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Supervisão de Estágio Acadêmico
U410.06
SERVIÇO SOCIAL
 
 
Autora: Profa. Renata Christina Leandro
Colaboradores: Profa. Amarilis Tudela Nanias 
Profa. Glaucia Aquino 
Supervisão de Estágio 
Acadêmico
Professora conteudista: Renata Christina Leandro
Graduada em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas — PUCCAMP (2002).
Possui especialização em Violência Doméstica contra Criança e Adolescente, pelo Laboratório da Criança — LACRI, 
do Instituto de Psicologia — IP da Universidade de São Paulo — USP (2005).
Também possui especialização em Sexualidade Humana pela Faculdade de Educação — FE, Universidade Estadual 
de Campinas — UNICAMP (2009).
Pós-graduanda em Formação em EaD pela Universidade Paulista — UNIP.
Atualmente, trabalha como docente na UNIP Campi de Sorocaba e atua como Consultoria em Gestão Pública, 
Captadora de Recursos e Responsabilidade Social. Possui experiência em Gestão Social, como Gestora Municipal no 
município de São Thomé das Letras/MG e na Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos no 
Estado do Rio de Janeiro.
Atuou, também, em Centros de Referencias de Assistência Social — CRAS em atendimento matricial com famílias 
e, na área de criança e adolescente e suas respectivas famílias no município de Campinas, no Programa Municipal de 
Enfrentamento à Exploração Sexual Infantojuvenil (2003 a 2007).
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
L864 Leandro, Renata Christina
Supervisão do estagio acadêmico. / Renata Christina Leandro. 
- São Paulo: Editora Sol. 
172 p. il.
1.Educação 2.Educação superior 3.Estágio I.Título
CDU 37
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Profa. Melissa Larrabure
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dr. Cid Santos Gesteira (UFBA)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Vitor Andrade
Sumário
Supervisão de Estágio Acadêmico
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................9
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................ 10
Unidade I
1 O EXERCÍCIO DA PROFISSÃO ...................................................................................................................... 13
1.1 A profissão de serviço social ............................................................................................................ 13
1.2 Quem é o assistente social ............................................................................................................... 14
1.3 As mudanças na atuação profissional pós-Movimento de Reconceituação ............... 15
1.4 A natureza da profissão de assistente social ............................................................................ 16
1.5 Competências do assistente social ................................................................................................ 17
1.6 Atribuições do assistente social ..................................................................................................... 17
1.7 Equívocos da profissão ....................................................................................................................... 18
1.8 Desmistificando os estigmas da profissão ................................................................................. 19
1.8.1 Alguns estigmas da profissão ............................................................................................................ 20
1.9 Entidades representativas do serviço social .............................................................................. 20
2 A ATIVIDADE PROFISSIONAL NO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE 
PROFISSIONAL ...................................................................................................................................................... 23
2.1 Processo de construção da identidade profissional do assistente social ...................... 24
2.2 O perfil do assistente social no mercado de trabalho ........................................................... 26
2.2.1 Áreas de atuação no primeiro setor ................................................................................................ 26
2.2.2 Áreas de atuação no segundo setor ................................................................................................ 27
2.2.3 Áreas de atuação no terceiro setor ................................................................................................. 28
2.3 O estágio supervisionado .................................................................................................................. 29
2.4 Formação profissional: exigências e perspectivas ................................................................... 32
3 O CAMPO DE ESTÁGIO COMO CAMPO DE APRENDIZADO ............................................................. 33
3.1 O estágio supervisionado nas instituições e os sujeitos envolvidos no estágio ......... 35
3.2 As instituições como espaço de participação ........................................................................... 37
3.3 Os sujeitos envolvidos no estágio .................................................................................................. 39
3.4 A análise do papel dos envolvidos no estágio .......................................................................... 41
3.5 O papel dos sujeitos envolvidos no estágio supervisionado do serviço social ............ 42
4 ESTÁGIO SUPERVISIONADO: PLANO DE ESTÁGIO, OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE E 
DIÁRIO DE CAMPO .............................................................................................................................................. 43
4.1 O estágio supervisionado e o plano de estágio ....................................................................... 43
4.2 Relatório ................................................................................................................................................... 46
4.2.1 Relatório parcial de estágio ................................................................................................................ 47
4.3 O planejamento, a prática profissional e o estágio supervisionado ................................ 49
4.4 Observação participante no campo de estágio ....................................................................... 50
4.5 Diário de campo .................................................................................................................................... 52
4.6 Elaboração do projeto ........................................................................................................................ 53
4.6.1 O processo de sensibilização de mobilização para a elaboração e execução 
de projetos sociais ............................................................................................................................................. 59
4.7 Realizando o monitoramento e a avaliação .............................................................................61
4.7.1 Estratégias de aplicação dos conceitos e das ferramentas de 
monitoramento e avaliação .......................................................................................................................... 62
Unidade II
5 A QUESTÃO SOCIAL ........................................................................................................................................ 70
5.1 Questão social como objeto de trabalho do serviço social ................................................. 72
5.2 A questão social e o serviço social nas décadas de 1960 e 1970 ..................................... 73
5.3 A questão social e o serviço social na década de 1980 ........................................................ 75
5.4 A década de 1990 ................................................................................................................................ 78
5.5 A questão social e o serviço social na década de 1990 ........................................................ 79
5.6 Por que questão social e não políticas sociais como objeto de ação 
profissional? ................................................................................................................................................... 82
5.7 Configurações do objeto: questão social ................................................................................... 82
5.8 Questão social ou questões sociais? ............................................................................................. 83
5.9 Como se apresenta e se inscreve a questão social no contexto 
das instituições, dos sujeitos e dos profissionais? .......................................................................... 83
5.9.1 Nas instituições ....................................................................................................................................... 83
5.9.2 Os usuários como sujeitos de direitos ............................................................................................ 85
5.9.3 Os assistentes sociais frente aos desafios da questão social ................................................ 85
6 CONSTRUÇÃO E DESCONSTRUÇÃO DO OBJETO DO SERVIÇO SOCIAL ....................................... 86
6.1 Formas de enfrentamentos da questão social ......................................................................... 86
6.2 As principais demandas do serviço social .................................................................................. 89
6.3 Demanda profissional: aumento da seletividade no âmbito das políticas 
sociais ............................................................................................................................................................... 91
6.4 Reordenamento dos serviços sociais ............................................................................................ 94
6.5 Terceirização da gestão da questão social ................................................................................. 94
6.6 Matrizes do processo de trabalho do assistente social ......................................................... 95
6.7 Os desafios para a atuação profissional ...................................................................................... 97
6.8 O objeto ..................................................................................................................................................101
6.9 Os instrumentos ou os meios ........................................................................................................103
6.9.1 Intervenção .............................................................................................................................................105
Unidade III
7 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO CÓDIGO DE ÉTICA DO ASSISTENTE SOCIAL .......................111
7.1 Princípios operacionais .....................................................................................................................111
7.2 O produto do serviço social ........................................................................................................... 113
7.3 O estágio como processo de aprendizagem para o trabalho ........................................... 115
7.4 O estudante e a extensão universitária ..................................................................................... 116
7.5 O voluntariado ..................................................................................................................................... 117
7.5.1 A Lei do Voluntariado ..........................................................................................................................117
7.6 O serviço social e a prática institucionalizada ....................................................................... 118
7.7 O avanço profissional na utilização das estratégias e técnicas profissionais ............121
7.8 Instrumentalidade com categoria para a atuação do serviço social ............................122
8 ABORDAGEM GRUPAL E ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL EM FORMAÇÃO 
DE GRUPOS .........................................................................................................................................................124
8.1 Progênie de grupo .............................................................................................................................124
8.2 Serviço social e trabalho com grupos ........................................................................................126
8.3 Abordagem grupal e atuação do assistente social em reuniões .....................................127
8.4 Técnica de entrevista: componente da instrumentalidade na prática 
cotidiana dos assistentes sociais .........................................................................................................129
8.5 Entrevista domiciliar: técnica imprescindível no fazer profissional do 
assistente social ..........................................................................................................................................132
8.6 Vida cotidiana: algumas questões relevantes ........................................................................135
8.7 Cotidiano e práxis profissional ......................................................................................................138
8.7.1 Práxis profissional do assistente social e cotidiano ............................................................... 139
9
APRESENTAÇÃO
Caros estudantes,
Este material se refere à disciplina Supervisão do Estágio Acadêmico, cujo conteúdo está sistematizado 
em duas unidades.
Na Unidade I, você irá aprender os conceitos que fundamentam a formação do assistente social e 
também obterá informações relevantes sobre sua futura profissão.
Trabalharemos alguns equívocos e estigmas que são atribuídos ao Serviço Social, como exemplo, 
confundir esse curso com a política pública de assistência social.
Serão abordados os aspectos principais da relação capital versus trabalho a partir da Revolução 
Industrial, bem como a consequente organização científica da assistência (do que resultou o surgimento 
do serviço social). Discutiremos, também, o contexto histórico, social e econômico do serviço social.
Apresentaremos o perfil do profissional do serviço social, os campos de atuação e os desafios postos 
no campo de estágio como fonte de aprendizagem para sua futura atuação.
Serão apresentados conceitos e aspectos básicos para a compreensão do objeto e dos instrumentos 
do serviço social e o produto dessa profissão na intervenção do assistente social nos espaços públicos 
e privados.
Ressaltamos que os temas deste caderno representam o início de toda a discussão que permeará sua 
formação profissional.
Na Unidade II, estudaremos alguns temas como: o processo de produção e reprodução da questão 
social na sociedade capitalista; o significado contemporâneo da questão social no Brasil; as principais 
formas de expressão da questão social; a exploração do trabalho e desigualdadesocial; a questão 
social como matéria-prima do exercício profissional do serviço social; as perspectivas para aprender as 
várias expressões da questão social a partir da ótica do serviço social; e o processo de conhecimento e 
intervenção em serviço social.
Convidamos você a uma apreensão acerca dos pressupostos da formação profissional como 
especialização do trabalho coletivo inserido na divisão social e técnica do trabalho. Essa perspectiva 
destaca, fundamentalmente, a historicidade do serviço social, entendido no quadro das relações sociais 
entre as classes sociais e suas relações com o Estado. Por essa razão, é necessário contextualizar o 
significado social da profissão e as mediações históricas que incidem sobre o perfil da profissão.
No decorrer deste material, discutiremos a relação do serviço social com a questão social – 
fundamento básico de sua existência – mediatizada por um conjunto de processos sócio-históricos e 
teórico-metodológicos constitutivos no processo de trabalho do assistente social.
10
INTRODUÇÃO
Para estudar a supervisão de estágio acadêmico é necessário conhecer a gênese do Serviço Social 
e sua atuação tradicional, seus conteúdos de trabalho e equívocos que permeiam essa profissão. Para 
isso, de igual importância é o processo de institucionalização desse curso, conteúdo trabalhado em 
Fundamentos Teóricos e Metodológicos do Serviço Social. Relembrar esses assuntos ajudará você a 
conceituar tal profissão e o seu estágio supervisionado, assim como identificar e perceber como ela 
se configura na prática. Isso é importante, pois o mercado de trabalho vem exigindo pessoas mais 
capacitadas e polivalentes.
Mais especificamente, no caso do profissional de serviço social, é preciso ter uma especial compreensão 
das políticas sociais e dos mecanismos para formulação e execução do seu trabalho. Portanto, o profissional 
de Serviço Social deve ser capaz de repensar não só a realidade social, mas também a profissão, tendo 
uma visão da totalidade que favoreça sua intervenção e também seu crescimento profissional.
No início de nossos estudos, você deve conhecer o posicionamento crítico dos profissionais do Serviço 
Social frente à atuação da profissão, considerando a doutrina europeia e a norte-americana voltadas para 
uma realidade da América Latina, enquanto a discussão resultante dessa reflexão fomentou a construção 
de posições críticas que levaram a um movimento ímpar no âmbito da categoria: o Movimento de 
Reconceituação. Assim, você compreenderá o perfil, a formação do profissional, as definições que geram 
confusões na identidade da profissão e conhecerá as condições estabelecidas pela lei que a regulamenta 
no contexto nacional e no regional.
Vamos estudar, também, os aspectos relevantes ao perfil profissional de Serviço Social. É importante 
entender quem é o assistente social, quais as condições estabelecidas pela Lei n.º 8.662 de 1993 para o 
exercício profissional, a natureza de sua futura profissão, as competências e atribuições do assistente 
social, conforme preconiza a lei de regulamentação da profissão, e as entidades que fiscalizam o exercício 
profissional no que se refere ao relacionamento entre assistentes sociais, instituições/organizações e a 
população. Esse estudo visa à compreensão da qualidade e da responsabilidade dos serviços diante dos 
usuários e das diferenças entre assistência social, assistencialismo, serviço social e assistente social, até 
hoje muito confundidos.
Para finalizar, convidamos você a pensar na sua profissão futura e, principalmente, sobre que tipo 
de profissional pretende ser. Com esses conteúdos revistos, tenho certeza de que você conhecerá em 
quais espaços sócio-ocupacionais atuam o profissional de serviço social e compreenderá a atuação 
profissional da categoria exercida nos locais em que os assistentes sociais se inserem e como contribuem 
para a formação profissional do acadêmico.
A atuação profissional contemporânea, os campos e as áreas de atuação profissional são conteúdos 
importantes a se trabalhar. Ter apreendido esses elementos é fundamental para subsidiar seus estudos 
acerca das realidades institucionais em que se inserem os assistentes sociais e como se dão as relações 
de forças existentes nas instituições que são campo de estágio. Vamos conhecer, também, a prática 
profissional, sua função educativa no espaço de estágio e a relação dessa prática com o mercado de 
trabalho e a sociedade contemporânea.
11
Na atualidade, a prática social é voltada para a construção de novas relações e a defesa da justiça 
social. Estudaremos como a formação profissional contemporânea volta-se para a formação de um 
profissional competente, criativo e propositivo. Para isso, vamos desvendar a relação entre o estágio e 
a prática profissional.
Na Unidade II, trataremos a questão social e faremos um diálogo sobre as estratégias e técnicas 
utilizadas pelo assistente social no seu fazer profissional, para tanto, é fundamental retornarmos 
alguns conceitos apresentados em outras disciplinas. O primeiro deles se refere ao processo histórico da 
profissão, entendendo que as estratégias utilizadas pelo profissional são empregadas devido a um mover 
histórico, ou seja, as técnicas utilizadas no exercício da profissão não se dissociam das características 
contemporâneas do Serviço Social. O segundo é referente ao conceito de práxis como ação refletida. A 
prática profissional e, por consequência, a utilização de estratégias e técnicas, dá-se em um processo 
de reflexão, ou seja, toda intervenção do profissional de Serviço Social deve ser fundamentada por 
objetivos e intencionalidades.
Os conhecimentos a serem estudados ajudarão você na continuidade da abordagem do estágio 
supervisionado. Para tanto, será necessário compreender as instituições e os sujeitos envolvidos no 
estágio. Entendendo a importância e o funcionamento do estágio, você será capaz de compreender 
o planejamento, o plano de estágio e a importância deles para o estágio supervisionado e ainda a 
importância da observação participante e do instrumento diário de campo.
Os instrumentos elaborados pelo aluno no campo de estágio são o plano de estágio e o diário de 
campo. E por que esses instrumentos podem subsidiar e auxiliar o aluno estagiário no cumprimento 
desse importante processo, considerado etapa fundamental de sua formação acadêmica profissional? 
Você terá essa resposta e ainda veremos o que é observação participante e por que é importante para 
esse aluno participar das atividades realizadas pelo assistente social supervisor de campo.
O estágio supervisionado é obrigatório para o aluno/estagiário que cursa Serviço Social, pois essa 
etapa de estudos tem como objetivo lhe possibilitar relacionar os conhecimentos teóricos adquiridos na 
formação ao fazer profissional que é desenvolvido na prática, para que seja possível seu aprendizado de 
habilidades. Essas habilidades o subsidiarão para o trabalho como assistente social.
Segundo Azeredo e Souza (2004), um dos maiores desafios que o assistente social enfrenta para 
desenvolver suas ações e práticas focadas nos conhecimentos teóricos e na realidade contemporânea é 
a articulação entre a profissão e a realidade social.
Dessa forma, podemos compreender que o estágio é um espaço de suma importância em que o aluno 
poderá aprender de forma crítica e reflexiva sobre o cotidiano profissional vivido pelos profissionais 
assistentes sociais inseridos nas instituições em variados campos de atuação do serviço social.
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SUPERVISÃO DE ESTÁGIO ACADÊMICO
Unidade I
1 O EXERCÍCIO DA PROFISSÃO
De acordo com a Lei de Regulamentação da Profissão de Assistente Social, somente podem exercer 
essa profissão as pessoas que possuem o diploma em curso de graduação em Serviço Social, reconhecido 
e registrado pelo órgão competente, o Ministérioda Educação — MEC. O exercício dessa profissão exige 
um prévio registro nos Conselhos Regionais de Serviço Social — CRESS que tenham jurisdição sobre 
a área de atuação do interessado nos termos da lei. A designação profissional de assistente social é 
privativa dos habilitados em curso de graduação, não devendo, em hipótese alguma, ser usado para 
identificar práticas assistenciais.
1.1 A profissão de serviço social
A profissão de serviço social é inscrita na divisão social do trabalho, possui uma atuação especializada 
e atua nos problemas sociais que afetam a qualidade de vida dos segmentos minoritários e pauperizados 
da população brasileira.
Na contemporaneidade, esse profissional deve primar pela efetivação e pela garantia dos direitos 
assegurados pela legislação vigente no Brasil. Utilizamos a expressão “na contemporaneidade”, pois nem 
sempre esse profissional atuou em sua prática nessa perspectiva.
O serviço social tem sua gênese vinculada à Igreja Católica, surgiu como prática leiga ligada à 
benesse e à caridade a fim de minimizar os problemas sociais advindos do surgimento e do firmamento 
do sistema capitalista. Essa instituição religiosa utilizava um discurso messiânico para intervir na 
problemática social, porém seu interesse maior era contribuir para a reprodução da força de trabalho 
atendendo aos interesses do sistema capitalista. A Igreja Católica utilizava os agentes profissionais 
leigos (membros da instituição) para praticar um trabalho de ajuda para recristianizar a sociedade, 
uma vez que, nessa época, a Igreja estava perdendo força para os movimentos socialistas difundidos 
entre o operariado.
Castro (2000, p. 47) assegura que, no início, o serviço social
[...] conecta-se aos objetivos políticos sociais da Igreja e das funções 
de classe vinculada mais diretamente a ela. Os elementos que mais 
colaboravam para o surgimento do Serviço Social têm sua origem na ação 
católica, intelectualidade laica estritamente ligada à hierarquia católica, que 
propugnava com visão messiânica a recristianização da sociedade por meio 
do projeto de reforma social.
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Podemos apreender, conforme a citação, que os interesses da burguesia e os da Igreja Católica 
estavam intrinsecamente focados numa reforma social junto ao proletariado.
A intervenção da Igreja e de seus membros não resolveu os problemas sociais, apenas os amenizou, 
agravando, assim, a situação social. Segundo Martinelli (2001), no final do século XIX, houve uma 
preocupação em qualificar os agentes profissionais leigos a fim de enfrentar de forma mais acentuada 
a questão social.
As primeiras escolas de serviço social foram criadas de acordo as bases da doutrina católica, com 
o objetivo de formar profissionais que atuassem no enfrentamento da questão social agravada com o 
processo de exploração e subordinação do operariado desencadeado com o sistema capitalista.
Na década de 1930 foram criadas as primeiras escolas de Serviço Social. Em 1936, em São Paulo, 
seguida da escola do Rio Janeiro, após dois anos. Isso foi possível devido à organização do Centro de 
Estudos da Ação Social – CEAS. Tal órgão enviou à Bélgica duas moças ligadas à Igreja Católica para 
cursar Serviço Social e retornar com o intuito de montar o curso aqui no Brasil. A organização desse 
curso pretendia atender às necessidades da Igreja Católica e preparar seus membros para exercer a ação 
social.
Para a criação da escola de serviço social no Rio de Janeiro, em 1938, o serviço social contou com 
apoio de Dom Pais Leme e uma equipe da congregação de Maria, que veio especialmente da França para 
organizar os ensinamentos da escola sob a doutrina católica e preceitos franceses de atuação.
Na década de 1960, especificamente no ano de 1965, o serviço social atuou sob a perspectiva da 
benesse e caridade, e a Igreja Católica era a principal responsável pelas bases da formação profissional. 
Assim, lavrava a ideia de que era necessária uma vocação social para atuar como assistente social, e que 
a formação profissional deveria estar pautada na influência católica para contribuir com a defesa do 
povo, constituindo-se, assim, em um trabalho normativo da sociedade.
Mas, ao final da década de 1960 e no início da década de 1970, o serviço social passou a questionar 
essa perspectiva de atuação e, sob a orientação de um movimento surgido na categoria profissional, 
iniciou um processo de questionamento e reflexão sobre a atuação tradicional denominado Movimento 
da Reconceituação.
1.2 Quem é o assistente social
O assistente social é um profissional que possui bacharelado em Serviço Social. Exerce seu trabalho de 
forma remunerada em instituições públicas e privadas, organizações não governamentais, movimentos 
sociais etc. Sua função deve ser desenvolvida com competência teórica, técnica, metodológica, política 
e atribuições específicas. Sua atuação se dá nas diversas expressões da questão social que afetam a 
qualidade de vida da população em diferentes áreas (criança e adolescente, idoso, deficientes, habitação 
etc.) por meio das políticas públicas sociais. Tem como objetivo viabilizar os direitos dos usuários 
assegurados por lei.
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A atuação do assistente social está voltada, em especial, para a população em vulnerabilidade 
socioeconômica. No entanto, como o objetivo precípuo da profissão é efetivar direitos, sua atuação 
alcança outras parcelas da população.
Exige-se que o assistente social seja um profissional ético, crítico, propositivo, competente, 
instrumentalizado, articulado e que almeje a melhoria de vida da população no que concerne à saúde, 
educação, moradia, assistência social, previdência social etc.
1.3 As mudanças na atuação profissional pós-Movimento de Reconceituação
A perspectiva de atuação normativa, voltada aos preceitos da caridade e benesse difundidos 
pela Igreja Católica, pautou o Serviço Social até final dos anos 1960. Em 1965, surgiu na América 
Latina um movimento que marcou a profissão, suscitando reflexões e mudanças na constituição 
e nas formas de atuação do assistente social. Esse movimento, conhecido como Movimento de 
Reconceituação, tem por base contestar a formação e a atuação profissional tradicional do serviço 
social.
Sobre esse movimento, Iamamoto (2001, p. 207) enfatiza que
[...] o Serviço Social latino-americano é sensibilizado pelos desafios da prática 
social. Sua resposta mais significativa se consubstancia na mais ampla 
revisão já ocorrida na trajetória dessa profissão, que tem aproximadamente 
seis décadas de existência. Essa resposta é o movimento de reconceituação. 
Este se perfilou desde o seu nascedouro como um movimento de denúncia, 
de autocrítica e de questionamentos societários que tinha como contraface 
um processo seletivo de busca da construção de um novo Serviço Social 
latino-americano, saturado, cheio de historicidade e que apostasse na 
criação de novas formas de sociabilidade a partir do próprio protagonismo 
dos sujeitos coletivos.
Conforme cita a autora, podemos apreender que o Movimento de Reconceituação possibilitou uma 
reflexão que conduziu a profissão do serviço social a uma revisão ampla da sua trajetória. Os profissionais 
questionaram suas ações de forma crítica e buscaram uma nova configuração a partir da ruptura com a 
prática tradicional de atuação dos assistentes sociais sob as bases de influência da Igreja Católica.
Essa nova postura do serviço social frente à sua formação e à prática de atuação voltada para os 
problemas característicos da realidade latino-americana busca adequar a profissão a uma postura mais 
crítica e revolucionária.
Assim, a formação da profissão se compromete com uma transformação da realidade social. Para tal, 
foi necessário a profissão adotar mudanças no embasamento teórico-metodológico, nos procedimentos 
práticos interventivose na aproximação da profissão com a corrente teórica marxista. Tal movimento 
aproximou os assistentes sociais a uma vertente crítica e a uma maneira mais abrangente e totalitária 
para a investigação dos problemas sociais advindos da exploração capitalista. Também mudou o modo de 
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enfrentamento da questão social, voltando-se para a busca de uma transformação social das realidades 
apresentadas aos assistentes sociais.
Estamos estudando nesta unidade o serviço social, as transformações sofridas no bojo da profissão 
e como elas afetaram a categoria dos assistentes sociais. Agora, vamos compreender a atuação 
profissional após os anos 1970 e como se configuram essa atuação contemporânea e o mercado de 
trabalho da profissão, que é também o locus essencial de campo de estágio supervisionado em serviço 
social.
1.4 A natureza da profissão de assistente social
Atuando nos problemas sociais que afetam a qualidade de vida das classes sociais em vulnerabilidade 
socioeconômica, o assistente social deve primar pela efetivação de direitos assegurados pela legislação 
vigente no país. Nessa perspectiva, ele precisa estar revestido de conhecimentos científicos e instrumentais 
técnicos para decifrar a realidade na qual está inserido para intervir, de forma propositiva, em uma 
perspectiva transformadora e emancipatória e, assim, promover a qualidade de vida dos usuários de 
seus serviços. A atuação do assistente social pode ter caráter:
a) socioeducativo;
b) político-educativo;
c) psicossocial;
d) técnico-consultivo;
e) didático-pedagógico;
f) político-administrativo;
g) político-representativo.
O caráter socioeducativo deve estar presente em todas as intervenções do assistente social. Ao atuar 
na luta por acesso aos direitos sociais em organizações e movimentos populares, essa atuação tem 
caráter político-educativo.
Quando o assistente social atua em pronto-socorro, clínica ou ambulatório de saúde mental ele possui 
caráter psicossocial. Quando esse profissional presta serviços de assessorias, consultorias, supervisão e 
assistência técnica, seu trabalho possui um aspecto técnico-consultivo. O caráter didático-pedagógico 
diz respeito à docência, à pesquisa e à produção científica.
Quando o assistente social atua na área de administração, planejamento e gestão de serviços sociais 
públicos em organizações governamentais e não governamentais, bem como nos setores privados, sua 
intervenção é político-administrativa. Ao atuar na direção de entidades representativas da profissão, 
como no Conselho Federal de Serviço Social — CFESS e no CRESS, o trabalho do assistente social possui 
caráter político-representativo.
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1.5 Competências do assistente social
A Lei 8.662/93, no artigo 4º, expõe quais são competências do assistente social. São elas:
I – Elaborar, implementar, executar e avaliar políticas sociais junto a 
órgãos da administração pública direta ou indireta, empresas, entidades e 
organizações populares;
II – Elaborar, coordenar, executar e avaliar planos, programas e projetos 
que sejam do âmbito de atuação do Serviço Social com participação da 
sociedade civil;
III – Encaminhar providências e prestar orientação social a indivíduos, grupos 
e à população;
IV – Orientar indivíduos e grupos de diferentes segmentos sociais para identificar 
recursos e fazer uso deles no atendimento e na defesa de seus direitos;
V – Planejar, organizar e administrar benefícios e serviços sociais;
VI – Planejar, executar e avaliar pesquisas que possam contribuir para a 
análise da realidade social e para subsidiar ações profissionais;
VII – Prestar assessoria e consultoria a órgãos da administração pública direta 
e indireta, empresas privadas e outras entidades com relação às matérias 
relacionadas no inciso II deste artigo;
VIII – Prestar assessoria e apoio aos movimentos sociais em matéria 
relacionada às políticas sociais no exercício e na defesa dos direitos civis, 
políticos e sociais da coletividade;
IX – Planejamento, organização e administração de Serviços Sociais e de 
Unidade de Serviço Social;
X – Realizar estudos socioeconômicos com os usuários para fins de benefícios 
e serviços sociais junto a órgãos da administração pública direta e indireta, 
empresas privadas e outras entidades (BRASIL, 2003).
1.6 Atribuições do assistente social
A Lei 8.662/93, artigo 5º, expõe quais são atribuições privativas do Assistente Social. São elas:
I – Coordenar, elaborar, executar, supervisionar e avaliar estudos, pesquisas, 
planos, programas e projetos na área de Serviço Social;
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II – Planejar, organizar e administrar programas e projetos em Unidade de 
Serviço Social;
III – Assessoria e consultoria a órgãos da Administração Pública direta e 
indireta, empresas privadas e outras entidades em matéria de Serviço 
Social;
IV – Realizar vistorias, perícias técnicas, laudos periciais, informações e 
pareceres sobre a matéria de Serviço Social;
V – Assumir, durante o magistério de Serviço Social, tanto em nível 
de graduação como pós-graduação, disciplinas e funções que exijam 
conhecimentos próprios e adquiridos em curso de formação regular;
VI – Treinamento, avaliação e supervisão direta de estagiários de Serviço 
Social;
VII – Dirigir e coordenar Unidades de Ensino e cursos de Serviço Social de 
graduação e pós-graduação;
VIII – Dirigir e coordenar associações, núcleos, centros de estudo e de 
pesquisa em Serviço Social;
IX – Elaborar provas, presidir e compor bancas de exames e comissões 
julgadoras de concursos ou outras formas de seleção para Assistentes Sociais, 
ou onde sejam aferidos conhecimentos inerentes ao Serviço Social;
X – Coordenar seminários, encontros, congressos e eventos assemelhados 
sobre assuntos de Serviço Social;
XI – Fiscalizar o exercício profissional por meio dos Conselhos Federal e 
Regional;
XII – Dirigir serviços técnicos de Serviço Social em entidades públicas ou 
privadas;
XIII – Ocupar cargos e funções de direção e fiscalização da gestão financeira 
em órgãos e entidades representativas da categoria profissional (BRASIL, 
2003).
1.7 Equívocos da profissão
Os equívocos da identidade profissional que precisam ser desconstruídos são: assistência social é o 
mesmo que assistente social, que, por sua vez, é igual a serviço social, e que este é igual a assistencialismo. 
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No quadro a seguir, você conhecerá o que é a assistência social, quem é o assistente social, o que é o 
serviço social e o que se caracteriza por assistencialismo.
Denominação Características
Assistência social É uma política pública regulamentada pela Lei Orgânica da assistência social. A assistência social é um direito garantido por lei ao do cidadão e um dever do Estado.
Assistente social
É o profissional graduado em curso superior de Serviço Social habilitado para atuar nas 
expressões da questão social, nas políticas sociais públicas, privadas e nas organizações 
não governamentais. Essa profissão é regulamentada pela Lei n° 8.662/93. Há um código 
de ética profissional e organizações que fiscalizam e protegem o exercício profissional.
Serviço social É o nome do curso de nível superior que forma os assistentes sociais.
Assistencialismo
É a prática que se opõe à assistência social. É o acesso a um bem ou serviço por 
meio de doação, favor, algo que depende de boa vontade e interesse de alguém. No 
assistencialismo não há garantias e nem direitos.
Ainda há o equívoco em relação à denominação do público-alvo do serviço social, como achar que 
a denominação para o público alvo é paciente ou cliente. Essas são terminologias da área médica e 
da área empresarial, respectivamente.O público/pessoas/sujeitos/indivíduos são denominados usuários, 
pois utilizam os serviços, não são clientes e nem pacientes. Não há contrapartida na prestação do serviço 
entre o profissional e o usuário.
Embora a profissão de assistente social possa contribuir de forma expressiva para a mudança dos 
rumos das políticas sociais do país, ainda não possui reconhecimento substancial. Ela é confundida com 
serviço voluntário, caridade, benesse e, por outro lado, os meios de trabalho do profissional são parcos 
diante de tantas demandas e aliados à conjuntura política, social e econômica do país. Os profissionais não 
se reconhecem e não se identificam como profissionais habilitados para novas frentes de atuação, nem 
mesmo para aquelas tradicionais. Essa falta de reconhecimento está atrelada a ações focalistas, paliativas, 
endógenas e à própria imagem profissional que possui suas matrizes na história do serviço social.
 Observação
Endógena quer dizer uma visão de dentro do Serviço Social; uma visão 
interna sobre a profissão (IAMAMOTO, 2001).
As pessoas também pensam que não é preciso se especializar (graduar) para fazer um trabalho 
de garantia de direitos sociais da população. Acreditam que o trabalho voluntário tem condições de 
fazer a mesma coisa. O voluntariado se caracteriza por ações pontuais, por um tempo determinado, o 
compromisso é pessoal e pode ser desfeito a qualquer momento por interesse do voluntário.
1.8 Desmistificando os estigmas da profissão
A mídia, na atualidade, constantemente mostra e denuncia as desigualdades e as exclusões 
sociais, o sofrimento e as dificuldades com que vivem milhares de pessoas neste país. Além das 
demandas aos serviços sociais em relação às necessidades materiais, as pessoas buscam atenção, 
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apoio etc. Esses indivíduos, ao buscar um serviço, terão a compreensão e apoio de um profissional 
que poderá ser confundido como um amigo, um salvador. A confusão é compreensível, pois parte de 
pessoas que muitas vezes não têm sua identidade reconhecida socialmente, ou por se encontrarem 
em situação de baixa estima devido aos diversos problemas que enfrentam cotidianamente. E, 
por outro lado, o assistente social é o profissional que mostra os caminhos na solução dos mais 
variados problemas.
Embora alguns serviços prestados pelo serviço social sejam confundidos com caridade, favor, há 
de se desmistificar essa identidade atribuída. Ser compreensivo e atencioso é um atributo pessoal e 
inerente ao ser humano.
Já a cultura científica é adquirida ao longo da formação acadêmica por meio de disciplinas das mais 
diversas áreas de conhecimento.
A formação de serviço social utiliza-se de conhecimento da área de ciências sociais aplicadas, 
como História, Economia, Antropologia, Sociologia, Filosofia, Direito, Psicologia, entre outras. No seu 
fazer profissional, os conceitos dessas áreas são utilizados para compreender a realidade em que as 
desigualdades ocorrem e, assim, buscar a resolução dos problemas a partir de proposições.
1.8.1 Alguns estigmas da profissão
A profissão tem estigmas atribuídos ao longo da construção de sua identidade que precisam ser 
desconstruídos. O quadro a seguir apresenta alguns deles sobre o exercício profissional do assistente 
social.
Estigma (não verdadeiro) Identidade (verdadeira)
O trabalho do assistente social é voluntário, 
caritativo e é de benesse.
O assistente social exerce seu trabalho de forma remunerada em 
organizações públicas, privadas e organizações não governamentais com 
atribuições específicas e regulamentadas por lei.
Os assistentes sociais são pessoas “boazinhas” 
que ajudam os pobres e oprimidos.
O assistente social é um profissional graduado no curso superior de Serviço 
Social. Ele atende às necessidades sociais da população em geral, nas 
áreas de assistência social, saúde, habitação, educação etc. A atividade 
em si não é considerada ajuda, pois o profissional atua na perspectiva de 
assegurar direitos sociais garantidos pela Constituição Federal visando ao 
fortalecimento da autonomia e da democracia.
O assistente social trabalha só com os 
pobres.
A realidade social e econômica do Brasil faz que o trabalho do assistente 
social se volte para a questão da pobreza e da população que é excluída 
de bens e serviços. É uma profissão que atua de maneira efetiva no setor 
empresarial, o qual tem outro perfil de usuário, além de outros serviços 
prestados por órgãos públicos que atendem à população em geral. Não 
é uma profissão exclusiva para um determinado segmento social, é uma 
profissão que atua para toda a sociedade.
1.9 Entidades representativas do serviço social
Citam-se algumas entidades representativas do Serviço Social, como a Executiva Nacional de Serviço 
Social — ENESSO, o CRESS, o CFESS e a Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social 
— ABEPSS.
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A ENESSO é a entidade máxima de representação dos estudantes de Serviço Social. A Coordenação 
Nacional da Executiva é eleita anualmente no Encontro Nacional de Estudantes de Serviço Social — 
ENESS, que é a instância máxima de deliberação do Movimento Estudantil de Serviço Social. Tem por 
objetivo reunir os estudantes de todo o país em torno dos temas pertinentes à conjuntura, movimento 
estudantil, universidade, formação ético-político profissional, cultura e outros temas relevantes ao 
serviço social.
Conforme está descrito em seu estatuto, a ENESSO busca:
• fomentar e potencializar a formação político-profissional dos estudantes de Serviço Social, bem 
como suas entidades representativas;
• promover o debate acerca dos problemas dos estudantes de Serviço Social;
• garantir o contato permanente dos estudantes de Serviço Social com a categoria dos assistentes 
sociais, suas entidades nacionais e latino-americanas;
• viabilizar a integração com os movimentos populares e sociais como forma de crescimento político 
dos estudantes e de reforço e ampliação das lutas desses movimentos;
• consolidar o contato com as demais executivas de curso a fim de reforçar o papel que elas 
desempenham no movimento estudantil e também construir novas alternativas de luta para o 
movimento;
• coordenar e organizar os encontros estaduais, regionais e nacionais junto às escolas-sede dos 
eventos, buscando a articulação com as demais entidades da categoria para a realização desses 
encontros (ENESSO).
O CRESS é uma autarquia federal de personalidade jurídica e de direito público, regulamentado pela 
Lei n.º 8.662, de 07 de junho de 1993. Está vinculado ao CFESS, porém possui autonomia administrativa 
e financeira. Essa instituição tem o poder de fiscalizar o exercício profissional do assistente social. 
Já os Conselhos Regionais são responsáveis pelas inscrições dos assistentes sociais nos seus estados. 
Eles informam sobre anuidades, eventos, ofertas de trabalho, cursos de capacitação e ainda recebem 
denúncias de problemas relacionados à ética da profissão.
São objetivos dos CRESS:
• orientar, disciplinar, fiscalizar e defender o exercício da profissão de assistente social nos seus 
respectivos estados;
• zelar pelo livre exercício, dignidade e autonomia da profissão;
• organizar e manter o registro profissional dos assistentes sociais e das pessoas jurídicas que 
prestam serviços de consultoria, assessoria, planejamento, capacitação e outros em Serviço Social 
no âmbito de sua jurisdição;
• zelar pelo cumprimento e observância do Código de Ética Profissional do Assistente Social 
funcionando como Tribunal Regional de Ética Profissional;
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• fixar, em assembleias da categoria, o valor das anuidades que os assistentes sociais devem pagar 
(BRASIL, 2003).
O CFESS, regulamentado pela Lei n.º 8662/93 em conjunto com os CRESS, respondepela fiscalização 
do exercício profissional do assistente social. O Conselho Federal é representado por uma diretoria 
composta por 18 conselheiros, e ela é eleita a cada três anos pelo voto direto dos assistentes sociais 
de todo o país. O art. 8º da Lei de Regulamentação da Profissão de Assistente Social estabelece que 
o Conselho Federal de Serviço Social tem a incumbência, na qualidade de órgão normativo de grau 
superior, do exercício das seguintes atribuições:
• orientar, disciplinar, normatizar, fiscalizar e defender o exercício da profissão de assistente social 
em conjunto com o CRESS;
• assessorar os CRESS sempre que for necessário;
• aprovar os Regimentos Internos dos CRESS no fórum máximo de deliberação do conjunto CFESS/
CRESS;
• aprovar o Código de Ética Profissional dos assistentes sociais juntamente com os CRESS no fórum 
máximo de deliberação do conjunto CFESS/CRESS;
• funcionar como Tribunal Superior de Ética Profissional;
• julgar, em última instância, os recursos contra as sanções impostas pelos CRESS;
• estabelecer os sistemas de registro dos profissionais habilitados;
• prestar assessoria técnico-consultiva aos organismos públicos ou privados em matéria de Serviço 
Social (BRASIL, 2003).
A ABEPSS é constituída pelas unidades de ensino em Serviço Social, pelos sócios institucionais e 
individuais (pesquisadores, docentes e discentes dos cursos de graduação e pós-graduação em Serviço 
Social). É uma entidade civil de natureza científica, é de âmbito nacional e não possui fins lucrativos. 
Com sede atual em Recife, busca mobilizar os profissionais de Serviço Social que são associados a 
ela por meio da realização de eventos como o Encontro Nacional de Pesquisadores em Serviço Social 
— ENPESS.
O Estatuto da ABEPSS estabelece que a entidade tenha as seguintes finalidades:
• propor e dinamizar uma política de formação em Serviço Social que expresse a indissociabilidade 
do ensino, da pesquisa e da extensão, articulando a graduação e a pós-graduação;
• contribuir para aperfeiçoar a formação profissional do assistente social na perspectiva de atender 
às exigências regionais e ao projeto ético-político profissional nos contextos nacional, regional e 
local;
• representar e defender os interesses da área de Serviço Social junto às agências de fomento no 
que tange ao ensino, pesquisa e extensão;
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• fomentar e estimular a formação e consolidação de grupos de pesquisa nas universidades e/ou 
outras instituições voltadas à pesquisa;
• promover a publicação da produção acadêmica gerada no âmbito do Serviço Social;
• desenvolver eventos acadêmico-científicos de produção de conhecimento na área de Serviço 
Social;
• atuar com propriedade para fortalecer a concepção de formação profissional com amplo processo 
que abrange formação acadêmica, pesquisa, capacitação continuada e prática organizativa e 
profissional (Estatuto da ABEPESS).
Ao conhecer a natureza da profissão de assistente social, quem é o assistente social, a legalidade 
do exercício profissional, os equívocos e estigmas que acompanham a profissão desde o surgimento 
desaparecerão. Não se limite ao conteúdo trabalhado nessa aula, busque pesquisar nas referências 
bibliográficas sobre a sua futura profissão.
2 A ATIVIDADE PROFISSIONAL NO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DA 
IDENTIDADE PROFISSIONAL
A identidade é concebida como um fenômeno social, um processo de mudanças que se constitui 
nas relações sociais e interpessoais, configurando-se e transformando-se. É compreendida como um 
processo de construção da representação de si e como se é reconhecido. Seu desenvolvimento é calcado 
em significações, gostos, disposições, escolhas, formas de agir e pensar, crenças e valores como princípios 
organizadores de práticas e representações e reflete um estilo de vida, um conjunto de escolhas.
A construção da identidade é dinâmica, incessante, um movimento permanente. Identidade 
remete àquilo que é idêntico, que é semelhante. É expressa singular ou coletivamente. Singularmente, 
quando diz respeito a características individuais, à representação de si mesmo; coletivamente, quando 
compartilhada de experiências de outros indivíduos ou segmentos sociais, grupos sociais etc.
Gentilli (1997, p. 128) aponta que a identidade se refere
[...] a movimentos que dizem respeito tanto à singularidade humana quanto 
a particularidades de grupos, segmentos, estratos, classes, nações, culturas 
etc., na produção de sentidos face às relações sociais das quais participa, de 
acordo com representações e imagens utilizadas para se referir a objetos 
que são identificados como exteriores. [...] categoria que possibilita analisar 
as contiguidades, as semelhanças, as diferenças e as contradições que se 
estabelecem entre indivíduos e sociedade, tanto na perspectiva dos sujeitos 
singulares quanto coletivos, por intermédio das noções de “identidade 
pessoal” e identidade social.
Quais as mudanças em suas condições objetivas de vida voltadas para a futura profissão e que 
repercussões teriam no processo de constituição da identidade? O projeto pessoal tem peso no projeto 
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profissional na construção de sua identidade nesse momento de transição? Essa reflexão o acompanhará 
durante sua formação.
Uma identidade carrega estigmas e atributos depreciativos decorrentes de expectativas sociais não 
correspondidas por quem não a conhece. Essa marca gera uma identidade irreal da categoria profissional, 
conferindo-lhe denominações que ela não possui.
As expectativas em relação à identidade podem ser da ordem normativa e da ordem pessoal. A 
primeira direciona o cumprimento de leis, normas e regulamentos; e a segunda apresenta como se dão 
as relações no contexto em que estão inseridas.
2.1 Processo de construção da identidade profissional do assistente social
Como em toda profissão, a identidade do serviço social vem sendo construída ao longo dos anos nos 
processos sociais e históricos da sociedade. Está ligada à origem da profissão, cujas raízes encontram-se 
no desenvolvimento do capitalismo e em suas consequências sociais.
Com o aumento da produção e as mudanças nas relações de produção, acentuaram-se as diferenças 
sociais, e, diante do aumento da pobreza, surgiram grupos de voluntários ligados a organizações 
religiosas para atender às mazelas decorrentes da industrialização. Nesse contexto, os conflitos nas 
fábricas por melhores condições de trabalho, entre outros, pediam a presença de um “mediador” que 
conciliasse as partes envolvidas. Fora dessas organizações, as condições de vida eram precárias, não 
havia saneamento básico, creches, saúde nem moradia. Isso tudo impunha um profissional que pudesse 
atender e encaminhar as soluções para as necessidades que surgiam.
Atualmente, nas empresas, o assistente social continua a fazer a mediação dos conflitos entre patrões 
e empregados atuando na perspectiva de treinamento, prevenção de acidentes do trabalho e benefícios.
Como uma profissão que teve sua origem articulada à formação do sistema capitalista, cuja estratégia 
era de controle social, essa prática profissional, com uma ilusão de servir, surgiu com uma identidade 
atribuída pelo capitalismo. Isso ocorreu também pela fragilidade política e social da categoria profissional 
que produziu práticas hoje analisadas como assistencialistas, filantrópicas, focalistas e marcadas pelo 
fornecimento de benefícios sociais.
Por ser uma profissão que trabalha com problemas sociais que afetam as pessoas e grupos em 
situação precária de vida, ela é confundida com assistencialismo, caridade, doação etc. Isso advém da 
gênese dos problemas sociais, da Antiguidade até a atualidade: antes era tratada como caridade; hoje, 
há políticas sociais públicas para atender esses problemas, mas a confusão continua.
Outro estigma que a profissão carrega estárelacionado ao baixo reconhecimento a ela socialmente 
atribuído, principalmente na área de pesquisa, e à baixa remuneração em relação a outras ocupações.
Registram-se, também, diferentes discursos no âmbito de organizações formais da profissão e no 
mercado de trabalho profissional. No ramo das organizações, o discurso é da ordem do “dever ser”, 
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representação que aponta diferenças e divergências com os discursos no âmbito profissional, o qual 
trabalha com o “poder ser”, ou seja, com as possibilidades. Gentilli (1997, p. 129) assevera que
a identidade profissional do Serviço Social é resultante de uma interação 
dinâmica entre os aspectos formais e informais da profissão. Essa interação 
expressa coletivamente as manifestações representacionais produzidas na 
categoria profissional, e é realizada tanto por meio de discursos consagrados 
nas organizações e instituições formais da profissão quanto nas formações 
discursivas que se disseminam no mercado de trabalho profissional.
Os discursos são a auto-representação da categoria profissional nas relações sociais dos quais sua 
categoria profissional faz parte com o objetivo de se conhecer no processo histórico e social.
É no espaço da formação profissional que a identidade começa a ser construída por meio da 
socialização de ideias, das diferenças, das divergências, de concepções de si mesmo, de papéis profissionais, 
de normalização do certo e do errado, de direitos e deveres e atribuições profissionais. E o ambiente 
profissional ou campo de atuação será o local em que ela se legitimará.
Gentilli (1997) aponta sete direções acerca da concepção de “ser profissional” de Serviço Social no 
mercado de trabalho. Vamos analisá-las a seguir:
• a primeira direção concebe o assistente social a partir da delimitação do âmbito das atividades nas 
quais a profissão pode se realizar. A identidade profissional é expressa pelo fazer e pela natureza 
desse fazer a partir da introjeção das diversas conotações que comportam a expressão “assistir à 
sociedade”, seja em atividades “assistenciais, educacionais ou políticas”.
• o segundo eixo, utilizado para expressar as definições acerca da identidade profissional, compreende 
os objetivos profissionais relacionados aos clássicos “processos metodológicos”. Nessa direção ficam 
visíveis a permanência e o reconhecimento, por parte de alguns profissionais, da plausibilidade de 
tais processos consagrados pelo uso e que se mantêm em vigor, deslanchando inclusive atividades 
que se apresentam como emergentes na profissão.
• a terceira forma concebe a identidade do serviço social a partir de representações vinculadas 
às ações “de ajuda” realizadas pelos profissionais associados a concepções como “bem-estar”, 
“equilíbrio”, “humanização”, assim como aos diferentes tipos de “atividades promocionais” e 
“assistenciais” realizados pelos assistentes sociais.
• as atividades profissionais descritas como “orientar”, “esclarecer” e “encaminhar” serviram de 
ponto de partida para a materialização da identidade profissional de uma quarta manifestação, a 
qual foi recontextualizada no discurso teórico contemporâneo.
• uma quinta forma de definição do ser profissional – associada ou não à discussão das questões 
sociais –, a ideia de mudança social, surge tendo como foco as definições que oferecem prioridade 
aos aspectos ligados ao “processo de conscientização” e às “formas de transformação social”, 
tanto no plano individual como no coletivo.
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• a sexta variação na definição do “ser profissional”, que foi encontrada na referência às diferenças 
e semelhanças existentes nas práticas profissionais, refere-se à discussão relativa aos campos 
de atuação (previdência, assistência social, bem-estar etc.) e sobre seus respectivos âmbitos de 
interferência social.
• de forma minoritária, aparece a sétima concepção, marcada por uma visão muito particularizada 
e decorrente de campos de atuação superespecializados e excepcionais. Nessa compreensão, o 
profissional se vê como o agente que estabelece a vinculação de “clientes” que têm mundos 
internos “especiais” em relação à vida dos sujeitos considerados socialmente “normais”.
As concepções apresentadas anteriormente agrupam noções diferentes. Há visões de transformação, 
cidadania, ajuda social, humanização das relações sociais, equilíbrio social etc. Essas representações revelam a 
multiplicidade de expressões da identidade profissional e suas finalidades, atividades, objetivos e funções.
Diante do foi trabalhado, é preciso ficar claro que a identidade do serviço social está associada ao 
exercício da prática profissional e que a profissão, na sua gênese, desenvolve uma atuação assistencialista, 
voltada a atender aos interesses do sistema capitalista. Assim, podemos afirmar que o serviço social, 
no início da profissão, teve sua identidade atribuída e não construída coletivamente pela categoria 
profissional.
2.2 O perfil do assistente social no mercado de trabalho
O assistente social pode trabalhar no primeiro setor, que é definido pelas instituições públicas 
nas esferas federal, estadual e municipal; no segundo setor, formado pelas organizações empresariais 
privadas; e no terceiro setor, constituído por organizações não governamentais — ONGs, que geram 
serviços de caráter público.
Você conhecerá alguns dados sobre o que se exige do perfil do mercado de trabalho de assistente 
social no Brasil. A pesquisa do CFESS foi realizada pela Universidade Federal de Alagoas em 2004. Esse 
estudo foi coordenado pela professora Dra. Marlise Vinagre Silva e pela Dra. Rosa Prédes. Teve por base 
uma amostra de 1.049 profissionais em atividades no país com registro nos CRESS e retrata o “perfil do 
assistente social no Brasil”. De acordo com a referida pesquisa, o setor público é o maior empregador 
dessa profissão: a esfera municipal emprega 40,97%; a esfera estadual, 24%; e a nacional, 13,19%. O 
setor privado aparece em segundo lugar na pesquisa com um total de 13,19% de assistentes sociais, e 
em terceiro lugar está o terceiro setor, com um percentual de 6,81%.
2.2.1 Áreas de atuação no primeiro setor
No setor público, com a descentralização e municipalização das políticas sociais públicas, ocorre 
uma ampliação do mercado de trabalho na esfera municipal, e os concursos públicos passam a se 
concentrar nos municípios.
Os campos de atuação do assistente social no setor público em âmbito nacional, estadual e 
municipal são: saúde, assistência social, previdência, educação, habitação etc. Nas organizações 
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públicas, esse profissional pode atuar ainda nas áreas da criança e adolescente, de idoso, de pessoas 
com deficiência etc.
Outro campo de atuação no setor público que vem se destacando é a gestão social de políticas 
públicas. Cursos de especialização surgem para qualificar profissionais da área social, entre eles o 
assistente social, para exercer funções públicas de gerenciamento. Iamamoto (2001, p. 125) afirma que
[...] o treinamento para a vida pública apresenta exigências específicas. 
Requer conhecimento do contexto político e constitucional da gestão 
governamental; o aprendizado para agir sob constante pressão política 
e a habilidade para operar dentro de metas preestabelecidas por lei em 
estruturas organizacionais sob controle do sistema jurídico.
A atuação do assistente social no gerenciamento de programas públicos deve se pautar em uma 
prática profissional transparente, com a participação efetiva da população no controle social e nas 
decisões institucionais, que devem ser democráticas e respeitadas. Deve primar sempre pela garantia 
dos direitos sociais e pela democratização do acesso aos bens e serviços oferecidos pela política públicaou programa social.
2.2.2 Áreas de atuação no segundo setor
Nas organizações privadas, o assistente social pode atuar na área de recursos humanos, um setor que 
se expande para o gerenciamento, o planejamento estratégico, as relações interpessoais, a qualidade de 
vida do trabalhador, os treinamentos organizacionais, a elaboração ou a implementação de projetos, os 
programas de prevenção de riscos sociais etc.
Iamamoto (2001, p. 130) expõe que
[...] para o ingresso na esfera empresarial têm sido exigidos requisitos 
que extrapolam o campo de conhecimentos para abranger “habilidades 
e qualidades pessoais”, tais como: experiência, criatividade, desembaraço, 
versatilidade, iniciativa e liderança, capacidade de negociação e 
apresentação em público, fluência verbal, habilidade no relacionamento 
e “capacidade de se sintonizar com as rápidas mudanças no mundo dos 
negócios”.
O assistente social precisa, ainda, saber trabalhar em equipes interdisciplinares, relacionar-se com 
outros profissionais para atuar na elaboração e realização de pesquisas, capacitação em planejamento, 
na elaboração de planos, projetos sociais, programas de qualidade total da empresa (um programa 
voltado para a qualidade dos serviços e produtos oferecidos pela instituição).
No segundo setor, o assistente social deve atuar de forma reflexiva para não incorrer em uma prática 
profissional que atenda exclusivamente aos interesses dos empregadores. Para tanto, o profissional 
deve estar revestido de uma capacidade ético-política voltada para os princípios do Código de Ética 
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do Assistente Social e ter sempre em mente que a nossa atuação deve sempre primar pela defesa 
intransigente dos direitos humanos.
2.2.3 Áreas de atuação no terceiro setor
No terceiro setor (ONGs), o assistente social atua diretamente com a sociedade civil organizada e 
movimentos populares nas áreas de administração e planejamento de projetos sociais, defesa de direitos 
humanos, convênios de cooperação técnico-financeira, captação de recursos etc.
Com a municipalização das políticas públicas, surgem novas oportunidades de intervenção no 
âmbito da sociedade civil organizada para o assistente social, com destaque para a formulação, gestão 
e controle social das políticas sociais. Segundo Iamamoto (2001), o trabalho do assistente social nessa 
nova demanda profissional pode ser expresso da seguinte forma:
a) implantação dos conselhos de políticas sociais;
b) capacitação dos conselheiros;
c) elaboração de planos de assistência social;
d) organização e mobilização popular em experiência de orçamento participativo;
e) assessoria e consultoria no campo das políticas públicas e dos movimentos sociais etc.
No terceiro setor, o assistente social deve atuar no reforço do poder local no âmbito municipal. 
Deve ampliar a possibilidade de participação da comunidade local na busca de soluções para os seus 
problemas por meio da fiscalização, formulação e gestão das políticas e programas sociais. O objetivo 
é fazer que esses programas sejam canais de efetivação dos direitos sociais de forma democrática e 
equânime.
O assistente social deve atuar em uma perspectiva participativa e criativa com competência teórica, 
técnica e política na defesa da participação da sociedade civil organizada e na formulação e controle 
social de políticas públicas que venham ao encontro dos interesses sociais da coletividade. A atuação 
junto à sociedade civil organizada tem como espaço privilegiado os Conselhos de Políticas Públicas da 
assistência social, saúde e previdência e os conselhos de direitos da criança e do adolescente, do idoso 
e do deficiente.
Os conselhos são órgãos paritários, ou seja, metade é composta por representantes do governo; a 
outra, por representantes da sociedade civil organizada. Esses conselhos têm competência legal para 
deliberar e controlar as políticas sociais públicas.
Diante de tantas possibilidades de trabalho, o assistente social precisa possuir conhecimentos 
teóricos, técnicos e políticos para apreender e decifrar a realidade social na sua dinâmica, pois
[...] possibilidades novas de trabalho se apresentam e necessitam 
ser apropriadas, decifradas e desenvolvidas; se os assistentes sociais 
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não o fizerem, outros o farão, absorvendo progressivamente espaços 
ocupacionais até então a eles reservados. Aqueles que ficarem prisioneiros 
de uma visão burocrática e rotineira do papel do assistente social e de 
seu trabalho entenderão isso como “desprofissionalização” ou “desvio 
de funções” e as alterações que vem se processando nessa profissão 
(IAMAMOTO, 2001, p. 48).
O assistente social deve estar sempre atento às mudanças e às possibilidades que se apresentam no 
mercado de trabalho para conquistar espaços ocupacionais que requerem as habilidades de intervir de 
forma criativa e propositiva. Deve apresentar alternativas inovadoras de trabalho que contribuam para 
a universalização dos bens e serviços relativos aos programas e políticas sociais.
Portanto, diante de tantas possibilidades de espaços sócio-ocupacionais no mercado de trabalho, o 
assistente social necessita qualificar-se constantemente para contribuir na implementação de propostas 
de trabalho capazes de atender as demandas sociais. Sua atuação deve alcançar os interesses coletivos 
da população usuária do Serviço Social visando à diminuição das desigualdades sociais. Diante dessa 
necessidade, o trabalho desse profissional não pode ocorrer de forma isolada, mas em conjunto com 
outros profissionais nas instituições empregadoras, visto que uma única profissão não dá conta de 
resolver todos os problemas sociais.
2.3 O estágio supervisionado
O estágio supervisionado curricular é parte integrante e obrigatória para o aluno que cursa 
Serviço Social. É no período do estágio que o acadêmico tem o contato direto com a prática 
profissional a partir de sua inserção em um determinado espaço sócio-ocupacional. Essa etapa 
dos estudos prevista no currículo tem como objetivo fazer que você relacione os conhecimentos 
teóricos adquiridos na formação ao fazer profissional que é desenvolvido na prática de trabalho 
do assistente social.
Segundo nos explica Azeredo e Souza (2004), um dos maiores desafios que o assistente social 
enfrenta é a articulação entre a profissão e a realidade social para que o profissional possa desenvolver 
suas ações na prática e esteja focado entre os conhecimentos teóricos e a realidade contemporânea.
O estágio é um espaço propício para o aprendizado da prática real do fazer do assistente social. Para 
tal, deve propiciar condições que capacitem o estudante para o exercício da profissão. Acerca do estágio 
supervisionado, Buriolla (2006, p. 13) nos ensina que
[...] o estágio é concebido como campo de treinamento, um espaço de 
aprendizagem do fazer concreto do serviço social, em que um leque de 
situações e de atividades de aprendizagem profissional se manifestam para 
o estagiário tendo em vista sua formação [...] é o lócus em que a identidade 
profissional do aluno é gerada, construída e referida; volta-se para o 
desenvolvimento de uma ação vivenciada, reflexiva e crítica, e por isso deve 
ser planejado gradativa e sistematicamente.
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A partir dessa afirmação, você pode entender o estágio como um local de atividades diversas que 
apresentam um universo de complexidades, em que é muito importante a reflexão, a crítica construtiva 
e o planejamento.
O estágio supervisionado tem como objetivo inserir o acadêmico nos espaços institucionais de 
atuação do serviço social. Essa ação requer a observação participante, a investigação e o conhecimento 
da realidade institucional em que acontecem as situações concretas que exigem intervenção do 
assistentesocial.
O contato com as instituições permite que o estudante em campo de estágio reflita de forma crítica 
diante das demandas e das situações apresentadas aos profissionais que atuam nesses órgãos. Para isso, 
é preciso que você relacione a sua capacidade de reflexão à sua aprendizagem iniciada no primeiro dia 
de aula do curso.
Vamos entender melhor o que significa o estágio e como fazê-lo?
Para realizar o estágio supervisionado em Serviço Social, você deve ser encaminhado pela instituição 
em que estuda (embora em alguns casos o aluno articule seu estágio), preencher toda a documentação 
necessária (disponível no manual de estágio ou no caderno de orientações de estágio) e ainda é necessário 
que a universidade tenha convênio assinado com a instituição em que você estagiará.
O estágio iniciou-se no Brasil, de acordo com Buriolla (2006), logo após a criação das primeiras 
escolas de Serviço Social, mais especificamente na década de 1930. Desde então, é parte integrante da 
formação do aluno desse curso e também propicia ao estudante o contato com a prática profissional, 
desenvolvendo-se como uma etapa decisiva em sua formação.
O curso de Serviço Social tem sua organização curricular sustentada por um tripé, conforme 
determinação do MEC. Ele sustenta os conhecimentos que constituem os núcleos de fundamentação 
da formação profissional. Os núcleos se subdividem em: núcleo de fundamentos teórico-metodológicos 
da vida social; núcleo de fundamentos da formação sócio-histórica da sociedade brasileira; núcleo de 
fundamentos do trabalho profissional, que compreende os elementos constitutivos de serviço social 
como uma especialização do trabalho: sua trajetória histórica, teórica, metodológica e técnica, os 
componentes éticos que envolvem o exercício profissional, a pesquisa, o planejamento e a administração 
em Serviço Social e o estágio supervisionado.
O núcleo de fundamentos do trabalho profissional contempla o estágio supervisionado como o último 
de seus elementos constitutivos. Para que você possa fazer o estágio, é preciso primeiro conhecer os 
fundamentos do serviço social, como é sua trajetória histórica, sua gênese e as bases que direcionaram 
metodológica e tecnicamente a profissão. O conhecimento da orientação de diversas teorias também é 
importante, como: Neotomismo, Positivismo, Fenomenologia e as mudanças da profissão após o Movimento 
de Reconceituação e a aproximação da profissão com a corrente teórica de Karl Marx (Marxismo).
Para cursar o estágio supervisionado, você deve ter apreendido outros conhecimentos além dos 
fundamentos históricos de Serviço Social. São necessários componentes éticos que norteiam a profissão 
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e estes estão contemplados na lei de Regulamentação e no atual Código de Ética da profissão. Outro 
elemento importante para a realização do estágio supervisionado é a bagagem teórico-metodológica 
adquirida nas disciplinas ministradas no curso.
Como citamos até aqui, você pode compreender que o estágio tem uma importância ímpar na sua 
qualificação formal. Nele, traduz-se um espaço único em que o acadêmico tem a oportunidade de 
aprender de forma crítica a atuação do assistente social.
É preciso que façamos algumas reflexões. O que encontramos como alunos do curso de Serviço 
Social no estágio supervisionado? Precisamos contribuir enquanto estamos no local de estágio ou 
apenas observar? É preciso ser ético, ter sigilo e respeitar os profissionais que atuam no campo de 
estágio?
O conteúdo desse item nos aponta que essas perguntas são importantes para a reflexão sobre o 
estágio e o despertar sobre sua importância. Assim, podemos nos capacitar e sermos propositivos, 
colaboradores, observadores, termos respeito e sermos éticos no campo de estágio em que estamos 
inseridos e com os profissionais que lá atuam.
A observação e a proposição do aluno no campo de estágio deve se voltar para a competência do 
profissional na prática, e esta prática deve estar alicerçada em sua posse de saberes disciplinares. É 
necessário que o estudante perceba como o profissional canaliza seus saberes no enfrentamento das 
demandas sociais apresentadas pela comunidade à política publica ou social em que atua.
Segundo Azeredo e Souza (2004), é no campo de trabalho que há a necessidade de construir atividades 
cotidianas competentes, não apenas baseadas em elementos da formação profissional apreendidos pelo 
assistente social, mas na construção de habilidades e atitudes que possibilitem o levantamento de 
respostas profissionais.
De acordo com a citação, o profissional constrói a competência necessária para a atuação em seu 
espaço de trabalho. Portanto, o campo de estágio é de suma importância para que o aluno saiba como 
adquirir essas habilidades e, a partir disso, possa tomar atitudes que, aliadas à sua formação teórica, 
façam dele um excelente profissional.
Apontamos, ainda, outro elemento que não pode deixar de ser contemplando no estágio, os 
instrumentais técnicos operativos do serviço social. Eles devem ser observados, apreendidos e 
utilizados pelo aluno durante a realização do estágio supervisionado. Apreendê-los permitirá 
que você, juntamente com o profissional da instituição de estágio, contextualize e sistematize 
esses instrumentais junto à realidade social trabalhada. O profissional que o acompanha deve 
lhe ensinar como realizar uma análise da conjuntura apresentada. A partir desse processo, você 
saberá como utilizar cada instrumental corretamente e como elegê-los para cada situação 
trabalhada.
O estudante deve ter ciência de que o estágio implica compromisso, e ele é uma oportunidade 
de vivência das teorias estudas durante o curso. Se realizado de forma comprometida, prepara o 
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aluno para uma atuação segura e competente. Para tal, é necessária uma troca de experiências e 
conhecimentos entre o discente e os profissionais que atuam nos campos de estágio, assim como 
com o professor que ministra os conteúdos da disciplina. Essa relação deve suscitar as discussões 
necessárias frente à atuação e às demandas contemporâneas, privilegiando sempre o compromisso, 
o respeito, a ética e a colaboração dos envolvidos no estágio supervisionado obrigatório do curso de 
Serviço Social.
É importante o entendimento sobre o surgimento do serviço social e alguns aspectos dessa profissão 
no Brasil para compreender qual o mercado de trabalho do assistente social, o local de atuação profissional 
e de estágio supervisionado.
2.4 Formação profissional: exigências e perspectivas
Em meados da década de 1990, surge a necessidade de reconstruir o projeto de formação profissional 
do assistente social demarcado transversalmente pelos dilemas da contemporaneidade da sociedade 
brasileira nos quadros da nova ordem mundial. Para tanto, é preciso que haja uma radical conciliação 
do projeto formativo com a história e com as tendências contraditórias que dela emanam. É importante 
apropriar tais tendências atribuindo à formação profissional a densidade de informações relativas à 
sociedade brasileira, pois isso é requisito preliminar para que se possa dar concretude à direção social que 
se pretende imprimir àquela reconstrução do projeto, o qual é capaz de se atualizar nos vários momentos 
conjunturais. Mais ainda: uma qualidade de formação que, sendo culta e atenta ao nosso tempo, seja 
capaz de antecipar problemáticas concernentes à prática profissional e de fomentar a formulação de 
propostas profissionais que vislumbrem alternativas de políticas calcadas no protagonismo dos sujeitos 
sociais, pois se atenta à vida presente e aos seus desdobramentos. É fundamental que haja um projeto de 
formação profissional que aposte nas lutas sociais e na capacidade dos agentes históricos de construir 
novos padrões da sociedade para a vida social. Essa construção é processual,

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