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Fisiopatologia da cardiopatia isquêmica: Isquemia tecidual angina de peito dor torácica acúmulo de metabólitos obstrução ateromatosa; Angina estável ou típica: oclusão com placa aterosclerose fixa de artéria coronária epicárdica (artéria mais superficial); Angina instável: ruptura da placa aterosclerótica com formação de trombo; Angina variante ou prinsmetal: ocorre decorrente de um vasoespasmo coronariano, levando a uma redução do fluxo coronariano (diminuição do fluxo de oxigênio para o miocárdio); Em uma situação normal, o equilíbrio existe entre a demanda de oxigênio pelo miocárdio e o suprimento de oxigênio. Ocorre aumento na demanda por aumento da contatilidade, FC, esforço físico e descarga simpática. Em uma situação normal o fluxo sanguíneo coronário supre o coração adequadamento, onde o aumento da demanda é acompanhado por um aumento no suprimento de oxigênio. Na isquemia, a demanda de oxigênio é maior que o suprimento; Os fármacos podem atuar no sentido de reduzir a demanda ou aumentar o suprimento (melhorando o fluxo sanguíneo coronariano – vasodilatação); Agentes que diminuem a demanda de oxigênio: antagonistas beta-adrenérgicos, alguns bloqueadores da entrada de cálcio, nitratos orgânicos; Agentes que aumentam o suprimento de oxigênio: vasodilatadores (especialmente bloqueadores da entrada de cálcio), além disso, estatinas e antitrombóticos. Fluxo sanguíneo coronariano: É a razão entre a pressão de perfusão e a resistência; Normalmente, uma vasodilatação endocárdica de vasos mais profundos, quando se necessita de um suporte maior de oxigênio, eles podem aumentar o suprimento de oxigênio para o coração; Os vasos mais superficiais são vasos epicárdicos. Nesses vasos que normalmente existe estenose, levando a redução do fluxo coronariano; Se aumentar pressão de perfusão, aumenta-se o fluxo coronariano. Se reduzir a resistência, aumenta-se o fluxo coronariano. Sendo duas formas de controlar o fluxo; Em uma estenose e artéria epicárdica ocorre redução do fluxo, sendo uma forma de aumentar esse fluxo é diminuir a resistência; Os vasos endocárdicos sofrem uma vasodilatação (diminuição da resistência), fazendo com que se aumente o fluxo coronariano; Quando se tem cerca de 80% de estenose dos vasos epicárdicos, a redução do fluxo promove vasoditalação desses vasos, de modo que o fluxo coronariano aumente. Quando isso acontece, essa vasodilatação pode ser máxima, onde quando o indivíduo fizer um esforço físico que é uma situação quando ocorre vasodilatação miocárdica, esse vasos não vão conseguir fazer mais vasodilatação, onde a demanda vai ser maior que o suprimento, podendo desencadear angina no indivíduo. Tônus vascular: Importância do tônus vascular; Tônus arteriolar x tônus venoso; Tônus arteriolar: são vasos que controlam a resistência vascular periférica (pós-carga). Quanto maior a resistência, maior é a tensão da parede sistólica; Controlar o tônus arteriolar controla a RVP e a tensão da parede sistólica, o que faz com que a demanda por oxigênio aumente. Por isso, uma forma de reduzir a demanda por oxigênio é reduzir o tônus arteriolar, reduzindo a RVP e reduzindo a tensão da parede sistólica; Tônus venoso: relacionado com o vasos de capacitância venosa e com o retorno venoso. Quando ocorre venodilatação desses vasos de capacitância, mais sangue se acumular neles, e menos sangue chega ao coração (diminuição da pré-carga). A diminuição da pré-carga diminui-se a tensão da parede diastólica; Pacientes que trabalham com uma pré-carga aumentada (IC), trabalham sob maior tensão da parede diastólica; Modulação do tônus vascular: importância do canais de cálcio do tipo L, que permitem a entrada do cálcio que forma um complexo com a calmodulina (complexo cálcio- calmodulina). Esse complexo ativa uma enzima chamada quinase da cadeia leve da miosina (MLCK+), que fosforila a cadeia leve da miosina. A cadeia leve da miosina fosforilada permite a contração do músculo liso vascular; Por isso, quando o canal de cálcio é bloqueado reduz-se a contração da musculatura lisa vascular; Alguns mediadores, como o AMPc, coloca mais um grupo fosfato na enzima MLCK, de forma que ela fique inativa, não tendo contração do músculo; O GMPc, que pode ter sua produção aumentada pelo óxido nítrico (vasodilatador), tira o grupo fosfato (desfosforilação) da cadeia leve da miosina, onde ela não está mais ativa para contração, ocorrendo relaxamento (é dessa forma que os nitratos vão atuar); Os receptores beta-2-adrenérgicos fazem a vasodilatação. Isso acontece pelo mecanismo de aumento de produção do AMPc, o que inativa a MLCK. Anti-anginosos: são fármacos que vão tentar trazer um equilíbrio entre a demanda e o suprimento de oxigênio do miocárdio. Tratamento farmacológico da cardiopatia isquêmica: Síndromes coronarianas agudas (SCA): Ruptura de placas ateroscleróticas; Formação de trombos; Angina instável: sem evidencias enzimáticas de infarto – alto risco para IM; IM sem elevação de segmento ST oclusão súbita e incompleta de artéria coronária epicárdica; IM com elevação de ST oclusão súbita e completa de artéria coronária epicárdica; Importância da prevenção primária: tratamento da hipertensão, dislipidemias, etc; Classes de fármacos: prevenção – beta-bloqueadores, antagonistas de canais de cálcio (nitratos orais, nicorandil, ranolazina, ivabradina, trimetazidina); alívio de crises – nitratos de rápido início de efeito. Farmacologia dos antianginosos: Nitratos e nitritos: Classe de fármacos que tem duração de ação curta como início rápido de ação; Biodisponibilidade oral baixa; Uma forma de escapar do metabolismo de primeira passagem é por meio da administração sublingual; São usados no alívio dos sintomas de angina; São ativados (bioativação) e aumentam a produção de óxido nítrico, potente vasodilatador pelo mecanismo de aumento do GMPc, que desfosforila a cadeia leve da miosina, promovendo o relaxamento do músculo liso vascular (mecanismo de ação); Nitroglicerina – exemplo da classe; Esse tipo de fármaco tem uma preferência em fazer vasodilatação venosa, promovendo venodilatação dos vasos de capacitância. Aumentando a capacitância venosa, o sangue se acumula nas veias, reduzindo o retorno venoso e a pré-carga. Reduzindo a pré-carga, reduz-se o volume diastólico final (volume de sangue que retorna ao coração no final da diástole), reduzindo a pressão diastólica final e, consequentemente, reduzindo o estresse da parede (tensão da parede diastólica). Isso tudo reduz a demanda miocárdica de oxigênio (restabelecimento do equilíbrio entre demanda e suprimento de oxigênio); Como ocorre vasodilatação venosa uma das consequências em pessoas que utilizam esses nitratos é a hipotensão ortostática; Esses fármacos promovem uma redistribuição do fluxo sanguíneo. Eles são capazes de fazer uma vasodilatação das artérias coronárias epicárdicas (lembrando que o fluxo coronariano é razão entre a pressão de perfusão e a resistência), onde uma forma de aumentar o fluxo coronariano é fazer uma vasodilatação dessas artérias; Esses nitratos são ainda capazes de redistribuir o sangue para regiões isquêmicas do coração; Além disso, em concentrações maiores eles fazem vasodilatação arteriolar periférica, reduzindo a resistência vascular periférica, reduzindo a pós-carga e, consequentemente, reduzindo a tensão da parede sistólica, promovendo redução do trabalho cardíaco e das demandas miocárdicas de oxigênio; Essa redução da resistência que eles promovem traz como um possível efeito adverso uma resposta compensatória, com aumento da frequência cardíaca (taquicardia) e da contratilidade; Meia-vida de 1-3minutos; 4 minutos para máxima concentração plasmática; Administração sublingual; Outros possíveis efeitos adversos: hipotensão ortostática podendo levar a síncope e cefaleia; Interações medicamentosas: entre os nitratos (doadores de óxido nítrico) e fármacos que inibem a enzima PDE5 (fosfodiesterase). Essa enzima degrada o GMPc. Fármacos que inibem essa enzima geram um aumento muito maior do GMPc no organismo, podendo causar vasodilatação acentuada e uma queda pronunciada da pressão arterial, que pode ser muito perigosa; Esses nitratos podem ser usados na angina variante (de Prinzmetal), que acontece por vasoespasmo das artérias coronárias. Pelo fato desses fármacos promoverem vasodilatação eles podem ser usados para abolir episódios de angina variante. Bloqueadores de canais de cálcio: Efeitos nas células cardíacas; Bloqueiam os canais de cálcio do tipo L; Esses canais de cálcio promovem a entrada de cálcio na célula cardíaca, quanto no músculo liso vascular; Os bloqueadores de canais de cálcio podem tanto bloquear a entrada do cálcio no coração, como no vaso (m. liso); O bloqueio no coração, com bloqueio desses canais do tipo L, não ocorrendo entrada de cálcio no miócito cardíaco. Ele é importante para a força de contração, por isso a inibição da sua entrada promove diminuição da força de contração, tendo efeito inotrópico negativo; Além disso, o cálcio é importante para no nodo sinusal, nodo AV, importante para o potencial de ação nesses locais. Onde se bloqueado o cálcio, reduz-se a taxa de disparo do nó sinoatrial e redução da velocidade de condução do nó AV – lentificação do coração; No m. liso dos vasos, se o cálcio é bloqueado não ocorre contração (não ocorre formação do complexo cálcio- calmodulina). Isso promove relaxamento do m. liso (vasodilatação principalmente arterial, com efeito venoso menor); Cada fármaco tem certa seletivado para m. liso ou m. cardíaco; O nifedipino (classe das di-hidropiridinas) tem efeito principalmente vasodilatador, com pouco efeito sobre o coração – seletividade maior para os vasos; O verapamil e diltiazem também tem efeito vasodilatador, mas tem efeito mais importante sobre o coração (verapamil mais que o diltiazem, pele efeito maior na contratilidade cardíaca) – ou seja, possuem mais seletividade cardíaca; De um modo geral, esses bloqueadores de canais de cálcio podem atuar sobre o coração, reduzindo a FC, automaticidade e reduzindo a velocidade de condução AV. Podem reduzir a pós-carga, por promoverem vasodilatação periférica (diminuem a resistência vascular periférica), diminuindo a pós-carga e a demanda de oxigênio do miocárdio. Podem fazer vasodilatação nas artérias coronárias, aumentando o suprimento de oxigênio do miocárdio; Di-hidropiridinas – efeitos de vasodilatação periférica e coronariana, com redução da resistência arteriolar e PA, com melhora do fluxo sanguíneo coronariano. Possuem pouco efeito depressor cardíaco venoso (pouco efeito sobre o coração). Pode ocorrer mecanismo compensatório fisiológico, com taquicardia reflexa e inotropismo positivo (aumento da contratilidade); Verapamil e diltiazem fazem vasodilatação periférica e coronariana, com redução da resistência arteriolar e PA. Possuem efeito depressor cardíaco, reduzem a FC (cronotrópico negativo), reduzem a velocidade de condução AV (dromotrópicos negativos) e reduzem a força de contração (inotrópicos negativos), onde efeitos de taquicardia reflexa e inotropismo positivo não acontecem, uma vez que mesmo que o mecanismo compensatório tente aumentar a FC e a contratilidade o verapamil age sobre o coração, impedindo que isso aconteça. Ou seja, ocorre atenuação da taquicardia reflexa. O efeito maior do diltiazém é sobre a frequência cardíaca (cronotrópico negativo). Ou seja, o principal mecanismo de ação desses bloqueadores de cálcio ocorre por meio dessa vasodilatação periférica e coronariana, reduzindo a resistência vascular periférica (reduzindo a pós-carga) e pressão arterial, com redução da demanda de oxigênio. Eles ainda podem atuar sobre os vasos coronarianos aumentando o fluxo sanguíneo; Interação medicamentosa entre verapamil, diltiazém (fármacos depressores do coração) com beta- bloqueadores (que lentificam o coração). Pode ocorrer bloqueio cardíaco; Contra-indicações: paciente com disfunção ventricular, distúrbios de condução do nó SA ou AV, e OS inferior a 90 mmHg; Usos clínicos: angina por esforço – reduzem a demanda de oxigênio pelo miocárdio e causando vasodilatação coronariana (aumento do fluxo sanguíneo) e angina variante – vasodilatação coronariana, com atenuação do vasoespasmo; Beta-bloqueadores não agem da angina variante. Não fazem vasodilatação coronariana. São úteis na angina por esforço. Agem sobre receptores beta-1 adrenéricos, bloqueando-os, com efeito cronotrópico e inotrópico negativo e redução da pressão arterial. Ranolazina: Fármaco novo; Atua sobre uma corrente de sódio tardia; Ela acontece próxima a fase do platô e auxilia na entrada de cálcio na célula; Presença do canal de sódio e do trocador de sódio e cálcio (NCX) na célula. Com a entrada de sódio pela corrente de sódio tardia o sódio se acumula dentro da célula. Com esse acúmulo, o trocador começa a jogar sódio para fora e trazer cálcio para dentro da célula. Isso aumenta a concentração de cálcio dentro da célula; A ranolazina inibe essa corrente tardia de sódio, de forma que o sódio não entre na célula e, consequemente, não irá sair e nem promover a entrada de cálcio. Isso auxilia na melhora do estresse da parede diastólica, onde em uma situação de isquemia ocorre o acúmulo intracelular de cálcio que contribui para a disfunção diastólica e piora da isquemia; Em doses mais altas, a ranolazina atua como fármaco metabólico. O coração usa preferencialmente ácidos graxos (ao invés do glicose) no seu metabolismo para oxidação. O problema é que esse consumo de AG leva ao maior consumo de oxigênio do que a oxidação da glicose, então em uma situação de isquemia é preferível que a glicose seja oxidada. A ranolazina e um outro fármaco chamada trimetazidina são capazes de fazer uma troca, promovendo a oxidação de glicose ao invés de ácidos graxos, o que leva a um consumo menor de oxigênio pelo coração (inibidores da enzima pFOX). Ivabradina: Bloqueio de canais de sódio (If) – canais HCN responsáveis pela fase 4 do potencial de ação dos nodos; Esse canal HCN é o que gera a corrente funny; O nó SA é o determinante da FC, e o potencial de ação no nó SA envolvendo essa corrente determina essa FC; A ivabradina bloqueia esses canais HCN, reduzindo a corrente If, reduzindo a FC (não existe a fase 4 de despolarização do nó SA) – demora mais para atingir o PA; A FC é um dos determinando do consumo de oxigênio, onde quando a reduz, reduz-se a demanda de oxigênio pelo miocárdio.
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