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Endócrino Câncer de Tireoide e Nódulos Tireoidianos Stephanie Moreira CÂNCER DA TIREOIDE INTRODUÇÃO • Representa < 1-3% das malignidades; acomete 40/1 mi de pessoas. • 90 – 95% são tumores bem diferenciados: carcinoma papilífero (principal), carcinoma folicular e carcinoma de células de Hürthle. Todos têm origem na cells folicular. • A maior parte do restante é representada pelos tumores pouco diferenciados. Estes são: carcinoma medular de tireoide, cuja origem é a célula C parafolicular (secretora de calcitonina). Tumores Malignos da tireoide TUMORES BEM DIFERENCIADOS Papilífero Papilífero puro Papilífero-folicular misto Variante folicular do carcinoma papilífero Variante encapsulada Carcinoma Folicular Minimamente invasivo, encapsulado Carcinoma folicular angioinvasivo Carcinoma de células de Hürthle TUMORES POUCO DIFERENCIADOS Carcinoma medular Carcinoma anaplásico Carcinoma de células gigantes e fusiformes (spindle) Carcinoma de células pequenas MISCELÂNEA Linfoma Carcinoma de células escamosas Carcinoma microepidermoide Sarcoma Tumor metastático (câncer de rim) ETIOLOGIA 1. Oncogênese • A transformação neoplásica do epitélio tireoidiano ocorre em células que sofreram alterações genéticas cumulativas, tanto em proto-oncogenes quanto em genes supressores tumorais. Principais genes envolvidos no Ca da tireoide RET Met c-erb-2 TRK Receptores de superfície celular (família das tirosinaquinases). - Proto-oncogenes. - Mutações ativam a função tirosina-quinase de forma ininterrupta, culminando em proliferação celular descontrolada BRAF Ras (N, H, K-Ras, dependendo do local onde ocorre a mutação pontual) Moléculas intracelulares de transdução do sinal (“segundos- mensageiros”). Proto-oncogenes. - Mutações resultam em estímulo constante à proliferação celular, independente da ativação de receptores de superfície celular. p53 PAX8-PPAR gama (proteína de fusão) Fatores de transcrição que inibem o crescimento celular - Genes supressores tumorais. - Sua inativação facilita a proliferaçãocelular descontrolada. 2. Fatores de Risco • Características clínicas que aumentam a probabilidade pré- teste de um nódulo tireoidiano ser maligno: ✓ crescimento rápido, ✓ fixação aos tecidos adjacentes, ✓ surgimento de rouquidão e/ou ✓ adenomegalia ipsilateral. • Se nódulo tireoidiano + diarreia → carcinoma medular de tireoide. Fatores de risco bem estabelecidos para Ca da tireoide Papilífero Exposição à radiação ionizante (principal): até os anos 60, a radioatividade era utilizada para tratar doenças infantis. Mas, seu uso foi proscrito devido à nítida associação com câncer de tireoide na vida adulta... Outras formas de exposição: história de radioterapia (linfoma), vítimas de acidentes nucleares. • História familiar: o risco chega a ser 10x mais alto em parentes de primeiro grau. Folicular • Deficiência de iodo: a incidência é maior em regiões onde há carência de iodo na dieta! A suplementação de iodo em algumas dessas áreas reduziu os casos. Mecanismo: estímulo trófico por níveis elevados de TSH. • Exposição à radiação ionizante: aqui a importância deste fator é menor. A maioria dos cânceres de tireoide associados à radiação ionizante é do tipo papilífero. Medular • Neoplasia endócrina múltipla tipo 2 (NEM 2A e 2B): é uma síndrome especial de “câncer de tireoide hereditário”, em há predominância do carcinoma medular – marco da síndrome – em associação a outros tumores endócrinos. • Carcinoma medular de tireoide familiar (não NEM): neste caso, há história apenas de CMT, sem os comemorativos da síndrome de neoplasia endócrina múltipla. Anaplásico Antecedentes de neoplasia tireoidiana: cerca de 20-30% dos carcinomas anaplásicos tem história prévia Ca de tireoide bem diferenciado! Certas mutações genéticas adicionais promove a desdiferenciação da célula cancerígena, originando o clone “anaplásico”. História de bócio multinodular pode ser encontrada em até metade dos doentes, e configura fator de risco. É mais comum em mulheres e idosos! Linfoma Tireoidite de Hashimoto: após alguns anos de doença, o risco de linfoma de tireoide chega a ser 60x maior que o da população geral! Cerca de 50% dos casos de linfoma de tireoide têm história prévia de Hashimoto... É o único fator de risco conhecido CARCINOMA BEM DIFERENCIADOS • Mais comum tipo de Ca; mais frequente no sexo feminino. • Termo bem diferenciado = citoarquitetura parecdia com tecido normal. • Principais subtipos: carcinomas papilíferos, folicular e de cells de Hurthle. • Eles têm diferentes tipos de morfologia e de disseminação; 1. CARCINOMA PAPILÍFERO • tumor maligno mais comum na criança; • predomina no sexo feminino (2:1); • idade de apresentação 20-40 anos; Endócrino Câncer de Tireoide e Nódulos Tireoidianos Stephanie Moreira • prognóstico: excelente; • subtipo mais agressivo: carcinoma de cells altas – mais comum em idosos. PATOLOGIA • Características citológicas: núcleos aumentados, aspectos fissurados → “grãos de café”; cromatina hipodensa → vidro fosco; corpúsculos de inclusão intranucleares; corpos de psamoma → grupos de cells calcificadas. Essas características permitem o Dx por Punção Aspirativa por Agulha Fina (PAAF). A Histopatologia (biópsia), o tecido neoplásico se organiza em “papilas”; • Carcinoma papilífero: não é encapsulado; crescimento lento e invade linfonodos regionais. Esta ultima tem relação com pior prognóstico. • Metástase a distância: 2 a 10% dos casos; pulmão (70%), osso (20%) e SNC (10%). MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Depende do estágio tumoral; • Em geral – pct é eutireoideo; massa de crescimento é lento, indolor; • Se linfonodo palpável → carcinoma papilífero. • Se avançado → disfagia e rouquidão. DIAGNÓSTICO • Nódulo palpável → avaliar via USG → determinar se é cístico ou sólido; detecta se é multicêntrica e avalia linfonodos regionais. 70% são multicêntricos e cursa com envolvimento linfático. • Doppler na USG → fornece infos de vascularização central do nódulo e altos índices de resistividade = sinais de Ca. • PAAF → análise citológica. • TC e RNM → se doença extensa: visualiza linfonodos profundos e bócio subesternal. ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO Baixo Risco Alto Risco Idade <40 anos >40 anos Sexo Feminino Masculino Extensão Tumor só na tireoide, s/ extensão capsular ou extra capsular Extensão extratireoidiana Invasão capsular Metástase Ausente Regional ou à distância Tamanho < 2 cm >4 cm Grau Histológico Bem diferenciado Pouco diferenciado TRATAMENTO • Cirúrgico ✓ Tireoidectomia total, se: ▪ Diâmetro > 1 cm ▪ Extensão extratireoidiana, metástases ou se exposição prévia à radiação ✓ Tireoidectomia parcial, se: ▪ < 1 cm ▪ Sem os fatores listados para tireoidectomia total. ✓ Dissecção linfonodal, somente se: ▪ Adenomegalias palpáveis ao EF ou vistas no exame de imagem ▪ Procedimento: dissecção cervical radical modificada = ressecam linfonodos de cadeias envolvidas e preserva do esternocleidomastoideo e o n. acessório. ESTADIAMENTO Está completo somente após o ato operatório. Estadiamento TNM do Ca da tireoide T1: tumor ≤ 2 cm e restrito à tireoide. T1a = tumor < 1 cm; T1b = tumor 1-2 cm. T2: tumor com 2-4 cm restrito à tireoide. T3: tumor > 4 cm restrito à tireoide, ou qualquer tamanho com invasão extratireoidiana mínima T4a: invasão do subcutâneo, laringe, traqueia, esôfago ou nervo laríngeo recorrente. T4b: invasão da fáscia pré-vertebral ou envolvimento da carótida ou vasos mediastinais. Obs.: todos os carcinomas anaplásicos são considerados tumores t4! T4a = carcinoma anaplásico restrito à tireoide. T4b = carcinoma anaplásico com extensão extratireoidiana. N0: sem metástaseslinfonodais N1a: metástases para linfonodos pré e paratraqueais. N1b: metástases cervicais (unilaterais ou bilaterais), retrofaríngeas ou em mediastino superior. M0: ausência de metástases à distância M1: metástases à distância. Estágio < 45 anos >45 anos Estágio T1-4 N0-1 M0 T1 N0 M0 Estágio II T1-4 N0-1 M1 T2 N0 M0 Estágio III - T3 N0 M0 T1-3 N1a M0 Estágio IVA - T4a N0 M0 T4a N1a M0 T1-4a N1b M0 Estágio IVB - T4b N0-1 M0 Estágio IVC - T1-4 N0-1 M1 Conduta nos portadores de câncer de tireoide bem diferenciado submetidos à tireoidectomia total • Radioablação com I 131: finalidade – destruir parênquima restante. Indicações: ✓ Metástases à distância, envolvimento linfonodal, turmores > 4 cm, dç extratireoidiana, pct de alto risco. ✓ Não recomenda se: tumor < 1 cm, sem fator de risco. ✓ Dose 100-200 mCi: se dç residual, e subtipos histológicos agressivos; Endócrino Câncer de Tireoide e Nódulos Tireoidianos Stephanie Moreira ✓ Dose 30 – 100 mCi: se não tiver dç residual; ✓ Complicação da radioablação: sialoadenite (infla das gll salivares); • Terapia supressiva com levotiroxina: ✓ para repor hormônio; ✓ suprimir TSH, pois as cells tumorais respondem a este hormônio; deixar níveis < 0,1 mU/L (n= 0,5-5 mU/L); • Protocolo pós- tireoidectomia total: ✓ O TSH deve estar elevado (>30 um/L) p/ estimular as cells tumorais a captar iodo radioativo. Isso é obtido por meio de 3 formas: 1. Não repor levotiroxina por 1 mês; 2. Tto com T3 isolado, por 4 semanas; suspende por 2 semanas antes, os níveis de TSH aumentará muito rápido; 3. Uso de TSH recombinante. • Cintilogradia de corpo inteiro (PCI): ✓ Fazer 2-10 após o tto. ✓ Ela revela tecido tireoidiano remanescente ou metástases não detectadas na avaliação inicial. • Acompanhamento pós-operatório: ✓ Via USG cervical a cada 6 meses; ✓ Se linfonodos suspeitos (>5-8mm) fazer punção e avaliação citológica. • Tireoglobulina: ✓ Mensurada a cada 6 meses. ✓ Deve permanecer negativa (< 1 – 2 ng/ml), devido ausência de gll. ✓ Se positiva: repete PCI e nova radioablação. QUADRO DE CONCEITOS O câncer mais comum da tireoide é o carcinoma papilífero, que predomina em mulheres entre 20-40 anos de idade. Seu principal fator de risco é a história de irradiação cervical. O tumor apresenta disseminação linfática > hematogênica. A PAAF é capaz de confirmar o diagnóstico. O tratamento se baseia na cirurgia (tireoidectomia total na maioria dos casos), seguida de radioablação com 131I e terapia supressiva com levotiroxina. 2. CARCINOME FOLICULAR • Representa 10-15% dos Ca; • Predomina no sexo feminino. • Predomínio em pct de > 40-60 anos. PATOLOGIA • Não pode ter diagnóstico confirmado por PAAF. • Alterações citológicas = do adenoma folicular • Somente pela histopatologia definem-se se há malignidade = invasão vascular e ou da capsula tumoral. • Se dissemina via hematológica, enviando metástases ósseas, pulmonares e hepáticas. • Via linfática é mais rara; • Classificado em 2 subtipos: 1. minimamente invasivo – invasão microscópica da cápsula. 2. altamente invasivo ou angioinvasivo – atravessa a capsulo e penetra nos vasos sanguíneos. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS E DIAGNÓSTICO • Em geral, há um nódulo tireoidiano solitário e indolor; • Depois do USG, pede-se o PAAF. • Diante de tumor folicular é mandatório a cirurgia, mesmo se encontrar um tumor benigno. Não é só a citologia (PAAF) que não consegue estabelecer o diagnóstico de câncer folicular – a BIÓPSIA DE CONGELAÇÃO (cujo resultado é dado durante o intraoperatório), também não é capaz de definir a presença de sinais de malignidade (invasão de cápsula e/ou angioinvasão)! Aprenda o conceito certo: o diagnóstico de Ca folicular só pode ser confirmado pela análise histopatológica convencional. TRATAMENTO • Tipo de cirurgia varia em função do tamanho do nódulo: ✓ Lesões unilobares < 2 cm → tireoidectomia parcial (lobectomia + istmectomia). ▪ Se o histopatológico indicar adenoma(benigno) → não faz procedimento adicional. ▪ Se histopatológico indicar malignidade: faz tireodectomia total e segue com radioablação com iodo e supressão de TSH com levotiroxina. ✓ Lesões > 2 cm: tireoidectomia total e se confirmar Ca, indica radioablação + supressão de TSH com levotiroxina. ✓ Ressecção de linfonodos – só se houver comprometimento. QUADRO DE CONCEITOS O carcinoma folicular é o segundo tumor mais comum da tireoide. O tumor acomete mulheres mais velhas (50 anos). O tumor é mais comum em áreas deficientes de iodo. O tumor apresenta disseminação hematogênica > linfática. O carcinoma das cells de Hürthle é o tipo + agressiva do carcinoma folicular. A PAAF não é capaz de diagnosticar o tumor. Tumor folicular < 2 cm Tumor folicular > 2 cm Cirurgia indicada Lobectomia + istmectomia Tireoidectomia total Histopatológico confirmando benignidade Nenhum procedimento adicional necessário Nenhum procedimento adicional necessário Histopatológico confirmando carcinoma folicular - Reoperar (totalizar tireoidectomia) + radioablação + terapia supressiva c/ levot. Radioablação + terapia supressiva com levot. Endócrino Câncer de Tireoide e Nódulos Tireoidianos Stephanie Moreira 3. CARCINOMA DE CÉLULAR DE HURTHLE • As células de Hürthle: são derivadas do epitélio folicular; • Característica delas: tamanho grande e citoplasma eosinofílico e granular. • É uma variedade menos diferenciada e mais agressiva do carcinoma de células foliculares, afeta mais idosos (incomum em crianças). • O que o define, na prática, é uma abundância de células oxífilicas, também chamadas de oncócitos. • Este tumor não capta I131, pode ser bilateral e múltiplo e envia metástases frequentes p/ linfonodos regionais. • Tto da forma maligna: tireoidectomia total com dissecção cervical central ipsilateral. Se benigno: lobectomia ipsilateral e istmetocmia. CARCINOMA MEDULAR DA TIREOIDE (CMT) • Representa 5 a 10% dos tumores malignos; • Tem origem na cells parafoliculares ou cells C, produtoras de calcitonina → participa do metabolismo do Ca. • 80% dos casos ocorre de maneira esporádica; • Comum na 5ª e 6ª década de vida; em geral unilateral. • A forma familiar e esporádica em relação com mutação no proto-oncogene RET. • ~ 20% dos casos são familiares, presentes nas síndromes de Neoplasia Endócrina Múltipla (NEM) tipos 2A e 2B; • Ca associada ao NEM é bilateral, multicêntrico, pode ter material amiloide. • As cells do CMT têm atividade biossintética exagerada, pode produzir serotonina, prostaglandinas e corticotrofina. Seu principal produto é a calcitonina. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Massa palpável →Se CMT esporádico; • Rouquidão, disfagia e sinais de comprometimento respiratório → se for avançado; • Diarreia → 30% dos casos, por maior secreção jejunal de água e eletrólitos induzida pela calcitonina. • Hipertensão → associada ao NEM devido a presença de feocromocitoma (bilaterais; 2ª e 3ª década de vida); • Hipercalcemia e litíase renal → devido ao hiperparatireoidismo; • Radiografia da região cervical → imagem de hipotransparência = degeneração calcífica. PATOLOGIA • Origem: nas cells C ou parafoliculares da tireoide e produz CEA, histamina e calcitonina. • Ocorre invasão local, linfática e hematogênica, com pulmão, fígado e ossos afetados. DIAGNÓSTICO • Massa cervical palpável + níveis de calcitonina elevado (punção com agulha fina do tumor). • Anamnese para colher história familiar, pois pode ter associação ao NEM. • Dosar catecolaminas na urina de 24h → para afastar feocromocitoma. Se presente, deve remover o feocromocitoma (tumor secretor de hormônio nas gll adrenais), antes da tireoidectomia.• Medir nível sérico de Ca → pesquisa de hiperparatireoidismo. • Pesquisa de mutação do RET. TRATAMENTO • Tireoidectomia total; • Ressecção de linfonodos da cadeia central (bainha carotídea a traqueia) e das paratraqueais. • CMT não responde a radioterapia, ablação c/ radioiodo ou terapia supressiva; • No acompanhamento: ✓ Dosar calcitonina sérica e CEA após 6 meses → detectar doença residual; ✓ Se calcitonina > 100 pg/ml → avaliar doença residula ressecável e recomendar → USG cervical. ✓ Se calcitonina > 1000 pg/ml = metástase a distância (fígado é o + acometido). • Tireoidectomia total profilática: ✓ se mutação do gene RET. ✓ Crianças com mutação da NEM 2B ✓ Crianças c/ mutação no códon 634 QUADRO DE CONCEITOS O carcinoma medular é o tumor das células parafoliculares (céls. C) produtoras de calcitonina. O tumor está associado às NEM. O tumor está associado a mutações no proto-oncogene RET. O tratamento é cirúrgico. O tumor não responde a radioablação e terapia supressiva com levotiroxina. NEM 2A Transmissão autossômica dominante CMT (90%) + feocromocitoma (40 a 50%) + hiperparatireoidismo primário (10 a 35%). NEM 2B Transmissão autossômica dominante CMT (> 90%) + feocromocitoma (40 a 50%) + hábito marfanoide (> 95%) + neuromas de mucosa (quase 100%). CMT familiar Transmissão autossômica domiante CMT (100%). CARCINOMA INDIFERENCIADO OU ANAPLÁSICO • Tumor mais agressivo; óbito até 6 meses; • Maior incidência em áreas deficientes em iodo; • Comum em idosos; • Representa 1% das neoplasias tireoidianas; • Bastante invasiva, em poucos meses acomete toda tireoide e estruturas adjacentes; • Rara sobrevivência atém de 1 ano. Endócrino Câncer de Tireoide e Nódulos Tireoidianos Stephanie Moreira PATOLOGIA • Crescimento muito rápido, invade linfonodos e estruturas contíguas; • Dissemina via linfática e hematogênica, acomete linfonodos cervicais, cérebro, pulmões e ossos; • Na histologia: há variabilidade de cells: pequenas, grandes e diferentes graus de diferenciação; • Pode ser dividido em 3 subtipos de acordo com as cells predominante: 1. Pequenas cells 2. Grandes cells 3. Escamosas • 15% dos casos pode ter cells gigantes c/ invaginações citoplasmáticas e mutações do gene p53. DIAGNÓSTICO CLÍNICO E LABORATORIAL • Mais comum em mulheres idosas; • História de nódulo tireoidiano, que aumenta e/ou fica doloroso; • Disfagia, disfonia e dispneia; • Palpação – tumor aderido a estruturas vizinhas; • Áreas amolecidas são necrose no meio da massa tumor; • Recomenda-se punção aspirativa com agulha fina seguida de citologia; • Pesquisa de antígenos: tireoglobulina (carcinoma anaplásico), antígeno linfocitário (linfoma) e calcitonina (CMT). TRATAMENTO • Traqueostomia → previne asfixia por invasão traqueal; • Não recomenda Tireoidectomia para ressecção de tumor devido a invasão de estruturas do pescoço; • Após a traqueostomia, empregar → radioterapia hiperfracionada e quimioterapia com doxorrubicina; LINFOMA • São tumores raros, maioria não Hodgkin; • Tireoidite de Hashimoto aumenta a incidência em 40x; • Linfoma B de grandes cells é o mais comum; • Linfomas MALT – 6-27% dos casos. • Tratamento → quimioterapia, radioterapia e tto cirúrgico, nos casos de linfoma MALT. COMPLICAÇÕES DA TIREOIDECTOMIA • Podem ser anatômicas ou metabólicas; quanto mais extenso o procedimento maior o risco. • Cirurgia de maior complicação → Tireoidectomia total c/ dissecção linfonodal. • Lesão de nervos laríngeos (superior e recorrente): ✓ Lesão do NLS – rouquidão, baixa modulação do tom de voz; ✓ Lesão do recorrente, se unilateral, causa paralisia de uma das cordas vocais → causa rouquidão e mais facilidade para aspiração de saliva. Se bilateral → causa estridor e oclusão respiratória alta. Conduta: reintubação + traqueostomia. • Hipoparatireoidismo: complicação mais comum; pode ser transitória ou permanente. Isso leva hipocalcemia aguda, que clinicamente causa: ✓ irritabilidade neuromuscular (parestesia perioral e de extremidades, sinais de Chvostek e Trousseau, cãibras, tetania, laringoespasmo, broncoespasmo e convulsões); ✓ alterações cardiovasculares (alargamento do intervalo QT e arritmias ventriculares malignas, hipotensão refratária à volume). • Tto da hipocalcemia: ✓ Paciente assintomático com cálcio sérico < 7,8 mg/dl ou sintomas leves (ex.: apenas parestesia perioral e de extremidades): Por via oral – carbonato de cálcio 500 mg de 6/6h + calcitriol 0,5 mcg de 12/12h. ✓ - Paciente assintomático com cálcio sérico < 7,5 mg/dl ou com sintomas moderados (ex.: cãibras): Por vias parenteral + oral ao mesmo tempo. Parenteral – infusão IV contínua de 50 mg/h (50 ml/h) por 24-36h, ajustando a taxa de infusão para manter o cálcio sérico no limite inferior da normalidade. Via oral – o mesmo descrito anteriormente. ✓ Paciente com risco iminente de vida (ex.: tetania, laringoespasmo, convulsões, QT alargado): ministrar uma ampola de gluconato de cálcio a 10% IV em 5- 10min, seguindo- se reposição venosa + oral conforme citado anteriormente • Como preparar uma solução de reposição de cálcio? Gluconato de cálcio a 10% (ampola de 10 ml) = 1 g de gluconato de cálcio = 90 mg de cálcio elementar. Misturar 110 ml (11 ampolas) em 890 ml de SG 5%, obtendo 1.000 ml de solução (~ 1 mg de cálcio elementar por ml). Endócrino Câncer de Tireoide e Nódulos Tireoidianos Stephanie Moreira CONDUTA NOS NÓDULOS TIREOIDIANOS • Nódulos tireoidianos – bem comuns; 5% das mulheres e 1% encontrados em homens. • ~95% são lesões benignas; raros são neoplasias ou metástases de tumores à distancia. • USG permite detectar nódulos de <1cm; • Nódulo > 1cm tem que investigar; aqui já se indica o PAAF; se < 1 cm, c; características de alto risco deve-se investigar tbm. • Se nódulo descoberto ao acaso no PET-scan, o nódulo terá hipercatação da fluorodeoxiglicose → nódulo hipermetabólico. Logo, indica-se o PAAF. DIAGNÓSTICO 1. ANAMNESE • Analisar idade – malignidade mais comum em jovens; o nódulo é mais F em mulheres, mas a malignidade é mais comum em homens. • História de exposição à irradiação na infância e adolescência é fator de risco para carcinoma papilífero. 2. SINTOMAS LOCAIS E EXAME FÍSICO • Dor e crescimento rápido → indica hemorragia nodular ou malignidade; • Rouquidão → sinal de alarme, fala a favor de neoplasia maligna envolvendo nervo laríngeo recorrente. • Nódulo móvel → sugere adenoma; • Linfonodos cervicais e supraclaviculares aumentados, se fixado à traqueia = tumor maligno da gll. Um nódulo maligno pode apresentar textura firme, irregularidade de contorno, fixação a estruturas adjacentes e linfonodo cervical ipsilateral aumentado e palpável. Este último dado representa o achado clínico de maior confiabilidade para a presença de câncer. 3. AVALIAÇÃO NÃO INVASIVA Exames laboratoriais da função tireoidiana • Maioria dos pct são eutireoideos; • Solicitar sempre: TSH, T4L e anticorpo anti-TPO; • Presença de hipertireoidismo (TSH baixo), indica cintilografia tireoidiana, p/ avaliar presença de um adenoma hiperfuncionante • Dosar calcitonina, se carcinoma medular (diarreia crônica ou presença de neoplasia endócrina multipla) USG • Demonstra lesões > 3 mm e identificar presença de cápsula, áreas císticas e tamanho dos lóbulos. • Permite classificar os nódulos em sólidos, císticas e mistos; • Nódulos isoecoicos – são mais benignos • Nódulos hipoecoicas – são malignas, contornos imprecisos com componente cístico e calcificação fina. • Calcificações em casca de ovo – indicam benignidade; • Doppler – US →avalia vascularização dos nódulos; classificaçãochamas – p/ avaliar a vascularização de um nódulo. Classificação de Chammas I – Ausência de vascularização II – Vascularização periférica III – Vascularização periférica maior ou igual à central IV – Vascularização central maior que a periférica V – Vascularização apenas central Cintilografia Tireoidiana • Recomendado se TSH suprimido; • Lesão hipercaptante (nódulo quente) → benignidade; • Lesão não captante (nódulos frios) → malignidade 4.PAAF Ótimo para diferenciar nódulos benignos de malignos. Sensibilidade e especifidade > 90%; Se bócio multinodular → faz PAAF dos 4 maiores nódulos; Nódulo submetido ao PAAF recebe a classificação de Bethesda; Indicações de PAAF 1. Nódulos de qualquer tamanho associados à linfadenopatia cervical suspeita; 2. Nódulos > 0.5 cm com características sugestivas de malignidade na US; 3. Nódulos ≥ 1 cm, sólidos ou não sólidos com microcalcificações; 4. Nódulos mistos (cístico-sólidos) com ≥ 1.5 cm e características sugestivas de malignidade na US ou ≥ 2 cm independentemente das características na US; 5. Nódulos espongiformes ≥ 2 cm. Endócrino Câncer de Tireoide e Nódulos Tireoidianos Stephanie Moreira Principais características no US/DOPPLER nos nódulos benignos e malignos BENIGNO MALIGNO Ecogenicidade Lesão anecoica (cística ou espongiforme) ou hiperecogênica Lesão hipoecogênica Margens Regulares Irregulares Calcificações Calcificações grosseiras Microcalcificações Halo hipoecogênico Presentes Ausente Vascularização Chammas I- III Chammas IV e V Classificação de Bethesda DEFINIÇÃO RISCO CONDUTA Bethesda 1 N diagnóstico ou insatisfatório Malignidade 1- 4% Repetir PAAF Bethesda 2 benigno Malignidade ~2.5% Seguimento clínico + US 6-18 meses Bethesda 3 Atipia de significado indeter- minado (AUS) Malignidade ~14% Repedir PAAF Bethesda 4 Tumor folicular Malignidade ~2.5% Análise genética ou cirurgia Bethesda 5 Suspeito para malignidade Malignidade ~70% Análise genética ou Cirurgia Bethesda 6 Nódulo maligno Malignidade 99% Cirurgia
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