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livro Anatomorfofisiologia do Sistema Digestório, Endócrino, Urinário e Reprodutor

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Indaial – 2019
AnAtomorfofisiologiA 
do sistemA digestório, 
endócrino, urinário e 
reprodutor
Prof. Fábio Rodrigo Mesquita Borges 
Prof. Anderson Savaris Ribas 
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2019
Elaboração:
Prof. Fábio Rodrigo Mesquita Borges 
Prof. Anderson Savaris Ribas
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
B732a
 Borges, Fábio Rodrigo Mesquita
 Anatomorfofisiologia do sistema digestório, endócrino, urinário 
e reprodutor. / Fábio Rodrigo Mesquita Borges; Anderson Savaris Ribas. – Indaial: 
UNIASSELVI, 2019.
 200 p.; il.
 ISBN 978-85-515-0353-9
1. Sistema digestório. - Brasil. 2. Sistema endócrino. – Brasil. 3. Sistema 
urinário. – Brasil. 4. Sistema reprodutor. – Brasil. I. Ribas, Anderson Savaris. 
II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
CDD 612
III
ApresentAção
Caro acadêmico, como você poderia conceituar a vida? Seria o 
simples ato de respirar? Seria como sentimos e interagimos com o mundo? 
Seria como nos nutrimos e obtemos energia? 
O entendimento da vida, como a conhecemos, é algo complexo e 
desafiador que cada vez mais se busca elucidar. As perguntas anteriores são 
apenas algumas das questões que cercam a vida e tentaremos entender, neste 
Livro Didático, de maneira direta e clara. Obviamente, para elucidarmos estes 
questionamentos precisamos saber de que forma nosso organismo, formado 
por órgãos e sistemas, se organiza e trabalha de maneira cooperativa visando 
o pleno funcionamento desta maravilhosa “máquina”.
Sendo assim, vamos dividir nosso livro em unidades que visam, 
justamente, facilitar a compreensão destes intrincados processos.
Na Unidade 1, você irá compreender como funciona o sistema 
digestório, quais os caminhos percorridos pelo alimento que ingerimos 
diariamente e como ele será absorvido e transformado na energia utilizada 
por nossas células. Nesta unidade, seremos capazes de entender, além da 
anatomia do sistema digestório, os mecanismos bioquímicos envolvidos 
nesta transformação de alimentos em energia.
Na Unidade 2 entenderemos como está formado o nosso sistema 
urinário e reprodutor. Nesta unidade, seremos capazes de analisar, além da 
forma como o nosso sistema urinário se organiza, a importância do sistema 
renal na manutenção da vida, bem como os mecanismos hormonais e 
bioquímicos envolvidos na diferenciação sexual e na reprodução.
Por fim, na Unidade 3, iremos elucidar como os hormônios operam 
de maneira geral e como são responsáveis por diversas características físicas 
e comportamentais dos seres humanos. 
Vamos lá, entender a fantástica máquina humana?
Desejo a você uma agradável leitura!
Bom estudo!
Fábio Rodrigo Mesquita Borges
Anderson Savaris Ribas
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
V
VI
VII
UNIDADE 1 – SISTEMA DIGESTÓRIO ............................................................................................ 1
TÓPICO 1 – ANATOMIA DO SISTEMA DIGESTÓRIO ............................................................... 3
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3
2 ÓRGÃOS CONSTITUINTES DO SISTEMA DIGESTÓRIO ...................................................... 4
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 21
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 22
TÓPICO 2 – FISIOLOGIA DO SISTEMA DIGESTÓRIO .............................................................. 25
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 25
2 MECANISMOS FISIOLÓGICOS DO SISTEMA DIGESTÓRIO .............................................. 25
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 35
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 36
TÓPICO 3 – SECREÇÃO ENZIMÁTICA, DIGESTÃO E ABSORÇÃO
 DE NUTRIENTES NO TRATO DIGESTÓRIO .......................................................... 39
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 39
2 BIOQUÍMICA, SECREÇÃO ENZIMÁTICA E ABSORÇÃO DE NUTRIENTES 
 NO TRATO DIGESTÓRIO ................................................................................................................. 39
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 59
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 66
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 67
UNIDADE 2 – ANATOMORFOFISIOLOGIA DO SISTEMA 
 URINÁRIO E REPRODUTOR ................................................................................... 69
TÓPICO 1 – ANATOMIA DO SISTEMA URINÁRIO E REPRODUTOR ................................... 71
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 71
2 ANATOMIA DO SISTEMA URINÁRIO ......................................................................................... 71
3 ANATOMIA DO SISTEMA REPRODUTOR FEMININO .......................................................... 78
4 ANATOMIA DO SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO ...................................................... 83
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 90
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 91
TÓPICO 2 – FISIOLOGIA DO SISTEMA URINÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 93
2 FUNÇÃO RENAL E FORMAÇÃO DA URINA .............................................................................93
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 118
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 119
TÓPICO 3 – FISIOLOGIA DO SISTEMA REPRODUTOR 
 FEMININO E MASCULINO .......................................................................................... 121
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 121
2 EMBRIOGÊNESE E FISIOLOGIA DO SISTEMA REPRODUTOR FEMININO .................... 122
3 EMBRIOGÊNESE E FISIOLOGIA DO SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO ............... 133
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 139
sumário
VIII
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 147
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 148
UNIDADE 3 –ANATOMORFOFISIOLOGIA DO SISTEMA ENDÓCRINO ............................. 151
TÓPICO 1 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS DO SISTEMA ENDÓCRINO ........................... 153
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 153
2 ANATOMIA DO SISTEMA ENDÓCRINO .................................................................................... 154
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 157
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 158
TÓPICO 2 – BASES FISIOLÓGICAS DO SISTEMA ENDÓCRINO ........................................... 159
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 159
2 HORMÔNIOS E SUAS CARACTERÍSTICAS FISIOLÓGICAS ................................................ 159
3 O SISTEMA HIPOTÁLAMO-HIPÓFISE E O CONTROLE DO SISTEMA ENDÓCRINO .. 163
3.1 HORMÔNIOS DA NEURO-HIPÓFISE ........................................................................................ 166
3.2 HORMÔNIOS DA ADENO-HIPÓFISE ........................................................................................ 167
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 173
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 174
TÓPICO 3 – OS HORMÔNIOS E SEUS EFEITOS ........................................................................... 175
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 175
2 OS HORMÔNIOS DA TIREOIDE .................................................................................................... 175
2.1 SÍNTESE E SECREÇÃO DOS HORMÔNIOS DA TIREOIDE ................................................... 176
2.2 EFEITOS DOS HORMÔNIOS DA TIREOIDE SOBRE OS SISTEMAS CORPORAIS ............ 181
2.3 A REGULAÇÃO DA SECREÇÃO DOS HORMÔNIOS TIREOIDIANOS ............................. 182
3 HORMÔNIOS PANCREÁTICOS ..................................................................................................... 184
3.1 INSULINA, GLUCAGON E CONTROLE GLICÊMICO ........................................................... 186
4 OS HORMÔNIOS SEXUAIS MASCULINOS ................................................................................ 188
5 DEMAIS HORMÔNIOS DO ORGANISMO ................................................................................. 193
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 194
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 196
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 197
REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................... 199
1
UNIDADE 1
SISTEMA DIGESTÓRIO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• compreender a anatomia do sistema digestório;
• compreender a fisiologia do sistema digestório;
• elucidar os processos bioquímicos envolvidos na digestão dos 
macronutrientes; 
• elucidar os processos bioquímicos envolvidos na absorção dos 
macronutrientes.
Esta unidade está dividida em três tópicos, no decorrer da unidade você 
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – ANATOMIA DO SISTEMA DIGESTÓRIO
TÓPICO 2 – FISIOLOGIA DO SISTEMA DIGESTÓRIO
TÓPICO 3 – SECREÇÃO ENZIMÁTICA, DIGESTÃO E ABSORÇÃO DE 
 NUTRIENTES NO TRATO DIGESTÓRIO
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
ANATOMIA DO SISTEMA DIGESTÓRIO
1 INTRODUÇÃO
Prezado acadêmico, seja muito bem-vindo a esta fantástica viagem por 
nosso organismo! Vamos começar entendendo como está organizado o nosso 
sistema digestório. Tenho certeza que você possui preferência por certos alimentos, 
correto? Aposto, porém, que você nunca parou para pensar no caminho que estes 
alimentos percorrem em nosso organismo até serem absorvidos e os restos, não 
absorvidos, serem eliminados, não é mesmo?
Neste tópico, vamos entender o longo caminho que nosso alimento 
percorre, desde a entrada na boca, como ele é absorvido e transformado em 
energia, até a eliminação dos restos não aproveitados após a digestão, pelo nosso 
sistema digestório.
Vale lembrar que não somente a energia, que citamos anteriormente, mas 
o sistema digestório também é responsável por nos suprir de água, vitaminas e 
eletrólitos (GUYTON; HALL, 2017).
Obviamente, essa extração de energia e nutrientes não é um processo 
simples, mas altamente complexo e regulado por neurotransmissores, enzimas, 
hormônios e movimentos peristálticos, além da participação da circulação 
sanguínea.
Vamos iniciar o estudo do sistema digestório?
UNIDADE 1 | SISTEMA DIGESTÓRIO
4
2 ÓRGÃOS CONSTITUINTES DO SISTEMA DIGESTÓRIO
FIGURA 1 – ÓRGÃOS DO SISTEMA DIGESTÓRIO
FONTE: Guyton e Hall (2017, p. 772)
De maneira geral, a Figura 1 demonstra o caminho que o alimento percorre 
em nosso organismo antes de virar a energia da qual tanto precisamos. Vamos 
analisar com calma a anatomia de cada um destes componentes de nosso sistema 
digestório.
Primeiramente, você faz a ingestão do alimento pela boca. Vamos olhar 
a fi gura a seguir para entendermos um pouco melhor como é formada a nossa 
boca:
Glândula parótida
Boca
Esôfago
Estômago
Pâncreas
Jejuno
Cólon 
descendente
Íleo
Ânus
Glândula salivares
Fígado
Vesícula biliar
Duodeno
Cólon 
transverso
Cólon 
ascendente
TÓPICO 1 | ANATOMIA DO SISTEMA DIGESTÓRIO
5
FIGURA 2 – ESTRUTURA DA BOCA (CAVIDADE ORAL)
FONTE: Adaptado de Tortora e Derrickson (2016)
A boca, ou cavidade oral propriamente dita, é formada pelas seguintes 
estruturas: bochechas, palato duro e mole e a língua. Estas estruturas podem ser 
vistas na Figura 2. De acordo com os anatomistas é descrita como a cavidade oval 
que liga o tubo digestório e o meio externo (TORTORA; DERRICKSON, 2016). 
A língua, como você bem sabe, possui diversas funções não só no processo de 
mastigação e deglutição, como também no processo de fonação (produção da 
voz) e processamento dos sinais gustatórios.
Outras estruturas extremamente importantesno processo de mastigação 
e trituração do alimento são os dentes. No adulto os dentes são em número de 32, 
sendo oito incisivos, quatro caninos, oito pré-molares e 12 molares (TORTORA; 
DERRICKSON, 2016).
NOTA
Os dentes são órgãos do corpo humano de consistência dura, natureza calcária 
e cor branca. Os dentes estão localizados na boca e fixados à mandíbula.
A principal função dos dentes é realizar a mastigação dos alimentos.
Os dentes são classificados de acordo com a posição e a função. Desta 
forma, temos:
PALATO DURO (ósseo, que forma a 
maior parte do céu da boca.
PALATO MOLE (muscular, que forma 
o restante do céu da boca.
ÚVULA, que impede que o alimento 
ingerido entre na cavidade nasal. 
BOCHECHA, que forma a parede 
lateral da cavidade oral. 
CANINOS, que rasgam os alimentos.
INCISIVOS, que cortam os alimentos.
VESTÍBULO DA BOCA, o espaço 
entre as bochechas, lábios, gengivas 
e dentes.
PRÉ-MOLARES, que esmagam e 
trituram os alimentos. 
MOLARES, que trituram os alimentos. 
Lábio superior (puxado para cima).
FRÊNULO DO LÁBIO SUPERIOR, que 
insere o lábio superior à gengiva.
Gengiva.
FAUCES, que é a abertura entre a 
cavidade oral e a parte oral da faringe..
Arco palatoglosso.
Arco palatofaríngeo. 
Tonsila palatina (entre os arcos).
LÍNGUA (puxada para cima), que 
forma o assoalho da boca, manipula 
alimentos para mastigar e engolir, 
modela alimentos e sente gostos.
FRÊNULO DA LÍNGUA, que limita o 
movimento da língua posteriormente.
Abertura do ducto de glândula 
submandibular.
GENGIVA, que cobre os soquetes dos 
dentes e ajuda a ancorá-los.
FRÊNULO DO LÁBIO INFERIOR, que 
insere o lábio inferior à bochecha.
Lábio inferior (puxado para baixo). 
Vista anterior
UNIDADE 1 | SISTEMA DIGESTÓRIO
6
• Incisivos: dentes situados na parte anterior da boca e servem para cortar os 
alimentos.
• Caninos: possuem formato pontiagudo e servem para rasgar os alimentos. 
• Pré-molares e molares: possuem a função de triturar os alimentos e localizam-
se na porção posterior da boca.
 
Os seres humanos possuem, na sua primeira dentição, 20 dentes de leite, 
também chamados dentes decíduos, sendo este o primeiro conjunto de dentes que 
aparece em humanos (10 dentes na parte superior e 10 dentes na parte inferior). 
Após os 6 anos, os dentes de leite começam a cair e surge a dentição permanente. 
Esta é formada por 32 dentes (16 dentes superiores e 16 dentes inferiores). Desta 
forma, o ser humano possui quatro incisivos, dois caninos, quatro pré-molares 
e seis molares na parte superior e a mesma quantidade na cavidade inferior 
(TORTORA; DERRICKSON, 2016).
FIGURA 3 – DENTES
FONTE: Adaptado de Netter (2015)
Bom, uma vez que o alimento chegue à boca, é triturado pelos dentes e 
misturado à saliva, o mesmo passa a ser chamado bolo alimentar, e você precisa 
degluti-lo, certo? Quando se inicia este processo, uma série de eventos voluntários 
e involuntários que visam fazer com que você não se engasgue com o alimento, 
visto que tanto o processo de deglutição quanto o processo de respiração 
compartilham uma estrutura em comum: a faringe. 
Fossa incisiva
Incisivos laterais
Caninos
1º pré-molares
2º pré-molares
1º molares
2º molares
3º molares
Processo 
p a l a t i n o 
do maxilar
Lâmina horizontal 
do osso palatino
Forame palatino maior Forame palatino menor
Dentes permanentes inferioresDentes permanentes superiores
Incisivos centrais
TÓPICO 1 | ANATOMIA DO SISTEMA DIGESTÓRIO
7
Vamos ver como isso acontece:
• Fase oral (voluntária): esta fase voluntária tem como principal estrutura a língua 
que é capaz de empurrar o alimento do seu ápice para trás, levando o bolo 
alimentar a ser pressionado contra o palato duro; desta forma, o bolo alimentar 
é forçado em direção a faringe, onde ocorre a estimulação de receptores táteis 
que começarão o processo de deglutição.
• Fase faríngea (involuntária): uma vez que o bolo alimentar estimula os 
receptores faríngeos, ocorre uma sequência de eventos muito rapidamente 
(menos de um segundo), e que culminam com a inibição, de maneira refl exa, 
da respiração.
• Fase esofagiana (involuntária): por último, esta fase leva o bolo alimentar do 
esôfago ao estômago através de movimentos peristálticos, muito rapidamente, 
fazendo com que o bolo alimentar percorra todo o esôfago em menos de dez 
segundos.
Você deve estar pensando: mas o que são movimentos peristálticos? Como 
isso ocorre? Veremos no próximo tópico!
FIGURA 4 – PROCESSO DE DEGLUTIÇÃO
FONTE: Adaptado de Windmaier (2013)
Após a deglutição, o bolo alimentar chega ao esôfago. O esôfago é um 
órgão tubular oco, com aproximadamente 25cm de comprimento, que se estende 
desde a vértebra cervical de número 6 (C-6) até a junção gastroesfofágica 
localizada ao nível da vértebra torácica número 11 (T-11), cuja principal função é 
levar o alimento ao estômago.
Com relação à histologia deste órgão, temos as seguintes camadas 
celulares:
UNIDADE 1 | SISTEMA DIGESTÓRIO
8
O esôfago possui a camada mucosa (camada formada por epitélio 
de revestimento associado a tecido conjuntivo), que reveste internamente 
as cavidades corpóreas, formada por epitélio estratificado pavimentoso não 
queratinizado, lâmina própria (constituída de tecido conjuntivo frouxo) e túnica 
muscular da mucosa (formada por músculo liso).
No terço superior esofágico temos uma camada muscular esquelética, no 
terço médio deste órgão temos a presença de células musculares esqueléticas e 
lisas, já no terço inferior, temo somente a presença de células lisas.
A camada submucosa do esôfago é formada por tecido conjuntivo frouxo 
e glândulas mucosas (TORTORA; DERRICKSON, 2016).
Você pode ver estas estruturas em lâminas de histologia, acessando o link: 
http://bit.ly/32dIay8.
As figuras a seguir demonstram a estrutura do esôfago e sua localização 
anatômica que vai desde a região cervical até o abdômen:
FONTE: Adaptado de Netter (2000)
FIGURA 5 – ESTRUTURA DO ESÔFAGO
0
16
C o n s t r i ç ã o 
cricofaringea
Constrição 
da aorta
Esfíncter 
sofágico 
inferior
Parte cárdica 
do estômago
Fundo do 
estômago
Diafragma
Brônquio principal 
esquerdo
Aorta
Traquéia
Músculo 
cricofaríngeo
Cartilagem 
cricóide
Cartilagem tireóide
Recesso piriforme
Epiglote
Orofaringe
Dentes incisivos
Extenção 
média em 
centímetros
23
40
38 
DICAS
TÓPICO 1 | ANATOMIA DO SISTEMA DIGESTÓRIO
9
FIGURA 6 – ESÔFAGO
FONTE: Adaptado de Netter (2000)
Conforme demonstrado na Figura 6, o esôfago pode ser subdividido em 
esôfago cervical, torácico e abdominal, de acordo com sua localização na cavidade 
torácica/abdominal. 
Agora, o bolo alimentar, que passou pelo esôfago, deve chegar até o 
estômago, sempre impulsionado pelos movimentos peristálticos. Vamos observar 
as estruturas estomacais na Figura 7:
Nervos laríngeos recorrentes (no esôfago).
Esôfago cervical
Artéria carótida comum direita
Músculo escaleno anterior
Músculo longo do pescoço
Artéria carótida comum esquerda
Ducto torácico
Veia jugular interna (seccionada)
Veia braquiocefálica esquerda (seccionada)
Veia subclávia (seccionada)
Artéria torácica interna (seccionada)
Nervo vago esquerdo (X)
Nervo frênico esquerdo (seccionado)
Artéria subclávia esquerda
Músculo escaleno posterior
Plexo branquial
Nervo frênico direio
Artéria subclávia direita
Tronco tireocervical
Arco da aorta
Pleura costal (margem seccionada)
Nervo vago direito (X)
Nervo laríngeo recorrente esquerdo
Bifurcação da traquéia
Brônquio principal esquerdo
Esôfago torácico
Aorta torácica descendente
Esôfago abdominal
Pleura diafragmática
Pilar direito do diagragma
Estômago
Pilar esquerdo do diagragma
1ª costela (seccionada)
Tronco branquiocefálico
Traquéia
Veia ázigo
Brônquio eparterial
Brônquio principal direito
Pleura mediastinal (margem 
selecionada)
Plexo esofágico
Tronco vagal anterior
Pericárdio (margem seccionada)
Diafragma
Veia cava inferior (seccionada)
Veias hepáticas (seccionadas)
Artérias frênicas inferiores
Tronco celíaco
Aorta abdominalUNIDADE 1 | SISTEMA DIGESTÓRIO
10
FIGURA 7 – ESTÔMAGO E DUODENO
FONTE: Sobotta (2000, p. 132)
Podemos demonstrar, esquematicamente, as divisões do estômago, 
observando a próxima fi gura:
FIGURA 8 – ESTÔMAGO
FONTE:<http://bit.ly/2H5IdUj>. Acesso em: 6 maio 2019.
Fórnice gástrico
Fundo gástrico
Corpo gástrico
Curvatura maior
Parte pilórica, Canal pilórico, Antro pilórico
PilotoDuodeno, 
Parte descendente
Pregas circulares
Incisura angular
Pregas gástricas
Curvatura menor
Cárdia, Óstio cárdico
Esôfago, Parte abdominal
Incisura cárdica
Duodeno, Parte 
superio, Ampola
TÓPICO 1 | ANATOMIA DO SISTEMA DIGESTÓRIO
11
Estas divisões podem também ser vistas em uma radiografi a de contraste. 
Veja que interessante!
FIGURA 9 – ESTÔMAGO (2)
FONTE: <http://bit.ly/31Mpwx7>. Acesso em: 15 jul. 2019.
O alimento fi nalmente chegou ao estômago. Este órgão possui diversas 
funções, desde o armazenamento temporário do bolo alimentar até a secreção 
ácida, entre outras que serão abordadas adiante. 
A histologia deste órgão possui os tipos celulares e estruturas descritas a 
seguir:
A superfície mucosa possui uma camada de células epiteliais simples co-
lunares e não ciliadas, são as células mucosas superfi ciais. A mucosa deste órgão 
é formada por lâmina própria, constituída de tecido conjuntivo frouxo e a cama-
da muscular da mucosa que é formada por células musculares lisas (TORTORA; 
DERRICKSON, 2016).
Também, neste órgão, temos uma coluna de células secretoras que são as 
glândulas gástricas. Estas glândulas gástricas possuem três tipos celulares: célu-
Grande 
Curvatura
Corpo
Pequena 
Curvatura
Bulbo duodenal
Piloro
Duodeno
2º estágio
Duodeno
3º estágio
Antro
Fundo Gástrico
Esôfago
UNIDADE 1 | SISTEMA DIGESTÓRIO
12
las mucosas do colo, células principais e células parietais. Quando várias glân-
dulas gástricas se abrem em canais estreitos, temos o que chamamos de fovéolas 
gástricas (você pode observar no link disponibilizado no Uni Dicas, a seguir) 
(TORTORA; DERRICKSON, 2016).
A glândula gástrica também possui um tipo de célula enteroendócrina, 
denominada célula G, que secreta o hormônio gastrina. 
Além disso, o estômago também é constituído por uma camada submu-
cosa, formada por tecido conjuntivo frouxo e uma camada muscular que possui 
três camadas de músculo liso. 
DICAS
Fica bem mais fácil entender quando observamos estas estruturas no link: 
http://bit.ly/2PlFfSe.
Aproveite para observar as várias lâminas histológicas que demostram o epitélio estomacal, 
é só você ir passando as páginas!
Você sabe como o seu estômago produz o ácido? Ele produz o ácido 
clorídrico (HCl) através das glândulas parietais (ou oxínticas), que você pode 
observar na figura a seguir:
FIGURA 10 – GLÂNDULA PARIETAL
FONTE: Adaptado de Guyton e Hall (2017)
TÓPICO 1 | ANATOMIA DO SISTEMA DIGESTÓRIO
13
Na Figura 10(A), você pode observar a estrutura da glândula oxíntica 
presente no corpo do estômago, enquanto na Figura 10(B), você observa a 
anatomia esquemática dos canalículos da célula parietal ou oxíntica). As demais 
células representadas na figura e suas funções serão discutidas adiante.
A acidez estomacal faz com que o pH do estômago fique bastante ácido, 
entre 1,5 a 2,5. Você conhece a escala de pH e sabe o que ela indica? A seguir 
temos um exemplo da escala de pH, a qual varia entre 0 a 14.
DICAS
FIGURA – ESCALA DE PH
FONTE:<http://bit.ly/2HxBZNp>. Acesso em: 10 maio 2019.
 Você pode saber um pouco mais sobre o pH, como ele é medido e o que indica, 
lendo o artigo Conceito de PH, escrito por Diogo Lopes Dias, disponível no site Brasil Escola, 
acessando o seguinte endereço: http://bit.ly/2HxbxDo. 
Ao se misturar com o ácido estomacal, o bolo alimentar passa a se chamar 
quimo. O quimo, agora, chega à porção inicial do intestino delgado (duodeno) 
onde continuará o seu processo de digestão.
Como estão dispostas as células que constituem este órgão? Vamos 
descrever um pouco da histologia do intestino delgado: o intestino delgado, assim 
como a maior parte do trato gastrintestinal é formado pelas seguintes camadas: 
mucosa, submucosa, muscular e serosa (TORTORA; DERRICKSON, 2016).
A camada epitelial da mucosa do intestino delgado possui diversos tipos 
celulares: absortivas, caliciformes, enteroendócrinas e de Paneth.
UNIDADE 1 | SISTEMA DIGESTÓRIO
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Já a camada submucosa do duodeno, possui glândulas duodenais, “também 
chamadas de glândulas de Brunner” (TORTORA; DERRICKSON, 2016, p. 1576).
A camada muscular do intestino delgado é formada por músculo liso, a 
camada serosa envolve quase totalmente o intestino delgado, com exceção do 
duodeno (TORTORA; DERRICKSON, 2016).
O intestino delgado também apresenta algumas características morfológi-
cas e celulares diferentes do resto do trato digestivo, como a presença de vilosi-
dades, que correspondem a projeções em forma de “dedos” da mucosa epitelial 
deste órgão. A grande quantidade destas projeções aumenta muito a área de ab-
sorção deste órgão! Um pouco mais adiante falaremos destas estruturas.
Além destas vilosidades, temos as microvilosidades que correspondem a 
projeções da membrana apical de células absortivas. Também voltaremos a falar 
destas estruturas.
DICAS
Conheça um pouco mais da histologia destas células no endereço: http://bit.
ly/2Hu1Vt5.
Agora vamos visualizar a anatomia do duodeno:
FIGURA 11 – DUODENO
FONTE: Sobotta (2000, p. 139)
Duodeno, Parte 
superior, Ampola
M. esfincter do 
piloro
Piloro, Óstio pilórico
Canal pilórico
} Parte pilórica
M. suspensor 
do duodeno
Flexura 
duodenojejunal
Duodeno,
Parte ascendente
Jejuno
Antro pilórico
Pregas
circulares
Duodeno, Parte 
descendente
Ampola 
hepatopancreática
Papila maior
do duodeno
Túnica muscular
Duodeno, Parte 
horizontal
TÓPICO 1 | ANATOMIA DO SISTEMA DIGESTÓRIO
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Posterior ao duodeno encontra-se a veia porta, principal componente do 
sistema porta hepático. É através da veia porta que os nutrientes, provenientes da 
alimentação, chegarão até o sangue, após o processo de digestão. Esta estrutura 
também foi destacada na figura a seguir. 
A próxima porção do intestino delgado a ser percorrida pelo quimo é 
o jejuno (segunda porção do intestino delgado), a interseção entre duodeno e 
jejuno, você pode observar na Figura 12: 
FIGURA 12 – DUODENO IN SITU
FONTE: Adaptado de Netter (2011) 
Após o jejuno, o quimo percorrerá a porção do intestino delgado chamada 
de íleo.
As células do epitélio intestinal, também denominadas enterócitos, são 
células possuidoras de microvilosidades, as quais formam a “borda em escova” 
deste epitélio. Estas células são cruciais para o aumento da área absortiva deste 
tecido (GUYTON; HALL, 2017). Discutiremos a participação destas células 
posteriormente.
Ducto colédoco
Margem direita 
livre do omento 
menor (ligamento 
hepatoduodenal)
Parte superior 
(1ª) do duodeno 
(ampola ou bulbo) 
(com mucosa lisa)
Pregas circulares
(de Kerckring)
Papila menor 
do duodeno 
(inconstante)
Ducto colédoco
Porção descendente 
(2ª do duodeno
Papila principal do 
duodeno (de Vater)
Prega longitudinal
Flexura inferior
Ducto pancreático 
acessório (de Santorini)
Ducto pancreático 
principal (de Wirsung)
Cabeça do pâncreas
Parte horizontal 
(3ª) do duodeno
Artéria e veia mesentéricas superiores
Parte ascendente (4ª) do duodeno
Jejuno
Flexura 
duodenojejunal
Óstio pilórico
Artéria hepática comum
Artéria gástrica direita
Artéria gastroduodenal
Artéria hepática própria
Veia porta
Flexura superior
UNIDADE 1 | SISTEMA DIGESTÓRIO
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A seguir, você pode verifi car as microvilosidades dos enterócitos, nas 
próximas duas fi guras:
FIGURA 13 – HE (COLORAÇÃO POR HEMATOXILINA-EOSINA)
FONTE: Montanari (2016, p. 31)
FIGURA 14 – MICROVILOS OBSERVADOS AO MICROSCÓPIO ELETRÔNICO DE TRÂNSMISSÃO
FONTE: Montanari (2016, p. 31)
O processo de digestão de macronutrientes (carboidratos, lipídios e prote-
ínas), bem como a emulsifi cação de gordura, envolvem a participação de enzimas 
e bile produzidas,respectivamente, por glândulas como pâncreas e fígado. Após, 
as enzimas e a bile são liberadas na porção inicial do intestino delgado. Os pro-
cessos de digestão destes macronutrientes, bem como a emulsifi cação de gordu-
ra, serão posteriormente discutidos. Na fi gura a seguir você pode ver a estrutura 
anatômica do pâncreas:
TÓPICO 1 | ANATOMIA DO SISTEMA DIGESTÓRIO
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FIGURA 15 – PÂNCREAS
FONTE: Netter (2011, p. 372)
 A próxima figura demonstra a face visceral do fígado, ou seja, a face do 
órgão voltada para as vísceras abdominais. Este órgão é fundamental no exercício 
de diversas funções metabólicas e enzimáticas, entre elas a secreção da bile 
(GUYTON; HALL, 2017).
FIGURA 16 – FACE VISCERAL DO FÍGADO
FONTE: Netter (2000)
Ligamento 
coronárioLigamento triangular 
esquerdo
Apêndice fibroso
Impressão 
esofágica
Impressão
gástrica
Fissura do 
ligamento venoso
Lobo caudado
Processo papilar
Artéria hepática 
própria Veia porta
Fissura do 
ligamento redondo
Ligamento falciforme
Ligamento redondo
Lobo 
quadrado
Porta do 
fígado
Vesícula biliar
Impressão cólica
Impressão duodenal
Impressão renal
Ducto cístico
Ducto hepático 
comum
Ducto colédoco
Ligamento triangular 
direito
Ligamento coronário
Área nua
Impressão supra-renal
Veia cava inferiorVeias 
hepáticasProcesso 
caudado
Ducto colédoco
Incisura do pâncreas
Ducto pancreático principal (de Wirsung)
Ducto pancreático acessorio (de Santorini)
UNIDADE 1 | SISTEMA DIGESTÓRIO
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A fim de tornar um pouco mais clara a relação entre órgãos, como o fígado, 
a vesícula biliar e o pâncreas, e a liberação de seus produtos na porção inicial do 
intestino delgado (duodeno), expomos a seguinte figura:
FIGURA 17 – VESÍCULA BILIAR
FONTE: Netter (2000)
Por fim, o quimo segue seu caminho em direção ao intestino grosso onde 
os restos não absorvíveis da alimentação, juntamente à reabsorção de água, 
formarão as fezes. 
Antes de falarmos da anatomia e fisiologia do intestino grosso, vamos 
olhar a sua histologia:
Assim como já observado no restante do trato gastrintestinal, o intestino 
grosso tem as mesmas quatro camadas celulares: mucosa, submucosa, muscular 
e serosa. Na camada mucosa temos a presença de epitélio colunar simples, 
lâmina própria formada de tecido conjuntivo frouxo e células musculares lisas. 
No epitélio colunar vemos as células absortivas e caliciformes, estas células 
localizam-se nas “glândulas intestinais ou criptas de Lieberkühn” (TORTORA; 
DERRICKSON, 2016, p. 1246).
A camada submucosa possui tecido conjuntivo frouxo e a presença de 
tecido linfoide, já a camada muscular é formada por musculatura lisa.
Parte espiral do ducto cístico Ducto hepático direito
Ducto hepático esquerdo
Ducto hepático comum
Parte lisa do ducto cístico
Ducto colédoco
Ducto pancreático
Ampola (de Vater)
Infundíbulo (bolsa de Hartmann)
 da vesícula biliar
Colo da vesícula biliar
Corpo da vesícula biliar
Fundo da vesícula biliar
Porção descendente (2ª) do duodeno
Óstio glandulares
Papila principal do duodeno (de Vater)
TÓPICO 1 | ANATOMIA DO SISTEMA DIGESTÓRIO
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Por fim, a camada serosa deste órgão é parte do peritônio (camada de 
células serosas que recobrem a parede abdominal).
DICAS
Vamos olhar novamente todas estas estruturas observando as lâminas que 
estão no link: http://bit.ly/2Ljv2kb.
Agora que observamos a histologia deste órgão, vamos estudar um 
pouco mais da sua fisiologia, acompanhando como o quimo se movimenta no 
intestino grosso.
A propulsão do quimo em direção ao intestino grosso, segue sendo 
realizada com o auxílio dos movimentos peristálticos. Você pode observar as 
estruturas anatômicas que formam o intestino grosso na próxima figura:
FIGURA 18 – ESTRUTURAS ANATÔMICAS QUE FORMAM O INTESTINO GROSSO
FONTE: Adaptado de Netter (2011)
Para fins didáticos, o intestino delgado foi removido da figura e assim 
possibilitar uma melhor visualização do intestino grosso. O intestino grosso é 
formado por quatro estruturas: ceco, cólon, reto e ânus. O Ceco corresponde a 
primeira e mais dilatada das porções do intestino grosso e se comunica com o 
Tênia livre (tênia liberada)
Apêndices epiplóicos
Flexura (hepática) direita do colo
Íleo (seccionado)
Sulco(goteira) paracólico direito
Recesso (fossa) retrocecal
Apêndice vermiforme
Reto
Colo sigmóide
Mesocolo sigmóide
Mesentérico (seccionado e 
intestino delgado removido)
Sulco (goteira) paracólico esquerdo
Flexura (esplênica) esquerda do colo
Jejuno (seccionado)
Mesocolo transverso
(elevado sobre o pâncreas)
 Colo descendente
 Colo ascendente
Colo transverso (elevado)
 Ceco
UNIDADE 1 | SISTEMA DIGESTÓRIO
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intestino delgado (íleo) pela válvula ileocecal. O cólon se ramifica em porção 
ascendente, transverso, descendente e sigmoide. As duas últimas estruturas que 
compõem o intestino grosso são o reto e o ânus. 
A maior parte da absorção de íons e água, que percorrem o nosso tubo 
digestório, ocorre em nosso intestino grosso. Grande parte desta absorção dá-se 
no cólon (GUYTON; HALL, 2017).
Por fim, as fezes serão expulsas pelo ânus, através de estímulos de 
esfíncteres interno e externo, eventos que serão discutidos posteriormente.
21
Neste tópico, você aprendeu que:
• O alimento ingerido percorre diferentes estruturas do sistema digestório até a 
eliminação dos restos não absorvíveis.
• O sistema digestório é composto por diferentes órgãos.
• A boca é o primeiro componente do sistema digestório e está dividida em 
vestíbulo e cavidade oral propriamente dita.
• O processo de deglutição envolve diferentes fases.
• O esôfago é dividido em diferentes porções.
• O estômago é dividido em diferentes partes.
• A produção de ácido clorídrico (HCl) é realizada pelas células parietais 
(oxínticas).
• O intestino delgado é dividido em 3 porções.
• As microvilosidades existentes no intestino delgado são capazes de aumentar 
a área absortiva.
• O intestino se relaciona estruturalmente e funcionalmente com o pâncreas, 
vesícula biliar e intestino delgado (duodeno).
• O intestino grosso é subdividido.
RESUMO DO TÓPICO 1
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1 Ao ingerir alimentos, você, literalmente, deixa de respirar por breves 
segundos. Isso decorre em virtude de tanto o alimento, quanto o ar, usarem 
uma estrutura do sistema digestório em comum. Sendo assim, assinale a 
resposta a seguir que corresponde a estrutura em comum utilizada durante 
o processo de respiração e o processo de deglutição do alimento:
a) ( ) Esôfago.
b) ( ) Traqueia.
c) ( ) Estômago.
d) ( ) Faringe.
e) ( ) Laringe.
2 Conforme citado na questão anterior, ao ingerir o alimento, cessamos por 
breves momentos o processo respiratório. Com base nesta informação, 
descreva como ocorrem as fases voluntária e involuntária da deglutição 
envolvidas no processo de ingestão de alimento.
 
3 O pH salivar encontra-se próximo da neutralidade (7,0), entretanto, ao 
chegar no estômago o bolo alimentar sofre ação do ácido clorídrico secretado 
neste órgão, objetivando diversas funções associadas a este órgão. As células 
responsáveis pela secreção ácida no estômago são:
a) ( ) Células enterocromafins.
b) ( ) Células parietais ou oxínticas.
c) ( ) Células secretagogas.
d) ( ) Células Epiteliais.
e) ( ) Nenhuma das alternativas acima.
4 O intestino delgado é responsável pela maior parte da absorção de nossos 
nutrientes. Essa função destinada ao intestino delgado se deve à presença 
de células do epitélio intestinal modificadas que possuem especializações 
capazes de aumentar em milhares de vezes a capacidade absortiva deste 
órgão. Estas especializações celulares são denominadas:
a) ( ) Macrovilosidades.
b) ( ) Vilosidades.
c) ( ) Microvilosidades.
d) ( ) Criptas de Liberkühn.
e) ( ) Nenhuma das respostas acima.
5 “Cerca de 1.500 mililitros de quimo passam, normalmente, pela válvula 
ileocecal para o intestino grosso a cada dia. Grande parte da água e 
dos eletrólitos, nesse quimo, é absorvida no cólon, sobrando menos de 
100 mililitros de líquidopara serem excretados nas fezes. Além disso, 
AUTOATIVIDADE
23
praticamente todos íons são absorvidos, e apenas de 1 a 5 mEq de íons sódio 
e cloreto são eliminados nas fezes” (GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de 
fisiologia médica. 12. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009).
 Este texto esclarece que grande parte da absorção de íons e água que 
percorrem o nosso tubo digestório ocorre em nosso intestino grosso. Grande 
parte desta absorção dá-se no cólon. Assinale a alternativa que contempla as 
diferentes divisões anatômicas do cólon:
a) ( ) Cólon lateral, cólon descendente, cólon sigmoide e cólon ascendente.
b) ( ) Cólon cecóide, cólon transverso, colón lateral e cólon sigmoide.
c) ( ) Cólon transverso, cólon ascendente, cólon descendente e cólon sigmoide.
d) ( ) Cólon transverso, cólon duodenal, cólon descendente e cólon sigmoide.
e) ( ) Nenhuma das alternativas acima. 
24
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TÓPICO 2
FISIOLOGIA DO SISTEMA DIGESTÓRIO
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Prezado acadêmico, no tópico anterior entendemos como está constituído 
anatomicamente nosso sistema digestório. A partir deste tópico, vamos começar 
a entender como o nosso sistema digestório, literalmente, funciona. 
Neste tópico, iremos explicar os movimentos peristálticos que envolvem 
a passagem do alimento por todo o nosso tubo digestório, bem como as conexões 
nervosas relacionadas à ativação deste sistema.
Também iremos observar algumas patologias que alteram a homeostasia, 
ou seja, alteram o equilíbrio entre os sistemas e órgãos, estabelecendo algumas 
doenças das quais, provavelmente, você já ouviu falar.
Então vamos lá, estudar um pouco mais da fisiologia do sistema digestório!
2 MECANISMOS FISIOLÓGICOS DO SISTEMA DIGESTÓRIO
Primeiramente, vamos imaginar que você está se alimentando de algo que 
gosta, supomos, um prato de macarrão ou uma lasanha, por exemplo!
Você imagina o quanto de comida você ingere diariamente? Bom, 
sabemos que isso é determinado pelo desejo de alimentar-se o qual chamamos 
de fome; também sabemos que você prefere determinado tipo de alimento, certo? 
Isto chamamos de apetite. Estes dois mecanismos (fome e apetite) são excelentes 
sistemas de regulação automática os quais se referem ao contexto de manter o 
suprimento nutricional necessário ao organismo (GUYTON; HALL, 2017).
Uma vez que você possua fome e tenha apetite pelo prato de macarrão, 
precisamos ingerir a comida, para isto necessitaremos do processo de deglutição. 
Este processo pode ser dividido em três partes: um estágio voluntário que inicia 
UNIDADE 1 | SISTEMA DIGESTÓRIO
26
o processo de deglutição, denominado fase oral, um estágio faríngeo que, de 
maneira involuntária se refere à passagem do alimento da faringe ao esôfago 
e, por último, um outro estágio involuntário que leva o alimento do esôfago ao 
estômago, denominado fase esofagiana. Estes três estágios já foram descritos no 
tópico anterior.
Também, conforme já havíamos comentado anteriormente, o peristaltismo 
ocorre em todo o sistema digestório e é responsável pela passagem do bolo 
alimentar ou do quimo pelo tubo digestório.
Então, vamos entender melhor o que é o peristaltismo: 
DICAS
Entenda o que é peristaltismo, através do link: http://bit.ly/2LfXe7w.
Os movimentos peristálticos são extremamente importantes no caminho 
do alimento por todo o tubo alimentar, estes movimentos não estão relacionados 
somente ao tubo digestório, mas também ocorrem nos ductos biliares, ductos 
glandulares, ureteres e uma série de ductos tubulares revestidos por musculatura 
lisa em nosso organismo (GUYTON; HALL, 2017).
Esses movimentos peristálticos descritos no esôfago estão diretamente 
relacionados ao processo de deglutição e, normalmente, uma única onda 
peristáltica é capaz de conduzir o alimento desde a faringe até o estômago (onda 
primária). Eventualmente, caso algum resto alimentar permaneça no esôfago, 
será desencadeada uma onda peristáltica secundária.
Como você deve ter percebido, o alimento segue um sentido único, uma 
vez que ele é deglutido. Mas como ele é impedido de “voltar” do estômago ao 
esôfago, por exemplo? Isso se deve à presença de estruturas musculares em forma 
de anéis, chamadas de esfíncteres, que se fecham rapidamente após a passagem 
do bolo alimentar por estas estruturas. Na figura a seguir você verá a presença 
destes anéis musculares (esfíncteres) localizados na parte superior (constrição 
cricofaríngea) e inferior do esôfago (esfíncter esofágico inferior ou válvula cárdia).
TÓPICO 2 | FISIOLOGIA DO SISTEMA DIGESTÓRIO
27
FIGURA 19 – ANÉIS MUSCULARES (ESFÍNCTERES)
FONTE: Adaptado de Netter (2000)
E sobre a doença do refluxo gastroesofágico (DRGE), você já ouviu falar? 
Afeta bebês e adultos! Aquela sensação de azia, regurgitação, tosse seca e que 
pode até mesmo ocasionar erosão dentária. Não ouviu falar? Essa doença pode 
ser ocasionada justamente por uma incompetência do esfíncter esofágico inferior, 
a de contrair-se fazendo com que o suco gástrico do estômago (que abordaremos 
adiante) possa retornar ao esôfago e, como suas paredes não são protegidas da 
ação do ácido estomacal, ocasionar lesão da mucosa esofágica. 
Dentes incisivos
Orofaringe
Epiglote
Recesso piriforme
Cartilagem tireóide
Cartilagem cricóide
Músculo cricofaríngeo
Traquéia
Aorta
Constrição 
da aorta
Esfíncter
esofágico 
inferior
Constrição 
cricofaríngea
Diafragma
Fundo do estômago
Parte cárdica do estômago
Brônquio principal esquerdo
Extensão média
em centímetros
UNIDADE 1 | SISTEMA DIGESTÓRIO
28
IMPORTANT
E
 “A DRGE é mais comum em adultos acima dos 40 anos de idade, mas também 
ocorre em bebês e crianças. Os sintomas clínicos mais comuns são disfagia (dificuldade de 
deglutição), azia e menos frequentemente regurgitação perceptível de conteúdos gástricos 
com sabor ácido” (KUMAR et al., 2010, p. 2040).
Agora o bolo alimentar chegou ao estômago! E o que acontecerá com este 
bolo alimentar ao chegar neste órgão? Para isso precisamos determinar quais são 
exatamente as suas funções: 
O Quadro 1 demonstra, de maneira resumida, as funções do estômago:
QUADRO 1 – FUNÇÕES DO ESTÔMAGO
Funções do Estômago
Armazenamento – Atua como reservatório temporário para o alimento que 
chega a ele.
Secreção de H+ – Objetiva destruir micro-organismos patogênicos e converter o 
pepsinogênio em sua forma ativa.
Secreção de fator intrínseco – Visa permitir a absorção de vitamina B12.
Secreção de muco e bicarbonato (HCO3-) – Visa a proteção da mucosa gástrica.
Secreção de água – Para a lubrificação e promover a suspensão aquosa dos 
nutrientes.
Atividade motora – Para misturar as secreções produzidas pelo órgão com o 
alimento ingerido.
Atividade motora coordenada – Com o objetivo de regular o esvaziamento do 
conteúdo para o duodeno (primeira porção do intestino delgado).
FONTE: O autor
Algumas destas funções do estômago, principalmente aquelas que se 
referem à secreção e ação bioquímica de diversos componentes, iremos abordar, 
futuramente, no decorrer de nosso Livro Didático, no presente momento 
focaremos nas funções fisiológicas realizadas por este órgão.
Uma vez que o alimento entre no estômago, ocorrerá um processo de 
contrações peristálticas neste órgão também, o que, além de facilitar a mistura do 
alimento com as secreções estomacais, irá auxiliar no esvaziamento do estômago. 
Este órgão, apesar de quando em repouso, ser de tamanho pequeno (50ml), é 
TÓPICO 2 | FISIOLOGIA DO SISTEMA DIGESTÓRIO
29
capaz de armazenar até 1,5L de alimento em uma única refeição. Vale ressaltar 
que durante o jejum, as paredes do estômago se encontram colabadas (unidas) 
e este possui uma atividade motora estreitamente coordenada com o intestino, 
o que leva a um padrão de atividade elétrica contrátil, como ondas que se 
propagam pelo estômago e intestino delgado, chamadas complexos miolétricos 
interdigestivos.
Muitas vezes você já disse ter sentido dor “de fome” no estômago, não é 
verdade? Isto realmente pode acontecer, pois, no estômago, além dos movimentosperistálticos que já citamos — e que ocorrem em todo o sistema digestório —, um 
outro tipo de contração intensa também pode ocorrer: a chamada contração de 
fome, que ocorre, geralmente, quando o estômago fica vazio por muito tempo 
(várias horas) (GUYTON; HALL, 2017).
Estas contrações são peristálticas rítmicas e ocorrem no corpo do estômago. 
Normalmente estas contrações são mais intensas em indivíduos jovens, sadios e 
com tônus gastrointestinal elevado e podem aumentar quando a pessoa apresenta 
níveis glicêmicos (açúcar sanguíneo) abaixo dos valores normais. Algumas 
vezes, nestas contrações, a pessoa apresenta leve a moderada dor epigástrica, 
denominadas pontadas de fome. Estas pontadas não são observadas entre 12 a 24 
horas após o indivíduo se alimentar, só sendo verificadas em períodos de jejum 
(GUYTON; HALL, 2017).
 
Agora você deve estar imaginando, “pronto, o estômago com seu pH 
extremamente ácido inicia o processo de digestão do quimo”, certo? Errado! 
A digestão do quimo no estômago é quase nula, pois, para que ocorra o 
processo de digestão, necessitaremos da participação de vária enzimas que serão 
discutidas adiante. Entretanto, vale ressaltar que enzimas, com raras exceções, 
somente são ativas em pH ideal, ou seja, em pH próximo da neutralidade, o que 
não ocorre no estômago. Assim, apenas uma pequena parte do processo digestivo 
ocorrerá no estômago (FOX, 2007).
Podemos considerar como uma exceção o pepsinogênio — forma inativa 
de enzima pepsina — que será ativado justamente em meio ácido e, assim, 
iniciará o processo de digestão proteica (FOX, 2007), este processo será abordado 
futuramente.
Vamos continuar acompanhando o processo de chegada do quimo ao 
intestino. Para isso, faz-se necessário o esvaziamento do estômago e, novamente, 
as contrações peristálticas serão responsáveis por este processo, principalmente 
com estas contrações peristálticas acontecendo no antro gástrico. A velocidade de 
esvaziamento gástrico pode acontecer em graus variados, pois é dependente da 
resistência da passagem do quimo pelo piloro (GUYTON; HALL, 2017).
Didaticamente, podemos dividir o estômago em duas porções a fim de 
entender mais claramente o processo de esvaziamento gástrico: a porção proximal 
UNIDADE 1 | SISTEMA DIGESTÓRIO
30
e assim chamada por ser de localização mais craniana e a porção distal que possui 
localização mais distante da boca. 
O esfíncter esofágico inferior (EEI) e a cárdia (região que circunda o EEI) 
possuem importantes funções neste processo. Quando ambos relaxam, ocorre 
a entrada do alimento no estômago, já a parte proximal do estômago, ou seja, 
o fundo e o corpo, são capazes de promover lentas variações de tônus, o que 
permite que estas regiões recebam e armazenem o alimento, sendo assim, capazes 
de misturá-lo com o suco gástrico possibilitando direcionar o alimento ao piloro 
(BERNE; LEVY, 2009).
Desta forma, a geração de tônus no que denominamos região proximal do 
estômago é muito importante no processo de esvaziamento gástrico, pois baixo 
tônus nessa região determina baixa pressão intragástrica e, consequentemente, 
redução na velocidade de esvaziamento gástrico (BERNE; LEVY, 2009).
A porção distal do estômago atua de maneira muito importante, tanto 
ao misturar o conteúdo gástrico, quanto para gerar a propulsão deste conteúdo 
pelo piloro em direção ao duodeno. As contrações peristálticas iniciam-se pelo 
meio do estômago e se direcionam em relação ao piloro e são fundamentais 
para o esvaziamento gástrico. O esfíncter pilórico é a junção do estômago com 
o duodeno (junção gastroduodenal). Esta região é uma área de alta pressão e de 
extrema importância para a regulação do esvaziamento gástrico.
Como será que o esvaziamento do estômago é regulado? Existem fatores 
que regulam e orientam este esvaziamento do quimo em direção ao intestino? 
Como isso ocorre? Vamos ver como esse processo se dá, detalhadamente.
Primeiramente, é sabido que a velocidade e a intensidade com que ocorre 
o esvaziamento do conteúdo estomacal é regulada por sinais provenientes tanto 
do duodeno quanto do estômago, entretanto, devemos ressaltar que os sinais 
provenientes do duodeno são bem mais fortes e, consequentemente, controlam 
de maneira mais efetiva a velocidade com que o quimo pode ser absorvido e 
digerido no intestino delgado (duodeno) (GUYTON; HALL, 2017).
Podemos citar, entre os fatores gástricos que promovem o esvaziamento, 
o efeito do volume alimentar gástrico e o efeito do hormônio gastrina (secretado 
pelo estômago) neste processo.
Já com relação aos fatores duodenais associados ao esvaziamento gástrico, 
podemos citar os efeitos inibitórios dos reflexos enterogástricos que possuem 
origem duodenal. Além destes, também podemos citar o feedback hormonal do 
duodeno, associado às gorduras (lipídios) e ao hormônio colecistocinina (CCK), 
estes mecanismos serão abordados mais claramente posteriormente.
Pronto! Finalmente o estômago esvaziou o seu conteúdo (quimo) no 
intestino delgado e assim será continuado o processo de digestão.
TÓPICO 2 | FISIOLOGIA DO SISTEMA DIGESTÓRIO
31
Vale lembrar que a maior parte da digestão e absorção dos nutrientes 
ocorre no intestino delgado, logo, esta estrutura é fundamental à nossa vida. 
Embora seja possível a ocorrência de ressecções em parte do intestino delgado, 
cirurgias que comprometem drasticamente a área de absorção deste órgão são 
incompatíveis com a vida. 
O intestino delgado é composto por três partes: duodeno, jejuno e íleo. O 
duodeno possui localização retroperitoneal, ou seja, encontra-se atrás do peritônio, 
enquanto o jejuno e o íleo são estruturas envoltas pelo peritônio e encontram-
se presas pelo mesentério, a porção posterior do abdome. O comprimento do 
intestino delgado é de aproximadamente 3m no indivíduo vivo, mudando para 
aproximadamente 6m após a morte, em função da perda do tônus da musculatura 
lisa (TORTORA; DERRICKSON, 2016).
Uma vez que o quimo chegou ao intestino delgado, ele deve seguir seu 
caminho em direção ao intestino grosso para posterior eliminação dos restos não 
absorvíveis (fezes). Os movimentos peristálticos, assim como no restante do tubo 
digestório, seguem no intestino delgado, o quimo é impulsionado no intestino 
delgado por meio de ondas peristálticas que ocorrem em qualquer parte desta 
porção do intestino, e são ondas que se movem a velocidades lentas entre 0,5 a 
2cm/s (GUYTON; HALL, 2017).
Estas ondas peristálticas são fracas e costumam cessar depois de percorrer 
uma distância de 3 a 5cm. Isto faz com que o quimo demore muito tempo para 
percorrer o intestino delgado, logo, o tempo necessário para o quimo percorrer 
todo o intestino delgado, ou seja, do piloro até a válvula ileocecal e entrar no 
intestino grosso, é de 3 a 5h (GUYTON; HALL, 2017).
DICAS
Vamos observar como acontece o peristaltismo intestinal in vivo? Acesse o 
vídeo pelo endereço http://bit.ly/2Ppa2h8 e observe o peristaltismo intestinal durante uma 
cirurgia!
Vale lembrar que o peristaltismo no intestino delgado é aumentado após 
as refeições. Isto é devido a uma série de fatores, tais como a entrada do quimo no 
duodeno, o que leva a distensão da parede do duodeno, ao reflexo gastroentérico 
ocasionado pela distensão estomacal, além de uma série de hormônios que 
modificam esta atividade peristáltica, como a gastrina, a colecistocinina (CCK), a 
insulina e o neurotransmissor serotonina (GUYTON; HALL, 2017).
Estes hormônios e a serotonina, são capazes de intensificar a motilidade 
gastrointestinal e são secretados durante o processo de passagem do alimento 
pelo tubo digestório, assim como os hormônios secretina e glucagon que são 
capazes de inibir a motilidade do intestino delgado (GUYTON; HALL, 2017).
UNIDADE 1 | SISTEMA DIGESTÓRIO
32
Alguns destes hormônios serão discutidos posteriormente no decorrer do 
livro. 
O objetivo do peristaltismo não está somente em levar o quimo em direção 
ao intestino grosso (ceco), mas, também, possibilitar a distribuição do quimoem 
todo o intestino, sendo que o peristaltismo se torna mais intenso à medida que 
chega mais quimo ao duodeno (GUYTON; HALL, 2017).
Como citado anteriormente, a maior parte da digestão de nutrientes 
ocorre no intestino delgado. Mas como isso efetivamente ocorre? Existem células 
especializadas neste processo absortivo? Existem, sim! São as células do epitélio 
intestinal que sofreram adaptações morfofuncionais e somente são encontradas 
no intestino delgado. Vimos estas adaptações das células do intestino delgado no 
tópico anterior, estas adaptações são denominadas microvilosidades.
Estas microvilosidades são capazes de promover, de maneira significativa 
o aumento da absorção de nutrientes em virtude do aumento da área absortiva e 
do número de células.
Você já ouviu falar em doença celíaca ou espru celíaco ou ainda enteropatia 
sensível ao glúten? 
Esta doença é uma enteropatia (doença dos enterócitos ou células epiteliais especializadas) 
ocasionada por alterações imunológicas do indivíduo e desencadeada pela ingestão de 
cereais que contém glúten, tais como trigo, centeio ou cevada, por indivíduos que são 
geneticamente dispostos a essa doença (KUMAR et al., 2010). Em países onde a maioria da 
população é caucasiana e de ascendência europeia, esta doença pode ser relativamente 
comum, com uma prevalência variando entre 0,5 – 1% nesta população. As figuras a seguir 
mostram a atrofia das microvilosidades intestinais que podem aparecer nesta doença, 
prejudicando intensamente a absorção de nutrientes pelos indivíduos acometidos por ela.
FIGURA – ATROFIA SUBTOTAL DE VILOSIDADES
ATENCAO
FONTE:<http://bit.ly/2YQi3zY>. Acesso em: 16 jul. 2019.
TÓPICO 2 | FISIOLOGIA DO SISTEMA DIGESTÓRIO
33
FIGURA – VILOSIDADES NORMAIS EM PACIENTE APÓS 4 SEMANAS DE DIETA LIVRE DE 
GLÚTEN
FONTE: < http://bit.ly/2YYW36g>. Acesso em: 16 jul. 2019.
Agora, o quimo segue seu caminho em direção ao intestino grosso.
As principais funções do intestino grosso consistem na absorção de água e 
de eletrólitos do quimo, visando a formação de fezes sólidas, além do armazena-
mento deste material fecal até que ele possa ser expelido (GUYTON; HALL, 2017).
Neste processo de absorção de água e eletrólitos (5 a 8 litros diários apro-
ximadamente) ocorre, ainda, concomitantemente à secreção de muco e bicarbo-
nato. O objetivo desta secreção é, através de movimentos de mistura chamados 
de haustrações e movimentos peristálticos, misturar o muco e o bicarbonato aos 
restos de alimentos não absorvidos, tornando uma massa pastosa para, assim, 
facilitar a eliminação desta pelas das fezes (GUYTON; HALL, 2017).
Reflexos denominados gastrocólicos e duodenocólicos estão envolvidos 
no surgimento dos movimentos peristálticos do intestino grosso, também deno-
minados movimentos de massa. Estes reflexos, como o próprio nome sugere, são 
decorrentes da distensão tanto do estômago quanto do duodeno em decorrência 
da passagem do alimento (GUYTON; HALL, 2017).
Por fim, inicia-se o processo final da alimentação, que corresponde a de-
fecação, que nada mais é do que a expulsão dos restos alimentares não digeridos 
UNIDADE 1 | SISTEMA DIGESTÓRIO
34
e, consequentemente, não absorvidos. Entretanto, as fezes não são somente cons-
tituídas por estes restos alimentares, mas também por bactérias, sais inorgânicos, 
células do epitélio intestinal descamadas (mortas), além de celulose, lipídios e 
proteínas.
De maneira geral os movimentos de massa não são capazes de provocar ne-
nhuma sensação associada à defecação; entretanto, a chegada de um determinado 
volume de fezes ao reto produz a sua distensão, o que provoca a necessidade de 
defecar. A presença dos esfíncteres anais, interno e externo, é capaz de promover o 
mecanismo de controle da defecação. O esfíncter interno do ânus não está sob con-
trole do indivíduo, ou seja, é involuntário, enquanto o esfíncter externo encontra-se 
sob controle voluntário do indivíduo (CINGOLANI; HOUSSAY, 2011).
Patologias que afetam o esfíncter externo podem ocasionar incontinência 
fecal, tais como lesão cirúrgica ou obstétrica, prolapso retal ou até mesmo doen-
ças capazes de causar danos aos nervos sensoriais e motores, como a neuropatia 
diabética, por exemplo (BERNE; LEVY, 2009).
Finalmente, acompanhamos todo o percurso daquele “prato de macar-
rão” citado no início do tópico por nosso sistema digestório, aproveitando o que 
deveria ser aproveitado e eliminando o que não foi absorvido. Agora, no próximo 
tópico desta unidade, vamos observar mais de perto como ocorrem os processos 
bioquímicos e enzimáticos envolvidos na digestão e absorção de nutrientes.
Antes, vamos ver um pouco mais do que a ciência tem recentemente pes-
quisado. Você já leu ou ouviu falar sobre o transplante de fezes? Parece nojento 
à primeira vista, não é? Mas novas pesquisas têm demonstrado que esta técnica 
pode ser promissora para o tratamento de diversas doenças!
IMPORTANT
E
O transplante de fezes, apesar de não parecer muito convidativo inicialmente, 
parece ter um futuro promissor no tratamento de doenças do trato gastrointestinal, 
principalmente, mas esta técnica polêmica, também poderá ser utilizada no tratamento de 
doenças, como esclerose múltipla, doença de Crohn e, até mesmo, doença de Parkinson! 
Separamos duas reportagens que se encontram nos links a seguir para que você possa ler 
um pouco mais sobre como é feito e o que promete este transplante. 
http://bit.ly/2Z3o2N6
http://bit.ly/2Z7wK0Z
35
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• Movimentos peristálticos são extremamente importantes para a condução do 
alimento pelo sistema digestório.
• Esfíncteres esofágicos desempenham importantes funções para o 
direcionamento do alimento no sistema digestório.
• O estômago exerce importantes funções fisiológicas e bioquímicas.
• Movimentos peristálticos e a manutenção do tônus gástricos são extremamente 
importantes no processo de esvaziamento gástrico.
• Reflexos enterogástricos possuem importante participação no esvaziamento 
gástrico.
• Microvilosidades são fundamentais no processo de absorção de nutrientes pelo 
intestino delgado.
• O intestino grosso participa fundamentalmente do processo de absorção de 
água e eletrólitos e da formação das fezes.
• O mecanismo de controle de defecação está associado aos esfíncteres anais 
interno e externo.
36
1 Analise a afirmativa e a justificativa da sentença a seguir:
 Movimentos peristálticos são movimentos coordenados e exclusivos da 
musculatura esquelética fazendo com que o bolo alimentar seja impulsionado 
por todo o tubo esofágico em direção ao estômago, POIS estes movimentos 
ocorrem em decorrência da contração da musculatura esofágica posterior 
ao bolo alimentar, o que faz com que o mesmo seja empurrado adiante.
 Com base na sentença anterior, responda:
a) ( ) Afirmativa e justificativa estão corretas.
b) ( ) Afirmativa está correta e justificativa está errada.
c) ( ) Afirmativa e justificativa estão erradas.
d) ( ) Afirmativa está errada e justificativa está correta.
e) ( ) Afirmativa e justificativa não possuem nenhuma correlação entre si.
2 O estômago, apesar de possuir um pH extremamente baixo, o que 
impossibilita as ações de enzimas digestivas (com exceção da pepsina), 
que devem possuir pH ótimo (neutro) para desenvolver a sua ação, possui 
diversas outras funções que visam facilitar o processo de digestão e absorção 
de nutrientes. Com relação às funções do estômago, assinale a alternativa 
correta:
a) ( ) Secreção do hormônio colecistocinina (CCK).
b) ( ) Secreção de Vitamina B12.
c) ( ) Secreção de H+.
d) ( ) Reabsorção de água.
e) ( ) Nenhuma das alternativas anteriores.
3 É sabido que fatores provenientes tanto do estômago quanto do duodeno 
são capazes de promover a regulação da velocidade de esvaziamento 
gástrico. Com base nestas informações, relacione as colunas, assinalando, 
posteriormente, a alternativa correta:
I- Fatores gástricos. 
II- Fatores intestinais. 
( ) Gastrina.
( ) CCK.
( ) Volumealimentar gástrico.
( ) Inibição por reflexos enterogástricos.
a) ( ) I, I, I e II.
b) ( ) II, II, I e I.
AUTOATIVIDADE
37
c) ( ) II, II, II e I.
d) ( ) I, II, I e II.
e) ( ) I, I, II e II.
4 (IADES-UFBA, 2014) A doença celíaca (DC) é autoimune, sendo causada 
pela intolerância permanente ao glúten, principal fração proteica presente 
no trigo, no centeio, na cevada e na aveia, e se expressa por enteropatia 
mediada por linfócitos T em indivíduos geneticamente predispostos. A 
forma clássica ou típica caracteriza-se pela presença de diarreia crônica, em 
geral acompanhada de distensão abdominal e perda de peso.
FONTE:< http://bit.ly/2ZdV25n >. Acesso em: 9 jul. 2019.
 Com relação ao tratamento e prognóstico da DC, assinale a alternativa 
correta.
a) ( ) As deficiências nutricionais decorrentes da má absorção de macro e 
micronutrientes, por exemplo, deficiência de ferro, de ácido fólico, de vitamina 
B12 e de cálcio, são raras e corrigidas rapidamente com a exclusão do glúten da 
dieta.
b) ( ) O tratamento da DC consiste em dieta sem glúten, devendo-se, portanto, 
excluir da alimentação todos os alimentos que contenham trigo, centeio, cevada 
e aveia, por toda a vida.
c) ( ) Deve-se verificar a intolerância à lactose e à sacarose, ocasionadas 
pela deficiência na produção das dissacaridases, irreversíveis mesmo após a 
normalização das vilosidades.
d) ( ) A dieta imposta na crise celíaca é restritiva, mas temporária, devendo 
haver a inclusão gradativa do glúten à dieta com a remissão das manifestações 
clínicas.
e) ( ) O quadro de hipersensibilidade alimentar, que resulta em manifestações 
alérgicas, deve ser considerado quando o indivíduo responde adequadamente 
à dieta sem glúten e não apresenta negatividade nos exames sorológicos para 
DC.
5 O intestino grosso, além de secretar muco para promover a proteção da 
parede intestinal, também possui a finalidade de proporcionar meio adesivo 
para o material fecal. Entretanto, no que tange a formação das fezes, as 
principais atividades do intestino grosso consistem na reabsorção de água 
e de eletrólitos do quimo. Os movimentos peristálticos do intestino grosso, 
também denominados movimentos de massa, são decorrentes da estimulação 
reflexa. Os reflexos relacionados a estes movimentos são denominados:
a) ( ) Reflexo gastrocólico e reflexo intestinal.
b) ( ) Reflexo gastrocólico e reflexo mesocólico.
c) ( ) Reflexo gastrocólico e duodenocólico.
d) ( ) Reflexo gastrocólico e reflexo vagal.
e) ( ) Nenhuma das alternativas anteriores.
38
39
TÓPICO 3
SECREÇÃO ENZIMÁTICA, DIGESTÃO E ABSORÇÃO
DE NUTRIENTES NO TRATO DIGESTÓRIO
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Vimos nos tópicos anteriores a anatomia e a fisiologia relacionadas ao 
sistema digestório, ou seja, qual caminho o alimento percorre desde a sua ingestão 
na boca até a eliminação de restos alimentares não digeridos, que formam as 
fezes, além dos movimentos peristálticos relacionados a estes eventos.
Neste Tópico 3, iremos estudar os processos bioquímicos relacionados à 
absorção dos alimentos, ou seja, como estes alimentos são processados, ofertados 
ao nosso organismo e transformados na energia que necessitamos para a 
manutenção da vida.
Como você já deve ter imaginado, diversas reações bioquímicas que se 
iniciam desde a boca e se estendem por todo o sistema digestório estão envolvidas 
neste processo, nós iremos explicar passo a passo as reações mais importantes! 
Então, sente-se confortavelmente e vamos iniciar a nossa viagem bioquímica pelo 
sistema digestório.
2 BIOQUÍMICA, SECREÇÃO ENZIMÁTICA E ABSORÇÃO 
DE NUTRIENTES NO TRATO DIGESTÓRIO
Para começar, vamos, novamente, pensar naquele prato de macarrão dos 
Tópicos 1 e 2. quando você coloca a primeira porção de macarrão na sua boca, 
reações bioquímicas já dão início ao processo digestivo. Por exemplo, na saliva há 
a presença de uma importante enzima digestiva denominada alfa-amilase salivar 
ou ptialina; esta enzima é responsável pelo início do processo de digestão de 
amido, uma molécula polissacarídica formada por várias moléculas de glicose, 
nosso principal “combustível energético”.
Este foi só um exemplo! Vamos, então, entender como ocorre a secreção 
de enzimas em todo o nosso trato gastrointestinal, uma vez que a presença de 
40
UNIDADE 1 | SISTEMA DIGESTÓRIO
glândulas secretoras neste trato serve, basicamente, a duas funções: secretar 
enzimas digestivas e secretar muco, com o objetivo de lubrificar e proteger as 
diferentes porções do trato digestório (BERNE; LEVY, 2009).
Estas secreções são produzidas ao longo de todo o tubo digestório por 
um conjunto de glândulas denominadas glândulas exócrinas, como as glândulas 
salivares, o fígado, o pâncreas e as glândulas mucosas, as quais se encontram 
distribuídas desde a boca até o ânus. 
“Glândulas exócrinas correspondem a uma célula ou grupo de células 
capazes de secretar seus produtos em um ducto ou lúmen de um órgão oco” 
(TORTORA; DERRICKSON, 2016, p. 200).
Vale ressaltar que a secreção de substâncias pelas glândulas exócrinas é 
apenas uma das funções do sistema digestório, além destas, possuímos as funções 
de motilidade, que você já estudou no tópico anterior, e as funções de digestão e 
absorção que veremos mais adiante.
Então, vamos imaginar que quando estamos com fome nos é apresentado 
o prato que mais gostamos! Obviamente, esta simples visão nos desperta o 
apetite e imediatamente começamos a salivar. Esta fase do processo digestivo 
é denominada fase cefálica e torna o nosso trato gastrointestinal pronto para 
receber a refeição. A ativação da fase cefálica pode se dar por diversos estímulos: 
olfatório, cognitivos (antecipação e pensamento sobre o consumo da comida), 
visuais e, até mesmo, estímulos auditivos como ouvir alguém dizendo que o 
jantar está na mesa.
Outra fase envolvida na digestão do alimento é a fase oral, que possui 
muitas características indistinguíveis da fase cefálica, sendo a única diferença que 
a comida está em contato com o trato gastrointestinal, ou seja, se encontra na 
boca, promovendo a expressão de estímulos mecânicos e químicos (mastigação e 
sabor) (BERNE; LEVY, 2009).
Como ocorre a secreção destas glândulas? Por meio do sistema nervoso 
autônomo (SNA), que se encontra interligado ao nosso sistema nervoso central 
(SNC), o que explica a secreção salivar que vimos na fase cefálica.
Vamos olhar mais de perto como o SNA se organiza e como ele pode 
influenciar diretamente na secreção glandular:
TÓPICO 3 | SECREÇÃO ENZIMÁTICA, DIGESTÃO E ABSORÇÃO
41
FIGURA 20 – SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO (SNA)
FONTE: < http://bit.ly/2Z5l6og >. Acesso em: 3 jul. 2019.
Como havíamos citado anteriormente, a regulação da secreção glandular 
envolve não só a ativação do SNA, também chamado de neurovegetativo, sendo 
formado pelo sistema nervoso autônomo simpático (SNAS) e parassimpático 
(SNAP), como também do SNC. Vale ressaltar que o neurotransmissor associado 
ao SNAS é a noradrenalina (NA) e ao SNAP é a acetilcolina (Ach) e tanto o SNS 
quanto o SNP são capazes de exercer influências extrínsecas (externas) sobre as 
atividades do sistema digestório influenciando no processo de digestão. 
Como dito anteriormente, esta ligação SNC – SNA explicaria os eventos 
observados durante a fase cefálica da digestão. Sendo assim, a secreção glandular 
ocorre de forma altamente regulada e envolve tanto a participação do SNC quanto 
do SNA, envolvendo eventos de regulação neurócrina, parácrina e exócrina.
42
UNIDADE 1 | SISTEMA DIGESTÓRIO
NOTA
• Regulação neurócrina: envolve neurônios sensoriais, que secretam diferentes 
neurotransmissores como a Ach.
• Regulação endócrina: envolve hormônios que são produzidos e armazenados por células 
especializadas que se encontram na mucosa do tubo digestório e que são, posteriormente, 
secretadas no sangue, como, por exemplo, o hormônio colecistocinina.
• Regulação parácrina: é exercida localmente por substâncias que são produzidas e 
armazenadas por células especializadas, e armazenadasna própria mucosa do tubo 
digestório, como, por exemplo, a histamina.
Por fim, devemos ressaltar a participação do Sistema Nervoso Entérico 
(SNE), parte integrante do SNAS. O SNAS atua diretamente sobre o SNE, sendo 
capaz de estimular ou inibir os processos digestivos (GUYTON; HALL, 2017).
O SNE está diretamente envolvido nos processos fisiológicos ocorrentes 
no sistema digestório. O SNE é composto pelos plexos mioentérico e submucoso 
(em destaque na Figura 21), permitindo que neurônios, tanto do SNAS quanto do 
SNAP, possam modular a ação do SNE, acelerando ou desacelerando as ações do 
sistema digestório. Plexos neuronais correspondem à uma rede de interconexão 
neuronal, mas este conceito de plexo pode ser aplicado a vasos linfáticos ou 
sanguíneos também.
FIGURA 21 – SISTEMA NERVOSO ENTÉRICO (SNE)
FONTE: Tortora e Derrickson (2016, p.1211)
Glândulas 
na mucosa
Veia
Glândulas na 
submucosa
Ducto de 
glândula situada 
fora do trato 
gastrintestinal
Plexo submucoso 
(plexo de Meissner)
Plexo mioentérico 
(plexo de Auerbach)
Tecido linfático
associado à 
mucosa (MALT)
Mesentério
TÚNICA MUSCULAR:
Músculo circular
Músculo longitudinal
TÚNICA SEROSA:
Tecido conjuntivo frouxo
Epitélio
TÚNICA 
SUBMUCOSA
TÚNICA MUCOSA:
Epitélio
Lâmina própria
Lâmina muscular da 
mucosa
Lume
Artéria
Nervo
TÓPICO 3 | SECREÇÃO ENZIMÁTICA, DIGESTÃO E ABSORÇÃO
43
Inúmeras vezes lhe disseram para mastigar devagar e repetidamente o ali-
mento, não é mesmo? Por que isso seria importante? A mastigação é um processo 
importante para que possamos realizar a quebra mecânica do alimento e, com o 
auxílio das enzimas presentes na cavidade oral, como a amilase salivar e a glico-
proteína mucina, aumentar a área de absorção dos nutrientes. A mucina é capaz 
de lubrificar o bolo alimentar com a finalidade de facilitar a mastigação e a degluti-
ção. Entretanto, como comentado anteriormente, mínima absorção de nutrientes é 
verificada na boca, mas é importante ressaltar que estímulos presentes na cavidade 
oral são capazes de estimular respostas distais do trato gastrointestinal como, por 
exemplo, a secreção aumentada de ácido gástrico, enzimas pancreáticas, além da 
contração da vesícula biliar (BERNE; LEVY, 2009).
Como você observou na imagem anterior, a estimulação do SNAS, 
subdivisão parassimpática, é capaz de aumentar a secreção glandular. Isto 
é particularmente importante na formação da saliva, primeiro passo para se 
iniciar o processo digestivo. As principais glândulas salivares estimuladas, 
principalmente, pelo SNA, porção parassimpática, são “as glândulas parótidas, 
submandibulares e sublinguais” (BERNE; LEVY, 2009, p. 502). 
A secreção diária de saliva é de cerca de 800 a 1500ml, com uma estimativa 
média de 1000ml. A saliva apresenta pH entre 6 e 7, possuímos nela apenas a 
secreção de ptialina (alfa-amilase salivar), secretada pelas glândulas salivares 
que é uma enzima capaz de digerir amido e de mucina, capaz de promover a 
lubrificação de superfícies mucosas.
Entretanto, apesar de não haver, efetivamente, um processo digestivo, 
que só ocorrerá eficientemente mais adiante no tubo digestório, a saliva é de 
fundamental importância para a consistência adequada do alimento antes da 
deglutição (BERNE; LEVY, 2009), tente imaginar você engolindo um alimento 
seco, sem a produção de saliva, difícil, não é? 
QUADRO 2 – COMPONENTES DA SALIVA
FONTE: O autor
COMPONENTES DA SALIVA AÇÕES
Água e eletrólitos (Na+,Cl-, HCO3-, 
Ca+2, entre outros)
Solubilização e deglutição do 
alimento.
Muco
Possui a proteína mucina capaz de 
lubrificar o alimento e facilitar a 
deglutição.
Ptialina (alfa-amilase salivar) Enzima capaz de hidrolisar o amido em polímeros menores.
Lisozima
Enzima com função bactericida, 
importante na manutenção da 
higienização da cavidade oral.
44
UNIDADE 1 | SISTEMA DIGESTÓRIO
Uma vez que o alimento seja deglutido, com a importante participação da 
saliva, vamos acompanhar o caminho dele no esôfago e a existência de secreção 
neste órgão. No esôfago temos apenas a secreção de substâncias mucosas que são 
capazes de lubrificá-lo, favorecendo a deglutição (BERNE; LEVY, 2009).
Pronto, o alimento chegou no estômago e agora veremos quais são 
as substâncias secretadas nesse órgão: além de células secretoras de muco 
que revestem a superfície inteira do estômago, possuímos mais dois tipos de 
glândulas: as glândulas oxínticas que também são denominadas como glândulas 
gástricas ou parietais e as glândulas pilóricas.
 As glândulas gástricas secretam além de ácido clorídrico (responsável 
pelo baixo pH estomacal), pepsinogênio, fator intrínseco e muco. Já as glândulas 
pilóricas secretam principalmente muco, visando justamente proteger a mucosa 
do piloro do ácido gástrico produzido pelas células gástricas, além de secretar o 
hormônio denominado gastrina (BERNE; LEVY, 2009).
As células oxínticas são capazes de secretar cerca de 160mmol/L de ácido 
clorídrico, o que é capaz de tornar o pH estomacal extremamente ácido, fazendo 
com que o pH desta solução fique na ordem de 0,8 (GUYTON; HALL, 2017).
Neste pH a concentração de íons hidrogênio, que conferem a acidez à 
solução, é cerca de 3 milhões de vezes maior que a do sangue arterial. Obviamente, 
para que não haja lesão da mucosa gástrica em função do ácido secretado, as 
células constituintes deste tecido, que circundam as células oxínticas, chamadas 
de células mucosas superficiais, são capazes de secretar grandes quantidades de 
muco, o que permite revestir com esta substância a mucosa gástrica em mais de 1 
milímetro de espessura, isto é chamado de barreira gástrica. Se a barreira gástrica 
for danificada, por exemplo, através do uso contínuo de substâncias nocivas como 
o ácido acetilsalicílico (AAS) e o álcool, o ácido secretado pelas células oxínticas 
é capaz de lesioná-la.
Esta lesão na mucosa gástrica pode ocasionar a gastrite ou, em casos mais 
graves, a úlcera. 
Você sabe a diferença entre elas? 
TÓPICO 3 | SECREÇÃO ENZIMÁTICA, DIGESTÃO E ABSORÇÃO
45
NOTA
A gastrite aguda é um “processo inflamatório da mucosa transitória que pode ser 
assintomático ou causar graus variáveis de dor epigástrica, náuseas e vômito” (KUMAR et al. 
2010, p. 2059). Já as ulcerações gástricas agudas correspondem a defeitos focais na mucosa 
gástrica que se desenvolvem agudamente e que podem advir de complicações decorrentes 
de terapia com anti-inflamatórios não esteroidais (AINES). Elas também podem surgir após 
estresse fisiológico grave.
Você pode saber um pouco mais sobre a diferença entre gastrite e úlcera acessando o link: 
http://bit.ly/2KAyZ4G
Como estas células parietais ou oxínticas do estômago são capazes de 
secretar HCl em grande quantidade e, assim, reduzir drasticamente o pH deste 
órgão? Vamos ver como isto acontece, analisando a próxima figura:
FIGURA 22 – REGULAÇÃO DA SECREÇÃO DE HCL
FONTE: Tortora e Derrickson (2016, p. 1234)
46
UNIDADE 1 | SISTEMA DIGESTÓRIO
A secreção do HCl, é estimulada pela presença de diferentes fatores que 
se encontram demonstrados na figura: acetilcolina (Ach), Gastrina e Histamina 
(TORTORA; DERRICKSON, 2016).
O mecanismo envolvido na secreção de HCl envolve elevado gasto ener-
gético, pois, para a concentração de H+ se elevar cerca de 3 milhões de vezes aci-
ma da concentração de H+ encontrada no sangue arterial, faz-se necessário dis-
pender uma grande quantidade de energia. Algo em torno de 1500 calorias por 
litro de suco gástrico. A principal força capaz de manter a secreção de HCl para 
a luz estomacal é a bomba de hidrogênio-potássio ATPase, ou seja, uma bomba, 
que com consumo de ATP (energia) é capaz de promover a liberação de HCl para 
a luz do órgão. Este mecanismo de produção de ácido deixa o pH estomacal pró-
ximo de 3 (GUYTON; HALL, 2017).
A seguir você tem uma figura que explica o funcionamento dessa bomba:
FIGURA 23 – SECREÇÃO DE ÁCIDO GÁSTRICO POR CÉLULAR PARIETAIS
FONTE: Fox (2007, p. 619)
Veja bem, caro acadêmico, o pH salivar encontrava-se entre

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