Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 EVOLUÇÃO NO CONTRATO DE EMPREITADA NO DIREITO BRASILEIRO Lucas Guimarães Pinto 1; Hugo Guimarães Mól²; Cristiane Xavier Figueiredo³. RESUMO O presente artigo visa contribuir para a compreensão além de analisar e discorrer sobre a evolução no contrato de empreitada no direito brasileiro, de uma forma bem detalhada contendo tópicos exemplificativos e explicativos como, por exemplo, a evolução histórica do contrato de empreitada no Brasil, o dever do empreiteiro no contrato de empreitada os princípios dos contratos de acordo com o código civil. Contudo, no presente artigo nos restringiremos a estudar a evolução do contrato de empreitada no direito brasileiro em sentido estrito, abordando suas características e com o objetivo de demonstrar essa evolução detalhadamente. Palavras-chave: Contrato, empreitada, direito brasileiro. ABSTRACT This paper aims to contribute to the understanding, besides analyzing and discussing the evolution of the contract in Brazilian law, in a very detailed way containing exemplary and explanatory topics such as, for example, the historical evolution of the contract in Brazil, the Contractor's duty in the works contract the principles of contracts in accordance with the civil code. However, in this article we will restrict ourselves to study the evolution of the contract in Brazilian law in the strict sense, addressing its characteristics and aiming to demonstrate this evolution in detail. Keywords: Contract, endeavor, Brazilian law. 1- Introdução O contrato de empreitada nada mais é do que aquele contrato no qual uma das partes se sujeita á execução de uma obra, mediante remuneração a ser paga pelo outro contratante, de acordo com as instruções recebidas e sem relação de subordinação. Esta é uma pesquisa que tem por base as principais características dos contratos de empreitada no âmbito jurídico, social e principalmente na visão do contratado. As demais laudas dessa pesquisa sustentam as doutrinas especializadas na matéria com finalidade em 1 Acadêmico do 4º Período do Curso de Direito da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Teófilo Otoni/MG-e-mail: lucasguimaraesp4@gmail.com ² Acadêmico do 4º Período do Curso de Direito da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Teófilo Otoni/MG-e-mail : hugomol2000@yahoo.com ³Professora do curso de Direito da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Teófilo Otoni/MG-e-mail: cristianetotoni@yahoo.com.br mailto:hugomol2000@yahoo.com 2 esclarecer vários questionamentos que aparecem na execução do contrato de empreitada no campo público quanto no privado . 2- Conceito do contrato de empreitada Do latim placitum, e do francês plaid, preito, homenagem, sujeição e dependência, do âmbito dos contratos, a empreitada é um contrato que se denomina “locação de serviços”, em que o locador se obriga a fazer ou mandar fazer certa obra, mediante retribuição determinada ou proporcional ao trabalho executado. O contrato de empreitada conforme se apresenta não se dirige 2iapenas a coisa corpórea e à construção civil e terraplanagem, podendo ser usado em uma obra incorpórea, como por exemplo, a criação intelectual, artística e artesanal. Dessa maneira, o objeto do contrato de empreitada, por ser um contrato de resultado, pode ser uma obra material ou imaterial4. “Maria Helena Diniz” se refere ao contrato de empreitada deste modo a empreitada ou locação de obra é o contrato pelo qual um dos contratantes (empreiteiro) se obriga, sem subordinação, a realizar, pessoalmente, ou por meio de terceiro, certa obra (p. ex., construção de uma casa, represa ou ponte; composição de uma música) para o outro (dono da obra), com material próprio ou por este fornecido, mediante remuneração determinada ou proporcional ao trabalho executado5. O contrato de empreitada é a formalização da vontade das partes em efetuar uma determinada obra com fornecimento de materiais ou não sendo uma das partes o executor e a outra o contratante. Por um determinado valor e determinada obra, cujas etapas de execução, pagamentos e materiais serão previamente reguladas no contrato em cláusulas especificas. Caio Mário assim descreve o conceito de contrato de empreitada: Empreitada é o contrato em que uma das partes (empreiteiro) se obriga, sem subordinação ou dependência, a realizar certo trabalho para outro (dono da obra), com material próprio ou por este fornecido, mediante remuneração global ou 4 MUJALLI. W. B. Sinopse do Código Civil. Obrigações e Contratos. 1° Edição. São Paulo: Suprema. 2002. p.215. 5 DINIZ. M. H. Código Civil Anotado. 11ª Edição. São Paulo: Saraiva. 2005. p. 523. 3 proporcional ao trabalho executado (PEREIRA Caio, 2018, p. 315). O contrato de empreitada está vinculado principalmente com a construção civil, por este motivo sua relevância econômica e jurídica, por ser largamente executado no âmbito da construção civil pública e privado, é um dos métodos utilizado pelo estado para formalizar e contratar, método esse largamente empregado pelo estado para contratar a execução de obras viárias dentro das cidades sem ter que dispor de funcionários públicos e equipamentos para tais obras, terceirizando todos estes serviços. Além da construção civil, pode ser utilizado em execução de outros serviços tais como: pintura de obras plásticas; reformas em geral e restauração de prédios e Obras históricas. A empreitada é uma obrigação de fazer, mas como a palavra fazer para o Direito tem muitos significados, no contrato de empreitada este “fazer” é classificado, pois a atividade do empreiteiro deve satisfazer certos critérios. É certo que o empreiteiro deve executar um determinado serviço, obedecendo a determinados critérios técnicos que decorrem de suas habilidades ou obedecendo a técnicas advindas de projetos estipulados previamente pela engenharia e arquitetura da obra. É certo que essas habilidades são requisitos a cada tipo de empreitada, e a cada tipo de empreiteiro, devendo o dono da obra, contratar a mão de obra correta para execução de determinado tipo de obra. Esse tipo de habilidade decorre obrigatoriamente de cada tipo de empreitada: do artífice, do artesão, da técnica do engenheiro e da criatividade do arquiteto, por isso este tipo de empreiteiro é indicado por sua habilidade ou renome, mas isso somente não é essencial para contratação, vai depender ainda do tipo de obra a ser executada. Além destes requisitos o fator menor preço e melhor qualidade da execução da obra serão levados em consideração na maioria dos casos. A palavra obra tem sentido que precisa ser esclarecido para facilitar a noção de empreitada. Significa todo resultado a se obter pela atividade ou pelo trabalho, como a produção ou modificação de coisas, o transporte de pessoas ou de mercadorias, a realização de trabalho cientifico ou criação de obra artística, material ou imaterial. Nem todas essas atividades são, entretanto, objeto da empreitada. Não a desfigura a circunstancia de ter como objeto determinado serviço a ser executado em prestações repetidas. A 4 obra não necessita ser fruto da atividade restrita da parte que se obrigou a executa - lá, a menos que o contrato se tenha celebrado intuitu personae, desnecessário, igualmente, que tenha organização própria com os meios adequados à execução. Qualquer pessoa pode obrigar-se a executar determinada obra que não requeira organização de meios, sem que, por essa falta, deixe o contrato de ser empreitada. Basta que prometa o resultado de seu trabalho. Essa modalidade de contrato tem uma grande importância no mundo jurídico, são muitos os fins por ele alcançados. Sobretudo no ramo da construção civil de prédios, edifícios e moradias habitacionais em geral,mas não é somente este campo que ele alcança, é utilizado também em empreitada de escrever uma obra, organizar um evento festivo e já está sendo utilizado para elaborar programa de informática em empresas e repartições públicas. Possui três elementos essenciais; os sujeitos, o preço e a realização da obra para entrega futura.3 3- EVOLUÇÕES HISTÓRICAS DO CONTRATO DE EMPREITADA NO BRASIL Na história do Brasil esta modalidade de contrato vem sofrendo evoluções importantes no decorrer do tempo. Uma sociedade evolui com as gerações, o que foi proibido em épocas remotas na atualidade é permitido o que era permitido no passado hoje é proibido, mentalidades evoluem, tecnologia vem avançando e o Direito tende a acompanhar estas mudanças, mesmo que a passos lentos. No Brasil após muitos atrasos e incertezas dos governantes da época em 05 de Janeiro de 1916 foi publicada a Lei nº 3.071 de 1916 surgindo assim o Código Civil de 1916 que trazia em seu bojo o contrato de empreitada. Seu texto procurava resolver questões sociológicas, jurídicas da relação contratual das partes envolvidas. Não se pode deixar de salientar que o Código de 1916 refletia o individualismo que predominava no século XIX, influenciado pelos Dogmas do Estado Liberal, que era fundamentado e extremamente voltado à liberdade individual contra ingerências do poder estatal, Não prevendo a intervenção do estado nas relações privadas. Isto gradativamente foi evoluindo devido à necessidade do 3 GOMES. O. Contratos. 21ª Edição. Rio de Janeiro: Forense. 2000. p. 297. 5 estado em resolver conflitos gerados nas relações contratuais privadas, e esta realidade induziu o estado a refletir sobre a liberdade de contratar de maneira extravagante, sem limites ou regras de regimento contratual. Surge então a necessidade da igualdade dos Direitos e a fundamental Função social dos contratos, que antes de qualquer vontade das partes deve constatar a finalidade e o objeto contratado, se sua finalidade é estritamente privada e abrange toda a sociedade. Antes de qualquer coisa deve se preservar o direito coletivo o interesse da sociedade no seu bem comum. O contrato não poderia mais ser considerado como absoluto. O então Ministro “Moreira Alves” chamado a comentar o referido Código relatou que o diploma legal se resumia em três palavras; 1. Sociedade (ligada a função social); 2. Efetividade (ligada à eliminação das solenidades inúteis) 3. Eticidade (ligada à boa fé)4.4 Então com esta mentalidade os juristas, doutrinadores, especialistas em Direito, e legisladores trataram de criar artigos distintos para cada caso individualizado as regras dos contratos. Nos dias de hoje com a necessidade da sociedade o legislador buscou especificar e classificar as condições e regras para o contrato de empreitada dedicando dezesseis artigos para tratar especificamente desta matéria. Matéria está atualmente disciplinada nos artigos 610 a 626, do Código Civil de 2002. O legislador se apoiou no código Civil de XVI onde a Empreitada foi fundada no individualismo para atualizar a nova realidade da sociedade em assim surge o novo código Civil de 2002 com a principal característica na função social dos contratos. Os legisladores do diploma atual procuraram garantir a função social dos contratos, e assim atenuar a autonomia da vontade dos contratantes, sem a tal garantia os contratantes teriam plena autonomia em estipular cláusulas e regras exorbitantes em seus contratos. Deixando assim de fora o interesse da coletividade, com este dispositivo de segurança os legisladores restringiram as condições contratuais, prevendo que o interesse coletivo é mais importante do que o simples interesse privado. 4 PINTO. A. G. G. Código Civil Brasileiro. Atualizado em 2007. Edição única. São Paulo: Escala. 2007. p. 10 e 11. 6 3.2- DEVER DO EMPREITEIRO NO CONTRATO DE EMPREITADA A obrigação básica do empreiteiro é a de assegurar que a entrega da obra seja efetuada no tempo certo e pela forma ajustada no contrato. Se o empreiteiro se afastar das instruções recebidas ou das normas técnicas dos trabalhos de tal natureza, a lei confere ao “dono” da obra de empreitada duas alternativas. Poderá não recebê-la nas condições que se encontram, ou acordar com empreiteiro um abatimento no valor que considerar justo pelo não cumprimento das normas exigidas em contrato. “Walter Brasil Mujalli” relaciona assim, e em resumo, pode-se afirmar que a responsabilidade do empreiteiro consiste: 1. Nos riscos até o momento da entrega da obra, se também fornecer os materiais; 2. No pagamento dos materiais que recebeu, na empreitada laboral, se por imperícia os inutilizar; 3. Na solidez e segurança do trabalho e dos materiais, pelo prazo de 55 (cinco) anos, consoante dispõe o artigo 618 do Código Civil; 4. No pagamento dos serviços realizados pelo subempreiteiro6. Decorrem de Lei todas estas obrigações para com empreiteiro, mas o bom senso nos leva a acreditar que alguns aspectos e vícios que possam surgir no decorrer da execução da obra podem simplesmente serem pactuados pelas partes em comum acordo. O empreiteiro não terá interesse em demanda judicial, pois para seu negócio isso seria uma péssima propaganda, já o dono da obra só será interessante um acordo se este obtiver alguma vantagem pecuniária relevante. Isto posto que este meio termo deve-se obedecer com serenidade e prever a segurança das instalações, sua qualidade corpórea e ao fim que se destina. Na atualidade ocorre muita controvérsia por falta de um cronograma de obra em que se especifiquem item a item os tipos de materiais a serem usados na referida obra. Como à inúmeras marcas de produtos ofertados no mercado, marcas de 1ª linha e de 2ª linha, se confundem, e assim se não tiver uma forma de especificar os itens e suas respectivas marcas a serem empregados na obra, ficará a critério exclusivo do empreiteiro, empregar um material de qualidade garantida. E em hipótese alguma será permitido a 5 GONÇALVES. C. R. Direito Civil Brasileiro 3. Contratos e Atos Unilaterais. 7ª Edição. São Paulo: Saraiva. 2010. p. 24. 6 MUJALLI. W. B. Sinopse do Código Civil. Obrigações e Contratos. 1ª Edição. São Paulo: Suprema. 2002. p. 216 e 217. 7 este empregar materiais de qualidade duvidosa, e em caso do empreiteiro se aproveitar da lacuna do contrato de empreitada (falta de especificação de item) estará sujeito a ser interpelado pela má fé e responderá judicialmente. A simples fixação de cronograma físico da obra junto do contrato de empreitada que indique as especificações técnicas dos materiais a serem empregados na obra sanaria vários conflitos. Normas técnicas na execução da obra são em sua maioria padronizadas, não sendo aí matéria decorrente dos nossos tribunais, o que abarrota nossos tribunais são condições gerais dos contratos faltas de cumprimento de obrigações elementares do contrato, abusos por ambas as partes envolvidas e também materiais fora de padrões e qualidade empregados na obra. Garantir a melhor qualidade dos serviços, atendidas as especificações e normas técnicas de produção para cada caso, em especial as normas da ABNT e INMETRO, assumindo inteira responsabilidade pela plena execução e qualidade do objeto da presente licitação. 4- DOS PRINCÍPIOS DOS CONTRATOS Contratos típicos são regulados por lei especifica, e possuem todas as suas características e requisitos definidos em leis e princípios. Contratos atípicos são os que resultam de um acordo de vontades, não tendo, porém, as, suas características e requisitos definidos e regulados na lei. 4.1- PRINCÍPIOS DE DIREITO CIVIL Para que sejamválidos basta o consenso, que as partes sejam livres e capazes e o seu objeto lícito (não contrariem a lei e os bons costumes), possível, determinado ou determinável e suscetível de apreciação econômica6· 4.1.1- Princípio da Autonomia da Vontade Nele se funda a liberdade contratual dos contratantes, consistindo no poder de estipular livremente, como melhor lhes convier, mediante acordo de 6 GONÇALVES. C. R. Direito Civil Brasileiro 3. Contratos e Atos Unilaterais. 7ª Edição. São Paulo: Saraiva. 2010. p. 113. 7 MUJALLI. W. B. Sinopse do Código Civil. Obrigações e Contratos. 1ª Edição. São Paulo: Suprema. 2002. p.122. 8 vontades, a disciplina de seus interesses, suscitando efeitos tutelados pela ordem jurídica, onde obedecendo as leis as partes podem dispor o que lhe convier. Consiste em prerrogativa conferida aos indivíduos criarem relações na orbita do direito, desde que se submetam ás regras impostas pela lei. As partes podem, assim, usar da liberdade conferida pela lei, que lhes reconhece o direito de contratar livremente. Tradicionalmente, desde o direito romano, as pessoas são livres para contratar. Essa liberdade abrange o direito de contratar se quiserem com quem quiserem e sobre o que quiserem, ou seja, o direito de contratar e de não contratar, de escolher a pessoa com quem fazê-lo e de estabelecer o conteúdo do contrato. O princípio da autonomia da vontade se alicerça exatamente na ampla liberdade contratual, no poder dos contratantes de disciplinar os seus interesses mediante acordo de vontades, suscitando efeitos tutelados pela ordem jurídica. Têm as partes a faculdade de celebrar ou não contratos, sem qualquer interferência do Estado. Podem celebrar contratos nominados ou fazer combinações, dando origem a contratos inominados7. 1900014345 JCCB.1246 – APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DE COBRANÇA – CONTRATO DE EMPREITADA – PREÇO GLOBAL – Tendo sido o contrato de empreitada firmado por preço global, portanto, preço certo e irreajustável, fixado antecipadamente pelas partes, e preenchido todos os princípios que regem o direito dos contratos, não há se falar em reajuste por serviços extras se não foram carreadas para os autos provas irrefutáveis de que a alteração no projeto se deu por instruções escritas do contratante (art. 1246, código civil/1916), devendo, pois, ser fielmente cumprido. Apelação conhecida e improvida. (TJGO – AC 87840-8/188 – (200500764080) – 1ª C.Cív. – Rel. Des. Luiz Eduardo de Sousa – J. 15.12.2006). Este princípio veio para formalizar a vontade de duas ou mais pessoas transcritas em um contrato, devendo estas se submeter aos limites da lei, não inibindo com isso com que estas pessoas ou partes de um contrato estipulem de livre vontade cláusulas diversas da lei, desde que obedecidos os limites legais. O dono da obra que precisa da mão de obra qualificada para execução de serviço especializado contrata com o empreiteiro para diante de subordinação ou não executar tal tarefa. 4.1.2- Princípio do Consensualismo Segundo o qual o simples acordo de duas ou mais vontades basta para gerar o contrato válido. De acordo com o princípio do consensualismo, basta, 7 GONÇALVES. C. R. Direito Civil Brasileiro 3. Contratos e Atos Unilaterais. 7ª Edição. São Paulo: Saraiva. 2010. p. 41. 8 GONÇALVES. C. R. Direito Civil Brasileiro 3. Contratos e Atos Unilaterais. 7ª Edição. São Paulo: Saraiva. 2010. p.46. 9 para o aperfeiçoamento do contrato, o acordo de vontades, contrapondo-se ao formalismo e ao simbolismo que vigoravam em tempos primitivos. Decorre ele da moderna concepção de que o contrato resulta do consenso, do acordo de vontades, independentemente da entrega da coisa. Por sua vez, obtempera Carlos Alberto Bittar que, “sendo o contrato corolário natural” da liberdade e relacionado à força disciplinadora reconhecida à vontade humana, tem-se que as pessoas gozam da faculdade de vincular-se pelo simples consenso, fundadas, ademais, no princípio ético do respeito à palavra dada e na confiança recíproca que as leva a contratar. As partes podem celebrar o contrato por escrito, público ou particular, ou verbalmente, a não ser nos casos em que a lei, para dar maior segurança e seriedade ao negócio, exija a forma escrita, pública ou particular (CC art. I 07). O consensualismo, portanto, é a regra, e o formalismo, a exceção8. 6046493 JCCB. 1242 JCCB.1243 – CONTRATO DE EMPREITADA – RELAÇÃO DE EMPREGO – ARTIGOS 1.242 E 1.243 DO CÓDIGO CIVIL DE 1916 – O elemento identificador do contrato de empreitada é a prestação do serviço delimitada por um fim determinado, previamente especificado pelas partes e subordinado unicamente à obtenção do resultado. Por outro lado, exigir do empreiteiro cumprir a execução da obra de acordo com as instruções recebidas, ou de acordo com as regras que devam comandar a sua realização, não desnatura a natureza civil da relação, conforme decorre da própria previsão legal identificada nos artigos 1.242 e 1.243 do Código Civil de 1916. (TRT 09ª R. – Proc. 21789-2001- 004- 09-00-8 – (22083-2003) – Relª Juíza Sueli Gil El Rafihi – DJPR 10.10.2003) O princípio do consensualismo rege que basta a vontade simples de duas ou mais partes para que se estabeleça o contrato de empreitada. Podendo ser escrito ou verbalmente formalizado. Ex. quando uma dona de casa chama o bombeiro (encanador) para consertar a parte hidráulica da casa, e com ele acerta preço e condições de pagamento, ela esta formulando um contrato de empreitada verbal. 4.1.3- Princípio da Obrigatoriedade da Convenção Pelo qual as estipulações feitas no contrato deverão ser fielmente cumpridas 8 GONÇALVES. C. R. Direito Civil Brasileiro 3. Contratos e Atos Unilaterais. 7ª Edição. São Paulo: Saraiva. 2010. p. 46. 9 GONÇALVES. C. R. Direito Civil Brasileiro 3. Contratos e Atos Unilaterais. 7ª Edição. São Paulo: Saraiva. 2010. p. 47. 10 (pacta sunt servanda), sob pena de execução patrimonial contra o inadimplente, ou seja, se uma das partes não cumprir o acordo poderá sofrer sanções que lhe causariam a perda de patrimônio. Estrutura-se, basicamente, a doutrina dos contratos nos princípios da autonomia da vontade e da obrigatoriedade do contrato. As partes podem, assim, se compor, e, se assim o fizerem, obrigam-se a cumprir o ajuste. A força vinculada do contrato, desejada pelos contratantes, é, por sua vez, assegurada pela ordem jurídica, que é o elemento essencial do mesmo: (pacta sunt servanda). Quem, por sua vez, assume livremente, pelo contrato, uma obrigação cria uma expectativa no meio social, que a ordem jurídica deve garantir. “O propósito de se obrigar, envolvendo uma espontânea restrição da liberdade individua, provoca consequências que afetam o equilíbrio da sociedade”. No princípio da obrigatoriedade de convenção rege o que for acordado deverá ser cumprido integralmente, se o que foi estabelecido entre as partes não for integralmente cumprido, qualquer das partes que deixe de executar sua função estará sujeito as sanções estipuladas em lei. 4.1.4- Princípio da Relatividade dos Efeitos do Negócio Jurídico Contratual Visto que não aproveita nem prejudica terceiros, vinculando exclusivamente as partes que nele intervierem, isso e a proteção necessária a terceiros da relação, evitando assim prejuízos eventualmente causados a sujeitos fora da relação. Contém a ideia de que os efeitos do contrato só se manifestam entre as partes contratantes, não aproveitando nem prejudicando terceiros. Esse princípio representa um elemento de segurança, pois dispõe que ninguém pode se sujeitar a uma norma ou convenção da qual não participou. O princípio consagra, ainda, a ideia de que pelo contratoas partes podem dispor livremente em relação a suas cláusulas e condições, desde que lícito o seu objeto, e não vedado por lei. O que foi pactuado no contrato se torna obrigatório entre as partes contratantes pelo vinculo jurídico obrigacional, que vai gerar uma espécie de “lei privada” entre as partes. “Pacta sunt servanda”, expressão que diz que os pactos devem ser obedecidos. Funda-se tal princípio na idéia de que os efeitos do contrato só se produzem em relação às partes, àqueles que manifestaram a sua vontade, vinculando-os ao seu 11 conteúdo, não afetando terceiros nem seu patrimônio. Mostra-se ele coerente com o modelo clássico de contrato, que objetivava exclusivamente a satisfação das necessidades individuais e que, portanto, só produzia efeitos entre aqueles que o haviam celebrado, mediante acordo de vontades. Em razão desse perfil, não se poderia conceber que o ajuste estendesse os seus efeitos a terceiros, vinculando-os à convenção. Essa a situação delineada no artigo 928 do Código Civil de 1916, que prescrevia: "A obrigação, não sendo pessoalíssimos, opera assim entre as partes, como entre seus herdeiros". Desse modo, a obrigação, não sendo personalíssima, operava somente entre as partes e seus sucessores, a título universal ou singular. Só a obrigação personalíssima não vinculava os sucessores. Este princípio veio para proteger terceiros envolvidos na relação, limitando o alcance e efeitos do contrato de empreitada a simplesmente as duas partes envolvidas. 4.1.5- Princípio da Boa Fé Segundo ele, o sentido literal da linguagem não deverá prevalecer sobre a intenção inferida da declaração de vontade das partes, este princípio esta relacionado à que se espera que as partes estejam agindo e agiram dentro do esperado na relação contratual evitando assim aborrecimentos posteriores. O princípio da boa-fé exige que as partes se comportem de forma correta não só durante as tratativas, como também durante a formação e o cumprimento do contrato. Guarda relação com o princípio de direito segundo o qual ninguém pode beneficiar-se da própria torpeza. Recomenda ao juiz que presuma a boa- fé, devendo a má-fé, ao contrário, ser provida por quem a alega. Deve este, ao julgar demanda na qual se discuta a relação contratual, dar por pressuposta a boa-fé objetiva, que impõe ao contratante um padrão de conduta, de agir com retidão, ou seja, com probidade, honestidade e lealdade, nos moldes do homem comuns atendidos as peculiaridades dos usos e costumes do lugar. No que se refere aos princípios que norteiam os contratos todos tem funções de impor regulamentos para ambas às partes relacionadas na transação contratual e tem o condão da censura de possíveis abusos inerentes das relações contratuais. São dispositivos com finalidades distintas para regular e 12 orientar na elaboração contratual de empreitada, dão segurança jurídica e formalidade. 5- DOS CONTRATOS DE EMPREITADA A empreitada pode ser caracterizada somente de mão de obra, conhecida como empreitada de lavor ou labor, ou pode o contrato prever o fornecimento de materiais conjuntamente com sua aplicação na obra este denominado empreitada mista. As duas se distinguem no aspecto da responsabilidade civil, que pode decorrer da execução de um ou de outro contrato. 5.1- CONTRATOS DE EMPREITADA COM ENTE PRIVADO Se a empreitada é unicamente exclusiva de lavor (mão de obra), simples fornecimento da mão de obra e a coisa, sem culpa do empreiteiro, vierem a perecer antes da entrega da obra, quem sofre os prejuízos é o dono da obra, pois nesses casos os riscos correm por conta deste último. Se o empreiteiro fornece também o material, além do serviço de mão de obra, os riscos do perecimento, ou da destruição da obra, até a data da entrega, correm por contra e exclusiva responsabilidade do empreiteiro9. A importância dessa discriminação assume singular relevância para o Direito no tema das construções. Distinguem-se então duas modalidades: contrato de empreitada propriamente dito e contrato de empreitada sob administração. Nesta, incumbem ao proprietário o fornecimento dos materiais e o pagamento da mão de obra, à medida que os trabalhos se desenvolvem; ao empreiteiro, a quem tocam a direção e fiscalização cabem a remuneração determinada, em regra, certa porcentagem sobre o valor global das somas despendidas pelo dono da obra. Já na que tudo é de responsabilidade do empreiteiro; materiais, mão de obra, direção e supervisão; o preço ajustado entre os contratantes deverá cobrir todas essas atividades e despesas; o empreiteiro não fará jus a nenhum acréscimo, ainda que o material encareça 9 MUJALLI. W. B. Sinopse do Código Civil. Obrigações e Contratos. 1ª Edição. São Paulo: Suprema. 2002. p. 215. 10 MONTEIRO. W. B. Curso de Direito Civil. 20ª Edição. São Paulo: Saraiva. 1985. p. 196. 13 ou suba o salário dos empregados, sendo inadmissível a invocação da cláusula rebus sic stantibus para isentá-lo de suas obrigações assumidas; ele só tem direito a acréscimo se houver alteração no cronograma físico da obra, alterando assim o contratado do inicial da obra10. 5.2- Principais Características dos Contratos de Empreitada A empreitada é contrato bilateral ou sinalagmático, pois gera obrigações recíprocas para as partes: a realização e entrega da obra, para o empreiteiro, e o pagamento do preço, para o proprietário. É consensual porque se aperfeiçoa com o acordo de vontades, independentemente de tradição, não exigindo ainda forma especial para a sua validade. A forma é livre, em regra. É, também, comutativo, uma vez que cada parte pode antever os ônus e vantagens dela advindos. Cada parte recebe da outra prestação equivalente à sua, podendo vislumbrar, desde logo, essa equivalência. É, ainda, oneroso, pois ambas as partes obtêm um proveito, ao qual corresponde um sacrifício. A onerosidade é da essência da empreitada, seja em dinheiro, seja em outra espécie, e característica que a distingue da doação. O contrato de empreitada é cumprido mediante uma série de atos concatenados, necessitando de certo espaço de tempo para a sua conclusão. Sob esse aspecto, pode ser considerado de trato sucessivo. Todavia, como tem por objeto a realização de determinada obra, é normalmente contrato de execução única, embora não se desnature como assinala (Orlando Gomes), se tem como objeto prestações periódicas, como sucede quando o empreiteiro se obriga a executar a obra por unidades autônomas. 5.3- Principais Atribuições dos Contratos de Empreitada O empreiteiro de uma obra pode contribuir para ela "só com seu trabalho" (empreitada de mão de obra ou de lavor), ou "com ele e os materiais" (empreitada mista), consoante dispõe o artigo 610 do Código Civil. No primeiro caso, assume ele apenas obrigação de fazer, consistente em executar o serviço, cabendo ao proprietário fornecer materiais; no segundo, obriga se não só a realizar um trabalho de qualidade (obligatio infaciendo), mas também a 14 dar, consistente em fornecer os materiais. Diferentes são os efeitos das aludidas modalidades, especialmente no tocante aos riscos. Em ambas, o critério adotado é o da perda da coisa pelo dono (res perit domino). Na primeira, se a coisa perece, antes da entrega e sem culpa do empreiteiro, quem sofre a perda é o dono da obra, por conta de quem correm os riscos. Dispõe, com efeito, o artigo 612 do Código Civil que, "se o empreiteiro só forneceu mão de obra, todos os Riscos em que não tiver culpa correrão por conta do dono". E não havendo, também, "mora do dono", o empreiteiro perde a retribuição (repartem-se, assim, os prejuízos, não havendo culpa de qualquer dos contratantes). Entretanto, o empreiteiro fará jus à remuneração, se provar "que a perda resultoude defeito dos materiais e que em tempo reclamara contra a sua quantidade ou qualidade" (CC artigo 613). 10Na empreitada também de materiais, denominada mista, os riscos correm por conta do empreiteiro, "até o momento da entrega da obra", salvo se o dono "estiver em mora de receber" (CC artigo 611). Neste último caso, os riscos dividem-se entre as duas partes. Distinguem-se ainda, no diversificado mundo das construções, duas outras espécies: contrato de empreitada propriamente dito e contrato de empreitada sob administração.Denomina-se construção sob administração, segundo (Helly Lopes Meirelles), o contrato "em que o construtor se encarrega da execução de um projeto, mediante remuneração fixa ou percentual sobre o custo da obra, correndo por conta do proprietário os encargos econômicos do empreendimento". A obra é impulsionada à medida que o dono oferece os recursos necessários. Na empreitada propriamente dita, diferentemente, o construtor-empreiteiro assume os encargos técnicos da obra e também os riscos econômicos, e ainda custeia a construção por preço fixado de início, que não pode ser reajustado ainda que o material encareça e aumente o salário dos empregados. Embora o Código Civil não regulamente o contrato de construção por administração, aplicam-se lhe, subsidiariamente, as regras sobre a empreitada. Os riscos correm por conta do dono da obra, a menos que seja provada a culpa do construtor. A Lei nº. 4.591/64, que trata dos condomínios em edificação e incorporação imobiliária, prevê a construção 10 GONÇALVES. C. R. Direito Civil Brasileiro 3. Contratos e Atos Unilaterais. 7ª Edição. São Paulo: Saraiva. 2010. p. 370 e 371. 15 pelo regime de administração, também chamado "a preço de custo", no qual será de responsabilidade do proprietário ou adquirente o custo integral da obra observado os requisitos estabelecidos no artigo 58. Malgrado a parte da referida lei concernente ao condomínio em edificação tenha sido absorvida pelo novo Código Civil, que a disciplinou-nos artigos 1.331 a 1.358 sob o título "Do Condomínio Edilício" permanecem em vigor a atinente às incorporações. Ainda em atenção ao preço, a empreitada pode ser convencionada a preço fixo ou global e a preço por medida ou por etapas. Na primeira, a preço fixo ou global, a obra é ajustada por preço invariável, fixado antecipadamente pelas partes e inacessível de alteração, para mais ou para menos. O preço engloba toda a obra e, por essa razão, é de extrema relevância, para garantia, tanto do proprietário como do empreiteiro, a confecção de um memorial descritivo, especificando detalhadamente os serviços a serem realizados e a qualidade do material a ser utilizado. 5.4- Fiscalização e Recebimento da Obra Dispõe o artigo 614 do Código Civil que, "se a obra constar de partes distintas, ou for de natureza das que se determina por medida, o empreiteiro terá direito a que também se verifique por medida, ou segundo as partes em que se dividir, podendo exigir o pagamento na proporção da obra executada'`. Pode ser convencionada a entrega da obra por partes ou só depois de concluída. Se o dono a recebe e paga o que lhe foi entregue, presume-se verificado e em ordem, pois segundo o §1º do supra transcrito artigo 614, "tudo o que se pagou presume-se verificado". Mas poderá enjeitá-la, se o empreiteiro se afastou das instruções recebidas ou das regras técnicas em trabalhos de tal natureza, ou recebê-Ia com abatimento no preço. O empreiteiro responde, assim, pela perfeição da obra. Dai a importância do ato verificatorio, pois "recebida a obra como boa e perfeita, nenhuma reclamação poderá ser posteriormente formulada por quem encomendou, a menos que se trate de vícios ocultos ou redibitórios, que evidentemente não ficarão cobertos pelo simples ato de recebimento``'. Proclama, com efeito, o artigo 615 do mesmo diploma que, “concluída a obra de acordo com o ajuste, ou o costume do lugar, o dono é obrigado a recebê-la”. “Poderá, porém, rejeitá-la, se o empreiteiro se 16 afastou das instruções recebidas e dos planos dados, ou das regras técnicas em trabalhos de tal natureza”. Acrescenta o artigo 616 que, “no caso da segunda parte do artigo”. “Antecedente, pode quem encomendou a obra, em vez de enjeitá-la, recebê-la com abatimento no preço”. De nada adiantará o empreiteiro alegar que a sua menção foi obter coisa melhor, pois o credor de coisa certa não pode ser obrigado a receber outra, ainda que mais valiosa (Código Civil, artigo 313). Estatui ainda o §2º do mencionado artigo 614 do Código Civil: "O que se mediu presume-se verificado se, em trinta dias, a contar da medição, não forem: denunciados os VÍCIOS ou defeitos pelo dono da obra ou por quem estiver Incumbido da sua fiscalização”. 5.5- Responsabilidade do Contratado A responsabilidade do empreiteiro pode ser analisada sob os seguintes Aspectos: a) quanto aos riscos da obra; b) quanto à solidez e segurança dos edifícios e outras construções consideráveis; c) quanto à perfeição da obra; d) quanto à responsabilidade pelo custo dos materiais; e) quanto aos danos causados a terceiros. No tocante aos riscos da obra, se a empreitada é apenas de lavor, todos aqueles em que o empreiteiro não tiver culpa correm "por conta do dono" (Código Civil, artigo. 612). Desse modo, se a coisa perece antes da entrega, sem culpa daquele, quem sofre o prejuízo é o dono da obra. Todavia, o empreiteiro perderá a retribuição, "se não provar que a perda resultou de defeito dos materiais e que em tempo reclamara contra a sua quantidade ou qualidade" (Código Civil, artigo 613). Se não lograr se desincumbir desse pesado ônus, haverá repartição dos prejuízos, não havendo culpa de qualquer dos contraentes. No entanto, quando o empreiteiro fornece também os materiais, "correm por sua conta os riscos até o momento da entrega da obra" (Código Civil, artigo 611), visto que, neste caso, é ele o proprietário da coisa perecida. (Como se 17 observa nada mais fez a lei do que adotar, nas duas espécies de empreitada, a regra geral segundo a qual a coisa perece para o dono res perit domina). SILVIO RODRIGUES resume didaticamente as aludidas hipóteses: a) se a empreitada for unicamente de lavor, o dono da obra sofre o prejuízo pelo seu perecimento e o empreiteiro perde a retribuição; b) se a empreitada for de lavor e materiais, os prejuízos são sofridos pelo empreiteiro, exceto em caso de mora do dono da obra, caso em que este responde pelo prejuízo (Código Civil, artigo 611).11 5.6- Responsabilidade do Contratante A principal obrigação do dono da obra é efetuar o pagamento do preço, visto que a empreitada, sendo contrato sinalagmático, gera obrigações para ambos os contratantes. Trata-se de obrigação fundamental, cuja falta pode importar na resolução do contrato, com perdas e danos; na suspensão da execução, mediante a arguição da exceptio non adimpleti contractus; na sua cobrança executiva, se o contrato preencher os requisitos de título executivo extrajudicial; ou no direito de retenção. A empreitada, como dito anteriormente, pode ser ajustada a preço fixo ou global (marché à forjait) ou por medida ou etapas (marché sur devis). O dono da obra é obrigado ao preço ajustado, sem majoração, salvo estipulação em contrário. Nas épocas de inflação elevada costuma-se convencionar a atualização monetária da contraprestação, como forma de proteger o empreiteiro da desvalorização da moeda e instabilidade do preço dos materiais. Sem cláusula de reajustamento, o preço torna-se insuscetível de variação, ainda que os salários ou dos materiais aumente. Se as partes não tiverem ajustado o preço e inexistir tarifa preestabelecida, caberá estimá-lo por arbitramento judicial ou extrajudicial, "levados em conta os usose costumes, bem como outros fatores, de tal forma que a obra seja avaliada como um complexo, e não em razão da unidade de trabalho utilizado". 6- Extinção do Contrato de Empreitada 11 GONÇALVES. C. R. Direito Civil Brasileiro 3. Contratos e Atos Unilaterais. 7ª Edição. São Paulo: Saraiva. 2010. p. 374 e 375. 18 A execução é o modo normal de extinção da empreitada. Aceita a obra e pago o preço, estão cumpridas as obrigações a que deu nascimento. Desata- se, em consequência, o laço que unia as partes. Resolve-se o contrato, se um dos contratantes deixa de cumprir qualquer das obrigações contraídas. Prometendo o dono da obra, efetuar pagamentos antecipados, dará lugar à resolução do contrato se não cumprir o prometido. Se o empreiteiro não entregar a obra no prazo estipulado, o dono da obra não está obrigado a recebê-la posteriormente, a menos que tenha admitido a possibilidade, pactuando multa a ser paga pelo empreiteiro se afastou das inscrições recebidas e dos planos estabelecidos, ou das regras técnicas em trabalhos de tal natureza, mas, nesse caso, a resolução não é consequência necessária, pois a parte que encomendou a obra pode preferir recebê-la com abatimento de preço. Perecendo a coisa por força maior ou caso fortuito, extingue-se o contrato por impossibilidade de execução. Nessa hipótese, aplicam-se as regras concernentes aos riscos. Se no curso da obra vier a falecer o empreiteiro o contrato não se extingue, somente se for contrato na modalidade (intuitu personae), ou seja, somente o empreiteiro tinha capacidade de formalizar aquele tipo de serviço com aquela qualidade especifica.12 7- AS PRINCIPAIS DIFERENÇAS DO CONTRATO DE EMPREITADA NO ÂMBITO PÚBLICO E PRIVADO. Devem obedecer rigorosamente às condições estabelecidas no bojo do contrato de empreitada formalizado pelas partes envolvidas na relação. O contrato que envolve o estado e um terceiro em relação contratual será regido por lei especifica cuja lei determina fases de execução, condições para receber pelos serviços prestados, através de medições periódicas, fiscalização do estado nas fases de execução da obra e principalmente a condição de que o empreiteiro para receber e entregar a obra terá que estar regularmente cadastrado e com seus tributos em dia e se sujeitar a todas as especificações do edital da obra. Contrato sinalagmático, a empreitada origina direitos e obrigações interdependentes para o empreiteiro e o dono da obra, que o esquema legal define na sua tipicidade. Devem ser examinados 12 GOMES. O. Contratos. 11ª Edição. Rio de Janeiro: Forense. 2000. p. 303 e 304. 19 separadamente e sucessivamente. A principal obrigação do empreiteiro consiste na execução da obra conforme as instruções recebidas ou as regras técnicas que se devem observar em sua realização. Necessário que a entregue com as qualidades prometidas, sem defeitos. Caso contrário, pode o dono enjeitá-la ou se, prefere, recebê-la com abatimento no preço. Não obstante ser esta, entre nós, a alternativa legal, algumas legislações asseguram-lhe o direito de exigir que o empreiteiro corrija ou sane o defeito. Tal pretensão é admissível, mesmo no silêncio da lei, como exigência preliminar da redução do preço ou da indenização, se o empreiteiro recebeu os materiais. No que tange as leis, doutrinas e jurisprudências seguem algumas das principais diferenças dentre os contratos de empreitada com ente público e privado. 8- CONSIDERAÇÕES FINAIS Trata-se de um estudo embasado em Leis, jurisprudências e doutrinas, e teve sua inspiração no ramo de trabalho da empresa que trabalho atualmente. O contrato de empreitada exerce grande influencia no mercado financeiro do nosso país nas relações de emprego e comercio em geral. Tratando-se de um contrato de formatação diversa, ou seja, a cada tipo de obra a ser executado torna obrigatório a elaboração das condições para execução do contrato. Todos os contratos públicos de empreitada que podemos ver em execução no Brasil está politicamente correto, má ao examinar projetos, planilhas orçamentárias e a obra em loco se percebem a olho nu suas falhas e a impossibilidade de se apurar valores antecipados para execução de tal obra por este motivo se concluem que todo o contrato de empreitada seja ente publico ou privado terá que se optar pelo bom senso para se conseguir concluir o contratado. A empreitada se justifica quando se tratar de execução de obra certa, que não corresponda a qualquer das atividades empreendidas pela empresa contratante. A locação de serviços de outra empresa deve ser admitida apenas para misteres que não se enquadrem entre as atividades necessárias permanentes ao empreendimento econômico da locatária e cujas condições especiais de execução justifiquem o apelo à sociedades civis ou comerciais especializadas. Tanto na empreitada de obra, como na locação de serviços. A comparação do conteúdo das regras de direito contratual público 20 denominadas de cláusulas exorbitantes - com as regras de direito contratual privado demonstra substancial similitude entre elas, salvo raras exceções, a afastar qualquer diferenciação de regime jurídico com base nas regras. O exame dos princípios clássicos vetores das relações jurídicas contratuais de direito privado e das relações jurídicas contratuais de direito público, para além de oferecem inadequada interpretação no atual Estado Constitucional, conformam-se em uma unidade não substancialmente distinta quando lidas sob as lentes dos direitos fundamentais. Vale dizer aqui o mesmo que em relação às regras, os princípios possuem forte semelhança, pelo que perdem também sua função de definir qual o regime aplicável.13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 13. Ed. Brasília: Senado Federal, 2000. BRASIL. Lei nº 8.666/93. Lei das Licitações e Contratos Públicos Brasília. BRASIL. Tribunal de Justiça. Acórdão nº 0144943-69.2004.8.19.0001, da 10ª BRASIL. Tribunal de Justiça. Acórdão nº 0144943-69.2004.8.19.0001, da 10ª Câmera Civil do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 25 Ago. 2011- p. 17, Ago. 2011. BRASIL. Tribunal de Justiça. Acórdão nº 87840-8/188 – (200500764080), da 1ª Câmera Civil do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, Goiás, 15 Dez. 2006. 13 SILVEIRA. M. A. K. Contrato Público Privado. Interseção entre Direito Público e Privado no estado Constitucional. (Publicado na revista eletrônica Júris Síntese Nº 95 em Maio/Jun de 2012. 21 BRASIL. Tribunal Regional do Trabalho. Resp. nº 21789-2001-004-09- 00-8- (22083- 2003), da 9ª Região do Tribunal Regional do Estado do Paraná, Paraná, 10 Out. 2003. BRASIL. Tribunal de Justiça. Acórdão nº 7756, da 2ª Câmera Civil do Tribunal de Justiça do Estado do Tocantins, Tocantins, 03 Set. 2010- p. 9. Set. 2010. BRASIL. Tribunal de Justiça. Acórdão nº 0144943-69.2004.8.19.0001, da 10ª Câmera Civil do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 25 Ago. 2011- p. 17, Ago. 2011. BRASIL. Tribunal de Justiça. Acórdão nº 0144943-69.2004.8.19.0001, da 10ª Câmera Civil do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 25 Ago. 2011- p. 17, Ago. 2011. DINIZ. M. H. Código Civil Anotado. 11ª Ed. São Paulo: 2005. i RESUMO ABSTRACT
Compartilhar