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Virologia - Edgar 04/09 - 11/09 ATD1 Aula 04 - Arboviroses: Conceitos: ➡ Doenças causadas por um grupo de vírus ecologicamente bem definidos, ou seja, vírus que vivem na natureza, designados arbovírus. • Ciclo zoótico: homem acaba entrando nesse ciclo e contraíndo o vírus. • Arbovírus = Arthropod-borne vírus. - Significa carreado por artrópodes. - Vírus que são transmitidos em natureza, mediante transmissão biológica entre hospedeiros vertebrados sucetíveis por meio de artrópodos hematófagos (vetores). - Atualmente, existem 4404 espécies de vírus, sendo estes distribuídos em: ✓ 8 ordens. ✓ 122 famílias. ✓ 35 subfamílias ✓ 735 gêneros. • Dos mais de 545 espécies de arbovírus conhecidos, cerca de 150 causam doença em humanos. - Os arbovírus estão inseridos na ordem: ‣ Bunyavirales: famílias Peribunyaviridae, Nairoviriade e Phenuiviridae. ‣ Famílias Flaviviridae (no gênero Flavivírus) e Togaviridade (no gênero Alphavírus). - Possuem importância muito grande no BRA, devido ao clima tropical e à grande floresta aqui. Epidemiologia: - Ciclo enzoótico: • Vertebrados: aves silvestres (migração do vírus), roedores, marsupiais, primatas, morcegos, répteis, edentados. - Mantém o vírus na natureza. • Vetores: mosquitos, carrapatos, flebotomíneos e culicóides (mosquito pólvora). • Homens: hospedeiros incidentais (não fazem parte do ciclo normal, acabam adentrando nesse ciclo). - O único continente onde os arbovírus não são endêmicos é o Antártico. - Brasil: constituido por grande extensão terrestre, predominantemente tropical. • Combinação do vasto ecossistema do Brasil e o clima aos desmatamentos, urbanização desordenada e saneamento básico precário em diversas regiões, tem-se um ambiente muito favorável para o desenvolvimento dos vetores, como os mosquitos dos gêneros Aedes, Haemagogus, Culex e Culicoides. - Arbovírus emergentes e reemergentes no Brasil: - Vírus emergentes: vírus novos. - Vírus reemergentes: desapareceram e surgiram novamente. - Principais arbovírus no Brasil: Catarina Alipio XXIIB 1 Virologia - Edgar 04/09 - 11/09 ATD1 - Esses vírus se apresentam em “ondas”: possuem momentos de picos intercalados com momentos mais brandos. Aspecto virológico: Flaviviridae: ✓ RNA fita simples de polaridade positiva (5’ —> 3’). ✓ 40 a 60nm. ✓ Possui envoltório. ✓ Simetria icosaédrica. ✓ Espículas: fixação na célula. ✓ Proteínas estruturais pré-M-E (espículas) e C (core) e não estruturais (enzimáticas): NS1, NS2, NS3, NS4 e NS5. ➡ Vetor: mosquito e carrapatos. - Ciclo replicativo do Flavivírus: • Utiliza-se de vários receptores. - Heparan sulfato. - Receptor de manose. - TAM. - TIM. - DC-Sion. • Interiorização por endocitose. - Clatrina: facilita a endocitose e o englobamento do vírus por endocitose. • Fusão do envelope à membrana da vesícula: libera o RNA viral. - Um parte desses RNA+ fazem a síntese proteíca por RNAm. - E outra parte desses RNA+ se transformam em RNA- para formação de um novo genoma viral, do tipo RNA+. Togaviridae: ✓ RNA de fita simples de polaridade positiva. ✓ 60 a 70nm. ✓ Envelopados. ✓ Simetria icosaédrico. ➡ Vetor: mosquito. - Ciclo viral do Togaviridae: muito semelhante ao Flavivírus. • Não se conhece ao certo os receptores. Bunyaviridae: ✓ Três segmentos RNA de polaridade negativa. ✓ 90 a 120nm. ✓ Envoltório. ✓ Simetria helicoidal. • Cada segmento de DNA é envolto por um capsídeo dando a simetria helicoidal. Tudo isso Catarina Alipio XXIIB 2 Virologia - Edgar 04/09 - 11/09 ATD1 agrupado dentro de um envoltório em torno desses multicapsídeos. • Cada segmento será responsável pela formação de um tipo de proteína. ✓ Glicoproteínas hemoaglutinanates (hemácias de pinto e ganso). ➡ Vetor: mosquito, carrapato e flebótomos. - Ciclo viral do Bunyaviridae: • Por ação da clatrina, ocorre a endocitose viral. • RNA - deve se transformar em RNA +, assim ele consegue produzir as enzimas estruturais e depois, alguns RNA + voltam para a polaridade negativas, sendo estes RNA genômicos que se integrarão ao novo vírus formado. Doenças causadas por arbovírus: Encefalite equina do Leste (EEEV): - Quando o mosquito pica o hospedeiro (homem) suas glândulas injetam um anticoagulante para que o sangue passe pelo canal para o mosquito de forma correta, porém ao mesmo tempo que ele injeta o anticoagulante, ele injeta o vírus no sangue do homem. - O EEEV é o Togavírus mais invasivo e neurovirulento (tropismo para o SNC), com altas taxas de encefalite, mortalidade e morbidade, tanto para os seres humanos quanto para os cavalos. • Cavalo —> homem —> homem. • Homem passou a ser uma fonte do vírus. • Vetor: mosquito (Culiseta melanura). - Quadro clínico: encefalite (processo inflamatório do encéfalo). ✓ Deficiência intelectual. ✓ Alterações de personalidade. ✓ Paralisia espáticas. ✓ Epilepsia. - Transmissão: já foi descrito via aerossóis (agente bioterrorismo —> problema de saúde pública). - Em cavalos no BRA: Pernambuco, Ceará e Paraíba. • Somente 1 caso fatal no BRA. Vírus da encefalite de Saint Louis (SLEV): - Isolado em epidemia de meningoencefalite, nos EUA EM 1932. - Aves migratórias de longa distância são reservatórios desses vírus. - SLEV da estripe Brasil são 68 e se agrupa filogeneticamente com os vírus norte-americanos. • Vetor: Culex declarator e Culex coronation. • Reservatórios: aves silvestres, macacos, preguiças, tatus e marsupiais. • Isolado em 2 pacientes ictéricos na Amazônia (década de 60). • Em 2004, no Sudeste, apareceram indivíduos com sintomas de dengue, depois descobriram que era um surto de SLEV estava ocorrendo simultaneamente com um de DENV-3. • Soroprevalência de 5% na região Norte e Sudeste. Vírus Rocio: - Primeramente isolado em 1975, no Vale do Ribeira (BRA). - Rocio, bairro periférico com características rurais. ‣ O surto teve duração de 1973 a 1980, com relato de cerca de 1000 casos de encefalite e uma taxa de mortalidade de 10% e, entre os sobreviventes, 200 sofreram com sequelas de equilíbrio e mobilidade. - hoje, o vírus vive em algum animal, mantendo seu ciclo zoonótico: aves selvagens, incluindo algumas espécies migratórias, são os reservatórios. Catarina Alipio XXIIB 3 Virologia - Edgar 04/09 - 11/09 ATD1 - Vetor: mosquito Aedes e Psorophora. ‣ Presença de anticorpos neutralizantes foi detectada em pessoas que vivem em áreas reais das regiões Sudeste e Nordeste no Brasil. - É possível que este vírus circule em regiões distintas do Brasil e o seu ressurgimento na forma de surtos de encefalite grave, pode ser uma ameaça permanente. ➡ Período de incubação: 7 a 14 dias. ‣ Sintomas iniciais: febre aguda, cefaleia, perda de apetite, anorexia, mialgia, vômito, mal estar. • Sintomas comum a qualquer infecção viral. ‣ Sintomas de encefalites são tardios e incluem: ✓ Confusão mental. ✓ Distúrbios de reflexo. ✓ Incapacidade motora. ✓ Convulsões. ✓ Irritação meníngea. ✓ Síndrome cerebelar. ‣ Outros sintomas: ✓ Distensão abdominal. ✓ Retenção urinária. ‣ Sequelas graves: • Distúrbios visuais, olfativos e auditivos. • Falta de coordenação motora. • Dificuldades de equilíbrio e de deglutição. • Distúrbios de memória. Vírus Mayaro: - Em 1954 na área do Rio Guamá (Pará), foi isolado pela primeira vez. - Em 1999, foram identificados pela 1º vez no estado do Amazonas casos de doença febril causada pelo vírus. - Vetores: mosquito do gênero Haemagogus (habitam florestas). - Hospedeiros vertebrados: mamíferos. - Duração da doença: 3 a 5 dias. - Vírus de alta morbidade. - Sintomas principais: • Febre, cefaleia, mialgia, erupção cutânea, dor nas grandes articulações, artrite. • Vírus diferencial: Chikungunya (leva à cronificação). - Convalescençade febre leva, em torno de 2 semanas. - Por esse vírus também poder ser transmitido pelo mosquito Aedes, ele pode adquirir o mesmo ciclo da febre amarela, ou seja, sair da floresta (ciclo silvestre) e adquirir um ciclo urbano, disseminado para as cidades pelas aves infectadas ou humanos. • Podem adaptar-se a um novo ciclo, que envolve o homem como reservatório do vírus (ciclo urbano). - Transmissão: pelas vias aéreas (meio de disseminação viral), facilita a disseminação do vírus. Vírus Oropouche: - O OROV é o 2º arbovírus mais frequente dos causadores de doença febril no BRA. - Vírus adaptou-se ao ciclo urbano, envolvendo o homem, com mosquitos Culicoides paraenses, como principal vetor. - Estima-se que 500 mil casos de infecção por OROV têm ocorrido no BRA nos últimos 48 anos. - De 1980 a 2004 —> o vírus espalhou-se para outros 5 estados do Norte brasileiro (AM, AP, AC, RO, TO) e 1 estado na região Nordeste (MA). • Isso indica um grande potencial de epidemia, em pouco tempo. - Sintomas e evolução: ‣ A doença febril manifestou-se com fenômenos hemorrágicos, como petéquias, epistaxe e sangramento gengival. ‣ Não foi observado envolvimento do SNC. - Diferencial: doenças febris agudas —> malária e dengue. Vírus Oeste do Nilo: - O vírus Oeste do Nilo (WNV) foi primeiramente isolado na província de WestNile, Unganda, em 1937. • Começou por infecção em cavalos, nos EUA. Catarina Alipio XXIIB 4 Virologia - Edgar 04/09 - 11/09 ATD1 - 1999: surto em NY e causou morte de um grande número de aves, e causou encefalite em humanos. - Esse vírus possui um neurotropismo, causando encefalite. - Idosos foram os mais acometidos. - Vetor: mosquito urbano Culex pipieins. - 80% das pessoas infectadas são assintomáticos. - Período de incubação: 2 a 14 dias. - Quadro clínico: • Febre, cefaleia, fadiga, exantema, nódulos linfáticos palpáveis e dor ocular. • Mais grave: meningite e encefalite. - Sugere que o WNY já esteja estabelecido no BRA (pantanal). • Nenhum caso humano no BRA. - Existem alguns relatos de transmissão, nos EUA, por transfusão sanguínea e transplante de órgãos (indivíduos assintomáticos). Manifestações clínicas: arboviroses. ✓Doença febril: sintomas de gripe, como febre, cefaleia, dor retro-orbital e mialgia. ✓Síndrome neurológica: mielite, meningite e/ou encefalite, com mudanças de comportamento, paralisia, paresia, convulsões e problemas de coordenação. ✓Erupções cutâneas e artralgia: exantema ou rush maculopapular, poliartralgia e poliartrite. ✓Síndrome hemorrágica: petéquias, hemorragia e choque combinado com uma redução intensa das plaquetas. • Febres hemorrágicas. • Dengue e febre hemorrágica. ✓Encefalites: Togaviridae, Flaviviridae, Bunyaviridae = encefalitogênicos. • Período de incubação: 5 a 15 dias. • Início repentino: febre elevada, cefaleia, vômitos, confusão mental, sonolência, rigidez de nuca, tremores, nistagmo, espasticidade, fraqueza muscular e paralisia. • Casos graves: delírios, convulsões, letargia e coma. • Letalidade alta: - Encefalite equina venezuelana = 0,5%. - Encefalite do Nilo ocidental = 1,0% - Encefalite equina do oeste = 2 a 3%. - Encefalite de Saint Louis = 5 a 10%. • BRA: encefalite pelo vírus Rocio (10% de letalidade). Quadro clínico: ➡Zika: - Gestantes acometidas pelo vírus ZIka davam a luz a crianças com microcefalia (transmissão vertical). . - No indivíduo adulto: ❖ Febre aguda usualmente acompanhada de erupções cutâneas. ❖ Mialgia. ❖ Conjuntivite e outros achados oculares. ❖ Síndromes neurológicas. - Sd de Guillain-Barré —> evento neurológico que o indivíduo vai sofrendo uma para-paresia não espástica ascendente, que na maioria das vezes, se auto resolve. ➡Chikungunya: - Febre aguda acompanhada de mialgia, erupções cutâneas e artralgias deformantes (principal). • Artralgia é a mais prevalente, e a dor e o inchado desaparecem após alguns dias, mas alguns casos podem evoluir para cronificidade. - Complicações: • Meningoencefalite (neonatos). • Doença hemorrágica. ➡Mayaro: - Artralgia e mialgia. - Seus sintomas desaparecem, normalmente após 3 a 10 dias. • Exceção da artralgia que pode durar meses. Catarina Alipio XXIIB 5 Virologia - Edgar 04/09 - 11/09 ATD1 ➡Oropouche: - Febre aguda, mialgia, artralgia e vômitos. Sintomas que aparecem juntamente com a viremia. - Complicação: meningite. - Indivíduos atingidos têm completa recuperação, sem sequelas. Diagnóstico diferencial clínico: Arboviroses: desafios. - Grande desafio de saúde, tanto no brasil, como no mundo. Isso é atribuído à diversos fatores: ✓ Semelhança existente entre suas manifestações clínicas (dificuldade de diagnóstico clínico e laboratorial). ✓ A falta de tratamento específico. ✓ Variedade de sorotipos de um mesmo agente etiológico. ✓ Ausência de vacinas para a maioria desses arbovírus. ✓ Controle dos vetores para a prevenção dessas doenças (impossível). - Como evitar? ➡ Investimento em campanhas de combate aos vetores. ➡ Pesquisas para desenvolvimento de antivirais, vacinas e diagnósticos. ➡ Bom entendimento da estrutura e patogênese desses vírus. Febre amarela: Histórico: - Primeira arbovirose diagnosticada frente a uma febre hemorrágica. Importância muito grande devido â alta mortalidade dela, desde do século XVI até o século XX. - Primeiro surto foi na Bahia, decorrente de navios negreiros, que traziam mosquitos já infectados pelo vírus. - 1692: Antônio Vieira. • Descreve casas cheias de moribundos, a igrejas, cheias de cadáveres e as ruas, de tumbas. • Primeiro registro de febre amarela no Brasil (BA). - 1849: Rio de Janeiro. - 1901: Walter Reed. • Estabelece a importância do mosquito na epidemiologia da febre amarela. Consegue fazer um trabalho de eliminação da febre amarela na Ilha. - 1923: Rio de Janeiro. - 1950: erradicação da febre amarela urbana do BRA. • Advento da vacina amarílica. - Oswaldo Cruz: incentivou os cuidados acerca da febre amarela (isolamento dos doentes, eliminação dos mosquitos próximos…), para conseguir eliminar basicamente a febre amarela (urbana). até hoje temos a febre amarela silvestre. • África: ainda existe febre amarela urbana. Estrutura do vírus: - Vírus da febre amarela pertence à família Flaviviridae. • RNA fita simples de polaridade positiva. • 40-60nm. • Com envoltório. Catarina Alipio XXIIB 6 Virologia - Edgar 04/09 - 11/09 ATD1 • Simetria icosaédrico. • Proteínas estruturais pré M-E (espículas de ligação do vírus à célula) e C e não estruturais de ação enzimática (NS1, NS2, NS3, NS4 e NS5). - Proteína M: função de ligação do vírus e fusão do envelope à membrana citoplasmática e “start” do ciclo viral. - Proteína E: ponto de ligação do envelope à membrana. - São proteínas imunogênicas: sistema imunológico do hospedeiro é capaz de produzir anticorpos contra essas proteínas. • São proteínas que estimulam o sistema imune do hospedeiro (proteção). • Possuem regiões longas de leitura (ORFs) para transcrição genômica e síntese proteíca. • Vetor: mosquito e carrapatos. Febre amarela: conceito. - Doença febril aguda, causada pelo flavivírus, da família Flaviviridae. - É um arbovírus. - RNA polaridade positiva, envelopado, medindo 40-80nm. - Transmissão ao homem por mosquitos vetores. - 10% desenvolvem a forma grave e destes (hemorrágica), possuem letalidade 20 a 50%. - 2018: epidemia de febre amarelado BRA, inclusive em São Paulo. • Risco de retorno da febre amarela urbana. Epidemiologia: - Ciclo silvestre: • Vírus exótico: circula entre os animais na florestas, estes chamados de amplificadores, pois mantém o vírus vivo circulante na floresta. • Região amazônica/ planalto central (região endêmica). • Hospedeiros: macacos (principal reservatório).- Guariba ou bugios (gênero Alouatta) são macacos satélites, que morrem durante a infecção, dando a entender a “volta” da febre amarela. - Macaco prego (gênero Cebus) possuem resistência à essa infecção. - Marsupiais e roedores também podem albergar o vírus. • Vetores: Haemagogos janthinomys e leucocelaenus; Sabethes chloropterus. - São encontrados somente na floresta. - Ciclo urbano: • Homem infectado: maior hospedeiro e amplificador do vírus. - Fonte do vírus. • Vetor: Aedes aegypitis. - Transmite também outros vírus. - Hábitos diurnos. - Fêmeas: hematófagas —> ovoposição. • Elas precisam de proteínas de hemoglobina para haver a postura dos ovos, que Catarina Alipio XXIIB 7 Virologia - Edgar 04/09 - 11/09 ATD1 acontecem acima da linha da água limpa. Quando essa água umedece os ovos, ele se desenvolve. - Resiste à dessecação por mais de 1 ano (perpetuação do vírus). - Portanto, a água parada, favorece a replicação desse vetor, ou seja, são locais de perpetuação do vetor. • O vírus se desenvolve no aparelho digestivo e migra para glândulas para ocorrer replicação viral (7 a 11 dias). E quando pica o hospedeiro para conseguir se sangue, o mosquito lança de anticoagulantes no hospedeiro, juntamente com os vírus. • Quando a fêmea se replica, ela consegue passar o vírus para o mosquito filho (transmissão transovariana). Permite a manutenção do vírus em climas frios. ‣ Todos esses elementos citados acima, permitem a longevidade e perpetuação do vírus. - Comunidade humana suscetível: • Aumento do vetor. • Aumento da temperatura e umidade (épocas de chuva). - O Aedes é um vírus urbano e domiciliar, ou seja, vive em torno das casas e não ultrapassa um raio de 200 metros. - Homem infectante: 24 a 48 horas antes do sintomas e 3 a 5 dias após os sintomas. • Período longo de transmissibilidade e vírus circulante no homem. - Para cada picada em um indivíduo infectado, o mosquito inocula de mil a 100mil vírus para cada repasto. Clínica da febre amarela: como se apresenta. - Quem tem risco de contrair o vírus? • Quem não foi vacinado. • Indivíduo que entra na mata (ecoturismo). • Trabalhadores das matas. - Distribuição das formas clínicas (“icerberg”): • Infecção assintomática (40-65%): diagnóstico muito difícil. Muito comum nas epidemias virais. • Formas leves e moderada (20-30%): febre 38/39ºC, com cefaleia não tão importante. Sintomas que não chamam atenção para diagnóstico de febre amarela. • Forma grave (10-20%): febre, icterícia, sangramentos mais importantes, albuminúria. São indivíduos já internados em hospitais. • Forma maligna (5-10%): grande chance de óbito. Febre, hemorragia, síndrome hepatorrenal (disfunção). Chance de óbito de 20-50%. - Tempo de duração das principais manifestações clínicas da febre amarela: - Principais características: icterícia (envolvimento hepático importante), albuminúria, oligúria (insuficiência renal), hemorragias —> paciente grave. Catarina Alipio XXIIB 8 Virologia - Edgar 04/09 - 11/09 ATD1 • Deficiência dos fatores de coagulação podendo evoluir para uma CIVD. • Plaquetopenia. Quadro clínico: - Período de incubação: 3 a 6 dias. - Período de infecção: 3 dias de viremia. • 3 a 6 dias após o período de estado. - Forma clássica (maligna): • Febre, calafrios, cefaleia intensa, dor lombossacral, mialgia generalizada, anorexia, náuseas e vômitos, hemorragias gengivais e/ou epistaxes. • Síndrome de Faget: aumento da temperatura (febril) e bradicardia. - Período de intoxicação ou de localização (3 a 8 dias): onde os sintomas se agravam. - Forma grave: tríade. • Icterícia. • Hemorragias (melena, hematêmese, enterorragia…). - Plaquetopenia e redução da síntese dos fatores de coagulação sanguínea. • Insuficiência renal aguda (IRA). Vacina: - Vacina anti-amarílica é eficaz em 95% dos casos a partir do 10º dia, válido por 10 anos (forma não fracionada). - Feita por vírus atenuado (YF-17D). - Forma fracionada: não se sabe a longevidade. - É contraindicada em crianças < 1 ano (encefalite) e em gestantes (transmissão vertical). - Doença viscerotrópoca associada à vacina: semelhante à febre amarela, porém é raríssima. • 25 pessoas, 1 morreu com uma forma muito semelhante à forma grave da febre amarela. Dengue: Origem da palavra: - 1920: Vambery (árabe arcaica), citado por Siler = fraqueza. - Língua portuguesa/ espanhola (moura) = afetação. - 1870: Halstead (Zanzibar) “Ki-denga-Pepo” = pancada/ golpe. • Dor muscular intensa. Epidemiologia: - Sexo: não relevante. - Idade: febre hemorrágica acomete principalmente crianças < 1ano. - Raça: caucasiano. - Sazonalidade: verão (chuva). - Foram descobertos 5 sorotipos para esse vírus: DENV 1, DENV 2, DENV 3, DENV 4, DENV 5 (sendo o último descoberto recentemente somente na Ásia). - Identificação de sorotipos: - Curva epidêmica 2019/2020: Catarina Alipio XXIIB 9 Virologia - Edgar 04/09 - 11/09 ATD1 - Vetores: • Aedes aegypti: vetor urbano. • Aedes albopictus: vetor rural, silvestre. - Mantedor do vírus por transmissão transovariana da fêmea para o filho. - Ciclo enzoótico em primatas no sudeste Asiático (não se vê no BRA). • Amplificadores da dengue. Clínica da dengue: - Período de incubação: 2 a 7 dias. - Fases: dengue é uma doença dinâmica, ou seja, se apresenta de várias formas. • Subclínica. • Dengue. • Dengue com sinais de alarme. • Dengue grave. - Caso suspeito: • Paciente com febre, usualmente de 2 a 7 dias, acompanhada de pelo menos dois dos seguintes sintomas: - Náuseas, vômitos, exantema (3º dia de doença), mialgia, artralgia, cefaleia, dor retro-orbital, petéquias ou prova do laço positiva (fragilidade capilar) ou leucopenia. - E nos últimos 14 dias ter estado em local com presença de vetores ou com transmissão de dengue. • Atenção: também pode ser caso suspeito toda criança proveniente ou residente em área com transmissão de dengue com quadro febril agudo, usualmente de 2 a 7 dias, e sem foco de infecção aparente. - Menores de 1 ano evoluem para forma mais grave da doença: quadros hemorrágicos. - Mãe que teve dengue, passa os anticorpos para o filho, portanto, se a criança tiver pela 1x dengue, ela já terá anticorpos, como se fosse uma 2ª exposição, podendo levar ao quadro hemorrágico causado pela exacerbação de citocinas do sistema imune. - Prova do laço: mostra fragilidade capilar (dos vasos) e leucopenia que atuam na formação das petéquias. • Demarca um quadrado de +/- 2,5cm. • Mede-se a pressão do indivíduo e insufla-se o manguito até a média estimada de PA (PA+PD/2). • Conta-se a quantidade de petéquias no quadrado demarcado. Positivo quando… - Criança > 10 petéquias. - Adulto > 20 petéquias. - Dengue com sinais de alarme: podem evoluir para forma grave. ✓ Dor abdominal intensa e contínua, ou dor à palpação do abdome. ✓ Vômitos persistente. ✓ Presença de derrame cavitário (ascite, derrame pleural, derrame pericárdico) —> por saída de componentes do vaso para o meio extra-celular. ✓ Sangramento de mucosas (gengivorragia e/ou epistaxe). ✓ Letargia ou irritabilidade. ✓ Hipotensão postural e/ou lipotimia —> decorrente do processo inflamatório que causa vasodilatação. ✓ Hepatomegalia maior que 2cm. ✓ Aumento progressivo do hematócrito —> hemoconcentração por derramamento do plasma para o meio extra-vascular. - Maior risco de evolução para dengue grave: • De 3 a 6 dias após o início dos sintomas, quando ocorre desaparecimento da febre. - Dengue grave: paciente com febre hemorrágica. ➡ Choque (hipovolêmico). ➡ Sangramento grave (hematêmese, metrorragia volumosa…). ➡ Comprometimento grave de órgãos (insuficiência hepática, miocardite, alteração dos níveis de consciência). Catarina Alipio XXIIB 10 Virologia - Edgar04/09 - 11/09 ATD1 Fisiopatogenia: resposta imune. - Quando o vírus penetra, ele vai para as células dendríticas mielóides próximas (células de Langhans) e fibroblastos. - Os vírus se replicam (24 hrs depois) nessas células iniciais e migram para linfonodos, músculos estriados e liso (intensa mialgia) e por fim, ocorre a viremia (3 a 6 dias após a picada). - Quando o vírus cai na corrente sanguínea, ele possui um tropismo acentuado para macrófagos livres e fixos, portanto, essas células acabam mantendo a replicação viral. • Macrófagos: local de replicação viral e manutenção da viremia. - Infecção primária: • IgM: a partir do 4º dia, aumenta no 8º dia e diminui após meses. É um anticorpo neutralizante. • IgG: aparece mais tardiamente e dá a memória ao indvíduo para o sorotipo específico da dengue. - Predomínio de resposta tipo celular (CD4/ CD8 = NS1 e NS2 - relação com Ag não estruturais capazes de desencadear uma resposta imune celular). • Permitem a integração do linfócito T citotóxica às células infectadas pelos vírus. - Fisiopatogenia da febre hemorrágica da dengue: • Primo-infecção: sistema imune controla essa infecção, paciente não evolui para forma grave, a não ser que o próprio vírus adquira uma virulência muito acentuada. - Ex: infecção por DENV1 e produção de anticorpos para esse sorotipo. • A febre hemorrágica acontece mais comumente em uma segunda exposição ao vírus da dengue, de outro sorotipo, diferente da primo-infecção. - Ex: infecção secundária de DENV3, anticorpos neutralizantes já existentes anti-DENV1, possuem capacidade de se ligar à esses vírus DENV3. • Quando o indivíduo produz anticorpos, alguns ficam aderidos à membrana dos macrófagos. Então quando o indivíduo entra em contato (2ª infecção) com o DENV3, a interação com o anticorpo da membrana do macrófago, facilita a entrada do DENV3 no macrófago. - Abundância de carga viral no macrófago. - 2ª exposição, por essa motivo, terá uma carga viral muito mais acentuada. • O macrófago, por ser uma APC, estimula linfócitos T CD4, que estimulam linfócitos T CD8. - O sistema imunológico responde de uma forma exacerbada, com a produção enorme de citocinas, que aumentam a atividade macrofágica do macrófago (aumenta mais ainda citocinas) que altera a parede os vasos, com saída de elementos sanguíneos do vaso (ascite, derrames…). • Produção de tromboplastina pelo macrófago, que o vaso, estimula formação de trombos. • Portanto a febre hemorrágica, se dá pela resposta imune, com alta produção de citocinas que alteram a permeabilidade do vaso, causam vasodilatação…. • O vírus pode agir diretamente na célula endotelial, com ativação do sistema complemento, que gera um processo inflamatório. Essa fato também fragiliza a parede endotelial e aumenta a permeabilidade capilar. • Todos esses processos levam à: ✓ Fragilidade capilar. ✓ Aumento na permeabilidade capilar. ✓ Consumo de plaquetas (plaquetoenia). ✓ Hemoconcentração. Catarina Alipio XXIIB 11 Virologia - Edgar 04/09 - 11/09 ATD1 - Obs: Vacina só é dada para quem já teve dengue, exatamente pelo fato dessa exacerbação do sistema imune frente a presença de uma infecção já com a existência de anticorpos. Diagnóstico: - Sorologia específica para dengue: a partir do 6ª dia. • Antes disso: falso-positivo. • 6º dia: IgM elevado (pico: 8º dia). - Maior parte de diagnóstico é clínico. Controle da dengue: - Controle com vetor, evitando o acúmulo de água parada. Catarina Alipio XXIIB 12
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