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8-Obesidade e sindrome metabolica - Copia

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Obesidade e Síndrome Metabólica 
Histologia do tecido adiposo 
É um tipo especial de conjuntivo no qual se observa predominância de células adiposas 
(adipócitos). Essas células podem ser encontradas isoladas ou em pequenos grupos no tecido 
conjuntivo frouxo, porém a maioria delas forma grandes agregados, constituindo o tecido 
adiposo distribuído pelo corpo. 
Em pessoas de peso normal, o tecido adiposo representa de 20 a 2S% do peso corporal na 
mulher e de IS a 20% no homem. 
É o maior depósito corporal de energia, sob a forma de triglicerídeos. As células hepáticas e o 
músculo esquelético também acumulam energia, mas sob a forma de glicogênio. Como os 
depósitos de glicogênio são menores, os grandes depósitos de triglicerídeos do tecido adiposo 
são as principais reservas de energia do organismo. 
 Os triglicerídeos são mais eficientes como reserva energética porque fornecem 9,3 kcal/g contra 
apenas 4,I kcal/g fornecidas pelo glicogênio. Os triglicerídeos do tecido adiposo não são 
depósitos estáveis, porém se renovam continuamente, e o tecido é muito influenciado por 
estímulos nervosos e hormonais. Além do papel energético, o tecido adiposo tem outras 
funções. 
Localizado sob a pele, modela a superfície, sendo em parte responsável pelas diferenças de 
contorno entre os corpos da mulher e do homem. 
Forma também coxins absorventes de choques, principalmente na planta dos pés e na palma 
das mãos. Como as gorduras são más condutoras de calor, o tecido adiposo contribui para o 
isolamento térmico do organismo. Além disso, preenche espaços entre outros tecidos e auxilia 
a manter determinados órgãos em suas posições normais. O tecido adiposo tem também 
atividade secretora, sintetizando diversos tipos de moléculas. 
Há duas variedades de tecido adiposo, que apresentam distribuição, estrutura, fisiologia e 
patologia diferentes. Uma delas é o tecido adiposo comum, amarelo ou unilocular, cujas células, 
quando completamente desenvolvidas, contêm apenas uma grande gotícula de gordura que 
ocupa quase todo o citoplasma. A outra variedade é o tecido adiposo pardo ou multilocular, 
formado por células que contêm numerosas pequenas gotículas lipídicas e muitas mitocôndrias. 
TECIDO ADIPOSO UNILOCULAR 
Histogênese: As células adiposas uniloculares originam-se no embrião a partir de células 
derivadas do mesênquima, os lipoblastos. Essas células são morfologicamente semelhantes a 
fibroblastos, porém precocemente acumulam gordura neutra no seu citoplasma. As gotículas 
lipídicas são inicialmente isoladas, mas muitas se fundem, formando a gotícula única 
característica da célula adiposa unilocular. 
 
A cor do tecido unilocular varia entre o branco e o amarelo-escuro, dependendo da dieta 
ingerida. Essa coloração deve-se principalmente ao acúmulo de carotenos dissolvidos nas 
gotículas de gordura. Praticamente todo o tecido adiposo encontrado em humanos adultos é do 
tipo unilocular; é distribuído pelo corpo, e seu acúmulo em determinados locais é influenciado 
pelo sexo, pela constituição genética e pela idade do indivíduo. Além do papel como reserva 
energética, o tecido adiposo unilocular tem outras importantes funções. 
 Localizado sob a pele, forma o panículo adiposo, camada que modela a superfície corporal. Tem 
espessura uniforme por todo o corpo do recém-nascido. Com a idade, o panículo adiposo tende 
a desaparecer de certas áreas, desenvolvendo-se em outras. 
O tecido adiposo unilocular forma também coxins absorventes de choques mecânicos, 
principalmente na planta dos pés e na palma das mãos. Como as gorduras são más condutoras 
de calor, ele é um importante fator para o isolamento térmico do organismo. Além disso, 
preenche espaços entre outros tecidos e ajuda a manter determinados órgãos em suas posições 
normais. O tecido adiposo tem também atividade secretora, sintetizando e secretando diversos 
tipos de fatores e hormônios. 
 Células adiposas uniloculares 
As células adiposas uniloculares são grandes, em geral com 50 a 150 μm de diâmetro. Quando 
isoladas, são esféricas; porém, quando se reúnem para formar o tecido adiposo, se tornam 
poliédricas devido à compressão recíproca. Sua gotícula lipídica única é removida pelos 
solventes orgânicos utilizados na técnica histológica; por isso, nos cortes histológicos rotineiros, 
cada célula mostra apenas uma delgada camada de citoplasma na periferia da célula, como se 
fosse um anel em torno do espaço deixado pela gotícula lipídica removida. 
Seu núcleo, geralmente alongado, situa-se em alguma região do anel citoplasmático. A 
demonstração dos lipídios pode ser feita nos cortes histológicos obtidos por congelamento, sem 
a passagem dos tecidos nos solventes de lipídios, e corados com sudan III (alaranjado) ou sudan 
black. Nos preparados histológicos rotineiros, a fina camada de citoplasma restante após a 
remoção dos triglicerídios frequentemente se rompe, distorcendo a estrutura do tecido. 
O microscópio eletrônico mostrou que, além da gotícula lipídica principal, existem outras muito 
menores. Cada célula adiposa é envolvida por uma lâmina basal, e sua membrana plasmática 
mostra numerosas vesículas de pinocitose. 
Todas essas gotículas, independentemente do tamanho, são desprovidas de membrana 
envolvente. Portanto, a grande gota de gordura, assim como eventuais gotas menores, 
encontram-se no citosol da célula. Delimitando cada gota (ou gotas) de triglicerídeos há uma 
fina capa composta por uma monocamada de fosfolipídios e proteínas, a qual forma uma 
interface termodinamicamente estável entre os triglicerídeos hidrofóbicos e a água do citosol. 
O tecido unilocular apresenta septos de tecido conjuntivo propriamente dito, que contêm vasos 
e nervos que servem às células adiposas. Desses septos partem delgadas fibras reticulares 
(colágeno III) que sustentam as células adiposas individualmente. A vascularização do tecido 
adiposo é muito abundante quando se considera a quantidade relativamente pequena de 
citoplasma ativo. A relação volume de capilar sanguíneo/volume de citoplasma é maior no 
tecido adiposo do que no músculo estriado, por exemplo. 
 Deposição e mobilização dos lipídeos 
Conforme já mencionado, os depósitos de TAG do organismo são dinâmicos, sendo removidos 
e acrescentados constantemente. Em caso de necessidade energética, a retirada dos lipídios não 
se faz por igual em todos os locais. Primeiro, são mobilizados os depósitos subcutâneos, os do 
mesentério e os retroperitoneais, enquanto o tecido adiposo localizado nos coxins das mãos e 
dos pés, assim como no fundo das órbitas dos olhos, resiste a longos períodos de desnutrição. 
Os triglicerídeos armazenados nas gotículas de lipídios originam-se de diferentes maneiras: 
-Absorvidos da alimentação e levados até as células adiposas pela circulação sanguínea na forma 
de triglicerídeos, formando as partículas dos quilomícrons. 
-Oriundos do fígado e transportados pela circulação até o tecido adiposo, sob a forma de 
triglicerídeos constituintes das lipoproteínas de pequeno peso molecular (VLDL). 
-Formados pela síntese nas próprias células adiposas a partir da glicose. Esse processo, 
denominado lipogênese, inicia-se pela síntese de ácidos graxos a partir de moléculas de 
acetilcoenzima A (acetil-CoA) (constituídas de dois átomos de carbono) obtidas de várias fontes, 
principalmente glicose. Ácidos graxos são esterificados com uma molécula de glicerol, formando 
uma molécula de TAG. 
Os quilomícrons são partículas cujo diâmetro pode alcançar 3 μm, formadas pelas células 
epiteliais do intestino delgado a partir dos nutrientes absorvidos. 
São constituídos por 90% de triglicerídeos e pequenas quantidades de colesterol, fosfolipídios 
e proteínas. Após deixarem as células epiteliais, os quilomícrons penetram nos capilares 
linfáticos do intestino e são levados pela corrente linfática, alcançando finalmente a corrente 
sanguínea, que os distribui pelo organismo. Nointerior dos capilares sanguíneos do tecido 
adiposo, graças à enzima lipase lipoproteica, produzida pelas células adiposas, ocorre a hidrólise 
dos triglicerídeos dos quilomícrons e também das lipoproteínas (VLDL) plasmáticas. 
Seus componentes– ácidos graxos e glicerol – são liberados e se difundem para o citoplasma das 
células adiposas. No citoplasma dos adipócitos, eles se recombinam para formar novas 
moléculas de triglicerídeos, que são depositadas nas gotas lipídicas. 
Além de receber ácidos graxos pela circulação sanguínea, as células adiposas podem sintetizar 
ácidos graxos e glicerol a partir de glicose, processo que é acelerado pela insulina. Esse hormônio 
estimula também a penetração da glicose na célula adiposa e em outras células. Quando 
necessária, a hidrólise dos triglicerídeos é desencadeada principalmente por ação de 
norepinefrina. Esse neurotransmissor é liberado nas terminações pós-ganglionares dos nervos 
simpáticos que inervam o tecido adiposo e é captado por receptores da membrana dos 
adipócitos. Estes ativam a enzima lipase sensível a hormônio, promovendo a liberação de ácidos 
graxos e glicerol – processo chamado lipólise. Os ácidos graxos e o glicerol difundem-se pelo 
citosol para fora da célula, em direção aos capilares do tecido adiposo. 
Após penetrarem na corrente sanguínea, os ácidos graxos, que são quase insolúveis na água, 
ligam-se à parte hidrofóbica das moléculas de albumina do plasma sanguíneo e são 
transportados pela circulação para outros tecidos, nos quais serão utilizados como fonte de 
energia. O glicerol é solúvel no plasma, circula no sangue e é captado pelas células do fígado e 
de outros locais, sendo reaproveitado. 
Após longos períodos de alimentação deficiente em calorias, o tecido adiposo unilocular perde 
quase toda a sua gordura e se transforma em um tecido com células poligonais ou fusiformes, 
com raras gotículas lipídicas. 
 
 Secreção pelo tecido adiposo 
O tecido adiposo unilocular é também um órgão secretor. Ele sintetiza várias moléculas, como 
a lipase lipoproteica, que fica ligada à superfície das células endoteliais dos capilares sanguíneos 
situados em volta dos adipócitos e cliva os triglicerídios do plasma. 
A leptina é um hormônio proteico constituído por 164 aminoácidos, sintetizado pelos adipócitos 
e, em menor proporção, por outras células, e secretado na circulação sanguínea. 
Diversas células no cérebro e em outros órgãos têm receptores para leptina. Esse hormônio 
participa da regulação da quantidade de tecido adiposo no corpo e da ingestão de alimentos. 
Atua principalmente no hipotálamo, diminuindo a ingestão de alimentos e aumentando o gasto 
de energia. 
Outros hormônios secretados pelos adipócitos são a adiponectina, que diminui a liberação de 
glicose pelo fígado, e a resistina, com função hiperglicemiante. 
 Inervação do tecido adiposo. 
O tecido adiposo unilocular e o multilocular são inervados por fibras simpáticas do sistema 
nervoso autônomo. No tecido unilocular, as terminações nervosas são encontradas na parede 
dos vasos sanguíneos, e apenas alguns adipócitos são inervados. Já no tecido multilocular, as 
terminações nervosas simpáticas alcançam diretamente tanto os vasos sanguíneos como as 
células adiposas. O sistema nervoso autônomo (simpático) desempenha importante papel na 
mobilização das gorduras quando o organismo é sujeito a atividades físicas intensas, jejuns 
prolongados ou frio. 
Tumores do tecido unilocular: Os adipócitos uniloculares com frequência originam tumores 
benignos, os lipomas, geralmente encapsulados e removidos cirurgicamente com grande 
facilidade. Os tumores malignos dos adipócitos uniloculares, ou lipossarcomas, são muito menos 
frequentes do que os lipomas, porém de tratamento muito mais difícil porque facilmente 
formam metástases. Lipossarcomas costumam aparecer somente em pessoas com mais de 50 
anos de idade. 
TECIDO ADIPOSO MULTINODULAR 
Histogênese: Sua formação é diferente da observada no tecido unilocular. As células 
mesenquimais que formam o tecido multilocular tornam-se epitelioides, adquirindo um aspecto 
de glândula endócrina cordonal, antes de acumularem gordura. Não há neoformação de tecido 
adiposo multilocular após o nascimento, nem ocorre transformação de um tipo de tecido 
adiposo em outro. 
O tecido adiposo multilocular é também chamado de tecido adiposo pardo, por sua cor 
característica que se deve à vascularização abundante e às numerosas mitocôndrias 
encontradas em suas células. Por serem ricas em citocromos, as mitocôndrias têm cor 
avermelhada. 
 Ao contrário do tecido unilocular, que é encontrado por quase todo o corpo, o tecido pardo é 
de distribuição limitada, localizando-se em áreas determinadas – na região das cinturas 
escapular e pélvica. Esse tecido é abundante em animais que hibernam. No feto humano e no 
recém-nascido, o tecido adiposo multilocular apresenta localização bem definida. 
Como esse tecido não cresce, sua quantidade no adulto é extremamente reduzida. As células do 
tecido adiposo multilocular são menores do que as do tecido adiposo unilocular e têm forma 
poligonal. O citoplasma é carregado de inúmeras gotículas lipídicas de vários tamanhos e 
contém numerosas mitocôndrias, cujas cristas são particularmente longas, podendo ocupar 
toda a espessura da mitocôndria. 
No tecido adiposo multilocular, as células apresentam um arranjo epitelioide, formando massas 
compactas em associação a muitos capilares sanguíneos, assemelhando-se a glândulas 
endócrinas. O tecido adiposo multilocular é especializado na produção de calor, tendo papel 
importante nos mamíferos que hibernam. 
Na espécie humana, a quantidade desse tecido só é significativa no recém-nascido, tendo 
função auxiliar na termorregulação. Na época da saída da hibernação, ao ser estimulado pela 
liberação de norepinefrina nas terminações nervosas abundantes em torno das suas células, o 
tecido adiposo multilocular acelera a lipólise e a oxidação dos ácidos graxos presentes em suas 
células. Neste tecido, ao contrário do que ocorre em outros, a oxidação dos ácidos graxos 
produz principalmente calor e pouco trifosfato de adenosina (ATP). Isso se deve ao fato de suas 
mitocôndrias terem, nas suas membranas internas, uma proteína transmembrana chamada 
termogenina, ou UCP 1. Ela possibilita que os prótons transportados para o espaço 
intermembranoso voltem para a matriz mitocondrial sem que passem pelo sistema de ATP 
sintetase existente nos corpúsculos elementares das mitocôndrias. 
Em consequência, a energia gerada pelo fluxo de prótons não é usada para sintetizar ATP, sendo 
dissipada como calor. O calor aquece o sangue contido na extensa rede capilar do tecido 
multilocular e é distribuído por todo o corpo, aquecendo diversos órgãos. 
Nas espécies que hibernam, o despertar da hibernação se deve em grande parte à ação de 
estímulos nervosos no tecido multilocular, que, nesses casos, distribui calor pela circulação 
sanguínea e estimula os tecidos hibernados. 
Obesidade 
 Conceituação e classificação: 
A obesidade pode ser definida, de forma simplificada, como doença caracterizada pelo acúmulo 
excessivo de gordura corporal, sendo consequência do balanço energético positivo e que 
acarreta repercussões à saúde, com perda importante na qualidade e no tempo de vida. 
A Organização Mundial de Saúde (OMS) classifica a obesidade baseando-se no índice de massa 
corporal (IMC) definido pelo cálculo do peso corporal, em quilogramas, dividido pelo quadrado 
da altura, em metros quadrados (IMC = kg/h²(m)), e também pelo risco de mortalidade 
associada. 
A obesidade é caracterizada quando o IMC encontra-se acima de 30 kg/m². A OMS define a 
gravidade da obesidade em: 
-Grau I (moderado excesso de peso) quando o IMC situa-se entre 30 e 34,9 kg/m2 ); 
-Obesidade grau II (obesidade leve ou moderada) com IMC entre 35 e 39,9 kg/m2. 
-Obesidade grau III (obesidade mórbida) naqual IMC ultrapassa 40 kg/m². 
A distribuição da gordura corpora considera a sua localização. Há a obesidade central (androide), 
em que o tecido adiposo se localiza principalmente na parte superior do corpo, e a periférica 
(ginecoide), predominantemente na parte inferior do corpo, quadril, nádega e coxa. 
 A obesidade integra o grupo de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). As DCNTs podem 
ser caracterizadas pela sua história natural prolongada, múltiplos fatores de risco, longo curso 
assintomático e em geral lento, prolongado e permanente, com períodos de remissão e de 
exacerbação, lesões celulares irreversíveis e evolução para diferentes graus de incapacidade ou 
para a morte. 
 Causas da obesidade 
A obesidade tem causas multifatoriais e resulta de interação de fatores genéticos, metabólicos, 
sociais, comportamentais e culturais. 
Na maioria dos casos, associa-se ao abuso da ingestão calórica e ao sedentarismo, em que o 
excesso de calorias se armazena como tecido adiposo, gerando o balanço energético positivo. O 
balanço energético pode ser definido como a diferença entre a quantidade de energia adquirida 
e gasta na realização das funções vitais e de atividades em geral. 
Pode tornar-se positivo quando a quantidade de energia adquirida é maior do que a gasta, 
podendo variar entre pessoas. 
Acredita-se que fatores genéticos podem estar relacionados à eficiência no aproveitamento, 
armazenamento e mobilização dos nutrientes ingeridos, ao gasto energético, em especial à taxa 
metabólica basal (TMB), ao controle do apetite e ao comportamento alimentar. 
A obesidade pode estar associada também a algumas desordens endócrinas, como o 
hipotireoidismo e problemas no hipotálamo, mas essas causas representam menos de 1% dos 
casos de excesso de peso. 
As pessoas que referem obesidade materna e paterna apresentaram risco quase duas vezes 
mais alto de tendência à obesidade do que aqueles cujos pais não são obesos. As mulheres com 
um ou três ou mais filhos apresentam risco de obesidade quase duas ou três vezes mais alto do 
que as nulíparas, respectivamente. 
Fatores sociais, econômicos e culturais estão presentes na determinação da obesidade, 
destacando-se o novo papel feminino na sociedade e a inserção da mulher no mercado de 
trabalho. Parecem também condicionar o crescimento da obesidade à concentração das 
populações no meio urbano e à diminuição do esforço físico e, consequentemente, do gasto 
energético no trabalho e na rotina diária e à crescente industrialização dos alimentos. 
A busca de explicações para o crescimento acelerado da obesidade nas populações tem 
destacado a modernização das sociedades, a qual tem provocado mais oferta de alimentos 
aliada à melhoria das formas de trabalho devido à mecanização e à automação das atividades. 
O modo de viver foi alterado pela economia do gasto energético no trabalho e nas atividades de 
vida diária, associada à maior oferta de alimentos. Por essas razões, a obesidade vem sendo 
denominada “doença da civilização” ou “síndrome do Novo Mundo”. 
Outros fatores associados ao ganho excessivo de peso são as mudanças em alguns momentos 
da vida (ex.: casamento, viuvez, separação), determinadas situações de violência, fatores 
psicológicos (como o estresse, a ansiedade, a depressão e a compulsão alimentar), alguns 
tratamentos medicamentosos (psicofármacos e corticoides), a suspensão do hábito de fumar, o 
consumo excessivo de álcool e a redução drástica de atividade física. 
 Gasto energético corporal e sua relação com a obesidade. 
Os organismos vivos necessitam de energia para gerar trabalho e a capacidade de utilizar a 
energia química de várias fontes é propriedade de todos os seres vivos. O organismo vivo tem a 
capacidade de transformar energia química em energia mecânica para o trabalho muscular. Essa 
energia que é liberada em um dado período de tempo é denominada taxa metabólica (McArdle, 
et al., 2003). O gasto energético de acordo com McArdle et al. (2003) é dividido em: 
Taxa Metabólica Basal (TMB): é o gasto energético mínimo que uma pessoa necessita para 
desempenhar suas funções vitais no estado de vigília, mensurada sob condições padronizadas. 
Representa 60 a 75% do consumo energético total de uma pessoa sedentária. A Taxa Metabólica 
de Repouso (TMR) é, em média, ligeiramente mais alta do que a TMB. A TMR foi adotada devido 
à dificuldade da obtenção das condições de mensuração da TMB; 
Termogênese Induzida pela Dieta (TID): representa de 10 a 30% do gasto energético diário, 
sendo ente gasto relacionado com a digestão, absorção e metabolismo dos alimentos; 
Atividade Física (AF): é responsável por 15 a 30% do gasto total diário. Engloba o gasto 
energético com atividades físicas do cotidiano e também exercícios físicos, sendo a taxa que 
mais varia entre os indivíduos. 
 Controle neuroendócrino do balanço energético. 
O apetite é regulado por um sistema complexo, com sinais de origem central e 
periférica, que modula as respostas individuais do consumo e do gasto energético. O 
cérebro é reconhecido como o órgão central na regulação do comportamento 
alimentar. Este sofisticado mecanismo regulatório é controlado pelo hipotálamo, 
que informa sobre o estado nutricional e energético do organismo, por meio de 
mensagens orexígenas e anorexígenas, de origem central e periférica. Porém, o 
princípio da alimentação não parece ser regulado principalmente por sinais 
bioquímicos. 
De acordo com a “teoria glicostática”, o “centro da fome” está localizado na área 
lateral hipotalâmica, onde a percepção de baixa glicose sanguínea é reconhecida, e 
assim, conseqüentemente estimulando o consumo alimentar. Após a refeição, o 
“centro da saciedade”, localizado na região ventromedial do hipotálamo, é ativado 
desencadeando a inibição do “centro da fome”, cessando a alimentação. Conforme 
evidências recentes, o início da refeição parece ser estimulado bioquimicamente 
somente em casos severos de privação energética, enquanto que normalmente é 
controlado por fatores sociais, culturais e ambientais, que estão estreitamente 
ligados ao estilo de vida do indivíduo. 
A relação entre a ingestão e o gasto calórico (balanço energético) é um processo 
dinâmico e constante, visando, entre outras funções, estabilizar os estoques de 
gordura corporal. A homeostase energética requer um controle primário do SNC em 
resposta às mudanças nos estoques de energia periféricos. Tais alterações devem 
ocorrer nos dois lados da equação do balanço energético (ingestão e gasto) e devem 
persistir até a chegada ao ponto de equilíbrio. 
O tecido adiposo expressa e secreta uma variedade de peptídeos bioativos 
conhecidos como adipocinas, que possuem ação tanto autócrina quanto parácrina 
além do nível sistêmico (endócrina). Além disso, o tecido adiposo expressa 
receptores que permitem responder aos sinais aferentes do sistema hormonal 
tradicional assim como do sistema nervoso central. Por meio dessa interação, o 
tecido adiposo é integralmente envolvido em diversos processos biológicos incluindo 
o metabolismo energético, função imune e função neuroendócrina. Contudo, o local 
anatômico do depósito do tecido adiposo interfere na função endócrina. Os 
hormônios derivados do tecido adiposo visceral são secretados dentro do sistema 
portal com acesso direto ao fígado, enquanto os hormônios que derivam do tecido 
adiposo subcutâneo são secretados na circulação sistêmica. 
As adipocinas influenciam diversos processos fisiológicos, entre eles, o controle da 
ingestão alimentar, a homeostase energética, a sensibilidade à insulina, a 
angiogênese, a proteção vascular, a regulação da pressão arterial e a coagulação 
sanguínea. Alterações na secreção de adipocinas, conseqüente da hipertrofia e/ou 
hiperplasia dos adipócitos, podem estar relacionadas à gênese do processo 
fisiopatológico da obesidade e suas complicações. 
A complexa rede da regulação do apetite pelohipotálamo envolve os núcleos: 
arqueado, ventromedial, dorsomedial e paraventricular e as regiões lateral e a área 
perifornical. O principal núcleo envolvido no controle do consumo alimentar é o 
núcleo arqueado, que possui uma grande quantidade de neurônios produtores de 
substâncias orexígenas, que estimulam a ingestão alimentar, e anorexígenas, que 
inibem a ingestão alimentar. O núcleo arqueado integra o controle central ao 
controle periférico recebendo e transmitindo as informações referentes ao estado 
metabólico. Podemos dividir os neurônios do núcleo arqueado em dois grupos: 
1-Neurônios que expressam neuropeptídeos orexígenos: Como o Neuropepítideo Y 
(NPY) e a Proteína Relacionada à Agouti (AgRP). 
2-Neurônios que expressam neuropeptídeos anorexígenos: Como o Transcrito 
Relacionado à Cocaína e Anfetamina (CART) e o Pró- opiomelanocortina (POMC). 
Os sinais de saciedade são gerados no Trato Gastrointestinal (TGI) durante a ingestão 
alimentar. Após a entrada do alimento no TGI, vias aferentes vagais e simpáticas do 
núcleo do trato solitário (NTS), no tronco cerebral, são ativadas para que ocorra a 
transmissão das informações químicas e mecânicas provenientes das propriedades 
nutricionais. 
Estes sinais provenientes da ingestão alimentar são regulados por mecanoreceptores 
e quimioreceptores que controlam o padrão alimentar. Regulam também a 
quantidade de alimento consumido em cada refeição, induzindo o término da 
ingestão e determinando o intervalo entre as refeições. O núcleo do trato solitário 
possui receptores de POMC e leptina, sugerindo que esta área do cérebro, como o 
núcleo arqueado, pode ser a integração entre sinais periféricos de saciedade e do 
tecido adiposo com informações hipotalâmicas e supra-hipotalâmicas. Os mais 
importantes sinalizadores da saciedade são: A CKK, o glucagon, o GLP-1, GLP-2, 
apolipoproteína AIV, polipepitídeo amilóide das ilhotas pancreáticas (IAPP), 
somatostatina, enterostatina e PYY3-36. 
A redução da percepção da saciedade representa um importante fator de risco no 
desenvolvimento da obesidade. Indivíduos obesos parecem apresentar um atraso no 
aparecimento da saciedade após o consumo de uma refeição, que pode ser explicado 
por alterações hormonais em resposta à ingestão alimentar. 
LEPTINA 
A leptina caracteriza-se como um hormônio polipeptídeo de 167 aminoácidos, 
codificado pelo gene ob, que é expresso principalmente nos adipócitos. Ela atua 
como um fator de sinalização entre o tecido adiposo e o SNC, regulando a ingestão 
alimentar e o gasto energético. A ação da leptina no SNC (hipotálamo), em 
mamíferos, promove a redução da ingestão alimentar e o aumento do gasto 
energético, além de regular a função neuroendócrina e o metabolismo da glicose e 
das gorduras. A função da leptina no balaço energético, tanto pela inibição da 
ingestão quanto pelo aumento do gasto energético, tem a importante função de 
manutenção da massa corporal e prevenção da obesidade . 
A ação primária da leptina no controle do balanço energético ocorre em 2 tipos de 
neurônios no núcleo hipotalâmico arqueado (NHA): 
1 - Neurônio que expressam pró-opiomelanocortina (POMC): são 
precursores do hormônio estimulante dos melanócitos (α-MSH); 
2 - Neurônios que expressam a cocaína e a anfetamina, pela 
regulação da enzima transcriptase (CART): substâncias consideradas 
anorexígenas, ou seja, ligadas aos mecanismos de inibição da ingestão 
alimentar e aumento do gasto energético total, via ativação do sistema 
nervoso simpático. 
A leptina também inibe a expressão do neuropeptídeo Y (NPY) e Agouti related 
peptide (AgRP), que são considerados orexígênicos, pois estão envolvidos nos 
mecanismos de aumento da ingestão alimentar e diminuição do gasto energético 
(Trayhurn & Bing, 2006). 
Na regulação do balanço energético a leptina atua em conjunto com a 
colecistoquinina (CCK), que após a ingestão alimentar é liberada no intestino e age 
no nervo vagal aferente para ativar neurônios do núcleo hipotalâmico ventromedial 
que estimula a redução do consumo de alimentos. A leptina também pode atuar 
como moduladora da fome inibindo a ação da grelina que atua como um fator 
orexígeno (Blevins et al., 2002; Ueno et al., 2004). 
A secreção de leptina está diretamente relacionada à quantidade de massa adiposa. 
Estados de deficiência ou resistência a ela podem resultar em obesidade, 
susceptibilidade a diabetes Mellitus, hiperfagia, infertilidade, hipometabolismo e na 
elevação dos estoques de tecido adiposo e da concentração de glicocorticóides 
(Brown, 2008; Mancini & Halpern, 2002). 
A produção de leptina é regulada por hormônios, citocinas e pela ação do sistema 
nervoso, e é um grande fator mediador do estado nutricional desempenhando um 
importante papel no controle da fome e saciedade, influenciando no controle do 
balanço energético. Entre os mecanismos de controle, a insulina se destaca como o 
principal modulador do sinal da leptina (Klok et al., 2006). 
Crianças obesas portadoras de deficiência congênita de leptina quando tratadas com 
essa proteína, reverteram o quadro de obesidade. Contudo, em indivíduos obesos 
não ocorria o mesmo já que esses apresentam altas concentrações de leptina no 
sangue (hiperleptinemia), indicando uma resistência à ação dessa proteína. A razão 
pela qual ocorre tal mecanismo tem sido estudada, no entanto acredita-se que a 
ocorrência de mutações nos receptores de leptina culmina numa resistência aos 
efeitos do controle da ingestão de alimentos atribuídos a essa adipocina (Velloso, 
2006). 
Estudos sobre a obesidade sugerem que a resistência a leptina poderia resultar ainda 
de um defeito no transporte da leptina ao SNC ou um defeito pós-receptor, levando 
a uma falha na ativação dos mediadores neuroendócrinos reguladores da massa 
corporal (Trayhurn & Bing, 2006; Brown, 2008; Druce & Bloom, 2006). 
A síntese de leptina pode ser regulada ou influenciada pela adiposidade, por fatores 
nutricionais e hormonais. Porém o excesso de massa adiposa tem sido relatado como 
um fator determinante da leptinemia. No período da puberdade, verifica-se o 
aumento da secreção de leptina sendo diretamente proporcional ao aumento da 
massa adiposa, principalmente no gênero feminino (Banks & Lebel, 2002; Cnop et 
al., 2002; Goumenou et al., 2003). 
GRELINA 
A grelina foi descoberta por Kojima et al. em 1999 e é um peptídeo composto por 28 
aminoácidos, produzido predominantemente na mucosa do estômago, que estimula 
o hormônio do crescimento e está envolvido na regulação da homeostase energética 
e no aumento da expressão do gene NPY. A grelina pode ser encontrada também no 
intestino, no pâncreas, nos rins, no sistema imune, no hipotálamo, nos pulmões e na 
placenta, porém em quantidades menores. 
A grelina apresenta-se diretamente envolvida na regulação do balanço energético. 
Seu principal sítio de produção é o estômago e atua como um sinalizador do intestino 
para o cérebro, estimulando o apetite e a adipogênese. É um antagonista da leptina 
e ambos têm sua ação através da modulação do NPY. Este efeito é mediado, ao 
menos em parte, por excitação de neurônios do núcleo arqueado que co-expressam 
dois peptídeos orexigênicos: NPY e a AgRP. O AgRP antagoniza o MC4R (Melanocortin 
4 receptor), desta forma inibindo a sinalização anorexígena do sistema da 
melanocortina, enquanto o NPY estimula fortemente a ingestão alimentar. 
Em relação à síntese e liberação, a grelina é encontrada em maior quantidade nos 
momentos que antecedem a alimentação e em menor quantidade após a ingestão 
alimentar, evidenciando que ela está claramente associada ao estímulo para o início 
de uma refeição. A restrição energética em humanos aumenta a expressão e 
secreção de grelina. 
A inibição da grelina provavelmente ocorre por meio dos peptídeos liberados pelo 
trato digestório em presença do alimento, transmitidos para o SNC, que por sua vez, 
responde com a redução da secreção de grelina. O aumento da glicemia e da 
insulinemia são os estímulos maispotentes, fazendo do carboidrato o principal 
nutriente supressor de grelina, seguido pela proteína e por último, pelos lipídeos da 
dieta. 
A maioria dos obesos apresenta níveis de grelina inferiores aos detectados em 
indivíduos eutróficos, demonstrando uma associação negativa deste peptídeo com o 
IMC (Vendrell et al., 2004). Apesar de indivíduos obesos terem níveis baixos de 
grelina, normalmente não apresentam queda nos níveis de grelina circulantes após 
a ingestão alimentar, sugerindo uma possível relação da grelina com a gênese da 
obesidade. 
Devido a sua descoberta recente, existem poucos estudos que verificam os efeitos 
da intervenção multidisciplinar sobre os níveis plasmáticos de grelina. Um estudo 
realizado por Morpurgo et al. (2003), verificou que um programa multidisciplinar 
incluindo exercícios aeróbios, orientação nutricional e psicológica em um período de 
3 semanas, foi possível observar que o grupo de indivíduos obesos apresentou níveis 
plasmáticos de grelina menores que o grupo de indivíduos eutróficos no início do 
estudo, porém após o período de intervenção o grupo de obesos reduziu massa 
corporal e IMC, mas nenhuma alteração ocorreu com relação aos níveis de grelina. 
Devido ao curto período de intervenção e a escassez de trabalhos relacionados, não 
é possível afirmar se os níveis de grelina sofrem modificações após intervenção 
multidisciplinar, evidenciando a necessidade de mais estudos sobre tema. 
α-MSH 
O pró-ópio-melanocortina (POMC) é expresso no núcleo arqueado e precursor da α-
Melanotropina (αMSH), que representa um dos reguladores mais importantes do 
balanço energético. Em ratos, o aumento de mais de 5% da massa corporal induz a 
hiperalimentação involuntária seguido de um aumento da expressão do POMC e 
sinais de anorexia (Valassi et al., 2008). 
Os efeitos anorexígenos da melanocortina são mediados por dois receptores, o MC3R e o MC4R, 
que se situam em grande quantidade no cérebro, particularmente no núcleo arqueado. Em 
humanos, mais de 5% dos casos de obesidade mórbida estão associados com mutações do gene 
MC4R. Recentemente foi encontrado que a mutação do gene MC3R pode ser responsável pela 
obesidade e pela resistência à insulina. A necessidade do entendimento do sistema 
melanocortinérgico como um mediador dos sinais anorexigênicos, encoraja os pesquisadores a 
utilizar moléculas agonistas e antagonistas para o tratamento dos distúrbios alimentares. 
MCH 
O Hormônio Concentrador de Melanina (MCH) é um neuropeptídeo cíclico de 19 aminoácidos 
que é expresso na região perifornical, na zona incerta e no hipotálamo lateral e possui função 
orexígena. O nível de RNAm do MCH encontra-se aumentado no jejum e após a ingestão 
alimentar é restaurado (Mancini & Halpern, 2002). Em ratos ob/ob deficientes de leptina, os 
níveis do RNAm do MCH estão aumentados e a administração de leptina reduz a expressão de 
MCH (Valassi et al., 2008). Embora exista um antagonismo funcional entre MCH e αMSH, a 
ativação de ambos acontece em receptores distintos. 
Síndrome metabólica 
 Definição: 
Ao contrário do que se tem pensado, a síndrome metabólica (SM) não é uma 
entidade patológica nova. De acordo com Nilsson1 (2006), Giovanni Battista 
Morgagni descreveu uma associação entre obesidade visceral, hipertensão, 
hiperuricemia (excesso de ácido úrico no sangue que revela dano renal), 
aterosclerose e apnéia obstrutiva do sono ainda em 1765. Porém, o termo SM 
somente foi sugerido em 1921 pelos médicos Karl Hitzenberger e Martin Richter-
Quittner em Viena. 
 Fisiopatologia 
A obesidade visceral ou central (abdominal) é caracterizada por uma distribuição da 
gordura corporal do tipo andróide, ou seja, conhecida como corpo em formato de 
“maçã”, representando o aspecto principal da SM. Ao contrário da gordura 
subcutânea, o acúmulo de gordura visceral, que pode ser facilmente estimado pela 
medida da circunferência da cintura, está relacionado a diversos problemas 
metabólicos plasmáticos, característicos da SM: 
- Hipersensibilidade aos glicocorticóides; 
 - Elevados níveis plasmáticos de glicose que induzem o pâncreas a liberar excesso 
de insulina (hiperinsulinemia) que, a longo prazo, culmina com resistência à insulina 
e diabetes mellitus tipo II; 
 - Aumento da secreção de angiotensina que pode aumentar o risco de hipertensão; 
- Aumento da secreção de interleucina-6 (IL-6), citocina inflamatória; 
 - Aumento de triglicerídeos (TG) que pode comprometer a viscosidade sanguínea, 
aumentando o risco cardiovascular; 
 - Redução do colesterol HDL, fundamental para realizar o transporte reverso do 
colesterol e que apresenta também efeitos anti-inflamatórios, antioxidantes e 
vasodilatadores (aumenta a síntese de óxido nítrico pelo estímulo da isoforma 
endotelial da enzima sintase do óxido nítrico – eNOS)7 . 
 Efeitos da Obesidade Central: Resistência à insulina, Aterosclerose, 
Trombose e Hipertensão. 
 O aumento da hipersensibilidade do tecido adiposo aos glicocorticóides (cortisol, 
cortisona, etc) está associada à maior capacidade de vasoconstrição arterial e, 
conseqüentemente, à hipertensão arterial em pacientes com resistência à insulina, 
obesidade e síndrome metabólica. O excesso de glicocorticóides estimula a glicose-
6-fosfatase, promovendo maior liberação de glicose das células pancreáticas (e 
outros tecidos como fígado e músculos) para o sangue, promovendo estados de 
hiperglicemia e de resistência dos tecidos à ação da insulina, outro componente da 
SM. 
 Durante vários anos, esta hiperglicemia prolongada estimula o aumento da secreção 
de insulina, induzindo uma hiperinsulinemia que aliada à hipersecreção de 
glicocorticóides do tecido adiposo visceral exercem um feedback negativo sob o 
pâncreas, inibindo a secreção de insulina e contribuindo para a resistência a este 
hormônio na SM e no diabetes mellitus tipo 2. 
Quando há acúmulo de gordura visceral aumenta o risco de degeneração gordurosa 
não-alcoólica do fígado uma vez que há aumento da lipólise e da síntese de TG a 
partir da glicose. Neste caso, também há aumento da secreção hepática de TG para 
o sangue, aumentando seus níveis séricos. O excesso de TG no sangue, outro 
componente da síndrome metabólica10, diminui a secreção hepática de HDL e 
promove alteração da viscosidade sanguínea, favorecendo o processo de agregação 
de plaquetas13 e o risco de trombose. 
 Além disso, o excesso de TG estimula a secreção do colesterol VLDL e de partículas 
de LDL pequenas e densas que são prontamente oxidadas e fagocitadas pelos 
macrófagos da parede arterial, formando depósitos citoplasmáticos de gordura, 
transformando-os em células espumosas, que vão progressivamente dando origem 
às lesões ou estrias gordurosas até a formação de placas de gordura no processo de 
aterogênese. 
O processo de glicosilação que ocorre no diabetes mellitus e na SM (ver AGE adiante) 
promove modificações na apolipoproteína B (apoB), envoltório da LDL, tornando 
esta última mais facilmente fagocitável pelos macrófagos da parede vascular . O 
excesso de gordura visceral induz os leucócitos mononucleares (linfócitos e 
monócitos) a secretarem diversas citocinas inflamatórias, como a IL-1, IL-6, IL-8, o 
fator de necrose tumoral alfa (TNF-á) e o fator de crescimento transformado beta 
(TGF-â). Os principais mediadores químicos inflamatórios e não-inflamatórios 
produzidos em pacientes com síndrome metabólica estão na tabela. 
 
Ademais, o excesso de adiposidade visceral induz o fígado a secretar fibrinogênio, 
proteína amilóide sérica A e proteína C-reativa (PCR)16, esta última um indicador 
inflamatório de risco cardiovascular na SM . 
A aterosclerose diminui o calibre dos vasos sanguíneos, aumentando a pressão 
arterial. Além disso, na SM há aumento da angiotensina6 , retenção de sódio, 
redução dos níveis do fator vasodilatação derivado do endotélio – óxido nítrico – e 
aumento dos níveis do peptídeo vasoconstritor endotelina-1, fatores que tornam 
plausível a presença de hipertensão arterialna SM e obesidade. 
Na SM também há aumento da síntese de fibrinogênio e do fator inibidor do 
plasminogênio (PAI-1, do inglês) o que aumenta a atividade dos sistemas de 
coagulação sanguínea, elevando o risco de trombose. A trombose agrava o processo 
de aterogênese (aterotrombose) e induz ao estreitamento do leito vascular que pode 
resultar em hipertensão arterial. Síndrome Metabólica, Obesidade e Redução de HDL 
Conforme mencionado, há uma relação inversa entre os níveis plasmáticos de TG e 
de HDL na SM. 
Além disso, geralmente os indivíduos com síndrome metabólica e obesidade são 
sedentários, apresentando menores níveis de HDL.Ao contrário, a prática regular de 
exercícios físicos aeróbicos contribui para o controle do peso corporal, da freqüência 
cardíaca, o incremento dos níveis de HDL e a redução da espessura da artéria 
carótida. 
 Novos Critérios para Diagnóstico da Síndrome Metabólica 
Além da obesidade visceral, a presença de outros fatores é decisiva no diagnóstico 
da SM de acordo com a nova proposta da Federação Internacional do Diabetes (IDF, 
do inglês). Hiperinsulinemia e Dano Renal na SM O estado crônico de 
hiperinsulinemia, resistência à insulina e hiperglicemia favorece a permanência de 
elevados níveis plasmáticos de glicose. 
Assim, este excesso de hexoses sofre reações bioquímicas conjugando-se com 
grupos amino (-NH2 ) livres em proteínas, lipídeos e ácidos nucléicos para formar os 
produtos finais da glicosilação avançada (AGE). 
O produto mais comum destas reações é a hemoglobina glicosilada HbA1C. Os AGE 
provocam lesão glomerular com aumento da filtração glomerular, o que explica a 
conseqüente poliúria dos diabéticos. Além disso, esta insuficiência renal, provocada 
pela hiperinsulinemia/ hiperglicemia, que pode estar presente na SM está 
relacionada à albuminúria, glomerulomegalia e glomeruloesclerose. A insuficiência 
renal crônica leva à hiperuricemia, indicador de comprometimento renal na SM.

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