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Paciente refratário: não obedece à terapêutica, nenhum medicamento parece remitir os sintomas, não faz efeito. Uma proposta terapêutica não pode se limitar a psicoterapia e a medicação. A Psiquiatria só foi reconhecida como ciência no século XIX, tomando lugar de justificativas como demonologia e feitiçaria, enquanto que o surgimento da psicofarmacologia em 1950 marca uma nova etapa no tratamento de doenças mentais. Os primeiros psicofármacos tinham efeitos colaterais devastadores. PDS: projeto terapêutico singular - no intervalo das sessões e consultas, fazer algum tipo de terapia ocupacional, fazendo com que o paciente não viva apenas em função da doença (como bordado, academia, etc). Um único sintoma aparece em diversos quadros, ele por si só não diz nada. É importante colher a história, pois uma única informação não basta para estabelecer a hipótese diagnóstica (HD). Alucinação: percepção sem objeto (só ele sente, percebe) - vendo um livro que não existe; Delírio: crença que só a pessoa tem - eu sou um livro; Ilusão: atribuir ao objeto uma característica fantástica - vendo um livro (que de fato está lá) mas o livro está falando. Esquizofrenia F-20 Psicose: afecção psíquica grave. A esquizofrenia é o mais comum dos transtornos psicóticos. Sintomas positivos: sintomas em que o paciente apresenta alguma produção, como alucinações (pois ele vê, escuta, etc), delírios (tem uma crença falsa em algo), pensamento desorganizado (modo de pensar incomum), distúrbios do movimento (agitação psicomotora, tiques); Sintomas negativos: são mais difíceis de tratar, como a redução do afeto - embotamento afetivo (tom de voz baixo, ausência de expressão facial), redução de prazer da vida cotidiana, dificuldade de iniciar ou manter atividades (desiste, não conclui), isolado, negligente com seu autocuidado. Sintomas comuns Introdução de conceitos Há direitos autorais sobre este material, portanto é proibida a sua distribuição em qualquer meio de comunicação. Gabriela Gomes da Silva | Psicologia | 7º período | @psicomgabi 01 - Delírios (persecutório do tipo paranóide - a comida está envenenada, querem me matar, todos têm inveja de mim, querem tomar o meu lugar); delírio de grandeza (eu sou dono da cidade, eu sou jogador do Barcelona); delírio religioso/místico (eu sou Deus, eu converso com os anjos); delírio de referência (é tudo eu, estão falando de mim, estão rindo porque estou com uma meia furada, eu sou mais importante), delírio de ciúmes (acha que está send traído). O subtipo mais comum, caracterizado por: - Sintomas positivos; - Delírios paranóides (principal), acompanhado por alucinações auditivas; - Sintomas paranóides mais comuns: delírios de perseguição, referência, ascendência importante, missão especial, ciúmes, vozes alucinatórias que ameaçam, alucinações auditivas sem conteúdo verbal (assovios, risos). Esquizofrenia paranóide F-20.0 - Vozes alucinatórias que comentam o comportamento do paciente ou discutem entre elas sobre o paciente (a voz pode ser de comando ou apenas falarem, em que o paciente é um ouvinte sem poder interagir com elas); - Delírios persistentes (há sintomas que se manifestam apenas em alguns episódios e depois remitem, mas há outros que não); - Alucinações persistentes; - Discurso incoerente, irrelevante ou neologismos (palavras inventadas); - Comportamento catatônico (negativismo, excitação, estupor); - Sintomas negativos (retraimento social, perda de interesse, falta de objetivos). Esquizofrenia hebefrênica F-20.1 Pode ser conhecida também por esquizofrenia desorganizada, caracterizada por: - Afeto superficial e inadequado acompanhado por risos imotivados (igual a Hebe), caretas, brincadeiras, queixas hipocondríacas; - Pensamento desorganizado e discurso incoerente; - Comportamento pueril (infantilizado); - Tendência a permanecer solitário; - Tendência a ter um prognóstico pouco favorável devido ao rápido desenvolvimento de sintomas negativos, especialmente embotamento afetivo e perda da volição (vontade). Esquizofrenia catatônica F-20.2 - Estupor ou mutismo (imóvel ou sem falar), por vezes uma excitação motora sem motivo; - Perturbações psicomotoras proeminentes; - O paciente pode permanecer por horas na mesma posição, como estátua; Há direitos autorais sobre este material, portanto é proibida a sua distribuição em qualquer meio de comunicação. Gabriela Gomes da Silva | Psicologia | 7º período | @psicomgabi 02 - Negativismo (resistência aparentemente imotivada a todas as instruções ou tentativas de ser movido, ou movimento em direção oposta). - Postura inadequada (bizarra); Esquizofrenia indiferenciada F-20.3 Apresenta condições que contemplam a esquizofrenia de modo geral, mas não se encaixa em nenhum subtipo, ou em mais de um, mas sem predominância de um conjunto de características diagnósticas específico. Não tem os critérios para ser caracterizada como paranóide, catatônica, hebefrênica, residual ou depressão pós-esquizofrênica. É um episódio depressivo que surge após uma doença esquizofrênica (F20, nos últimos 12 meses) e que pode ser prolongado. Alguns sintomas dela podem aparecer ainda, mas não dominam o quadro, e podem ser positivos ou negativos (mais comum). O risco de suicídio é maior. Os sintomas depressivos são proeminentes e devem preencher pelo menos os critérios para um episódio depressivo (F32) e ter sido presentes por no mínomo duas semanas. Se não apresentar sintomas esquizofrênicos, um episódio depressivo deve ser diagnosticado (F32). Depressão pós- esquizofrênica F-20.4 os critérios diagnósticos para esquizofrenia. É preciso constatar um período de pelo menos um ano com a intensidade e a frequência dos sintomas floridos (delírios e alucinações), mínimas ou reduzidas. Ausência de demência, problemas cerebrais orgânicos e depressão crônica. É o estágio mais tardio da doença, caracterizado por sintomas negativos (retardo psicomotor, hipoatividade, afeto embotado,) de longa duração, mas não necessariamente irreversíveis. Significa que houve uma progressão na doença, portanto se torna um estágio crônico no desenvolvimento do transtorno. Evidência anterior de pelo menos um episódio psicótico bem definido satisfazendo Esquizofrenia residual F20.5 Esquizofrenia simples F20.6 É um subtipo incomum e menos obviamente psicótico do que o paranóide, hebefrênico e catatônico, em que delírios e alucinações não são evidentes. Os sintomas negativos característicos do subtipo residual se desenvolvem sem que sejam precedidos por sintomas marcadamente psicóticos. Um diagnóstico confiável é muito difícil, e depende do desenvolvimento lentamente progressivo dos sintomas negativos característicos da esquizofrenia residual. Não há nenhuma história de alucinações, delírios ou outras manifestações de um episódio psicótico anterior. Há uma perda de interesse marcante, inatividade e retraimento social. Outra esquizofrenia F20.8 literatura. Quadros esquizofrênicos que não têm aceitação uniforme na Esquizofrenia, não especificada F20.9 Sem descrição no CID-10. O conceito de normalidade em Psicopatologia Normalidade ideal É utópica, em que o indivíduo seria sadio e mais evoluído, se adaptando às normas morais e políticas de determinada sociedade. É a ausência de sinais e sintomas de doenças. Normalidade como ausência de doença Normalidade estatística O normal passa a ser aquilo o que aparece com mais frequência (mas nem tudo o que é frequente é saudável, e nem tudo o que é raro é patológico). Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde) a saúde é entendida como completo bem-estar físico, mental e social, e não simplesmente como ausência de doença. Mas se fosse simples assim, poucas pessoas seriam consideradas saudáveis. Normalidade como bem-estar Leva em consideração as estruturações ao longo do tempo (mudanças, crises), inseridos aqui os aspectos dinâmicos do desenvolvimento psicossocial. Normalidade como processo Normalidade subjetiva Refere-se à percepção subjetiva do próprio indivíduo em relação a seu estado de saúde.Gabriela Gomes da Silva | Psicologia | 7º período | @psicomgabi Aqui se encaixam três graus de gravidade que têm em comum: humor elevado, aumento na quantidade e velocidade da atividade física e mental, e as três subdivisões devem ser consideradas quando houver apenas um episódio de mania. Se houve algum episódio afetivo prévio ou posterior (depressivo, maníaco ou hipo-maníaco), então o transtorno deve ser posto na classificação de Transtorno Afetivo Bipolar F31. Há direitos autorais sobre este material, portanto é proibida a sua distribuição em qualquer meio de comunicação. 03 Transtornos afetivos do humor Episódio maníaco F.30 Grau mais leve de mania; Sem alucinações ou delírios; Elevação leve e persistente do humor por pelo menos vários dias contínuos; Aumento de: energia, atividade, sentimentos de bem- estar, eficiência física e mental; sociabilidade, loquacidade, energia sexual; Familiaridade excessiva; Diminuição da necessidade de sono. *Mas não numa extensão que leve a uma perturbação grave do trabalho ou resulte em rejeição social. Humor desproporcionalmente elevado; Aumento de energia que resulta em hiperatividade, pressão para falar e diminuição da necessidade de sono; Autoestima inflada e ideias grandiosas livremente expressas; A pessoa pode se envolver em situações extravagantes e não práticas (gastar muito dinheiro, se tornar agressiva ou amorosa em contextos inadequados); Em alguns episódios maníacos, o humor é mais irritável e desconfiado do que exaltado; Ataque comum entre 15 e 30 anos, mas pode ocorrer em qualquer idade. Quadro apresenta uma forma mais grave de mania; A autoestima elevada e ideias grandiosas podem evoluir para delírios, e a irritabilidade e desconfiança para delírios de perseguição; Em casos graves, delírios grandiosos ou religiosos de identidade ou papéis podem se destacar, e fuga de ideias e pressão para falar podem tornar a pessoa incompreensível; A atividade física e excitação graves e continuadas podem resultar em agressão ou violência, e a autonegligência em perigosos estados de desidratação. Caracterizado por episódios repetidos (dois ou mais) em que o humor e os níveis de atividade da pessoa estão muito perturbados, ora com elevação do humor e aumento de energia e atividade (mania ou hipomania), ora com rebaixamento do humor e diminuição de energia e atividade (depressão). Transtorno afetivo bipolar F31 O episódio atual deve preencher os critérios de mania sem sintomas psicóticos F30.1; Deve ter ocorrido pelo menos um outro episódio afetivo no passado (hipomaníaco, maníaco, depressivo ou misto). O episódio atual deve preencher os critérios de mania com sintomas psicóticos F30.2; Deve ter ocorrido pelo menos um outro episódio afetivo no passado (hipomaníaco, maníaco, depressivo ou misto). O episódio atual deve preencher os critérios de um episódio depressivo de gravidade leve F32.0 ou moderada F32.1 Deve ter ocorrido pelo menos um outro episódio afetivo no passado (hipomaníaco, maníaco ou misto). O episódio atual deve preencher os critérios de um episódio depressivo grave sem sintomas psicóticos F32.2; Deve ter ocorrido pelo menos um outro episódio afetivo no passado (hipomaníaco, maníaco ou misto). O episódio atual deve preencher os critérios de um episódio depressivo grave com sintomas psicóticos F32.3; Deve ter ocorrido pelo menos um outro episódio afetivo no passado (hipomaníaco, maníaco ou misto). Gabriela Gomes da Silva | Psicologia | 7º período | @psicomgabi Usualmente a pessoa sofre de humor deprimido, perda de interesse e prazer, e energia reduza, o que leva ao aumento da fatigabilidade e diminuição da atividade. Há direitos autorais sobre este material, portanto é proibida a sua distribuição em qualquer meio de comunicação. 04 Episódio depressivo F.32 Transtorno depressivo recorrente F33 Diminuição da concentração, atenção, autoestima, autoconfiança e apetite; Ideias de culpa e inutilidade mesmo nos episódios leves; Visão pessimista do futuro; Ideias ou ações autolesivos ou suicídio; Sono perturbado. O humor deprimido, perda de interesse e prazer, aumento da fatigabilidade são os sintomas mais típicos de depressão. Nenhum dos sintomas deve se manifestar em grau intenso. A duração do episódio completo é de cerca de duas semanas. A pessoa em episódio depressivo leve está normalmente angustiada pelos sintomas e tem alguma dificuldade em continuar com o trabalho do dia a dia e atividades sociais, mas provavelmente não irá parar suas funções completamente. Vários sintomas presentes em grau marcante; Duração mínima do episódio completo é de cerca de duas semanas; Dificuldade considerável em continuar com atividades sociais, laborativas ou domésticas. Angústia ou agitação considerável, a menos que retardo seja um aspecto marcante; Provavelmente aparecem perda de autoestima ou sentimentos de inutilidade ou culpa; Suicídio é um perigo marcante; A síndrome somática estará quase sempre presente. Satisfaz os critérios de um episódio grave sem sintomas psicóticos F32.2, mas também inclui delírios, alucinações ou estupor depressivo; Delírios que envolvem ideias de pecado, pobreza ou desastres iminentes, em que a própria pessoa é responsável; Alucinações auditivas ou olfativas de vozes difamatórias ou acusativas, ou de sujeira apodrecida ou carne em decomposição; Retardo psicomotor grave pode evoluir para estupor. Caracterizado por episódios depressivos (F32.0, F32.1, F32.2 ou F32.3) repetidos, sem qualquer história de episódios independentes de elevação do humor e hiperatividade que preencham os critérios para mania; Se após um episódio depressivo houver breves episódios de elevação do humor e hiperatividade leves, que preenchem critérios de hipomania, ainda assim se encaixa nessa categoria de transtorno depressivo recorrente. Uma depressão crônica de humor, mas que não preenche atualmente os critérios para transtorno depressivo recorrente; Os pacientes, usualmente, têm períodos de dias ou semanas em que descrevem a si mesmos como estando bem, mas na maior parte do tempo (com frequência de meses) se sentem cansados e deprimidos; Tudo é um esforço e nada é desfrutável; São capazes de lidar com as exigências básicas do dia a dia, mas se preocupam, se queixam, dormem mal e se sentem inadequados. Distimia F34.1 Transtorno afetivo do humor não especificado F39 Para ser usado somente como um último recurso, quando nenhum outro termo pode ser usado. Transtornos de personalidade Sofreu muitas mudanças na terminologia, o que se popularizou entre os profissionais de saúde foi psicopatia, mas é um tempo impreciso, porque ora se refere à psicopatia com personalidade sociopática, ora aos transtornos de personalidade em geral. Estrutura de personalidade não muda, o que muda é a dinâmica de personalidade. Transtorno de personalidade paranóide F60.0 Sensibilidade a contratempos; Tendência a guardar rancor; Desconfiança e tendência invasiva de distorcer experiências; Senso de direitos pessoais obstinado; Suspeitas recorrentes; Tendência a autovalorização; Preocupação com explicações conspiratórias; Senso percepção e juízo de realidade inalterados; Não apresenta sintomas psicóticos como na esquizofrenia. Gabriela Gomes da Silva | Psicologia | 7º período | @psicomgabi Há direitos autorais sobre este material, portanto é proibida a sua distribuição em qualquer meio de comunicação. 05 Transtorno de personalidade esquizóide F60.1 Poucas atividades geram prazer; Frieza emocional, embotamento; Capacidade limitada de expressar sentimentos; Indiferença aparente a elogios e críticas; Pouco interesse em atividades sexuais; Preferência por atividades solitárias; Falta de amigos íntimos. Transtorno de personalidade antissocial F60.2 Insensível aos sentimentos alheios; Irresponsabilidade e desrespeito por regras e normas; Incapacidade de manter relacionamentos; Baixa tolerância à frustração; Incapacidade de experimentar culpa - medo da punição; Tendência a culpar os outros. Transtorno de personalidade emocionalmenteinstável F60.3 Instabilidade emocional; Sentimentos crônicos de vazio; Relacionamentos pessoais intensos e instáveis; Esforço excessivo para evitar o abandono; Ameaças de suicídio ou atos de autolesão. Transtorno de personalidade emocionalmente instável tipo Borderline F60.31 O mais comum; Baixo limiar à frustração; Esforço excessivo para evitar o abandono; Relacionamentos pessoais intensos e instáveis; Perturbação da identidade; Impulsividade em pelo menos duas áreas autodestrutivas (sexo com desconhecidos, gastos exagerados, etc); Comportamento suicida ou de automutilação; Instabilidade emocional intensa; Sentimento crônico de vazio; Raiva intensa e inapropriada e dificuldade em controlá- la; Ideias de perseguição ou episódios dissociativos decorrentes de situações difíceis e estresse. Transtorno de personalidade histriônica F30.4 Teatralidade e dramatização; Sugestionabilidade; Afetividade superficial; Busca excitação contínua e ser o centro das atenções; Comportamento sexualmente sedutor, inadequado e provocativo; Preocupação exdcessiva com atratividade física. Transtorno de personalidade ansiosa (de evitação) F60.6 Sentimentos de tensão e apreensão; Acredita ser incapaz e inferior aos outros e se preocupa em ser criticado ou rejeitado; Tem restrições no estilo de vida devido à necessidade de segurança física ou psíquica; Evita atividades sociais principalmente por medo de críticas, desaprovação ou rejeição. Transtorno de personalidade dependente F60.7 Subordinação das próprias necessidades e desejos àqueles de quem é dependente; Dificuldade para tomar decisões, pede para que outros tomem por si; Sentimento de desamparo por medo de ficar sozinho; Relutância em fazer as coisas; Medo do abandono. Exame psíquico Geralmente os conteúdos dos sintomas estão relacionados aos temas centrais da existência humana, tais como a sobrevivência e a segurança, a sexualidade, os temores básicos (morte, doença, miséria, etc.), religiosidade, etc O exame psíquico ou exame do estado mental atual é feito no contexto de avaliação clínica global do paciente. É um processo coberto pela semiologia, ou seja, estudo dos sintomas e sinais da doença. Os signos e sinais mais importantes para a psicopatologia são os sinais comportamentais objetivos, verificáveis pela observação direta do paciente, e os sintomas, isto é, as vivências subjetivas relatadas pelos pacientes, suas queixas, aquilo que o indivíduo experimenta e, de alguma forma, comunica a alguém. Em geral, são focados dois aspectos básicos na semiologia: a forma dos sintomas, isto é, sua estrutura básica, relativamente semelhante nos diversos pacientes (alucinação, delírio, labilidade afetiva, etc), e seu conteúdo, ou seja, aquilo que preenche a alteração estrutural (conteúdo de culpa, religioso, de perseguição, etc) . "Não existem funções psíquicas isoladas e alterações psicopatológicas compartimentalizadas desta ou daquela função. É sempre a pessoa, na sua totalidade, que adoece". Funções psíquicas avaliadas Aspecto geral: verificar aspectos do cuidado pessoal do paciente, higiene, trajes, postura geral, mímica, atitude global durante a entrevista (atitude calma, hostil, desconfiada, assustada, apática, desinibida, indiferente, etc.). Alterações: obnubilação, torpor, sopor, coma, estado dissociativo (desequilíbrio psicológico, havendo alterações na consciência, memória, identidade, emoção, percepção do ambiente, controle dos movimentos e comportamento), transe (espécie de sono acordado, mas com a presença de atividade motora automática e estereotipada, com a suspensão parcial dos movimentos voluntários), estado hipnótico. Verificar se há algum rebaixamento do nível de consciência (torpor ou obnubilação da consciência). Nível de consciência Estado normal: vigil ou desperto Gabriela Gomes da Silva | Psicologia | 7º período | @psicomgabi Há direitos autorais sobre este material, portanto é proibida a sua distribuição em qualquer meio de comunicação. Memória imediata, recente e remota; memória de fixação (que implica percepção, registro e fixação) e memória de evocação. Amnésias orgânicas (menos seletivas psicologicamente, mais prejudicados os mecanismos de fixação do que de evocação), amnésias psicogênicas (mais seletivas psicologicamente, mais conteúdos autobiográficos). Pacientes com quadros demenciais devem sempre, por definição, apresentar algum grau de dificuldade mnêmica. Memória Verificar a orientação alopsíquica (quanto ao tempo e quanto ao espaço) e a autopsíquica (quanto a si mesmo). Os pacientes com desorientação temporal ou temporoespacial apresentam frequentemente quadros de delirium (delirium = estado de confusão mental ou síndrome orgânico cerebral aguda (delirium é latim para "estar fora de si") é uma síndrome orgânica caracterizada por um rápido deterioro na atenção, consciência e cognição. O início é rápido variando de algumas horas até poucos dias. Geralmente o paciente em delirium apresenta sonolência diurna e agitação noturna. A desorientação geralmente está associada à diminuição do nível de consciência, a condições de apatia intensa, a quadros demenciais ou de desorganização mental grave. Questionar o paciente quanto ao tempo – dia da semana, do mês, mês do ano, ano; quanto ao espaço – cidade em que estamos, bairro, distância da residência ao hospital; e autopsíquica – nome, quem é o pai e a mãe, profissão, amigos, etc. Orientação Normoprosexia (funcionamento normal), hipoprosexia (diminuição global da atenção e concentração). Capacidade de concentração e manutenção da atenção sobre determinado objeto (tenacidade) e capacidade de mudar de forma flexível de objeto para objeto (vigilância). Verificar se há diminuição global da atenção e dificuldade de concentração. Distraibilidade e diminuição da capacidade de fixar a atenção são típicos da síndrome maníaca (hipotenacidade e hipervigilância). Atenção Ilusão (percepção deformada de um objeto real), alucinação (percepção sem a presença de objeto estimulante, estímulo percebido como vindo de fora do corpo, de forma nítida e corpórea). As ilusões e alucinações visuais são mais frequentemente de etiologia orgânica, enquanto as auditivas estão mais associadas às psicoses funcionais (esquizofrenia, mania e depressão psicóticas). Sensopercepção Verificar o curso (velocidade e modo de fluir), a forma (estrutura do pensamento e o conteúdo [temas principais]), se o pensamento está lentificado (síndromes depressivas, delirium, demências) ou acelerado (síndromes maníacas), se o pensamento está desorganizado, incoerente ou de difícil compreensão (fuga de ideias, descarrilhamento, desagregação, pensamento confusional, etc.). Pensamento Alterações orgânicas da linguagem: afasias, alexias, agrafias. Nas afasias de expressão, há diminuição da fluência verbal e frequentes erros gramaticais, sendo a compreensão preservada. Nas afasias de compreensão, há fluência normal ou aumentada, a fala é incompreensível e o paciente não entende o que lhe dizem. Alterações psiquiátricas da linguagem: inibição da linguagem, mutismo, loquacidade (aumento do fluxo sem incoerência), logorréia (aumento do fluxo com incoerência), perseverações verbais, ecolalia (repete mecanicamente palavras ou frases), mussitação (movimento dos lábios com emissão de sons inarticulados), neologismos. Linguagem Identificar se o juízo falso é ideia prevalente por importância afetiva, crença cultural ou verdadeiro delírio. Descrever as características do delírio: simples – um tema único, ou complexo – vários temas entrelaçados; sistematizado – organizado, ou não sistematizado. Verificar o grau de convicção, a extensão do delírio (em relação às várias esferas da vida), a incompatibilidade com a realidade, a pressão (para agir) e a resposta afetiva do paciente ao seu delírio. Juízo de realidade Estado de humor basal, emoções e sentimentos predominantes. Descrever o humor (depressivo, eufórico, irritado, exaltado, pueril, ansioso, apático). Verificar se o paciente tem fobias simples (de pequenos animais,objetos cortantes, etc.), fobias sociais (falar em público, falar com pessoas “mais importantes”, ir a festas, etc.), ou agorafobia (fobia de conglomerações, supermercados, estádios, congestionamentos, etc.). Verificar se o paciente já teve crises de pânico. Afetividade Processo volitivo: fase de intenção ou propósito, deliberação, decisão e execução. Verificar se o paciente realiza atos volitivos normais ou apresenta atos impulsivos (“curto circuito” do ato volitivo). Verificar se há redução da vontade (hipobulia = diminuição ou abulia = incapacidade). Diferenciar os atos impulsivos (descontrole, faltam as fases de deliberação e a decisão) dos atos ou rituais compulsivos (“obrigação” de realizar o ato). Observar se há negativismo (recusa automática em interagir com as pessoas, com o ambiente). Volição Lentificação ou aceleração, estereotipias (ações repetitivas ou ritualísticas vindas do movimento, postura ou fala), maneirismos (gesticulação artificial, exagerada ou ritualística de movimentos corporais), ecopraxias (repetição involuntária ou imitação dos movimentos de outras pessoas). Pode haver agitação psicomotora, estupor (falta de resposta em que a pessoa somente pode ser despertada com estímulo físico vigoroso). Psicomotricidade 06 Verificar se há retardo mental leve ou “limítrofe” (pode estudar até 6ª ou 7ª série, pode ser independente, mas tem problemas com leitura e escrita, dificuldades com conceitos abstratos); retardo mental moderado: consegue estudar apenas até 1ª ou 2ª série e consegue realizar, no máximo, tarefas práticas simples estruturadas. Inteligência Gabriela Gomes da Silva | Psicologia | 7º período | @psicomgabi Há direitos autorais sobre este material, portanto é proibida a sua distribuição em qualquer meio de comunicação. Descrever a personalidade ao longo da vida. Lembrar que a personalidade caracteriza-se por ser estável, duradoura e corresponde ao modo de ser do indivíduo após a adolescência, nas suas relações interpessoais e nas formas de reagir ao ambiente. Os traços e alterações devem estar presentes mesmo fora dos episódios psiquiátricos. Personalidade **Também nas psicoses. Funções mais afetadas nos transtornos psico-orgânicos: consciência, atenção*, orientação, memória, inteligência, linguagem** Funções mais afetadas nos transtornos do humor, neuróticos e da personalidade: afetividade, volição, psicomotricidade, personalidade Funções mais afetadas nos transtornos psicóticos: sensopercepção, pensamento, vivência do tempo e do espaço, juízo de realidade, vivência do eu *Também nos quadros do humor (mania, principalmente). Em pacientes com quadro paranóide: vivencia seu espaço interior como invadido por aspectos ameaçadores, perigosos e hostis do mundo. O espaço exterior é, em princípio, invasivo, fonte de perigos e ameaças. No caso do indivíduo com agorafobia, o espaço exterior é percebido como sufocante, pesado, perigoso e potencialmente aniquilador. Vivencia do tempo e espaço Em pacientes com esquizofrenia: fragmentação, que se verifica pela alteração da percepção do fluir do tempo, bem como por vivências anormais, como déjà vu (estranha sensação que faz com que ele sinta que já presenciara ou estivera naquela mesma específica situação em que se encontra agora pela primeira vez) e déjà vecu (já vivido) e estranhamento do tempo passado e futuro, relacionados a delírios e alucinações. Em pacientes em estado maníaco: vivência espacial caracterizada por um espaço extremamente dilatado e amplo, que invade o das outras pessoas. O paciente desconhece as fronteiras espaciais e vive como se todo o espaço exterior fosse seu. Em pacientes com quadro depressivo: o espaço exterior pode ser vivenciado como muito encolhido, contraído, escuro e pouco penetrável pelo indivíduo e pelos outros O entrevistador Ao final, o exame psíquico deve ser redigido com linguagem clara, simples, precisa e compreensível. O entrevistador deve descrever as impressões subjetivas e os sentimentos despertados em si pelo paciente e seus familiares, se o paciente é crítico em relação aos seus sintomas e se ele identifica-os como algo anormal ou patológico. Também avaliar se há desejo de ser ajudado ou se o paciente rejeita o profissional de saúde mental. Organização Mundial da Saúde. Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID-10: Descrições Clínicas e Diagnósticas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993. DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. 3. ed. – Porto Alegre: Artmed, 2019. Referências 07
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