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SÍNDROME DE BURNOUT INTRODUÇÃO A Síndrome de Burnout é definida por Maslach e Jackson como uma Síndrome do meio laboral caracterizada por um processo de resposta de cronificação ao estresse ocupacional, quando os métodos de enfrentamento falham ou são insuficientes, trazendo consigo consequências negativas tanto no âmbito individual, como profissional, familiar e social. É referida como uma síndrome multidimensional constituída por exaustão emocional, desumanização e reduzida realização no trabalho. 1. HISTÓRICO E DEFINIÇÃO De acordo com Varella (2014): a síndrome de burnout, ou síndrome do esgotamento profissional, é um distúrbio psíquico descrito em 1974 por Freudenberger, um médico americano. O transtorno está registrado no Grupo V (transtornos mentais e do comportamento relacionados com o trabalho) da CID10 (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde) conforme consta na Portaria nº 1339/99 (BRAS IL,1999). Embora já se venha falando sobre o assunto há décadas, no Brasil as discussões em torno da síndrome tornaram-se mais fortes nos últimos anos (ALBERT E INSTEIN, 2009). Ainda pouco conhecida, atinge, em média, 4% da população economicamente ativa em todo o mundo, sendo mais prevalente por volta dos 40 anos e entre as mulheres. Elas são mais pressionadas por razões biológicas, mas também por questões sociais, já que geral mente também são cobradas pelo bom funcionamento do lar (ALBERT EINSTEIN, 2013). As mudanças tecnológicas e o consequente aumento da produtividade e lucratividade, trouxeram impactos à saúde do trabalhador, mais notadamente na esfera física e psíquica. A síndrome de burnout tem sido apontada na literatura como uma nova enfermidade, relacionada às mudanças introduzidas no mundo do trabalho. Uma análise demonstrou haver um certo consenso quanto a conceituação do burnout, sua forma de manifestar-se e maneiras de prevenir, porém há uma razoável diversificação em termos das abordagens teóricas, não parecendo haver uma integração entre as mesmas (GRANGEIRO; ALENCAR; BARRETO, 2008). O termo burnout tem origem na língua inglesa, a partir da união de dois termos: burneout, que respectivamente significam queimar e fora. A união dos termos é melhor traduzida por algo como “ser consumido pelo fogo” (FERRAR I, 2014). A partir da década de 80, autores como Maslach e Jackson (1981 apud CODO; VASQUES MENEZES, 2014) passaram a usar esse termo para designar a síndrome como uma reação à tensão emocional crônica gerada a partir do contato direto e excessivo com outros seres humanos, particularmente quando estes estão preocupados ou com problemas. Cuidar exige tensão emocional constante, atenção perene; grandes responsabilidades espreitam o profissional a cada gesto no trabalho. O trabalhador se envolve afetivamente com os seus clientes, se desgasta e, num extremo, desiste, não aguenta mais, entra em burnout. A síndrome é entendida como um conceito multidimensional que envolve três componentes: Exaustão Emocional – situação em que os trabalhadores sentem que não podem dar mais de si mesmos a nível afetivo. Percebem esgotada a energia e os recursos emocionais próprios, devido ao contato diário com os problemas. Despersonalização – desenvolvimento de sentimentos e atitudes negativas e de cinismo às pessoas destinatárias do trabalho (usuários / clientes) – endurecimento afetivo, ‘coisificação’ da relação. Falta de envolvimento pessoal no trabalho tendência de uma ‘evolução negativa’ no trabalho, afetando a habilidade para realização do trabalho e o atendimento, ou contato com as pessoas usuárias do trabalho, bem como com a organização. A definição ainda não é um conceito fechado, mas pode ser considerado como um estado de exaustão emocional, mental e físico causado pelo estresse excessivo e prolongado, ligado ao trabalho (FERRARI, 2014; HELPGUIDE.ORG, 2014). Ela ocorre quando a pessoa se sente sobrecarregada e incapaz de atender às demandas constantes. Como o stress continua, começa a perder o interesse ou a motivação que o levou a assumir um determinado papel, de forma que as coisas já não o importam mais e qualquer esforço lhe parece ser inútil. O desgaste emocional danifica os aspectos físicos e emocionais da pessoa (HELPGUIDE.ORG, 2014; CODO; VASQUES-MENEZES, 2014; A LBERTEINSTEIN, 2009). Caracterizada por ser o ponto máximo do stress profissional, pode ser encontrada em qualquer profissão, mas em especial nos trabalhos que exijam envolvimento interpessoal direto e intenso em que há impacto na vida de outras pessoas. Afeta principalmente, profissionais da área de serviços (educação, saúde, assistência social, recursos humanos, a gentes penitenciários, bombeiros, policiais e mulheres que enfrentam dupla jornada correm risco maior de desenvolver o transtorno) (ALBERT E INSTEIN, 2009; CODO; VASQUES-MENEZES, 2014). Outras características que podem incentivar a síndrome são: idealismo eleva do, excesso de dedicação, alta motivação, perfeccionismo, rigidez. Em um momento inicial, a principal característica é a dedicação extrema à atividade profissional, identificada muitas vezes por horas extras em excesso. Para isso, negligencia-se a vida pessoal, reduzindo o convívio familiar e o interesse em possíveis hobbies ou outras atividades prazerosas, até passar a uma dedicação quase exclusiva ao trabalho (ALBERT EINSTEIN, 2013). 2. IDENTIFICANDO A SÍNDROME DE BURNOUT O termo Burnout é uma composição de burn = queima e out = exterior, sugerindo assim que a pessoa com esse tipo de estresse consome-se física e emocionalmente, passando a apresentar um comportamento agressivo e irritadiço. A expressão Burnout em inglês, entretanto, significa aquilo que deixou de funcionar por completa falta de energia, por ter sua energia totalmente esgotada, metaforicamente, aquilo que chegou ao seu limite máximo (BALLONE, 2009). Desde 1974, quando foi realizada a primeira descrição clínica feita por Freudenberger, a Síndrome de Burnout vem ganhando atenção dos especialistas principalmente após anos de extensos estudos e a confirmação dos efeitos causados pela síndrome não só nas vidas particulares dos colaboradores, mas também seus impactos nas empresas, que se veem com altos índices de absenteísmo, quedas na produtividade e aposentadoria precoce (VIEIRA, 2010). Esses dados demonstram uma preocupante realidade. Pois revelam o desconhecimento a respeito das consequências que o estresse e a síndrome de burnout podem causar não apenas a nível individual (doenças como o esgotamento profissional, por exemplo), como também em custos organizacionais, tais quais auxílio-doença e acidente, prejuízos devido aumentos de rotatividade e absenteísmo, e quedas na produtividade dos funcionários. Tudo isso poderia ser evitado ou, ao menos, consideravelmente a amenizado com ações conscientes e direcionadas por parte das empresas, que embora não possam controlar os fatores externos que prejudicam seus colaboradores, têm controle sobre os fatores internos que ela mesma provoca. Então, a fim de guiar ações de enfrentamento mais assertivas dentro das empresas e melhorar o entendimento a respeito dessa síndrome tão comum é preciso sanar dúvidas atreladas aos conceitos de estresse e fatores estressores, diferenciando- os de outros conceitos. O esgotamento pessoal, por exemplo, interfere na vida do indivíduo e não obrigatoriamente tem relação com o trabalho. Todavia o esgotamento profissional é somente ligado a parte laboral do indivíduo e ao estresse ocupacional. 3. CAUSAS As causas da síndrome de burnout compreendem um quadro multidimensional de fatores individuais e ambientais, que estãoligadas a uma percepção de desvalorização profissional (FERRARI, 2014). O trabalho, que deveria ser uma fonte de alegria e realização, torna-se, cada vez mais, um fator de stress (TELES, 1993). Isso significa que não se pode reduzir a causa a fatores individuais como a personalidade ou algum tipo de propensão genética, apesar destas também influenciarem na incidência da síndrome. O ambiente de trabalho e as condições de realização podem também determinar o adoecimento ou não do sujeito (FERRARI, 2014). Existem alguns fatores de risco que podem elevar a chance da ocorrência do burnout. Esses fatores podem estar no ambiente ou serem características do indivíduo. Entre os fatores ambientais, estão: Burocracia Falta de autonomia Normas institucionais rígidas Mudanças organizacionais frequentes Falta de confiança e respeito entre membros da equipe Comunicação ineficiente Acúmulo de tarefas (sobrecarga) Impossibilidade de subir na carreira Ambiente físico insalubre Problemas de relacionamento com colegas, clientes e chefes, a falta de cooperação entre funcionários, de equilíbrio entre a vida profissional e a pessoal e também de autonomia são grandes causadores do nível máximo de stress. Fortes candidatos são aqueles conhecidos como workaholics, que se identificam bastante com o trabalho, vivem para ele e têm níveis de exigência muito altos (ALBERT EINSTEIN, 2009). 4. DIAGNÓSTICO A síndrome de Burnout não é o tipo de doença em que os sintomas iniciais vão alarmar o indivíduo, uma vez que muitas pessoas acham que se trate de um ‘simples estresse’, por tanto quando as pessoas portadoras procuram ajuda estresse’, por tanto quando as pessoas portadoras procuram ajuda médica os sintomas já se encontram avançados. Essa doença só é detectada a partir do momento que o cliente passa pelo clínico geral ou um profissional especializado. (BALLONE, 2005). Estes profissionais avaliam seus pacientes através da escala LIKERT de a 5, e de acordo com as respostas do indivíduo as perguntas da Maslach Burnout Inventory (MBI), que é o primeiro instrumento usado para avaliar a incidência da síndrome de Burnout, ele é diagnosticado dentro das três fases do Burnout Segundo a escala LIKERT a resposta deve ser 1 nunca; 2 algumas vezes ao ano; 3 algumas vezes ao mês; 4 algumas vezes na semana e 5 diariamente. (MASLACH, JACKSON, 1981). É importante ressaltar que cada item do MBI corresponde a uma das três dimensões da síndrome, sendo Exaustão Emocional existem 9 itens (1, 2, 3, 6, 8,13, 14, 16 e 20) e Despersonalização 5 itens (5, 10, 11, 15 e 22) e Baixa Realização Pessoal 8 itens (4, 7, 9, 12, 17, 18, 19, 21) conforme o Quadro 1. (CODO, VASQUES, 1999). Uma vez que a tabela MBI foi respondida, serão somados os pontos das respectivas respostas, e de acordo com o resultado obtido o paciente será diagnosticado. (MASLACH, JACKSON, 1981). Fonte: Benevides-Pereira (2001) Quadro 2- Resultado da tabela MBI Níveis Exaustão emocional Despersonalização Baixa realização pessoal Nível Baixo 0 a 15 0 a 02 0 a 33 Níveis Médio 16 a 25 03 a 08 34 a 42 Níveis Alto 26 a 54 09 a 30 43 a 48 Fonte: maslach (2001) 5. SINTOMAS DA SÍNDROME DE BURNOUT A Síndrome de Burnout Envolvem sintomas, físicos, psíquicos, defensivos compartimentais. O estresse e a falta de vontade de sair da cama ou de casa, quando constantes, podem indicar o início da doença. (BENEVIDES-PEREIRA, 2002). Quadro 1- Variáveis do MBI SB1 Sinto-me emocionalmente esgotado (a) com o meu trabalho. SB2 Sinto-me esgotado (a) no final de um dia de trabalho. SB3 Sinto-me cansado (a) quando me levanto pela manhã e preciso encarar outro dia de trabalho. SB4 Posso entender com facilidade o que sentem as pessoas. SB5 Creio que trato algumas pessoas como se fossem objetos. SB6 Trabalhar com pessoas o dia todo me exige um grande esforço. SB7 Lido eficazmente com o problema das pessoas. SB8 Meu trabalho deixa-me exausto (a). SB9 Sinto que através do meu trabalho influencio positivamente na vida dos outros. SB10 Tenho me tornado mais insensível com as pessoas. SB11 Preocupa-me o fato de que este trabalho esteja me endurecendo emocionalmente. SB12 Sinto-me com muita vitalidade. SB13 Sinto-me frustrado (a) com meu trabalho. SB14 Creio que estou trabalhando em demasia SB15 Não me preocupo realmente com o que ocorre às pessoas a que atendo. SB16 Trabalhar diretamente com as pessoas causa-me estresse. SB17 Posso criar facilmente uma atmosfera relaxada para as pessoas. SB18 Sinto-me estimulado (a) depois de trabalhar em contato com as pessoas. SB19 Tenho conseguido muitas realizações em minha profissão. SB20 Sinto-me no limite de minhas possibilidades. SB21 Sinto que sei tratar de forma adequada os problemas emocionais no meu trabalho SB22 Sinto que as pessoas culpam-me de algum modo pelos seus problemas. 5.1 Sintomas Físicos: Fadiga constante e progressiva: a sensação de falta de energia, vazio interno, é o sintoma mais citado na literatura e pela maioria das pessoas acometidas pelo Burnout. Muitas vezes as pessoas relatam que, mesmo depois de uma noite de sono, acordam cansadas e sem ânimo para nada. Dores musculares ou osteomusculares: as mais frequentes são dores na nuca e ombros. As dores na coluna (cervicais e lombares) também possuem alta incidência. Por vezes, o profissional se vê “travado” por dias. Distúrbios do sono: apesar do cansaço e da sensação de peso nas pálpebras, a pessoa não consegue conciliar o sono ou dorme imediatamente, acordando poucas horas depois e permanecendo desperta apesar do cansaço. Sono agitado, pesadelos. Cefaléias, enxaquecas: em geral, as dores de cabeça são do tipo tensional. Há relatos desde latejar das têmporas, até dores persistentes e intensas em que a pessoa não suporta nem um mínimo de som ou qualquer fio de luz. Perturbações gastrointestinais: podem ter intensidade que vai desde uma “queimação” estomacal, gastrites, podendo evoluir até mesmo a uma úlcera. Náuseas, diarreias e vômitos são citados na literatura. Em algumas pessoas observa-se perda do apetite, levando a emagrecimento significativo, enquanto em outras há aumento no consumo de alimentos, consequência oposta. Imunodeficiência: diminuição da capacidade de resistência física, acarretando resfriados ou gripes constantes, afecções na pele como pruridos, alergias, herpes, queda de cabelo, aparecimento ou aumento de cabelos brancos. Transtornos cardiovasculares: nesse item, há relatos desde hipertensão arterial, palpitações, insuficiência cardiorrespiratória, até mesmo infartos e embolias. Distúrbios do sistema respiratório: dificuldade para respirar, suspiros profundos, bronquite, asma. Disfunções sexuais: diminuição do desejo sexual, dores nas relações e anorgasmia (no caso das mulheres), ejaculação precoce ou impotência (nos homens). Alterações menstruais nas mulheres: atraso ou até mesmo suspensão da menstruação. 5.2 Sintomas Psíquicos Falta de atenção, de concentração: a pessoa denota dificuldade de ater-se no que está fazendo. Parece estar sempre “distante”. Por vezes, sua atenção é seletiva, isto é, mostra-se distraída, sem interesse, concentrando-se por alguns instantes quando o assunto ou acontecimento tenha alguma importância pessoal, voltando ao estado anterior em seguida. Alterações de memória: tanto evocativa como fixação.Apresenta lapsos de memória; muitas vezes para de realizar uma atividade que estava em curso por não saber mais por que a realizava, precisando retornar ao local ou momento anterior para tentar recordar-se. “O que foi mesmo que eu vim fazer aqui?” Lentificação do pensamento: os processos mentais tornam-se mais lentos, assim como o tempo de resposta do organismo. Sentimento de alienação: a pessoa sente-se distante do ambiente e das pessoas que a rodeiam, como se nada tivesse a ver com ela, como se as coisas fossem irreais. Sentimento de solidão: muitas vezes decorrentes do traço anterior, a pessoa sente- se só, não compreendida pelos demais. Impaciência: há uma constante pressão no que se refere ao tempo, sentindo que este é sempre menor do que gostaria. Torna-se intransigente com atrasos, esperar passa a ser insuportável. Sentimento de impotência: há a sensação de que nada pode fazer para alterar a atual situação, sentindo-se vítima de uma conjuntura superior às suas capacidades. Labilidade emocional: presença de mudanças bruscas do humor. Em um momento pode estar bem, rindo, passando a um estado de tristeza ou agressividade em poucos minutos, por vezes sem motivo manifesto ou diante de um acontecimento aparentemente insignificante. Dificuldade de auto aceitação, baixa autoestima: a imagem idealizada e a observada em si mesmo encontram-se distantes. Sente que a percepção de si e seus ideais estão longe do que vem apresentando, trazendo uma sensação de insuficiência, de fracasso, levando a uma deteriorização de sua autoimagem. Astenia, desânimo, disforia, depressão: realizar uma atividade, mesmo que de pouca monta, é sempre custosa. Suas reações tardam mais que o habitual. Há decréscimo do estado de ânimo, perda do entusiasmo, levando à disforia que, sem a devida intervenção, pode evoluir para uma depressão. Desconfiança, paranóia: sentimento de não poder contar com os demais, que as pessoas se aproveitam de si e de seu trabalho, recebendo muito pouco ou nada em troca. Por vezes, a desconfiança se acentua levando à paranóia, crendo que os demais armam situações premeditadas apenas para prejudicá-lo intencionalmente. 5.3 Sintomas Comportamentais Negligencia ou escrúpulo excessivo: como reflete dificuldade de atenção, pode vir a descuidar-se em suas atividades ocupacionais, podendo causar ou ser vítima de acidentes. Outros, por sentir essa dificuldade, passam a ter uma atuação mais detalhista, acarretando lentidão nas atividades. Pode haver também a tendência a voltar a rever várias vezes o que já foi realizado. Irritabilidade: revela pouca tolerância para com os demais, perdendo muito rapidamente a paciência. Tal atitude é até natural, considerando que esta conduta tende a aumentar em pessoas que dormem mal. Incremento da agressividade: denota dificuldade em se conter, passando facilmente a comportamentos hostis, destrutivos, mesmo que o acontecimento desencadeante não seja de grande monta. Incapacidade para relaxar: apresenta constante tônus muscular, rigidez. Inclusive em situações prazerosas, está sempre alerta, como se a qualquer momento algo pudesse acontecer. Não consegue desfrutar de momentos de lazer, de férias. Mesmo que se proponha a descansar, sente como se não pudesse parar o curso do pensamento, como se seu cérebro estivesse em constante atividade. Dificuldade na aceitação de mudanças: denota dificuldade em aceitar e se adaptar a novas situações, pois isto demandaria um investimento de energia d e que não mais dispõe. O comportamento, desta forma, torna-se mais rígido, estereotipado. Perda de iniciativa: também decorre do citado acima, a pessoa dá preferência às situações rotineiras, conhecidas que lhe exigiriam o dispêndio de doses extras de energia, seja esta mental ou física. Aumento do consumo de substâncias: há uma tendência ao incremento no consumo de bebidas alcoólicas ou mesmo “cafezinho”, por vezes, fumo, tranquilizantes, substâncias lícitas ou até mesmo ilícitas. A farmacodependência não deve ser desprezada em casos de estresse e Burnout. Comportamento de alto risco: pode vir a buscar atividades de alto risco, procurando sobressair-se ou demonstrar coragem, como forma de minimizar o sentimento de insuficiência. Alguns autores salientam tratar-se de manifestação inconsciente no intuito de dar fim à vida, que vem sendo sentida como tão adversa. Suicídio: existe maior incidência de casos de suicídios entre profissionais da área da saúde do que na população em geral. 5.4 Sintomas Defensivos Tendência ao isolamento: um tanto pela sensação de fracasso, pela não-aceitação da situação como esta vem se apresentando e, por outro, pelo sentimento de que os outros (clientes, colegas) é que são os responsáveis pela atual circunstância, a pessoa tende a distanciar-se dos demais, como forma de minimizar a influência destes e a percepção de insuficiência. Sentimento de onipotência: ainda para tentar compensar a sensação de frustração e incapacidade, alguns reagem passando a imagem de auto-suficiência. Pode ser também, como salienta Freudenberger (1974), uma reação ao sentimento de paranóia. Perda do interesse pelo trabalho ou até pelo lazer: toda a demanda de energia passa a ser custosa, principalmente, quando se atribui a esta a dificuldade que vem sentindo, quando se imputa a determinado contexto (trabalho) a manifestação da sintomatologia apresentada. Absentismo: as faltas, justificadas ou não, passam a ser uma trégua, uma possibilidade de alívio na tentativa de minimização dos transtornos sentidos. Ímpetos de abandonar o trabalho: a intenção de abandonar o trabalho ou mudar de atividade passa a ser uma alternativa cada vez mais cogitada, o que vem a se concretizar em alguns casos. Ironia, cinismo: é frequente o aparecimento de atitudes de ironia e cinismo tanto para os colegas como em relação às pessoas a que o profissional presta serviços. Funciona como uma “válvula de escape” de seus sentimentos de insatisfação e hostilidade para com os demais, na medida em que atribui aos outros a sensação de mal-estar que vem experimentando em seu trabalho. Uma pessoa com SB não necessariamente deva vir a denotar todos esses sintomas. O grau, o tipo e o número de manifestações apresentadas dependerá da configuração apresentada de fatores individuais (como predisposição genética, experiências sócio-educacionais), fatores ambientais (locais de trabalho ou cidades com maior incidência de poluição, por exemplo) e a etapa em que a pessoa se encontre no processo de desenvolvimento da síndrome. Normalmente esses sintomas surgem de forma leve, mas tendem a piorar com o passar dos dias. Por essa razão, muitas pessoas acham que pode ser algo passageiro. Para evitar problemas mais sérios e complicações da doença, é fundamental buscar apoio profissional assim que notar qualquer sinal. (VOLNI KUROWSKI, 2010/2011). 6. TRATAMENTO Para um tratamento eficaz, é importante ressaltar a relevância de um diagnóstico realizado de maneira competente, para que não se cometam erros, como a confusão entre burnout e depressão, bastante comum nos estágios iniciais, pela similaridade de sintomas (FERRARI, 2014). O ideal é procurar um especialista no tema e fazer exames psicológicos. Para sua detecção, deve -se fazer um exame minucioso e analisar se os problemas enfrentados estão relacionados ao ambiente de trabalho ou à profissão. É necessário avaliar se é o ambiente profissional que causa o stress ou se são as atitudes da própria pessoa que passam a ser o estopim (ALBERTEINSTEIN, 2009). Assim como a grande maioria dos casos d e adoecimento psicológico com consequências de somatização (são os problemas de saúde que ocorrem devido a causas mentais e emocionais),o tratamento da síndrome de burnout deve compreender uma estratégia multidisciplinar: farmacológico, psicoterapêutico e médico (FERRARI, 2014). Com relação ao uso de medicamentos, o tratamento normalmente associa -se a antidepressivos e ansiolíticos (FERRAR I, 2014). Os mais utilizados são os antidepressivos, que tendem a diminuir a sensação de inferioridade e de incapacidade, que são os principais sintomas manifestados pelos portadores da síndrome de burnout (FRAZÃO, 2014). A psicoterapia é determinante, pois o terapeuta ajuda o paciente a ultrapassar as crises, através da orientação do indivíduo e de sua família, potencializa os efeitos do uso de medicamentos através da ressignificação e da retomada dos sentidos da história de vida do sujeito. As terapias podem ser em grupos, incluindo aulas de dança e teatro que proporcionam ao indivíduo a troca de experiências, o autoconhecimento, maior segurança e o convívio social. Além desses, o acompanhamento médico e a alteração de hábitos são dimensões importantes, como atividade física regular e exercícios de relaxamento, os quais também ajudam a controlar os sintomas (FRAZÃO, 2014; FERRARI, 2014; VARELLA, 2014). Para Helpguideorg (2014), o processo de tratamento do burnout pode ser resumido de acordo com a abordagem “Três R”: a) Reconhecer: prestar atenção aos sinais de alerta da síndrome; b) Reverter: desfazer o dano por meio do gerenciamento dos sintomas e busca de apoio; c) Resiliência: construção da capacidade de resistência ao stress por meio do cuidado da saúde física e emocional. 7. MEDIDAS PREVENTIVAS As medidas preventivas relacionadas ao burnout, assim como o tratamento, precisam ser abordadas como problemas coletivos e organizacionais e não como um problema individual. Desta forma, podem ser categorizadas em três grupos principais: estratégias individuais, estratégias grupais e estratégias organizacionais (A LENCAR et al., 20 13; GRANGEIRO; ALENCAR; BARRETO, 2008). As estratégias individuais, de modo geral, referem -se à formação em resolução de problemas, assertividade, e gestão do tempo de maneira eficaz, formação e capacitação profissional, ou seja, tornar-se sempre competente no trabalho, estabelecer parâmetros, objetivos, participar de programas de combate ao stress (G IL-MONTE, 200 3 apud ALENCAR et al., 2013; GRANGEIRO; ALENCAR; BARRETO, 2008). Algumas outras medidas mais específicas podem ser consideradas, conforme Varella (2014) e Helpguide.org (2014): a) Não usar a falta de tempo como desculpa para não praticar exercícios físicos e não desfrutar momentos de descontração e lazer. Mudanças no estilo de vida podem ser a melhor forma de prevenir ou tratar a síndrome de burnout; b) Conscientizar-se de que o consumo de álcool e de outras drogas para afastar as crises de ansiedade e depressão não são um bom remédio para resolver o problema; c) Avaliar quanto as condições de trabalho estão interferindo na qual idade de vida e prejudicando a saúde física e mental. Avaliar também a possibilidade de propor nova dinâmica para as atividades diárias e objetivos profissionais; d) Começar o dia com um ritual de relaxamento, ao invés de saltar da cama assim que acordar, passar pelo menos quinze minutos meditando, escrevendo em um diário, fazendo alongamentos suaves, ou ler algo inspirador; e) Adotar uma alimentação saudável e hábitos de sono, quando o indivíduo come direito e descansa bastante, se tem a energia e resiliência para lidar com dificuldades e exigências da vida; f) Estabelecer limites, não sobrecarregar-se. Aprender a dizer “não” lembrando que dizer "não" permite que a pessoa diga "sim" par a as coisas que realmente quer fazer; g) Fazer uma pausa diária de tecnologia. Definir uma hora todos os dias para se desligar completamente. Deixar de lado o computador portátil, desligar o telefone e interromper a verificação de e-mail; h) Alimentar o lado criativo. Criatividade é um poderoso antídoto para burnout. Experimentar algo novo, iniciar um projeto divertido, ou retomar um passatempo favorito. Escolher as atividades que nada têm a ver com o trabalho; i) Aprender a gerir o stress. Quando se está a caminho do burnout, a pessoa pode se sentir impotente. Aprender a gerir o stress pode ajudar a recuperar o equilíbrio; j) Tomar posições proativas ao invés de uma abordagem passiva para problemas no local de trabalho. A pessoa se sente menos impotente, caso a mesma afirme -se e expresse suas necessidades. Caso o indivíduo não tenha a autoridade ou recursos para resolver o problema, deve-se conversar com um superior; k) Esclarecer a descrição do trabalho. Perguntar ao chefe a descrição atualizada de deveres e responsabilidades do cargo. Apontar as funções exercidas que não estão de acordo com a descrição do trabalho; l) Caso o aparecimento da síndrome pareça inevitável, deve-se fazer uma ruptura completa do trabalho. Sair de férias ou utilizar os dias de afastamento para recarregar as baterias e ter perspectiva. As estratégias grupais consistem em buscar o apoio grupal juntamente com os colegas e supervisores. Deste modo, os indivíduos melhoram as suas capacidades, obtêm novas informações e apoio emocional ou outro tipo de ajuda (SHINN; MORCH, 1983 apud GRANGEIRO; ALENCAR; BARRETO, 2008; ALENCAR et al., 2013). Já as organizacionais, são de extrema importância pois o problema está no contexto laboral, compreendem relacionar as estratégias individuais e grupais para que estas sejam eficazes no contexto organizacional. Melhorar o clima organizacional, através de programas de socialização para prevenir o choque com a realidade e implantação de sistemas de avaliação que concedam aos profissionais um papel ativo e de participação nas decisões laborais. Proporcionar condições de trabalho atrativas e gratificantes, modificar os métodos de prestação de cuidados, reconhecer a necessidade de educação permanente e investir no aperfeiçoamento profissional (por exemplo, formação em assertividade), dar suporte social às equipes e fomentar a sua participação nas decisões, entre outros (GRANGEIRO; ALENCAR; BARRETO, 2008; ALENCAR et al., 2013). Entretanto, Phillips (1984 apud GRANGEIRO; ALENCAR; BARRETO, 2008) assevera que a primeira medida para evitar a síndrome de burnout é conhecer suas manifestações. CONCLUSÃO O alto nível de exigência e a grande competitividade no mercado de trabalho propicia maior vulnerabilidade aos trabalhadores, tornando-os mais exigentes e inseguros em suas profissões favorecendo o aumento da incidência da síndrome de burnout. A ausência de conhecimento permite que os sintomas do burnout muitas vezes nem seja percebido, resultando em graves consequências ao trabalhador não somente no âmbito profissional, afetando também sua vida pessoal. Desta forma evita-se o agravamento dos sintomas e possibilita maior eficácia no tratamento, reduzindo a ausência do funcionário no trabalho. REFERÊNCIAS ALBERT EINSTEIN. Entenda a síndrome de burnout. 2013. Disponível em: <http://www.einstein.br/einstein-saude/pagina-einstein/Paginas/entenda-a-sindrome- de-burnout.aspx>. Acesso em: 20 mai. 2021. ALBERT EINSTEIN. Síndrome de Burnout. 2009. Disponível em: <http://www.einstein.br/einstein-saude/em-dia-com-a-saude/Paginas/sindrome-de- burnout.aspx>. Acesso em: 20 mai. 2021. FERRARI, Juliana Spinelli. Síndrome de Burnout. 2014. Disponível em: <http://www.brasilescola.com/psicologia/sindrome-burnout.htm>. Acesso em: 20 mai. 2021. VIEIRA, I. Conceito(s) de burnout: questões atuais da pesquisa e a contribuição da clínica. Rev. bras. saúde ocup, São Paulo, v. 35, n. 122, p. 269-276, 2010. MASLACH, C; JACKSON,S. Estresse e a síndrome de burnout: um estudo com professores do Ensino Fundamental II de uma escola particular do estado de São Paulo. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 189, Febrero de 2014.
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