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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI- ÁRIDO Departamento Ciências Ambientais e Tecnológica Disciplina – Mecânica dos Solos. Professor: Francisco Alves da Silva JúniorProfessor: Francisco Alves da Silva Júnior Permeabilidade dos solos Mossoró, 28 de Maio de 2011 1 Permeabilidade A permeabilidade é a propriedade que o solo apresenta de permitir o escoamento de da água através dele, de um ponto de maior energia para um de menor energia. Permeabilidade dos solos O solo, em suas condições mais gerais de existência, é um sistema trifásico composto de fase sólida, líquida e gasosa. A fase sólida é um conjuntotrifásico composto de fase sólida, líquida e gasosa. A fase sólida é um conjunto discreto de partículas minerais dispostas de modo a formarem uma estrutura contendo vazios entre os grãos de minerais. Estes vazios ou poros constituem as fases líquida e gasosa. A fase líquida é composta por água e a gasosa por ar. Logo, o solo é composto por sólidos minerais, água e ar, podendo os vazios estarem completa preenchidos por água. São nestes vazios que ocorrem o fluxo de água nos solos. 1.1 COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE O grau de permeabilidade de um solo é expresso pelo seu coeficiente de permeabilidade, representado pela letra k. O coeficiente de permeabilidade é dado em comprimento por unidade de tempo, em geral cm/s, multiplicado pela dezena elevada a uma determinada Permeabilidade dos solos potência de dez (Ex: 10-7 cm/s). Geralmente esta potência é quem reporta as características de permeabilidade do solo. Por exemplo: k = 2,4 x 10-7cm/s. Ao expoente de 10 (-7) é que se dá maior atenção. Esta propriedade do solo intervém em problemas de percolação da água pelas fundações e através de barragens de terra, drenagem, recalques por adensamento, rebaixamento do nível de água, etc. 1.2 CARGAS HIDRÁULICAS – TEOREMA DE BERNOULLI O fluxo de água no solo pode ser considerado incompressível, com pressão, velocidades e temperaturas constantes. Segundo Bernoulli, a pressão total em um ponto de fluxo de água em qualquer ponto (pressão monométrica - Hm) é a soma entre as cargas geométricas (altura – h ou cota de um ponto em relação a um plano de referência), as cargas Permeabilidade dos solos h ou cota de um ponto em relação a um plano de referência), as cargas piezométricas (z, pressão expressa em metros de coluna de água) e as cargas cinéticas (c, calculada pela expressão v2/2g). Hm = h+z+c ou 1.2 CARGAS HIDRÁULICAS – TEOREMA DE BERNOULLI Nos solos, a velocidade de percolação da água é pequena a parcela de carga cinética é quase desprezível, assim a carga total existente numa determinada seção é igual á soma das parcelas de carga de pressão e de carga altimétrica: Permeabilidade dos solos A diferença de pressões totais entre dois pontos é chamada de perda de carga (∆h). As perdas de carga são devido a fatores diversos como atrito, choques de partículas, desvios, entre outros. Considerando a figura, H2 = H1-∆h. 1.3 GRADIENTE HIDRÁULICO (i) O gradiente hidráulico (i) é a relação entre esta perda de carga (∆h), decorrente da percolação e a espessura do solo (L) no sentido do deslocamento da água, ou seja, é a perda de carga por unidade de comprimento. Permeabilidade dos solos Para que ocorra fluxo, é necessário que a pressão no ponto 2 seja maior que zero, sendo nula, é uma indicação que as perdas de cargas no fluxo consumiram toda a pressão disponível (diferença de cargas) e não existirá fluxo. 1.4 COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE E LEI DE DARCY A determinação do coeficiente de permeabilidade (k) é feita tendo em vista a Lei de Darcy, que estabelece que a velocidade de permeabilidade da água é diretamente proporcional ou produto do gradiente hidráulico (i) pelo coeficiente de permeabilidade (k). Permeabilidade dos solos Considerando que a vazão é o produto da velocidade pela área da seção transversal , pode-se escrever que, . 1.4 COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE E LEI DE DARCY A lei de Darcy é válida somente para escoamentos laminares, ou seja, sem choques violentos entre as partículas, caso houvesse, o escoamento é dito turbulento. A grande maioria dos fluxos de água no interior dos solos é do tipo laminar, sendo possível a aplicação da lei de Darcy para este tipo de escoamento em solos naturais. Para solos com elevada permeabilidade, como pedregulhos o Permeabilidade dos solos fluxo é turbulento, não se aplicando a Lei de Darcy. É conveniente se trabalhar com a área total da seção transversal do solo, ao invés da área média dos seus vazios. Daí, o coeficiente de permeabilidade (k) é referido como sendo a relação entre a velocidade média aparente (v) de escoamento da água através da área total (sólidos e vazios) da seção transversal do solo, sob um gradiente hidráulico (i), ou seja, 1.4.1 Velocidade de descarga (v) e velocidade real da água (vp) É importante notar que a velocidade (v) da lei de Darcy representa a velocidade de descarga e não a velocidade de percolação (vp) da água através dos poros do solo. Permeabilidade dos solos A velocidade real de percolação (vp) é maior do que a velocidade de permeabilidade de descarga (v). Na percolação a água tem que percorrer os vazios epercolação a água tem que percorrer os vazios e contornar várias partículas, ou seja, o seu comprimento percorrido é maior que o comprimento da amostra de solo. Contado o tempo para a água entrar e sair na posição oposta na amostra de solo, tem-se clara que a velocidade de percolação é maior. Todavia, Conquanto haja algumas restrições quanto à sua aplicação, essa lei é utilizada, com muita freqüência, em muitos tópicos da Mecânica dos Solos, dada a sua simplicidade e razoável precisão. 1.5 DETERMINAÇÃO DO COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE O coeficiente de permeabilidade de um solo pode ser obtido por meio de métodos diretos e indiretos. Os métodos diretos baseiam-se em ensaios de laboratório sobre amostras representativas ou em ensaios de campo. Permeabilidade dos solos Os métodos indiretos se utilizam de correlações com características do solo facilmente determináveis. 1.5.1 Métodos diretos Permeabilidade dos solos Dentre os métodos diretos destacam-se os permeâmetros que são aparelhos destinados a medir a permeabilidade dos solos, em laboratório e o ensaio de bombeamento, realizado in situ. Ambos utilizam a lei de Darcy para o cálculo do Coeficiente de permeabilidade (K). Dentre os métodos diretos pode-se fazer determinações em: • Laboratório (permeâmetros de carga constante e permeâmetros de carga variável); • Campo (ensaio de bombeamento, perfuração de poços, entre outros). 1.5.1.1 Determinação em laboratório – permeâmetro de carga cosntante Permeabilidade dos solos O corpo de prova, convenientemente colocado no permeâmetro, é submetido a uma altura h de carga constante (diferença de nível entre o reservatório superior e inferior). Durante um certo tempo (t), a água percolada é colhida e seu volume é medido (v). Conhecidas a vazão (Q) e as características geométricas (área da seção transversal – A), o coeficiente de permeabilidade é calculado pela Lei de Darcy: 1.5.1.1 Determinação em laboratório – permeâmetro de carga cosntante Permeabilidade dos solos Este tipo de ensaio é empregado para solos de permeabilidade alta (areias e pedregulhos), uma vez que nos solos pouco permeáveis, o intervalo de tempo necessário para que percole uma quantidade apreciável de água e bastante grande. 1.5.1.1 Determinação em laboratório – permeâmetro de carga cosntante Permeabilidade dos solos 1.5.1.1 Determinação em laboratório – permeâmetros de carga variável Permeabilidade dos solos Quando o coeficiente de permeabilidade é muito baixo, a determinação pelo método decarga constante é pouco precisa. Emprega-se o de carga variável. Verifica-se o tempo (t) que a água na bureta acoplada superior, de seção transversal (a), leva para baixar da altura inicial (h1) para a altura final (h2). 1.5.1.2 Determinação em campo – ensaio de bombeamento Permeabilidade dos solos Deve-se frisar que os ensaios em laboratório são realizados sobre amostras de pequenas dimensões, as quais não representam as características gerais do solo no campo, com suas descontinuidades e particularidades. A maneira mais realista de obter o coeficiente de permeabilidade é mediante ensaios in situ, tais como o ensaio de perda de água sob pressão (bombeamento), que é bastante utilizado para o estudo da permeabilidade de maciços rochosos que servirão de fundação para barragens. No campo, pode-se optar por ensaio de bombeamento, formando-se poços e medindo-se o tempo para estabilização do nível freático, que também é determinado. Este ensaio é caro e dispendioso. O princípio do método consiste em esgotar-se a água até o estabelecimento de um escoamento uniforme, medir a descarga do poço e observar a variação do nível d’água em piezômetros colocados nas proximidades. 1.5.1.2 Determinação em campo – ensaio de bombeamento Permeabilidade dos solos Por meio desse ensaio determina-se in loco, a permeabilidade de estratos de areia ou pedregulho, situados abaixo do nível freático. 1.5.1.2 Determinação em campo – ensaio de bombeamento Permeabilidade dos solos O poço para bombeamento deve penetrar em toda a profundidade da camada ensaiada e com diâmetro suficiente para permitir a inserção de uma bomba com tipo e capacidade necessária ao bombeamento. Nas proximidades e situados radialmente são instalados poços de observação do nível d’água ou piezômetros. Recomenda-se a instalação de 4observação do nível d’água ou piezômetros. Recomenda-se a instalação de 4 (quatro) poços de observação e um mínimo de dois, e levados até profundidades abaixo do nível mais baixo que a água deve atingir durante o ensaio. Ao se manter constante o nível d’água no poço efetua-se as medidas das alturas de água em cada um dos piezômetros instalados e a permeabilidade é medida. 1.5.1.2 Determinação em campo – ensaio de tubo aberto Permeabilidade dos solos Outro ensaio é o do tubo aberto in loco. Consiste em abrir um tubo de sondagem no terreno, com dimensões de 30 x 30 cm, até a profundidade desejada, enchê-lo com água e marcar o tempo necessário para a infiltração da mesma no maciço. Este ensaio é bastante utilizado para se determinar a permeabilidade de solos que servirão de base para sumidouros ou valas depermeabilidade de solos que servirão de base para sumidouros ou valas de infiltração de esgotos sanitários. É prática preencher o furo com água. Quando a infiltração se produzir de maneira lenta, anota-se o tempo necessário para o NA baixar 1cm. Este corresponde ao k do solo. 1.5.2 Métodos indiretos Permeabilidade dos solos Existem ainda os método indiretos, que relacionam o coeficiente de permeabilidade (k), a outras propriedades do solo tais como o diâmetro efetivo, características de adensamento, entre outras. Pode-se estimar o coeficiente de permeabilidade de areias por intermédio de diversas fórmulas, como, por exemplo, a desenvolvida porHazen: D10 - é o diâmetro efetivo do solo, em centímetros. Diâmetro abaixo do qual se situam 10% do solo (10% passante). C - é um coeficiente que varia entre 90 e 120, sendo 100 um valor freqüentemente utilizado . 1.5.2 Métodos indiretos Permeabilidade dos solos A expressão indica que o diâmetro médio dos vazios das areias, e, portanto, a sua permeabilidade, é determinada pela sua fração mais fina, pouco interferindo a distribuição granulométrica da fração mais grossa. Uma restrição que se impõe para utilização dessa fórmula é a de que o coeficiente de não uniformidade (CNU) seja menor que 5.o coeficiente de não uniformidade (CNU) seja menor que 5. Quanto maior o CNU, mais bem graduada é a areia. Areias com CNU inferiores a 2, são consideradas uniformes. Somado a isto, o diâmetro efetivo só tem sentido para solos arenosos. Logo, esta relação somente é válida para areias. 1.5.2 Métodos indiretos Permeabilidade dos solos É freqüente, também, obter o coeficiente de permeabilidade diretamente, em laboratório, no ensaio de adensamento. Obedecendo basicamente ao mesmo princípio da carga variável. Onde: Cv – coeficiente de adensamento do solo; mv – coeficiente de variação volumétrica do solo; γw – peso específico da água. 1.6 FATORES QUE INFLUEM NO COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE Permeabilidade dos solos • Forma e tamanho dos grãos – quanto maiores são os grãos, maior será o coeficiente de permeabilidade (k). Pedregulhos são mais permeáveis que areias, que são mais permeáveis que siltes, que são mais permeáveis que argilas. O formato das partículas influi, pois partículas arredondas favorecem e partículas lamelares desfavorecem o fluxo da água;lamelares desfavorecem o fluxo da água; • Índices de vazios e porosidade – vazios interligados intersticialmente favorecem a permeabilidade. A permeabilidade tende a aumentar com o aumento da porosidade e do índice de vazios do solo finos e grossos. O k das areias pode ser, no estado mais fofo, cerca de 3 vezes maior do que no estado compactado. No processo de adensamento, quando se aumenta a tensão normal atuante, ocorre uma redução do índice de vazios, consequentimente, quanto maior a tensão normal aplicada, menor o k; 1.6 FATORES QUE INFLUEM NO COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE Permeabilidade dos solos • Grau de saturação – a medida que um solo é mais saturado do que outro, causará maior facilidade de percolação da água, pois o ar dificulta a passagem da água. Quanto menos ar mais permeável é o solo, ou ainda, não havendo necessidade de preenchimento de vazios anteriormente secos em solos pouco saturados, ou seja, quanto maior o nível de saturação de um solo, maissaturados, ou seja, quanto maior o nível de saturação de um solo, mais rapidamente a água percolará; • Compacidade – a medida que aumenta o grau de compactação de um solo, a sua capacidade de permeabilidade é diminuída, pois as partículas estarão mais íntimas e com menor porosidade; • Composição das argilas – quanto maior a espessura da camada dupla das argilas, menor a permeabilidade; 1.6 FATORES QUE INFLUEM NO COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE Permeabilidade dos solos • Estrutura – solos argilosos com estruturas floculadas possuem coeficiente de permeabilidade maior que argilas com estruturas dispersas, devido ao arranjo mais ordenado entre as partículas lamelares das argilas na estrutura dispersa. No ensaio de compactação, a estrutura do solo no ramo seco é dita floculada, e no ramo úmido, dispersa. Logo, a permeabilidade do solo abaixo da umidade ótima éramo úmido, dispersa. Logo, a permeabilidade do solo abaixo da umidade ótima é superior a acima, devido a acomodação do arranjo das partículas; •Temperatura – a temperatura influi devido ao fato que quanto maior esta, menos viscoso é o fluido, logo, maior facilidade de permear; Pode-se notar que qualquer tentativa no sentido de procurar avaliar o efeito isolado de cada uma das características, enumeradas acima, é difícil, visto que, elas, em geral, são interdependentes. 1.7 VALORES CARACTERÍSTICOS Permeabilidade dos solos Com relação aos tamanhos dos grãos, pode-se adotar, com uma certa margem de variação, valores característicos para os diferentes tipos de solos, como: Solos com coeficiente de permeabilidade inferiores a 10-7 (cm/s) podem ser considerados como impermeáveis. Pedregulho grosso: 102 – 1 (cm/s); Pedregulho fino a areia grossa: 1 - 10-1(cm/s); Areia fina a silte fofo: 10-1 – 10-3 (cm/s); Silte denso a silte argiloso: 10-3 – 10-4 (cm/s);Argila siltosa a argila: 10-4 – 10-7 (cm/s). 1.8 COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE EM SOLOS ESTRATIFICADOS Permeabilidade dos solos O coeficiente de permeabilidade (k) de um perfil de solo estratificado com vários horizontes é variável de acordo com as características acima mencionadas e com as direções vertical e horizontal. Em depósitos naturais, é comum que a permeabilidade do solo na direção horizontal (kh) seja maior, ou no máximo igual (solos isotrópicos) ao da direção vertical (kv), devido a tendência das partículas se depositarem com suas maiores dimensões orientadas horizontalmente. O fluxo na vertical é mais tortuoso. 1.8 COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE EM SOLOS ESTRATIFICADOS Permeabilidade dos solos Em depósitos naturais de camadas alternadas de diferentes granulometrias, o fluxo vertical é comandado pela permeabilidade das camadas mais finas, dentro das quais, ocorre a perda de carga hidráulica. O fluxo horizontal se faz preferencialmente pelas camadas mais grossas. Considerando um perfil de solo com diversos horizontes, determina-se a espessura das camadas (ei) e seus respectivos coeficientes de permeabilidade (ki). Com estes valores, calcula-se os coeficientes de permeabilidade na horizontal (kh) e na vertical (kv), 1.8 COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE EM SOLOS ESTRATIFICADOS Permeabilidade dos solos Solos compactados, tendem a ter kh = kv. Todavia, em solos com perfis estratificados, é comum a variação de k > k .variação de kh > kv. O coeficiente de permeabilidade (k) correspondente a um fluxo que atravessa uma série de camadas de solo é dado por: 1.9 FORÇA DE PERCOLAÇÃO (j) Havendo um movimento de água através de um solo, ocorre uma transferência de energia da água para as partículas sólidas do solo, por causa do atrito viscoso que se desenvolve. A energia transferida é medida pela perda de carga e a força correspondente a essa energia é chamada de força de percolação. Tal força transfere-se de grão a grão (é, portanto, uma força efetiva) e tem o Permeabilidade dos solos Tal força transfere-se de grão a grão (é, portanto, uma força efetiva) e tem o mesmo sentido do fluxo d água. O conhecimento do mecanismo e a determinação do valor dessa força são de fundamental importância para a Engenharia, uma vez que ela é responsável, muitas vezes, por problemas de instabilidade em cortes, aterros e barragens. Deve-se ainda a essa força o aparecimento dos fenômenos de "piping" e de areia movediça, bem como a instabilidade do fundo de escavações em areias. A figura representa uma situação em que há fluxo. A diferença de cargas totais entre os pontos 1 e 2 é ∆h. Permeabilidade dos solos A esta perda de carga corresponde uma pressão = (∆h)γw. Esta perda de carga se dissipa 1.9 FORÇA DE PERCOLAÇÃO (j) pressão = (∆h)γw. Esta perda de carga se dissipa por atrito provocando um esforço no sentido do movimento. O esforço tende a carregar as partículas, só não o faz devido ao peso das partículas ou a forças de contenção. A força dissipada é F = (∆h)γw A Esta força por unidade de volume (AxL) corresponde a força de percolação (j): Segundo Sousa Pinto, a força de percolação é uma grandeza semelhante ao peso. Atua da mesma forma que a força gravitacional. As duas se somam quando atuam no mesmo sentido (fluxo d’água de cima para baixo) e se Permeabilidade dos solos 1.9 FORÇA DE PERCOLAÇÃO (j) mesmo sentido (fluxo d’água de cima para baixo) e se subtraem quando em sentido contrário (fluxo de baixo para cima). Este fato fica mais claro quando se analisam as tensões no solo submetido à percolação. Para solos com fluxo ascendente: Permeabilidade dos solos 1.10 TENSÕES NO SOLO SUBMETIDO A PERCOLAÇÃO Tensões no fundo da amostra: Neste caso a força de percolação tende a aliviar a tensão A força de percolação tende a arrastar os grãos para cima Para solos com fluxo descendente: Permeabilidade dos solos 1.10 TENSÕES NO SOLO SUBMETIDO A PERCOLAÇÃO Tensões no fundo da amostra: Neste caso a força de percolação tende a aumentar a tensão A força de percolação tende a arrastar os grãos para baixo Para fluxos ascendentes, a medida que a diferença de carga hidráulica ‘h’ aumenta, a tensão efetiva (σ’) diminui. Até que se torne nula. Nesta situação, as forças transmitidas grão a grão são nulas, permanecendo na mesma posição, mais não transmitem forças entre contatos. Permeabilidade dos solos 1.11 GRADIENTE CRÍTICO – arreia movediça A ação da gravidade se contrapõe a força de percolação.A ação da gravidade se contrapõe a força de percolação. A resistência das areias se torna nula, definindo-se um estado chamado de areia movediça. Para se conhecer o gradiente crítico (icrit) que conduz ao estado de areia movediça, faz conhecer o valor de i para tensão efetiva nula, σ’ = 0. Gradiente crítico OBS1: Só ocorre quando o fluxo de água é de baixo para cima. No sentido descendente, quanto maior for o gradiente, maior será a tensão efetiva; Permeabilidade dos solos 1.11 GRADIENTE CRÍTICO – arreia movediça OBS2: Areia movediça não é um tipo de areia, mas um estado em que a força de percolação anula a tensão efetiva; OBS3: Não existem argilas movediças, pois estas apresentam coesão, mesmo quando a tensão efetiva é nula; OBS4: Para que as areias muito grossas e pedregulhos atingissem o estado de tensão efetiva nula devido a forças de percolação, o gradiente crítico teria que ser tão elevado que não é uma situação fácil de se encontrar. Areia movediça é uma situação típica de areias finas. OBS5: Na natureza o fenômeno de areia movediça é raro. Todavia, pode existir em obras de construção de barragens ou escavações com rebaixamento do lençol freático. Permeabilidade dos solos 1.11 GRADIENTE CRÍTICO – arreia movediça OBS6: É importante saber que uma pessoa não é sugada por uma areia movediça. As areias neste estado se comportam como um líquido com peso específico da ordem do dobro do da água. Se o corpo pode boiar na água, no estado de areia movediça, tenderá a afundar até a metade, somado ao fato de que as forças de percolação, nestes casos,metade, somado ao fato de que as forças de percolação, nestes casos, tendem a arrastar os corpos para cima. Uma alternativa para a redução do gradiente de saída, no caso de taludes de jusante, em barragens com suas fundações assentes em camadas de areias finas sobre areia grossa, é a colocação de camadas superficiais de areia grossa ou pedregulho, com a elevação da permeabilidade, tem-se a redução do gradiente hidráulico (i). Permeabilidade dos solos 1.11.1 Piping – entubamento ou erosão progressiva A análise feita considera que a areia é fina e homogênea, não sendo de fácil ocorrência. Em depósitos naturais ocorrerão zonas de grãos mais grossos (+ permeáveis), gerando tensões efetivas nulas em alguns pontos de descarga e outros não. Desta forma inicia-se uma erosão, gerando um fluxo nesta região, que provoca um aumento do gradiente e maior erosão, e assim,nesta região, que provoca um aumento do gradiente e maior erosão, e assim, progressivamente, forma-se um furo que progride da saída para o interior do maciço. Este fenômeno é conhecido como piping. É uma das causas mais freqüentes de ruptura de barragens de terra. Por este motivo, e devido a heterogeneidade das areias, são considerados fatores de segurança elevados, ou seja, elevada relação entre o gradiente crítico e o hidráulico de saída. Permeabilidade dos solos 1.11.2 Levantamento de fundo Caso exista uma camada de solos impermeável sobre camadas de areias com elevada permeabilidade, ao se escavar esta camada superficial, estando a camada inferior com água sob pressão, atingida uma determinada profundidade de escavação, o peso da argila e sua coesão podem não ser suficientes para contrabalancear ae sua coesãopodem não ser suficientes para contrabalancear a pressão da água, havendo um levantamento de fundo. Desta forma, percebe-se que a segurança contra as forças de percolação ascendente não se restringe à possibilidade de piping devido ao gradiente de saída. Permeabilidade dos solos 1.11.3 Filtros de proteção Percolação pela fundação Percolação pelo maciço Permeabilidade dos solos 1.11.3 Filtros de proteção Os filtros são usados para evitar que os grãos finos penetrem no material grosso obstruindo a passagem da água. Segundo Terzaghi, o tamanho dos vazios no material do filtro deve ser pequeno o bastante para segurar as maiores partículas do material a ser protegido, ou seja: Assim como, deve ter uma permeabilidade alta para prevenir a formação de grandes forças de percolação e altas pressões hidrostáticas: Permeabilidade dos solos 1.11.3 Filtros de proteção - alternativas Tapete drenante: •Fundação relativamente uniforme. •Maciço: kH ≈ 9 x kV •Não são eficientes para maciços estratificados. •Saturação no pé. Filtro vertical (com tapete): • Intercepta qualquer fissuração do maciço e coleta os fluxos através das fissuras. • Espessura ≈ 0,90 a 2,00 m (areia compactada) Permeabilidade dos solos 1.11.3 Filtros de proteção - alternativas Filtro inclinado: • Vantagem – elimina riscos de trincas longitudinais na crista da barragem apoiada em fundações rígidas. • Consumo menor de areia. • Desvantagem: difícil execução. Dreno de pé (rock-fill): H = altura máxima h = 1/3 H a 1/4 H Permeabilidade dos solos 1.11.3 Filtros de proteção - alternativas Dreno Sanduíche:
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