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JOSÉ SANTANA FARIAS NETO - UESB 1 Farmacologia Fármacos que afetam o Sistema Cardiovascular FÁRMACOS ANTI-HIPERTENSIVOS # RESUMO ↑ tônus do músculo liso arteriolar vascular periférico (causa desconhecida na maioria dos casos) → ↑ resistência arteriolar e ↓ capacitância do sistema venoso → HIPERTENSÃO = pressão sanguínea sistólica contínua > 140 mmHg e/ou pressão sanguínea diastólica contínua > 90 mmHg. • Embora geralmente assintomática, a HIPERTENSÃO CRÔNICA (tanto sistólica quanto diastólica) pode levar à AVE (derrame), à insuficiência cardíaca congestiva, ao infarto do miocárdio e à lesão renal. • Diagnóstico precoce + tratamento adequado = ↓ morbidade e mortalidade. # ETIOLOGIA DA HIPERTENSÃO Pode ser secundária a outras doenças, porém >90% dos pacientes apresentam hipertensão essencial (alteração de origem desconhecida que afeta os mecanismos de regulação da pressão arterial). • Grupos de risco → histórico familiar, negro (4x), homens de meia idade / prevalência aumenta com a idade e a obesidade. • Fatores de risco ambientais → estilo de vida estressante, ingestão elevada de sódio e fumo. # MECANISMOS DE CONTROLE DA PRESSÃO ARTERIAL A PA é diretamente proporcional ao DC e à RVP e é regulada em uma faixa estreita para que a perfusão ocorra sem lesionar o sistema vascular, principalmente a túnica íntima arterial (endotélio). • Como os fármacos anti-hipertensivos diminuem a PA? → ↓ DC e/ou ↓ RVP. DC e RVP são controlados principalmente por 2 mecanismos sobrepostos de controle: os BARORREFLEXOS e o SRAA. ➔ BARORRECEPTORES E SNS Barorreflexos atuam alterando a atividade do SNS momento a momento (regulação rápida da PA): ↓ PA → neurônios sensíveis à pressão (barorreceptores do arco aórtico e seios carotídeos) enviam menos impulsos aos centros cardiovasculares na medula espinal → RESPOSTA REFLEXA IMEDIATA de ↑ estímulo simpático e ↓ parassimpática do e vasos = VASOCONSTRIÇÃO e ↑ DC = ↑ PA. ➔ SRAA Os rins são responsáveis pelo controle da pressão arterial em longo prazo ajustando o volume sanguíneo: ↓ PA + estimulação simpática de adrenorreceptores β1 → barorreceptores nos rins respondem liberando a enzima RENINA → angiotensinogênio é convertido em angiotensina I, que pela ECA é convertida em ANGIOTENSINA II → VASOCONSTRIÇÃO de arteríolas e veias = ↑ PA. • Obs.: angiotensina II exerce ação vasoconstritora preferencial nas arteríolas eferentes do glomérulo renal = ↑ filtração glomerular. • Angiotensina II estimula a secreção de ALDOSTERONA = ↑ reabsorção renal de sódio = ↑ volume sanguíneo = aumento adicional da PA. # ESTRATÉGIAS DE TRATAMENTO Objetivo = ↓ morbidade cardiovascular e renal e a mortalidade → ↓ PA (mesmo a moderadamente elevada) = ↓ significativamente a ocorrência de doença cardiovascular. Por isso, medidas educativas e adoção de condutas de ↓ pressão são importantes na população em geral. Hipertensão moderada pode ser controlada algumas vezes com um único fármaco, mas a maioria dos pacientes requer > 1 fármaco para obter o controle. Recomendações: • Iniciar com DIURÉTICO TIAZÍDICO, salvo razões que determinem o emprego de outra classe de fármaco; • Se PA não é controlada, é acrescentado um 2º fármaco (escolha: efeitos adversos mínimos); o β-bloqueador, se o fármaco inicial foi um diurético, e vice-versa. o Vasodilatador como 3º fármaco para aqueles que continuam sem alcançar uma PA adequada; o Quando são usados IECA ou BRA para iniciar o tratamento, o diurético é o 2º fármaco acrescentado mais comumente. JOSÉ SANTANA FARIAS NETO - UESB 2 Farmacologia Fármacos que afetam o Sistema Cardiovascular ➔ CUIDADOS INDIVIDUALIZADOS Certos subgrupos da população hipertensa respondem melhor a uma classe de fármacos do que à outra: • NEGROS respondem bem aos diuréticos e bloqueadores de canais de cálcio, mas o monotratamento com β- bloqueadores ou inibidores da ECA com frequência é menos eficaz. • IDOSOS respondem bem aos diuréticos, bloqueadores de canais de cálcio e inibidores da ECA, mas o monotratamento com β-bloqueadores ou α-antagonistas são menos tolerados. Além disso, a hipertensão pode coexistir com outras doenças que podem ser agravadas por alguns dos fármacos anti- hipertensivos → é importante encontrar o melhor fármaco anti-hipertensivo para cada paciente em particular. ALVOS RECOMENDADOS → Diabéticos (PA < 140/80 mmHg); Doença renal crônica e proteinúria (PA < 130/80 mmHg); Idosos (PA < 150/90 mmHg). ➔ ADESÃO DO PACIENTE AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO Falta de adesão = causa mais comum para a falha do tratamento. O hipertenso normalmente é ASSINTOMÁTICO e diagnosticado por TRIAGEM de rotina, antes da ocorrência de lesão sobre um órgão-alvo → tratamento direcionado para EVITAR SEQUELAS de doença futura. EFEITOS ADVERSOS podem pesar mais que as VANTAGENS FUTURAS → ex.: β-bloqueadores podem causar disfunção sexual no homem = interrupção do tratamento. Como aumentar a adesão? → selecionar regime de fármaco que ↓ efeitos adversos e também ↓ número de dosificações necessárias por dia → ex.: associação de 2 classe de fármacos em um comprimido único, em dose-fixa. # DIURÉTICOS Independentemente da classe, o mecanismo de ação inicial é baseado na ↓ volume = ↓ PA. O tratamento com doses baixas é seguro, barato e eficaz na prevenção de derrame, infarto do miocárdio e insuficiência cardíaca. Devem-se MONITORAR os eletrólitos séricos rotineiramente em todos os pacientes que recebem diuréticos. ➔ DIURÉTICOS TIAZÍDICOS (Ex.: Hidroclorotiazida e Clortalidona) AÇÃO → ↑ excreção de Na+ e água → ↓ volume extracelular → ↓ DC e ↓ fluxo sanguíneo renal (FSR) = ↓ PA. TTO PROLONGADO → volume de plasma volta ao normal, mas persiste o efeito hipotensor relacionado com a ↓ RVP / úteis no tto combinado com outros anti- hipertensivos (β-bloqueadores, IECAs, BRAs e diuréticos poupadores de potássio). JOSÉ SANTANA FARIAS NETO - UESB 3 Farmacologia Fármacos que afetam o Sistema Cardiovascular Com exceção da METOLAZONA, os diuréticos tiazídicos NÃO são eficazes em pacientes com função renal inadequada (velocidade de filtração glomerular estimada < 30 mL/min/m2) → necessários diuréticos de alça. EFEITOS ADVERSOS → hipopotassemia, hiperuricemia e, em menor extensão, hiperglicemia. ➔ DIURÉTICOS DE ALÇA (Ex.: Furosemida, Torsemida, Bumetanida e Ácido etacrínico) Atuam rapidamente REABSORÇÃO DE SÓDIO E CLORETO NOS RINS, mesmo em pacientes com má função renal ou naqueles que não responderam ao diurético tiazídico = ↓ resistência vascular renal e ↑ FSR. Podem causar HIPOPOTASSEMIA / ↑ [Ca2+] na urina, ao passo que os tiazídicos diminuem / raramente são usados isoladamente para a hipertensão, mas são comumente usados para tratar sintomas de insuficiência cardíaca e edema. ➔ DIURÉTICOS POUPADORES DE POTÁSSIO Amilorida e triantereno (inibidores do transporte de sódio epitelial nos ductos distais e coletores), bem como espironolactona e eplerenona (antagonistas de receptor da aldosterona) → ↓ perda de potássio na urina. São usados algumas vezes associados aos diuréticos de alça e aos tiazídicos para ↓ espoliação do K+ causada por esses diuréticos. Vantagem adicional da ALDOSTERONA = ↓ remodelação cardíaca que ocorre na insuficiência cardíaca. # β-BLOQUEADORES Ações → PROPRANOLOL (β1 e β2) / METOPROLOL (β1) e ATENOLOL (β1) estão entre os mais comumente prescritos. O NEBIVOLOL (β1) aumenta também a produção de óxido nítrico = vasodilatação. Obs.: β-bloqueadores seletivos devem ser administrados cautelosamente em pacientes hipertensos que também têm ASMA / β-bloqueadores não seletivos são contraindicados devido ao bloqueio da broncodilatação mediada por β2 / β-bloqueadores devem ser usados com cautela no tratamento de pacientes com insuficiência cardíaca aguda ou doença vascular periférica. Usos terapêuticos → hipertensoscom doença cardíaca concomitante, como taquiarritmia supraventricular (p. ex. fibrilação atrial), infarto do miocárdico prévio, angina pectoris e insuficiência cardíaca crônica. Farmacocinética → ativos por via oral / propranolol sofre biotransformação de 1ª passagem extensa e altamente variável / β-bloqueadores podem demorar várias semanas até desenvolverem seu efeito pleno / Esmolol, metoprolol e propranolol estão disponíveis em formulação intravenosa (IV). Efeitos adversos → comuns = bradicardia, hipotensão, fadiga, letargia, insônia, ↓ libido e causar disfunção erétil / alterações nos padrões lipídicos séricos = ↓ HDL e ↑ triglicerídeos / retirada abrupta do fármaco = angina, infarto do miocárdio e mesmo a morte súbita de pacientes com doença cardíaca isquêmica. # INIBIDORES DA ENZIMA CONVERSORA DE ANGIOTENSINA (IECAs) Ex.: ENALAPRIL e LISINOPRIL / 1ª escolha contra hipertensão em pcts com uma variedade de indicações (risco alto de doença coronária ou história de diabetes, AVE, insuficiência cardíaca, infarto do miocárdio ou doença renal crônica). Ações → ECA = ↓ angiotensina II e ↑ bradicinina (↑ óxido nítrico e prostaciclinas) = VASODILATAÇÃO de arteríolas e veias; ↓ angiotensina II = ↓ aldosterona = ↓ retenção de Na+ e água. IECA = ↓ pré-carga e pós-carga = ↓ trabalho cardíaco. Usos terapêuticos → Como os BRAs, retardam a progressão da nefropatia diabética e ↓ albuminúria / usados no cuidado após infarto do miocárdio e são 1ª escolha em disfunções sistólicas → tratamento crônico = ↓ PA JOSÉ SANTANA FARIAS NETO - UESB 4 Farmacologia Fármacos que afetam o Sistema Cardiovascular sustentada, regressão da hipertrofia ventricular esquerda e prevenção do remodelamento ventricular / 1ª escolha para tratar a insuficiência cardíaca, hipertensos com doença renal crônica e os pacientes com risco elevado de doença arterial coronariana / Todos os IECAs são igualmente eficazes no tratamento da hipertensão, em doses equivalentes. Farmacocinética → biodisponíveis por via oral como fármaco ou pró-fármaco / todos são convertidos no metabólito ativo no fígado, exceto CAPTOPRIL e LISINOPRIL = preferidos em grave insuficiência hepática / FOSINOPRIL = único que não é eliminado primariamente pelos rins = não requer ajuste de dosagem em insuficiência renal / ENALAPRILATO = único fármaco disponível para uso IV. Efeitos adversos → comuns = tosse seca, exantema, febre, alteração do paladar, hipotensão e hiperpotassemia ( com suplemento de potássio ou diurético poupador de K+) / raro = angioedema, potencialmente fatal / gestantes = malformações fetais. # BLOQUEADORES DO RECEPTOR DE ANGIOTENSINA II (BRAs) Ex.: LOSARTANA e IRBESARTANA / receptores AT1 = ↓ sua ativação pela angiotensina II / efeitos farmacológicos são similares aos dos IECAs, exceto por não ↑ níveis de bradicinina / podem ser usados como 1ª escolha para o tratamento da hipertensão, especialmente em pcts com forte indicação de diabetes, insuficiência cardíaca ou doença renal crônica / efeitos adversos são semelhantes aos dos IECAs → risco de tosse e angioedema significativamente menor / NÃO associar com IECA devido à similaridade de mecanismo e de efeitos adversos / TERATOGÊNICOS. # INIBIDORES DA RENINA Ex.: ALISQUIRENO / inibe diretamente a renina = ação mais precoce no SRAA do que os IECAs ou os BRAs / ↓ PA com eficácia similar à dos BRAs, IECAs e tiazídicos / NÃO deve ser usado rotineiramente associado com IECA ou BRA / pode causar diarreia (doses altas), e tosse e angioedema (menos do que com IECAs) / contraindicado durante a gestação. # BLOQUEADORES DOS CANAIS DE CÁLCIO (BCC) Recomendados para hipertensos com diabetes ou angina / EVITAR doses elevadas de BCCs de curta duração devido ao maior risco de infarto do miocárdio por vasodilatação excessiva e acentuada estimulação cardíaca reflexa. Classes de BCC • Difenilalquilamina → VERAPAMIL → único disponível nos EUA / o menos seletivo dos BCCs / apresenta efeitos significativos nas células cardíacas e no músculo liso vascular / usado também no tratamento da angina e das taquiarritmias supraventriculares, bem como para prevenir a enxaqueca e a cefaleia em salvas. • Benzotiazepínico → DILTIAZEM → único aprovado nos EUA / afeta células cardíacas e músculo liso vascular, mas apresenta efeito inotrópico cardíaco negativo menos pronunciado que o verapamil. • Di-hidropiridinas → NIFEDIPINO (protótipo), ANLODIPINO, FELODIPINO, ISRADIPINO, NICARDIPINO e NISOLDIPINO → diferem na farmacocinética, usos aprovados e nas interações farmacológicas / muito maior afinidade pelos canais de cálcio vasculares do que pelos canais de cálcio do / vantagem = pouca interação JOSÉ SANTANA FARIAS NETO - UESB 5 Farmacologia Fármacos que afetam o Sistema Cardiovascular com outros fármacos cardiovasculares, como digoxina ou varfarina, que são frequentemente usados em conjunto com BCCs. Ações → bloqueiam a entrada de cálcio por se ligarem aos canais de cálcio do tipo L no e nos músculos lisos dos vasos coronarianos e arteriolares periféricos = relaxamento do músculo liso vascular, dilatando principalmente as arteríolas / Obs.: BCCs não dilatam veias. Usos terapêuticos → podem ser usados como tratamento inicial ou adicional / úteis para hipertensos que têm asma, diabetes e/ou doença vascular periférica / todos os BCCs são úteis no tratamento da angina / diltiazem e verapamil são usados no tratamento da fibrilação atrial. Farmacocinética → a maioria apresenta meia-vida curta (3-8 horas) após uma dose oral / preparações de liberação sustentada estão disponíveis = dosificação única por dia / ANLODIPINO tem meia-vida muito longa = não requer formulação de liberação estendida. Efeitos adversos → bloqueio AV de 1º grau e constipação são efeitos dose-dependentes do verapamil / tontura, cefaleia e sensação de fadiga causada pela ↓ PA ocorrem mais frequentemente com di-hidropiridinas, além de edema periférico / Nifedipina e outras di-hidropiridinas podem causar hiperplasia gengival. # BLOQUEADORES DOS ADRENOCEPTORES α Ex.: PRAZOSINA, DOXAZOSINA e TERAZOSINA / produzem bloqueio competitivo de adrenoceptores α1 = relaxamento dos músculos lisos de artérias e veias = ↓ RVP = ↓ PA / causam mudanças mínimas no DC, no FSR e na velocidade de filtração glomerular → NÃO ocorre taquicardia no tratamento prolongado, mas SIM retenção de sal e água / taquicardia reflexa e hipotensão postural ocorrem com frequência no início do tratamento e com o ↑ dose, exigindo lenta titulação do fármaco em doses divididas. • Obs.: devido aos resultados fracos e ao perfil de efeitos adversos, não são recomendados no tratamento inicial da hipertensão há muito tempo, mas podem ser usados para casos refratários. # BLOQUEADORES DOS ADRENOCEPTORES α e β LABETALOL e CARVEDILOL receptores α1, β1 e β2 → carvedilol, embora eficaz como anti-hipertensivo, é usado principalmente no tto da insuficiência cardíaca / labetalol é usado no tto da hipertensão gestacional e em emergências hipertensivas. # ADRENÉRGICOS DE AÇÃO CENTRAL ➔ CLONIDINA Atua centralmente, produzindo centros vasomotores simpáticos e ↓ estimulação simpática para a periferia = ↓ RVP total = ↓ PA / usada primariamente na hipertensão que não responde adequadamente à dois ou mais fármacos / não ↓ FSR ou a filtração glomerular = útil na hipertensão complicada por doença renal / efeitos adversos = sedação, boca seca e constipação / se interrupção necessária → retirar lentamente, devido hipertensão de rebote. ➔ METILDOPA É um α2-agonista convertido em metilnorepinefrina no SNC = ↓ efluxo adrenérgico / efeitos adversos mais comuns = sedação e sonolência / uso limitado devido aos efeitos adversos e à necessidade de múltiplas dosificações diárias / usada principalmente para hipertensão na GESTAÇÃO, porter registros de segurança. # VASODILATADORES HIDRALAZINA e MINOXIDIL → NÃO são usados como fármacos primários para hipertensão / produzem relaxamento do músculo liso vascular, primariamente em artérias e arteríolas / produzem estimulação reflexa do coração = ↑ contratilidade miocárdica, FC e consumo de O2 → angina pectoris, infarto do miocárdio ou insuficiência cardíaca em indivíduos predispostos / ↑ [renina plasmática] = retenção de Na+ e água / esses efeitos indesejados podem ser pelo uso concomitante de um diurético e um β-bloqueador. JOSÉ SANTANA FARIAS NETO - UESB 6 Farmacologia Fármacos que afetam o Sistema Cardiovascular • Hidralazina → bem aceita no controle da hipertensão induzida pela GESTAÇÃO / efeitos adversos = cefaleia, taquicardia, náusea, sudoração, arritmia e precipitação de angina. • Minoxidil → causa HIPERTRICOSE = atualmente usado topicamente no tto da calvície masculina padrão. # EMERGÊNCIA HIPERTENSIVA Situação RARA, mas ameaçadora à vida, caracterizada por acentuado ↑ PA (sistólica >180 mmHg ou diastólica >120 mmHg) com evidência de lesão instalada ou progressiva de órgão-alvo (ex: AVE e infarto do miocárdio). Objetivo terapêutico = rápida ↓ PA. • Nota: elevação grave na PA sem evidência de lesão de órgão-alvo é considerada URGÊNCIA HIPERTENSIVA. ➔ NITROPRUSSIATO DE SÓDIO Via IV → vasodilatação rápida com taquicardia reflexa / ↓ PA em todos, independente da causa de hipertensão / poucos efeitos fora do sistema vascular, atuando igualmente nos músculos lisos arteriais e venosos = ↓ pré-carga / causa poucos efeitos adversos, exceto a hipotensão por dosagem excessiva / biotransformação = produção de íon cianeto → toxicidade rara, mas pode ser tratada com a infusão de tiossulfato de sódio para produzir tiocianato, que é menos tóxico e é eliminado pelos rins. • Nota 1: tóxico se administrado por VIA ORAL devido à sua hidrólise a cianeto. • Nota 2: é sensível à luz e, em solução, deve ser protegido da luz. ➔ LABETALOL • É um bloqueador α e β administrado em bolus ou infusão por via IV nas emergências hipertensivas. • NÃO causa taquicardia reflexa. • Principal limitação = longa meia-vida, o que impede a titulação rápida. ➔ FENOLDOPAM • Agonista periférico de receptor de dopamina 1 administrado por infusão IV. • Diferentemente dos outros anti-hipertensivos parenterais, mantém ou ↑ perfusão renal, enquanto ↓ PA. • Usado com segurança em todas as emergências hipertensivas e pode ser particularmente benéfico em pacientes com insuficiência renal. • Contraindicado em pacientes com glaucoma ➔ NICARDIPINO • BCC que pode ser administrado por infusão IV. • Principal limitação = longa meia-vida (cerca de 8 h), que impede a titulação rápida. # HIPERTENSÃO RESISTENTE • Definida como a pressão arterial que permanece elevada (acima do objetivo), apesar da administração de um regime ideal de três fármacos que inclui um diurético. • Causas mais comuns → baixa aderência ao tratamento, consumo excessivo de etanol, condições concomitantes (diabetes, obesidade, apneia do sono, hiperaldosteronismo, ingestão excessiva de sal e/ou síndrome metabólica), uso de medicação concomitante (simpaticomiméticos, anti-inflamatórios não esteroides ou medicação antidepressiva), dosagem e/ou fármacos insuficientes e uso de fármacos com mecanismos de ação similares.
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