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Anamnese e semiologia ginecológica Semiologia Semiologia é a parte da medicina que estuda os sinais e sintomas das doenças, aplicando a metodologia da colheita de dados, bem como, o processo de sistematização dos mesmos. A semiologia ginecológica, estuda os sinais e sintomas das modificações funcionais das doenças que acometem o aparelho genital feminino. Busca-se na anamnese: ⚫ Base da investigação medica; ⚫ Primeiro contato com a paciente – muito importante, se apresente e se mostre receptivo; ⚫ Ambiente adequado para acolher a cliente; ⚫ Treinamento da recepção; ⚫ Pontualidade; ⚫ Tempo de consulta; ⚫ Postura do médico; 1º passo da anamnese: Identificação da cliente Deve conter as informações essências para o raciocínio diagnostico, como: 1. nome completo; 2. idade; 3. procedência; 4. estado civil; 5. escolaridade; 6. raça; Relevância de cada dado coletado na identificação: Idade: a incidência de algumas doenças e condições fisiológicas, variam com a faixa etária, como por exemplo: ● Malformações da genitália; ● Corrimentos genitais – mulheres na menacme possuem corrimentos fisiológicos; ● Distúrbios de hemostasia; ● Falência ovariana; Procedência Importante para inferir acerca dos hábitos de vida, mitos, e população de risco para certas doenças que são mais frequentes em determinadas regiões. No caso de gestantes provenientes de área de risco para dengue, febre amarela, chagas, dentre outras, esse conhecimento torna-se fundamental. Ex: paciente proveniente do Amazonas com sintomas de febre amarela. Naturalidade: local de nascimento. Procedência: local onde a pessoa vivi/vive. 4. Nível de escolaridade e socioeconômico Muito importante porque existem algumas doenças que são mais prevalentes em pacientes com baixo nível sócio econômico e escolaridade, como as infectocontagiosas, e ISTs. Ex: falta de acesso aos cuidados como prevenção durante as relações sexuais. Raça Algumas doenças são mais frequentes em algumas “raças”, um exemplo disso é o mioma uterino que ocorre muito mais em mulheres negras. 2º passo da anamnese: Queixa principal Buscar o motivo que levou a paciente a procurar o médico, importante destacar que é a real preocupação da mesma. Cabe ao médico criar um ambiente de confiança, fazendo ela se sentir segura, confortável para que outras queixas apareçam. Problemas de sexualidade por exemplo, trazem muito constrangimento. Perguntas a serem feitas para a paciente: ● “Em que possa ajuda-la?” ● “O que trouxe a senhora aqui?” Deve-se escrever exatamente o que a paciente relatou, ou seja, com as palavras dela. 3ºpasso da anamnese: História da moléstia atual Visa caracterizar/investigar melhor as queixas apresentadas pela paciente, como: ⚫ Início (teve início quando?); ⚫ Evolução (há quantos dias isso vem acontecendo?); ⚫ Fatores de melhora e piora ⚫ Condutas adotadas por outros profissionais ou por conta própria; ⚫ Nessa fase da anamnese, muito importante o médico, conduzir a entrevista, sem interrupções sucessivas, orientando, porém sem desvio do tema central. É muito comum nesta fase, surgirem problemas não relatados anteriormente, que consistem no verdadeiro motivo da consulta. 4º passo da anamnese: História pregressa Buscar informações sobre doenças pregressas, tratamentos realizados, cirurgias, uso de medicamentos, transfusões e imunização ⚫ Os relatos são de suma importância no raciocínio para chegar a um diagnóstico. 5º passo da anamnese: História familiar Investigar doenças nos familiares, como por exemplo, neoplasias, diabetes, hipertensão, tromboembolismo, tumores cerebrais, leucemias, dentre outras. Fazer perguntas direcionadas as pais, avós, tios (as) e irmão além de poder ajudar na formação da hipótese diagnóstica permitem que a paciente se sinta mais acolhida. 6º passo da anamnese: História social ⚫ Investigar ambiente de trabalho; ⚫ Pratica de atividade física intensa ou sedentarismo; ⚫ Tabagismo (quantificar); ⚫ Etilismo; ⚫ Uso de drogas (quais e quantidade) 7º passo da anamnese: História ginecológica ⚫Menarca: Primeira menstruação, ocorre em média dos 11 aos 14 anos, podendo ser aceitável até 16 anos ⚫ Ciclos menstruais: Duração, fluxo (“quantos absorvente você usa por dia?”) e intervalo. ⚫ Data da última menstruação (DUM). ⚫Métodos contraceptivos: Atuais e previamente usados, importante questionar tempo de uso, efeitos colaterais, tolerância, e se está usando de forma correta. ⚫ Vida sexual: Idade do início, orientação sexual, número de parceiros, história previa de IST´s, satisfação, receios da sexualidade. ⚫ Antecedentes obstétricos: Numero de gestações, partos e abortos (GPA), idade gestacional do nascimento (a termo ou pré termo – tanto da paciente quanto dos filhos que ela teve), via de parto, local, complicações imediatas (hemorragias, acretismo, lacerações) e tardias (infecções, fistulas), amamentação e suas complicações, peso do RN, bem como seu desenvolvimento posterior. ⚫Menopausa; Idade, história de sangramento pós, sintomas referentes. Exame físico geral ❖ Aferir pressão arterial; ❖ Peso; ❖ Estatura; ❖ Calculo do IMC; ❖ Exame do abdome; Inspeção - observar; Palpação - manobras; Ausculta - peristaltismo; Percussão – notar presença de líquidos e gás; ❖ Exame das mamas, se divide em: Inspeção estática: Paciente deve estar sentada, de frente para o examinador, com os membros superiores pendentes ao lado do corpo. O médico deve observar: ▪ Tamanho; ▪ Simetria; ▪ Retração; ▪ Depressão; ▪ cor da pele e aspecto; ▪ presença ou não de cicatrizes; ▪ cirurgias previas. Inspeção dinâmica: pedir para a paciente realizar movimentos de elevação dos membros superiores acima da cabeça, após inclinação do corpo em direção ao tronco e pressão sobre os quadris. O médico deve visualizar se existe alterações, como depressão, retração da pele, nodulações. Os três movimentos também possibilitam observação e comparação das mamas. Palpação: com a paciente ainda sentada, o examinador coloca o braço direito da paciente sobre seu braço esquerdo, iniciando a palpação da região axilar. Observar se existe linfonodos palpáveis, descrevendo tamanho, consistência, mobilidade e dor. Após a palpação da axila, deslizar a mão em direção ao tórax, observando se existe as mesmas alterações citadas acima. O mesmo deve ser feito na mama contra lateral. Ainda com a paciente sentada, deve-se palpar as fossas supra e infra axilares. Terminado a palpação com a paciente sentada, esta deve deitar em decúbito dorsal, com as mãos estendidas sobre a cabeça, e com o tronco relaxado. Inicia-se então, a palpação da mama, com a ponta dos dedos, fazendo movimentos circulares no sentido horário, abrangendo os quatro quadrantes. O mesmo deve ser feito na mama contra lateral. Para terminar a palpação das mamas, realiza a expressão do mamilo, observando se existe saída de secreção, cor, consistência, dor e presença de nódulos Terminando o exame físico, deve- se registrar as alterações observadas, combinando descrição com gráfico; 1. Localização (quadrante superior ou inferior, interno ou externo); 2. Tamanho em cm; 3. Forma; 4. Consistência; 5. Mobilidade; 6. Delimitação; 7. Dor; 8. Aspectos de erupções; Exame ginecológico O exame ginecológico satisfatório, depende muito da colaboração da paciente e dos cuidados do médico. Por isso, muito importante criar um ambiente seguro para a examinada, demonstrando confiança, cuidado, explicando cada passo a ser tomado, assim como solicitar permissão para realização de cada passo do exame. Posição ginecológica: paciente em decúbito dorsal, com as pernas fletidas sobre as coxas, apoiada na mesa ginecológica, com as nádegas na borda da mesa. Luvas: devido risco de contaminação recomenda o uso de luvas, que devem ser trocadas antes do exame do períneo e toque vaginal. ⚫ Inspeção: visualizar a genitália externa, observando disposição dos pelos, vulva, pequenos e grandes lábios, introito vaginal, vestíbulo da vagina, hímen, carúnculas himeais, meato uretral, glândulas de Skene e Bartholin, caso estejam visíveis. Manobra devalsalva: pedir para a paciente realizar, observando se existe prolapsos genitais, bem como incontinência urinaria. ⚫ Especular: através de um instrumento denominado especulo, formado por material metálico ou de plástico descartável, esse instrumento apresenta duas valvas iguais quando fechadas, variando de tamanho (1,2,3). Fundamental a escolha do tamanho para cada paciente, visando o mínimo de desconforto da paciente. ⚫ Inicialmente afasta os pequenos lábios, visualizando o introito vaginal, introduz o aparelho, em ângulo de 75 graus (evitando lesão uretral), em direção ao cóccix e fundo de saco, posteriormente iniciar a abertura do especulo, até a visualização do colo uterino. Inspecionando as paredes vaginais, manchas e lacerações, bem como orifício externo do colo (puntiforme nas nuliparas e em fenda nas multíparas). Coleta do material citopatológico: ⚫ Exame fundamental para diagnostico, e prevenção de neoplasias do colo. ⚫ A coleta deve ser efetuada em duas fases. A primeira utiliza a espátula de Ayres, fazendo uma rotação de 360 graus, possibilitando assim o raspado sobre a JEC (junção escamo colunar), região onde se inicia a maioria dos processos neoplásicos. ⚫ A seguir, utiliza uma escova, que deve ser introduzida 2 cm dentro do canal endocervical, fazendo movimento de rotação. ⚫ Após a coleta de ambas, fazer o esfregaço na lamina, e fixar com fixador citológico. Na coleta em meio líquido após utilizar a espátula de Ayres, ela é quebrada e a porção que fez o raspado é colocado no recipiente do meio líquido, o que é mais fácil para os patologistas. ⚫ Toque genital: importante para avaliar os órgãos genitais internos, bem como a existência ou não de massas palpáveis. O toque retal é feito se houver suspeita de massa na região de fundo de saco, sendo necessário fazer a troca das luvas para fazer o toque retal.
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