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RESUMO DIREITO AMBIENTAL Viviane Amorim Resumos para concurso público Direito Ambiental Sumário 1. NOÇÕES INICIAIS SOBRE DIREITO AMBIENTAL. A CONSTITUIÇÃO E O MEIO AMBIENTE. ...................... 6 1.1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 6 1.1.1. Espécies de Meio Ambiente: .................................................................................................. 6 1.1.2. Autonomia do Direito Ambiental: .......................................................................................... 8 1.1.3. Fontes do Direito Ambiental: ................................................................................................. 9 1.1.4. Antropocentrismo vs. Ecocentrismo (biocentrismo): ............................................................. 9 1.2. DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS SOBRE O MEIO AMBIENTE .............................................................10 1.2.1. DOS PRINCÍPIOS GERAIS DA ATIVIDADE ECONÔMICA ................................................................10 1.2.2. DA POLÍTICA URBANA.................................................................................................................11 1.2.3. DA POLÍTICA AGRÍCOLA E FUNDIÁRIA E DA REFORMA AGRÁRIA................................................12 1.2.4. DO MEIO AMBIENTE ...................................................................................................................13 2. JURISPRUDÊNCIA ..................................................................................................................................18 1.1. PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL .................................................................................................21 1.1.1 PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL.............................................................................21 1.1.2. PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO .............................................................................................................22 1.1.3. PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO .............................................................................................................22 1.1.4. PRINCÍPIO DO POLUIDOR-PAGADOR (OU RESPONSABILIDADE) .................................................23 1.1.5. PRINCÍPIO DO PROTETOR-RECEBEDOR .....................................................................................24 1.1.6. PRINCÍPIO DO USUÁRIO-PAGADOR ..........................................................................................24 1.1.7. PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO ENTRE OS POVOS ..........................................................................24 1.1.8. PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE INTERGERACIONAL (OU EQUIDADE) ..........................................24 1.1.9. PRINCÍPIO DA NATUREZA PÚBLICA (OU OBRIGATORIEDADE DA PROTEÇÃO AMBIENTAL) ............25 1.1.10. PRINCÍPIO DA PARTICIPAÇÃO COMUNITÁRIA (OU PARTICIPAÇÃO POPULAR) ..............................25 1.1.11. PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIOAMBIENTAL DA PROPRIEDADE.....................................................25 1.1.12. PRINCÍPIO DA INFORMAÇÃO.....................................................................................................26 1.1.13. PRINCÍPIO DO LIMITE ................................................................................................................26 1.1.14. PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE COMUM, MAS DIFERENCIADA .............................................26 1.1.15. OUTROS PRINCÍPIOS DE DIREITO AMBIENTAL .............................................................................26 2. JURISPRUDÊNCIA ..............................................................................................................................29 COMPETÊNCIA EM MATÉRIA AMBIENTAL ....................................................................................................36 1. COMPETÊNCIA MATERIAL AMBIENTAL ................................................................................................38 1.1. Competência Material Ambiental Comum ................................................................................38 1.2. Lei Complementar 140/2011.....................................................................................................39 1.3. Competência Material Ambiental Exclusiva ..............................................................................46 1.4. Competência Material Ambiental dos Municípios ....................................................................46 2. COMPETÊNCIA LEGISLATIVA AMBIENTAL .........................................................................................47 2.1. Competência Legislativa Ambiental Privativa ...........................................................................47 2.2. Competência Legislativa Ambiental Concorrente .....................................................................48 3. Hermenêutica Ambiental/In Dubio Pro Natura/Posição do STJ ........................................................49 4. JURISPRUDÊNCIA ..............................................................................................................................49 POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (Lei 6.938/81) ............................................................................54 1. DISPOSIÇÕES GERAIS ........................................................................................................................54 LICENCIAMENTO AMBIENTAL ......................................................................................................................63 1. DEFINIÇÕES/REGRAS GERAIS ............................................................................................................63 1.1. COMPETÊNCIA PARA O LICENCIAMENTO ..................................................................................66 1.2. LICENÇAS AMBIENTAIS .............................................................................................................73 1.2.1. DAS ESPÉCIES DE LICENÇA AMBIENTAL .............................................................................74 1.2.2. LICENÇA AMBIENTAL: ATO DISCRICIONÁRIO OU VINCULADO? CONTROLE JUDICIAL DA DISPENSA..........................................................................................................................................80 1.2.3. Condicionantes Socioambientais: Medidas Preventivas, Medidas Mitigadoras e Medidas Compensatórias ................................................................................................................................82 1.3. ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL ............................................................................................82 1.4. Modificação, Suspensão e Cancelamento da Licença Ambiental ..............................................89 1.5. Compensação Ambiental ..........................................................................................................90 1.6. Regularização das Atividades Instaladas ou em Funcionamento ..............................................91 1.7. Crimes Relacionados à Ausência ou Vício no Licenciamento Ambiental e Crimes Contra a Administração Ambiental .....................................................................................................................91 2. JURISPRUDÊNCIA ..............................................................................................................................91 CÓDIGO FLORESTAL .....................................................................................................................................93 1. DISPOSIÇÕES GERAIS ........................................................................................................................93 2. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE ........................................................................................1032.1. FLORESTAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE POR ATO DO PODER PÚBLICO:.........................109 2.2. REGIME DE PROTEÇÃO DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE: ...................................111 3. ÁREAS DE USO RESTRITO ................................................................................................................114 4. RESERVA LEGAL ..............................................................................................................................115 4.1. PROTEÇÃO DA RESERVA LEGAL ...............................................................................................123 5. SUPRESSÃO DE VEGETAÇÃO PARA USO ALTERNATIVO DO SOLO ...................................................128 6. CADASTRO AMBIENTAL RURAL ......................................................................................................130 7. DA EXPLORAÇÃO FLORESTAL ..........................................................................................................131 8. PROIBIÇÃO DO USO DE FOGO E CONTROLE DOS INCÊNDIOS .........................................................133 9. INSTRUMENTOS DE APOIO E INCENTIVO À CONSERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE ..........................134 10. COTA DE RESERVA AMBIENTAL ..................................................................................................135 11. INCENTIVOS À AGRICULTURA FAMILIAR .....................................................................................135 12. PROGRAMAS DE REGULARIZAÇÃO AMBIENTAL - PRAs...............................................................136 13. JURISPRUDÊNCIA ........................................................................................................................137 SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA – SNUC..........................................142 1. DISPOSIÇÕES GERAIS ......................................................................................................................142 1.1. CATEGORIAS DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO ......................................................................149 1.1.1. Tipos de Unidades de Conservação (art. 7º): ...................................................................149 1.1.2. Categorias de unidades de proteção integral ..................................................................150 1.1.3. Espécies de unidades de proteção de uso sustentável ....................................................153 1.1.4. RESERVA DA BIOSFERA....................................................................................................156 2. Criação, Implantação e Gestão das Unidades de Conservação: ......................................................157 2.1. Normas Gerais: ............................................................................................................................157 2.2. Zonas de Amortecimento: ...........................................................................................................157 2.3. Corredor ecológico: .....................................................................................................................158 2.4. Mosaico de UCs: ..........................................................................................................................158 2.5. Plano de manejo: .........................................................................................................................158 2.6. Taxa de Visitação – art. 35: ..........................................................................................................159 2.7. Compensação por significativo impacto ambiental negativo – art. 36: ........................................159 2.8. Populações tradicionais: ..............................................................................................................160 3. JURISPRUDÊNCIA ............................................................................................................................161 RESPONSABILIDADE POR DANOS AO MEIO AMBIENTE ..............................................................................163 1. DEFINIÇÕES RELACIONADAS ...........................................................................................................163 1.1. RESPONSABILIDADE CIVIL AMBIENTAL ...................................................................................163 1.1.1. Responsabilidade Solidária entre Poluidores ..................................................................165 1.1.2. Inversão do Ônus da Prova ..............................................................................................167 1.1.3. Obrigação Propter Rem ...................................................................................................167 1.1.4. Imprescritibilidade da Obrigação de Indenizar ................................................................168 1.1.5. Teoria do Risco Integral ...................................................................................................169 1.1.6. Cumulação de pedidos ....................................................................................................169 1.1.7. DANO AMBIENTAL ..........................................................................................................170 1.1.8. INTERVENÇÃO MÓVEL DA FAZENDA PÚBLICA .................................................................172 1.1.9. CARÁTER DÚPLICE/AMBIVALENTE DA RESPONSABILIDADE CIVIL AMBIENTAL ...............173 1.2. RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA AMBIENTAL ...............................................................174 1.2.1. Advertência .....................................................................................................................179 1.2.2. Multa simples e multa diária – vedação ao bis in idem ...................................................180 1.2.3. Apreensão do produto e do instrumento de infração administrativa ou de crime ambiental .......................................................................................................................................181 1.2.4. Destruição ou inutilização do produto ............................................................................182 1.2.5. Suspensão de venda e fabricação do produto .................................................................182 1.2.6. Embargo de obra ou atividade ........................................................................................182 1.2.7. Demolição de obra ..........................................................................................................183 1.2.8. Suspensão parcial ou total de atividades ........................................................................183 1.2.9. Restritiva de direitos .......................................................................................................183 1.2.10. Prescrição Administrativa Ambiental ..............................................................................183 1.3. Termo de Ajustamento de Conduta Ambiental – TAC AMBIENTAL .........................................185 2. JURISPRUDÊNCIA ............................................................................................................................186 1. NOÇÕES INICIAIS SOBRE DIREITO AMBIENTAL. A CONSTITUIÇÃO E O MEIO AMBIENTE. 1.1. INTRODUÇÃO Conceito e Natureza Jurídica do Direito Ambiental - Como ensina Edis Milaré, Direito Ambiental “é o complexo de princípios e normas coercitivas reguladoras das atividades humanas que, direta ou indiretamente, possam afetar a sanidade do ambiente em sua dimensão global, visando à sua sustentabilidade para as presentes e futuras gerações”. No geral, suas normas têm caráter imperativo e coercitivo, sujeitas aos princípios maiores do Direito Administrativo de Indisponibilidade do Interesse Público e Supremacia do Interesse Público sobre o Privado. MEIO AMBIENTE, por suavez, é o conjunto de fatores exteriores que agem de forma permanente sobre os seres vivos, aos quais os organismos devem se adaptar e com os quais têm de interagir para sobreviver. Segundo Édis Milaré (2003, p. 165), “o meio ambiente pertence a uma daquelas categorias cujo conteúdo é mais facilmente intuído que definível, em virtude da riqueza e complexidade do que encerra”. Dessa forma, o meio ambiente sadio pertence à categoria de DIREITO FUNDAMENTAL DE TERCEIRA GERAÇÃO, possuindo NATUREZA TRANSINDIVIDUAL e DIFUSA. Conceito Legal - art. 3º, I da Lei 6.938/1981 - “Meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”. Ele tem como principais fontes internacionais: a) A Conferência de Estocolmo de 1972: a partir dela que as Constituições posteriores passaram a adotar o princípio do meio ambiente ecologicamente equilibrado como um direito fundamental. Foi o primeiro instrumento internacional de grande relevância que reconheceu a necessidade de uma reação global ao problema da deterioração ambiental, tendo sido marcadamente antropocêntrica, ou seja, com foco apenas no ser humano como único merecedor de resguardo na biosfera. b) Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO92): resultou numa série de documentos e Convenções, como a CDB, a Convenção sobre Mudanças do Clima, a Agenda 21. Ela reafirmou uma série de princípios da Conferência de Estocolmo. c) Protocolo de Kyoto: firmado em 1997, teve o objetivo precípuo de promover o controle climático da terra por intermédio da diminuição da emissão de gases de efeito estufa. d) Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável: realizada em Johannesburgo, em 2002, serviu para reforçar e acelerar as metas e compromissos firmados nos encontros anteriores. 1.1.1. Espécies de Meio Ambiente: - Meio Ambiente Natural - Composto pelos recursos naturais: água, solo, ar atmosférico, fauna e flora. - Meio Ambiente Cultural - O patrimônio cultural nacional, incluindo as relações culturais, turísticas, arqueológicas, paisagísticas e naturais. - Meio Ambiente Artificial - O meio ambiente artificial é formado pelos espaços urbanos, incluindo as edificações, que são os espaços urbanos fechados. - Meio Ambiente do Trabalho - O local onde homens e mulheres desenvolvem suas atividades laborais. *#OUSESABER: O chamado meio ambiente do trabalho, que goza de previsão constitucional expressa, se insere na competência legislativa concorrente ambiental? O meio ambiente do trabalho goza de previsão constitucional expressa já que, consoante dispõe o art. 200, VIII, da Constituição de 1988, compete ao Sistema Único de Saúde colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho. Nesse sentido, o próprio STF já reconheceu a existência de um meio ambiente do trabalho ao afirmar que “a incolumidade do meio ambiente não pode ser comprometida por interesses empresariais nem ficar dependente de motivações de índole meramente econômica, ainda mais se tiver presente que a atividade econômica, considerada a disciplina constitucional que a rege, está subordinada, dentre outros princípios gerais, àqueles que privilegia a ‘defesa do meio ambiente’ (CF, art. 150, VI), que traduz conceito amplo e abrangente de meio ambiente natural, de meio ambiente cultural, de meio ambiente artificial (espaço urbano) e de meio ambiente laboral”. Conforme aponta Frederico Amado, o STF entende que o meio ambiente do trabalho é temática que não se insere na competência legislativa concorrente ambiental sendo matéria que apenas poderá ser regulada por leis editadas pela União. Neste sentido, a ADI-MC 1.893 já esclareceu que “cumpre à União legislar sobre parâmetros alusivos à prestação de serviços – artigos 21, XXIV, e 22, I, da Constituição Federal e o gênero meio ambiente, em relação ao qual é viável a competência em concurso da União, dos Estados e do Distrito Federal, a teor do disposto no artigo 24,VI, da Constituição Federal, NÃO ABRANGE O AMBIENTE DO TRABALHO, muito menos a ponto de chegar-se à fiscalização do local por autoridade estadual, com imposição de multa”. MEIO AMBIENTE NATURAL MEIO AMBIENTE ARTIFICIAL MEIO AMBIENTE CULTURAL MEIO AMBIENTE LABORAL Constituído por recursos naturais, tais como ar, água, solo, fauna e flora. -recursos bióticos (fauna, flora). FUNDAMENTO - art. 182 CF: A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das Constituído pelo patrimônio cultural, descrito como os bens materiais e imateriais que identificam um grupo, tais como as formas de viver, criar e fazer; as formas de expressão; as obras artísticas, dentre outras. Exemplo de patrimônio cultural material: Obras de arte, centros Constituído pelo complexo máquina- trabalho, envolvendo o local de trabalho, as condições do ambiente do trabalhador, os equipamentos de proteção, entre outros. -recursos abióticos (ar, água, solo). Art. 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: V - recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora. funções sociais da cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes. Constituído pelo espaço urbano construído pelo homem. Produto da interação do homem com o meio ambiente natural. Exemplos: as vias públicas, os parques, os prédios, como edifícios comerciais, shoppings, biblioteca. históricos como de Ouro Preto, de Olinda, Pelourinho. Exemplo de patrimônio cultural imaterial: caipirinha, frevo, samba, capoeira, carnaval. “Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: I - as formas de expressão; II - os modos de criar, fazer e viver; III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas; IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico- culturais; V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.” Como é feita a tutela do patrimônio cultural brasileiro? REGISTRO - tutela do patrimônio cultural imaterial brasileiro. Ex: samba. INVENTÁRIO - tutela através da identificação e descrição do bem cultural, com catalogação de suas principais características físicas, e culturais bem como seu estado de conservação. VIGILÂNCIA - decorre do poder de polícia e consiste no exercício de vigilância permanente dos bens culturais. Exemplo: luminosidade, conforto térmico, os equipamentos de segurança, o próprio local de trabalho, etc Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei: VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho. 1.1.2. Autonomia do Direito Ambiental: Prevalece o entendimento de que o Direito Ambiental é ramo autônomo do Direito (ramo do direito público). Segundo a doutrina majoritária, a autonomia do Direito Ambiental se caracteriza pelo fato de possuir objetivos, princípios e instrumentos próprios, que servem para caracterizá-lo como ramo autônomo do Direito. 1.1.3. Fontes do Direito Ambiental: - Fontes Materiais - Movimentos Populares, Descobertas Científicas, Doutrina Jurídica etc. - Fontes Formais - Constituição, Leis Ordinárias, Atos Internacionais, Normas administrativas origináriasdos órgãos competentes, Jurisprudência. 1.1.4. Antropocentrismo vs. Ecocentrismo (biocentrismo): Definição Clássica: - Antropocentrismo – A visão antropocêntrica tradicional caracteriza-se pela preocupação única e exclusiva com o bem-estar do ser humano. - Ecocentrismo (biocentrismo) – Esta visão considera o ser humano apenas como mais um integrante do ecossistema, no qual a fauna e a flora são merecedoras de especial proteção, devendo ter direitos semelhantes ao ser humano. Definição Moderna: - Antropocentrismo Utilitarista – Considera a natureza como principal fonte de recursos para atender as necessidades do ser humano. - Antropocentrismo Protecionista (adotada pela CF/88) – Tem a natureza como um bem coletivo essencial que deve ser preservado como garantia da sobrevivência e do bem-estar do homem. Dessa forma, impõe-se um equilíbrio entre as atividades humanas e a proteção ao meio ambiente. - Ecocentrismo – Entende que a natureza pertence a todos os seres vivos, exigindo ações de extrema cautela em relação à proteção dos recursos naturais. APROFUNDANDO: No que diz respeito aos pressupostos filosóficos do Direito Ambiental, o antropocentrismo e o biocentrismo se sobressaem como concepções predominantes. Na primeira, oriunda das tradições aristotélicas e judaico-cristãs, o ser humano é apontado como titular e destinatário de todos os recursos naturais existentes, devendo a proteção ao meio ambiente ocorrer apenas na medida necessária para que os interesses humanos sejam resguardados. Já na segunda concepção, que se fundamenta na Ecologia Profunda, cada recurso natural possui um valor intrínseco e deve ser protegido em razão de sua função ecológica, pois os seres vivos e os elementos que propiciam a vida fazem parte de um sistema integrado e interdependente, sendo o ser humano apenas uma parte dessa complexa teia. Apesar de a Constituição Federal adotar a visão antropocêntrica, deve-se ressaltar que se trata de antropocentrismo alargado, pois se defende uma posição suficientemente abrangente, a ponto de reconhecer a interdependência entre os seres humanos e a natureza. 1.2. DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS SOBRE O MEIO AMBIENTE Inicialmente, ressalta-se que nenhuma Constituição brasileira anterior havia dedicado disposição específica à defesa do meio ambiente. Desde a Constituição de 1934, todas elas cuidaram da proteção do patrimônio histórico, cultural e paisagístico do país, relegando ao meio ambiente tratamento diluído e pontual. A CR 88 pode ser denominada “verde”, tal o destaque que dá à proteção ambiental. A utilização do termo meio ambiente, em nível constitucional, somente adveio com a nova Constituição. De acordo com a CR/88, “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. Essa frase significa o seguinte: a) Todos: o meio ambiente pertence a todos e a cada um ao mesmo tempo, se enquadrando na categoria de direitos transindividuais. É um interesse difuso. b) Todos têm direito: trata-se de um direito público subjetivo de natureza difusa, oponível erga omnes, completado pelo direito de exercício da ação popular para a proteção ambiental prevista no art. 5º, LXXIII. c) Bem de uso comum do povo: significa que o meio ambiente é indisponível, já que não se trata de um bem dominical, não pertence ao domínio público. Refere-se à expressão “todos”. d) Sadia qualidade de vida: a sadia qualidade foi uma inovação constitucional, visto que as Constituições brasileiras sempre consagraram o direito à vida, mas sem expressar preocupação com sua qualidade. e) Impondo-se ao Poder Público e à coletividade: trata-se do reconhecimento de que o Poder Público, por si só, não é capaz de cuidar e preservar o meio ambiente. A coletividade, ou seja, a sociedade civil, é OBRIGADA a colaborar na proteção. f) Presentes e futuras gerações: trata-se da consagração do princípio da solidariedade intergeracional, à frente delineado. Interpretação das Normas Constitucionais Ambientais - Conforme os tribunais superiores, as normas ambientais devem atender aos fins sociais a que se destinam, ou seja, necessária à interpretação e a integração de acordo com o princípio hermenêutico in dubio pro natura. 1.2.1. DOS PRINCÍPIOS GERAIS DA ATIVIDADE ECONÔMICA Defesa do Meio Ambiente como Princípio da Ordem Econômica - Art. 170 da CF – A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: (...) VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; 1.2.2. DA POLÍTICA URBANA Objetivos - art. 182 da CF - A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes. - Plano Diretor - § 1º O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, OBRIGATÓRIO PARA CIDADES COM MAIS DE VINTE MIL (20.000) HABITANTES, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana. - Função Social - § 2º A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor. § 3º As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com prévia e justa indenização em dinheiro. Meios de Intervenção da Propriedade Urbana - art. 182, § 4º da CF - É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para ÁREA INCLUÍDA NO PLANO DIRETOR, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de: I - parcelamento ou edificação compulsórios; II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo; III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais. Usucapião Constitucional Especial Urbano - art. 183 da CF - Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. § 1º O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil. Impossibilidade de Reconhecimento Mais de Uma Vez - § 2º Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez. Impossibilidade de Usucapião de Imóveis Públicos - § 3º Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião. 1.2.3. DA POLÍTICA AGRÍCOLA E FUNDIÁRIA E DA REFORMA AGRÁRIA Desapropriação por Interesse Social para Reforma Agrária - art. 184 da CF - Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei. Indenização de Benfeitorias em Dinheiro - § 1º As benfeitorias ÚTEIS e NECESSÁRIAS serão indenizadas em dinheiro. Isenções - § 5º São isentas de impostos federais, estaduais e municipaisas operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária. Bens Não Sujeitos à Desapropriação para Fins de Reforma Agrária - art. 185 da CF - São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária: I - a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu proprietário não possua outra; II - a propriedade produtiva. Parágrafo único. A lei garantirá tratamento especial à propriedade produtiva e fixará normas para o cumprimento dos requisitos relativos a sua função social. Requisitos para Cumprimento da Função Social da Propriedade Rural - art. 186 da CF - A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, SIMULTANEAMENTE, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: I - aproveitamento racional e adequado; II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho; IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores. Destinação de Terras Públicas - art. 188 da CF - A destinação de terras públicas e devolutas será compatibilizada com a política agrícola e com o plano nacional de reforma agrária. § 1º A alienação ou a concessão, a qualquer título, de terras públicas com área SUPERIOR A DOIS MIL E QUINHENTOS HECTARES a pessoa física ou jurídica, ainda que por interposta pessoa, dependerá de prévia aprovação do Congresso Nacional. § 2º Excetuam-se do disposto no parágrafo anterior as alienações ou as concessões de terras públicas para fins de reforma agrária. Inegociabilidade das Propriedades Recebidas com Fundamento na Reforma Agrária - art. 189 da CF - Os beneficiários da distribuição de imóveis rurais pela reforma agrária receberão títulos de domínio ou de concessão de uso, inegociáveis pelo PRAZO DE DEZ ANOS. Parágrafo único. O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil, nos termos e condições previstos em lei. Usucapião Constitucional Especial Rural ou Pro Misero - art. 191 da CF - Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como seu, por CINCO ANOS ININTERRUPTOS, sem oposição, área de terra, em zona rural, NÃO SUPERIOR A CINQUENTA HECTARES, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade. Impossibilidade de Usucapião de Imóveis Públicos - Parágrafo único: Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião. 1.2.4. DO MEIO AMBIENTE Destinatários do Direito ao Meio Ambiente e do Dever de Proteção - art. 225 da CF - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, BEM DE USO COMUM DO POVO e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. Ante o exposto, o art. 225 da CF criou um dever genérico para o Poder Público e para a coletividade de defender e preservar o meio ambiente para as futuras gerações. Ressalta-se que tal dever será realizado através de ações comissivas e omissivas. Efetividade do Direito ao Meio Ambiente (deveres específicos) - § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, SENDO A ALTERAÇÃO E A SUPRESSÃO PERMITIDAS SOMENTE ATRAVÉS DE LEI, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; A INSTITUIÇÃO ou o AUMENTO dos espaços especialmente protegidos pode ocorrer, em determinados casos, por ato do poder executivo. Entretanto, sua SUPRESSÃO ou REDUÇÃO somente pode ocorrer através de LEI ESPECÍFICA. IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente; VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. Exploração de Recursos Minerais e Obrigação de Recuperar o Meio Ambiente - § 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei. Sanções - § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, PESSOAS FÍSICAS OU JURÍDICAS, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados (o tema responsabilidade por danos ambientais será objeto de análise em ponto específico). Patrimônio Nacional - § 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se- á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais. Indisponibilidade de Terras Necessárias à Proteção dos Ecossistemas Naturais - § 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais. Definição da Localização das Usinas Nucleares - § 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em LEI FEDERAL, sem o que não poderão ser instaladas. Práticas Desportivas Envolvendo Animais - § 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste artigo, não se consideram cruéis as práticas desportivas que utilizem animais, desde que sejam MANIFESTAÇÕES CULTURAIS, conforme o § 1º do art. 215 desta Constituição Federal, registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei específica que assegure o bem-estar dos animais envolvidos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 96, de 2017) O real objetivo desta emenda foi o de superar a decisão do STF proferida em 2016, na qual o Tribunal declarou que a atividade conhecida como “vaquejada” era inconstitucional (reversão jurisprudencial ou efeito blacklash). Inconstitucionalidade da Vaquejada (ADI 4.983/2016) - Entendeu o STF que é inconstitucional lei estadual que regulamenta a atividade da “vaquejada”. Segundo decidiu a corte, os animais envolvidos nesta prática sofrem tratamento cruel, razão pela qual esta atividade contraria a CF/88. Considerando que a EC 96/2017 vai de encontro ao entendimento do STF, resta saber qual será a manifestação da Corte Suprema quando (e se) novamente for provocada. No caso de reversão jurisprudencial (reação legislativa) proposta por meio de emenda constitucional, a invalidação somente ocorrerá se a emenda ofender uma cláusula pétrea ou o processo legislativo para edição de emendas. A dúvida reside em saber se a proibição de que os animais sofram tratamento cruel, prevista no art. 225, § 1º, VII, da CF/88, pode ser considerada como uma garantia individual (art. 60, § 4º, IV, da CF). Julgados Semelhantes Envolvendo “Uso” de Animais: - “Farra do Boi” - A obrigação de o Estado garantir a todos o plenoexercício de direitos culturais, incentivando a valorização e a difusão das manifestações, não prescinde da observância da norma do inciso VII do artigo 225 da Constituição Federal, no que veda prática que acabe por submeter os animais à crueldade. Procedimento discrepante da norma constitucional denominado "farra do boi". STF. 2ª Turma. RE 153531, Relator (a) p/ Acórdão Min. Marco Aurélio, julgado em 03/06/1997. - “Briga de Galo” - EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI N. 11.366/00 DO ESTADO DE SANTA CATARINA. ATO NORMATIVO QUE AUTORIZA E REGULAMENTA A CRIAÇÃO E A EXPOSIÇÃO DE AVES DE RAÇA E A REALIZAÇÃO DE "BRIGAS DE GALO". A sujeição da vida animal a experiências de crueldade não é compatível com a Constituição do Brasil. Precedentes da Corte. Pedido de declaração de inconstitucionalidade julgado procedente. STF. Plenário. ADI 2514, Rel. Min. Eros Grau, julgado em 29/06/2005. A promoção de briga de galos, além de caracterizar prática criminosa tipificada na legislação ambiental, configura conduta atentatória à Constituição da República, que veda a submissão de animais a atos de crueldade, cuja natureza perversa, à semelhança da “farra do boi” (RE 153.531/SC), não permite sejam eles qualificados como inocente manifestação cultural, de caráter meramente folclórico. Precedentes. A proteção jurídico- constitucional dispensada à fauna abrange tanto os animais silvestres quanto os domésticos ou domesticados, nesta classe incluídos os galos utilizados em rinhas, pois o texto da Lei Fundamental vedou, em cláusula genérica, qualquer forma de submissão de animais a atos de crueldade. (...) STF. ADI 1856, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 26/05/2011. Meio ambiente natural Constituído pelos recursos naturais e pela correlação recíproca de cada um desses em relação aos demais. Meio ambiente artificial Constituído ou alterado pelo ser humano, é constituído pelos edifícios urbanos e pelos equipamentos comunitários. Meio ambiente cultural Patrimônio histórico, artístico, paisagístico, ecológico, científico e turístico, constituindo-se tanto de bens de natureza material quanto imaterial. Meio ambiente do trabalho Conjunto de fatores que se relacionam às condições do ambiente de trabalho. Patrimônio genético Admitido apenas por parte da Doutrina. Trata-se de informações de origem genética oriundas dos seres vivos de todas as espécies, seja animal, vegetal, microbiano ou fúngico. Instrumentos de Proteção Ambiental Expressamente previstos na CR/88 Preservação e restauração dos processos ecológicos essenciais Processos ecológicos essenciais são os governados, sustentados ou intensamente afetados pelos ecossistemas, sendo indispensáveis à produção de alimentos, à saúde e outros aspectos da sobrevivência humana e do desenvolvimento sustentável. Cuida-se de garantir, através de ações conjugadas de todas as esferas e modalidades do Poder Público, o que se encontra em boas condições originais, e de recuperar o que foi degradado. Manejo ecológico das espécies e ecossistemas Manejo ecológico é a gestão e utilização dos recursos naturais pelo homem, baseada em princípios e métodos que preservam a integridade dos ecossistemas, com redução da interferência humana nos mecanismos de autorregulação dos seres vivos e do meio físico. Preservação da diversidade e da integridade do patrimônio genético do País Essa proteção foi prevista na Lei nº 11.101/05 e na Convenção da Diversidade Biológica de que o Brasil é signatário. No dizer da Convenção da Biodiversidade, esta vem a ser a variedade de seres que compõe a vida na Terra, a variabilidade de organismos vivos de todas as origens, compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos, e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte, compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies, entre espécies e ecossistemas. Preservar a biodiversidade, significa reconhecer, inventariar, e manter o leque dessas diferenças de organismos vivos. Hoje existe uma grande preocupação no diz respeito ao patrimônio genético. Espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos Trata-se da expressa previsão das unidades de conservação pela Constituição da República, que são espaços especialmente protegidos, seja integral ou parcialmente. Importante ressaltar que a vedação da utilização não ficou unificada para todos os tipos de unidades de conservação, variando conforme o tipo de unidade, já que a própria instituição e tipificação dependem dos atributos que se reconhecem e que se quer proteger. Veja que a própria Constituição impõe que somente lei poderá alterar ou suprimir tais espaços. A delimitação ou instituição de um espaço territorialmente protegido pode ser feito por decreto ou lei: é uma exceção ao paralelismo das formas. Estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade Previsão expressa do EIA, acrescentando expressamente a Constituição o fato de que os estudos devem ser prévios, a fim de evitar interpretações maquiavélicas. Inclusive, o STF várias vezes já julgou que não podem os demais entes dispensar o EIA3; o que eles podem fazer é criar controles mais rígidos. Menos, nunca. Controle da produção, comercialização e emprego de técnicas que comportem risco para a vida e meio ambiente Essa disposição constitucional foi disciplinada, em parte, pela lei que regula a disposição no meio ambiente de agrotóxicos. Promoção da educação ambiental em todos os níveis de ensino É a conscientização pública para a preservação do meio ambiente: educação ambiental prevista na Lei nº 9.795/99. Proteção da fauna e flora Proteção da fauna e flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção das espécies ou submetam os animais à crueldade: a proteção à fauna foi prevista na Lei nº 5.179/67, enquanto a proteção à flora, no Código Florestal, Lei nº 4.771/65. 2. JURISPRUDÊNCIA RESPONSABILIZAÇÃO PENAL DA PESSOA JURÍDICA POR DELITOS AMBIENTAIS. É possível a responsabilização penal da pessoa jurídica por delitos ambientais independentemente da responsabilização concomitante da pessoa física que agia em seu nome. A jurisprudência não mais adota a chamada teoria da “dupla imputação”. STJ. 6ª Turma. RMS 39.173-BA, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 6/8/2015 (Info 566). STF. 1ª Turma. RE 548181/PR, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 6/8/2013 (Info 714). * Este tema será melhor tratado oportunamente. É INCONSTITUCIONAL A PRÁTICA DA VAQUEJADA. DIREITO CONSTITUCIONAL. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. COLISÃO DE NORMAS CONSTITUCIONAIS: PROTEÇÃO DE MANIFESTAÇÕES CULTURAIS VERSUS VEDAÇÃO DE CRUELDADE CONTRA ANIMAIS. 1. A Constituição veda expressamente práticas que submetam animais a crueldade. O avanço do processo civilizatório e da ética animal elevou o resguardo dos seres sencientes (i.e., capazes de sentir dor) contra atos cruéis a um valor constitucional autônomo, a ser tutelado independentemente de haver consequências para o meio-ambiente, para a função ecológica da fauna ou para a preservação das espécies. 2. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal nos casos de colisão entre as normas envolvendo, de um lado, a proteção de manifestações culturais (art. 215, caput e § 1º) e, de outro, a proteção dos animais contra o tratamento cruel (art. 225, § 1º, VII), tem sido firme no sentido de interditar manifestações culturais que importem crueldade contra animais. Nessa linha: RE 153.531, Rel. Min. Francisco Rezek. Rel. para o acórdão Min. Marco Aurélio, j. em 03.06.1997, DJ 13.03.1998; ADI 2.514, Rel. Min. Eros Grau, j. em 26.06.2005, DJ 02.12.2005; ADI 3.776, Rel. Min. Cezar Peluso, j. em 14.06.2007, DJe 28.06.2007; ADI 1.856, Rel. Min. Celsode Mello, j. em 26.05.2011, DJe 13.10.2011. 3. Na vaquejada, a torção brusca da cauda do animal em alta velocidade e sua derrubada, necessariamente com as quatro patas para cima como exige a regra, é inerentemente cruel e lesiva para o animal. Mesmo nas situações em que os danos físicos e mentais não sejam visíveis de imediato, a olho nu, há probabilidade de sequelas graves que se manifestam após o evento. De todo modo, a simples potencialidade relevante da lesão já é apta a deflagrar a incidência do princípio da precaução. 4. É permitida a regulamentação de manifestações culturais com características de entretenimento que envolvam animais, desde que ela seja capaz de evitar práticas cruéis, danos e riscos sérios. No caso da vaquejada, torna-se impossível a regulamentação de modo a evitar a crueldade sem a descaracterização da própria prática. 5. Pedido em ação direta de inconstitucionalidade julgado procedente para declarar inconstitucional lei estadual que regulamenta a vaquejada como prática esportiva e cultural. STF. Plenário. ADI 4983/CE, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 06/10/2016 (Info 842). * RESSALTA-SE QUE A EC 96/2017 FOI UMA TENTATIVA DE SUPERAÇÃO LEGISLATIVA DA JURISPRUDÊNCIA (REVERSÃO JURISPRUDENCIAL), UMA MANIFESTAÇÃO DE “ATIVISMO CONGRESSUAL” (Ver anotações sobre o tema no material - Doutrina e legislação). ÁREA DE RESERVA LEGAL E REGISTRO DA SENTENÇA DECLARATÓRIA DE USUCAPIÃO. RECURSO ESPECIAL. CIVIL E AMBIENTAL. USUCAPIÃO. IMÓVEL RURAL SEM MATRÍCULA. REGISTRO DA SENTENÇA. NECESSIDADE DE DELIMITAÇÃO DA RESERVA LEGAL AMBIENTAL. REGISTRO NO CADASTRO AMBIENTAL RURAL - CAR. NOVO CÓDIGO FLORESTAL.1. Controvérsia acerca da possibilidade de se condicionar o registro da sentença de usucapião de imóvel sem matrícula à averbação da reserva legal ambiental. 2. “É possível extrair do art. 16, §8º, do Código Florestal que a averbação da reserva florestal é condição para a prática de qualquer ato que implique transmissão, desmembramento ou retificação de área de imóvel sujeito à disciplina da Lei 4.771/65”; (REsp 831.212/MG, DJe 22/09/2009). 3. Extensão desse entendimento para a hipótese de aquisição originária por usucapião, aplicando-se o princípio hermenêutico “in dubio pro natura”; 4. Substituição da averbação no Cartório de Registro de Imóveis pelo registro no Cadastro Ambiental Rural - CAR, por força do novo Código Florestal. 5. Adaptação do entendimento desta Corte Superior à nova realidade normativa, mantida a eficácia da norma protetiva ambiental. 6. Necessidade de prévio registro da reserva legal no CAR, como condição para o registro da sentença de usucapião no Cartório de Registro de Imóveis. 7. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. Resp. 1356207/SP, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em 28/04/2015, DJe 07/05/2015, Info. 561, STJ. USUCAPIÃO. Pode ser deferida usucapião especial urbana ainda que a área do imóvel seja inferior ao módulo mínimo dos lotes urbanos previsto no plano diretor. Se forem preenchidos os requisitos do art. 183 da CF/88, a pessoa terá direito à usucapião especial urbana e o fato de o imóvel em questão não atender ao mínimo dos módulos urbanos exigidos pela legislação local para a respectiva área (dimensão do lote) não é motivo suficiente para se negar esse direito, que tem índole constitucional. Para que seja deferido o direito à usucapião especial urbana basta o preenchimento dos requisitos exigidos pelo texto constitucional, de modo que não se pode impor obstáculos, de índole infraconstitucional, para impedir que se aperfeiçoe, em favor de parte interessada, o modo originário de aquisição de propriedade. STF. Plenário. RE 422349/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 29/4/2015 (repercussão geral) (Info 783). USUCAPIÃO. Pode ser deferida usucapião especial rural ainda que a área do imóvel seja inferior ao módulo rural. Presentes os requisitos exigidos no art. 191 da CF/88, o imóvel rural cuja área seja inferior ao "módulo rural" estabelecido para a região poderá ser adquirido por meio de usucapião especial rural. A CF/88, ao instituir a usucapião rural, prescreveu um limite máximo de área a ser usucapida, sem impor um tamanho mínimo. Assim, estando presentes todos os requisitos exigidos pelo texto constitucional, não se pode negar a usucapião alegando que o imóvel é inferior ao módulo rural previsto para a região. STJ. 4ª Turma. REsp 1.040.296-ES, Rel. originário Min. Marco Buzzi, Rel. para acórdão Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 2/6/2015 (Informativo 566). COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS. A disciplina sobre o ordenamento do espaço urbano pode ser feita por meio de outras leis municipais além do plano diretor, desde que sejam compatíveis com esta. Os Municípios com mais de 20 mil habitantes e o Distrito Federal podem legislar sobre programas e projetos específicos de ordenamento do espaço urbano por meio de leis que sejam compatíveis com as diretrizes fixadas no plano diretor. Isso significa que nem sempre que o Município for legislar sobre matéria urbanística, ele precisará fazê-lo por meio do Plano Diretor. O Plano Diretor é o instrumento legal que dita a atuação do Município ou do Distrito Federal quanto ao ordenamento urbano, traçando suas linhas gerais, porém a sua execução pode se dar mediante a expedição de outras lei e decretos, desde que guardem conformidade com o Plano Diretor. STF. Plenário. RE 607940/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 29/10/2015 (Informativo 805). 1.1. PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL Função dos Princípios - Os princípios, em regra, são simples, de fácil compreensão e servem com o norte para se entender a essência de fundamentos de determinados ramos do Direito, facilitando a construção do próprio ordenamento jurídico do referido ramo e a sua aplicação/utilização. De maneira geral, não há consenso da doutrina sobre os princípios de direito ambiental. Dessa forma, optamos por analisar aqueles com maior incidência em provas de concurso. 1.1.1 PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Tal princípio é considerado o principal entre aqueles que regem o direito ambiental e está fundamentado na ideia de: I) CRESCIMENTO ECONÔMICO; II) PRESERVAÇÃO AMBIENTAL; e III) EQUIDADE SOCIAL. Dessa forma, o desenvolvimento só poderá ser considerado sustentável quando observar esses três fundamentos de forma simultânea. Princípio 04 - Declaração Rio (ECO/1992) - Para alcançar o desenvolvimento sustentável, a proteção ambiental constituirá parte integrante do processo de desenvolvimento e não pode ser considerada isoladamente deste. Ante o exposto, a proteção ambiental deve ser parte integrante do processo de desenvolvimento. Assim, O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL É AQUELE QUE SATISFAZ AS NECESSIDADES PRESENTES, SEM COMPROMETER A CAPACIDADE DAS GERAÇÕES FUTURAS DE SUPRIR SUAS PRÓPRIAS NECESSIDADES. Tal princípio é de extrema importância, pois as necessidades humanas são ilimitadas, mas os recursos ambientais não. Assim, deve-se ponderar o direito fundamental ao desenvolvimento econômico e o direito à preservação ambiental. Importante ressaltar que esse princípio não possui apenas uma vertente ambiental, mas também uma acepção social (equidade social), posto que a Constituição tem como um de seus objetivos o desenvolvimento social dos povos (erradicação da pobreza) através da justa repartição das riquezas. O STF (ADI 3.540-MC) já se manifestou no sentido de que “o princípio do desenvolvimento sustentável, além de impregnado de caráter eminentemente constitucional, encontra suporte legitimador em compromissos internacionais assumidos pelo Estado brasileiro e representa fator de obtenção do justo equilíbrio entre as exigências da economia e as da ecologia, subordinada, no entanto, a invocação desse postulado, quando ocorrente situação de conflito entre valores constitucionais relevantes, a uma condição inafastável, cujaobservância não comprometa nem esvazie o conteúdo essencial de um dos mais significativos direitos fundamentais: o direito à preservação do meio ambiente, que traduz bem de uso comum da generalidade das pessoas, a ser resguardado em favor das presentes e futuras gerações”. Por fim, deve-se ressaltar que o princípio do desenvolvimento sustentável tem aplicação direta aos recursos naturais renováveis (ex.: água, florestas, animais etc.) e indireta aos recursos naturais não renováveis (ex.: minérios). No caso de recursos não renováveis, sua utilização deve ser racional e prolongada ao máximo, devendo, sempre que possível, ser substituída pela utilização de recursos renováveis. 1.1.2. PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO Segundo esse princípio, quando já se tem base cientifica para previsão dos impactos ambientais negativos decorrentes de determinada atividade lesiva ao meio ambiente, devem ser impostas ao empreendedor algumas condições em sua atuação para mitigar ou impedir os prejuízos. Dessa forma, na aplicação desse princípio, verifica-se UM RISCO CERTO, CONHECIDO, CONCRETO, JÁ SE SABENDO A EXTENSÃO E A NATUREZA DOS DANOS AMBIENTAIS, ou seja, o risco é certo, e o perigo é concreto. Exemplo de Aplicação - Exigência de estudo ambiental para o licenciamento de atividade apta a causar degradação ao ambiente. 1.1.3. PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO Segundo esse princípio, quando houver possibilidade de danos graves ao meio ambiente, a mera ausência de absoluta certeza científica não deve ser utilizada como razão para postergar medidas no intuito de evitar a degradação ambiental. Princípio 15 - Declaração Rio (ECO/1992) - Com o fim de proteger o meio ambiente, o princípio da precaução deverá ser amplamente observado pelos Estados, de acordo com suas capacidades. Quando houver ameaça de danos graves ou irreversíveis, a ausência de certeza científica absoluta NÃO será utilizada como razão para o adiamento de medidas economicamente viáveis para prevenir a degradação ambiental. Dessa forma, se um empreendimento puder causar danos ambientais graves, mas não se tem absoluta certeza científica quanto a esses danos, o empreendedor deverá adotar medidas de precaução para mitigar ou impedir eventuais danos ambientais para a população. Em casos extremos, é possível, inclusive, que o Poder Público impeça a realização do empreendimento até que a ciência evolua, para que se possa analisar a real natureza e extensão dos danos ambientais. Ante o exposto, há uma ação antecipada em face de um risco desconhecido, ou seja, a incerteza científica milita em favor do meio ambiente (in dubio pro natura). Conforme a análise acima, na aplicação desse princípio, O RISCO AMBIENTAL É INCERTO, E O PERIGO É ABSTRATO, POTENCIAL. Inversão do Ônus da Prova - O princípio da precaução fundamenta a possibilidade de inversão do ônus da prova nas demandas ambientais. Dessa forma, caberá ao suposto poluidor provar que sua atividade NÃO acarretará danos ao meio ambiente. SÚMULA 618 DO STJ - A INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA APLICA-SE ÀS AÇÕES DE DEGRADAÇÃO AMBIENTAL. Exemplos de Aplicação do Princípio da Precaução - Questões relativas ao uso de celulares e aos organismos geneticamente modificados. Art. 1º da Lei 11.105/2005 (Lei de Biossegurança) - Esta Lei estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização sobre a construção, o cultivo, a produção, a manipulação, o transporte, a transferência, a importação, a exportação, o armazenamento, a pesquisa, a comercialização, o consumo, a liberação no meio ambiente e o descarte de organismos geneticamente modificados – OGM e seus derivados, tendo como diretrizes o estimulo ao avanço cientifico na área de biossegurança e biotecnologia, a proteção à vida e à saúde humana, animal e vegetal, e a observância do princípio da precaução para a proteção do meio ambiente. 1.1.4. PRINCÍPIO DO POLUIDOR-PAGADOR (OU RESPONSABILIDADE) Segundo esse princípio, o poluidor deve responder pelos custos sociais da degradação causada por sua atividade, devendo esse valor ser agregado no custo produtivo da atividade. É a chamada INTERNALIZAÇÃO DAS EXTERNALIDADES NEGATIVAS, a fim de evitar que os lucros sejam privatizados e os prejuízos ambientais sejam socializados. Princípio 16 - Declaração Rio (ECO/1992) - As autoridades nacionais devem procurar promover a internacionalização dos custos ambientais e o uso de instrumentos econômicos, tendo em vista a abordagem segundo a qual o poluidor deve, em princípio, arcar com o custo da poluição, com a devida atenção ao interesse público e sem provocar distorções no comércio e nos investimentos internacionais. Ressalta-se que esse princípio não constitui uma autorização para poluir. Na verdade, por esse princípio, o poluidor só pode degradar o meio ambiente dentro dos limites de tolerância previstos em lei, após o devido licenciamento. Sob outra ótica, esse princípio também determina que todo aquele que causar dano ao meio ambiente será obrigado a repará-lo. Assim, ainda que a poluição esteja amparada por uma licença ambiental, caso aconteçam danos, o poluidor deverá repará-los. Ante o exposto, CABERÁ AO POLUIDOR COMPENSAR OU REPARAR O DANO CAUSADO, COMO MEDIDA DE INTERNALIZAÇÃO DAS EXTERNALIDADES NEGATIVAS DA SUA ATIVIDADE POLUIDORA. A Lei que fixa a Política Nacional do Meio Ambiente estabelece que o poluidor é obrigado, INDEPENDENTEMENTE DA EXISTÊNCIA DE CULPA, a indenizar ou a reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade (Artigo 14,§1º, da Lei 6.938/1981). 1.1.5. PRINCÍPIO DO PROTETOR-RECEBEDOR Este princípio estabelece que, se por um lado, é preciso internalizar os danos ambientais a quem os causa (poluidor-pagador), é também necessário que sejam criados beneficios em favor daqueles que protegem o meio ambiente, para fomentar e premiar essas iniciativas (protetor- recebedor). Dessa forma, este princípio é outra face da moeda que consagra o princípio do poluidor- pagador. Ante o exposto, há uma espécie de compensação pela prestação dos serviços ambientais em favor daqueles que atuam na defesa do meio ambiente, no intuito de se promover a chamada justiça ambiental. 1.1.6. PRINCÍPIO DO USUÁRIO-PAGADOR Segundo esse princípio, as pessoas que se utilizam dos recursos naturais escassos devem pagar pela sua utilização, ainda que NÃO haja poluição. Dessa forma, por esse princípio, a utilização dos recursos naturais mais escassos deve ser cobrada na tentativa de racionalizar sua utilização, funcionando como medida educativa para evitar o desperdício. Ante o exposto, a cobrança pela utilização de um recurso natural, ainda que sem poluição, consiste em aplicação do princípio do usuário-pagador. 1.1.7. PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO ENTRE OS POVOS É um princípio fundamental da República, devendo nortear as relações internacionais do Brasil (art. 4º, CF/88). Dessa forma, as nações devem cooperar entre si na busca pela proteção do meio ambiente, sobretudo porque os danos ambientais ultrapassam as divisas territoriais de um país. 1.1.8. PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE INTERGERACIONAL (OU EQUIDADE) Para esse princípio, as gerações presentes devem preservar o meio ambiente para as gerações futuras. Assim, os recursos ambientais devem ser utilizados de maneira racional, para que as futuras gerações também possam deles gozar. Dessa forma, pode-se dizer que o princípio do desenvolvimento sustentável busca realizar o princípio da solidariedade intergeracional. Assim, o direito ao desenvolvimento deve ser exercido de modo que as necessidades de desenvolvimento e de meio ambiente para as gerações presentes e futuras sejam atendidas equitativamente. Princípio 03 - Declaração Rio (ECO/1992) - O direito ao desenvolvimento deve ser exercido de modo a permitir que sejam atendidas equitativamente as necessidades de desenvolvimento e de meioambiente das gerações presentes e futuras. 1.1.9. PRINCÍPIO DA NATUREZA PÚBLICA (OU OBRIGATORIEDADE DA PROTEÇÃO AMBIENTAL) Segundo esse princípio, o meio ambiente é um direito difuso, indispensável à vida, sendo a sua proteção um dever irrenunciável do Poder Público. Dessa forma, o Estado deve atuar como agente normativo (editando normas ambientais) e regulador (fiscalizando o cumprimento das normas) da ordem econômica ambiental. Ante o exposto, o exercício do poder de polícia ambiental é vinculado (em regra), de modo que não há que se falar em conveniência e em oportunidade na escolha do melhor momento e maneira de sua exteriorização. O meio ambiente é indisponível e autônomo, motivo pelo qual não pode ser objeto de transação. 1.1.10. PRINCÍPIO DA PARTICIPAÇÃO COMUNITÁRIA (OU PARTICIPAÇÃO POPULAR) Segundo esse princípio, as pessoas possuem o direito de participar ativamente das decisões políticas ambientais, na medida em que os danos ambientais são transindividuais. Princípio 10 - Declaração Rio (ECO/1992) - A melhor maneira de tratar as questões ambientais é assegurar a participação, no nível apropriado, de todos os cidadãos interessados. No nível nacional, cada indivíduo terá acesso adequado às informações relativas ao meio ambiente de que disponham as autoridades públicas, inclusive informações acerca de materiais e de atividades perigosas em suas comunidades, bem como a oportunidade de participar dos processos decisórios. Os Estados irão facilitar e estimular a conscientização e a participação popular, colocando as informações à disposição de todos. Será proporcionado o acesso efetivo a mecanismos judiciais e administrativos, inclusive no que se refere à compensação e reparação de danos. Exemplo de Aplicação - A necessidade de realização de audiências públicas em licenciamentos ambientais complexos; a consulta pública na criação de unidades de conservação; a ação popular; o direito de petição etc. 1.1.11. PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIOAMBIENTAL DA PROPRIEDADE Atualmente, fala-se em função socioambiental da propriedade. Isso porque um dos requisitos para que a propriedade rural cumpra sua função social é o respeito à legislação ambiental. No que tange à propriedade urbana, o requisito é respeitar o plano diretor, que, por sua vez, deverá necessariamente considerar a preservação ambiental (ex.: instituição de áreas verdes). A função social (socioambiental) não é apenas uma limitação ao exercício do direito de propriedade. Na verdade, é um atributo do direito de propriedade ao lado do uso, gozo, disposição e reivindicação. Fala-se, assim, em “ecologização” da propriedade. O art. 1228, § 1º, CC/02 denota o caráter transversal do direito ambiental, que permeia todos os ramos jurídicos – “o direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados (...), a flora, a fauna (...), bem como evitada a poluição do ar e das águas”. 1.1.12. PRINCÍPIO DA INFORMAÇÃO Este princípio é ligado ao princípio da participação comunitária e também ao princípio da publicidade, que norteia a Administração Pública. Isso porque o acesso às informações é imprescindível para que a população participe das decisões políticas ambientais. Com base nesse princípio, os órgãos ambientais possuem obrigação de permitir o acesso público aos documentos e aos processos administrativos que tratem de matéria ambiental, devendo fornecer todas as informações necessárias e que estejam sob a sua guarda. Tal direito é conferido a qualquer cidadão, independentemente, em regra, da demonstração de interesse específico. 1.1.13. PRINCÍPIO DO LIMITE Tal princípio consiste no dever do Estado de editar e de efetivar normas jurídicas que instituam padrões máximos de poluição, com a concepção de não afetar o equilíbrio ambiental e a saúde pública. O estabelecimento de padrões de qualidade, inclusive, é um dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente. 1.1.14. PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE COMUM, MAS DIFERENCIADA Tal princípio tem feição ambiental internacional e decorre do princípio da isonomia. Segundo esse princípio, todas as nações são responsáveis pelo controle da poluição e pela busca da sustentabilidade. Ressalta-se que os países poluidores devem adotar medidas mais drásticas, pois são os principais responsáveis pela poluição. 1.1.15. OUTROS PRINCÍPIOS DE DIREITO AMBIENTAL Princípio do Meio Ambiente Equilibrado → Estabelece que deve ser mantido um meio ambiente equilibrado, ou seja, sem alterações significativas provocadas pelo homem. Isso porque o meio ambiente ecologicamente equilibrado é um direito fundamental, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida. Princípio do Direito à Sadia Qualidade de Vida → É uma evolução do direito à vida, ou seja, não basta ser assegurado o direito à vida, mas, sim, o direito a uma vida com qualidade, o que pressupõe condições ambientais dignas. Princípio da Reparação Integral → É imprescindível que todos os danos causados ao meio ambiente, em sua integralidade, sejam restaurados ou compensados, o que ocorre através de responsabilidade civil objetiva no Brasil. Princípio da Integração Ambiental → A proteção ambiental deve ser considerada na formulação e na aplicação das políticas públicas, dos planos, dos programas ou das atividades que possam causar impacto adverso no meio natural. Princípio da Proibição do Retrocesso Ecológico → É VEDADO o recuo dos patamares legais de proteção ambiental, salvo em situações de calamidade. Princípio do Progresso Ambiental → É dever do Estado revisar constantemente sua legislação ambiental com a finalidade de mantê-la sempre atualizada com a realidade. Princípio da Ubiquidade Ambiental → Segundo o professor Celso Antônio Pacheco Fiorillo, "este princípio vem evidenciar que o objeto de proteção do meio ambiente, localizado no epicentro dos direitos humanos, deve ser levado em consideração toda vez que uma política, atuação, legislação sobre qualquer tema, atividade, obra etc. tiver que ser criada e desenvolvida. Isso porque, na medida em que possui como ponto cardeal de tutela constitucional a vida e a qualidade de vida, tudo que se pretende fazer, criar ou desenvolver deve antes passar por uma consulta ambiental, enfim, para saber se há ou não a possibilidade de que o meio ambiente seja degradado”. LEI Nº 12.305, DE 2 DE AGOSTO DE 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. CAPÍTULO II DOS PRINCÍPIOS E OBJETIVOS Art. 6º São princípios da Política Nacional de Resíduos Sólidos: I - a prevenção e a precaução; II - o poluidor-pagador e o protetor-recebedor; III - a visão sistêmica, na gestão dos resíduos sólidos, que considere as variáveis ambiental, social, cultural, econômica, tecnológica e de saúde pública; IV - o desenvolvimento sustentável; V - a ecoeficiência, mediante a compatibilização entre o fornecimento, a preços competitivos, de bens e serviços qualificados que satisfaçam as necessidades humanas e tragam qualidade de vida e a redução do impacto ambiental e do consumo de recursos naturais a um nível, no mínimo, equivalente à capacidade de sustentação estimada do planeta; VI - a cooperação entre as diferentes esferas do poder público, o setor empresarial e demais segmentos da sociedade; VII - a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos; VIII - o reconhecimento do resíduo sólido reutilizável e reciclável como um bem econômico e de valor social, gerador de trabalho e renda e promotor de cidadania; IX - o respeito às diversidades locais e regionais; X - o direito da sociedade à informação e ao controle social; XI - a razoabilidade e a proporcionalidade. 2. JURISPRUDÊNCIA LEGITIMIDADE DOS LIMITES FIXADOS PELA LEI 11.934/2009 De acordocom o princípio da precaução, se existe uma desconfiança, um risco de que determinada atividade pode gerar um dano ambiental sério ou irreversível ao meio ambiente e à saúde humana, neste caso, a referida atividade deverá ser proibida ou restringida mesmo que ainda não exista uma certeza científica de que ela é realmente perigosa. No caso analisado pelo STJ, uma associação de moradores de São Paulo ajuizou ação civil pública pedindo que a concessionária de energia elétrica "Eletropaulo Metropolitana – Eletricidade de São Paulo S.A" fosse obrigada a reduzir o campo eletromagnético na sua linha de transmissão localizada nas proximidades deste bairro. Segundo a parte autora os níveis do campo eletromagnético poderiam causar danos à saúde humana e ao meio ambiente e pediu que a concessionária adotasse os mesmos parâmetros que são previstos na legislação da Suíça. Entretanto, a Corte concluiu que, atualmente, não existem fundamentos fáticos ou jurídicos a obrigar as concessionárias de energia elétrica a reduzir o campo eletromagnético das linhas de transmissão de energia elétrica abaixo do patamar legal fixado pela ANEEL. STF. Plenário. RE 627189/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 8/6/2016 (repercussão geral) (Info 829). PRINCÍPIOS AMBIENTAIS Princípio do Estado Socioambiental de Direito O presente princípio traz consigo uma nova dimensão ao já consagrado princípio do Estado de Direito, no qual o Poder Público e os cidadãos devem se submeter ao império da lei, lei esta que garanta o desenvolvimento sustentável, com o fomento do crescimento, aliado à proteção do meio ambiente e à distribuição de renda. Com base neste entendimento o Estado não está restrito a uma postura negativa, de apenas impedir restrições indevidas ao pleno exercício dos direitos fundamentais do cidadão, mas está sim obrigado a se posicionar ativamente, tomando medidas que visem concretizar tais direitos fundamentais, levando em conta a proteção do meio ambiente como pressuposto de uma boa qualidade de vida, essencial para a garantia da dignidade da pessoa humana. Portanto, segundo este princípio o Poder Público tem o dever de garantir, através de uma postura proativa, o exercício dos direitos fundamentais do cidadão, inclusive através de políticas públicas voltadas para a promoção de um meio ambiente equilibrado, já que este é pressuposto dos demais direitos fundamentais. O Estado Socioambiental de Direito aponta para a necessidade de se compatibilizar crescimento econômico, desenvolvimento social e preservação do meio ambiente. Tal princípio leva a proteção do meio ambiente para o foco de tutela do Estado, na medida em que referido equilíbrio serve como fator de reforço do princípio democrático. O núcleo básico de direitos de cada pessoa (saúde, educação, vida, dignidade...), também chamado de mínimo existencial, só pode ser garantido pelo Poder público em um ambiente onde a preservação dos recursos naturais seja uma necessidade e prática constantes. Enfim, a base para o desenvolvimento humano e social passa por um meio ambiente equilibrado, e cabe ao Estado garantir tal situação por meio de políticas públicas. É a materialização do Estado Socioambiental de Direito. Princípio do desenvolvimento sustentável O conceito de desenvolvimento sustentável engloba três elementos essenciais e indissociáveis, quais sejam: CRESCIMENTO ECONÔMICO, IGUALDADE SOCIAL E PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE. A Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento conceitua o desenvolvimento sustentável como “O desenvolvimento que procura satisfazer as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade das gerações futuras e satisfazerem as suas próprias necessidades”. As sociedades que buscam o desenvolvimento sustentável têm que conciliar o aumento de riquezas com a sua justa distribuição, sem perder de vista a preservação do meio ambiente. Em uma comparação simplória podemos fazer a seguinte ilustração: “o bolo tem que crescer, esse bolo tem, ainda, que ser repartido entre todos e, no final, não pode restar sujeira na mesa, de modo que as pessoas que irão chegar possam fazer um novo bolo sem problemas”. Essa é a essência do desenvolvimento sustentável. A maximização dos lucros, tão perseguida no capitalismo, tem que se adequar à necessidade premente de preservação do meio ambiente. A Carta Magna, em seu artigo 170, exige referida compatibilização ao informar que a ordem econômica tem por fim assegurar a todos uma existência digna, conforme os ditames da justiça social e observado, entre outros, o princípio da defesa do meio ambiente. O princípio do desenvolvimento sustentável foi o centro de toda a discussão da Rio-92. Expressões da aplicação do princípio do desenvolvimento sustentável podem ser verificadas na aplicação de fontes de energia limpa, no manejo florestal, em atividades de reciclagem, etc. E cabe ao Estado fomentar a aplicação do princípio em comento. Enfim, o desenvolvimento sustentável deve garantir às gerações futuras a possibilidade real de suprirem suas necessidades. A efetivação do desenvolvimento sustentável passa, segundo Marcelo Abelha Rodrigues13, por três necessidades básicas: 1. Evitar/diminuir a produção de bens supérfluos e agressivos ao meio ambiente; 2. Convencer o consumidor a não consumir produtos “inimigos” do meio ambiente; e 3. Estimular o uso de “tecnologias limpas” no exercício da atividade econômica. CF/88 Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: ... VI – defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação. Lei 6.938/81 Art. 4º A Política Nacional do Meio Ambiente visará: I - à compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico; ... VI - à preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à sua utilização racional e disponibilidade permanente, concorrendo para a manutenção do equilíbrio ecológico propício à vida; Lei 9.433/97 Art. 2º São objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos: I - assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos; II - a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável. Lei 11.428/2006 Art. 6o A proteção e a utilização do Bioma Mata Atlântica têm por objetivo geral o desenvolvimento sustentável e, por objetivos específicos, a salvaguarda da biodiversidade, da saúde humana, dos valores paisagísticos, estéticos e turísticos, do regime hídrico e da estabilidade social. Lei 12.187/2009 Art. 4o A Política Nacional sobre Mudança do Clima - PNMC visará: I - à compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a proteção do sistema climático; Lei 12.305/2010 Art. 6o São princípios da Política Nacional de Resíduos Sólidos: ... IV - o desenvolvimento sustentável; Lei 12.651/2012 Art. 1o... Parágrafo único. Tendo como objetivo o desenvolvimento sustentável, esta Lei atenderá aos seguintes princípios:... ATENÇÃO!!! Alguns concursos tratam do tema do desenvolvimento sustentável com uma nomenclatura diferente, qual seja: PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE INTERGERACIONAL Princípio Do Poluidor- Pagador ou Responsabilidade Poluidor é a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental (art. 3º, IV da Lei nº 6.938/81). • Deve arcar com os custos sociais que a sua atividade impactante causar (externalidades negativas); • Transfere ao poluidor, o dever de reduzir os impactos ambientais aos níveis
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