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Animais peçonhentos 1 Animais peçonhentos Veneno Um veneno consiste em qualquer tipo de substância tóxica, seja ela tóxica, líquida ou gasosa, que possa produzir qualquer tipo de enfermidade, lesão ou alterar as funções do organismo ao entrar em contato com um ser vivo, por reação química com as moléculas do organismo. Animais peçonhentos Os animais peçonhentos são aqueles que produzem substâncias tóxicas que podem ser injetadas, diretamente em outros organismos, graças a presença de um aparelho inoculador. Animais peçonhentos X venenosos Possuem o fato em comum de produzirem veneno. A diferença é a presença de uma estrutura para inocular (injetar, transmitir) essa substância nos animais peçonhentos. Os animais venenosos produzem venoso, mas não possuem estruturas para inoculação. Um exemplo é o sapo, em que algumas espécies são venenosas, mas o veneno só é liberado quando a glândula (paratoide) que o produz é pressionada. As glândulas de veneno ou peçonha dos animais peçonhentos ligam-se com dentes ocos, ferrões, cerdas ou aguilhões. As presas da serpente são usadas para inocular o veneno. Tipos de peçonhas e suas respectivas ações Peçonha é todo tipo de substância tóxica animal produzida por um glândula especializada (ou seja, o animal possui uma estrutura específica para produzir a substância). PEÇONHA MIOTÓXICA → afeta os músculos, produz lesões de fibras esqueléticas com liberação de enzimas e mioglobina par ao soro e são posteriormente excretadas pela urina; gera dores musculares que permanecem durante um longo período; PEÇONHA NEUROTÓXICA → afeta o SNC; ocorre devido à fração crotoxina (neurotoxina de ação pré-sináptica que atua nas terminações nervosas, inibindo a ação da ACh, sendo o principal fator responsável pelo bloqueio neuromuscular, o que gera paralisias motoras); URINA - nos primeiros dias mais avermelhada, e vai clareando Animais peçonhentos 2 PEÇONHA CITOTÓXICA → afeta células e tecidos; ocorre destruição tecidual, seguida de necrose da região afetada; PEÇONHA HEMOTÓXICA → afeta células sanguíneas; os vasos sanguíneos perdem sua capacidade de reter o sangue, a capacidade de coagulação (consumo dos fatores de coagulação) e o sistema imunológico são anulados, ocorrem hemorragias internas e outros sintomas; Acidentes com animais peçonhentos No Brasil, os principais animais peçonhentos que causam acidentes são as serpentes, escorpiões e aranhas. Escorpiões Os acidentes escorpiônicos são importantes em virtude da grande frequência com que ocorrem e da sua potencial gravidade, principalmente em crianças picadas pelo Tityus serrulatus. Animais peçonhentos 3 Tityus É gênero de importância médica no Brasil e as espécies T. bahiensis, T. serrulatus e T. stigmurus são as que estão relacionadas a casos graves ou envenenamentos no país. T. bahiensis → apresenta uma coloração marrom-escuro, às vezes marrom-avermelhado, pernas amareladas com manchas escuras e sem serrilhas na causa; é o causador de acidentes mais frequentes em SP; T. serrulatus → escorpião amarelo; apresenta o tronco escuro, patas, pedipalpos e cauda amarela serrilhada no lado dorsal; considerado o mais venenoso da Am. Sul, é o que mais causa acidentes; causador de acidentes graves, especialmente em MG; T. stigmurus → escorpião do NE; apresenta coloração amarelo-claro, com um triângulo negro na cabeça e uma faixa longitudinal mediana e manchas laterais no tronco; Reprodução Pode ser vivípara (nascem da mãe), ovípara e até por partenogênese (só é necessária a fêmea), dependendo da espécie de escorpião. Veneno O ferrão do escorpião (telson), além de servir para agarrar a presa, defesa e acasalamento, inocula na presa um veneno. Ferrão fica no telson. Animais peçonhentos 4 O veneno de todos os escorpiões tem efeito neurotóxico. A picada é extremamente dolorosa, provoca dor intensa no local afetado e se dispersa por todo o corpo, levando a vítima a uma estado de hiperestesia. A ação neurotrópica da peçonha age sobre o bulbo, que controla os movimentos respiratórios e cardíacos, além dos movimentos peristálticos, o que faz com que a vítima morra por parada respiratória. É interesse saber que a toxicidade do veneno de um escorpião pode ser comparada com o tamanho de seus pedipalpos (quanto mais o pedipalpo, menos tóxico). Sintomas ADULTOS → dor imediata, hiperemia e edema leve, piloereção e sudorese localizadas; CRIANÇAS → mais grave; abaixo de sete anos, há maior risco de alterações sistêmicas nas picadas de escorpião amarelo, requerem soroterapia específica. Medidas preventivas Para evitar condições propícias ao abrigo e proliferação de escorpiões, deve-se: Manter limpos quintais, jardins, sótãos, garagens e depósitos, evitando acúmulo de folhas secas, lixo e materiais, como entulho, telhas, tijolos, madeiras e lenha; Ao manusear materiais de construção, usa luvas de raspa de couro e calçados, pois nestes materiais podem estar abrigados escorpiões; Rebocar paredes e muros para evitar vãos e frestas; Usar telas em ralos de chão, pias ou tanques; Acondicionar o lixo em recipientes fechados para evitar insetos que possam servir de alimento à escorpiões; Roçagem de terrenos; Manter berços e camas afastados das paredes; Examinar calçados, roupas e toalhas antes de usá-los; Vedar soleiras de portas com rolos de areia; Como tratar uma picada de escorpião CONTATAR O SERVIÇO DE EMERGÊNCIA → 193 bombeiros ou 192 SAMU; procurar auxílio médico imediatamente, antes de tentar identificar o escorpião - crianças, idosos e pessoas com problemas pulmonares ou cardíacos devem sempre buscar imediatamente; vômito, sudorese, formação de espuma na boca; urina ou defecação involuntária; convulsões musculares, incluindo movimentos involuntários na cabeço, pescoço ou olhos, dificuldade para caminhar; taquicardia ou arritmia; dificuldade para respirar, engolir, falar ou ver; edema severo causado por uma reação alérgica; DESCREVA A VÍTIMA PELO TELEFONE → idade e peso (verificar risco); alergias ou comorbidades (em especial, a picadas ou mordidas de insetos); horário exato da picada; IDENTIFICAÇÃO DO ESCORPIÃO → capture-o, se for possível, ou tire uma foto; encontre alguém que monitore a vítima e que a leve para o hospital, se necessário; ENCONTRE O LOCAL DA PICADA → a picada pode ou não edemaciar; qualquer picada causará dor aguda ou queimação, seguida por coceira e dormência; LAVAR O LOCAL DA PICADA; MANTER A ÁREA DE LESÃO IMÓVEL E ABAIXO DO NÍVEL DO CORAÇÃO; ACALME A VÍTIMA; APLICAR UMA BOLSA FRIA OU GELO SOBRE A PICADA → frio desacelera o espalhamento do veneno; 1015 min com igual revezamento; problemas circulatórios de 5 em 5 min; Animais peçonhentos 5 TOMAR ANALGÉSICOS PARA REDUZIR A DOR → nunca narcóticos; PRIMEIROS SOCORROS; ORIENTAÇÃO MÉDICA → grupos de risco ou necessidade. DICAS: Reduza o risco de ser picado ao evitar lugares escuros e úmidos, como pilhas de madeira e cantos de porões. Para procura pela presença de escorpiões, use uma lanterna/lâmpada de luz negra para iluminar a cada cômodo da casa em que você considera ser possível a presença de escorpiões. Busque por um claro brilho-azul esverdeado - cor refletida por escorpiões quando estão debaixo dos raios UV da luz negra. AVISOS: Não corte o local da lesão - isso pode causar uma hemorragia séria ou infecção e não removerá o veneno da circulação sanguínea. Não tente sugar o veneno com a boca. Soroterapia TEMPO DE OBSERVAÇÃO DE CRIANÇAS PICADAS = 612h. Utilizam-se SAEEs = soro antiescorpiônico e SAAr = soro antiaracnídico. Na maioria dos casos graves, 4 ampolas são suficientes para o tratamento, pois neutralizam o veneno circulante e mantêm concentrações elevadas de antiveneno circulante por pelo menos 24h após a administração da soroterapia. Aranhas Maior número de casos. obs.: aranha caranguejeira → apesar de grande e com aparência amedrontadora, não é responsável por acidentes graves em humanos. Espécies de importânciamédia mais comuns Animais peçonhentos 6 No brasil, as aranhas perigosas do ponto de vista de saúde pública, são as dos gêneros: Phoneutria (armadeiras), Loxosceles (aranha marrom), Latrodectus (viúva-negra) e Lycosa (aranha de grama ou aranha de jardim). Todas são peçonhentas. Phoneutria (armadeiras) Chega a 15cm de comprimento (contando as patas) e é agressiva; abriga-se sob troncos, folhas, entulho, atrás de vasos, móveis e em calçados; a picada causa dor intensa imediatamente; conhecida por levantar as patas dianteiras, quando assume uma posição de ataque e pode saltar até 40cm de distância; considerada a mais perigosa do mundo, sendo encontrada no Brasil, onde é a aranha que mais causa acidentes; seu veneno em pequena quantidade pode levar uma pessoa à morte; SINTOMAS: surge dor intensa logo após a picada, acompanhada de marcas, edema e hiperemia no local; pode ocorrer taquicardia, sudorese, vômitos, diarreia, agitação e aumento da PA, priapismo. TRATAMENTO: injeção de anestésicos no local da picada para ajudar a reduzir a dor que acaba por desaparecer até 3h após o acidente; somente nos casos de sintomas mais graves (bradicardia ou dispneia), é necessário fazer o tratamento com soro antiaracnídeo ou antiloxoscélico; Loxosceles (aranha marrom) Não é agressiva, mas seu veneno pode matar; encontrada em locais com pouca iluminação e de difícil acesso, como em espaços de telhas, móveis e entre objetos guardados em depósitos, porões e similares; sua teia lembra um algodão esgarçado; tem até 3cm de comprimentos (contando as patas) e, geralmente, só ataca se for comprimida ou se sentir ameaçada; SINTOMAS: a picada não provoca muita dor, mas algumas horas após, surge no local uma lesão dura e escura que pode evoluir para necrose se não houver tratamento; TRATAMENTO: dependendo do quadro do paciente, o tratamento pode envolver limpeza no local, uso de corticoides, analgésico e, apenas nos casos mais graves, soco antiaracnídico; em todos os casos, é fundamental o cuidado que o próprio paciente tem com a lesão, para evitar que ela infeccione, inflame ou chegue a necrosar; Animais peçonhentos 7 Latrodectus (viúva-negra) Possui uma mancha vermelha em forma de ampulheta; conhecida por matar e alimentar-se do macho após a cópula; apenas as fêmeas picam os seres humanos e causam acidentes; corpo preto e abdomen arredondado com uma mancha vermelha; até 4cm de comprimento (contando as patas) e não é agressiva; locais com sombra, próximos de casas (canaletas de chuva, telhas e sob arbustos e pedras); SINTOMAS: dor intensa ("alfinete penetrando na pele" com sensações de queimadura), sudorese, contração muscular, alterações de pressão e batimentos cardíacos (taquicardia seguida de bradicardia), câimbras no local atingido, fraqueza, tremores, sensação de morte, arritmias e alterações nos níveis de cálcio e potássio; pode matar; Seu veneno tem ação neurotóxica. Lycosa (aranha de grama ou aranha de jardim ou aranha lobo) 3cm de corpo e 5cm de envergadura quando adulta; seta negra no abdomen; vivem em domicílios, gramados e jardins, sendo responsáveis por muitos acidentes, mas de pouca gravidade; SINTOMAS: veneno pouco potente; dor, eritema, edema, pruridos leves; casos graves = necrose superficial do local; TRATAMENTO: analgésicos, limpeza com antissépticos e, no caso de infecção secundária, deve fazer o uso de antibióticos tópicos e/ou orais - nunca esquecer da profilaxia do tétano (válido para qualquer tipo de picada por animal peçonhento). obs.: PROXILAXIA DO TÉTANO: Animais peçonhentos 8 Prevenção Em qualquer caso de acidente com animal peçonhento, o paciente deve ser medicado nas primeiras horas após o acidente. O soro antiveneno ou antipeçonha é o único tratamento eficaz. Cuidados após acidente Lave o local da picada de preferência com água e sabão; Mantenha a vítima deitada. Evite que ela se movimento para não favorecer a absorção do veneno; Se a picada for na perna ou no braço, mantenha-os em posição mais elevada; Não faça torniquete, impedindo a circulação sangue, pois pode causar gangrena ou necrose; Não fure, não corte, não queime, não esprema, não faça sucção no local da ferida e não aplique folhas, pó de café ou terra sobre ela para não provocar infecção; Não dê à vítima pinga, querosene ou fumo, como é costume em algumas regiões do país; Leve a vítima imediatamente ao posto de saúde mais próximo, para avaliação e para receber o soro, se necessário. Soroterapia SORO ANTIARACNÍDICO → contra picadas das aranhas dos gêneros Loxosceles e Phoneutria; SORO ANTILATRODÉTICO → contra picadas de aranhas do gênero Latrodectus; Abelhas e vespas Primeiros socorros Remova o ferrão; Lave a região afetada com água fria e sabão; Passe um antisséptico na pele, como iodopovidona; Aplique uma pedra de gelo para aliviar o inchaço e a dor; Passe uma pomada para picada de inseto na região afetada e deixe secar sem cobrir a pele, caso a vermelhidão não melhore; Anti-histamínico. Choque anafilático Acontece em pessoas com alergia ao veneno das abelhas ou que são picadas por muitas ao mesmo tempo. Intensa dificuldade para respirar com chiado; inchaço na boca, olhos e nariz, dor abdominal, náuseas e vômitos, sensação de bola na garganta, aumento dos batimentos cardíacos. Animais peçonhentos 9 TRATAMENTO: deve ser feito o mais depressa possível no pronto-socorro ou em um hospital, com a injeção de adrenalina e o uso de uma máscara de oxigênio para ajudar na respiração. Marimbondos A picada de marimbondos normalmente é muito desconfortável, pois causa uma dor muito forte, edema e hiperemia intensa no local da ferroada. No entanto, esses sintomas estão especialmente relacionados com o tamanho do ferrão e não com a intensidade do veneno. Para aliviar os sintomas, deve-se: Lavar o local com água e sabão, para evitar a entrada de microrganismos pela picada, que podem piorar a reação da pele; Aplicar uma compressa gelada sobre o local da picada por 510 min; Passar uma pomada anti-histamínica para picadas, como Polaramine ou Polaryn. Taturanas Todos os tipos de taturana possuem cerdas pontiagudas, fazendo com que o veneno contido nas mesmas seja injetado na pele das pessoas que entram em contato com elas. Isso causa muita dor, sensação de queimação, hiperemia e edema local. Um tipo de taturana, conhecida como Lonomia, causa além desses sintomas, alterações na coagulação sanguínea (sangramento gengival, urinário e outras partes do corpo). Pode levar a graves complicações - socorro deve ser imediato no hospital mais próximo. COMO TRATAR: Aplique uma fita adesiva, máscara fácil removedora ou cola branca sobre a área afetada e, então, puxe (espere que a máscara ou cola seque primeiro). Isso ajudará a remover os espinhos quebrados. Lavar o local com água e sabão também ajudará a remover os espinhos e o veneno; Aplique uma compressa de gelo sobre a área para diminuir o inchaço. Pode-se misturar 1 colher de sopa de bicarbonato de sódio com água o suficiente para fazer uma pasta que pode ser aplicada para reduzir o inchaço; Aplique cremes tópicos antissépticos para reduzir a dor e a coceira (nebacetin); Água-viva SINTOMAS: dor forte, edema e ardência acompanhadas por marcas vermelhas ou escurecidas deixadas pela ação do veneno na pele da vítima. Em acidentes graves: grande irritação na área afetada, vômitos, cefaleia e dores abdominais, intensa sensação de queimadura, sensação de constrição na garganta, convulsões e câimbras, insuficiência respiratória e arritmias Animais peçonhentos 10 cardíacas, paralisia do SNC. TRATAMENTO: lave o ferimento, sem esfregar, com água salgada; remova, com cuidado, os tentáculos que podem ter aderido à pele; faça compressas de vinagre por cerca de 30 segundos para aliviar a dor causada pelas toxinas; soro fisiológico ou água termal; não esqueça de aplicar filtro solar na área, pois estará sensível. obs.: NUNCA passe água doce, urina, sabonete ou álcoolna área afetada, pois essas substâncias estimulam a liberação do veneno que ainda possa estar retido nas células dos tentáculos. O veneno das águas-vivas podem permanecer em seus tentáculos mesmo depois de o animal morrer, portanto, não devemos tocá-las nem quando estiverem mortas. Cobras O que NÃO fazer após uma picada de cobra Não se deve acreditar nas várias crenças populares; Não se deve tentar sugar o veneno para fora da picada; Não se deve aplicar misturas caseiras; Não cortar ou perfurar ao redor da picada; Não fazer torniquete ou garrote; Não forneça bebidas alcóolicas. Primeiros socorros O mais importante é manter o membro que foi picado o mais parado possível, porque quanto mais se movimentar, mais o veneno poderá se espalhar pelo corpo e chegar em vários órgãos vitais. Isso se aplica a qualquer atividade que acelere o batimento cardíaco, já que o aumento da circulação do sangue espalha o veneno. O animal deve, na medida do possível, ser encaminhado para identificação por técnico. A conservação dos animais mortos pode ser feita (parcialmente) pela imersão dos mesmos em solução de formalina a 10% ou álcool comum e acondicionados em frascos rotulados com os dados do acidente, inclusive a procedência. DEVESE: Hidratar a vítima com goles de água; Manter o paciente deitado, se possível; Elevar o local afetado; Lavar com água corrente e em temperatura ambiente; Aplicar gelo; Não fazer torniquete; Encaminhar o paciente ao serviço médico mais próximo e, se possível, levar a cobra para identificação. Sintomas Dor que piora ao longo do tempo; Edema que vai aumentando e afetando mais áreas ao redor da picada; Linfonodos doloridos em locais próximos da picada; Vesículas na pele; Náuseas e vômitos; Tonturas, sensação de mal-estar e desmaio. Animais peçonhentos 11 Importância da identificação das serpentes Possibilita a dispensa imediata da maioria dos pacientes picados por serpentes não peçonhentas. Viabiliza o reconhecimento das espécies de importância médica em âmbito regional. É medida auxilia na indicação mais precisa do antiveneno a ser administrado. Como identificar uma serpente peçonhenta FOSSETA LOREAL → órgão sensorial termorreceptor, situado entre o olho e a narina - "serpente de 4 ventas"; indica que a serpente é peçonhenta e é encontrada nos gêneros Bothrops, Crotalus e Lachesis. Todas as serpentes destes gêneros são providas de dentes inoculadores bem desenvolvidos e móveis situados na porção anterior do maxilar. obs.: as serpentes do gênero Micurus não apresentam fosseta loreal e possuem dentes inoculadores pouco desenvolvidos e fixos na região anterior da boca. CORAL → apesar de terem o veneno mais tóxico, entre as serpentes brasileiras, não possuem fosseta loreal, uma vez que, apesar de noturnas, não se alimentam de roedores e sim de outras serpentes, não neecssitando de órgão térmico apra localizar a presa. A identificação dos gêneros referidos também pode ser feita pelo tipo de cauda: Bothrops → jararacas; cauda lisa; Crotalus → cascavéis; cauda com chocalho; Lachesis → surucucus; causas com escamas arrepiadas. Animais peçonhentos 12 Soros Cobra desconhecida = SORO ANTIOFÍDICO POLIVALENTE Jararaca = SORO ANTIBOTRÓPICO ou SORO ANTIOFÍDICO POLIVALENTE Cascavel = SORO ANTICROTÁLICO ou SORO ANTIOFÍDICO POLIVALENTE Surucucu = SORO ANTILAQUÉTICO ou SORO ANTIOFÍDICO POLIVALENTE Coral verdadeira = SORO ANTIELAPÍDICO ou SORO ANTIOFÍDICO POLIVALENTE Distinção entre serpentes peçonhentas X não peçonhentas Animais peçonhentos 13 Principais grupos de serpentes peçonhentas 4 GRUPOS: BOTRÓPICO JARARACAS LAQUÉTICO SURUCUCUS CROTÁLICO CASCAVÉIS ELAPÍDICO CORAIS BOTRÓPICO (JARARACAS) O gênero Bothrops é encontrado, principalmente, em zonas rurais e periferias de grandes cidades, preferindo ambientes úmidos como matas e áreas cultivadas e locais onde haja facilidade para proliferação de roedores. O acidentes botrópico é responsável por cerca de 90% dos envenamentos no nosso país. CARACTERÍSTICAS → cabeça triangular, fosseta loreal, cauda lisa, dentição solenóglifa e colorido característico. Animais peçonhentos 14 JARARACA → Bothrops jararaca; coloração esverdeada com desenhos semelhantes a um V invertidos, corpo delgado, medindo aproximadamente 1m; sua picada causa muita dor e edema no local, podendo haver sangramento também nas gengivas ou em outros ferimentos pré-existentes; seu veneno tem açõa proteolítica, coagulante e hemorrágica; RS, SC, PR, SP, MG, RJ, ES e BA. AÇÃO PROTEOLÍTICA → as lesões locais, como edema, bolhas e necrose, atribuídas inicialmente à ação proteolítica tem patogênese complexa; AÇÃO COAGULANTE → convertendo o fibrinogênio em fibrina; alterações da função plaquetária bem como plaqueotopenia; AÇÃO HEMORRÁGICA → hemorraginas provocam lesões na membrana basal dos capilares, associadas à plaquetopenia e alterações da coagulação. O veneno da jararaca pode provocar lesões no local da picada, como hemorragia e necrose, que podem levar, em casos mais graves, à amputação dos membros afetados. Podem surgir manchas roxas (equimose) no local da picada e, além do sangramento, a vítima sente dor e apresenta edema no local da picada. SOROTERAPIA: todos os pacientes Se o TC permanecer alterado 24h após a soroterapia, está indicada dose adicional de 2 ampolas antiveneno. TRATAMENTO GERAL: Manter elevado e estendido o segmento picado Hidratação Emprego de analgésicos para alívio da dor Antibióticoterapia Animais peçonhentos 15 CROTÁLICO (CASCAVÉIS) Seu ciclo reprodutivo é bianual e a gestação dura de 45 meses e uma fêmea pode gerar de 622 filhotes em uma ninhada. Responsável por 7,7% dos acidentes ofídicos no Brasil. Apresenta o maior coeficiente de letalidade, devido à frequência com que evolui para insuficiência renal aguda IRA. AÇÃO MIOTÓXICA → crotoxina possui atividade sobre o músculo esquelético, rabdomiólise, mioglobiúria, insuficiência renal aguda AÇÃO NEUROTÓXICA → inibe a liberação de ACh pelos impulsos nervoso → bloqueio neuromuscular (paralisias motoras - ptose); AÇÃO COAGULANTE → decorre da atividade do tipo trombina que converte o fibrinogênio diretamente em fibrina; o consumo do fibrinogênio pode levar à incoagulabilidade sanguínea; geralmente, não há redução do número de plaquetas; as manifestações hemorrágicas são discretas. MANIFESTAÇÕES LOCAIS POUCO IMPORTANTES → não há dor; parestesia local ou regional, podendo ser acompanhada de edema discreto ou eritema no ponto da picada. MANIFESTAÇÕES SISTÊMICAS GERAIS → dificuldade de manter os olhos abertos, formigamento, urina escura e muita dor; mal-estar. prostração; sudorese; náuseas; vômitos; sonolência ou inquietação e secura na boca. MANIFESTAÇÕES SISTÊMICAS NEUROLÓGICAS → apresentam-se nas primeiras horas e caracterizam o "fácies miastênica" (fáscies neurotóxica de Rosenfeld) evidenciadas por ptose palpebral uni ou bilateral, flacidez da musculatura da face, oftalmoplegia e dificuldade de acomodação (visão turva) ou visão dupla (diplopia) e alteração do diâmetro pupilar (midríase). Com menor frequência, pode aparecer paralisia velopalatina, com dificuldade de deglutição, diminuição do reflexo do vômito, modificações no olfato e no paladar. As alterações descritas regridem após 35 dias. MANIFESTAÇÕES SISTÊMICAS MUSCULARES → dores musculares generalizadas (mialgias), de aparecimento precoce. A urina pode estar clara nas primeiras horas e assim permanecer ou tornar-se avermelhada (mioglobinúria) e progressivamente marrom nas horas subsequentes, traduzindo a eliminação de quantidades variáveis de mioglobina, pigmento liberado pela necrose do tecido muscular esquelético (rabdomiólise). Não havendo dano renal, a urina readquire sua coloração habitual em 1 ou 2 dias. DISTÚRBIOS DA COAGULAÇÃO → incoagulabilidade sanguínea ou aumento do TC em 40% dos pacientes, observando- se raramente sangramentos restritos às gengivas (gengivorragia). SOROTERAPIA: Animais peçonhentos16 LAQUÉTICO (SURUCUCUS) Surucucu (Lachesis muta), conhecida também como pico-de-jaca apresenta escamas eriçadas na cauda e é a maior das Américas (até 3,5m). Vivem em área tropical densa, mata atlântica e alguns enclaves de matas úmidas do NE. Seu veneno possui ação proteolítica, coagulante, hemorrágica e neurotóxica. AÇÃO PROTEOLÍTICA → mecanismos que produzem lesão tecidual igual ao botrópico; AÇÃO COAGULANTE → veneno com atividade tipo trombina AÇÃO HEMORRÁGICA AÇÃO NEUROTÓXICA SINTOMAS → muita dor, podendo ter edema e equimose, a qual poderá avançar por todo o membro picado; formação de bolhas, gengivorragia, hematúria; necrose e necessidade de amputação; perda temporária de visão, bradicardia, hipotensão arterial, sudorese, vômitos, náuseas, cólicas abdominais e distúrbios digestivos. A vítima pode vir a óbito por IRA. REFLEXO VAGAL → desequilíbrio do SN autônomo que provoca queda abrupta da PA e diminuição dos batimentos cardíacos quando a pessoa está em pé. SOROTERAPIA: Animais peçonhentos 17 ELAPÍDICO (CORAIS) A coral verdadeira (Micurus sp.) possui anéis vermelhos, pretos e brancos ao redor do corpo, medindo entre 7080cm. Vive em buracos, montes de lenha e troncos de árvores. Corresponde a 0,4% dos acidentes no Brasil. SINTOMAS → diplopia e visão borrada, a face se apresenta alterada (pálpebras caídas, aspecto sonolento), dores musculares e aumento da salivação; insuficiência respiratória aguda pode ocorrer como complicação e causar óbito; RS, SC, PR, SP, MG, MT, MS, GO, TO e BA. Seu veneno tem ação neurotóxica. obs.: CORAL FALSA x VERDADEIRA Sua dentição é proteróglifa, enquanto que a falsa é opistóglifa ou áglifa. Os aneis da coral falsa não contornam o corpo. TRATAMENTO: Soro elapídico apenas. FAMÍLIA COLUBRIDAE Conhecidas por cobra-cipó ou cobra-verde (Philodryas) e muçurana ou cobra-preta (Clelia) - possuem dentes inoculadores na porção posterior da boca e não apresentam fosseta loreal; para injetar o veneno mordem e se prendem ao local. Animais peçonhentos 18 Como evitar acidentes USE BOTAS DE CANO ALTO; PROTEJA AS MÃOS → não enfie as mãos em tocas, cupinzeiros, ocos de troncos, use um pedaço de pau; na colheita manual, deve-se ficar atento; ACABE COM OS RATOS → atraem cobras; PRESERVE OS PREDADORES → emas, seriemas, gaviões, gambás e cobra Muçurana CONSERVE O MEIO AMBIENTE → desmatamentos e queimadas devem ser evitados; provocam mudanças de hábitos e animais, que se refugiam em paióis, celeiros ou dentro de casas; não se deve matar as cobras, elas contribuem para o equilíbrio ecológico.
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