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Arboviroses: Conceitos e Epidemiologia

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Virologia - Edgar 04/09 - 11/09 ATD1
Aula 04 - Arboviroses: 
Conceitos: 
➡ Doenças causadas por um grupo de vírus 
ecologicamente bem definidos, ou seja, vírus que 
vivem na natureza, designados arbovírus. 
• Ciclo zoótico: homem acaba entrando nesse ciclo 
e contraíndo o vírus. 
• Arbovírus = Arthropod-borne vírus. 
- Significa carreado por artrópodes. 
- Vírus que são transmitidos em natureza, mediante 
transmissão biológica entre hospedeiros vertebrados 
sucetíveis por meio de artrópodos hematófagos 
(vetores). 
- Atualmente, existem 4404 espécies de vírus, sendo 
estes distribuídos em: 
✓ 8 ordens. 
✓ 122 famílias. 
✓ 35 subfamílias 
✓ 735 gêneros. 
• Dos mais de 545 espécies de arbovírus 
conhecidos, cerca de 150 causam doença em 
humanos. 
- Os arbovírus estão inseridos na ordem: 
‣ Bunyavirales: famílias Peribunyaviridae, 
Nairoviriade e Phenuiviridae. 
‣ Famílias Flaviviridae (no gênero Flavivírus) e 
Togaviridade (no gênero Alphavírus). 
- Possuem importância muito grande no BRA, devido 
ao clima tropical e à grande floresta aqui. 
Epidemiologia: 
- Ciclo enzoótico: 
• Vertebrados: aves silvestres (migração do vírus), 
roedores, marsupiais, primatas, morcegos, répteis, 
edentados. 
- Mantém o vírus na natureza. 
• Vetores: mosquitos, carrapatos, flebotomíneos e 
culicóides (mosquito pólvora). 
• Homens: hospedeiros incidentais (não fazem parte 
do ciclo normal, acabam adentrando nesse ciclo). 
- O único continente onde os arbovírus não são 
endêmicos é o Antártico. 
- Brasil: constituido por grande extensão terrestre, 
predominantemente tropical. 
• Combinação do vasto ecossistema do Brasil e o 
clima aos desmatamentos, urbanização 
desordenada e saneamento básico precário em 
diversas regiões, tem-se um ambiente muito 
favorável para o desenvolvimento dos vetores, 
como os mosquitos dos gêneros Aedes, 
Haemagogus, Culex e Culicoides. 
- Arbovírus emergentes e reemergentes no 
Brasil: 
- Vírus emergentes: vírus novos. 
- Vírus reemergentes: desapareceram e surgiram 
novamente. 
- Principais arbovírus no Brasil: 
Catarina Alipio XXIIB 1
Virologia - Edgar 04/09 - 11/09 ATD1
- Esses vírus se apresentam em “ondas”: possuem 
momentos de picos intercalados com momentos mais 
brandos. 
Aspecto virológico: 
Flaviviridae: 
✓ RNA fita simples de polaridade positiva (5’ —> 3’). 
✓ 40 a 60nm. 
✓ Possui envoltório. 
✓ Simetria icosaédrica. 
✓ Espículas: fixação na célula. 
✓ Proteínas estruturais pré-M-E (espículas) e C (core) e 
não estruturais (enzimáticas): NS1, NS2, NS3, NS4 e 
NS5. 
➡ Vetor: mosquito e carrapatos. 
- Ciclo replicativo do Flavivírus: 
• Utiliza-se de vários receptores. 
- Heparan sulfato. 
- Receptor de manose. 
- TAM. 
- TIM. 
- DC-Sion. 
• Interiorização por endocitose. 
- Clatrina: facilita a endocitose e o englobamento 
do vírus por endocitose. 
• Fusão do envelope à membrana da vesícula: libera 
o RNA viral. 
- Um parte desses RNA+ fazem a síntese proteíca 
por RNAm. 
- E outra parte desses RNA+ se transformam em 
RNA- para formação de um novo genoma viral, 
do tipo RNA+. 
Togaviridae: 
✓ RNA de fita simples de polaridade positiva. 
✓ 60 a 70nm. 
✓ Envelopados. 
✓ Simetria icosaédrico. 
➡ Vetor: mosquito. 
- Ciclo viral do Togaviridae: muito semelhante ao 
Flavivírus. 
• Não se conhece ao certo os receptores. 
Bunyaviridae: 
✓ Três segmentos RNA de polaridade negativa. 
✓ 90 a 120nm. 
✓ Envoltório. 
✓ Simetria helicoidal. 
• Cada segmento de DNA é envolto por um 
capsídeo dando a simetria helicoidal. Tudo isso 
Catarina Alipio XXIIB 2
Virologia - Edgar 04/09 - 11/09 ATD1
agrupado dentro de um envoltório em torno desses 
multicapsídeos. 
• Cada segmento será responsável pela formação de 
um tipo de proteína. 
✓ Glicoproteínas hemoaglutinanates (hemácias de 
pinto e ganso). 
➡ Vetor: mosquito, carrapato e flebótomos. 
- Ciclo viral do Bunyaviridae: 
• Por ação da clatrina, ocorre a endocitose viral. 
• RNA - deve se transformar em RNA +, assim ele 
consegue produzir as enzimas estruturais e depois, 
alguns RNA + voltam para a polaridade negativas, 
sendo estes RNA genômicos que se integrarão ao 
novo vírus formado. 
Doenças causadas por arbovírus: 
Encefalite equina do Leste (EEEV): 
- Quando o mosquito pica o hospedeiro (homem) suas 
glândulas injetam um anticoagulante para que o 
sangue passe pelo canal para o mosquito de forma 
correta, porém ao mesmo tempo que ele injeta o 
anticoagulante, ele injeta o vírus no sangue do 
homem. 
- O EEEV é o Togavírus mais invasivo e 
neurovirulento (tropismo para o SNC), com altas 
taxas de encefalite, mortalidade e morbidade, tanto 
para os seres humanos quanto para os cavalos. 
• Cavalo —> homem —> homem. 
• Homem passou a ser uma fonte do vírus. 
• Vetor: mosquito (Culiseta melanura). 
- Quadro clínico: encefalite (processo inflamatório do 
encéfalo). 
✓ Deficiência intelectual. 
✓ Alterações de personalidade. 
✓ Paralisia espáticas. 
✓ Epilepsia. 
- Transmissão: já foi descrito via aerossóis (agente 
bioterrorismo —> problema de saúde pública). 
- Em cavalos no BRA: Pernambuco, Ceará e Paraíba. 
• Somente 1 caso fatal no BRA. 
Vírus da encefalite de Saint Louis 
(SLEV): 
- Isolado em epidemia de meningoencefalite, nos EUA 
EM 1932. 
- Aves migratórias de longa distância são reservatórios 
desses vírus. 
- SLEV da estripe Brasil são 68 e se agrupa 
filogeneticamente com os vírus norte-americanos. 
• Vetor: Culex declarator e Culex coronation. 
• Reservatórios: aves silvestres, macacos, preguiças, 
tatus e marsupiais. 
• Isolado em 2 pacientes ictéricos na Amazônia 
(década de 60). 
• Em 2004, no Sudeste, apareceram indivíduos com 
sintomas de dengue, depois descobriram que era 
um surto de SLEV estava ocorrendo 
simultaneamente com um de DENV-3. 
• Soroprevalência de 5% na região Norte e Sudeste. 
Vírus Rocio: 
- Primeramente isolado em 1975, no Vale do Ribeira 
(BRA). 
- Rocio, bairro periférico com características rurais. 
‣ O surto teve duração de 1973 a 1980, com relato de 
cerca de 1000 casos de encefalite e uma taxa de 
mortalidade de 10% e, entre os sobreviventes, 200 
sofreram com sequelas de equilíbrio e mobilidade. 
- hoje, o vírus vive em algum animal, mantendo seu 
ciclo zoonótico: aves selvagens, incluindo algumas 
espécies migratórias, são os reservatórios. 
Catarina Alipio XXIIB 3
Virologia - Edgar 04/09 - 11/09 ATD1
- Vetor: mosquito Aedes e Psorophora. 
‣ Presença de anticorpos neutralizantes foi detectada 
em pessoas que vivem em áreas reais das regiões 
Sudeste e Nordeste no Brasil. 
- É possível que este vírus circule em regiões distintas 
do Brasil e o seu ressurgimento na forma de surtos de 
encefalite grave, pode ser uma ameaça permanente. 
➡ Período de incubação: 7 a 14 dias. 
‣ Sintomas iniciais: febre aguda, cefaleia, perda de 
apetite, anorexia, mialgia, vômito, mal estar. 
• Sintomas comum a qualquer infecção viral. 
‣ Sintomas de encefalites são tardios e incluem: 
✓ Confusão mental. 
✓ Distúrbios de reflexo. 
✓ Incapacidade motora. 
✓ Convulsões. 
✓ Irritação meníngea. 
✓ Síndrome cerebelar. 
‣ Outros sintomas: 
✓ Distensão abdominal. 
✓ Retenção urinária. 
‣ Sequelas graves: 
• Distúrbios visuais, olfativos e auditivos. 
• Falta de coordenação motora. 
• Dificuldades de equilíbrio e de deglutição. 
• Distúrbios de memória. 
Vírus Mayaro: 
- Em 1954 na área do Rio Guamá (Pará), foi isolado 
pela primeira vez. 
- Em 1999, foram identificados pela 1º vez no estado 
do Amazonas casos de doença febril causada pelo 
vírus. 
- Vetores: mosquito do gênero Haemagogus (habitam 
florestas). 
- Hospedeiros vertebrados: mamíferos. 
- Duração da doença: 3 a 5 dias. 
- Vírus de alta morbidade. 
- Sintomas principais: 
• Febre, cefaleia, mialgia, erupção cutânea, dor nas 
grandes articulações, artrite. 
• Vírus diferencial: Chikungunya (leva à 
cronificação). 
- Convalescençade febre leva, em torno de 2 semanas. 
- Por esse vírus também poder ser transmitido pelo 
mosquito Aedes, ele pode adquirir o mesmo ciclo da 
febre amarela, ou seja, sair da floresta (ciclo 
silvestre) e adquirir um ciclo urbano, disseminado 
para as cidades pelas aves infectadas ou humanos. 
• Podem adaptar-se a um novo ciclo, que envolve o 
homem como reservatório do vírus (ciclo urbano). 
- Transmissão: pelas vias aéreas (meio de 
disseminação viral), facilita a disseminação do vírus. 
Vírus Oropouche: 
- O OROV é o 2º arbovírus mais frequente dos 
causadores de doença febril no BRA. 
- Vírus adaptou-se ao ciclo urbano, envolvendo o 
homem, com mosquitos Culicoides paraenses, como 
principal vetor. 
- Estima-se que 500 mil casos de infecção por OROV 
têm ocorrido no BRA nos últimos 48 anos. 
- De 1980 a 2004 —> o vírus espalhou-se para outros 
5 estados do Norte brasileiro (AM, AP, AC, RO, TO) e 
1 estado na região Nordeste (MA). 
• Isso indica um grande potencial de epidemia, em 
pouco tempo. 
- Sintomas e evolução: 
‣ A doença febril manifestou-se com fenômenos 
hemorrágicos, como petéquias, epistaxe e 
sangramento gengival. 
‣ Não foi observado envolvimento do SNC. 
- Diferencial: doenças febris agudas —> malária e 
dengue. 
Vírus Oeste do Nilo: 
- O vírus Oeste do Nilo (WNV) foi primeiramente 
isolado na província de WestNile, Unganda, em 
1937. 
• Começou por infecção em cavalos, nos EUA. 
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Virologia - Edgar 04/09 - 11/09 ATD1
- 1999: surto em NY e causou morte de um grande 
número de aves, e causou encefalite em humanos. 
- Esse vírus possui um neurotropismo, causando 
encefalite. 
- Idosos foram os mais acometidos. 
- Vetor: mosquito urbano Culex pipieins. 
- 80% das pessoas infectadas são assintomáticos. 
- Período de incubação: 2 a 14 dias. 
- Quadro clínico: 
• Febre, cefaleia, fadiga, exantema, nódulos 
linfáticos palpáveis e dor ocular. 
• Mais grave: meningite e encefalite. 
- Sugere que o WNY já esteja estabelecido no BRA 
(pantanal). 
• Nenhum caso humano no BRA. 
- Existem alguns relatos de transmissão, nos EUA, por 
transfusão sanguínea e transplante de órgãos 
(indivíduos assintomáticos). 
Manifestações clínicas: arboviroses. 
✓Doença febril: sintomas de gripe, como febre, 
cefaleia, dor retro-orbital e mialgia. 
✓Síndrome neurológica: mielite, meningite e/ou 
encefalite, com mudanças de comportamento, 
paralisia, paresia, convulsões e problemas de 
coordenação. 
✓Erupções cutâneas e artralgia: exantema ou rush 
maculopapular, poliartralgia e poliartrite. 
✓Síndrome hemorrágica: petéquias, hemorragia e 
choque combinado com uma redução intensa das 
plaquetas. 
• Febres hemorrágicas. 
• Dengue e febre hemorrágica. 
✓Encefalites: Togaviridae, Flaviviridae, Bunyaviridae 
= encefalitogênicos. 
• Período de incubação: 5 a 15 dias. 
• Início repentino: febre elevada, cefaleia, vômitos, 
confusão mental, sonolência, rigidez de nuca, 
tremores, nistagmo, espasticidade, fraqueza 
muscular e paralisia. 
• Casos graves: delírios, convulsões, letargia e coma. 
• Letalidade alta: 
- Encefalite equina venezuelana = 0,5%. 
- Encefalite do Nilo ocidental = 1,0% 
- Encefalite equina do oeste = 2 a 3%. 
- Encefalite de Saint Louis = 5 a 10%. 
• BRA: encefalite pelo vírus Rocio (10% de 
letalidade). 
Quadro clínico: 
➡Zika: 
- Gestantes acometidas pelo vírus ZIka davam a luz a 
crianças com microcefalia (transmissão vertical). . 
- No indivíduo adulto: 
❖ Febre aguda usualmente acompanhada de 
erupções cutâneas. 
❖ Mialgia. 
❖ Conjuntivite e outros achados oculares. 
❖ Síndromes neurológicas. 
- Sd de Guillain-Barré —> evento neurológico 
que o indivíduo vai sofrendo uma para-paresia 
não espástica ascendente, que na maioria das 
vezes, se auto resolve. 
➡Chikungunya: 
- Febre aguda acompanhada de mialgia, erupções 
cutâneas e artralgias deformantes (principal). 
• Artralgia é a mais prevalente, e a dor e o inchado 
desaparecem após alguns dias, mas alguns casos 
podem evoluir para cronificidade. 
- Complicações: 
• Meningoencefalite (neonatos). 
• Doença hemorrágica. 
➡Mayaro: 
- Artralgia e mialgia. 
- Seus sintomas desaparecem, normalmente após 3 a 
10 dias. 
• Exceção da artralgia que pode durar meses. 
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Virologia - Edgar 04/09 - 11/09 ATD1
➡Oropouche: 
- Febre aguda, mialgia, artralgia e vômitos. Sintomas 
que aparecem juntamente com a viremia. 
- Complicação: meningite. 
- Indivíduos atingidos têm completa recuperação, sem 
sequelas. 
Diagnóstico diferencial clínico: 
Arboviroses: desafios. 
- Grande desafio de saúde, tanto no brasil, como no 
mundo. Isso é atribuído à diversos fatores: 
✓ Semelhança existente entre suas manifestações 
clínicas (dificuldade de diagnóstico clínico e 
laboratorial). 
✓ A falta de tratamento específico. 
✓ Variedade de sorotipos de um mesmo agente 
etiológico. 
✓ Ausência de vacinas para a maioria desses 
arbovírus. 
✓ Controle dos vetores para a prevenção dessas 
doenças (impossível). 
- Como evitar? 
➡ Investimento em campanhas de combate aos 
vetores. 
➡ Pesquisas para desenvolvimento de antivirais, 
vacinas e diagnósticos. 
➡ Bom entendimento da estrutura e patogênese 
desses vírus. 
Febre amarela: 
Histórico: 
- Primeira arbovirose diagnosticada frente a uma 
febre hemorrágica. Importância muito grande 
devido â alta mortalidade dela, desde do século XVI 
até o século XX. 
- Primeiro surto foi na Bahia, decorrente de navios 
negreiros, que traziam mosquitos já infectados pelo 
vírus. 
- 1692: Antônio Vieira. 
• Descreve casas cheias de moribundos, a igrejas, 
cheias de cadáveres e as ruas, de tumbas. 
• Primeiro registro de febre amarela no Brasil (BA). 
- 1849: Rio de Janeiro. 
- 1901: Walter Reed. 
• Estabelece a importância do mosquito na 
epidemiologia da febre amarela. Consegue fazer 
um trabalho de eliminação da febre amarela na 
Ilha. 
- 1923: Rio de Janeiro. 
- 1950: erradicação da febre amarela urbana do BRA. 
• Advento da vacina amarílica. 
- Oswaldo Cruz: incentivou os cuidados acerca da 
febre amarela (isolamento dos doentes, eliminação 
dos mosquitos próximos…), para conseguir eliminar 
basicamente a febre amarela (urbana). até hoje temos 
a febre amarela silvestre. 
• África: ainda existe febre amarela urbana. 
Estrutura do vírus: 
- Vírus da febre amarela pertence à família 
Flaviviridae. 
• RNA fita simples de polaridade positiva. 
• 40-60nm. 
• Com envoltório. 
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Virologia - Edgar 04/09 - 11/09 ATD1
• Simetria icosaédrico. 
• Proteínas estruturais pré M-E (espículas de ligação 
do vírus à célula) e C e não estruturais de ação 
enzimática (NS1, NS2, NS3, NS4 e NS5). 
- Proteína M: função de ligação do vírus e fusão 
do envelope à membrana citoplasmática e 
“start” do ciclo viral. 
- Proteína E: ponto de ligação do envelope à 
membrana. 
- São proteínas imunogênicas: sistema 
imunológico do hospedeiro é capaz de produzir 
anticorpos contra essas proteínas. 
• São proteínas que estimulam o sistema imune 
do hospedeiro (proteção). 
• Possuem regiões longas de leitura (ORFs) para 
transcrição genômica e síntese proteíca. 
• Vetor: mosquito e carrapatos. 
Febre amarela: conceito. 
- Doença febril aguda, causada pelo flavivírus, da 
família Flaviviridae. 
- É um arbovírus. 
- RNA polaridade positiva, envelopado, medindo 
40-80nm. 
- Transmissão ao homem por mosquitos vetores. 
- 10% desenvolvem a forma grave e destes 
(hemorrágica), possuem letalidade 20 a 50%. 
- 2018: epidemia de febre amarelado BRA, inclusive 
em São Paulo. 
• Risco de retorno da febre amarela urbana. 
Epidemiologia: 
- Ciclo silvestre: 
• Vírus exótico: circula entre os animais na 
florestas, estes chamados de amplificadores, pois 
mantém o vírus vivo circulante na floresta. 
• Região amazônica/ planalto central (região 
endêmica). 
• Hospedeiros: macacos (principal reservatório).- Guariba ou bugios (gênero Alouatta) são 
macacos satélites, que morrem durante a 
infecção, dando a entender a “volta” da febre 
amarela. 
- Macaco prego (gênero Cebus) possuem 
resistência à essa infecção. 
- Marsupiais e roedores também podem albergar 
o vírus. 
• Vetores: Haemagogos janthinomys e 
leucocelaenus; Sabethes chloropterus. 
- São encontrados somente na floresta. 
- Ciclo urbano: 
• Homem infectado: maior hospedeiro e 
amplificador do vírus. 
- Fonte do vírus. 
• Vetor: Aedes aegypitis. 
- Transmite também outros vírus. 
- Hábitos diurnos. 
- Fêmeas: hematófagas —> ovoposição. 
• Elas precisam de proteínas de hemoglobina 
para haver a postura dos ovos, que 
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Virologia - Edgar 04/09 - 11/09 ATD1
acontecem acima da linha da água limpa. 
Quando essa água umedece os ovos, ele se 
desenvolve. 
- Resiste à dessecação por mais de 1 ano 
(perpetuação do vírus). 
- Portanto, a água parada, favorece a 
replicação desse vetor, ou seja, são locais 
de perpetuação do vetor. 
• O vírus se desenvolve no aparelho digestivo e 
migra para glândulas para ocorrer replicação 
viral (7 a 11 dias). E quando pica o 
hospedeiro para conseguir se sangue, o 
mosquito lança de anticoagulantes no 
hospedeiro, juntamente com os vírus. 
• Quando a fêmea se replica, ela consegue 
passar o vírus para o mosquito filho 
(transmissão transovariana). Permite a 
manutenção do vírus em climas frios. 
‣ Todos esses elementos citados acima, 
permitem a longevidade e perpetuação do 
vírus. 
- Comunidade humana suscetível: 
• Aumento do vetor. 
• Aumento da temperatura e umidade (épocas 
de chuva). 
- O Aedes é um vírus urbano e domiciliar, ou 
seja, vive em torno das casas e não ultrapassa 
um raio de 200 metros. 
- Homem infectante: 24 a 48 horas antes do 
sintomas e 3 a 5 dias após os sintomas. 
• Período longo de transmissibilidade e vírus 
circulante no homem. 
- Para cada picada em um indivíduo infectado, o 
mosquito inocula de mil a 100mil vírus para 
cada repasto. 
Clínica da febre amarela: como se 
apresenta. 
- Quem tem risco de contrair o vírus? 
• Quem não foi vacinado. 
• Indivíduo que entra na mata (ecoturismo). 
• Trabalhadores das matas. 
- Distribuição das formas clínicas (“icerberg”): 
• Infecção assintomática (40-65%): diagnóstico 
muito difícil. Muito comum nas epidemias virais. 
• Formas leves e moderada (20-30%): febre 38/39ºC, 
com cefaleia não tão importante. Sintomas que 
não chamam atenção para diagnóstico de febre 
amarela. 
• Forma grave (10-20%): febre, icterícia, 
sangramentos mais importantes, albuminúria. São 
indivíduos já internados em hospitais. 
• Forma maligna (5-10%): grande chance de óbito. 
Febre, hemorragia, síndrome hepatorrenal 
(disfunção). Chance de óbito de 20-50%. 
- Tempo de duração das principais manifestações 
clínicas da febre amarela: 
- Principais características: icterícia (envolvimento 
hepático importante), albuminúria, oligúria 
(insuficiência renal), hemorragias —> paciente grave. 
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Virologia - Edgar 04/09 - 11/09 ATD1
• Deficiência dos fatores de coagulação podendo 
evoluir para uma CIVD. 
• Plaquetopenia. 
Quadro clínico: 
- Período de incubação: 3 a 6 dias. 
- Período de infecção: 3 dias de viremia. 
• 3 a 6 dias após o período de estado. 
- Forma clássica (maligna): 
• Febre, calafrios, cefaleia intensa, dor lombossacral, 
mialgia generalizada, anorexia, náuseas e vômitos, 
hemorragias gengivais e/ou epistaxes. 
• Síndrome de Faget: aumento da temperatura 
(febril) e bradicardia. 
- Período de intoxicação ou de localização (3 a 8 dias): 
onde os sintomas se agravam. 
- Forma grave: tríade. 
• Icterícia. 
• Hemorragias (melena, hematêmese, 
enterorragia…). 
- Plaquetopenia e redução da síntese dos fatores 
de coagulação sanguínea. 
• Insuficiência renal aguda (IRA). 
Vacina: 
- Vacina anti-amarílica é eficaz em 95% dos casos a 
partir do 10º dia, válido por 10 anos (forma não 
fracionada). 
- Feita por vírus atenuado (YF-17D). 
- Forma fracionada: não se sabe a longevidade. 
- É contraindicada em crianças < 1 ano (encefalite) e 
em gestantes (transmissão vertical). 
- Doença viscerotrópoca associada à vacina: 
semelhante à febre amarela, porém é raríssima. 
• 25 pessoas, 1 morreu com uma forma muito 
semelhante à forma grave da febre amarela. 
Dengue: 
Origem da palavra: 
- 1920: Vambery (árabe arcaica), citado por Siler = 
fraqueza. 
- Língua portuguesa/ espanhola (moura) = afetação. 
- 1870: Halstead (Zanzibar) “Ki-denga-Pepo” = 
pancada/ golpe. 
• Dor muscular intensa. 
Epidemiologia: 
- Sexo: não relevante. 
- Idade: febre hemorrágica acomete principalmente 
crianças < 1ano. 
- Raça: caucasiano. 
- Sazonalidade: verão (chuva). 
- Foram descobertos 5 sorotipos para esse vírus: DENV 
1, DENV 2, DENV 3, DENV 4, DENV 5 (sendo o 
último descoberto recentemente somente na Ásia). 
- Identificação de sorotipos: 
- Curva epidêmica 2019/2020: 
Catarina Alipio XXIIB 9
Virologia - Edgar 04/09 - 11/09 ATD1
- Vetores: 
• Aedes aegypti: vetor urbano. 
• Aedes albopictus: vetor rural, silvestre. 
- Mantedor do vírus por transmissão transovariana 
da fêmea para o filho. 
- Ciclo enzoótico em primatas no sudeste Asiático 
(não se vê no BRA). 
• Amplificadores da dengue. 
Clínica da dengue: 
- Período de incubação: 2 a 7 dias. 
- Fases: dengue é uma doença dinâmica, ou seja, se 
apresenta de várias formas. 
• Subclínica. 
• Dengue. 
• Dengue com sinais de alarme. 
• Dengue grave. 
- Caso suspeito: 
• Paciente com febre, usualmente de 2 a 7 dias, 
acompanhada de pelo menos dois dos seguintes 
sintomas: 
- Náuseas, vômitos, exantema (3º dia de doença), 
mialgia, artralgia, cefaleia, dor retro-orbital, 
petéquias ou prova do laço positiva (fragilidade 
capilar) ou leucopenia. 
- E nos últimos 14 dias ter estado em local com 
presença de vetores ou com transmissão de 
dengue. 
• Atenção: também pode ser caso suspeito toda 
criança proveniente ou residente em área com 
transmissão de dengue com quadro febril agudo, 
usualmente de 2 a 7 dias, e sem foco de infecção 
aparente. 
- Menores de 1 ano evoluem para forma mais 
grave da doença: quadros hemorrágicos. 
- Mãe que teve dengue, passa os anticorpos para 
o filho, portanto, se a criança tiver pela 1x 
dengue, ela já terá anticorpos, como se fosse 
uma 2ª exposição, podendo levar ao quadro 
hemorrágico causado pela exacerbação de 
citocinas do sistema imune. 
- Prova do laço: mostra fragilidade capilar (dos vasos) 
e leucopenia que atuam na formação das petéquias. 
• Demarca um quadrado de +/- 2,5cm. 
• Mede-se a pressão do indivíduo e insufla-se o 
manguito até a média estimada de PA (PA+PD/2). 
• Conta-se a quantidade de petéquias no quadrado 
demarcado. Positivo quando… 
- Criança > 10 petéquias. 
- Adulto > 20 petéquias. 
- Dengue com sinais de alarme: podem evoluir 
para forma grave. 
✓ Dor abdominal intensa e contínua, ou dor à 
palpação do abdome. 
✓ Vômitos persistente. 
✓ Presença de derrame cavitário (ascite, derrame 
pleural, derrame pericárdico) —> por saída de 
componentes do vaso para o meio extra-celular. 
✓ Sangramento de mucosas (gengivorragia e/ou 
epistaxe). 
✓ Letargia ou irritabilidade. 
✓ Hipotensão postural e/ou lipotimia —> decorrente 
do processo inflamatório que causa vasodilatação. 
✓ Hepatomegalia maior que 2cm. 
✓ Aumento progressivo do hematócrito —> 
hemoconcentração por derramamento do plasma 
para o meio extra-vascular. 
- Maior risco de evolução para dengue grave: 
• De 3 a 6 dias após o início dos sintomas, quando 
ocorre desaparecimento da febre. 
- Dengue grave: paciente com febre hemorrágica. 
➡ Choque (hipovolêmico). 
➡ Sangramento grave (hematêmese, metrorragia 
volumosa…). 
➡ Comprometimento grave de órgãos (insuficiência 
hepática, miocardite, alteração dos níveis de 
consciência). 
Catarina Alipio XXIIB 10
Virologia - Edgar04/09 - 11/09 ATD1
Fisiopatogenia: resposta imune. 
- Quando o vírus penetra, ele vai para as células 
dendríticas mielóides próximas (células de Langhans) 
e fibroblastos. 
- Os vírus se replicam (24 hrs depois) nessas células 
iniciais e migram para linfonodos, músculos 
estriados e liso (intensa mialgia) e por fim, ocorre a 
viremia (3 a 6 dias após a picada). 
- Quando o vírus cai na corrente sanguínea, ele possui 
um tropismo acentuado para macrófagos livres e 
fixos, portanto, essas células acabam mantendo a 
replicação viral. 
• Macrófagos: local de replicação viral e 
manutenção da viremia. 
- Infecção primária: 
• IgM: a partir do 4º dia, aumenta no 8º dia e 
diminui após meses. É um anticorpo neutralizante. 
• IgG: aparece mais tardiamente e dá a memória ao 
indvíduo para o sorotipo específico da dengue. 
- Predomínio de resposta tipo celular (CD4/ CD8 = 
NS1 e NS2 - relação com Ag não estruturais capazes 
de desencadear uma resposta imune celular). 
• Permitem a integração do linfócito T citotóxica às 
células infectadas pelos vírus. 
- Fisiopatogenia da febre hemorrágica da 
dengue: 
• Primo-infecção: sistema imune controla essa 
infecção, paciente não evolui para forma grave, a 
não ser que o próprio vírus adquira uma virulência 
muito acentuada. 
- Ex: infecção por DENV1 e produção de 
anticorpos para esse sorotipo. 
• A febre hemorrágica acontece mais comumente 
em uma segunda exposição ao vírus da dengue, de 
outro sorotipo, diferente da primo-infecção. 
- Ex: infecção secundária de DENV3, anticorpos 
neutralizantes já existentes anti-DENV1, 
possuem capacidade de se ligar à esses vírus 
DENV3. 
• Quando o indivíduo produz anticorpos, alguns 
ficam aderidos à membrana dos macrófagos. Então 
quando o indivíduo entra em contato (2ª 
infecção) com o DENV3, a interação com o 
anticorpo da membrana do macrófago, facilita a 
entrada do DENV3 no macrófago. 
- Abundância de carga viral no macrófago. 
- 2ª exposição, por essa motivo, terá uma carga 
viral muito mais acentuada. 
• O macrófago, por ser uma APC, estimula 
linfócitos T CD4, que estimulam linfócitos T CD8. 
- O sistema imunológico responde de uma forma 
exacerbada, com a produção enorme de 
citocinas, que aumentam a atividade 
macrofágica do macrófago (aumenta mais ainda 
citocinas) que altera a parede os vasos, com 
saída de elementos sanguíneos do vaso (ascite, 
derrames…). 
• Produção de tromboplastina pelo macrófago, 
que o vaso, estimula formação de trombos. 
• Portanto a febre hemorrágica, se dá pela resposta 
imune, com alta produção de citocinas que 
alteram a permeabilidade do vaso, causam 
vasodilatação…. 
• O vírus pode agir diretamente na célula 
endotelial, com ativação do sistema 
complemento, que gera um processo inflamatório. 
Essa fato também fragiliza a parede endotelial e 
aumenta a permeabilidade capilar. 
• Todos esses processos levam à: 
✓ Fragilidade capilar. 
✓ Aumento na permeabilidade capilar. 
✓ Consumo de plaquetas (plaquetoenia). 
✓ Hemoconcentração. 
Catarina Alipio XXIIB 11
Virologia - Edgar 04/09 - 11/09 ATD1
- Obs: Vacina só é dada para quem já teve dengue, 
exatamente pelo fato dessa exacerbação do sistema 
imune frente a presença de uma infecção já com a 
existência de anticorpos. 
Diagnóstico: 
- Sorologia específica para dengue: a partir do 6ª dia. 
• Antes disso: falso-positivo. 
• 6º dia: IgM elevado (pico: 8º dia). 
- Maior parte de diagnóstico é clínico. 
Controle da dengue: 
- Controle com vetor, evitando o acúmulo de água 
parada. 
Catarina Alipio XXIIB 12

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