ou alteração do estado neurológico, a informação tem, muitas vezes, que ser apurada com uma testemunha ou um membro da família que o esteja acompanhando. -Cinco importantes perguntas devem ser realizadas: -Como aconteceu o acidente? -Quando aconteceu o acidente? -Quais as características específicas da lesão, incluindo o tipo de objeto causador, a direção de onde veio o impacto e considerações logísticas similares? -Houve perda de consciência? -Que sintomas o paciente apresenta no momento, incluindo dor, alterações de sentidos e visuais e maloclusão? Hysla Carneiro – P7 -Deve-se realizar revisão completa dos sistemas, incluindo informações sobre alergias, medicamentos em uso e imunização antitetânica prévia, bem como condições clínicas e cirurgias prévias -A avaliação física das estruturas faciais deve ser finalizada somente após um exame físico geral que verifique as condições cardiopulmonares e funções neurológicas, bem como de outras áreas de traumatismo potencial, incluindo tórax, abdome e áreas pélvicas -A avaliação da região facial deve ser feita de maneira organizada e seqüencial -Crânio e face devem ser cuidadosamente inspecionados em busca de traumatismos evidentes, incluindo lacerações, abrasões, contusões, áreas de edema ou formação de hematoma, e possíveis alterações de contorno -As áreas de equimose devem ser avaliadas cuidadosamente -Equimose periorbitária, está especialmente associada à hemorragia subconjuntival, costuma ser indicativa de fratura orbitária ou do complexo zigomático -Equimoses localizadas atrás da orelha, ou sinal de Battle, sugerem fratura da base do crânio -Equimoses no assoalho da boca geralmente indicam fratura na região anterior da mandíbula -O exame neurológico da face deve incluir avaliação criteriosa de todos os nervos cranianos -A visão, os movimentos extraoculares e a reação da pupila à luz devem ser atentamente avaliados -Alterações pupilares ou de acuidade visual podem sugerir traumatismo intracraniano (disfunção do nervo craniano [NC] II ou III) ou traumatismo direto à órbita -Pupilas desiguais (anisocoria) em um paciente letárgico indicam lesão ou hemorragia intracraniana (hematoma subdural ou epidural ou hemorragia intraparenquimatosa) -Pupila assimétrica ou irregular (não redonda) é mais comumente causada por perfuração do globo ocular -As anormalidades dos movimentos oculares também podem apontar problemas neurológicos centrais (NC III, IV e VI) ou restrição mecânica dos movimentos dos músculos do olho, resultante de fraturas do complexo orbitário -A função motora dos músculos faciais (NC VII) e dos músculos da mastigação (NC V), assim como a sensibilidade da área facial (NC V) devem ser avaliadas -Todas as lacerações devem ser cuidadosamente limpas e avaliadas à procura de possíveis secções de nervos e ductos importantes, como o nervo facial e o ducto de Stensen -A mandíbula deve ser avaliada com critério por meio da palpação externa de todas as áreas das bordas inferior e lateral e da articulação temporomandibular, com atenção especial às áreas de sensibilidade -A oclusão deve ser examinada à procura de desnivelamento ao longo do plano oclusal e de lacerações das áreas gengivais -A palpação bimanual das áreas suspeitas de fratura deve ser feita por meio de pressão firme sobre a mandíbula, anterior e posterior à área fraturada, na tentativa de diagnosticar se há mobilidade nesta região -A oclusão deve ser reexaminada após essa manobra. A mobilidade dentária na área de uma possível fratura também deve ser observada Hysla Carneiro – P7 -Inicia-se a avaliação do terço médio da face verificando-se a mobilidade da maxila isoladamente ou em combinação com os ossos zigomáticos ou nasais -Para acessar tal mobilidade, a cabeça do paciente deve ser estabilizada pela fronte com uma das mãos -Com os dedos polegar e indicador da outra mão, segura-se a maxila; utiliza-se pressão firme para constatar se a mobilidade está adequada -As regiões dos terços médio e superior da face devem ser palpadas, investigando-se desnivelamento ósseo na região frontal, no rebordo periorbitário ou na região nasal ou zigomática -no exame do complexo zigomático a crepitação óssea (capacidade de sentir a vibração conforme as margens ósseas são esfregadas umas contra as outras) ou extrema sensibilidade nesta região indica fratura -as lesões naso-órbito-etmoidais causam fragmentação dos ossos nasais e deslocamento dos ligamentos cantais mediais, resultando em telecanto traumático (aumento da distância intercantal) -A anatomia dos ossos nasais deve ser verificada por meio da palpação -A inspeção intrabucal deve incluir uma avaliação das áreas de laceração da mucosa e de equimoses no vestíbulo bucal ou ao longo do palato e um exame da oclusão e das áreas de dentes com mobilidade ou ausentes -Contato oclusal prematuro unilateral com mordida aberta contralateral pode ser importante indicador de um tipo de fratura dos maxilares -avaliação radiográfica: -radiografias devem ser feitas para fornecer informação adicional sobre as lesões -Nos casos de traumatismo facial grave, aslesões na coluna cervical devem ser excluídas com um exame completo antes de qualquer manipulação no pescoço -No paciente com traumatismo de face, o objetivo das radiografias é confirmar a suspeita do diagnóstico clínico, obtendo-se informações que podem não estar claras no exame clínico, e determinar com maior precisão a extensão da lesão -deve também documentar as fraturas por ângulos ou perspectivas diferentes -A tomografia computadorizada (TC), na incidência axial com contraste intravenoso, pode fornecer informações não obtidas nas radiografias planas ou quando precauções com a coluna cervical ou outras lesões não possibilitam o posicionamento adequado dos filmes -A TC é usada para excluir lesão neurológica em muitos pacientes com traumatismo facial, e este Hysla Carneiro – P7 exame também pode ser útil para suplementar a avaliação radiográfica -Mais comumente, essas imagens de TC estão sendo obtidas como a principal análise radiográfica para pacientes com fraturas faciais, eliminando, assim, a análise de filmes simples -a ampla disponibilidade da TC de feixe cônico no cenário ambulatorial possibilitou a análise tridimensional com doses de radiação relativamente baixas, substituindo, portanto, a análise múltipla de filmes simples -etiologia e classificação das fraturas faciais: -etiologia das fraturas faciais: -As principais causas de fraturas faciais abrangem os acidentes automobilísticos e as agressões -Outras causas de lesões incluem as quedas, os acidentes esportivos e os de trabalho -fraturas mandibulares: -Dependendo do tipo de lesão e da direção e força do impacto, as fraturas de mandíbula podem ocorrer em diversas localizações -são classificadas como condilares, do ramo, de ângulo, de corpo, sinfisárias, alveolares e, raramente, do processo coronoide -outro sistema de classificação das fraturas mandibulares as distingue em fraturas do tipo galho verde, simples, cominutivas e compostas -As fraturas em galho verde são aquelas que envolvem as fraturas incompletas com flexibilidade do osso -Essas fraturas geralmente exibem mobilidade mínima quando palpadas -Uma fratura simples é uma completa transecção do osso com mínima fragmentação na região fraturada -Na fratura cominutiva, o osso é fraturado em múltiplos segmentos -Ferimentos com arma de fogo, objetos penetrantes ou outros traumatismos de alto impacto na mandíbula resultam comumente em fraturas cominutivas -Uma fratura composta provém da comunicação da margem do osso fraturado com o meio externo -Nas fraturas maxilofaciais, a comunicação com o meio bucal ou externo pode decorrer de lacerações da mucosa, perfuração através do sulco gengival e do ligamento periodontal, comunicação com o revestimento do seio e lacerações da pele subjacente -Por definição, qualquer fratura dos maxilares envolvendo um segmento dentário é uma fratura exposta ou composta -As fraturas de mandíbula podem ser favoráveis ou desfavoráveis, dependendo da angulação da fratura e da força de tração muscular proximal e distal à fratura -Em uma fratura favorável, a linha de fratura e a força de tração muscular resistem ao deslocamento da fratura -Em uma fratura desfavorável, a tração muscular resultará em deslocamento dos segmentos fraturados -fraturas do terço médio da face: -As fraturas do terço médio da face incluem aquelas que afetam a maxila, o zigoma e o complexo naso-órbito-etmoidal -Podem ser classificadas em: fraturas Le Fort I, II ou III, fraturas do complexo zigomaticomaxilar, fraturas de arco zigomático ou fraturas NOE -Tais fraturas podem ocorrer isoladamente ou combinadas Le fort I Fratura através do seio maxilar e ao longo do assoalho da fossa nasal Le fort II Separação da maxila e complexo nasal aderido, das estruturas Hysla Carneiro – P7 zigomaticas Le fort III Separação do complexo NOE, os zigomas e a maxila da base do crânio -O tipo mais comum das fraturas do terço médio da face é a fratura do complexo zigomático - Esse tipo de fratura resulta do impacto de objetos, como uma bola de beisebol ou o punho, sobre a parte lateral da bochecha -Traumatismos semelhantes também podem ocasionar fraturas isoladas dos ossos nasais, do rebordo orbitário ou áreas do assoalho da órbita -traumatismo contuso ao olho pode resultar em compressão do globo e subsequente fratura blow- out do assoalho da órbita -tratamento das fraturas faciais: -Nas fraturas faciais, os objetivos do tratamento incluem a rápida cicatrização óssea, o restabelecimento das funções ocular, mastigatória e nasal, a recuperação da fala e um resultado estético facial e dentário aceitável -Durante a fase de tratamento e cicatrização, também é importante minimizar os efeitos adversos do estado nutricional do paciente e alcançar os objetivos do tratamento com o mínimo possível de desconforto e inconveniências -os seguintes princípios cirúrgicos básicos devem servir de guia para o tratamento das fraturas faciais: redução da fratura (ou seja, reposição dos segmentos ósseos em suas corretas posições anatômicas) e fixação dos segmentos ósseos para imobilizá-los no local da fratura -Independentemente do tipo de fratura ou da abordagem cirúrgica usada, o procedimento inicial deve ser o posicionamento dos dentes em sua oclusão correta e, a seguir, a redução apropriada das fraturas ósseas -O reparo ósseo deve sempre preceder o reparo do tecido mole -fraturas mandibulares: -O primeiro e mais importante aspecto da correção cirúrgica é reduzir apropriadamente a fratura ou colocar os segmentos individuais da fratura na relação adequada uns com os outros -Na redução adequada de fraturas ósseas em que há de dentes, é mais importante colocá-los na relação oclusal que tinham anteriormente ao traumatismo -O estabelecimento de uma relação oclusal adequada por meio da fixação dos dentes com fio de aço denomina-se fixação maxilomandibular (FMM) ou fixação intermaxilar (FIM) -A técnica mais comum é a que utiliza um arco pré-fabricado adaptado e fixado aos dentes em cada arcada com fios de aço; o arco maxilar é, então, fixado ao arco mandibular, posicionando os dentes em suas relações adequadas (isso pode ser feito com barras de arco do tipo Erich tradicionais ou barras de arco com ancoragem óssea -Elásticos potentes de tração podem ser utilizados para puxar os segmentos ósseos até suas posições corretas, gradualmente, por algumas horas ou alguns dias -As próteses superiores e inferiores podem, então, ser fixadas com fio de aço, o que produzirá uma espécie de FMM -Indicações para a redução aberta incluem deslocamento contínuo dos segmentos ósseos ou Hysla Carneiro – P7 fraturas desfavoráveis, como as fraturas de ângulo em que a força de tração dos músculos masseter e pterigóideo medial podem causar o deslocamento do segmento proximal da mandíbula -O método tradicional e ainda aceitável de fixação óssea após a redução aberta tem sido a osteossíntese a fio de aço combinada a um período de FMM que dura de 3 a 8 semanas -Esse método de estabilização pode ser realizado por meio de variadas técnicas de fixação a fio de aço (osteossíntese a fio de aço) e, em geral, é suficiente para manter os segmentos ósseos em suas posições corretas durante o tempo de consolidação da fratura -As vantagens da técnica de fixação rígida no tratamento das fraturas mandibulares abrangem diminuição do desconforto e dos inconvenientes causados ao paciente pela eliminação ou redução da FMM, melhora das condições de higiene e nutrição, maior segurança para os pacientes portadores de crises convulsivas e, frequentemente, melhores condições para o tratamento de pacientes com múltiplas fraturas. -fraturas do terço médio da face: -O tratamentodas fraturas do terço médio da face pode ser dividido do seguinte modo: no das que afetam a relação oclusal – como as fraturas Le Fort I, II ou III -e no das que não necessariamente afetam a oclusão, como as fraturas isoladas de zigoma, arco zigomático ou do complexo NOE -Nas fraturas do zigoma, isoladas do arco zigomático e do complexo NOE, o tratamento visa basicamente à restauração das funções ocular, nasal e mastigatória e à estética facial -Na fratura de arco zigomático, tanto a abordagem intrabucal quanto a extrabucal podem ser usadas para elevar e trazer o arco zigomático de volta à sua configuração normal -Além de restaurar o contorno facial, isso elimina a obstrução mecânica sobre o processo coronoide da mandíbula e a subsequente limitação de abertura de boca -O objetivo do tratamento das fraturas NOE é reproduzir as funções nasolacrimal e ocular normais, enquanto os ossos nasais e os ligamentos cantais mediais são apropriadamente posicionados para assegurar a estética pós-operatória normal -Nas fraturas do terço médio da face envolvendo um componente da oclusão, assim como nas fraturas mandibulares, é importante restabelecer a relação oclusal apropriada reposicionando a maxila corretamente em à mandíbula -Quando uma redução óssea adequada é obtida após a FMM, mas a fratura permanece instável, osteossíntese direta ou técnicas de suspensão a fio de aço ou placas ósseas podem ser utilizadas para estabilizar a fratura -A suspensão esquelética com fio de aço é, algumas vezes, usada em conjunto com a osteossíntese por fio de aço ou miniplacas com objetivo da suspensão promover a estabilização das fraturas suspendendo-as em uma estrutura óssea mais estável localizada superiormente -As técnicas de suspensão esquelética incluem aquelas que utilizam fios de aço na abertura piriforme, no rebordo infraorbitário, no arco zigomático ou no osso frontal - rigidez limitada dos fios de aço pode tornar difícil a reconstrução e a manutenção dos contornos anatômicos apropriados, particularmente nas áreas côncavas e convexas, tais como as margens orbitárias e a proeminência do zigoma -A fixação rígida usando sistemas de placas eliminou a necessidade dos fios de suspensão -O desenvolvimento e a melhoria do sistema de mini e microplacas têm proporcionado grandes avanços no tratamento das fraturas do terço médio da face -O desenvolvimento recente no tratamento do traumatismo facial complexo envolve o uso de tecnologias avançadas, incluindo a reconstrução virtual, modelos de estereolitografia e navegação transoperatória para reposicionar mais precisamente e estabilizar fraturas complexas -lacerações: -Com frequência, as fraturas dos ossos faciais estão associadas a lacerações faciais graves Hysla Carneiro – P7 -Os princípios de reparação das lacerações são os mesmos, não importando as dimensões da lesão -A limpeza da ferida e um exame da região para verificar se houve rompimento de alguma estrutura vital são extremamente importantes -Possíveis lesões incluem as lacerações do ducto de Stensen, do nervo facial ou de vasos importantes -É importante examinar essas lesões antes da aplicação de anestesia local ou indução de anestesia geral, pois a integridade estrutural e a função (ou seja, secreção salivar e motricidade facial) podem não ser acessadas após a anestesia -As lacerações devem ser suturadas de dentro para fora, ou seja, da mucosa bucal ao músculo e do tecido subcutâneo à pele
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