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Analise o pequeno príncipe

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UNIP- 10º semestre- Psicodiagnóstico
Thainá de Paula Cavalcante dos Santos R.A: N885DJ5
Análise do filme: O pequeno príncipe.
O filme inicialmente traz uma menina treinada intensamente pela mãe para ser aceita em uma escola conceituada e o requisito para isto é responder somente á uma pergunta. Durante a espera para a resposta da “grande pergunta” nota-se que os gestos da mãe e da filha são espelhados e quando ambas entram no auditório frente á banca examinadora o pensamento que passa pela mente da mãe é o mesmo ecoa na mente da menina, entretanto a previsão da mãe da pergunta realizada não se cumpre, a menina fala a resposta ensaiada, como se o estímulo diferente do esperado não fosse recebido e após a mãe tentar alertá-la que a resposta não era aquela, a menina se perde entre as palavras e desmaia. 
Compreendemos que, para Winnicott, os termos verdadeiro e falso não equivalem a “certo” e “errado”, mas indicam a existência de dois modos diferentes de sentir o si-mesmo (self): (1) como verdadeiro, expressão do gesto espontâneo e dos impulsos instintuais mais primitivos; e (2) como falso, imposto para que o sujeito responda e se adapte à exterioridade. Assim, as vivências do sujeito podem ser sentidas como pertencentes ou não ao si-mesmo (self). (SILVA, LIMA e PINHEIRO, 2014, pág. 120)
No momento em que a garota desmaia depois de perguntarem o que ela seria quando crescesse e isto previamente não ter sido dito á ela pela mãe, apresenta como á espontaneidade ali não era presente, a criança só respondia ás exigências da mãe, ao que era imposto, não tendo espaço para ser si- mesma, caracterizando o falso self.
Esse falso self fica cada vez mais evidente, visto que os próximos passos da mãe são: alugar uma casa em um bairro planejado metodicamente, montar um quadro que representa a vida da filha a cada minuto, preenchendo esse tempo com tarefas que devem ser realizadas. 
Na exposição do quadro para a filha uma fala da mãe é destacada:
- Você ficará completamente sozinha! 
Nesse momento até o rosto da mãe muda e uma expressão de medo surge. 
O falso self, por sua vez, aludiria a uma organização decorrente das ameaças ao verdadeiro self. Quando a função materna não é suficientemente boa, o gesto espontâneo do bebê não é continuado, sendo este submetido à necessidade de se adaptar ao ambiente (Winnicott, 1960/1983). O autor afirma: “No caso da mãe não se adaptar suficientemente bem ao bebê, o lactente é seduzido à submissão, e um falso self submisso reage às exigências do meio e o lactente parece aceitá-las” (Winnicott, 1960/1983, p. 134). Assim, diante de um ambiente que não é suficientemente bom, o falso self constitui uma defesa – e ao mesmo tempo uma proteção necessária – para a sobrevivência do verdadeiro self. Nestes casos, o falso self cuida e garante a existência do verdadeiro self. (apud SILVA, LIMA e PINHEIRO, 2014, pág. 119)
Apesar da menina não ser mais um recém nascido e filme não mostrar essa fase da vida da mesma, diversas cenas trazem a ausência da mãe e uma adaptação da criança ao meio, bem como a submissão ao que a mãe planejou minuto a minuto para a sua vida, a comemoração de um aniversário sem a presença de alguém, presente pré- comprado que não são dados pessoalmente, mas sim embalados á espera que a criança o pegue. 
O filme traz com intensidade á representação de que a menina se adapta ao meio em que vive e ás suas necessidades não são enxergadas, respeitadas ou supridas, entretanto ao conhecer o aviador brechas são dadas ao verdadeiro self. 
A entrada do aviador na vida da criança é expressiva de várias formas: a destruição do quadro de forma simbólica já mostra a desconstrução do falso self, e o modo como é feito o primeiro contato, através de uma folha que contava a história do pequeno príncipe dá lugar a criatividade. 
Para Winnicott, o self verdadeiro é o único capaz de ser criativo, visto que o bebê cria a realidade que lhe é fornecida pela mãe (quando bem adaptada às necessidades dele) através da ilusão de onipotência. Como resultado pode se sentir real. O self verdadeiro, então, começa a ter vida através da força dada pela mãe ao ego do lactente ao complementar frequentemente essas expressões de onipotência. A adaptação da mãe no cuidado materno permite que o lactente comece a acreditar na realidade externa que “surge e se comporta por mágica” (Winnicott, 1960/2007a, p. 133), de maneira que o self verdadeiro tem uma espontaneidade que coincide com os acontecimentos do mundo. (BARRETO, TOSTA e MARIA, 2017, pág. 176) 
No caso da criança do filme, o falso self protegia o verdadeiro self, de modo que ao se aproximar do aviador gradualmente o verdadeiro self vai aparecendo, dando lugar a espontaneidade, a imaginação, ao brincar, ao “ser criança”. 
Segundo Winnicott (1960/2007a) existem diferentes graus de organização do falso self, que variam do extremo ao normal. Em um grau extremo, o falso self se insere como real e os outros “tendem a pensar que essa é a pessoa real” (p. 130), de modo que o self verdadeiro permanece oculto. Já em um grau normal, o falso self é representado pela “atitude social polida e amável, um ‘não usar o coração na manga’” (p. 131), mostrando-se como uma conciliação entre o self verdadeiro e a realidade compartilhada. (BARRETO, TOSTA e MARIA, 2017, pág. 177)
Nota-se que a criança se submetia ás exigências da mãe e se portava da forma como a mesma impunha, porém quando teve oportunidade mostrou-se do modo que era conseguindo comportar-se de acordo com sua idade. 
Em dado momento á garota vai á casa do aviador, que contém diversos objetos, posto que ele é um acumulador, lá se interessa por uma raposinha de pelúcia que passa a ser sua companhia constante. 
O objeto transicional representa a passagem do bebê de um estado em que está fundido com a mãe para um estado em que está em relação com ela como algo externo e separado. Winnicott (1971a/1975, p. 15) afirma que não se trata especificamente do primeiro objeto das relações de objeto, mas da “primeira possessão não-eu” e da área intermediária entre o subjetivo e aquilo que é objetivamente percebido. (VORCARO e LUCERO, 2015, pág. 24)
A raposa de pelúcia foi utilizada pela menina como objeto transicional, dado que a menina não era mais a reflexo da mãe e não seguia cegamente o que esta determinava, sendo assim houve uma separação, que foi sustentada por essa relação da criança com o objeto. 
Há uma cena em que a garota expressa de forma direta para a mãe que aquele quadro não era a sua vida, mas sim representava a vida da mãe, e a mãe admite que para ela a filha e quadro tinham a mesma importância. 
Sobre o aviador o filme expõe que seu objetivo era juntar todas as páginas da história do “Pequeno príncipe” retratando a experiência que viveu, de modo que a garota cumpre esse propósito, montando o livro e o encadernando, após ela visita o aviador no hospital e lhe entrega como forma de agradecimento por tudo que aprendeu, pela sua transformação. 
Referências:
SILVA, G. V; LIMA, A. A; PINHEIRO, N, N. B. Sobre os conceitos de verdadeiro self e falso self: reflexões a partir de um quadro clínico. Caderno de psicanálise. vol. 36. no.30. Rio de janeiro, 2014. 
BARRETO, X. ; TOSTA, A.; MARIA, R. Onde está a criança? Um caso de amadurecimento precoce e falso self. Boletim Academia Paulista de Psicologia, vol. 37, núm. 93, julio, 2017, pp. 171-185 Academia Paulista de Psicologia São Paulo, Brasil
VORCARO, A.; LUCERO, A. O objeto transicional de Winnicott na formação do conceito de objeto a em Lacan. Natureza humana. vol. 17. no. 1, São Paulo, 2015.

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