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Armazenagem e Movimentação de Materiais A Armazenagem e seus Elementos Estratégicos Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Ms. José Joaquim do Nascimento Revisão Textual: Prof. Esp. Natalia Mendonça Conti 5 • Introdução • As Funções Básicas da Gestão de Armazenagem • Elementos Estratégicos na Gestão de Armazenagem Nosso tema central é O Armazém. Trata-se de um tema dentro da Logística Integrada e da Administração de Materiais, aquela que trata do controle de materiais, entre outras atividades dentro da empresa. Um caminho para você compreender melhor é fazer indagações como as questões abaixo: • Por que os armazéns nas empresas? • O que chamamos de política de armazenagem? • Quais estruturas e equipamentos são necessários para um armazém? Trata-se dos primeiros passos para compreender este tema que é visto como o elemento principal de guarda dos produtos e/ou materiais das empresas. Veja as indicações de links, assistindo aos vídeos, assim como realizando as atividades e interagindo com os colegas. Esta estratégia é fundamental para o seu desenvolvimento. · Nesta Unidade vamos começar uma discussão interessante sobre os almoxarifados e armazéns. Por enquanto vamos identificar os elementos principais que compõem a atividade de gestão e avançar gradativamente sobre os assuntos de relevo. A Armazenagem e seus Elementos Estratégicos • Desafios do Gestor de Armazenagem 6 Unidade: A Armazenagem e seus Elementos Estratégicos Contextualização Uma das principais características da logística moderna é sua crescente complexidade operacional. Aumento da variedade de produtos, entregas mais frequentes, menores tempos de atendimento, menor tolerância a erros de separação de pedidos e pressões para redução dos níveis de estoque, são alguns dos principais drivers da atividade desta área. Uma das atividades fortemente influenciada é a de armazenagem, devido à variedade de novos produtos, que exigem instalações, estruturas, equipamentos, sistemas inteligentes de coleta e gerenciamento de informações, além de pessoal qualificado. Daí a armazenagem dos produtos e/ou materiais ganhar status de atividade estratégica para empresas atuais. Isso tem empurrado as empresas na direção de um contínuo processo de modernização, tanto tecnológico, quanto gerencial. 7 Introdução Vamos iniciar com um conceito básico de armazenagem. A armazenagem é um termo que sintetiza um conjunto de atividades relativas à recepção, descarga, carregamento, arrumação e conservação de produtos e/ou materiais acabados ou semi-acabados em uma empresa (DIAS, 2009). Para Bonzato (2006), quando tratamos da armazenagem, basicamente falamos da função da mesma que é administração do espaço e do tempo. O espaço é sempre limitado e, portanto, os bons operadores usam o espaço disponível efetivamente. O tempo e a mão-de-obra são significativamente mais difíceis de gerenciar que o espaço. A Logística e a Gestão de Armazenagem Primeiramente, vejamos como teóricos da logística tratam a questão da armazenagem. Moura (2000: p. 51), considera que: “A logística constitui-se num sistema global, formado pelo inter-relacionamento dos diversos segmentos ou setores que a compõem. Compreende a embalagem e a armazenagem, o manuseio, a movimentação e o transporte de um modo geral, a estocagem em trânsito e todo o transporte necessário, a recepção, o acondicionamento e a manipulação final, isto é, até o local de utilização do produto pelo cliente”. Veja que o autor considera a logística como atividade que pode gerar um diferencial competitivo para as empresas. É certo que isto decorre do fato dos mercados estarem globalizados. Esta perspectiva de globalidade das atividades econômicas afeta decisivamente a atividade logística à medida que os níveis de serviços desejados pelos consumidores se elevam. Porém, não necessariamente a partir de aumento dos custos para empresa. O sentido tem sido de redução dos custos em todos os aspectos, e inevitavelmente, nas atividades que sintetiza a logística, como a armazenagem. Assim a redução de perdas, seja de tempo de movimento, tempo de espera, perda de espaços verticalizados, no tempo de atendimento e nos erros de separação de pedidos, entre outros, que em conjunto impactam no custo total logístico e, consequentemente, nos custos totais dos produtos (GONÇALVES, 2013). Ao falarmos de área tradicional da logística, você deve considerar que a armazenagem é uma dessas áreas, pois ELA dá o suporte ao processo logístico, que segundo Pozo (2007) significa o apoio ao desempenho das atividades primárias do abastecimento de recursos às empresas. Outro teórico que discorre na mesma linha é Lacerda (2009), que sugere que a armazenagem sintetiza um conjunto de atividades que envolvem a administração dos espaços físicos necessários para manter os produtos ou materiais estocados, seja na própria fábrica, ou em locais externos, como os centros de distribuição - CDs. A atividade de armazenagem envolve a localização, o dimensionamento, o arranjo físico, equipamentos e pessoal especializado, assim como: recuperação de estoque, projeto de docas ou baías de atracação, embalagens, manuseio, entre outras atividades executadas por pessoas com equipamentos diversos (LACERDA, 2009). 8 Unidade: A Armazenagem e seus Elementos Estratégicos Razões Básicas para Existência da Armazenagem Considerando as atividades de guarda e controle de produtos diversos dentro de um ambiente, a armazenagem tem como objetivo a garantia da especificação dos produtos após a armazenagem. Ou seja, o gestor do armazém deve considerar obrigação básica receber o material e entregar para destino nas condições físicas que recebeu. Trocando Ideias Ora, qual o sentido para uma empresa manter um local com pessoas, equipamentos entre outros recursos, só para guardar mercadorias e quais os motivos? Existem diversos motivos para a existência do armazém, pois autores como Wanke (2011), por exemplo, sugerem que existem várias razões para uma empresa utilizar espaço físico de armazenagem. Elas são: • Para obter economias de transporte; • Para aproveitar descontos por quantidades e compras antecipadas; • Para manter uma fonte de fornecimento; • Para apoiar as políticas de serviço ao cliente da empresa; • Para coordenar a necessidade de produtos com a demanda; • Para as necessidades da produção; • Para apoiar as estratégias de marketing; • Para apoiar programas Just in time de fornecedores a clientes Podemos ainda considerar que a atividade da armazenagem dos produtos deve considerar a questão da localização correta do material nos ambientes de armazenagens como uma função básica. Já no que se refere às razões básicas para a sua existência, existem várias, além das citadas acima. Ocupar os espaços da forma mais ampla possível, assim como movimentar os produtos ou separar os mesmos para entrega com erros mínimos, são objetivos básicos dos gestores de almoxarifado e/ou armazém. O desenho de uma política para que a empresa venha a atingir seus objetivos, e consequentemente conseguir reduzir seus custos, auxilia a empresa na sua atividade econômica como um todo (GONÇALVES, 2013). Vamos ampliar nosso horizonte sobre o tema armazenagem e considerar que tanto o almoxarifado quanto o armazém exercem a função de armazenar produtos e/ou materiais. Veja a figura abaixo que posiciona a imagem de almoxarifado e armazém dentro da cadeia de abastecimento de uma estrutura produtiva. 9 Fonte: Dias, 2009 Para Pensar Veja na figura que o almoxarifado de materiais está no início do processo e o armazém está no final do processo produtivo. A armazenagem de produtos e/ou materiais aparece em dois momentos, será por que a armazenagem é tão importante? Guardar materiais e/ou produtos,seja no almoxarifado ou no armazém é uma atividade constante. Como as instalações e os equipamentos ajudarão ao gestor adotar uma estratégia eficiente, é o grande desafio do gestor. Assim é que entendemos ser necessário um planejamento que integre as áreas e suas decisões. Estas, por sua vez, devem considerar as políticas de serviço ao cliente, as políticas de armazenagem, entre outras que visam prover um fluxo eficiente de produtos e/ou materiais ao longo de toda a cadeia de suprimentos (LACERDA, 2009). As Funções Básicas da Gestão de Armazenagem É certo que a existência dos armazéns se justificam por diversos motivos, como salienta Lima (2002), alguns muito visíveis outros até pouco conhecidos. O mesmo acontece com as funções básicas da armazenagem que podem ser identificadas como: • recepcionar; • inspecionar e controlar a qualidade; 10 Unidade: A Armazenagem e seus Elementos Estratégicos • reembalar; • guardar a mercadoria; • armazenar; • adiar; • separar e agrupar; • embalar e expedir; • cross-docking; • reabastecer. Missão da Gestão da Armazenagem A atividade de armazenagem se justifica por diversos motivos e tem diversas funções, todas levando a um propósito do ponto de vista da atividade empresarial. É certo que a gestão do armazém deve ter uma missão, que é gerar soluções de armazenamento seguro e barata. Pode-se definir a missão da armazenagem como o compromisso entre os custos e a melhor solução para guarda dos produtos, sendo atividade estratégica para o processo logístico (RODRIGUES, 2006). A armazenagem dos produtos é um fator importante para as empresas, pois podem afetar a satisfação do consumidor, como menciona Pozo, (2007). Entretanto, os consumidores não se interessam no como é feito a armazenagem dos produtos, assim como o transporte. O que importa mesmo para eles é que seu produto chegue em sua casa sem defeitos ou atrasos. Independente das percepções dos consumidores ou de que eles tenham interesse ou não, a armazenagem dos produtos e o seu manuseio acontecem e são essenciais para as empresas e, para acontecerem, envolvem a escolha do espaço, um correto armazenamento, entre outras atividades inerentes em função da característica dos produtos (POZO, 2007). Na atividade de armazenagem, o manuseio dos produtos e/ou materiais é uma questão de relevo para o gestor. Precisamos que você entenda que os produtos passam por um processo de recebimento, movimentados para estocagem e, posteriormente, separados e montados em lotes ou pacotes para assim serem encaminhados aos clientes e consequentemente, atender e satisfazer às exigências dos clientes. Quem vai ser responsável pela operacionalização destas atividades, obviamente, será o gestor do armazém ou do almoxarifado, se tratarmos de materiais usados nos processos produtivos. (FIGUEIREDO, 2009). Para Figueiredo (2009), para o tratamento correto, ou ainda, o manuseio e a estocagem, é necessário um bom gerenciamento, uma vez que o produto necessita de cuidados para que não chegue nas mãos dos clientes com danos diversos ou divergências de quantidades, fatores determinantes dos níveis de satisfação dos clientes. Para a empresa, o custo de erros ou danos gerados com o produto nas atividades de armazenagem podem ser definidos no âmbito da logística reversa, pois o retorno do produto envolve toda uma cadeia de distribuição reversa que geram gastos desnecessários para a empresa. Outras questões ainda fazem parte do gerenciamento, como a otimização dos espaços existentes no armazém. 11 A Evolução da Armazenagem como Atividade Estratégica Não se tinha toda essa preocupação com armazenagem há poucas décadas, pois a Administração superior não considerava como parte da distribuição física, apenas como um local para estocar, como salienta Lima (2002). O equipamento de movimentação tinha pouca importância e a função do profissional do armazém não era reconhecida mesmo sabendo que 20% do PIB (produto interno bruto) é gasto em armazéns e distribuição física e do custo de quase todos os produtos imagináveis, 25% decorre da movimentação física. À medida que a questão dos custos foi pressionando as margens de lucratividade, atividades como a logística passaram a ser repensadas e o fator distribuição física da mercadoria se tornou estratégico, tanto interno quanto externo ( RODRIGUES, 2006). A armazenagem em qualquer empresa, se bem administrada, pode ser sinônimo de economia, podendo optar por diminuir quantidades de armazéns, se este for o caso, ou então, diminuir o tamanho do armazém ( RODRIGUES, 2006). A ocupação do espaço físico nos armazéns há algum tempo, era utilizada tanto no que diz respeito à economia financeira, ou seja, redução dos custos de armazenagem, quanto na economia de espaço físico no armazém, muito mais como armazenagem horizontal do que vertical. E as empresas, percebendo que isto era um processo que acarretava custo, partiram para a utilização das modernas estruturas metálicas verticais e os porta pallets. Ideias Chave Há diferenças entre armazenagem e estocagem. Vejamos: Estocagem é uma atividade de guarda segura e ordenada de matérias primas, e armazenagem como uma atividade de estocagem ordenada e distribuição de produtos acabados na própria fábrica ou para os clientes. Veja que na estocagem não exploramos as estruturas e nem os equipamentos de movimentação de materiais na empresa. Elementos Estratégicos na Gestão de Armazenagem Caro aluno, há uma sequência dos itens que compõem nossa análise relativa à gestão de armazenagem, mas com um breve comentário para que você entenda a estrutura de nosso estudo. Atente-se ao significado de cada questão para entender a administração do Armazém. I – Estruturas e Equipamentos no Movimento de Materiais nos Armazéns A movimentação dos produtos dentro dos espaços dos armazéns tem sido considerada uma atividade estratégica para a segurança dos recursos envolvidos e dos equipamentos usados e, por conseguinte, para menores danos aos produtos que ficam guardados nesses locais (MOURA, 2002). 12 Unidade: A Armazenagem e seus Elementos Estratégicos Assim sendo, a questão relativa ao posicionamento adequado das estruturas de armazenamento no ambiente e os movimentos de equipamentos para estocagem são constantemente repensadas nos armazéns. Em síntese, o layout de um armazém pode contribuir efetivamente com a segurança, a economia do uso de recursos e, portanto, otimizar o uso de todos os recursos envolvidos com a armazenagem. Ainda, para Moura (2002) a escolha do equipamento adequado para movimentar os produtos, assim como os manuseios necessários no interior do armazém são atividades operacionais que sugerem decisões criativas para os gestores, tendo em vista que os danos às mercadorias são gerados, em grande medida, nas diversas movimentações que os produtos sofrem nos armazéns. II – Os Custos Gerados com a Armazenagem Em todas as atividades empresariais, seja na indústria ou no comércio, assim como nos serviços de qualquer natureza, a questão dos custos passou a ser decisiva na indicação dos níveis de produtividade e rentabilidade das atividades econômicas, como salienta Lacerda (2009). Tanto os custos relativos aos processos quanto os custos gerados com a ociosidade dos recursos (produtos) passaram a ser objeto de preocupação e de criação de estratégias para que fossem reduzidos e em alguns casos eliminados (LACERDA, 2009). Os custos com a distribuição física, assim como aqueles gerados com a guarda dos produtos, passaram a ser estratégicos devido aos investimentos necessários para a realização destas atividades. Equipamentos, estruturas físicas de estocagens e as plantas industriais estão levando a Administração a considerar, no mínimo, duas possibilidades: arrendar um armazém ou construir? Terceirizar todas as atividades ou partes?O volume de investimentos em estruturas, equipamentos, sistemas de gerenciamento da informação, recursos humanos treinados, entre outras variáveis têm pesado na decisão da alta Administração sobre a armazenagem de seus produtos (LACERDA, 2009). III – O Projeto Armazém Versus Estruturas Físicas O planejamento do projeto armazém é outra questão não menos importante para a alta Administração. Para Lacerda (2009), diversas questões devem ser consideradas uma vez que os produtos ofertados pelas empresas têm características diversas e exigem níveis de cuidados para guarda e manuseios diversos. Se por um lado os produtos exigem estratégias de controle diversos, por outro lado, os recursos envolvidos para manuseio e movimentação também não devem ser negligenciados pelos gestores, como observados acima. Ademais, cabe ainda considerar que as estruturas físicas usadas, como as estantes, devem ser pensadas para que os produtos fiquem bem acomodados e os riscos de danos sejam minimizados, assim como os pontos de acesso para carga e descarga também (HONDA, 2002). Podemos observar, portanto, que os produtos, os recursos como equipamentos e pessoas envolvidas, assim como as estruturas físicas compõem o conjunto de elementos que estão sendo considerados nas decisões de armazenagem e movimentação dos produtos nos armazéns. 13 Assim sendo, a palavra “Planejamento” é chave no quesito decisões de armazenagem e movimentação de produtos nos armazéns (LACERDA, 2009). O planejamento da armazenagem e movimentação diz respeito às decisões dos gestores relativos aos recursos necessários para tal atividade, assim como a localidade mais econômica para empresa, em termos logísticos, para acesso aos recursos necessários, seja para produção ou comercialização, assim como para distribuição. No que tange a questão operacional, o projeto armazém deve considerar a dimensão das instalações, pensar aspectos relativos à recepção dos produtos como as docas de recebimentos (LACERDA, 2009) Outra questão que aparece na armazenagem e a movimentação interna dizem respeito aos sistemas de comunicação existentes, uma vez que a coleta do produto no armazém sugere alguma forma de identificação do produto dentro do armazém, ou seja, sua localização. Há equipamentos que auxiliam na identificação, contagem e coleta, porém todos estão relacionados às características das atividades, do volume de negócios e aos tipos de produtos existentes. Ademais as tecnologias representam investimentos que a Administração considera nos desenhos de seus projetos de armazéns (MOURA, 2000). IV – A Tecnologias da Informação no Gerenciamento dos Armazéns Ao falarmos de sistemas de armazenagem estamos naturalmente falando de um conjunto de elementos que, combinados, permitem a realização da atividade de armazenagem de produtos e mercadorias. Neste item estamos nos referindo às tecnologias da informação nas atividades do armazém. Estamos tratando do sistema WMS – Warehourse Management System, por exemplo, que permite um gerenciamento intensivo de toda a movimentação de produtos do armazém, como salienta Veríssimo (2003). As informações quantitativas relativas às entradas e saídas são conhecidas pelos tomadores de decisões da empresa em tempo real. A programação das quantidades necessárias de produtos ou materiais para produção, informações relativas aos níveis de produtos estocados nos armazéns, assim como os momentos de suprimentos ou abastecimentos podem ser gerados por sistemas (VERISSIMO, 2003). No que tange a movimentação, o emprego da tecnologia RFID a partir de etiquetas inteligentes, e sistemas de coletas de produtos em estruturas físicas projetadas para permitir tal coleta, são recursos cada vez mais presentes nas atividades de armazenagem. Explore Para ampliarmos a visão do que vem a ser um sistema de armazenagem, gostaria que assistisse ao vídeo abaixo. Trata-se de um tipo de sistema de armazenagem, e busque correlacionar com outros sistemas possíveis: http://youtu.be/uKFIUBERGnw 14 Unidade: A Armazenagem e seus Elementos Estratégicos Ao falarmos de Sistemas de armazenagem, você deve entender como um conjunto de elementos organizados em um espaço, tais como: estruturas físicas, equipamentos e processos de estocagem que servem para receber, movimentar, arrumar e depois separar os produtos, de forma conveniente, seja manualmente, ou a partir de tecnologias, como as empilhadoras e porta-paletes. Há vários tipos de sistemas de armazenagem, que são concebidos de acordo com a tipologia de produto a ser armazenado e a área disponível, entre outros parâmetros (RAGO, 2002). Trocando Ideias Sistema de armazenagem e sistemas de estocagem são a mesma coisa, o que não deve ser confundido com gestão de armazém e gestão de estoques. A gestão de estoque diz respeito aos custos das mercadorias adquiridas, assim como seus custos e os momentos de adquirir e em que quantidades devem ser adquiridas. A gestão do armazém está relacionada às atividades de recebimento, guarda e posteriormente de identificação, separação e por fim expedição dos produtos adquiridos. Como existem vários sistemas de armazenagem de produtos e/ou materiais, precisamos identificar referenciais para então definir um sistema. Pode ser a partir do produto, considerando elementos como o peso, as dimensões, entre outros elementos. Podemos ainda considerar o espaço em termos de tamanho, altura, características do piso, assim como a quantidade de produtos a serem armazenados, entre outras variáveis (RODRIGUES, 1999). V – Medidas de Performance da Armazenagem Por fim, indicadores de desempenho da atividade de armazenagem são imprescindíveis uma vez que a performance do mesmo é determinada a partir de avaliação dos indicadores. Para Rodrigues (2006), é certo que há critérios para a análise das atividades de um armazém com vistas a identificar os níveis de produtividade dos recursos envolvidos e consequentemente os custos gerados para atividades. Tais informações são estratégicas para alta Administração uma vez que podem tomar decisões sobre a alocação de recursos que possam otimizar a atividade ou ainda adotarem novos processos capazes de tornar mais eficiente a armazenagem. Portanto, as questões relativas à eficiência dos recursos, às necessidades de investimentos em equipamentos, estruturas e sistemas ou até mesmo alterar processos existentes dependem de avaliações do sistema de armazenagem existente e dos indicadores de performance, os KPIs. Não esquecendo que a determinação de indicadores sugerem métodos e, portanto, critérios devem ser adotados para identificar tais índices (RODRIGUES, 2006). 15 Desafios do Gestor de Armazenagem Já falamos das perspectivas do gestor e as colocamos aqui como desafios. Espaços e movimentos são palavras-chave quando falamos de uma gestão eficiente dos armazéns ou almoxarifados. Podemos dizer que é a palavra de ordem nos armazéns. Como conseguir movimentar de forma mais veloz, usar ao máximo o espaço, seja vertical ou horizontal é uma questão que cabe ao gestor. A lógica é que ao aumentarmos o volume de pedidos dos clientes, mais movimentos serão realizados no interior de um armazém, portanto, mais eficientes devem ser os recursos existentes e, consequentemente, maior deve ser controle da informação (FIGUEIREDO, 2009) À medida que os produtos estão se tornando customizados e os custos com cada metro quadrado se torna mais caro, em qualquer ambiente econômico, a busca por otimizar o espaço se torna incansável, como diz Lima (2002). A saída está aumentar a altura das estruturas físicas dos prédios e verticalizar a armazenagem. À medida que a armazenagem ganha outra perspectiva, como a verticalização, equipamentos de movimentação e controle assim como as estruturas de guarda dos produtos são alteradas. Logo, osinvestimentos se tornam mais expressivos. Os micro movimentos no interior do armazém devem ser planejados, pois é o que mais se observa dentro desses espaços físicos. A escolha do posicionamento dos produtos e/ou materiais, assim como as instalações de armazenagem devem ser vistas de forma estratégica. Daí dizermos que devem ser concebidas de forma conjunta com outros departamentos da empresa, uma vez que envolvem políticas de serviço ao cliente, políticas de estoque, transporte, entre outras atividades, todas dependentes de um fluxo eficiente de produtos e/ou materiais dentro da cadeia de suprimentos (LACERDA, 2009). A Armazenagem ainda é Necessária? Sim, a armazenagem ainda é necessária e será sempre necessária, visto que a demanda de produtos ou mercadorias nunca será determinada antes para todos os tipos de atividade econômica, conforme Lacerda (2009). Podemos dizer que ela será o caminho mais eficiente para consolidar as linhas de fornecedores de materiais ou produtos com seus respectivos demandantes: indústrias ou comércio (VERISSIMO 2003). É certo que novos projetos de armazéns especiais serão necessários, pois os volumes e as características dos produtos estão sofrendo mudanças rápidas demais. Projetos de armazéns especiais, instalação de dispositivos de separação rápida, a exemplo dos “alimentadores por gravidade”, serão ferramentas básicas pra integrar procedimentos diários de coletas e formação de picking (montagem de kits) (WANKE, 2011). O que aconteceu nos anos 60 em termos de automação nos armazéns, como experimento, agora se tornou básico e fundamental para a realização das atividades de guarda e montagem de kits por exemplo, como explica Rodrigues (2006). Estamos na era da informação e tudo que as empresas querem é inovar seus processos, sejam eles de produção ou de estocagem. 16 Unidade: A Armazenagem e seus Elementos Estratégicos Estamos vivendo o momento dos centros de distribuição, coisa que pouco era considerado há poucas décadas. Havia uma ideia de que se um armazém fosse bem projetado e pudesse movimentar o fluxo de entrada em paletes e caixas e o fluxo de saída em qualquer quantidade, certamente eliminaria a necessidade de centro de redistribuição para dividir o volume. Ledo engano. Os custos ditaram os rumos para os armazéns, de modo que ele tem sido o elemento propiciador de um estoque-pulmão onde necessário (RODRIGUES, 2006). Pense A história nos diz que todos os conceitos novos tendem a ser exagerados, mal-entendidos e propensos a falha ao longo do tempo, ou ainda em outros momentos. Isto acontece com métodos novos de produção assim como com de armazenagem. O CD – Centro de Distribuição não foi concebido como uma estrutura adequada em um momento e depois com o desenvolvimento da atividade econômica passou a ser. Por que a Armazenagem não acabará? É compreensível que os estudiosos da questão Logística considerassem que o crescente uso do Just-in-time, ECR e Reabastecimento Contínuo, Cross Docking, Inventário zero, pudessem significar um declínio na necessidade de Armazenagem. Alguns foram mais longe dizendo que a utilidade da armazenagem já definhou, assim como a régua de cálculo, máquina de escrever ou mimeógrafo (RODRIGUES, 2006). A armazenagem não foi extinta e não será, como explica Lacerda (2009), pois apesar da existência de técnicas inovadoras e de seu uso crescente na minimização do inventário, no uso da armazenagem, ainda há vários setores que não acompanharam e nem acompanharão a dinâmica destas inovações, seja elas em processos ou equipamentos. Ainda há desafios na logística para realizar as operações num ambiente Just-In-Time puro ou de reabastecimento contínuo, o que sugere que a armazenagem será essencial por muito tempo (LACERDA, 2009). Trocando Ideias Será que todas as empresas são perfeitas para prever sua demanda de materiais ou de mercadorias pelos consumidores finais e terem 100% destas previsões? Mesmo que algumas empresas o tenham, são poucas, visto que é necessário um grande investimento em infraestrutura organizacional: estruturas físicas, equipamentos e sistemas de controles avançados para conseguir atingir tal acuracidade para prever suas demandas. Mesmo que a empresa que você trabalhe seja perfeita, os fornecedores ou os clientes o são? Provavelmente não são, e como são uma importante parte de seu canal de suprimento, isto significará que a empresa em você trabalha terá que usar a armazenagem com segurança pelo menos parte do tempo. Ou ainda, ter um estoque de segurança, mesmo que seja mínimo. Daí a existência da armazenagem. 17 Tendência para a Armazenagem É possível que não se confirme nossas expectativas, mas atualmente a atividade de armazenagem chama a atenção de muitos elementos, não só de empresários. A expressividade deve ganhar corpo nas empresas e a armazenagem seja simplificada por processos novos, ou formas de consumo novas, como o e-commerce (comércio eletrônico). Esta prática é uma realidade no mundo e se desenvolve a passos largos aqui no Brasil. Alguns teóricos como Moura (2000) profetizam que em função desta prática, entre outras variáveis tecnológicas, os pedidos de entrega se tornarão ainda mais pulverizados, o que alterará os processos de armazenagem, principalmente no que se refere à identificação e separação de produtos para montagem de kits. Outro fator diz respeito ao lado das empresas relativo aos custos que estão apertando as margens de lucro e fazendo as empresas repensarem a questão logística interna de armazenagem. 18 Unidade: A Armazenagem e seus Elementos Estratégicos Material Complementar Por que a Armazenagem Não Acabará? Apesar do crescente uso de técnicas de minimização do inventário, o uso da armazenagem está se mantendo, provando que ainda existem muitos casos onde as empresas devem depender de estocagem a longo ou curto prazo para atender suas demandas logísticas. Outro motivo pelo qual acredito que a armazenagem continuará sendo essencial por longo tempo é o desafio logístico de operação num ambiente Just-In-Time puro ou de reabastecimento contínuo. É necessária uma grande quantidade de infraestrutura organizacional e acuracidade para prever suas demandas, e poucas empresas são perfeitas o suficiente para serem capazes de fazerem isto com 100% de seus produtos 100% do tempo. Mesmo que sua empresa seja esta perfeição, seus fornecedores ou seus clientes provavelmente não são, e como são uma importante parte de seu canal de suprimento, isto significará que você terá que usar a armazenagem com segurança pelo menos parte do tempo. Aproveite para assistir um vídeo no link que trata da importância da armazenagem na logística. http://youtu.be/n4yrSFCv_ts 19 Referências BONZATO, Eduardo e, Moura, Reinado A. - Aplicações Práticas de Equipamentos de Movimentação e Armazenagem de Materiais. São Paulo. Editora IMAM, 2006 DIAS, M. A. P. Administração de materiais: princípios, conceitos e gestão. 6ª ed. São Paulo: Atlas, 2009. FIGUEIREDO, K.F. (orgs.). Logística Empresarial: a perspectiva brasileira. São Paulo: Atlas, 2009. GONÇALVES, P. S. - Administração De Materiais - 4ª Edição Editora Campus- 2013. HONDA, H. & PEREIRA, L. C. G. (2002) - LOG&MAN Logística, Movimentação e Armazenagem de Materiais. Guia do visitante da MOVIMAT 2002. Ano XXIII, Setembro, n.143, p.18. LACERDA, Leonardo - Armazenagem estratégica: analisando novos conceitos. Centro de Estudos em Logística (CEL), COPPEAD/UFRJ, 2009. LIMA, Maurício P. - Armazenagem: considerações sobre a atividade de picking. Centro de Estudos em Logística (CEL), COPPEAD/UFRJ. 2002 MOURA, R. A. Sistemas e Técnicas de Movimentação e Armazenagem de Materiais - Editora: INSTITUTO IMAM, 2000. MOURA, A.R. - LOG&MAN Logística, Movimentação e Armazenagem de Materiais. Guia do visitante da MOVIMAT2002. Ano XXIII, Setembro, n.143, p.6. POZO, Hamilton, Administração de Materiais e Patrimoniais: uma Abordagem Logística, 4ª ed. São Paulo, Atlas, 2007. RODRIGUES, Alexandre M. - Estratégias de picking na armazenagem. Centro de Estudos em Logística (CEL), COPPEAD/UFRJ, 1999. RODRIGUES, PAULO ROBERTO AMBRÓSIO. Gestão Estratégica da Armazenagem, São Paulo: Aduaneiras, 2006. RAGO, S.F.T. (2002) - LOG&MAN - Logística, Movimentação e Armazenagem de Materiais. Guia do visitante da MOVIMAT 2002. Ano XXIII, Setembro, n.143, p.10-11. RITZMAN, L. P.; KRAJEWSKI, L. J. Administração da produção e operações. São Paulo: Pearson Education, 2004. WANKE, P. F. Gestão de estoques na cadeia de suprimento: decisões e modelos quantitativos. 3ª ed. São Paulo: Atlas, 2011. VIANA, João José. Administração de Matérias. 1ª ed. São Paulo: Atlas, 2002. VERISSIMO, N. & MUSETTI, M. A. A tecnologia de informação na gestão de armazenagem. In ENEGEP, 2003. 20 Unidade: A Armazenagem e seus Elementos Estratégicos Anotações www.cruzeirodosulvirtual.com.br Campus Liberdade Rua Galvão Bueno, 868 CEP 01506-000 São Paulo SP Brasil Tel: (55 11) 3385-3000
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