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LIGA ACADÊMICA DE GASTROENTEROLOGIA E HEPATOLOGIA Acadêmicas: Letícia Marques e Marília Veras Diarreias Introdução Definição eliminação de fezes de consistência diminuída, acompanhada de: Aumento do número de evacuações diárias (> 3x ao dia) Aumento da massa fecal (>200g/dia) Decorre da ↑ da secreção e/ou ↓ absorção de líquido na luz intestinal A complicação mais frequente é a desidratação Pode ser classificada quanto a sua duração, topografia e fisiopatologia Quanto a duração: Diarreia aguda (< 2 semanas) Diarreia persistente (entre 2-4 semanas) Diarreia crônica (> 4 semanas) 2. Quanto a topografia: Diarreia alta intestino delgado Diarreia baixa cólon Classificação Classificação DIARREIA ALTA Proveniente do intestino delgado Diarreia volumosa Menor frequência de evacuações Achados: restos alimentares, odor fétido e esteatorreia DIARREIA BAIXA Proveniente do intestino grosso (cólons) Diarreia pouco volumosa Maior frequência de evacuações Achados: tenesmo, muco, pus 3. Quanto a fisiopatologia: Classificação Fisiopatologia Diarreia osmótica Diarreia secretória Diarreia inflamatória / invasiva Diarreia + esteatorreia Diarreia funcional Presença de substância osmoticamente ativa não absorvível Cessa com o estado de jejum Absorção de eletrólitos mantida Gap osmolar fecal elevado Exemplo: intolerância a lactose Classificação DIARREIA OSMÓTICA DIARREIA SECRETÓRIA Toxinas, drogas que levam a um desequilíbrio hidroeletrolítico Gap osmolar fecal baixo (<50mOsm/L) Persiste com jejum Exemplo: laxativos, bactérias produtoras de toxinas (cólera) Lesão direta da mucosa intestinal Disenteria – presença de sangue, muco e pus nas fezes Dor abdominal Tenesmo Lactoferrina aumentada Classificação DIARREIA INFLAMATÓRIA DIARREIA + ESTEATORREIA Síndrome disabsortiva Volumosa e com odor fétido Perda ponderal Pode significar insuficiência pancreática exócrina Massa lipídica fecal Hipermotilidade intestinal Exemplo: síndrome do intestino irritável, diarreia diabética por neuropatia autonômica. Ausência de doença justificável ROMA IV Classificação DIARREIA FUNCIONAL Diarreia aguda Etiologia VÍRUS Norovírus * Rotavírus Adenovírus astrovírus BACTÉRIAS: Salmonella Shiguella E coli campylobacter PROTOZOÁRIOS: Giardia Entamoeba histolytica cyclopora HELMINTOS Ascaris Estrongiloides Necator americans Etiologia Etiologia Staphylococcus aureus principal causados de intoxicação alimentar Salmonella, shigella e campylobacter alimentos deteriorados e higiene precária shigella, rotavirose creche PATÓGENO MANIFESTAÇÃO CLÍNICA Salmonella Osteomielite na anemia falciforme Campylobacter Pseudoapendicite, síndrome de Guillan-barré S. aureus Vômitos e diarreia iniciados poucas horas após exposição Shigella Alta infectividade, complicações intestinais e sistêmicas V. Vulnificus Sepse C. perfringens Necrose hemorrágica do jejuno (betatoxina) e diarreia volumosa Etiologia Em geral, são episódios leves com perda de menos de 1l de liquido nas fezes. A forma grave pode levar a perda de mais de 5 litros, ocasionando: Desidratação Hipovolemia Acidose metabólica Quadro clinico: dor abdominal difusa, vômitos, náuseas, distensão abdominal e flatulências. Quadro clínico Nas diarreias agudas não inflamatória, não costuma ser necessário realizar exames para investigação etiológica. Diagnóstico QUANDO SOLICITAR EXAMES Diarreia > 7 dias > 6 episódios/dia Alto risco de complicações (idosos, imunodeprimidos) Presença de sangue, pus e muco Sinais de comprometimento sistêmico (alteração do estado mental, disfunção renal) Febre Diarreia aquosa profusa com franca desidratação Quais exames solicitar? Laboratoriais EAF (pesquisa de hemácias, leucócitos e muco) Coprocultura, antígenos, EPF Evitar colonoscopia Diagnóstico De acordo com a aceitação do paciente Em lactentes, o aleitamento materno NÃO deve ser interrompido Tratamento DIETA HIDRATAÇÃO Quando possível, preferir reidratação oral Reidratação venosa reservada para casos graves e não aceitação da VO Ringer lactato – mais usado Soro fisiológico em grande quantidade pode levar a uma acidose metabólica hiperclorêmica Se diarreia não inflamatória Racecadotrila - 100mg VO 8/8h Loperamida - ataque 4mg + 2mg após cada evacuação Contraindicado em diarreia inflamatória Tratamento ANTIDIARREICOS PROBIÓTICOS Restabelecer microbiota intestinal Baixa evidencia em diarreia aguda Maior evidência em diarreia pós antibioticoterapia Mais prescrito – Saccharomyces boulardii (floratil) Indicaçoes: Leucocitos fecais no EAF Disenteria Desidratação importante +8 evacuações/dia Paciente imunodeprimido Paciente hospitalizado por diarreia Tratamento ANTIMICROBIANOS Drogas: Ciprofloxacino 500mg 12/12h por 3-5dias Levofloxacino 500mg 1xdia por 3-5dias Azitromicina 1g VO dose única ou 500 VO por 3 dias Diarreia crônica Etiologia INFLAMATÓRIA Infecções crônicas Doença inflamatória intestinal DISABSORTIVA Doença celíaca AQUOSA Diverticulite Colite isquêmica Neoplasias Parasitária Insuficiência pancreática Medicamentosa Dismotilidade Neoplasias Vasculites Má absorção de carboidratos Enterotoxinas Má absorção de sais biliares Abordagem ao paciente Anamnese: Características das fezes Tempo de evolução Sintomas associados: febre, náuseas e vômitos, dor e distensão abdominal, artalgia/artrite, anemia, lesões de pele Antecedentes: DM, doença pancreática, tireoideana, reumatológicas, DII, HIV Cirurgias prévias: ressecção intestinal Investigar uso de medicamentos, álcool e outras drogas Viagens recentes Hábitos alimentares Abordagem ao paciente Sinais de alarme: Mudança inexplicável no hábito intestinal, sangue persistente nas fezes, sintomas noturnos e perda de peso não intencional orgânica Exame físico: Sinais vitais Desidratação Exame do abdome: normalidade dos ruídos hidroaéreos, visceromegalias, dor à palpação e massas abdominais Má absorção: queda de cabelos, alterações cutâneas e atrofia muscular Hemograma e bioquímica Anti-transglutaminase IgA e Anti-endomísio IgA Teste respiratório para Síndrome Disabsortiva Amostra de fezes: PH e Gap osmolar Sangue oculto Leucócitos fecais Gordura fecal Dosagens de lactoferrina, calprotectina e elastase Parasitológico: 3 amostras + pesquisa de antígenos de Giardia e Ameba Diagnóstico 23 Imunodeprimidos: pesquisar Cryptosporidium parvum, Isospora belli, Microsporidia e Mycobacterium avium Coprocultura Endoscopia/ enteroscopia: diarreia do ID Colonoscopia: diarreia do IG RM e TC: Casos de esteatorreia, diarreia secretória e diarreia inflamatória Observar anormalidade anatômicas e extensão da inflamação Suspeita de pancreatite crônica e neoplasias Diagnóstico Abordagem ao paciente Abordagem ao paciente Diarreia Orgânica Funcional -Queixa prolongada -Sem sinais de alarme -SII forma diarreia -Diarreia funcional - -Sintomas noturnos ou contínuos -Perda ponderal -Desidratação mais grave -Sangue e muco nas fezes Tratamento Específico Hidratação Nutrição Questões QUAIS, DOS SEGUINTES AGENTES INFECCIOSOS, PODEM CURSAR COM PSEUDOAPENDICITE? A- Campylobacter e Shigella. B-Salmonella e Yersinia. C- Campylobacter e Salmonella. D- Shigella e Salmonella. E- Campylobacter e Yersinia. RESPOSTA: LETRA E Campylobacter e Yersinia acometem cólon proximal, podendo simular um quadro de apendicite, com dor abdominal (tipicamente no quadrante inferior direito), cefaleia e mialgias. UM HOMEM DE 40 ANOS DE IDADE HÁ DOIS DIAS COM DIARREIA AQUOSA, CINCO EPISÓDIOS POR DIA E DOIS EPISÓDIOS DE VÔMITOS, DESDE O INÍCIO DO QUADRO. AO EXAME FÍSICO: TEMPERATURA = 36,9 GRAUS CENTÍGRADOS, PRESSÃO ARTERIAL = 120X70 MMHG, PULSO = 80 BATIMENTOS/MINUTO E FREQUÊNCIA RESPIRATÓRIA = 14 MOVIMENTOS/MINUTO. RELATA DESCONFORTO À PALPAÇÃO DO ABDOME, MAS NÃO HÁ SINAIS DE IRRITAÇÃOPERITONEAL. ALÉM DE MEDICAÇÕES SINTOMÁTICAS, QUAL DEVE SER O TRATAMENTO ADEQUADO PARA ESSE PACIENTE? Ciprofloxacin Metronidazol Nitazoxanida Tinidazol Observação clínica RESPOSTA LETRA E Trata-se de um paciente com diarreia aguda aquosa sem sinais de alarme, logo, não há indicação de antibioticoterapia Paciente, de 35 anos, chega à UPA com dor em fossa ilíaca direita de forte intensidade. Refere início há 3 dias e maior intensidade há 1 dia. Diz ter tido episódios semelhantes por várias vezes (não recorda quantas). Apresenta também uma história de emagrecimento e diarreia crônica há 6 meses e quadro de ansiedade por perda do emprego. Ao exame físico encontra-se afebril e com forte dor à palpação da fossa ilíaca direita. Qual a hipótese diagnóstica mais provável? A- Apendicite aguda. B- Hérnia inguinal estrangulada. C- Verminose. D- Ileíte terminal. E- Tumor de cólon. RESPOSTA: LETRA D Paciente com quadro de diarreia crônica que vem com perda ponderal, logo sabe-se que não é uma diarreia funcional. A ileíte terminal pode ter diversas causas, como infecção por tuberculose ou por doença inflamatória intestinal, e consegue justificar o quadro diarreico e de dor abdominal localizada em fossa ilíaca direita. Mulher, 22 anos, estudante, solteira, natural e procedente de Maceió. Refere diarreia pastosa há 2 anos, sem produtos patológicos, 5 evacuações ao dia, de pequeno volume, sem relação com a alimentação, associada a cólica abdominal, que por vezes alivia com a evacuação. Nega perda ponderal ou despertar noturno. Nega comorbidades ou uso de medicamentos. Qual o diagnóstico provável? A- Diarreia aguda de provável origem infeciosa B- Diarreia funcional C- SII com diarreia D- Doença inflamatória intestinal RESPOSTA LETRA C Trata-se de uma diarreia crônica funcional (mais de 2 meses, ausência de despertar noturno e perda ponderal) . As diarreias crônicas funcionais não possuem queixa de dor abdominal e alivio com evacuações. Trata-se, então, da SII forma diarreica. Chronic diarrhea diagnosis and management. Clinical gastroenterology and hepatology, 2016. Diarrea crônica definicion classificacions e diagnóstico. Gastroenterol hepatol, 2015. Zaterka S, Eiseig JN. Tratado de Gastroenterologia da Graduação à Pós-graduação. 2ª edição - Editora Ateneu, 2016. Referências
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