Buscar

APOSTILA Família e Sociedade Tema 1 (Serviço Social - Anhanguera)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Família e Sociedade
Autor: Ana Carolina Bazzo Silva
Tema 01
Sociedade, família e indivíduo
seç
ões
Tema 01
Sociedade, família e indivíduo
Como citar este material:
SILVA, Ana Carolina Bazzo. Família e 
Sociedade: Sociedade, família e indivíduo. 
Caderno de Atividades. Valinhos: Anhanguera 
Educacional, 2017.
Seções Seções
FINALIZANDO
REFERÊNCIAS
GABARITO
LEITURAOBRIGATÓRIA
CONTEÚDOSEHABILIDADES
AGORAÉASUAVEZ
GLOSSÁRIOLINKSIMPORTANTES
4
Tema 01
Sociedade, família e indivíduo
5
Prezado aluno, neste curso você será apresentado a conceitos das ciências sociais que o 
permitirão refletir sobre a relação entre família e sociedade sob diferentes perspectivas.
O objetivo principal do curso é refletir a família enquanto um fenômeno social e cultural. Para 
tanto, apresentaremos autores, leituras, links, exemplos e situações que possam ajudá-lo a 
compreender a família como um reflexo da sociedade e da cultura em que seus membros 
estão inseridos, assim como refleti-la como parte do imaginário político, social e cultural da 
sociedade em que estamos inseridos.
Consequentemente, objetivamos que desenvolva capacidade de refletir e compreender a 
partir de um olhar específico diferentes situações-problemas que envolvem os processos 
de socialização familiar; que desenvolva a capacidade de refletir a relação entre indivíduo, 
família e sociedade e que possa, ao final do curso, pensar na diversidade das formas como 
podemos definir os arranjos familiares em diferentes contextos sociais, políticos, econômicos 
e culturais. 
Nosso curso estará dividido em temas que, apesar de não esgotarem as possíveis 
abordagens sociológicas sobre família, complementam-se. 
Neste primeiro tema, trabalharemos as especificidades da leitura de conceitos próprios 
às ciências sociais e também falaremos um pouco sobre o lugar da família em obras de 
autores clássicos da sociologia. 
 Boa leitura!
CONTEÚDOSEHABILIDADES
6
LEITURAOBRIGATÓRIA
Tema 1 - Sociedade, família e indivíduo
Convite à leitura
Trabalharemos, neste primeiro tema de nosso curso, a relação entre sociedade, família 
e indivíduo. Para introduzirmos uma leitura das ciências sociais sobre esta temática, 
começaremos apresentando algumas das principais perguntas que autores da área se 
fizeram sobre o que é a sociedade e o que, enfim, nos orienta a vivermos em grupo e a 
sermos seres eminentemente sociais. Para compreender o papel da família na sociedade 
e, ao mesmo tempo, para compreender qual o peso da sociedade na constituição daquilo 
que entendemos como família, será importantíssimo entender os sentidos específicos que 
esses termos assumem nas leituras a partir das quais estamos nos baseando neste curso. 
Por dentro do tema
Antes de começarmos, façamos uma pausa necessária para falarmos sobre leitura e 
compreensão de textos acadêmicos. Quando nos dedicamos à leitura e à compreensão de 
textos acadêmicos na área das ciências humanas, devemos ter em mente alguns pontos 
muito importantes:
1) O momento histórico em que os autores estão escrevendo, porque as obras dialogam com 
a sociedade e a cultura em que os autores estão inseridos. Quando filósofos da Antiguidade 
estão falando sobre homens e sobre Deus, por exemplo, estão usando esses termos em 
sentidos diferentes dos sentidos dados por filósofos da Idade Média. São Tomás de Aquino e 
Santo Agostinho se inspiram em Platão e Aristóteles e os retomam, mas não podemos dizer 
que suas leituras são iguais à leitura dos filósofos da Antiguidade, porque o cristianismo ainda 
não existia, a sociedade em que viviam era outra. Podemos pensar o mesmo quando estamos 
falando da família para autores do começo do século XX e para autores do século XXI.
7
LEITURAOBRIGATÓRIA
2) A instituição em que os autores estão inseridos, porque existe um diálogo entre autores 
que pertencem a um círculo acadêmico específico. Assim como podemos estudar a história 
de instituições como o Estado moderno, podemos estudar a história de instituições como 
universidades. E é importante ter em mente que grande parte dos fundadores das ciências 
sociais está escrevendo no começo do século XX na Europa e nos Estados Unidos da 
América. Também é importante reconhecer que para cada meio universitário, temos uma 
rede de autores que acabam referindo-se uns aos outros em suas obras. Há um diálogo 
possível, por exemplo, entre Karl Marx e Friedrich Hegel. Há inclusive um diálogo possível 
entre Marx e Charles Darwin, mas não podemos dizer que a noção de trabalho presente na 
obra de Marx é a mesma noção que está presente na obra de Émile Durkheim. Durkheim 
escreve bem depois de Marx e tem outras influências teóricas.
3) Os termos que aparecem ao longo dos textos acadêmicos não possuem os mesmos 
sentidos que as palavras com as quais temos contato em nosso cotidiano ou no senso 
comum. Na maioria das vezes, esses termos que encontramos em textos técnicos ou obras 
acadêmicas possuem status de “conceito”, ou seja, são palavras que buscam representar 
uma situação, uma realidade, de forma generalizante. Palavras como trabalho, sociedade, 
cultura, possuem sentidos comuns distintos dos sentidos teóricos que assumem em textos 
acadêmicos.
4) O sentido que um autor utiliza para um conceito em determinada obra não é 
necessariamente o mesmo sentido que outro autor dá para o mesmo conceito e, em muitos 
casos, um mesmo autor pode definir de forma diferente o mesmo conceito ao longo de sua 
obra. O significado e as implicações do uso da palavra “Civilização” vão mudando ao longo 
da obra de Sigmund Freud, por exemplo. Para ler textos acadêmicos, é importante sempre 
ter isso em mente e, muitas vezes, buscar o sentido específico do termo dento da obra ou 
em dicionários da área.
Essas dicas o ajudarão ao longo de seus estudos e, sobretudo, o ajudarão a compreender 
as possíveis leituras das ciências sociais para a relação entre sociedade, família e indivíduo 
que apresentaremos neste caderno. Trabalharemos, inicialmente, alguns questionamentos 
sobre a relação entre indivíduo e sociedade. 
8
LEITURAOBRIGATÓRIA
Relação entre indivíduo e sociedade
Em algum momento de sua vida, você deve ter se deparado com a palavra sociedade como 
forma de se referir a um grupo de pessoas que habita algum país ou mesmo como forma de 
se referir ao meio social em que você próprio nasceu, cresceu e vive. 
Os noticiários constantemente citam “a sociedade brasileira” como sinônimo da nação 
brasileira ou dos indivíduos que nasceram, cresceram e vivem no Brasil. O sentido assumido 
pela palavra, neste contexto, é de uma espécie de entidade que representa um grupo coeso 
de pessoas vivendo segundo regras e costumes específicos. Em outros momentos, você 
também já deve ter entrado em contato com a ideia de que todas as regras a partir das quais 
vivemos em sociedade se sobrepõem aos indivíduos como uma espécie de força ordenadora 
e controladora. Nesse sentido, sociedade pode ser definida como uma instituição limitadora 
das ações individuais em prol da manutenção da coletividade. 
Podemos dizer que o segundo exemplo carrega consigo uma leitura de sociedade que 
depende de certa leitura do que é o indivíduo. Imagine-se vivendo livremente em um campo, 
sobrevivendo daquilo que a natureza lhe fornece. Você e seu grupo familiar primitivo, talvez 
formado de uma esposa e filhos, vivem utilizando ferramentas rudimentares que permitem 
que seu grupo familiar se proteja do frio, que se alimente. Mas você não é o único grupo 
familiar existente no mundo. Vez ou outra, depara-se com outra família ou com outro grupo 
maior de pessoas que podem não ser amistosas. Alguns de seus vizinhos propõem ajudá-
lo a proteger sua família. Para tanto, vocês combinam um conjunto de regras entre os 
grupos de famílias e vizinhos. Regras rudimentares, por exemplo, dividir os horários em que 
buscarão comida e revezar a guarda noturna do acampamento. O grupo começa a crescer 
e vocês têm que organizar casamentos entre os filhos dos vizinhos, funerais. Novas regrassobre essas atividades coletivas vão surgindo. 
Para os filósofos conhecidos como “contratualistas”, como Thomas Hobbes (1578-1679) e 
John Locke (1632-1704), esse cenário ilustra o surgimento da sociedade. Para essa tradição 
de pensamento, a vida em sociedade sempre implica na abdicação da liberdade individual 
absoluta para que os grupos possam funcionar. E, como consequência da escolha pelo 
coletivo, nascem instituições pautadas em códigos jurídicos rudimentares: 
1) o coletivo decide quem será responsável por punir aqueles que não servem ao propósito 
maior de proteção do grupo e como será aplicada essa punição; 
9
LEITURAOBRIGATÓRIA
2) o coletivo define as regras de casamento com filhos dos vizinhos que fazem parte da 
comunidade, já que o sujeito não poderá desposar os membros da própria família, mas 
também não poderá desposar o inimigo; 
3) o coletivo divide e distribui as tarefas necessárias à sobrevivência, que antes eram 
todas realizadas por esse único sujeito vivendo livre junto à natureza e agora ficam sob a 
responsabilidade de especialistas. 
Tal leitura sobre o surgimento da sociedade está presente em diversas obras ao longo do século 
XIX. Autores como Lewis Morgan (1818-1881) perguntavam-se sobre como a humanidade 
construiu, desde o começo de sua existência até o século XIX, as estruturas de poder, as 
estruturas de produção e os sistemas de crença que esses autores conheceram. E recorreram 
a uma imagem do ser humano vivendo em seu estado de natureza semelhante ao que os 
contratualistas utilizaram, porém, partindo de influências teóricas distintas. Esse era um momento 
em que o evolucionismo cultural proposto por Herbert Spencer (1820-1903) estava em alta 
conta entre os escritores que se dedicavam aos estudos da sociedade e do homem. 
Inspirado por uma das principais obras de Morgan, A Sociedade Antiga, Friedrich Engels 
(1820-1895) escreverá seu famoso livro A origem da família, da propriedade privada e 
do Estado. É interessante para nós citar esses textos, porque a noção de sociedade, de 
família e de indivíduo em ambos os livros está presente em nosso imaginário até os dias 
atuais. Mas como? Que noção de família é essa?
Notem: quando imaginamos o homem andando livre pelos campos e deparando-se com 
os perigos do encontro com outros homens livres, estamos pressupondo um tipo bastante 
específico de indivíduo. Guardemos essa informação por enquanto e continuemos a 
raciocinar como os evolucionistas culturais e como Engels, na referida obra. Volte mais 
um pouco em sua abstração sobre o cenário que estávamos desenhando até então. O ser 
humano, seguindo seus instintos de sobrevivência, tem de lidar com ameaças da natureza 
e de sua própria espécie e tem de lidar com aquilo que a natureza lhe dá para sobreviver. 
Ele, inicialmente, deveria ser um caçador e um coletor, porque atividades como agricultura 
requerem que ele se fixe em um território e que trabalhe a terra. Além da necessidade 
individual de sobrevivência, há a necessidade de manutenção da espécie, portanto, a 
necessidade de reprodução, correto? Trabalho e casamento são, para Morgan e Engels, a 
base da constituição desse protótipo de sociedade sobre o qual falamos anteriormente. As 
primeiras associações entre seres humanos se dão:
10
LEITURAOBRIGATÓRIA
1) pelo estabelecimento de sistemas e relações de parentesco;
2) pelo estabelecimento de formas de organização social da produção.
A primeira forma de associação, para esses autores, são as famílias. Morgan recorrerá 
a dados sobre as origens das sociedades greco-romanas e às origens das fratrias e clãs 
para refletir o surgimento das famílias, dos assentamentos em territórios e para refletir 
sobre o início da produção agrícola. As relações de parentesco, para este autor, são a 
base do que podemos chamar de uma sociedade primitiva. As famílias vão se unindo em 
grupos maiores que trocarão coisas, trabalho e pessoas. Homens que chefiam as famílias 
trocam mulheres, o que para Morgan é parte fundamental da história das famílias e das 
relações de parentesco. O que isso significa? As famílias se formam a partir do casamento 
e as famílias se relacionam casando suas filhas, segundo o raciocínio do autor. Assim, os 
grupos de parentes vão instituindo regras de casamento e de posse da terra. A organização 
dos sistemas de trocas de pessoas pelo casamento acompanha a sedentarização, que 
possibilita a agricultura e, posteriormente, a troca de produtos entre aldeias. Logo esses 
grupos precisam também de códigos que organizem sua vida política e constroem sistemas 
de crenças e religiões, ligadas à figura desses sujeitos que gerenciam o poder. Fica mais 
fácil visualizar tudo isso quando retomamos os sistemas políticos europeus, com famílias 
reais trocando seus nobres e garantindo a hereditariedade do poder, que em muitos casos 
também é religioso. 
Temos, portanto:
1) As famílias como base da formação das sociedades primitivas.
2) A associação entre famílias fundando o direito à terra.
3) O direito à terra relacionado à sedentarização, à agricultura.
4) Os códigos que regem as relações entre famílias também regem a vida política e a vida 
religiosa.
11
LEITURAOBRIGATÓRIA
Engels irá apoiar-se em A Sociedade Antiga para nos dizer que a origem da sociedade 
humana está ligada à origem da propriedade privada e da dominação das mulheres pelos 
homens. Como Karl Marx (1818-1883), Engels nos trará uma visão crítica sobre a forma 
violenta como a sociedade humana se constitui, apontando como as famílias se formam a 
partir da dominação do território e das mulheres. Ambos falarão também do papel da família 
burguesa na sustentação das ideologias que servem à propagação da exploração do trabalho 
no sistema de produção capitalista, que sucede as formas de acumulação primitivas. 
Até o momento, falamos de uma leitura sobre a relação entre indivíduo e sociedade que 
compartilha alguns pontos:
1) Partem da noção do homem primitivo para falarem na formação histórica da humanidade.
2) Consideram que este homem primitivo abdica de seus instintos e de sua liberdade a favor 
das relações sociais.
3) Discutem que famílias são parte fundamental das primeiras formas de organização social.
4) Discutem o papel da violência na formação da sociedade, seja considerando que os 
homens se associam para protegerem a si próprios e a suas famílias, seja considerando 
que a violência está presente nas formas de acumulação primitivas (guerras pela terra, 
dominação das mulheres).
A imagem deste início da vida em sociedade lhe pareceu bastante plausível, não é mesmo? 
Só que ela não responde a todas as perguntas sobre a relação entre indivíduo, família e 
sociedade que estão presentes na obra de outros dos principais autores fundadores do 
pensamento sociológico, como Émile Durkheim. Afinal, que perguntas são essas?
A sociedade como um imperativo moral 
Grande parte do potencial que as crianças possuem para aprender vem da habilidade que 
elas possuem de fazer perguntas que nós, adultos completamente socializados, não fazemos 
mais porque achamos que já temos resposta para tudo. Vamos exercitar essa habilidade 
retomando o cenário do homem primitivo que decide um belo dia assinar o contrato social 
12
LEITURAOBRIGATÓRIA
que funda a sociedade para seu próprio benefício. Não lhe parece estranho imaginar que 
este homem forma famílias, que encontram outras famílias vizinhas e vai decidindo, por 
tentativa e erro, como vão ser as regras que vão organizar o grupo maior? Se esse homem 
vive sozinho, no máximo com um grupo de mulheres, como surge uma família? Quando 
ele decide que algumas mulheres, como filhas e sua própria mãe, não estão disponíveis 
para casamento? E, mais importante, como essas pessoas se comunicam? Quando esse 
homem primitivo começa a falar? O que surge primeiro, a linguagem a partir da qual os 
homens organizam seus códigos de conduta em sociedade, ou a própria sociedade?
É justamente essa última pergunta que alimenta as preocupações de Durkheimsobre o que 
é a sociedade e sobre sua relação com indivíduo e família. Para o autor, a sociedade não 
se resume a uma somatória de indivíduos associados. A sociedade, na obra durkheimiana, 
é um imperativo moral e não somente esse aglomerado de pessoas organizadas e, mais do 
que isso, na mesma perspectiva não podemos dizer que a vontade individual de proteção 
está por trás da formação da sociedade, porque ela existe antes da existência do próprio 
indivíduo. 
O que significa dizer que a sociedade é um imperativo moral? Podemos dizer que, para 
Durkheim, é a vida social que está por trás das decisões individuais e não o contrário. O autor 
não está preocupado em investigar as origens da sociedade, como autores evolucionistas 
culturais estavam. Suas preocupações são com as seguintes questões:
1) Qual o papel da sociedade em nossa formação enquanto seres humanos?
2) Qual o lugar do indivíduo na sociedade?
Note que, quando paramos para avaliar com atenção o primeiro ponto, temos uma reviravolta 
na forma como estivemos pensando até então. Se, antes, vínhamos desenhando o cenário 
do homem livre na natureza que se une a outros homens e funda a sociedade para proteger-
se, agora desenhamos o cenário do homem sendo formado no seio de um grupo social. 
Afinal, tudo aquilo que aprendemos, inclusive as formas de produzir e os códigos de conduta 
a partir dos quais vivemos, nos é apresentado pela sociedade. 
13
LEITURAOBRIGATÓRIA
Família como primeiro espaço de socialização
Parte essencial da educação de um ser humano é o aprendizado de como viver em 
sociedade. A esse processo educacional a partir do qual aprendemos a nos comportar em 
atividades coletivas damos o nome de socialização. Quando nascemos, já fazemos parte 
de um grupo social e de uma família. E a preocupação de Durkheim será a de estudar os 
imperativos sociais presentes em nossos comportamentos individuais. É isso que significa 
dizer que a sociedade é um imperativo moral. Nem que quisesse, o ser humano poderia 
viver fora dela, pois ele assume sua humanidade só quando vive em sociedade. Somos 
seres gregários, somos seres sociais por definição, segundo Durkheim. 
Ao dizer que a vida em sociedade nos forma enquanto sujeitos, o autor também está nos 
dizendo que cada um de nós tem papel fundamental no funcionamento da sociedade 
enquanto um todo independente do indivíduo. Todos nós, de algum modo, agimos para a 
manutenção das formas de sociabilidade (que Durkheim chama de solidariedade) próprias 
ao momento histórico, às relações de produção e à cultura do grupo em que vivemos. 
Por mais que pensemos que temos liberdade de escolha e ação individual, acabamos 
agindo para manutenção dessa moral social a partir da qual fomos socializados desde o 
momento em que nascemos. E a família e a escola possuem papel fundamental nesse 
processo de socialização que nos faz humanos e que nos faz parte de um grupo. Nas 
palavras do autor:
[...] cada sociedade considerada em momento determinado de seu 
desenvolvimento possui um sistema de educação que se impõe aos indivíduos 
de modo geralmente irresistível. É uma ilusão acreditar que podemos educar 
nossos filhos como queremos. Há costumes com relação aos quais somos 
obrigados a nos conformar; se os desrespeitarmos, muito gravemente, eles 
se vingarão em nossos filhos. Estes, uma vez adultos, não estarão em estado 
de viver no meio de seus contemporâneos com os quais não encontrarão 
harmonia. Que eles tenham sido educados, segundo ideias passadistas ou 
futuristas, não importa; num caso como noutro, não são de seu tempo e, por 
consequência, não estarão em condições de vida normal. Há, pois, a cada 
momento, um tipo regulador de educação do qual não nos podemos separar 
sem vivas resistências, e que restringem as veleidades dos dissidentes. 
(DURKHEIM, 1977, p. 30).
14
LEITURAOBRIGATÓRIA
Outra contribuição fundamental que podemos citar é a forma como o autor analisa a 
sociedade de classes. Algo comum aos fundadores do pensamento sociológico clássico é o 
estudo das relações sociais na sociedade pós-industrial. Marx vai nos dizer que o indivíduo 
livre e dono de si é uma invenção necessária à sociedade do trabalho. Temos de acreditar 
que podemos escolher para que possamos fazer parte de um sistema que nos promete 
ascensão social pelo trabalho. Max Weber (1864-1920) vai nos dizer que a burocratização, 
a racionalização e a ciência são essenciais para a construção da estrutura da nova empresa 
capitalista, portanto, salienta também o papel da família e da educação na sociedade de 
classes. Para Durkheim, o que diferencia a sociedade capitalista, a sociedade organizada 
em classes e que se pauta na produção industrial, é a divisão social do trabalho. Com cada 
um de nós nos especializando por uma parte muito pequena da produção, tornamo-nos 
muito mais interdependentes, mas temos a sensação paradoxal de que não dependemos 
uns dos outros. Você se acha livre na sociedade de classes? Então imagine o seguinte 
cenário: um dia, todos os lixeiros ou todos os motoristas de trem param suas atividades. O 
sistema todo para. A sociedade de classes, para Durkheim, é como um organismo vivo. Se 
uma parte dele entra em falência, não demorará muito para que o corpo pare de funcionar. 
Se, para os contratualistas e para os evolucionistas culturais, a família é uma espécie de 
sociedade rudimentar, ou seja, uma primeira forma de associação e de relação social, 
para os fundadores da sociologia, a família é o primeiro lugar onde todos os princípios 
de sociabilidade necessários para a reprodução da sociedade nos serão ensinados. Para 
Marx, a família burguesa tem papel fundamental na reprodução da exploração do trabalho. 
Para Weber, famílias também estão por trás dos tipos de poder que são reproduzidos nas 
diferentes sociedades. Para Durkheim, também é no seio familiar que somos educados 
para viver em sociedade e, mais do que isso, para reproduzir os imperativos morais que 
sustentam a ordem social e seu funcionamento. 
Para a sociologia, família, religião e escola são as principais instituições responsáveis por 
nos educar para reproduzirmos a ordem social vigente na sociedade de classes. Tendo isso 
em mente, seguiremos neste curso analisando mais a fundo como isso acontece.
15
Indivíduo e Sociedade, por Ana Paula Poll, fala proferida em TED Brasil
Em sua fala no TED em Volta Redonda, a cientista social Ana Paula Poll nos convida a 
fazer perguntas reflexivas sobre o Brasil e sobre a sociedade brasileira. Baseando-se em 
uma proposição clássica da sociologia sobre o ser humano ser por definição um ser social, 
um ser gregário, e sobre a necessidade dos processos de socialização para a formação 
dos sujeitos, a autora inicialmente discute a interdependência que constitui a sociedade do 
trabalho para, em seguida, refletir as especificidades das relações entre o eu e a coletividade 
no Brasil. Qual a rede de relações que constitui a sociedade brasileira? Essa é a pergunta 
essencial proposta pela autora. 
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=a8gyl6MPHsI>. Acesso em: 23 ago. 2017.
Clássicos da Sociologia: Émile Durkheim, produzido pela UNIVESP TV
O vídeo apresenta, de forma bastante didática, o conceito de sociedade utilizado por Émile 
Durkheim. Contém uma pequena biografia sobre Durkheim e o contexto teórico em que o 
autor está inserido, feita pelo sociólogo e professor da USP Gabriel Cohn. Discute e explica 
também os principais conceitos da obra durkheimiana, como o de Fato Social. 
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=SMaxxNEqk7U>. Acesso em: 23 ago. 2017.
Dicionário de Sociologia, de Raymond Boudon
O site Ebah é uma rede social que se dedica ao compartilhamento de materiais para 
professores. O link indicado abaixo contém trechos do Dicionário de Sociologia de Raymond 
Boudon e pode ser bastante útil para aqueles que buscam compreender o sentido que a 
sociologia dá para termos com os quais estão tendo contato pela primeira vez ou para 
termos com os quais só tiveramcontato a partir do senso comum. Lembre-se, muitas 
vezes o mesmo termo ou conceito tem sentidos diferentes de acordo com o autor ou com 
o contexto histórico em que são usados. É sempre bom ter um dicionário da área em mãos 
para conferir os possíveis sentidos de um novo termo ou conceito.
Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAW-AAB/dicionario-
sociologia?part=11>. Acesso em: 23 ago. 2017.
LINKSIMPORTANTES
16
IBGE
O site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística possui informações importantes 
e atualizadas sobre a configuração socioeconômica, geracional e demais informações 
fornecidas pelos dados mais recentes dos censos sobre família. No link específico aqui 
indicado, temos uma análise dos dados do Censo de 2010, que indicam mudanças na 
estrutura da família brasileira. É essencial, quando falamos sobre gerações ou sobre 
contextos históricos, termos dados que nos permitam observar diferenças regionais, 
diferenças econômicas, diferenças religiosas para que não tomemos nosso meio social 
como exemplo universal daquilo que estamos observando. 
Disponível em: <http://7a12.ibge.gov.br/vamos-conhecer-o-brasil/nosso-povo/familias-e-
domicilios.html>. Acesso em: 23 ago. 2017.
LINKSIMPORTANTES
17
Instruções: 
Agora, chegou a sua vez de exercitar seu aprendizado. A seguir, você 
encontrará algumas questões de múltipla escolha e dissertativas. Leia 
cuidadosamente os enunciados e atente-se para o que está sendo pedido.
AGORAÉASUAVEZ
Questão 1:
Imagine-se começando a estudar um novo 
conteúdo, sobre o qual você não tem conhe-
cimentos prévios, mas já ouviu falar. Quais 
seriam seus primeiros passos para começar 
a leitura de um livro de sociologia indicado 
por seu professor? Descreva esses passos 
e explique por que são importantes.
Questão 2:
Assinale a alternativa que contém um pon-
to em comum entre a obra dos três pais 
fundadores da sociologia, Karl Marx, Max 
Weber e Émile Durkheim.
a) Todos esses autores têm como 
problema principal de pesquisa o estudo 
das origens do contrato social.
b) Todos esses autores dialogam com a 
obra A origem da família, da propriedade 
privada e do Estado.
Questão 3:
Leia o texto abaixo:
(...) cada sociedade considerada 
em momento determinado de seu 
desenvolvimento, possui um sistema 
de educação que se impõe aos 
indivíduos de modo geralmente 
irresistível. É uma ilusão acreditar que 
podemos educar nossos filhos como 
queremos. Há costumes com relação 
c) Todos esses autores, de algum modo, 
estão estudando as relações sociais na 
sociedade de classes, na sociedade pós-
industrial.
d) Todos esses autores dialogam com 
a obra A sociedade antiga, de Lewis 
Morgan.
e) Todos esses autores estudam a 
evolução das sociedades humanas no 
tempo, desde a cidade antiga até a 
sociedade pós-industrial. 
18
AGORAÉASUAVEZ
Questão 4:
Discorra sobre o papel da família na obra 
de Émile Durkheim.
Questão 5:
O que significa dizer que a Sociedade não 
é um mero aglomerado de indivíduos, para 
Durkheim?
aos quais somos obrigados a nos 
conformar; se os desrespeitarmos, 
muito gravemente, eles se vingarão em 
nossos filhos. Estes, uma vez adultos, 
não estarão em estado de viver no 
meio de seus contemporâneos com os 
quais não encontrarão harmonia. Que 
eles tenham sido educados, segundo 
ideias passadistas ou futuristas, não 
importa; num caso como noutro, não 
são de seu tempo e, por consequência, 
não estarão em condições de vida 
normal. Há, pois, a cada momento, 
um tipo regulador de educação do 
qual não nos podemos separar sem 
vivas resistências, e que restringem 
as veleidades dos dissidentes. 
(DURKHEIM, 1977, p. 30).
Após estudar o que apresentamos nesse 
primeiro tema, sobre a obra de Durkheim, 
assinale a alternativa que explica a senten-
ça “É uma ilusão acreditar que podemos 
educar nossos filhos como queremos”, pre-
sente no trecho acima:
a) Não podemos educar os filhos 
independentemente da sociedade 
porque a própria família é uma instituição 
social responsável por reproduzir as 
regras sociais. 
b) Não podemos educar nossos filhos 
como queremos porque existem leis que 
nos obrigam a colocá-los na escola. 
c) Somente a escola é responsável pela 
educação dos filhos.
d) Não podemos educar nossos filhos 
como queremos porque o Estado é 
responsável pela educação das crianças.
e) Não podemos educar nossos filhos 
como queremos porque a vontade 
individual se sobressai à vontade coletiva 
na sociedade de classes.
19
FINALIZANDO
Neste caderno, introduzimos algumas das questões que autores fundadores do pensamento 
sociológico fizeram para a família, para a sociedade e para o indivíduo. Discutimos a 
importância de atentarmos para o significado que cada autor dá para esses termos. 
Mostramos que, mesmo fazendo perguntas diferentes sobre o que é a sociedade, como ela 
funciona, porque vivemos em sociedade, todos esses autores, de algum modo, salientaram 
o papel da família.
Enquanto os contratualistas e evolucionistas culturais se preocuparam em perguntar 
como a sociedade surge e nos disseram que a família é como uma primeira instituição 
social, os fundadores da sociologia se preocuparam em compreender o papel da família 
na reprodução das formas de sociabilidade próprias a cada momento histórico e a cada 
sociedade. Se, num primeiro momento, a família é vista como essa primeira organização 
social, num segundo ela é vista como uma instituição social que, ao mesmo tempo em 
que vive segundo costumes e códigos de conduta de determinado meio social, nos ensina 
esses costumes e códigos. 
Você já pode, a partir dessa aula, tirar algumas conclusões sobre a relação entre família, 
sociedade e indivíduo para a sociologia, não é mesmo?
1) A sociedade é algo que nos forma enquanto indivíduos e o que somos depende do 
momento histórico e social em que vivemos;
2) A família também se forma no seio de uma sociedade e de um momento histórico 
específicos, portanto, para definirmos família precisaremos compreender o contexto sobre 
o qual estamos falando;
3) A família é uma instituição social importante na sociedade de classes, pois é responsável 
por nos ensinar a viver em sociedade, a nos relacionarmos uns com os outros.
Tendo isso em mente, partiremos para nossas próximas aulas, em que trabalharemos com 
um pouco mais de profundidade esses pontos. 
20
GLOSSÁRIO
Palavra-chave: Sociedade.
Neste curso, trataremos o termo Sociedade com um pouco mais de rigor acadêmico, o que 
significa que sempre atentaremos para o sentido dado pelos autores que estamos citando 
ou que estamos lendo. Nos dicionários de sociologia você encontrará um verbete que já 
parte do princípio de que quando falamos em Sociedade a partir de autores da sociologia, 
estamos necessariamente pressupondo uma estrutura organizada de relações entre sujeitos 
que vivem a partir de uma ordem moral que é social, que vivem e se reconhecem como 
parte de um grupo organizado. Você encontrará classificações do uso do termo, como 
sociedade simples e sociedade complexa, sociedade rural e sociedade urbana, sociedade 
capitalista e sociedade feudal, por exemplo. O que há em comum a todas essas comparações 
tipológicas entre sociedade é a busca por algo que estruturalmente as define como tais. Em 
nenhum desses casos sociedade é tratada como sinônimo de nação ou como uma mera 
organização de pessoas que vivem em um espaço gerido por leis ou por figuras de poder. 
No caso da tipificação que diferencia sociedade capitalista de sociedade feudal, a estrutura 
comparativa, além da produção, envolve uma análise no tempo e no espaço do sistema de 
trocas (monetário, amonetário), do tipo de trabalho (servil, escravo, assalariado).
Palavra-chave: Família.
Assim como faremos com o conceito de Sociedade, pensando no sentido dado pelos 
autores citados para o termo, faremos com família. Em tese, podemos dizer que a família 
é um grupo de pessoas associado por relações de parentesco. O que é diferente de dizer, 
por exemplo, que para fins legais e de proteçãodo Estado, uma família se constitui a partir 
da união estável entre homem e mulher. Como conceito, o termo família abrange todo um 
âmbito de relações que não está descrito na definição apresentada em nosso Código Civil. 
Para autores da sociologia, como Durkheim, por exemplo, família é uma das principais 
instituições sociais, um dos primeiros espaços onde aprendemos as regras necessárias 
para a vida em sociedade, além da Escola. Para outros, como Weber, é imprescindível 
21
estudar a genealogia para compreensão da forma como se estruturam relações de poder 
e como se configuram os tipos de poder. Já para a antropologia, que se dedica ao estudo 
de culturas e sociedades, a estrutura jurídica evocada pela família ocidental, sobre a qual 
os sociólogos estão falando ao pensarem na relação entre sociedade e família, não é 
universal. Antropólogos clássicos dedicaram-se ao estudo das relações de parentesco e não 
necessariamente ao estudo da estrutura familiar sobre a qual estão tratando os sociólogos. 
Isso não quer dizer que a definição jurídica ou mesmo uma definição religiosa precisem 
ser desconsideradas. Quer dizer, sim, que a definição conceitual nos permite analisar os 
diversos sentidos que a palavra assume para diversos grupos e instituições sociais. Uma 
dica quando estamos estudando a relação entre família e sociedade é analisar como os 
códigos jurídicos de uma nação a definem, como as religiões definem família, e como ela 
se estrutura socialmente, demograficamente e economicamente em diferentes regiões de 
um país. Todos esses dados serão importantes para que possamos pensar inclusive na 
forma como está estruturada a família enquanto instituição social ou enquanto relação de 
parentesco em nossa sociedade, nosso país, nossa cultura. 
Palavra-chave: Indivíduo.
Indivíduo é um termo importantíssimo para a formação do pensamento sociológico. Todos 
os principais autores fundadores da antropologia partem de questionamentos sobre o que 
é o indivíduo para refletir sobre o que é a sociedade. De maneiras distintas, autores como 
Durkheim, Marx e Weber nos mostram como a ideia de indivíduo foi construída historicamente 
e como ela faz sentido para certa sociedade, ou seja, não é um termo que pode ser usado 
para qualquer momento histórico e para qualquer sociedade. A noção de indivíduo enquanto 
sujeito de direitos, enquanto sujeito que pode ter posses e que é dono de si e de seu trabalho 
nem sempre existiu na história da sociedade ocidental com esse sentido específico, assim 
como não se aplica a qualquer sociedade. Boudon (1990), em seu dicionário de Sociologia, 
salienta que o individualismo enquanto sinônimo de posse do corpo individual, da vontade 
individual, de terras e bens, portanto, como sinônimo de um sujeito que de modo algum 
é devedor da sociedade porque é proprietário exclusivo de si mesmo, está relacionada 
ao individualismo do século XVII. Filósofos gregos, como Aristóteles, já falavam sobre 
individualidade, ou seja, sobre o lugar de cada pessoa no Cosmo, o que é diferente de 
dizer que todos os homens têm direito à sua própria individualidade, que a possuem desde 
o momento em que nascem. Segundo Durkheim, essa segunda noção, que prevalece na 
sociedade em que vivemos, é própria à sociedade com um tipo de solidariedade chamada 
de orgânica, com maior interdependência entre as pessoas, mas, paradoxalmente, com a 
GLOSSÁRIO
22
sensação de que não devemos nada ao coletivo ou que nossa individualidade prevalece 
sobre a coletividade. 
Palavra-chave: Ciências Sociais.
No Brasil, as ciências sociais correspondem à grande área que contém a antropologia, a 
sociologia e a ciência política. Em outras localidades, temos também as ciências sociais 
aplicadas, que correspondem a áreas como economia, ciência política, demografia. Neste 
curso, quando nos referirmos às ciências sociais, nas três áreas atuais que a compõem: 
antropologia, sociologia e ciência política, falaremos em ciências sociais e não somente 
em sociologia, porque retomaremos momentos do século XX em que essas áreas ainda 
estão se formando e em que não temos uma separação institucional entre elas. Também 
optaremos por falar em ciências sociais ao invés de falarmos em sociologia porque há um 
diálogo teórico estabelecido entre áreas como antropologia, sociologia, filosofia, história, 
ciência política, demografia, que não pode ser ignorado quando pensamos na relação entre 
família e sociedade. 
Palavra-chave: Relações Sociais.
Por muito tempo, nas ciências sociais em geral, mais especificamente em algumas tradições 
clássicas do pensamento antropológico, como é o caso do estrutural-funcionalismo inglês, e 
para a escola sociológica francesa de Durkheim, o termo relações sociais complementou o 
próprio sentido de Sociedade. Sociedades são estruturadas por relações sociais. Digamos 
que a forma como os sujeitos se relacionam em uma cultura ou em um grupo é o aspecto 
observável que nos permite delinear a estrutura que constitui uma Sociedade e suas 
instituições. Por exemplo, para Durkheim, nas sociedades onde temos divisão social do 
trabalho, podemos abstrair um tipo de sociedade que funciona como um organismo, como 
uma célula: cada sujeito com seu trabalho específico, com sua função, torna-se parte da 
engrenagem necessária ao funcionamento da estrutura. A forma como estabelecemos 
nossas relações de troca, como construímos nossos códigos de conduta em sociedade, 
como ensinamos os membros de uma sociedade a cumpri-los, são parte do que podemos 
chamar de relações sociais – redes de pessoas que, regidas por princípios sociais e culturais, 
trocam informações e coisas entre si. 
GLOSSÁRIO
23
GABARITO
Questão 1
Alguns passos importantes para começar a leitura de textos acadêmicos são:
1) Pesquise um pouco sobre a área de conhecimento que está começando a estudar. 
O que hoje está sendo feito ou pesquisado sobre o assunto? Onde são formados os 
profissionais que trabalham nessa área de estudo e de pesquisa? Quais os principais 
fundadores desse tipo de conhecimento?
2) Pesquise o momento em que o livro foi lançado. O meio social em que os autores estão 
inseridos e a época influenciam a escrita e o conteúdo. Autores dialogam com suas 
épocas. 
3) Pesquise em dicionários da área os conceitos básicos presentes nesses livros, com 
quem o autor está dialogando ao escrevê-lo. Muitos livros são escritos em resposta a 
outros livros e autores.
Questão 2
Resposta correta: C
a) Podemos dizer que há uma influência de autores contratualistas na obra de Marx, que 
dialoga criticamente com esses filósofos, mas não podemos fazer tal afirmação para Weber 
e Durkheim, que dialogam com outros filósofos, como Kant.
b) Na verdade, esse livro de Engels dialoga com o livro de Morgan e com parte da obra de 
Marx, mas os outros autores não mantêm um diálogo explícito com o livro.
c) Resposta correta. De algum modo, todos eles estão estudando as relações sociais na 
sociedade de classes.
d) Na verdade, é Engels quem dialoga com essa obra.
24
e) Na verdade, para Durkheim, a família é uma instituição social, mas ela própria é fruto de 
uma sociedade, é constituída de acordo com a moral social que predomina em determinado 
grupo e em determinado momento histórico.
Questão 3
Resposta correta: A
a) Resposta correta. A família acaba reproduzindo formas de educação que são definidas 
no seio da sociedade. 
b) Para Durkheim, a lei também é uma instituição social. A sociedade se sobrepõe à família 
e inclusive aos códigos legais. Os códigos legais podem mudar, mas inclusive eles são 
formados no seio da sociedade. 
c) A escola, a família, a religião, são instituições importantíssimas para a educação e não 
somente a família. 
d) O Estado também é uma instituição social, como o sistema jurídico. Ele faz parte da 
Sociedade, como a família e as leis. 
e) É justamente o contrário, para Durkheim. Achar que o indivíduo é livre para fazer o que 
quer é parte do paradoxo que forma a sociedade com divisão do trabalhosocial. Achamos 
que somos livres, mas estamos cada vez mais dependentes uns dos outros.
Questão 4
A família é uma das instituições sociais responsáveis por educar os sujeitos para a vida 
em sociedade. É no seio da família que aprendemos as primeiras regras sobre como nos 
comportamos em espaços públicos, sobre o que podemos fazer e o que não podemos, 
por exemplo.
Questão 5
Primeiramente, o indivíduo como conhecemos é parte da sociedade de classes e da 
sociedade com divisão social do trabalho. Por outro lado, a sociedade é uma entidade moral 
independente, para Durkheim. Ela se sobrepõe à vontade individual e à liberdade individual 
e, inclusive, nos forma enquanto indivíduos com o propósito de sermos parte especializada 
num tipo específico de sistema social, político e produtivo.
GABARITO
25
REFERÊNCIAS
BOUDON, Raymond e outros. Dicionário de Sociologia. Lisboa: Publicações D. Qui-
xote, 1990. Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAW-AAB/dicionario-
-sociologia?part=1>. Acesso em: 30 ago. 2017.
DURKHEIM, Émile. A educação como processo socializador: função homogeneizadora e 
função diferenciadora. Educação e sociedade: leituras de sociologia da educação. São 
Paulo: Nacional, 1977.
FAMÍLIAS, uniões e nascimentos. IBGE. Disponível em: <http://7a12.ibge.gov.br/vamos-
-conhecer-o-brasil/nosso-povo/familias-e-domicilios.html>. Acesso em: 30 ago. 2017.
GOIRIS, Fabio Anibal. O direito natural: dos contratualistas a Karl Marx. Tempo da Ciên-
cia, v. 18, n. 35, p. 60-82, 2011.
MAIOR, Heraldo Pessoa S. Durkheim e a família: da “introdução à sociologia da família” à 
“família conjugal”. Revista Anthropológicas, v. 16, n. 1, 2011.
MORGAN, Lewis Henry. A sociedade antiga. Rio de Janeiro: Expresso Zahar, 2014.
POLL, Ana Paula. Indivíduo e Sociedade. TED Talks. Volta Redonda, 14 mar. 
2017, 19:44, colorido, não informa. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=a8gyl6MPHsI>. Acesso em: 30 ago. 2017.
SETTON, Maria da Graça Jacintho. As religiões como agentes da socialização. Cadernos 
Ceru, v. 19, n. 2, p. 15-25, 2008.
TOZONI-REIS, Marilia Freitas de Campos. Clássicos da Sociologia: Émile Durkheim. 
UNIVESP TV, 2010, 17 min, colorido, não informa. Disponível em: <https://www.youtube.
com/watch?v=SMaxxNEqk7U>. Acesso em: 30 ago. 2017.
WEBER, Max. Comunidade e sociedade como estruturas de socialização. Comunidade 
e sociedade: leituras sobre problemas conceituais, metodológicos e de aplicação. São 
Paulo: Editora Nacional e Editora da USP, p. 140-143, 1973.

Outros materiais