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Movimentos sociais do campo: Canudos, Juazeiro e o Contestado

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Julia Duques dos Santos – RA: 136.423 
Trabalho Individual: Movimentos sociais do campo: Canudos, Juazeiro e o Contestado. 
Leitura Indicada: HERMANN, Jacqueline. Religião e política no alvorecer da República: 
Os movimentos de Juazeiro, Canudos e Contestado. In: FERREIRA, Jorge e DELGADO, 
Lucilia de Almeida Neves (Orgs.). O tempo do liberalismo excludente: da Proclamação da 
República à Revolução de 1930. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003. Pp. 121-160 (O 
Brasil Republicano; v.1). 
Texto para o Seminário VI: CUNHA, Euclides da. “A nossa Vendéia”. In: Diário de uma 
expedição. São Paulo: Companhia das Letras, 2000, p. 43-61. 
 Jaqueline Hermann é uma historiadora formada pela Universidade Federal Fluminense 
(UFF) e atualmente leciona na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Suas áreas de 
especialização são movimentos messiânicos e a história de Portugal. 
 O início da aula foi embasado no texto de Hermann que apresenta um panorama dos 
três principais movimentos sociais no campo durante a Primeira República, sendo eles: 
Canudos, Juazeiro e Contestado. Além disso, a autora aborda a prática estipulada entre a 
Igreja e o Estado após a nova Constituição pelo governo provisório, sendo algumas delas: 
reconhecimento do casamento civil, secularização dos cemitérios e inelegibilidade para o 
congresso de clérigos e religiosos. 
 A reação do corpo católico foi negativa perante a introdução de um Estado Laico, 
gerando inúmeras declarações de clérigos contra a decisão, até mesmo afirmando que o 
governo iria falhar sem o auxílio da Igreja. Vale ressaltar que esta conquista republicana vem 
sendo ameaçada em diversos acontecimentos recentes como bancadas evangélicas e slogan de 
governo. 
 Desenvolvendo a historiografia dos movimentos messiânicos brasileiros, a autora cita 
Maria Isaura Pereira de Queiroz, que sistematizou os movimentos no Brasil, dividindo-os em 
movimentos rústicos e primitivos, conciliando aspectos religiosos e sociológicos. 
Conseguinte, o autor citado é Rui Facó, que propõe uma análise dos mesmos movimentos, 
porém com um recorte específico em casos do Padre Cícero e de Canudos. O autor destaca 
dois termos: cangaceiros e fanáticos, para explicar a relação de reação dos pobres com a sua 
exclusão social. Facó também questiona o viés religioso dos movimentos e desenvolve um 
debate sobre posse da terra. 
Douglas Teixeira Monteiro também é citado por Hermann, que utiliza a tradição rústica para 
analisar os movimentos rurais brasileiros que se enquadram na cultura rústica, Monteiro 
direciona seu recorte para o catolicismo rústico, onde esse por sua vez é uma modalidade 
rústica das raízes plantadas no solo da grande tradição judaico-cristã, como o próprio 
historiador diz. 
 A autora trata então dos movimentos, primeiramente de Juazeiro e de Padre Cícero, 
sendo o inicio de sua trajetória, um sonho em que Cristo pede para que “Cuide deles” – o 
povo de Juazeiro. Além disso, o “milagre” vivido pelo padre, da hóstia tingida de sangue de 
uma beata, gerou desconfiança entre os padres, o bispo Joaquim José Vieira então declara a 
impossibilidade do milagre. “É preciso lembrar o difícil momento atravessado pela Igreja, que 
reorganizada para fazer frente de seus erros modernos” (HERMANN, 2003, p. 131). 
A singularidade do movimento de Juazeiro é a participação política do padre, virando o 
primeiro prefeito da cidade em 1911. Mesmo após sua excomunhão em 1916, diversos grupos 
de adoradores de Padre Cícero continuam ativos. 
Sobre Canudos, a autora propõe duas linhas de abordagem: 
1. Derivada de Os Sertões de Euclides da Cunha, com uma densa descrição física e 
geográfica do ambiente; 
“Os Sertões indicavam um impedimento estrutural para a construção 
de uma nacionalidade tal como pensavam os intelectuais do ‘Brasil 
civilizado’, inclusive ele, que aderiram à causa republicada”. 
(HERMANN, 2003, p. 139). 
 
2. A segunda tem uma forte influencia do contexto histórico de 1960 em uma tentativa 
de colocar Canudos como o primeiro dos movimentos de luta por posse de terra, 
colocando Antonio Conselheiro como líder; 
Por fim, o movimento do Contestado é abordado contando a história do monge José 
Maria, instalado em Santa Catarina após ser acusado de homicídio na aldeia em que vivia. 
José era contra o novo regime, acreditava no poder do rei, porém fazia críticas a Igreja, 
afirmando que os padres mentiam sobre a verdadeira religião. O grupo de seguidores do 
monge chegou a doze mil pessoas, segundo Queiroz esse grupo tinham práticas festivas na 
crença do fim dos tempos de opressão e o início de uma nova era, porém essa alegria só seria 
permitida na outra vida. Hermann conota que a guerra santa pela restauração da monarquia e a 
expectativa de ressurreição de José Maria e a fundação de uma cidade sagrada, tornam o 
Contestado o mais messiânico e milenarista dos três movimentos abordados. O movimento 
tem sido objeto de pesquisa em áreas além da historiografia, principalmente no sul do país. 
 O documento apresentado é Nossa Vendéia, de 1897, escrito por Euclides da Cunha, 
sendo esses, conjuntos de artigos publicados no jornal Estado de São Paulo, com a pretensão 
de descrever o sertão baiano onde se passava a guerra de Canudos, onde diz que Antônio 
Conselheiro é o maior inimigo das forças republicanas. Primeiramente o autor foca na 
descrição topográfica do local, sendo essas informações de grande importância para a 
descrição do sertanejo, segundo Euclides. Em seguida, será feita uma descrição dos homens 
sertanejos, suas roupas como chapéus de abas largas, roupas de couro, cintas e facão, ao 
analisar os mesmos, é realizada uma correlação entre os sertanejos e o sertão, definindo 
ambos como rudes e inconstantes (assim como o solo). A característica de inconstância 
também é atribuída a Antônio Conselheiro retrado como aquele que causa o fanatismo 
religioso resultado em desordem. 
Euclides também faz uma analogia comparativa entre a Revolução Francesa e o 
Republicanismo como responsáveis pelo combate desse fanatismo. Mesmo antes do fim do 
combate em Canudos, o autor se mantém positivo, declarando que o republicanismo triunfará.

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