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Incongruência da origem da violência por Freud

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Incongruência da origem da violência por Freud
Autoras Laís Regina e Letícia Santana
A teoria de S. Freud sobre as pulsões, entendidas como pulsão de vida e de morte como indissociáveis, foi e ainda é até hoje objeto de estudos não apenas para a área psicanalítica, mas percorre por outras disciplinas pois abarca o indivíduo e o coletivo, podendo ser entendida essa última por social. Uma das fortes críticas recebidas por Freud foi devido sua perspectiva metapsicológica, onde se compreende o indivíduo e a vida coletiva pelo dinamismo que sua personalidade se desloca ao meio interno e externo.
	De fato, Freud não escreveu exclusivamente uma psicologia das massas, apesar de breves textos abordar essa temática como Totem e Tabu (1913). Nesse texto o psicanalista elabora uma teoria sobre a constituição da sociedade moderna e democracia a partir das “condições de possibilidade para a conjuração da onipotência da força pulsional”. Seu texto se baseia em uma interpretação darwinista da concepção do homem, onde o pai detentor de poder é morto por seus afiliados para que pudesse usufruir de privilégios que o outro possuía. Com o passar do tempo, do caos instaurado naquela população e o sentimento de culpa, eles se sentiram forçado a colocar um representante símbolo pai-chefe, que ao mesmo tempo representava a lei e a ordem, o totem. “O crime cometido em conjunto, fazendo do chefe um pai (pelo fato do remorso) o constitui em outro (em objeto de amor e de ódio) e instaura o reconhecimento mútuo, a criação do outro generalizado” (ENRIQUEZ, 2005, p. 163). A agressão entendida pelo texto é que “o masoquismo moral é intimamente associado ao sentimento de culpa que busca satisfação por intermédio da necessidade de punição” (CANAVEZ, 2014, p. 43). Algo pertinente a ser evidenciado é que Freud ao elaborar tal texto ignorou totalmente as sociedades primitivas matriarcais. Ou seja, podemos dizer que Freud, além de usar a metapsicologia (pulsão de vida e morte) para explicação de uma sociedade democrática moderna, utilizou-se de recortes históricos que encaixaram em sua teoria. Mas, essa tendência que tende a ocultar dos homens a realidade dessas mesmas pessoas, como suas relações sociais foram produzidas ou a própria origem de modelos sociais não se denomina ideologia? Tal observação corrobora com Durkheim, como pontua Chauí (1980, p.13), pois “na falta de conceitos precisos, o cientista usa palavras vazias e as substitui aos verdadeiros fatos que deveria observar”.
	No entanto, quanto ao mal-estar na sociedade, pode-se questionar a relação de ambos, a sociedade e indivíduo, e nessa perspectiva de relação pulsional em um movimento de dinamicidade de personalidade individual, que irá refletir no coletivo. O mal-estar pontuado por Freud decorre da interação/relação antagônica da civilização com o indivíduo (CANAVEZ, 2014). Dentro dessa relação a civilização apregoa a desistência dessa pulsão não alcançada por esse indivíduo que se encontra no conflito. Semelhantemente seria a forma de Freud perceber o indivíduo, caracterizado pela sua distinção desde sempre e longe daquilo que fazia percebe-lo (indivíduo) como separado do encontrado na sociedade. 
	Mas seria mesmo correto separar o indivíduo da sociedade? Não sendo dessa forma adequado e nem suficiente tentar explicar o fenômeno da violência enquanto origem, a partir de um estudo separadamente. Pois, o indivíduo é ao mesmo tempo formando por um psiquismo individual e uma intersubjetividade (compreende-se aqui que os seres tomam para si particularidades de outros assim como fornecem de identificação no meio que está inserido, portanto, sendo um sujeito de recebimentos e trocas não conscientes)
Referências
CANAVEZ, Fernanda. A violência a partir das teorias freudianas do social. Arq. bras. psicol.,  Rio de Janeiro ,  v. 66, n. 1, p. 33-48,   2014 .   Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-52672014000100004&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em:  29 out.  2018.
CHAUÍ. O que é ideologia. [s.e], 1980.
ENRIQUEZ, Eugène. Psicanálise e ciências sociais. Ágora (Rio J.), Rio de Janeiro, v. 8, n. 2, p. 153-174, Dec.  2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-14982005000200001&lng=en&nrm=iso>. Acesso em:  31 out.  2018.  http://dx.doi.org/10.1590/S1516-14982005000200001.
Incongruência da origem da violência por Freud
 
Autoras 
Laís Regina e Letícia Santana
 
 
A teoria de S. Freud sobre as pulsões, entendidas como pulsão de vida e de 
morte como indissociáveis, foi e ainda é até hoje objeto de estudos não apenas para 
a área psicanalítica, mas percorre por outras disciplinas pois abarca o indivíduo e o 
coletivo, p
odendo ser entendida essa última por social. 
Uma das fortes 
críticas 
recebidas por Freud foi devido sua perspectiva metapsicológica, onde se compreende 
o indivíduo 
e a 
vida coletiva
 
pelo dinami
smo que sua personalidade se desloca
 
ao 
meio interno e externo.
 
 
De fato,
 
F
reud não escreveu exclusivamente uma psicologia das massas, 
apesar de breves textos abordar essa temática
 
como Totem e Tabu (1913)
. Nesse 
texto o psicanalista elabora uma teoria sobre a constituição da sociedade moderna e 
democ
racia
 
a partir
 
da
s “condições de possibilidade para a
 
conjuração 
da onipotência
 
da 
força pulsional”. Seu texto se baseia em uma interpretação darwinista da 
concepção do homem, onde o pai detentor de poder é morto por seus afiliados para 
que pudesse usufruir de privilégios 
que o outro possuía. Com o passar do tempo, do 
caos instaurado naquela população e o sentimento de culpa, eles se sentiram
 
forçado 
a colocar um representante 
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“
O crime cometido em conjunto, fazendo do c
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pelo 
fato do remorso) o constitui em outro (em objeto de amor e de ódio) e instaura o 
reconhecimento mútuo, a criação do outro generalizado
”
 
(
ENRIQUEZ
, 2005, 
p. 163)
.
 
A agr
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“o
 
masoquismo moral é intimamente associado 
ao sentimento de culpa que busca satisfação por intermédio da necessidade de 
punição
” (
CANAVEZ
, 2014, p. 43). 
Algo pertinente a ser evidenciado é que Freud ao 
elaborar
 
tal texto ignorou totalmente as sociedades primitivas matriarcais. Ou seja, 
podemos dizer que Freud, além de usar a metapsicologia
 
(pulsão de vida e morte)
 
para explicação de 
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. Mas, essa tendência 
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omo pontua Chauí (1980
, p.13
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Incongruência da origem da violência por Freud 
Autoras Laís Regina e Letícia Santana 
 
A teoria de S. Freud sobre as pulsões, entendidas como pulsão de vida e de 
morte como indissociáveis, foi e ainda é até hoje objeto de estudos não apenas para 
a área psicanalítica, mas percorre por outras disciplinas pois abarca o indivíduo e o 
coletivo, podendo ser entendida essa última por social. Uma das fortes críticas 
recebidas por Freud foi devido sua perspectiva metapsicológica, onde se compreende 
o indivíduo e a vida coletiva pelo dinamismo que sua personalidade se desloca ao 
meio interno e externo. 
 De fato, Freud não escreveu exclusivamente uma psicologia das massas, 
apesar de breves textos abordar essa temática como Totem e Tabu (1913). Nesse 
texto o psicanalista elabora uma teoria sobre a constituição da sociedade moderna e 
democracia a partir das “condições de possibilidade para a conjuração da onipotência 
da força pulsional”. Seu texto se baseia em uma interpretação darwinista da 
concepção do homem, onde o pai detentor de poder é mortopor seus afiliados para 
que pudesse usufruir de privilégios que o outro possuía. Com o passar do tempo, do 
caos instaurado naquela população e o sentimento de culpa, eles se sentiram forçado 
a colocar um representante símbolo pai-chefe, que ao mesmo tempo representava a 
lei e a ordem, o totem. “O crime cometido em conjunto, fazendo do chefe um pai (pelo 
fato do remorso) o constitui em outro (em objeto de amor e de ódio) e instaura o 
reconhecimento mútuo, a criação do outro generalizado” (ENRIQUEZ, 2005, p. 163). 
A agressão entendida pelo texto é que “o masoquismo moral é intimamente associado 
ao sentimento de culpa que busca satisfação por intermédio da necessidade de 
punição” (CANAVEZ, 2014, p. 43). Algo pertinente a ser evidenciado é que Freud ao 
elaborar tal texto ignorou totalmente as sociedades primitivas matriarcais. Ou seja, 
podemos dizer que Freud, além de usar a metapsicologia (pulsão de vida e morte) 
para explicação de uma sociedade democrática moderna, utilizou-se de recortes 
históricos que encaixaram em sua teoria. Mas, essa tendência que tende a ocultar dos 
homens a realidade dessas mesmas pessoas, como suas relações sociais foram 
produzidas ou a própria origem de modelos sociais não se denomina ideologia? Tal 
observação corrobora com Durkheim, como pontua Chauí (1980, p.13), pois “na falta

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