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Nivya Moraes P2/UC5 UNIT – AL 1 SISTEMA DIGESTÓRIO ANATOMIA Nivya Moraes P2/UC5 UNIT – AL 2 Nivya Moraes P2/UC5 UNIT – AL 3 FUNÇÕES E PROCESSOS DIGESTÓRIOS O sistema digestório enfrenta três desafios significativos: 1. Evitar a autodigestão. Se os mecanismos protetores contra a autodigestão falharem, escoriações, conhecidas como úlceras pépticas, desenvolvem-se nas paredes do trato GI. 2. Balanço de massa. As pessoas ingerem cerca de 2 litros de líquido por dia. As glândulas e as células exócrinas secretam aproximadamente 7 litros de enzimas, muco, eletrólitos e água no lúmen do trato GI. Se o líquido secretado não puder ser absorvido, o corpo desidratará rapidamente. 3. Normalmente, a absorção é muito eficiente, e apenas cerca de 100 mL de líquido é perdido nas fezes. Entretanto, vômito e diarreia (fezes excessivamente aquosas) pode se tornar uma emergência quando as secreções GI são perdidas para o ambiente, em vez de serem reabsorvidas. Em casos graves, esse líquido perdido pode diminuir o volume do líquido extracelular a ponto de o sistema circulatório ser incapaz de manter a pressão sanguínea adequada. 4. Defesa. O epitélio transportador do trato GI é auxiliado por um conjunto de mecanismos fisiológicos de defesa, incluindo muco, enzimas digestórias, ácido e a maior coleção de tecido linfático do corpo, o tecido linfático associado ao intestino (GALT). Estima-se que 80% de todos os linfócitos do corpo são encontrados no intestino delgado. O corpo humano enfrenta esses desafios fisiológicos por vezes conflitantes por meio da coordenação entre motilidade e secreção para maximizar a digestão e a absorção ENZIMAS DIGESTÓRIAS As enzimas digestórias são secretadas tanto por glândulas exócrinas (glândulas salivares e o pâncreas) quanto por células epiteliais no estômago e no intestino delgado. As enzimas são proteínas, sintetizadas pelo RER, empacotadas pelo aparelho de Golgi em vesículas secretoras e, então, estocadas na células até serem necessárias. Conforme a necessidade, elas são liberadas por exocitose. Muitas enzimas intestinais permanecem ligadas às membranas apicais das células intestinais, ancoradas Nivya Moraes P2/UC5 UNIT – AL 4 por proteínas transmembranas “hastes” ou âncoras lipídicas. Algumas enzimas digestórias são secretadas na forma de proenzimas inativas, conhecidas como zimogênios. Os zimogênios devem ser ativados no lúmen GI antes que eles possam realizar a digestão. Sintetizar as enzimas em uma forma não funcional permite que elas sejam estocadas nas células que as produzem sem causar dano às mesmas. A nomenclatura dos zimogênios frequentemente tem o sufixo –ogênio adicionado ao nome da enzima, como pepsinogênio. MUCO É uma secreção viscosa composta primariamente de glicoproteínas, chamadas de mucinas. Principais funções: formar uma cobertura protetora sobre a mucosa GI e lubrificar o conteúdo do intestino. É feito em células exócrinas especializadas, chamadas de células mucosas, no estômago e nas glândulas salivares, e células caliciformes no intestino Os sinais para a liberação de muco incluem inervação parassimpática, vários neuropeptídeos encontrados no sistema nervoso entérico e citocinas provenientes dos imunócitos. As infecções parasitárias e os processos inflamatórios no trato GI também causam aumento substancial na produção de muco, à medida que o corpo tenta fortalecer suas barreiras protetoras PRINCÍPIOS GERAIS DA MOTILIDADE AS FUNÇÕES MOTORAS DO INTESTINO SÃO REALIZADAS PELAS DIFERENTES CAMADAS DE MÚSCULOS LISOS. Quando um potencial de ação é disparado em qualquer ponto na massa muscular, ele, em geral se propaga em todas as direções do músculo porque os feixes de músculo se fundem uns aos outros em diversos pontos. A distância que deve percorrer depende da excitabilidade do músculo ATIVIDADE ELÉTRICA DO MÚSCULO LISO GASTROINTESTINAL O músculo liso do trato gastrointestinal é excitado por atividade elétrica intrínseca, contínua e lenta, nas membranas das fibras musculares 1. Ondas lentas: são variações lentas e ondulares do potencial de repouso da membrana. Frequência: 3 a 12 por minuto (corpo do estômago – 3/min; duodeno – 12/min; íleo – 8 a 0/min). Causadas por interações complexas entre as células do músculo liso e células especializadas (células de cajal – atuam como marca-passo elétricos das células do músculo liso). Estimulam o disparo intermitente de potenciais em ponto e estes provocam a contração muscular. 2. Potenciais em ponta: potenciais de ação. Ocorrem, automaticamente, quando o potencial de repoiso da membrana do músculo liso gastrointestinal fica mais positivo do que cerca de -40milivolts (potencial de repouso normal da membrana, nas fibras do músculo liso do intestino é entre -50 e -60). Duração: 10 a 20 milissegundos FIBRAS DO MÚSCULO LISO GASTROINTESTINAL: Canais responsáveis pelos potenciais de ação são diferentes: permitem que quantidade Nivya Moraes P2/UC5 UNIT – AL 5 grande de íons cálcio entre junto com quantidades menores de íons sódio (canais para cálcio-sódio) Quando o potencial fica menos negativo (despolarização da membrana), as fibras musculares ficam mais excitáveis. Quando fica mais negativo (hiperpolarização), as fibras ficam menos excitáveis Fatores que despolarizam a membrana: 1. Estiramento do músculo 2. Estimulação pela acetilcolina, liberada a partir das terminações dos nervos parassimpáticos 3. Estimulação por diversos hormônios gastrointestinais específicos Fatores que hiperpolarizam a membrana: 1. Efeito da norepinefrina ou da epinefrina 2. Estimulação dos nervos simpáticos que secretam, principalmente, norepinefrina e seus terminais A contração do músculo liso ocorre em resposta à entrada de íons cálcio na fibra muscular. Os íons cálcio, por meio de mecanismo de controle pela calmodulina, ativam os filamentos de miosina na fibra, fazendo com que forças de atração se desenvolvam entre os filamentos de miosina e de actina, causando a contração muscular Causas da contração tônica: 1. Potenciais em ponta repetidos sem interrupção (quanto maior a frequência maior o grau de contração) 2. Hormônios ou outros fatores que produzam a despolarização parcial contínua da membrana do músculo liso, sem provocar potenciais de ação 3. Entrada contínua de íons cálcio, no interior da célula, por modos não associados à variação do potencial da membrana As contrações tônicas são mantidas por minutos ou horas. Elas ocorrem em alguns esfincteres de músculo liso e na porção apical do estômago. As contrações fásicas, com ciclos de contração- - relaxamento que duram apenas alguns segundos, ocorrem na região distal do estômago e no intestino delgado Entre as refeições, quando o trato está em grande parte vazio, ocorre uma série de contrações que começam no estômago e passam lentamente de segmento em segmento, levando aproximadamente 90 minutos para alcançarem o intestino grosso. Este padrão, denominado complexo motor migratório, é uma função de “limpeza da casa” que varre as sobras do bolo alimentar e bactérias do trato GI superior para o intestino grosso Nas contrações segmentares, segmentos curtos (1-5 cm) de intestino contraem e relaxam alternadamente. Nos segmentos contraídos, o músculo circular contrai, ao passo que o músculo longitudinal relaxa. Essas contrações podem ocorrer aleatoriamente ao longo do intestino ou a intervalos regulares. As contrações segmentares alternadas agitam o conteúdo intestinal, Nivya Moraes P2/UC5 UNIT – AL 6 misturando-o e mantendo-o em contato com o epitélio absortivo. Quando os segmentos contraem sequencialmente, em uma direção oral-aboral,os conteúdos intestinais são propelidos por curtas distâncias RELAÇÃO COM O SISTEMA NERVOSO SISTEMA NERVOSO ENTÉRICO O trato gastrointestinal tem um sistema nervoso próprio (sistema nervoso entérico) Localizado na parede intestinal, começando no esôfago e se estendendo até o ânus Importante no controle dos movimentos e da secreção gastrointestinal Composto, basicamente, por dois plexos: PLEXO MIOENTÉRICO OU PLEXO DE AUERBACH: Disposto entre as camadas musculares longitudinal e circular. Controla quase todos os movimentos gastrointestinais. Cadeia linear de muitos neurônios interconectados que se estende por todo o comprimento do trato gastrointestinal Quando estimulado: aumento do tônus da parede intestinal; aumento da intensidade das contrações rítmicas; ligeiro aumento no ritmo da contração; aumento na velocidade de condução das ondas excitatórias, causando o movimento mais rápido das ondas peristálticas intestinais Não é inteiramente excitatório, porque alguns de seus neurônios são inibitórios: sinais resultantes são úteis para inibição dos músculos de alguns esfíncteres intestinais, que impedem a movimentação do alimento pelos segmentos sucessos do TGI (ex.: esfíncter pilórico e da valva ileocecal) PLEXO SUBMUCOSO OU PLEXO DE MEISSNER: Localizado na submucosa. Controla a secreção gastrointestinal e o fluxo sanguíneo local. Embora o sistema nervoso entérico possa funcionar independentemente dos nervos extrínsecos, a estimulação pelo simpático e parassimpático pode intensificar muito ou inibir as funções gastrointestinais Nervos sensoriais podem provocar reflexos locais na própria parede intestinal e, ainda, outros reflexos que são transmitidos ao intestino pelos gânglios pré- vertebrais e das regiões basais do cérebro. Os neurônios intrínsecos se situam completamente dentro da parede do trato GI, exatamente como os interneurônios estão contidos inteiramente no SNC. Os neurônios autonômicos que levam sinais do SNC para o sistema digestório são denominados neurônios extrínsecos As células gliais de sustentação dos neurônios dentro do SNE são mais similares à astroglia do encéfalo do que às células de Schwann do sistema nervoso periférico. Os capilares que circundam os gânglios no SNE não são muito permeáveis e criam uma barreira de difusão que é similar à barreira hematencefálica dos vasos sanguíneos encefálicos. Centros integradores. Reflexos que se originam no trato GI podem ser integrados e atuar sem que os sinais neurais deixem o SNE. A rede de neurônios do SNE é o seu próprio centro integrador, como o encéfalo e a medula espinal. Nivya Moraes P2/UC5 UNIT – AL 7 TIPOS DE NEUROTRANSMISSORES SECRETADOS POR NEURÔNIOS ENTÉRICOS ACETILCOLINA: quase sempre excita a atividade gastrointestinal NOREPINEFRINA: quase sempre inibe a atividade gastrointestinal. (assim como a epinefrina, que chega ao TGI principalmente pelo sangue, depois de ser secretada na circulação da medula adrenal) TRIFOSFATO DE ADENOSINA SEROTONINA DOPAMINA COLECISTOCININA SUBSTÂNCIA P POLIPEPTÍDEO INTESTINAL VASOATIVO SOMATOSTATINA LEUENCEFALINA METENCEFALINA BOMBESINA CONTROLE AUTÔNOMO DO TGI A ESTIMULAÇÃO PARASSIMPÁTICA AUMENTA A ATIVIDADE DO SISTEMA NERVOSO ENTÉRICO Inervação parassimpática do intestino divide-se em divisões cranianas e sacrais Parasssimpático craniano: Quase todas no nervo vago (exceto por poucas fibras para as regiões bucal e faringianas) Formam a extensa inervação do esôfago, estômago e pâncreas Menos extensas na inervação dos intestinos, até a metade do intestino grosso. Parassimpático sacral: Se origina no 2º, 3º e 4º segmentos sacrais da medula espinhal Passa pelos nervos pélvicos para a metade distal do intestino grosso e, daí, até o ânus Regiões sigmoides, retal e anal são mais bem supridas Fibras funcionam para executar os reflexos da defecação Neurônios pós ganglionares: em sua maior parte, nos plexos mioentérico e submucoso. Estimulação desses nervos = aumento geral da atividade de todo o sistema entérico A ESTIMULAÇÃO SIMPÁTICA, EM GERAL, INIBE A ATIVIDADE DO TGI Simpático inerva, igualmente, todo o TGI Os terminais dos nervos simpáticos secretam principalmente norepinefrina e pequenas quantidades de epinefrina Efeitos do simpático: 1. Em pequeno grau, por efeito direto da norepinefrina, inibe a musculatura lisa do TGI (exceto o músculo mucoso, que é excitado) 2. Em grau maior, por efeito inibidor da norepinefrina sobre os neurônios de todo o sistema entérico FIBRAS NERVOSAS SENSORIAIS AFERENTES NO INTESTINO Podem ser estimulados por: Nivya Moraes P2/UC5 UNIT – AL 8 1. Irritação da mucosa intestinal 2. Distensão excessiva do intestino 3. Presença de substâncias químicas específicas no intestino Os sinais transmitidos por essas fibras podem, então, causar excitação ou, sob outras condições, inibição dos movimentos ou da secreção intestinal REFLEXOS GASTROINTESTINAIS REFLEXOS CURTOS: Se originam dentro do sistema nervoso entérico (SNE) e são integrados por ele sem sinais externos REFLEXOS LONGOS: Não importa onde eles se originam, são os reflexos digestórios integrados no SNC. O músculo liso e as glândulas do trato GI estão sob controle autonômico REFLEXOS ENCEFÁLICOS: Os reflexos longos que se originam completamente fora do sistema digestório incluem reflexos antecipatórios e reflexos emocionais. Se originam no encéfalo. REFLEXOS ANTECIPATÓRIOS: iniciam com estímulos – como visão, cheiro, som ou pensamento no alimento – que preparam o sistema digestório para a refeição que o encéfalo está antecipando REFLEXOS COMPLETAMENTE INTEGRADOS NA PAREDE INTESTIINAL DO SISTEMA NERVOSO ENTÉRICO: incluem reflexos que controlam grande parte da secreção gastrointestinal, peristaltismo, contrações de mistura, efeitos inibidores locais etc REFLEXOS DO INTESTINO PARA OS GÂNGLIOS SIMPÁTICOS PRÉ-VERTEBRAIS E QUE VOLTAM PARA O TGI: transmitem sinais por longas distâncias, para outras áreas do TGI, como reflexo gastrocólico, enterogástrico e colonoileal. REFLEXOS DO INTESTINO PARA A MEDULA OU PARA O TRONCO CEREBRAL E QUE VOLTAM PARA O TGI: 1. Reflexos do estômago e do duodeno para o tronco cerebral, que retornam ao estômago – por meio de nervos vagos – para controlar a atividade motora e secretora gástrica. 2. reflexos de dor que causam inibição geral de todo TGI REFLEXOS DE DEFECAÇÃO que passam, desde o cólon e o reto, para a medula espinhal e, então, retornam, produzindo as poderosas contrações colônicas, retais e abdominais, necessárias à defecação (os reflexos da defecação) Nivya Moraes P2/UC5 UNIT – AL 9 RELAÇÃO COM O SISTEMA ENDÓCRINO CONTROLE HORMONAL DA MOTILIDADE GASTROINTESTINAL Os hormônios gastrointestinais são liberados na circulação porta e exercem as ações fisiológicas em células-alvo com receptores específicos para o hormônio. Eles atuam sobre o trato GI, em órgãos acessórios, como o pâncreas, e em alvos mais distantes, como o encéfalo Os efeitos dos hormônios persistem mesmo depois de todas as conexões nervosas entre o local de liberação e o local de ação terem sido interrompidas Os peptídeos secretados pelas células do trato GI podem atuar como hormônios ou como sinais parácrinos No sistema digestório, os peptídeos GI excitam ou inibem a motilidade e a secreção. Alguns peptídeos parácrinos são secretados para o lúmen, onde eles se ligam a receptores na membrana apical para desencadear uma resposta. Outros são secretados no líquido extracelular, onde eles difundem curtas distâncias para agir em células vizinhas. Os hormônios gastrintestinais são geralmente divididos em três famílias. Todos os membros de uma famíliatêm sequências de aminoácidos semelhantes e, em alguns casos, há sobreposição nas suas habilidades para se ligarem aos receptores. A FAMÍLIA DA GASTRINA inclui os hormônios gastrina e colecistocinina (CCK) mais diversas variantes de cada. A sua similaridade estrutural implica que a gastrina e a CCK podem se ligar e ativar o mesmo receptor CCKB. colescistocininca (CCK): contrai fortemente a vesícula biliar, expelindo bile para o intestino delgado; inibe, ainda que moderadamente, a contração do estômago; retarda a saída do alimento no estômago, assegurando o tempo adequado para a digestão de gorduras no TGI superior; inibe o apetite, para evitar excessos durante as refeições, estimulando as fibras nervosas sensoriais aferentes no duodeno (essas fibras, por suas vez, mandam sinais, por meio do nervo vago para inibir os centros de alimentação no cérebro). Nivya Moraes P2/UC5 UNIT – AL 10 A FAMÍLIA DA SECRETINA inclui a secretina; o peptídeo intestinal vasoativo (VIP), um neurotransmissor não adrenérgico, não colinérgico; e GIP, um hormônio conhecido originalmente como peptídeo inibidor gástrico. Alguns estudos subsequentes, contudo, indicaram que o GIP administrado em doses fisiológicas mais baixas não bloqueia a secreção ácida. Assim, os pesquisadores sugeriram um novo nome com as mesmas iniciais – peptídeo insulinotrópico dependente de glicose – que mais precisamente descreve a ação desse hormônio: ele estimula a liberação da insulina em resposta à glicose no lúmen do intestino. Outro membro da família da secretina é o hormônio peptídeo 1 semelhante ao glucagon (GLP-1). O GIP e o GLP-1 agem juntos como sinais antecipatórios para a liberação de insulina A TERCEIRA FAMÍLIA de peptídeos contém aqueles que não se encaixam nas outras duas famílias. O membro principal desse grupo é o hormônio motilina (secretada pelo estômago e pelo duodeno superior durante o jejum, função de aumentar a motilidade gastrointestinal. É liberada ciclicamente e estimula as ondas da motilidade gastrointestinal denominadas complexos mioelétricos interdigestivos que se propagam pelo estômago e pelo intestino delgado a cada 90 minutos, na pessoa em jejum. Sua secreção é inibida, após a digestão) Nivya Moraes P2/UC5 UNIT – AL 11 EVENTOS NO TGI O processamento do alimento é tradicionalmente dividido em três fases: cefálica, gástrica e intestinal FUNÇÃO INTEGRADA: A FASE CEFÁLICA Simplesmente cheirar, ver, ou até mesmo pensar sobre o alimento pode fazer a nossa boca salivar ou nosso estômago roncar. Estes reflexos longos que iniciam no cérebro criam uma resposta antecipatória, conhecida como fase cefálica da digestão. O estímulo antecipatório e o estímulo do alimento na cavidade oral ativam neurônios no bulbo. O bulbo, por sua vez, manda sinais eferentes através de neurônios autonômicos para as glândulas salivares, e através do nervo vago para o sistema nervoso entérico. Em resposta a esses sinais, o estômago, o intestino e os órgãos glandulares acessórios iniciam a secreção e aumentam a motilidade em antecipação ao alimento que virá A digestão mecânica dos alimentos inicia na cavidade oral com a mastigação. Os lábios, a língua e os dentes contribuem para a mastigação do alimento, criando uma massa amolecida e umedecida (bolo) que pode ser facilmente engolida. A saliva é um complexo fluido hiposmótico que contém água, íons, muco e proteínas, como enzimas e imunoglobulinas. Três pares de glândulas salivares produzem tanto quanto 1,5 litro de saliva por dia. As glândulas salivares são glândulas exócrinas, com o Nivya Moraes P2/UC5 UNIT – AL 12 epitélio secretor disposto em agrupamentos de células como cachos de uvas, chamados de ácinos As secreções dos três pares de glândulas salivares variam em composição: Glândulas parótidas: produzem uma solução aquosa de enzimas Glândulas sublinguais: produzem uma saliva rica em muco. Glândulas submandibulares são mistas, com ambos, muco e enzimas A produção de saliva é um processo de dois passos. O fluido inicial secretado pelas células acinares se assemelha ao líquido extracelular em sua composição iônica: uma solução isotônica de NaCl. Conforme este fluido passa através do ducto no seu caminho para a cavidade oral, as células epiteliais ao longo do ducto reabsorvem NaCl e secretam K e íon bicarbonato até que a razão entre os íons no fluido do ducto seja mais parecida com a do líquido intracelular (alta em K e baixa em Na ). REGULAÇÃO NERVOSA DA SECREÇÃO SALIVAR Feita por sinais nervosos parassimpáticos dos núcleos salivatórios superior e inferior do tronco cerebral (na ponte e no bulbo, respectivamente) Pode ser estimulada ou inibida por sinais nervosos que chegam aos núcleos salivatórios provenientes dos centros superiores do SNC. O núcleo salivatório superior envia fibras via nervo facial e nervo lingual para inervar as glândulas submandibular e sublingual; o núcleo salivatório inferior envia fibras para inervar a glândula parótida via nervo glossofaríngeo. Os sinais nervosos parassimpáticos que induzem a salivação copiosa também dilatam moderadamente os vasos sanguíneos. Por esta razão, o suprimento sanguíneo das glândulas afeta a secreção salivar, já que a secreção sempre requer um nutrição adequada. A escassez de saliva pode estar associada a lesões no sistema nervoso periférico ou lesões vasculares. A estimulação simpática também pode aumentar a salivação em grau moderado. Esses nervos simpáticos se originam dos gânglios cervicais superiores A salivação está sob controle autonômico e pode ser desencadeada por múltiplos estímulos A inervação parassimpática é o estímulo primário para a secreção da saliva, mas também há alguma inervação simpática nas glândulas. Estresse, como o associado à mentira ou à ansiedade, diminui o volume da secreção salivar FUNÇÕES: Amolecer e lubrificar o alimento Digestão do amido (A digestão química inicia com a secreção da amilase salivar. A amilase quebra o amido em maltose depois que a enzima é ativada por Cl na saliva. Se você mastigar uma bolacha sem sal por algum tempo, perceberá a conversão do amido em maltose, a qual é mais doce) Gustação (a saliva dissolve o alimento para que possamos sentir o seu gosto) Defesa (A lisozima é uma enzima salivar antibacteriana, e imunoglobulinas salivares incapacitam bactérias e vírus. Além disso, a saliva ajuda a limpar os dentes e manter a língua livre de partículas alimentares.) Para começar a mastigação, tem que ter um estímulo voluntario, depois é continuada através de reflexos; o início é voluntario, mas a continuação é reflexa. COMO ACONTECE? A partir do momento que se coloca alimento na boca, vai ter um estímulo e isso vai levar a contração dos músculos abaixadores. Os músculos levantadores e os músculos levantadores vão ser inibidos e os músculos abaixadores vão ser contraídos e com isso, a mandíbula inferior abaixa. A partir do momento que ela abaixa, os músculos levantadores vão sofrer estiramento e isso é o estímulo para eles se contraírem e a mandíbula vai suspender e a partir dai faz um ciclo de reflexos na mastigação Nivya Moraes P2/UC5 UNIT – AL 13 A pressão do bolo ativa neurônios sensoriais que levam informações pelo nervo glossofaríngeo (nervo craniano IX) para o centro da deglutição no bulbo. As eferências do centro da deglutição consistem em neurônios motores somáticos que controlam os músculos esqueléticos da faringe e do esôfago superior, bem como neurônios autonômicos que agem nas porções inferiores do esôfago. As secreções esofágicas são totalmente mucosas e fornecem, principalmente,a lubrificação para a deglutição. O corpo principal do esôfago é revestido com muitas glândulas mucosas simples. Na terminação gástrica e em pequena extensão, na porção inicial do esôfago, existem também muitas glândulas mucosas compostas. O muco produzido pelas glândulas compostas no esôfago superior evita a escoriação mucosa causada pela nova entrada de alimento, enquanto as glândulas compostas, localizadas próximas à junção esofagogástrica, protegem a parede esofágica da digestão por sucos gástricos ácidos que, com frequência, refluem do estômago para o esôfago inferior. A despeito dessa proteção, ainda assim pode- se, às vezes, desenvolver úlcera péptica na terminação gástrica do esôfago. FUNÇÃO INTEGRADA: A FASE GÁSTRICA O estômago possui três funções gerais: 1. ARMAZENAMENTO. O estômago armazena alimento e regula a sua passagem para o intestino delgado, onde ocorre a maior parte da digestão e da absorção. 2. DIGESTÃO. O estômago digere a comida, química e mecanicamente, formando a mistura “cremosa” de partículas uniformemente pequenas, chamada de quimo. 3. DEFESA. O estômago protege o corpo por destruir muitas das bactérias e outros patógenos que são deglutidos juntamente com a comida ou aprisionados no muco das vias respiratórias. Ao mesmo tempo, o estômago precisa proteger a si mesmo de ser agredido por suas próprias secreções. Antes da chegada do alimento, a atividade digestória no estômago inicia com um reflexo vagal longo da fase cefálica. Depois, quando o bolo entra no estômago, estímulos no lúmen gástrico iniciam uma série de reflexos curtos, que constituem a fase gástrica da digestão. Nos reflexos da fase gástrica, a distensão do estômago e a presença de peptídeos ou de aminoácidos no lúmen Nivya Moraes P2/UC5 UNIT – AL 14 ativam células endócrinas e neurônios entéricos. Hormônios, neurotransmissores e moléculas parácrinas, então, influenciam a motilidade e a secreção Na metade distal do estômago, uma série de ondas peristálticas empurra o bolo alimentar para baixo, em direção ao piloro, misturando-o com o ácido e as enzimas digestórias. Quando as partículas grandes são digeridas e a textura do quimo fica mais uniforme, cada onda contrátil ejeta uma pequena quantidade de quimo no duodeno através do piloro O aumento da motilidade gástrica durante a refeição está principalmente sob controle neural e é estimulada pela distensão do estômago. Relaxamento receptivo: quando o alimento chega ao esôfago, o estômago relaxa e expande naturalmente para acomodar o volume aumentado secreções gástricas SECREÇÃO DE GASTRINA ______________________ As células G, encontradas profundamente nas glândulas gástricas, secretam o hormônio gastrina no sangue. Em reflexos curtos, a liberação de gastrina é estimulada pela presença de aminoácidos e de peptídeos no estômago e por distensão do estômago. O café (mesmo o descafeinado) também estimula a liberação de gastrina – uma razão para que pessoas com síndromes de secreção ácida excessiva evitem a ingestão de café. A liberação de gastrina é também desencadeada por reflexos neurais. Os reflexos curtos são mediados por um neurotransmissor do SNE, chamado de peptídeo liberador de gastrina (GRP). Nos reflexos cefálicos, os neurônios parassimpáticos do nervo vago estimulam as células G para que elas liberem gastrina no sangue. A principal ação da gastrina é promover a liberação de ácido. Ela faz isso diretamente por agir nas células parietais e indiretamente por estimular a liberação de histamina SECREÇÃO ÁCIDA ___________________________ As células parietais profundas nas glândulas gástricas secretam o ácido gástrico (HCl) no lúmen do estômago. A secreção ácida no estômago é, em média, de 1 a 3 litros por dia e pode criar um pH luminal tão baixo quanto 1. Funções do ácido gástrico: No lúmen do estômago causa a liberação e a ativação da pepsina, uma enzima que digere proteínas. Desencadeia a liberação de somatostatina pelas células D O HCl desnatura proteínas por quebrar as ligações dissulfeto e de hidrogênio que mantêm a estrutura terciária da proteína. Quando ingerimos mais do que necessitamos do ponto de vista nutricional, o estômago precisa regular a velocidade na qual o quimo entra no intestino delgado. Sem essa regulação, o intestino delgado não seria capaz de digerir e absorver a carga de quimo que chega, e quantidades significativas de quimo não absorvido passariam para o intestino grosso. O epitélio do intestino grosso não é projetado para absorção de nutrientes em larga escala, então a maioria do quimo se tornará fezes, resultando em diarreia. Este “distúrbio do esvaziamento” (“síndrome de dumping”) é um dos efeitos colaterais mais desagradáveis da cirurgia que remove porções do estômago ou do intestino delgado Nivya Moraes P2/UC5 UNIT – AL 15 Cadeias proteicas desenoveladas podem deixar as ligações peptídicas entre os aminoácidos mais acessíveis à digestão pela pepsina. Ajuda a destruir bactérias e outros microrganismos ingeridos. O ácido inativa a amilase salivar, cessando a digestão de carboidratos que iniciou na boca O processo inicia quando o H do citosol da célula parietal é bombeado para o lúmen do estômago em troca por K, que entra na célula, por uma H-K-ATPase. O Cl, então, segue o gradiente elétrico criado por H, movendo-se através de canais de cloreto abertos. O resultado líquido é a secreção de HCl pela célula. Fármacos para tratar a hipersecreção de ácido gástrico: inibidores da bomba de prótons (PPIs), bloqueiam a atividade da H-K-ATPase. Versões genéricas de alguns PPIs (p. ex., omeprazol). Enquanto o ácido está sendo secretado no lúmen, o bicarbonato produzido a partir de CO2 e OH da água é absorvido para o sangue. A ação tamponante do HCO3 torna o sangue menos ácido ao deixar o estômago, criando uma maré alcalina que pode ser medida enquanto uma refeição está sendo digerida. Sob condições normais, a mucosa gástrica protege a si mesma da autodigestão por ácido e enzimas com uma barreira muco-bicarbonato. As células mucosas na superfície luminal e no colo das glândulas gástricas secretam ambas as substâncias. O muco forma uma barreira física, e o bicarbonato cria uma barreira tamponante química subjacente ao muco A secreção de muco aumenta quando o estômago é irritado, como pela ingestão de ácido acetilsalicílico ou de álcool. Atualmente, existem duas classes de fármacos para combater a hiperacidez: os antagonistas de receptores H2 e os inibidores da bomba de prótons que bloqueiam a H -K -ATPase SECREÇÃO ENZIMÁTICA _______________________ O estômago produz duas enzimas: pepsina e uma lipase gástrica. A pepsina realiza a digestão inicial de proteínas. Ela é particularmente efetiva no colágeno e, assim, tem um importante papel na digestão de carne. A pepsina é secretada na forma inativa pepsinogênio pelas células principais das glândulas gástricas. O ácido estimula a liberação de pepsinogênio por meio de um reflexo curto mediado no SNE. Uma vez no lúmen do estômago, o pepsinogênio é clivado à pepsina ativa pela ação do H, e a digestão proteica inicia. A lipase gástrica é cossecretada com a pepsina. As lipases são enzimas que quebram triacilgliceróis. No entanto, menos de um terço da digestão de gordura ocorre no estômago. SECREÇÕES PARÁCRINAS ______________________ As secreções parácrinas da mucosa gástrica incluem histamina, somatostatina e fator intrínseco. A histamina é um sinal parácrino secretado pelas células semelhantes às enterocromafins (células ECL) em resposta à estimulação por gastrina ou por acetilcolina. A histamina difunde- -se para o seu alvo, as células parietais, estimulando a secreção ácida por se ligar a receptores H2 nas células parietais. Osantagonistas de receptores H2 (p. ex., cimetidina e ranitidina) que bloqueiam a ação da histamina são a segunda classe de fármacos usados para tratar a hipersecreção ácida. O fator intrínseco é uma proteína secretada pelas células parietais, mesmas células gástricas que secretam ácido. No lúmen do estômago e do intestino Nivya Moraes P2/UC5 UNIT – AL 16 delgado, o fator intrínseco se complexa com a vitamina B12, um passo que é necessário para a absorção da vitamina no intestino. A somatostatina (SS), também conhecida como hormônio inibidor do hormônio do crescimento, é secretada por células D no estômago. A somatostatina é o sinal de retroalimentação negativa primário da secreção na fase gástrica. Ela reduz a secreção ácida direta e indiretamente por diminuir a secreção de gastrina e histamina. A somatostatina também inibe a secreção de pepsinogênio Nivya Moraes P2/UC5 UNIT – AL 17 FUNÇÃO INTEGRADA: A FASE INTESTINAL Os conteúdos intestinais são lentamente propelidos para a frente por uma combinação de contrações segmentares e peristálticas. Essas ações misturam o quimo com enzimas, e elas expoem os nutrientes digeridos para o epitélio mucoso para absorção. Os movimentos para a frente do quimo ao longo do intestino devem ser suficientemente lentos para permitir que a digestão e a absorção sejam completadas. A inervação parassimpática e os hormônios GI gastrina e CCK promovem a motilidade intestinal; a inervação simpática inibe-a A anatomia do intestino delgado facilita a secreção, a digestão e a absorção por maximizar a área de superfície A superfície do epitélio intestinal é chamada de borda em escova devido à aparência de cerdas das microvilosidades. A maioria dos nutrientes absorvidos ao longo do epitélio intestinal vai para capilares nas vilosidades para distribuição através do sistema circulatório. O sangue venoso proveniente do trato digestório não vai diretamente de volta ao coração. Em vez disso, ele passa para o sistema porta-hepático. Essa região especializada da circulação tem dois conjuntos de leitos capilares: um que capta nutrientes absorvidos no intestino, e outro que leva os nutrientes diretamente para o fígado O envio de materiais absorvidos diretamente para o fígado ressalta a importância desse órgão como um filtro biológico. Os hepatócitos contêm uma variedade de enzimas, como as isoenzimas citocromo p450, que metabolizam fármacos e xenobióticos e os retiram da circulação sanguínea antes de eles alcançarem a circulação sistêmica. A depuração hepática é uma das razões pelas quais um fármaco administrado via oral deve ser dado em doses mais altas do que o mesmo fármaco administrado por infusão intravenosa SECREÇÕES INTESTINAIS ______________________ As enzimas digestórias são produzidas pelo epitélio intestinal e pelo pâncreas exócrino. As enzimas da borda em escova intestinal são ancoradas à membrana Nivya Moraes P2/UC5 UNIT – AL 18 luminal das células e não são varridas para fora do intestino conforme o quimo é empurrado para a frente. As vias de controle para a liberação de enzimas variam, mas incluem vários sinais neurais, hormonais e parácrinos. Em geral, a estimulação dos neurônios parassimpáticos do nervo vago aumenta a secreção de enzimas. A bile produzida no fígado e secretada pela vesícula biliar é uma solução não enzimática que facilita a digestão de gorduras. A secreção de bicarbonato para dentro do intestino delgado neutraliza o quimo extremamente ácido que vem do estômago. A maior parte do bicarbonato vem do pâncreas e é liberado em resposta a estímulos neurais e à secretina. O muco das células caliciformes intestinais protege o epitélio e lubrifica o conteúdo intestinal. Uma solução isotônica de NaCl mistura-se com o muco para ajudar a lubrificar o conteúdo do intestino As células das criptas do intestino delgado e do colo secretam uma solução isotônica de NaCl em um processo similar ao passo inicial da salivação A secreção endócrina é proveniente de agrupamentos de células, chamadas de ilhotas, e inclui os hormônios insulina e glucagon As secreções exócrinas incluem enzimas digestórias e uma solução aquosa de bicarbonato de sódio, NaHCO3. A porção exócrina do pâncreas consiste em lóbulos, chamados de ácinos, similares àqueles das glândulas salivares. Os ductos dos ácinos esvaziam no duodeno. As células acinares secretam enzimas digestórias, e as células do ducto secretam solução de NaHCO SECREÇÃO DE ENZIMAS _______________________ A maior parte das enzimas pancreáticas são secretadas como zimogênios, que devem ser ativados no momento de chegada no intestino. Os sinais para a liberação das enzimas pancreáticas incluem distensão do intestino delgado, presença de alimento no intestino, sinais neurais e hormônio CCK. As enzimas pancreáticas entram no intestino em um fluido aquoso que também contém bicarbonato SECREÇÃO DE BICARBONATO ___________________ A secreção de bicarbonato para o duodeno neutraliza o ácido proveniente do estômago. Uma pequena quantidade de bicarbonato é secretada por células duodenais, mas a maior parte vem do pâncreas. A produção de bicarbonato requer altos níveis da enzima anidrase carbônica. O bicarbonato produzido a partir de CO2 e água é secretado por um trocador apical Cl - HCO3. Os íons hidrogênio produzidos juntamente com o bicarbonato deixam a célula por trocadores Na-H na membrana basolateral. O H então reabsorvido na circulação intestinal ajuda a equilibrar o HCO3 colocado na circulação quando as células parietais secretaram H no estômago. O cloreto trocado por bicarbonato entra na célula pelo cotransportador NKCC na membrana basolateral e sai por um canal CFTR na apical. O Cl luminal, então, reentra na célula em troca de HCO3 entrando no lúmen. Defeitos na estrutura ou na função do canal CFTR causam a doença fibrose cística, e a perturbação da secreção pancreática é uma característica dessa doença Nivya Moraes P2/UC5 UNIT – AL 19 A bile é uma solução não enzimática secretada pelos hepatócitos, ou células do fígado. Os componentes- chave da bile são (1) sais biliares, que facilitam a digestão enzimática de gorduras, (2) pigmentos biliares, como a bilirrubina, que são os produtos residuais da degradação da hemoglobina, e (3) colesterol, que é excretado nas fezes. Fármacos e outros xenobióticos são depurados do sangue pelo processamento hepático e são também excretados na bile. Os sais biliares, que agem como detergentes para tornar as gorduras solúveis durante a Nivya Moraes P2/UC5 UNIT – AL 20 digestão, são produzidos a partir dos ácidos biliares esteroides combinados com aminoácidos e ionizados. A bile secretada pelos hepatócitos flui pelos ductos hepáticos até a vesícula biliar, que armazena e concentra a solução biliar. Durante uma refeição que inclua gorduras, a contração da vesícula biliar envia bile para o duodeno através do ducto colédoco. A vesícula biliar é um órgão que não é essencial para a digestão normal, e se o ducto torna-se bloqueado por depósitos duros, conhecidos como pedras da vesícula, a vesícula biliar pode ser removida sem criar problemas de longo prazo. Os sais biliares não são alterados durante a digestão das gorduras. Quando eles alcançam a seção terminal do intestino delgado (o íleo), eles encontram células que os reabsorvem e os enviam de volta para a circulação. De lá, os sais biliares retornam para o fígado, onde os hepatócitos os captam novamente e os ressecretam. Esta recirculação dos sais biliares é essencial para a digestão das gorduras, uma vez que o pool de sais biliares do corpo deve circular de 2 a 5 vezes em cada refeição. Alguns resíduos secretados na bile não podem ser reabsorvidos e passam para o intestino grosso para excreçãoNivya Moraes P2/UC5 UNIT – AL 21 Quando o quimo entra no intestino delgado, a digestão de proteínas cessa quando a pepsina é inativada no pH intestinal alto. As enzimas pancreáticas e da borda em escova, então, finalizam a digestão de peptídeos, carboidratos e gorduras em moléculas menores que podem ser absorvidas DIGESTÃO E ABSORÇÃO Nivya Moraes P2/UC5 UNIT – AL 22 A digestão do amido inicia na boca com a amilase salivar, mas essa enzima é desnaturada pela acidez do estômago. A amilase pancreática, então, retoma a digestão do amido em maltose. A maltose e outros dissacarídeos são quebrados pelas enzimas da borda em escova intestinal, conhecidas como dissacaridases (maltase, sacarase e lactase). Os produtos finais absorvíveis da digestão de carboidratos são glicose, galactose e frutose. Devido à absorção intestinal ser restrita a monossacarídeos, todos os carboidratos maiores devem ser digeridos para serem usados pelo corpo. Os carboidratos complexos que podemos digerir são o amido e o glicogênio. Nós não somos capazes de digerir celulose por não termos as enzimas necessárias. Como resultado, a celulose da matéria vegetal torna-se o que é conhecido como fibra dietética ou formador de massa e é excretada não digerida. Nivya Moraes P2/UC5 UNIT – AL 23 Como os enterócitos são capazes de manter as concentrações intracelulares de glicose altas para que a difusão facilitada leve a glicose para o espaço extracelular? Na maioria das células, a glicose é o principal substrato metabólico para a respiração aeróbia e é imediatamente fosforilada quando entra na célula. (p. 142). No entanto, o metabolismo dos enterócitos (e células dos túbulos proximais) aparentemente difere da maioria das outras células. Estas células transportadoras epiteliais não usam glicose como fonte preferencial de energia. Estudos atuais indicam que essas células usam o aminoácido glutamina como sua principal fonte de energia, permitindo, assim, que a glicose absorvida passe inalterada para a circulação sanguínea As proteínas vegetais são as menos digeríveis. Entre as mais digeríveis está a proteína do ovo As enzimas para a digestão de proteínas são classificadas em dois grupos amplos: endopeptidases e exopeptidases. As endopeptidases, mais comumente chamadas de proteases, atacam as ligações peptídicas no interior da cadeia de aminoácidos e quebram uma cadeia peptídica longa em fragmentos menores. As proteases são secretadas como proenzimas inativas (zimogênios) pelas células epiteliais do estômago, do intestino e do pâncreas. Elas são ativadas quando alcançam o lúmen do trato GI. Exemplos de proteases incluem a pepsina secretada no estômago, e a tripsina e a quimotripsina, secretadas pelo pâncreas. As exopeptidases liberam aminoácidos livres de dipeptídeos por cortá-los das extremidades, um por vez. As aminopeptidases agem na extremidade aminoterminal da proteína; as carboxipeptidases agem na extremidade carboxiterminal. As exopeptidases digestórias mais importantes são duas isoenzimas da carboxipeptidase secretadas pelo pâncreas. As aminopeptidases desempenham um papel menor na digestão ABSORÇÃO DE PROTEÍNAS _____________________ Os produtos principais da digestão de proteínas são aminoácidos livres, dipeptídeos e tripeptídeos, todos os quais podem ser absorvidos. A estrutura dos aminoácidos é tão variável que múltiplos sistemas de transporte de aminoácidos ocorrem no intestino. A maioria dos aminoácidos livres são carregados por proteínas cotransportadoras dependentes de Na similares às encontradas nos túbulos proximais renais. Poucos transportadores de aminoácidos são dependentes de H . Os dipeptídeos e tripeptídeos são carregados para os enterócitos pelo transportador de oligopeptídeos PepT1 que usa o cotransporte dependente de H (Fig. 21.18c). Uma vez dentro das células epiteliais, os oligopeptídeos têm dois possíveis destinos. A maioria é digerida por peptidases citoplasmáticas em aminoácidos, os quais são, então, transportados através da membrana basolateral e para a circulação. Aqueles oligopeptídeos que não são digeridos são transportados intactos através da membrana basolateral por um trocador dependente de H . O sistema de transporte que move esses oligopeptídeos também é responsável pela captação intestinal de certos fármacos, como alguns antibióticos lactâmicos, inibidores da enzima conversora de angiotensina e inibidores da trombina. O intestino absorve vitaminas e minerais Em geral, as vitaminas solúveis em lipídeos (A, D, E e K) são absorvidas no intestino delgado junto com as gorduras – razão pela qual os profissionais da saúde se preocupam com o consumo excessivo de “falsas gorduras”, como o olestra, que não são absorvidas. A mesma preocupação existe em relação ao orlistat (Lipoxen® ), um inibidor da lipase utilizado para perda de peso. Os usuários deste auxiliar de perda de peso são aconselhados a tomar um multivitamínico diário para evitar deficiências vitamínicas. As vitaminas solúveis em água (vitamina C e a maior parte das vitaminas B) são absorvidas por transporte mediado. A principal exceção é a vitamina B12, também conhecida como cobalamina por conter o elemento cobalto. Obtemos a maior parte de nosso suprimento dietético de B12 de frutos do mar, carnes e laticínios. O transportador intestinal para B12 é encontrado somente no íleo e reconhece a B12 somente quando a vitamina está complexada com uma proteína, chamada de fator intrínseco, secretada pelas mesmas células gástricas parietais que secretam ácido. Uma preocupação sobre o extensivo uso de fármacos que inibem a secreção ácida gástrica, como os inibidores da bomba de prótons, discutidos anteriormente, é que eles possam causar a redução da absorção da vitamina B12. Na ausência completa do fator intrínseco, a severa deficiência de vitamina B12 causa uma condição conhecida como ANEMIA PERNICIOSA. Nesse estado, a síntese de eritrócitos (eritropoiese), que depende de vitamina B12, é severamente diminuída. A falta do fator intrínseco não pode ser reparada diretamente, mas os pacientes com anemia perniciosa podem receber doses de vitamina B12. Nivya Moraes P2/UC5 UNIT – AL 24 FERRO E CÁLCIO ____________________________ A absorção de minerais geralmente ocorre por transporte ativo. O ferro e o cálcio são duas das poucas substâncias cuja absorção intestinal é regulada. Para ambos os minerais, um decréscimo na concentração do mineral no corpo leva ao aumento da captação no intestino. O ferro é ingerido como ferro heme (p. 521) na carne e como ferro ionizado em alguns produtos vegetais. O ferro heme é absorvido por um transportador apical no enterócito (FIG. 21.19a). O Fe2 ionizado é ativamente absorvido por cotransporte com H por uma proteína, chamada de transportador de metal divalente 1 (DMT1). Dentro da célula, as enzimas convertem o ferro heme em Fe2 e ambos os pools de ferro ionizado deixam a célula por um transportador, chamado de ferroportina. A absorção de ferro pelo corpo é regulada por um hormônio peptídico, chamado de hepcidina. Quando os estoques de ferro do corpo estão altos, o fígado secreta hepcidina, que se liga à ferroportina. A ligação da hepcidina faz o enterócito destruir o transportador ferroportina, o que resulta em redução da captação de ferro pelo intestino. A maior parte da absorção do Ca2 no intestino ocorre por movimento passivo e não regulado através da via paracelular (Fig. 21.19b). O transporte de Ca2 transepitelial hormonalmente regulado ocorre no duodeno. O cálcio entra no enterócito através de canais apicais de Ca2 e é ativamente transportado através da membrana basolateral tanto por uma Ca2- ATPase quanto por antiporte Na -Ca2 . A absorção do cálcio é regulada pela vitamina D3O intestino absorve íons e água A maior parte da absorção de água ocorre no intestino delgado, com um adicional de 0,5 L por dia absorvido no colo. A absorção de nutrientes move o soluto do lúmen do intestino para o LEC, criando um gradiente osmótico que permite que a água siga junto. A absorção de íons no corpo também cria os gradientes osmóticos necessários para o movimento da água. Os enterócitos no intestino delgado e os colonócitos, as células epiteliais da superfície luminal do colo, absorvem Na utilizando três proteínas de membrana: canais apicais de Na, como o ENaC, um transportador por simporte Na-Cl e o trocador Na-H (NHE). No intestino delgado, uma fração significativa da absorção de Na também ocorre por meio de captação dependente de Na de solutos orgânicos, como pelo SGLT e por transportadores Na -aminoácidos. No lado basolateral de ambos, enterócitos e colonócitos, o transportador principal para o Na é a Na -K -ATPase. A captação de cloreto usa um trocador apical Cl -HCO3 e um canal basolateral de Cl para movimento através das células. A absorção de potássio e de água no intestino ocorre principalmente pela via paracelular. Nivya Moraes P2/UC5 UNIT – AL 25 REGULAÇÃO DA FASE INTESTINAL A regulação da digestão e da absorção intestinal vem primariamente de sinais que controlam a motilidade e a secreção. Sensores no intestino desencadeiam reflexos neurais e endócrinos que retroalimentam para regular a taxa de entrega do quimo pelo estômago e antecipam informações para promover a digestão, a motilidade e a utilização de nutrientes. Os sinais de controle para o estômago e o pâncreas são ambos neurais e hormonais: 1. O quimo entrando no intestino ativa o sistema nervoso entérico, que, então, reduz a motilidade gástrica e a secreção, retardando o esvaziamento gástrico. Além disso, três hormônios reforçam o sinal de “motilidade reduzida”: secretina, colecistocinina (CCK) e peptídeo inibidor gástrico (GIP) (ver Tab. 21.1). 2. A secretina é liberada pela presença de quimo ácido no duodeno. A secretina inibe a produção ácida e diminui a motilidade gástrica. Além disso, a secretina estimula a produção de bicarbonato pancreático para neutralizar o quimo ácido que entrou no intestino. 3. A CCK é secretada na corrente sanguínea se uma refeição contém gorduras. A CCK também diminui a motilidade gástrica e a secreção de ácido. Como a digestão de gordura ocorre mais lentamente que a digestão de proteínas ou de carboidratos, é fundamental que o estômago permita que apenas pequenas quantidades de gordura entrem no intestino em um determinado momento. 4. Os hormônios incretinas GIP e o peptídeo similar ao glucagon 1 (GLP-1) são liberados se a refeição contém carboidratos. Ambos, GIP e GLP-1, atuam por antecipação para promover a liberação da insulina pelo pâncreas endócrino, permitindo que as células se preparem para receber a glicose que está para ser absorvida. Eles também retardam a entrada do quimo no intestino, diminuindo a motilidade gástrica e a secreção ácida. 5. A mistura de ácidos, enzimas e alimentos digeridos no quimo normalmente formam uma solução hiperosmótica. Os osmorreceptores na parede do intestino são sensíveis à osmolaridade do quimo que entra. Quando estimulados pela alta osmolaridade, os receptores inibem o esvaziamento gástrico em um reflexo mediado por alguma substância circulante desconhecida. Está subdivido em ceco, cólon (ascendente, transverso, descendente e sigmoide), reto e ânus; tendo aproximadamente 1,5m de comprimento. Ele não está ligado a absorção de micronutrientes, mas sim, pela maior absorção de água e íons do quimo provenientes do intestino delgado, compactando o quimo em fezes que serão eliminadas. Além da produção de vitamina K e B por bactérias simbióticas. diminuição do PH no duodeno secreção ductular de bicarbonato liberação de secretina ativa celula "S Nivya Moraes P2/UC5 UNIT – AL 26 As funções do cólon são: • Absorção de água e de eletrólitos do quimo – cólon direito. • Armazenamento da matéria fecal até que possa ser excretada (colon esquerdo). OBS: O vibrião colérico produz uma toxina que bloqueia a absorção de água e sódio pelos enterócitos, gerando uma diarreia volumosa. MOVIMENTOS DO INTESTINO GROSSO • Movimentos de mistura (haustrações): é semelhante aos movimentos do ID, porém de forma mais lenta. • Movimentos propulsivos (de massa): quando o colo fica excessivamente cheio, ocorre contração de um segmento do colo forçando o conteúdo fecal a deslocar-se em massa colo abaixo em 30 segundos, com relaxamento de 2 a 4 minutos até um novo movimento. Esse movimento de massa perdura por apenas 10 a 30 minutos, e se não houver defecação, um novo movimento virá em torno de 12 a 24h. ESTÍMULOS PARA OS MOVIMENTOS DE MASSA Existem alguns estímulos intrínsecos do aparelho intestinal que fazem com que a massa fecal seja deslocada. Reflexo gastrocólico: Desencadeado pela distensão do estômago após uma refeição. Caso o indivíduo receba um sinal gastrocólico, percebendo a necessidade de defecar, e tente regula-lo voluntariamente, esse reflexo pode ser perdido ao longo do tempo, causando constipação. Reflexo duodenocólico: Desencadeado pela distensão do duodeno após uma refeição, que ocorre em sequência do reflexo gastrocólico. Estimulação parassimpática DEFECAÇÃO Normalmente, o reto não contém fezes, uma vez que o esfíncter funcional (junção do colo sigmóide e do reto) está a 20 cm do ânus. Quando o movimento de massa força a passagem de fezes para o reto, ocorre um tipo especial de reflexo – o reflexo da defecação – que provoca: • Contração reflexa do reto: encurtam-se as fibras do reto; • Relaxamento do esfíncter anal; • Prensa abdominal: pressão do diafragma e vísceras abdominais. OBS: A defecação pode ser inibida até certo ponto devido a contração da musculatura estriada esquelética do esfíncter anal externo. O controle da defecação é feita justamente pela constrição do esfíncter anal interno (músculo liso) e esfíncter anal externo (músculo estriado). REFLEXO DA DEFECAÇÃO O enchimento das porções finais do intestino grosso estimula terminações nervosas presentes em sua parede, através da distensão da mesma. Impulsos nervosos parassimpáticos são, então, em intensidade e frequência cada vez maior, dirigidos a um segmento da medula espinhal (sacral) e acabam por desencadear uma importante resposta motora que vai provocar um aumento significativo e intenso nas ondas peristálticas todo o intestino grosso, ao mesmo tempo em que ocorre um relaxamento no esfíncter interno do ânus. Desta forma ocorre o reflexo da defecação. Se, durante este momento, o esfíncter externo do ânus também estiver relaxado, as fezes serão eliminadas para o exterior do corpo, através do ânus. Caso contrário, às fezes permanecem retidas no interior do reto e o reflexo desaparece, retornando alguns minutos ou horas mais tarde. CÉLULAS ENTEROENDÓCRINAS concentradas especialmente no estômago e no intestino delgado. Essas células enteroendócrinas recebem nomes individuais de acordo com a substância produzida. Em geral, um único tipo de célula secreta somente um agente, apesar de tipos celulares ocasionais poderem secretar dois agentes diferentes. Há pelo menos 13 tipo de células enteroendócrinas, das quais alguns estão localizados na própria mucosa gástrica. São classificadas quanto a presença de microvilosidades ou não no seu ápice: • Tipo aberto: ápice com microvilos (fariam a secreção exócrina). • Tipo fechado: ápice recoberto com células epiteliais (fariam à secreção endócrina) sendo elas a grande maioria no TGI. Nivya Moraes P2/UC5 UNIT – AL 27 CIRURGIA BARIÁTRICA Segundo o Ministério da saúde:Para o tratamento cirúrgico da obesidade, dois mecanismos são utilizados para a perda de peso, a restrição e a disabsorção, ou a combinação de ambos: RESTRIÇÃO: procedimentos restritivos limitam as calorias ingeridas através da redução do reservatório gástrico, levando a uma sensação de saciedade com uma quantidade pequena de ingesta alimentar. Gastrectomia em manga (Sleeve Gastrectomy) e a banda gástrica ajustável são procedimentos puramente restritivos. Ambos limitam a ingesta de alimentos sólidos pela restrição do tamanho estomacal, deixando a função absortiva do intestino delgado intacta. Uma das restrições desse tipo de procedimento é que com o tempo alguns pacientes aprendem a selecionar alimentos líquidos hipercalóricos com passagem rápida pelo estômago estreitado, como milk-shakes, que podem levar novamente a um ganho ponderal. DISABSORÇÃO: estes procedimentos diminuem a efetividade da absorção nutricional pela diminuição do comprimento do intestino delgado, seja por by-pass ou alteração do caminho das secreções bilio-pancreáticas, as quais facilitam a absorção principalmente de gorduras. O Duodenal switch é um exemplo de procedimentos disabsortivos. COMBINAÇÃO DE RESTRIÇÃO E DISABSORÇÃO: Um exemplo é o by-pass gástrico em Y de Roux CIRURGIA MISTA: Possui um componente restritivo devido a redução do volume gástrico (restando aproximadamente 20mL de volume gástrico), o que proporciona uma sensação de saciedade após o paciente comer pequenas porções de alimentos. O elemento disabsortivo ocorre pela separação do Nivya Moraes P2/UC5 UNIT – AL 28 percurso do alimento das secreções biliopancreáticas. Na cirurgia, além da confecção de um novo reservatório gástrico com o estômago proximal, o cirurgião faz uma ressecção do jejuno proximal cerca de 40 cm abaixo do Ângulo de Treitz (transição duodenojejunal). O reservatório gástrico é anastomosado com o jejuno que sobrou. O jejuno proximal, o duodeno e o estômago ficam excluídos do trânsito alimentar. É indicada a realização de colecistectomia profilática devido ao risco de colelitíase pela perda de peso e pelo difícil acesso cirúrgico caso essa complicação ocorra COMPLICAÇÕES Complicações tardias: Dor abdominal Depende do tipo de cirurgia e do tempo de reconstrução. SÍNDROME DE DUMPING Ocasionada pela passagem rápida do estômago para o intestino, de alimentos com grandes concentrações de gordura e/ou açúcares, em pacientes submetidos a cirurgias gástricas, como a bariátrica e metabólica, como resultado da alteração anatômica do estômago. FISIOPATOLOGIA A síndrome de dumping pode ser consequência da realização de operações bariátricas; sua prevalência pode chegar a até 50% em gastrectomias parciais. É, provavelmente, a mais comum das síndromes que sucedem a gastrectomia. Ela caracteriza-se por um conjunto de sintomas vasomotores e gastrointestinais, associados ao esvaziamento gástrico rápido ou à exposição súbita do intestino delgado aos nutrientes. Também pode ocasionar-se como consequência de danos no nervo vago. A presença súbita do conteúdo gástrico na porção proximal do intestino delgado tem como resposta fisiológica a liberação de bradicinina, serotonina e enteroglucagon, juntamente com líquido extracelular, levando aos sintomas iniciais (necessidade de deitar, palpitação, hipotensão arterial, taquicardia, fadiga, tontura, sudorese, dor de cabeça, rubor, calor, sensação de saciedade, dor e plenitude epigástrica, diarreia, náusea, vômito, cólica, inchaço, e borborigmo) em menos de 30 min, e dentro de 90 min a 3 h, aos sintomas tardios (transpiração, tremor, dificuldade em concentrar-se, perda de consciência e fome) devido à alta secreção de insulina provocando a hipoglicemia Os sintomas precoces envolvem o esvaziamento rápido do conteúdo hipoosmolar do estômago para o intestino delgado, sintomas gastrointestinais como náuseas, cólica e diarreia. Sintomas vasomotores tardios estão relacionados ao aumento dos níveis de insulina, seguidos por hipoglicemia reativa, embora outros hormônios, como glucagon, possam estar envolvidos Bypass gástrico em Y-de-Roux: a incidência dos sintomas de dumping pode atingir valores de 75,9%. A síndrome pode ocorrer em indivíduos que não realizaram operações gástricas; no entanto, o piloro, de certa forma, protege nosso organismo contra esses sintomas. Nivya Moraes P2/UC5 UNIT – AL 29 A sua incidência foi menor para técnicas de ressecção segmentar nas quais o piloro foi mantido Michaud et al.14 reportaram ser o tratamento cirúrgico para refluxo gastroesofágico a principal causa da dumping na infância embora outras causas raras existam ou até mesmo refeições inadequadas com alta osmolaridade. Holschneider et al.9 relataram casos onde crianças com atresia esofágica apresentavam a síndrome de dumping com ausência dos principais fatores desencadeantes, como operação para refluxo gastroesofágico. Estudos experimentais em ratos com atresia esofágica feitos por Tugay et al.20 diagnosticaram um defeito na contração da musculatura do fundo gástrico, resultando em atraso do esvaziamento gástrico. DIAGNÓSTICO Para o diagnóstico têm sido utilizados questionários baseados em sintomas, como o escore de Sigstad de pontuação, questionário de Arts de dumping, para identificar os sintomas clinicamente significativos. O sistema de pontuação de Sigstad baseia-se na ocorrência de diferentes sintomas sugestivos da síndrome. Pontuações maiores ou equivalentes a sete, após a ingestão de glicose, são consideradas de positividade diagnóstica. Quanto maior a queda apresentada pelo volume plasmático, maior o índice determinado pelo score de sintomas. Com base na elaboração desse escore (Figura 1) tornou-se possível distinguir clinicamente pacientes dumpers de não-dumpers através da obtenção de valores maiores ou iguais a sete e menores que sete, respectivamente O escore de Arts (Figura 2) baseia-se na avaliação da gravidade dos sintomas apresentados após a ingestão de glicose durante a primeira hora para diagnóstico de dumping precoce, e de uma a duas horas para dumping tardio. O escore foi desenvolvido utilizando a escala de Likert de quatro pontos para sintomas-padrão da crise de dumping, possibilitando a classificação de sua intensidade em uma escala de 0-3, onde 0 representa a ausência de determinado sintoma, 1 intensidade leve, 2 moderada e 3 intensidade grave A confirmação precisa do diagnóstico é obtida através da realização do teste oral de tolerância à glicose, onde são administrados 50 g de glicose com água, e avaliados a glicemia, o hematócrito e a pulsação do paciente durante 3 h em intervalos de 30 min. O diagnóstico é considerado positivo se houver hiperglicemia inicial e hipoglicemia final (Exógena, medição de sulfoniluréias, pró-insulina e peptídeo-C, provas pancreáticas de imagem e estimulação arterial seletiva com cálcio para determinação da insulina. TRATAMENTO O tratamento da síndrome de dumping baseia-se em retardar o esvaziamento gástrico. Para pacientes com crises de intensidade leve a moderada, mudança na dieta já lhes é benéfica. Pectina, glucomanano, inibidor de alfa glicosidase e acarbose, também podem ser úteis para prolongar a absorção de carboidratos, reduzindo a glicose pós- prandial e a produção de insulina. Como a terapia inicial consiste na adoção de medidas dietéticas, os pacientes são aconselhados a realizarem menores refeições com mais frequência (até seis por dia), evitar a ingestão de líquidos durante as refeições ou dentro das primeiras 2 h após. Além disso, são orientados a evitar açucares de absorção rápida e lactose. Nivya Moraes P2/UC5 UNIT – AL 30 Outras opções podem ser consideradas, como a utilização de aditivos alimentaresviscosos - pectina, goma de guar e glucomanano - juntamente com as refeições, para retardar o esvaziamento gástrico; contudo, eles são referidos como desagradáveis e menos eficazes no caso de gastrectomias parciais. A acarbose - inibidor de alfa-glucosidase intestinal - também pode ser utilizada para retardar a digestão de carboidratos, mas seu uso é limitado pela falta de eficácia para sintomas precoces, bem como a ocorrência de efeitos colaterais de hidratos de carbono e má digestão, como flatulência e diarreia. Não havendo eficácia das medidas iniciais, podem ser usados análogos de somatostatina, estes agentes são considerados os tratamentos mais eficazes para ambos os sintomas, precoces e tardios. Eles podem ser administrados por via subcutânea (três vezes ao dia) para síndrome precoce ou intramuscular a cada duas ou quatro semanas, como forma de liberação lenta, para síndrome tardia, devido a inibição da liberação de diversos peptídeos gastrointestinais. A terapia inicial é feita por agentes administráveis por via subcutânea de ação curta. Em casos mais graves, podem ser considerados métodos cirúrgicos como a reconstrução de um reservatório gástrico, adicionar intervenção restritiva, desfazer a operação ou, se possível, inserir uma alça curta antiperistáltica. Operações reparadoras são alternativas de tratamento, mas reservadas apenas para pacientes gravemente afetados por sintomas incapacitantes. A revisão de qualquer operação bariátrica para síndrome de dumping, envolve estudo detalhado da anatomia existente incluindo revisão de registros médicos anteriores, quando disponíveis, bem como análise clínica aprofundada, seguida de exames do trato gastrointestinal superior. ANEMIAS CARENCIAIS Provocadas pelo déficit de ferro, vitamina B12, B6 e ácido fólico e má nutrição Exemplos: 1. ANEMIA FERROPRIVA: Resulta de um desequilíbrio entre a quantidade de ferro corporal disponível para a produção de hemoglobinas e as quantidades mínimas necessárias p/ manter a produção normal de Hb durante a eritropoiese 2. ANEMIA MEGALOBLÁSTICA: Resultante do defeito da síntese do DNA causada por deficiência de vitamina B12 e/ou ácido fólico. O defeito de síntese de DNA leva a maturação anormal de RBC (déficit na maturação nuclear das hemácias) NUTRIÇÃO ENTERAL E PARENTERAL NUTRIÇÃO ENTERAL: quando o paciente não consegue se alimentar por via oral (boca), a ingestão dos alimentos pode ser feita através de uma sonda (passagem naso/orogástrica) posicionada ou implantada no estômago, no jejuno ou no duodeno. Nesse caso, os alimentos estão na forma líquida ou em pó e têm o mesmo valor nutricional de uma refeição equilibrada. NUTRIÇÃO PARENTERAL: é a alimentação administrada por via endovenosa. Pode fornecer parte ou a totalidade das necessidades nutricionais de uma pessoa. Esse tipo de alimentação tem a finalidade de complementar ou, ainda, de substituir o fornecimento via oral ou enteral de nutrientes como: glicose, proteínas, sais minerais, eletrólitos, água e vitaminas, e possibilita, assim, a manutenção da homeostase, pelo suprimento de aminoácidos e calorias
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