Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Aula 01 Direito Penal p/ OAB 1ª Fase XXXII Exame Autor: Cristiano Rodrigues Aula 01 4 de Fevereiro de 2020 1 34 Sumário 1 - Considerações Iniciais.................................................................................................................................... 2 2 - Classificação de Crimes ................................................................................................................................ 2 2.1 - Quanto ao sujeito ativo .......................................................................................................................... 2 2.2 - Quanto ao momento de consumação ..................................................................................................... 3 2.3 - Quanto à forma de consumação ............................................................................................................ 4 2.4 - Quanto à conduta (crimes omissivos) ...................................................................................................... 5 3 - Relação de Causalidade e Imputação Objetiva ........................................................................................ 12 3.1 - Método da Eliminação Hipotética ........................................................................................................ 13 3.2 - Imputação Objetiva do resultado ........................................................................................................ 14 4 - Iter Criminis ................................................................................................................................................. 17 4.1 - Conceito ............................................................................................................................................... 18 4.2 - Tentativa (Art. 14, II e parágrafo único, do CP) ................................................................................... 20 5 - Institutos defensivos do Iter Criminis ............................................................................................................ 21 5.1 - Desistência Voluntária (Art. 15 do CP) ................................................................................................. 22 5.2 - Arrependimento eficaz (Art. 15 do CP) ................................................................................................ 23 5.3 - Arrependimento Posterior (Art. 16 do CP) ............................................................................................ 24 5.4 - Crime Impossível (Art. 17 do CP) .......................................................................................................... 25 6 - Considerações Finais ................................................................................................................................... 34 Cristiano Rodrigues Aula 01 Direito Penal p/ OAB 1ª Fase XXXII Exame www.estrategiaconcursos.com.br 2 34 1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS Amigos, vamos iniciar o estudo do tema classificação de crimes, que pode parecer algo muito teórico, mas acreditem, NÃO É!!! Este tema tem inúmeras repercussões práticas, e vocês vão ver que muitas questões da nossa prova se resolvem com base nos assuntos e classificações que vamos estudar juntos a seguir. Para que possamos focar naquilo que realmente é cobrado no exame da OAB no que tange a este tema, preciso lembrar vocês que há diversas classificações de crimes apresentadas pela doutrina, porém, muitas delas não possuem qualquer utilidade prática (essas dificilmente serão cobradas na nossa prova), portanto, vamos trabalhar com as classificações mais importantes e que possuem aplicação prática, separando-as em grupos, de acordo com suas características fundamentais. Bom, vamos lá...e vocês vão ver que depois dessa leitura o tema classificação de crimes ficará muito mais simples e fácil, e será bastante simples responder às questões referentes a este tema na nossa prova. 2 - CLASSIFICAÇÃO DE CRIMES 2.1 - Quanto ao sujeito ativo Este primeiro grupo de classificação se refere ao sujeito ativo, logo vamos classificar os crimes quanto a quem pode praticar a conduta típica, e assim ficará bem simples pra gente guardar estes conceitos: a) Crime comum: é a regra geral para os crimes, sendo aquele que pode ser praticado por qualquer pessoa, não havendo restrições ou exigências no tipo penal quanto ao sujeito ativo (ex.: art. 121 do CP). b) Crime próprio: é aquele em que o tipo penal exige características específicas do sujeito ativo, ou seja, são crimes que, via de regra, só podem ser praticados por quem possua essas características exigidas pelo tipo, logo são crimes “próprios de determinada categoria de pessoas”. De acordo com o art. 30 do CP, é possível imputar um crime próprio a quem não possua as características exigidas pelo tipo, isso ocorre quando este atuar como coautor ou partícipe, ou seja, em concurso de pessoas com quem possua as características exigidas pelo tipo. Cristiano Rodrigues Aula 01 Direito Penal p/ OAB 1ª Fase XXXII Exame www.estrategiaconcursos.com.br 3 34 As características próprias do sujeito ativo, exigidas pelo crime próprio, são consideradas elementares (elementos integrantes do caput) de caráter pessoal destes crimes, devendo, de acordo com o art. 30 do CP, comunicar-se a todos os participantes do fato, desde que sejam do seu conhecimento (Ex.: Homem pode responder por infanticídio – art. 123 do CP – se ajudar a mãe a matar o filho, logo após o parto sob influência do estado puerperal). a) Crime de mão própria: é aquele em que o tipo penal exige que o sujeito ativo execute a conduta típica pessoalmente, individualmente, com “as próprias mãos”, não admitindo assim, via de regra, coautoria ou autoria mediata, embora nada impeça que se fale em participação (ex.: art. 330 e 342 do CP). Fiquem atentos, por que modernamente esta classificação vem sendo muito contestada, e perdendo força na doutrina e jurisprudência (STF já aceitou coautoria no crime de falso testemunho – art. 342 do CP), em face da adoção da teoria do domínio final do fato, e suas consequências nas hipóteses de autoria e de concurso de pessoas. (Vide nosso livro: “Temas Controvertidos de Direito Penal” – Ed. GEN). 2.2 - Quanto ao momento de consumação Com certeza vocês já ouviram falar muito nessa próxima classificação, pois ela traz características práticas muito especificas, e que costumam aparecer muito na nossa prova!!! a) Crime instantâneo: são aqueles que se consumam, completam-se de uma vez só em um único instante (regra geral), ou seja, a consumação ocorre e nada mais acontece em relação ao bem jurídico tutelado a partir daquele momento (ex.: arts. 121, 129 e 155 do CP). b) Crime permanente: é aquele que se consuma em determinado momento, porém permanece em estado de consumação por certo período de tempo, ou seja, embora já esteja consumado, a consumação se prolonga pelo tempo (ex.: arts. 148 e 288 do CP). Cristiano Rodrigues Aula 01 Direito Penal p/ OAB 1ª Fase XXXII Exame www.estrategiaconcursos.com.br 4 34 Não confundir crime permanente (classificação de crime) com crime continuado (art. 71 do CP), que não é classificação de crime, mas modalidade de concurso de vários crimes, ou seja, forma de se cometer crimes em continuidade. Como dissemos, vamos ver agora como esta classificação se aplica na prática e como será cobrada na nossa prova! b.1) Consequências práticas do crime permanente: Se o autor pratica a conduta ainda como menor de idade, mas completa 18 anos durante a permanência, diferentemente do que acontece em outras categorias de crime, deverá responder como maior, excepcionando a regra geral da teoria da atividade (art. 4º do CP). A prisão em flagrante poderá ocorrer a qualquer tempo durante a permanência. O prazo prescricional que, por regra, começa a correr na data daconsumação (art. 111 do CP), nos crimes permanentes só começará a ser contado a partir da data do término da permanência. De acordo com a Súmula 711 do STF, uma lei nova, mesmo que mais severa e posterior à prática da ação, aplica-se ao crime permanente, quando essa lei surgir durante a permanência. 2.3 - Quanto à forma de consumação Galera, essas próximas classificações são de grande importância pra nós, pois ser referem a forma como um crime se consuma, e por isso ajuda muito na análise prática de certas questões. a) Crimes Materiais: é a regra geral, e são aqueles que se consumam com a concreta produção, materialização do resultado previsto no mundo fático (ex.: art. 121 do CP – homicídio: com o resultado morte); b) Crimes Formais: são aqueles que se consumam com a completa realização da conduta formalmente proibida, independentemente da produção do resultado previsto no tipo (ex.: extorsão mediante sequestro; art. 159 do CP – não há necessidade de obter a vantagem do resgate); c) Crimes de mera conduta (mera atividade): são aqueles que se consumam com a completa realização da mera conduta proibida, já que não há sequer previsão de resultados concretos no tipo (ex:. arts. 135, 150 e 330 do CP). Cristiano Rodrigues Aula 01 Direito Penal p/ OAB 1ª Fase XXXII Exame www.estrategiaconcursos.com.br 5 34 Podemos esquematizar esta classificação da seguinte forma: 2.4 - Quanto à conduta (crimes omissivos) Fique atento a essas classificações, pois já foram cobradas várias vezes no exame de ordem e são de grande importância para nós! a) Omissivos próprios ou puros: Vejam, aqui trata-se da omissão por essência, quando a própria lei prevê a omissão, ou seja, há um verbo de não agir previsto na lei como proibido (não atuar, deixar de agir, deixar de fornecer). Dessa forma, ao prever que é crime se omitir, surge um dever geral de agir imposto a todos que se encontrem na situação narrada pelo tipo. Por prever uma conduta omissiva como crime, os crimes omissivos próprios jamais irão imputar resultados concretos ao agente, que só responderá por ter se omitido, nunca sendo imputado por qualquer resultado fático, como, por exemplo, morte ou lesão. Isso se dá pelo fato de que inércia não é capaz de causar nada e, portanto, aquele que apenas se omite não pode responder por resultados naturalísticos surgidos no mundo fático. QUANTO À FORMA DE CONSUMAÇÃO Crime Material - regra geral se consuma com a produção do resultado no mundo dos fatos Crime Formal se consuma com a realização da conduta, independentemente do resultado que pode ocorrer Crime de mera conduta se consuma com a realização da conduta proibida, sem previsão do resultado Cristiano Rodrigues Aula 01 Direito Penal p/ OAB 1ª Fase XXXII Exame www.estrategiaconcursos.com.br 6 34 Além disso, como, salvo expressa disposição em contrário (por exemplo, em crimes próprios), as leis penais se destinam a todos, e na omissão pura há um dever geral de agir imposto a qualquer pessoa, por isso, nestes crimes não haverá qualquer obrigação de enfrentar o perigo diante da situação concreta (ex.: art. 135 do CP – omissão de socorro). b) Omissivos impróprios ou impuros: Primeiramente quero que vocês entendam que na verdade, não se trata de classificação dada a um ou outro crime, mas tão somente de forma criada pela doutrina para se imputar, a título de dolo ou culpa, quaisquer resultados previstos na lei através de ação (ex.: arts. 121, 129 e 163), a aqueles que possuírem um dever específico de evitar esses resultados, e de enfrentar o perigo (garantidores – art. 13 do CP), caso venham a se omitir. Os garantidores responderão, caso se omitam, dolosa ou culposamente pelos resultados produzidos na situação concreta, ou seja, vão responder pelos crimes previstos no código penal por ação, e pelos resultados gerados na situação concreta, mas CUIDADO!!! Isso só ocorrerá numa questão concreta, desde que haja a concreta possibilidade de ação. Vamos agora analisar quem são esses tais garantidores que caracterizam as omissões improprias que acabamos de estudar, e de acordo com o art. 13, § 2º, do CP, consideram-se garantidores: b.1) quem por lei possua o dever de proteção cuidado ou vigilância: • Lei prevê a omissão • Dever geral de agir • Não responde pelos resultados • Não há obrigação de enfrentar o perigo OMISSIVOS PRÓPRIOS OU PUROS Cristiano Rodrigues Aula 01 Direito Penal p/ OAB 1ª Fase XXXII Exame www.estrategiaconcursos.com.br 7 34 Como vocês sabem, essa alínea é a mais importante e abrangente no que tange aos garantidores, pois engloba ascendentes, descendentes, cônjuges e irmãos (todos mutuamente), tutores e curadores e, ainda, funcionários públicos com esses deveres específicos (médico, bombeiro e policial). Amigos, embora haja divergência e você possa até já ouvido coisa diferente por aí, não se engane, para a maioria da doutrina, o funcionário público só é garantidor, tendo a obrigação de enfrentar perigo e responder por resultados, durante o efetivo exercício da sua função. Fora dele, é pessoa comum que pode responder apenas por omissão de socorro (art. 135 do CP). b.2) quem de outra forma se obrigou a evitar resultados: Percebam que essa alínea engloba os contratos privados (segurança particular, babá, professora, salva-vidas do clube), e ainda os acordos de vontade, mesmo que informais. b.3) quem com seu comportamento criar o risco de ocorrência do resultado: Nesse caso, estamos falando de qualquer pessoa que, dolosa ou culposamente, criar uma situação de risco para terceiros torna-se garantidor, e deverá enfrentar o perigo para evitar esse resultado. Para a prova... • Lei prevê ação • Dever especial de agir • Responde por resultados (dolo ou culpa) • Há obrigação de enfrentar o perigo • Também denominado comissivo por omissão OMISSIVOS IMPRÓPRIOS OU IMPUROS Cristiano Rodrigues Aula 01 Direito Penal p/ OAB 1ª Fase XXXII Exame www.estrategiaconcursos.com.br 8 34 CLASSIFICAÇÃO DE CRIMES Quanto ao sujeito ativo a) Crime comum b) Crime próprio c) Crime de mão própria Quanto ao momento de consumação a) Crime instantâneo b) Crime permanente Quanto à forma de consumação a) Crimes Materiais b) Crimes Formais c) Crimes de mera conduta (mera atividade) Quanto à conduta (crime omissivos) a) Omissivos próprios ou puros b) Omissivos impróprios ou impuros OMISSIVO PRÓPRIO/PURO OMISSIVO IMPRÓPRIO/IMPURO Lei prevê uma omissão Lei prevê ação Dever geral de agir Dever especial de agir (art. 13, § 2º – garantidores) Não responde pelos resultados Responde por resultados (arts. 121, 129 e 163 do CP). Através de dolo ou culpa Não há obrigação de enfrentar perigo Ex.: art. 135 do CP – omissão de socorro Há obrigação de enfrentar perigo Também chamado de comissivo por omissão (cometidos pela omissão do garantidor) (FGV/XII Exame de Ordem Unificado) Lucas, funcionário público do Tribunal de Justiça, e Laura, sua noiva, estudante de direito, resolveram subtrair notebooks de última geração adquiridos pela serventia onde Lucas exerce suas funções. Assim, para conseguir seu intento, combinaram dividir a execução do delito. Lucas, em determinado feriado municipal, valendo-se da facilidade que seu cargo lhe proporcionava, identificou-se na recepção e disse ao segurança que precisava ir até a serventia para buscar alguns pertences que havia esquecido. O segurança, que já conhecia Lucas de vista, não desconfiou de nada e permitiu o acesso. Ressalte-se que, além de ser serventuário, Lucas conhecia detalhadamente o prédio público, razão pela qual se dirigiu rapidamente ao local desejado, subtraindo todos os notebooks. Após, foi a uma janela e, dali, entregou-os a Laura, que os colocou no carro e saiu. Ao final, Lucas conseguiu deixar o edifício sem que ninguém suspeitasse de nada. Todavia, cerca de uma semana após,Laura e Lucas têm uma discussão e Cristiano Rodrigues Aula 01 Direito Penal p/ OAB 1ª Fase XXXII Exame www.estrategiaconcursos.com.br 9 34 terminam o noivado. Muito enraivecida, Laura procura a polícia e noticia os fatos, ocasião em que devolve todos os notebooks subtraídos. Com base nas informações do caso narrado, assinale a afirmativa correta. a) Laura e Lucas devem responder pelo delito de peculato-furto praticado em concurso de agentes. b) Laura deve responder por furto qualificado e Lucas deve responder por peculato-furto, dada à incomunicabilidade das circunstâncias. c) Laura e Lucas serão beneficiados pela causa extintiva de punibilidade, uma vez que houve reparação do dano ao erário anteriormente à denúncia. d) Laura será beneficiada pelo instituto do arrependimento eficaz, mas Lucas não poderá valer-se de tal benefício, pois a restituição dos bens, por parte dele, não foi voluntária. Comentários Resposta: A − No caso concreto narrado, um funcionário público realiza o crime de peculato com o auxílio de sua namorada, Laura, sendo que esta não é funcionária pública. Além disso, o enunciado narra que uma semana após a consumação do crime Laura devolve voluntariamente o produto do crime, qual seja, vários notebooks. Quanto à conduta praticada, pode-se afirmar que houve coautoria, já que há uma divisão de tarefas essenciais, mediante acordo de vontades, em que ambos possuem, portanto, o domínio do fato. De acordo com o art. 30 do CP, a condição de ser funcionário público, mesmo sendo de caráter pessoal, por ser elementar do crime de peculato – art. 312 do CP (elemento essencial do crime e previsto no caput do dispositivo) –, deve-se comunicar a todos os participantes do crime, fazendo com que Laura, mesmo sem ser funcionária pública, responda pelo crime de peculato (crime próprio) junto com seu coautor Lucas. Não é possível se falar em arrependimento eficaz (art. 15 do CP), já que esse instituto pressupõe que o agente atue eficazmente impedindo a consumação do crime, algo que não ocorreu no fato narrado, já que o crime de peculato se consumou. Não é possível também se falar em extinção da punibilidade pela restituição do bem, já que essa extinção só é aplicável à modalidade culposa de peculato prevista no art. 312, § 2º, do CP (art. 312, § 3º, do CP). (FGV/XII Exame de Ordem Unificado) Odete é diretora de um orfanato municipal, responsável por oitenta meninas em idade de dois a onze anos. Certo dia Odete vê Elisabeth, uma das recreadoras contratada pela Prefeitura para trabalhar na instituição, praticar ato libidinoso com Poliana, criança de 9 anos, que ali estava abrigada. Mesmo enojada pela situação que presenciava, Odete achou melhor não intervir, porque não desejava criar qualquer problema para si. Nesse caso, tendo como base apenas as informações descritas, assinale a opção correta. a) Odete não pode ser responsabilizada penalmente, embora possa sê-lo no âmbito cível e administrativo. b) Odete pode ser responsabilizada pelo crime descrito no art. 244-A, do Estatuto da Criança e do Adolescente, verbis: “Submeter criança ou adolescente, como tais defi nidos no caput do art. 2º desta Lei, à prostituição ou à exploração sexual”. c) Odete pode ser responsabilizada pelo crime de estupro de vulnerável, previsto no art. 217-A do CP, verbis: “Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos”. Cristiano Rodrigues Aula 01 Direito Penal p/ OAB 1ª Fase XXXII Exame www.estrategiaconcursos.com.br 10 34 d) Odete pode ser responsabilizada pelo crime de omissão de socorro, previsto no art. 135, do CP, verbis: “Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública”. Comentários Resposta: C −Trata-se de questão ligada aos crimes omissivos e suas consequências, nas bases do art. 13 e § 2º do CP. De acordo com o enunciado, Odete, diretora da instituição pública, é garantidora, e, portanto, responsável pelas crianças, nos termos do referido art. 13, § 2º, do CP. Por isso, responderá pelos resultados produzidos caso se omita, dolosa ou culposamente, diante de situações de perigo. Diante do narrado, por presenciar os estupros da menina de 9 anos (vulnerável) sem nada fazer para impedi-los, deverá responder por esses resultados, ou seja, pelos crimes de estupro de vulnerável (art. 217-A do CP) praticados pela recreadora. Trata-se de crime omissivo impróprio ou impuro, também chamado de comissivo por omissão. (FGV/XIV Exame de Ordem Unificado) Isadora, mãe da adolescente Larissa, de 12 anos de idade, saiu um pouco mais cedo do trabalho e, ao chegar à sua casa, da janela da sala, vê seu companheiro, Frederico, mantendo relações sexuais com sua filha no sofá. Chocada com a cena, não teve qualquer reação. Não tendo sido vista por ambos, Isadora decidiu, a partir de então, chegar à sua residência naquele mesmo horário e verificou que o fato se repetia por semanas. Isadora tinha efetiva ciência dos abusos perpetrados por Frederico, porém, muito apaixonada por ele, nada fez. Assim, Isadora, sabendo dos abusos cometidos por seu companheiro contra sua filha, deixa de agir para impedi-los. Nesse caso, é correto afirmar que o crime cometido por Isadora é: a) omissivo impróprio. b) omissivo próprio. c) comissivo. d) omissivo por comissão. Comentários Resposta: A − Esta questão se refere aos crimes omissivos e sua classificação em omissivos próprios ou puros e omissivos impróprios ou impuros (comissivos por omissão). Os crimes omissivos próprios são aqueles em que a própria lei prevê uma conduta omissiva como crime, criando assim um dever geral (para todos) de agir diante da situação prevista no tipo, sendo que por prever uma omissão como crime, não há qualquer resultado previsto ou imputável ao agente que se omitir. (Ex: Omissão de Socorro – art. 135 CP). Já os omissivos impróprios na verdade não se caracterizam como sendo uma classificação dada a um ou outro artigo do CP, mas sim uma forma de se imputar resultados concretos, previstos na Lei através de ações (ex.: art. 121, 129, 163, 213 CP) em face de uma omissão de certos agentes chamados de garantidores. Os garantidores (art. 13 § 2º CP) possuem um dever específico de enfrentar o perigo e de evitar que resultados aconteçam, e caso se omitam dolosa ou culposamente responderão pelos resultados (crimes) produzidos. Os ascendentes (Ex: mãe) são Cristiano Rodrigues Aula 01 Direito Penal p/ OAB 1ª Fase XXXII Exame www.estrategiaconcursos.com.br 11 34 garantidores de acordo com a alínea “A” do art. 13 § 2º CP, e deverão responder por qualquer resultado lesivo que se produza em face de sua omissão. Sendo assim, de acordo com o narrado, a mãe, mesmo sabendo que sua filha estava sendo estuprada, e podendo atuar para impedir isso, omitiu-se, devendo, portanto, responder pelo resultado produzido, ou seja, responderá pelo crime de Estupro de Vulnerável (art. 217 A CP), através da chamada omissão imprópria (crime comissivo por omissão). (FGV/XXI Exame da OAB) Carlos presta serviço informal como salva-vidas de um clube, não sendo regularmente contratado, apesar de receber uma gorjeta para observar os sócios do clube na piscina, durante toda a semana. Em seu horário de “serviço”, com várias crianças brincando na piscina, fica observando a beleza física da mãe de uma das crianças e, ao mesmo tempo, falando no celular com um amigo, acabando por ficar de costas para a piscina. Nesse momento, uma criança vem a falecer por afogamento, fato que não foi notado por Carlos. Sobre a conduta de Carlos, diante da situação narrada, assinale a afirmativa correta. A) Não praticou crime, tendo em vista que, apesar de garantidor, não podia agir, já que concretamente não viu a criança se afogando.B) Deve responder pelo crime de homicídio culposo, diante de sua omissão culposa, violando o dever de garantidor. C) Deve responder pelo crime de homicídio doloso, em razão de sua omissão dolosa, violando o dever de garantidor. D) Responde apenas pela omissão de socorro, mas não pelo resultado morte, já que não havia contrato regular que o obrigasse a agir como garantidor. Comentários Resposta: B No presente caso, Carlos deverá responder pelo crime de homicídio culposo, diante de sua omissão culposa, violando o dever de garantidor. Os garantidores responderão, caso se omitam, dolosa ou culposamente pelos resultados produzidos na situação concreta, ou seja, vão responder pelos crimes previstos no código penal por ação, e pelos resultados gerados na situação concreta, desde que haja a efetiva possibilidade de ação. (FGV/XXVIII Exame da OAB) David, em dia de sol, levou sua filha, Vivi, de 03 anos, para a piscina do clube. Enquanto a filha brincava na piscina infantil, David precisou ir ao banheiro, solicitando, então, que sua amiga Carla, que estava no local, ficasse atenta para que nada de mal ocorresse com Vivi. Carla se comprometeu a cuidar da filha de David. Naquele momento, Vitor assumiu o posto de salva-vidas da piscina. Carla, que sempre fora apaixonada por Vitor, começou a conversar com ele e ambos ficam de costas para a piscina, não atentando para as crianças que lá estavam. Vivi começa a brincar com o filtro da piscina e acaba sofrendo uma sucção que a deixa embaixo da água por tempo suficiente para causar seu afogamento. David vê quando o ato acontece através de pequena janela no banheiro do local, mas o fecho da porta fica emperrado e ele não consegue sair. Vitor e Carla não veem o ato de afogamento da criança porque estavam de costas para a Cristiano Rodrigues Aula 01 Direito Penal p/ OAB 1ª Fase XXXII Exame www.estrategiaconcursos.com.br 12 34 piscina conversando. Diante do resultado morte, David, Carla e Vitor ficam preocupados com sua responsabilização penal e procuram um advogado, esclarecendo que nenhum deles adotou comportamento positivo para gerar o resultado. Considerando as informações narradas, o advogado deverá esclarecer que: A) Carla e Vitor, apenas, poderão responder por homicídio culposo, já que podiam atuar e possuíam obrigação de agir na situação. B) David, apenas, poderá responder por homicídio culposo, já que era o único com dever legal de agir por ser pai da criança. C) David, Carla, Vitor poderão responder por homicídio culposo, já que os três tinham o dever de agir. D) Vitor, apenas, poderá responder pelo crime de omissão de socorro. Comentários Resposta: A Os garantidores responderão, caso se omitam, dolosa ou culposamente pelos resultados produzidos na situação concreta, ou seja, vão responder pelos crimes previstos no código penal por ação, e pelos resultados gerados na situação concreta, desde que haja a efetiva possibilidade de ação. Por esta razão, Carla e Vitor, apenas, poderão responder por homicídio culposo, já que podiam atuar e possuíam obrigação de agir na situação. 3 - RELAÇÃO DE CAUSALIDADE E IMPUTAÇÃO OBJETIVA Amigos, vamos entrar agora num dos temas mais complexos e interessantes do Direito Penal, mas não se preocupem, este tema quando aparece na nossa prova é cobrado de forma bastante simples. Outra coisa, vocês vão ver que os casos concretos que vamos apresentar como exemplos aqui no nosso estudo, serão praticamente idênticos aos casos que costumam aparecer na prova da OAB e, por isso, após o nosso estudo vocês estarão prontos para resolver qualquer questão a respeito do tema relação de causalidade!!! De forma bastante simples, podemos afirmar que Causalidade é a relação de causa e efeito entre a conduta do agente e o resultado causado no mundo fático, sendo necessário que haja o nexo de causalidade para que se possa atribuir um resultado concreto a alguém. Porém, de acordo com a estrutura finalista da ação, adotada pelo CP, nada impede que haja crime na ausência do nexo de causalidade, como ocorre em certas hipóteses de tentativa, ou em certos crimes em que não há resultado concreto sequer previsto no tipo (ex.: omissão de socorro – art. 135 do CP). O Código Penal, em seu art. 13, adotou a teoria da equivalência das condições, ou da equivalência dos antecedentes, também chamada de “teoria da conditio sine qua non”, para determinar o que é causa de certo resultado, e assim estabelecer se há ou não nexo de causalidade entre a conduta e o resultado típico produzido no mundo fático. Percebam que de acordo com a referida teoria prevista no CP (art. 13 do CP): Cristiano Rodrigues Aula 01 Direito Penal p/ OAB 1ª Fase XXXII Exame www.estrategiaconcursos.com.br 13 34 Causa será toda condição essencial, necessária, sem a qual o resultado não se produziria da forma como se produziu. Sendo que, havendo vários fatores essenciais para um resultado se produzir, eles se equivalem, e todos serão vistos como causa de um resultado. 3.1 - Método da Eliminação Hipotética Para solucionarmos casos concretos na forma como o examinador costuma perguntar na nossa prova, e nos termos da teoria da equivalência dos antecedentes, para determinarmos se a conduta do agente é ou não condição essencial para um resultado e, portanto, se é ou não causa, estipulando assim se esse resultado pode ser atribuído ao agente, utiliza-se o chamado método da eliminação hipotética. Vejam como a ideia é bastante simples!!! De acordo com este método elimina-se mentalmente, hipoteticamente, a conduta do agente, e caso o resultado mude, deixe de ocorrer da forma como aconteceu, a conduta eliminada será considerada causa, e o resultado produzido poderá ser imputado ao agente. Porém, se ao eliminar a conduta do agente o resultado permanecer idêntico, esta não será considerada como causa e, portanto, não poderá ser atribuído o resultado ao agente, que só responderá pelos atos realizados (ex.: tentativa). Vamos ficar atentos ao art. 13, § 1º, do CP que prevê uma única exceção ao método da eliminação hipotética e à teoria da conditio sine qua non, sendo que isto ocorre quando houver um fator, uma condição relativamente independente, superveniente (posterior) à conduta do agente, e que, por si só, tenha dado causa ao resultado, ou seja, não havendo um desdobramento natural da conduta por ele realizada. Relação de causalidade Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. Superveniência de causa independente § 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou. Cristiano Rodrigues Aula 01 Direito Penal p/ OAB 1ª Fase XXXII Exame www.estrategiaconcursos.com.br 14 34 Neste caso, o sujeito só responderá por aquilo que fez, mas não pelo resultado ocorrido (ex.: agente dispara para matar, mas a vítima lesionada vem a morrer em decorrência de um incêndio no hospital ou de um acidente de ambulância – responde apenas pela tentativa de homicídio). 3.2 - Imputação Objetiva do resultado Não se preocupem muito com esse tema, pois dificilmente será cobrado na sua prova, porém, precisamos ter uma ideia panorâmica a respeito do assunto para não sermos pegos de surpresa em uma eventual questão que mencione esta famosa teoria!!! Ah, antes que eu me esqueça de falar, essa teoria tem pouquíssima aplicação prática na nossa jurisprudência, já que não está prevista em nosso código penal, e o STF e o STJ, em regra, não adotam seus critérios. A Imputação Objetiva do Resultado, como uma teoria causal de atribuição de resultado, considera que a causalidade natural aferida pela Teoria da Equivalência das Condições deve ser apenas a condição mínima para se imputarum fato a alguém, devendo-se analisar também a relevância jurídica entre a conduta do sujeito e o resultado, para que se possa atribuir o resultado ao sujeito como obra sua, fundamentando assim sua responsabilização individual pela lesão de um bem jurídico tutelado. Sendo assim, a imputação objetiva não deve ser considerada um critério de imputação de resultados, mas sim um critério para a não imputação de um resultado como fator limitador da causalidade natural, restrin- gindo a atribuição do resultado através de critérios objetivos que consigam ir além da relação natural de causa e efeito. Logo, a preocupação deixa de ser somente se o sujeito agiu com dolo ou com culpa no caso concreto, dando causa a uma lesão jurídica, mas transfere-se esta análise para um momento anterior para se aferir se o resul- tado previsto objetivamente no tipo, e realizado, pode ou não ser imputado, atribuído ao autor como obra sua. Com isso, separa-se claramente a análise de uma imputação objetiva e subjetiva do fato típico praticado. Atualmente, há dois modelos principais de funcionalismo em evidência na Alemanha, o primeiro elaborado por Claus Roxin, chamado de funcionalismo personalista, com fortes bases de política criminal e fundamen- tado na análise de qual significado se deve dar ao tipo penal para que sua aplicação fundamente-se nas funções do Direito Penal e em critérios valorativos-sociais ligados aos princípios constitucionais norteadores. O segundo modelo é chamado de Funcionalismo da Evitabilidade Pessoal, desenvolvido por Günther Jakobs e que tem como fundamento uma análise vinculada aos aspectos sociais, ou melhor, o fato típico deve estar ligado à intolerabilidade social de uma conduta praticada. A ação se desvincula exclusivamente do ser huma- no e passa a ser descrita como parte da Teoria da Imputação. Em suma, a finalidade e a essência da imputação objetiva são limitar a Teoria da Equivalência dos Antecedentes, não mais restringindo a imputação penal somente a uma causalidade natural, mas também a uma causalidade normativa, exigindo assim que, além do resultado ter sido causado pelo agente, seja preciso avaliar a possibilidade jurídica e objetiva de que este resultado lhe seja juridicamente atribuído, para que só então haja responsabilização. Cristiano Rodrigues Aula 01 Direito Penal p/ OAB 1ª Fase XXXII Exame www.estrategiaconcursos.com.br 15 34 (FGV/IX Exame de Ordem Unificado) José subtrai o carro de um jovem que lhe era totalmente desconhecido, chamado João. Tal subtração deu-se mediante o emprego de grave ameaça exercida pela utilização de arma de fogo. João, entretanto, rapaz jovem e de boa saúde, sem qualquer histórico de doença cardiovascular, assusta-se de tal forma com a arma, que vem a óbito em virtude de ataque cardíaco. Com base no cenário acima, assinale a afirmativa correta. a) José responde por latrocínio. b) José não responde pela morte de João. c) José responde em concurso material pelos crimes de roubo e de homicídio culposo. d) José praticou crime preterdoloso. Comentários Resposta: B − Trata-se de questão ligada à relação de causalidade e à exceção à regra estabelecida no art. 13 do CP para o tema, prevista no art. 13, § 1º, do CP. Para determinar se o agente pode ou não responder por um resultado, adotamos a teoria da conditio sine qua non (art. 13 do CP), pela qual causa é toda condição essencial para a produção de um determinado resultado. Sendo assim, utiliza-se o “método da eliminação hipotética”: eliminando a conduta do agente narrado na questão, caso o resultado mude, é sinal que sua conduta foi essencial para o resultado, e, portanto, causa, devendo ele responder por este resultado. Percebe-se que pelo fato narrado há relação de causalidade entre a conduta praticada (roubo com grave •Teoria da conditio sine qua non ou da equivalência das condições (art. 13 do Código Penal) RELAÇÃO DE CAUSALIDADE •Exceção: art. 13, §1º do Código Penal MÉTODO DA ELIMINAÇÃO HIPOTÉTICA Cristiano Rodrigues Aula 01 Direito Penal p/ OAB 1ª Fase XXXII Exame www.estrategiaconcursos.com.br 16 34 ameaça) e a morte do agente, já que este morreu em decorrência do susto produto da ação praticada. Entretanto, não basta que haja relação causal entre a conduta e o resultado objetivamente causado (morte) para se imputar esse resultado ao agente, pois a responsabilidade penal é exclusivamente subjetiva, e por isso depende do agente ter atuado com dolo ou culpa quanto ao resultado produzido. Como no caso narrado, o autor do roubo não teve dolo de matar a vítima, e também não se pode considerar que tenha havido culpa, ou seja, falta de cuidado e previsibilidade quanto à ocorrência do resultado (morte), pois a vítima possuía perfeitas condições de saúde, o resultado (morte) não poderá ser atribuído ao agente, que responderá somente pelo crime de roubo, e não pela morte de João. (FGV/X Exame de Ordem Unificado) João, com intenção de matar, efetua vários disparos de arma de fogo contra Antônio, seu desafeto. Ferido, Antônio é internado em um hospital, no qual vem a falecer, não em razão dos ferimentos, mas queimado em um incêndio que destrói a enfermaria em que se encontrava. Assinale a alternativa que indica o crime pelo qual João será responsabilizado. a) Homicídio consumado. b) Homicídio tentado. c) Lesão corporal. d) Lesão corporal seguida de morte. Comentários Resposta: B Trata-se de questão ligada à relação de causalidade e à exceção à regra estabelecida no art. 13 do CP para o tema, prevista no art. 13, § 1º, do CP. Para determinar se o agente pode ou não responder por um resultado, adotamos a teoria da conditio sine qua non (art. 13 do CP), pela qual causa é toda condição essencial para a produção de um determinado resultado. Sendo assim, utiliza-se o “método da eliminação hipotética”: eliminando a conduta do agente narrado na questão, e, caso o resultado mude, é sinal que sua conduta foi essencial para o resultado, e, portanto, causa, devendo ele responder por este resultado. A única exceção ao método narrado, e à própria teoria, é a hipótese prevista no art. 13, § 1º, do CP, em que um fator posterior (superveniente) à conduta do agente por si só tenha sido capaz de gerar o resultado produzido, e, nesse caso, o agente não responderá pelo resultado, mas somente pelos atos por ele efetivamente realizados. Essa exceção é exatamente o que ocorre na questão, já que o incêndio no hospital foi um fator posterior (superveniente) à conduta praticada pelo autor (João) e que “por si só” foi capaz de gerar o resultado, ou seja, não foi um desdobramento natural da conduta de disparo, e não precisou da gravidade das lesões produzidas para gerar o resultado morte. Logo, de acordo com o art. 13, § 1º, do CP, João não poderá responder pelo resultado morte (homicídio consumado), mas responderá somente por aquilo que realizou, ou seja, pela tentativa de homicídio, já que, ao agir, seu dolo era de matar. (FGV/XII Exame de Ordem Unificado) Paula, com intenção de matar Maria, desfere contra ela quinze facadas, todas na região do tórax. Cerca de duas horas após a ação de Paula, Maria vem a falecer. Todavia, Cristiano Rodrigues Aula 01 Direito Penal p/ OAB 1ª Fase XXXII Exame www.estrategiaconcursos.com.br 17 34 a causa mortis determinada pelo auto de exame cadavérico foi envenenamento. Posteriormente, soube-se que Maria nutria intenções suicidas e que, na manhã dos fatos, havia ingerido veneno. Com base na situação descrita, assinale a afirmativa correta. a) Paula responderá por homicídio doloso consumado. b) Paula responderá por tentativa de homicídio. c) O veneno, em relação às facadas, configura concausa relativamente independente superveniente que por si só gerou o resultado. d) O veneno, em relação às facadas, configura concausa absolutamente independente concomitante. Comentários Resposta: B − A questão se refere à análiseda relação de causalidade entre a conduta praticada por Paula (facadas) e o resultado morte produzido na vítima (Maria), já que se constata que houve um envenenamento prévio (causa preexistente absolutamente independente) por conta de uma tentativa de suicídio realizado pela própria vítima. De acordo com a teoria da conditio sine qua non, adotada em nosso ordenamento, causa será toda condição essencial para que um resultado se produza, e só se pode atribuir um resultado a quem lhe dá causa. Sendo assim, utiliza-se o método da eliminação hipotética para se descobrir se determinado fato é ou não causa de um resultado, de acordo com as concausas (outros fatores) que possam ter gerado o resultado. Por esse método elimina-se a conduta realizada pelo agente e avalia-se se o resultado muda ou deixa de ocorrer; caso isso ocorra, a conduta realizada será causa e o agente poderá responder pelo resultado. Porém, eliminando-se a conduta do agente, se o resultado permanecer idêntico, é porque esta não foi causa do resultado, e o sujeito só poderá responder pelos atos praticados, mas não pelo resultado natural causado. Nesse caso concreto, se eliminarmos as facadas, a morte da vítima continuaria acontecendo em função do envenenamento, logo, as facadas não são consideradas como causa e o resultado morte não poderá ser imputado a agente, que só responderá pelos atos praticados, ou seja, pela tentativa de homicídio. 4 - ITER CRIMINIS Amigos, o tema deste capítulo está entre os mais importantes para nós, pois, todos, absolutamente todos, os diversos institutos que iremos analisar aqui já foram objeto de questões no exame de ordem! Além disso, aqui inauguramos o estudo do crime, e de sua realização, o que evidentemente é de fundamental importância na nossa matéria e para nossa prova. Cristiano Rodrigues Aula 01 Direito Penal p/ OAB 1ª Fase XXXII Exame www.estrategiaconcursos.com.br 18 34 No estudo que faremos a seguir vocês vão conhecer todos os principais pontos relacionados a realização do crime doloso e, por isso, podemos afirmar que de certa forma já estamos dentro daquilo que se chama Teoria do Crime em sentido amplo. Mas fique atento, pois, a Teoria do Crime propriamente dita (em sentido estrito), que analisa o conceito analítico de crime e seus elementos integrantes, vira logo a seguir e pode ser considerada o coração do nosso Direito Penal! 4.1 - Conceito Vamos lá!!! Como disse a vocês, esse é um dos temas mais cobrados na nossa prova, e envolve diversos institutos muito famosos, que vemos toda hora em questões, tanto de 1ª fase como na nossa 2ª fase Penal, sendo que, com um estudo cuidadoso e alguns macetes, que vamos ver juntos nessa aula, vai ficar bem fácil de resolvermos as questões e detonar quando este assunto aparecer na nossa prova. O Iter criminis nada mais é do que o estudo 4 etapas de realização do crime doloso, o que obviamente é de grande importância para nossa prova, algumas destas etapas são obrigatórias, outras facultativas, podendo ou não aparecer no caso concreto, são elas: 1ª Cogitação: Significa pensar, imaginar, elaborar mentalmente a prática de algo. Sendo uma etapa psíquica, que não afeta bem jurídico alheio, é absolutamente impunível, em face do princípio da lesividade. 2ª Preparação ou atos preparatórios: É etapa concreta, no mundo fático, que visa propiciar, preparar, instrumentalizar a realização do crime. Porém, por não ultrapassar a esfera do próprio agente é, via de regra, também impunível. Cogitação Preparação Execução Consumação Cristiano Rodrigues Aula 01 Direito Penal p/ OAB 1ª Fase XXXII Exame www.estrategiaconcursos.com.br 19 34 Há exceções em que o legislador opta por criminalizar autonomamente atos que seriam de mera preparação impunível, fazendo que esses atos passem a configurar crimes de forma autônoma (ex.: arts. 288 e 291 do CP, Lei 13.260/16 - Terrorismo). 3ª Atos executórios ou execução: ocorrem quando o agente dá início à realização do crime, passando a interferir na esfera do bem jurídico alheio e permitindo a intervenção do direito penal, o que ocorre ao menos através da tentativa (art. 14, II e parágrafo único, do CP). Não podemos deixar de ressaltar que de acordo com a maioria da doutrina, nosso ordenamento adotou o critério objetivo individual para delimitar o início de execução, e possibilitar a intervenção penal, punindo o crime. Para vocês entenderam a relevância desse critério, percebam que, para ele, os atos executórios começam no momento imediatamente anterior à concreta realização do verbo núcleo do tipo penal, quando o agente começa a se mover, manifestando seu plano criminoso (dolo), passando assim a interferir na esfera do bem jurídico alheio. Por isso, afirmamos que, o Direito Penal só pode intervir, criminalizando condutas, a partir da delimitação do início dos atos de execução, e isso ocorrerá através de um importante instituto que todos vocês conhecem... a famosa TENTATIVA!!! 4ª Consumação: Vejam que esta etapa ocorre quando o crime está completo, ou seja, quando o agente realiza tudo aquilo que o tipo penal proibiu, lesionando o bem jurídico tutelado pela norma, e precisamos perceber que isso pode ocorrer de 3 formas: a) Com a concreta produção, materialização do resultado previsto no mundo fático (crimes materiais – ex.: art. 121 do CP – homicídio com o resultado morte); b) Com a completa realização da conduta formalmente proibida, independentemente da produção do resultado previsto (crimes formais – ex.: extorsão mediante sequestro; art. 159 do CP – não há necessidade de obter a vantagem do resgate); c) Com a completa realização da mera conduta proibida, já que não há sequer previsão de resultados (crimes de mera conduta – ex:. arts. 135 e 330 do CP). Cristiano Rodrigues Aula 01 Direito Penal p/ OAB 1ª Fase XXXII Exame www.estrategiaconcursos.com.br 20 34 4.2 - Tentativa (Art. 14, II e parágrafo único, do CP) Como vocês já puderam perceber, a tentativa nada mais é do que um iter criminis que não se concluiu, e ocorre quando o agente inicia a execução, mas não chega à consumação por motivos alheios à sua vontade, gerando assim um crime incompleto, que por isso terá sua pena diminuída de 1/3 a 2/3. Para ilustrar o que estamos falando vamos analisar juntos o Art. 14 do CP: Diz-se o crime: [...] II – tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços. Quanto a sua natureza jurídica, a tentativa é considerada uma norma de extensão, pois permite se tipificar a conduta tentada nas bases do crime consumado previsto, para ter sua pena diminuída posteriormente, por isso trata-se de uma norma de adequação típica indireta, ou por subordinação mediata, sendo, na prática, uma causa de diminuição de pena. 4.2.1 - Espécies de Tentativa Fiquem atentos pois a classificação que vamos estudar a seguir é um dos temas preferidos do examinador e um dos mais cobrados em provas em geral!!! As tentativas podem ser classificadas de acordo com sua natureza e suas consequências, da seguinte forma, e separamos essas especies de forma bastante simples para que você possa gravar, e nunca mais esquecer: Grupo 1: a) Inacabada ou imperfeita: é aquela em que o agente inicia a execução e, por motivos alheios a sua vontade, não consegue completar os atos executórios em curso, que por isso ficam inacabados, ou seja, ainda havia atos a realizar e o crime não se consuma (ex.: possui seis munições, atira somente uma e é preso em flagrante). b) Acabada ou perfeita (crime falho): ocorre quando o agente inicia e completa todos os atos executórios, não havendo mais nada a realizar. Porém, por motivos alheios a sua vontade, não se chega a consumação, o resultado lesivo não se produz (ex.:dispara toda a munição da arma, mas a vítima sobrevive). Cristiano Rodrigues Aula 01 Direito Penal p/ OAB 1ª Fase XXXII Exame www.estrategiaconcursos.com.br 21 34 Grupo 2: a) Tentativa “branca” ou incruenta: é aquela em que o agente atua, mas não gera qualquer lesão à vítima, ao bem jurídico tutelado, ou seja, não produz “derramamento de sangue” (ex.: atira para matar e erra o tiro). b) Tentativa cruenta ou “vermelha”: é aquela que produz um resultado concreto na vítima, embora esse resultado não gere a consumação do crime (ex.: atira para matar e causa lesão corporal). 5 - INSTITUTOS DEFENSIVOS DO ITER CRIMINIS Galera, agora nós vamos estudar alguns temas que se relacionam diretamente com o Iter criminis, pois aparecem ligados às suas etapas, e são considerados institutos defensivos, razão pela qual não preciso nem dizer que são SUPER COBRADOS na prova da OAB!!! ESPÉCIAS DE TENTATIVAS GRUPO 1 inacabada ou imperfeita possui seis munições, atira somente uma e é preso em flagrante acabada ou perfeita dispara toda a munição da arma, mas vítima sobrevive GRUPO 2 "branca" ou incruenta atira para matar e erra o tiro "vermelha" ou cruenta atira para matar e causa lesão corporal Cristiano Rodrigues Aula 01 Direito Penal p/ OAB 1ª Fase XXXII Exame www.estrategiaconcursos.com.br 22 34 5.1 - Desistência Voluntária (Art. 15 do CP) Vamos começar analisado como este instituto está previsto na Lei, e de acordo com o Art. 15 do CP: O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados. Com base no nosso Código Penal, a desistência voluntária ocorre quando o agente inicia os atos executórios e, durante sua realização, voluntariamente desiste de prosseguir e abandona a prática dos atos em curso. Dessa forma, diante de uma situação de desistência voluntária, não há consumação e afasta-se a tentativa (tentativa abandonada), já que não há “motivos alheios” para a não ocorrência do resultado, mas sim uma escolha voluntária do autor de abandonar a execução em andamento, logo, o fato por ele iniciado será considerado atípico. Porém, fiquem atentos, pois num caso concreto de desistência, nada impede que ele possa responder por outros crimes que já tenham ocorrido durante a realização dos atos. Vale a pena lembrarmos que, a desistência voluntária (e o arrependimento eficaz) são chamados de “ponte de ouro” do direito penal, já que permitem ao agente voltar à legalidade depois de ter iniciado a realização de um crime. Ex.: Um agente abre a porta de um carro que está destrancado num estacionamento rotativo, e quando está subtraindo o rádio resolve parar e ir embora, já que achou que o modelo do rádio não valia a pena. Nesse caso, sua conduta será atípica, ou responderá apenas pelo crime de dano (art. 163 do CP), caso tenha arrombado a porta do veículo. Cristiano Rodrigues Aula 01 Direito Penal p/ OAB 1ª Fase XXXII Exame www.estrategiaconcursos.com.br 23 34 Para diferenciar, em um caso concreto, uma situação de desistência voluntária de uma tentativa, evitando-se confusões relativas ao uso de temos como “desiste”, “abandona” (lato sensu) em um enunciado, utiliza-se a famosa Fórmula de Frank: “Se posso prosseguir e não quero, haverá desistência voluntária, mas se quero prosseguir e não posso, haverá tentativa.” 5.2 - Arrependimento eficaz (Art. 15 do CP) Agora que já vimos a desistência voluntária, podemos estudar o arrependimento eficaz, que ocorre quando o agente inicia e completa todos os atos executórios, não havendo mais nada a realizar, porém, por sua própria escolha, atua eficazmente e impede a consumação, evitando assim a produção do resultado. Percebam que nesse caso, também afasta-se a tentativa (não há motivos alheios) e não havendo consumação, o fato iniciado torna-se atípico, podendo apenas se imputar ao agente outros crimes que eventualmente tenham ocorrido. Vamos a um exemplo concreto de como isso pode aparecer na nossa prova! Ex.: Um agente coloca veneno na bebida de seu desafeto e, após este ter tomado o veneno, resolve que não quer mais que ele morra, ministrando um antídoto ou levando a vítima a um hospital onde esta é salva. Logo, não responde pela tentativa de homicídio (que fica atípico), podendo responder somente por eventuais lesões corporais que a vítima tenha sofrido. Vamos a uma pequena DICA para você diferenciar a desistência voluntária do arrependimento eficaz numa situação concreta, para isso você deverá utilizar a seguinte frase: “Eu desisto apenas do que estou fazendo e me arrependo somente do que já fiz.” Cristiano Rodrigues Aula 01 Direito Penal p/ OAB 1ª Fase XXXII Exame www.estrategiaconcursos.com.br 24 34 5.3 - Arrependimento Posterior (Art. 16 do CP) Galera, vamos começar nosso estudo de mais este instituto defensivo do Iter criminis fazendo a leitura do Art. 16 do CP, que ao tratar do Arrependimento Posterior, afirma: Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços. Vejam como fica fácil: o arrependimento posterior é assim chamado por acontecer posteriormente à consumação, quando o agente repara o dano ou restitui a coisa, para receber diminuição de pena de um terço a dois terços, desde que preenchidos os seguintes requisitos: a) Crime sem violência ou grave ameaça à pessoa; b) A reparação do dano deve ser feita até o recebimento da denúncia. Embora haja divergência, entende-se que a reparação parcial não impossibilita a aplicação do arrependimento posterior, desde que seja razoável (STF: mínimo de 50%), obviamente gerando uma diminuição menor que o máximo de 2/3, que será usado apenas para as reparações que forem integrais. Obs.: CUIDADO!!! Nos crimes tributários a reparação integral do prejuízo poderá ser feita a qualquer tempo, mesmo após o trânsito em julgado da sentença, e será causa de extinção da punibilidade, não se aplicando, portanto, o arrependimento posterior. Cristiano Rodrigues Aula 01 Direito Penal p/ OAB 1ª Fase XXXII Exame www.estrategiaconcursos.com.br 25 34 5.4 - Crime Impossível (Art. 17 do CP) Muito bem pessoal, vamos entrar agora no último instituto defensivo relacionado ao Iter Criminis, o famoso crime impossível, que tem exemplos clássicos de serem cobrados em prova, e já adianto a vocês que o examinador adora esse tema! De acordo com o Art. 17 do CP: Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime. O crime impossível é assim chamado por ser aquele que é impossível de se consumar, já que, diante da situação concreta, a lesão do bem jurídico tutelado no tipo específico é absolutamente impossível de ocorrer, embora o agente, que não sabe disso, realize a conduta e atue com dolo. Isto ocorre de duas formas, quando o meio utilizado para gerar o resultado é absolutamente ineficaz (ex.: matar com arma desmuniciada), ou ainda quando o objeto a ser atingido é absolutamente impróprio de sofrer o resultado pretendido (ex.: matar o morto). Em outras palavras, no crime impossível é impossível de se gerar o resultado pretendido pelo agente, ou seja, diante da situação concreta a consumação jamais se produzirá, a lesão ao bem jurídico é impossível, por isso, diz-se que o agente atua em situação conhecida como tentativa inidônea, tentativa ineficaz ou tentativa imprópria, para gerar ao resultado pretendido, Logo, vocês podem perceber que essa “tentativa”, por ser impossível o fato se consumar, terá como consequência a atipicidade deste fato, e fiquem atentos pois essa consequência é o que costuma ser perguntado em nossa prova. Se o meio ou o objeto foremapenas relativamente incapazes de gerar o resultado lesivo, não haverá crime impossível, mas sim tentativa punível. Logo, de acordo com a sumula 567 do STJ a tentativa de furto em lojas com sistema de segurança, vigilância e câmeras será punida normalmente, não gerando crime impossível, já que, por menor que seja, sempre existe uma chance de o crime se consumar. Cristiano Rodrigues Aula 01 Direito Penal p/ OAB 1ª Fase XXXII Exame www.estrategiaconcursos.com.br 26 34 Ainda, de acordo com o STF, o flagrante preparado, também chamado de delito de ensaio, em face da impossibilidade de consumação, configura crime impossível, e não será válido, afastando assim a tentativa e tornando o fato atípico (Súmula 145 do STF). Cristiano Rodrigues Aula 01 Direito Penal p/ OAB 1ª Fase XXXII Exame www.estrategiaconcursos.com.br 27 34 (FGV/III Exame de Ordem Unificado) Ao concluir o curso de Engenharia, Arli, visando fazer uma brincadeira, inseriu, à caneta, em seu diploma, declaração falsa sobre fato juridicamente relevante. A respeito desse ato, é correto afirmar que Arli: a) praticou crime de falsificação de documento público. b) praticou crime de falsidade ideológica. c) praticou crime de falsa identidade. d) não praticou crime algum. Comentários Resposta: D − Esta questão narra a conduta de inserir informação falsa em um documento público, qual seja, o diploma de graduação em uma faculdade, que, a princípio, caracterizaria o crime de falsidade ideológica (art. 299 do CP). Porém, de acordo com o narrado, a inserção de informações falsas no documento se deu por meio de uma caneta comum, o que evidentemente caracteriza uma falsificação grosseira, e que é incapaz de iludir e afetar a fé pública, bem jurídico tutelado por este crime. Sendo assim, pela ineficácia absoluta do meio utilizado pelo agente para realizar a conduta de falsidade, ocorre o chamado Crime Impossível (art. 17 do CP), já que o bem jurídico tutelado pelo crime jamais será lesionado por meio dessa forma de conduta. Logo, diante da situação de Crime Impossível (art. 17 do CP), considera-se o fato praticado como atípico, não havendo crime. (FGV/VII Exame de Ordem Unificado) Filolau, querendo estuprar Filomena, deu início à execução do crime de estupro, empregando grave ameaça à vítima. Ocorre que ao se preparar para o coito vagínico, que era sua única intenção, não conseguiu manter seu pênis ereto em virtude de falha fisiológica alheia à sua vontade. Por conta disso, desistiu de prosseguir na execução do crime e abandonou o local. Nesse caso, é correto afirmar que: a) trata-se de caso de desistência voluntária, razão pela qual Filolau não responderá pelo crime de estupro. b) trata-se de arrependimento eficaz, fazendo com que Filolau responda tão somente pelos atos praticados. c) a conduta de Filolau é atípica. d) Filolau deve responder por tentativa de estupro. Comentários Resposta: D − O enunciado narra a situação em que o agente com dolo de praticar estupro por meio de conjunção carnal não consegue dar prosseguimento a seus atos em razão de uma falha fisiológica, ou seja, por uma circunstância alheia à sua vontade. Dessa forma, caracteriza-se a situação de tentativa de estupro (art. 14, II e parágrafo único, do CP). Deve-se ter cuidado, pois o termo “desiste” está sendo usado em sentido lato, e não caracteriza efetivamente uma desistência, sendo, por isso, impossível se considerar a ocorrência de uma desistência voluntária (art. 15 do CP) para esta situação. Cristiano Rodrigues Aula 01 Direito Penal p/ OAB 1ª Fase XXXII Exame www.estrategiaconcursos.com.br 28 34 (FGV/III Exame de Ordem Unificado) Marcus, visando roubar Maria, a agride, causando-lhe lesões corporais de natureza leve. Antes, contudo, de subtrair qualquer pertence, Marcus decide abandonar a empreitada criminosa, pedindo desculpas à vítima e se evadindo do local. Maria, então, comparece à delegacia mais próxima e narra os fatos à autoridade policial. No caso acima, o delegado de polícia: a) deverá instaurar inquérito policial para apurar o crime de roubo tentado, uma vez que o resultado pretendido por Marcus não se concretizou. b) nada poderá fazer, uma vez que houve a desistência voluntária por parte de Marcus. c) deverá lavrar termo circunstanciado pelo crime de lesões corporais de natureza leve. d) nada poderá fazer, uma vez que houve arrependimento posterior por parte de Marcus. Comentários Resposta: C − Na conduta narrada no enunciado, o agente (Marcus), com dolo de subtrair bens da vítima (Maria), realiza violência contra ela, causando-lhe lesões corporais leves, entretanto, antes de realizar a subtração, desiste de prosseguir na empreitada criminosa, e abandona a execução sem nada levar. Nesse caso ocorreu a chamada Desistência Voluntária (art. 15 do CP), que tem como consequência afastar a tipicidade do fato iniciado pelo agente no qual houve a desistência, porém, imputando-se ao agente eventuais crimes que já tenham ocorrido durante a prática de seus atos. Dessa forma, embora o crime de roubo tenha se tornado atípico em face da desistência, a conduta de lesão corporal leve praticada deverá ser punida normalmente, e, por se tratar de crime da competência dos juizados especiais (Lei 9.099/1995), o delegado deverá lavrar o termo circunstanciado para que, posteriormente, haja a audiência de conciliação ou eventual processo em sede de juizado. (FGV/XXIV Exame da OAB) Decidido a praticar crime de furto na residência de um vizinho, João procura o chaveiro Pablo e informa do seu desejo, pedindo que fizesse uma chave que possibilitasse o ingresso na residência, no que foi atendido. No dia do fato, considerando que a porta já estava aberta, João ingressa na residência sem utilizar a chave que lhe fora entregue por Pablo, e subtrai uma TV. Chegando em casa, narra o fato para sua esposa, que o convence a devolver o aparelho subtraído. No dia seguinte, João atende à sugestão da esposa e devolve o bem para a vítima, narrando todo o ocorrido ao lesado, que, por sua vez, comparece à delegacia e promove o registro próprio. Considerando o fato narrado, na condição de advogado(a), sob o ponto de vista técnico, deverá ser esclarecido aos familiares de Pablo e João que Cristiano Rodrigues Aula 01 Direito Penal p/ OAB 1ª Fase XXXII Exame www.estrategiaconcursos.com.br 29 34 A) nenhum deles responderá pelo crime, tendo em vista que houve arrependimento eficaz por parte de João e, como causa de excludente da tipicidade, estende-se a Pablo. B) ambos deverão responder pelo crime de furto qualificado, aplicando-se a redução de pena apenas a João, em razão do arrependimento posterior. C) ambos deverão responder pelo crime de furto qualificado, aplicando-se a redução de pena para os dois, em razão do arrependimento posterior, tendo em vista que se trata de circunstância objetiva. D) João deverá responder pelo crime de furto simples, com causa de diminuição do arrependimento posterior, enquanto Pablo não responderá pelo crime contra o patrimônio. Comentário Resposta: D O arrependimento posterior é assim chamado por acontecer posteriormente à consumação, quando o agente repara o dano ou restitui a coisa, para receber diminuição de pena de um terço a dois terços, desde que o crime cometido seja sem violência ou grave ameaça à pessoa e a reparação do dano seja feita até o recebimento da denúncia. Assim, verifica-se que incidiu no caso apresentado pelo enunciado o arrependimento posterior por João. Pablo não responderá pelo crime pois Pablo não utilizou a chave por ele formulada para ingressar na residência do vizinho. (FGV/XVII Exame da OAB) Cristiane, revoltada com a traição de seu marido, Pedro, decide matá-lo. Para tanto, resolve esperar que ele adormeça para, durante a madrugada, acabar com sua vida. Por volta das 22h, Pedro deita para ver futebol na sala daresidência do casal. Quando chega à sala, Cristiane percebe que Pedro estava deitado sem se mexer no sofá. Acreditando estar dormindo, desfere 10 facadas em seu peito. Nervosa e arrependida, liga para o hospital e, com a chegada dos médicos, é informada que o marido faleceu. O laudo de exame cadavérico, porém, constatou que Pedro havia falecido momentos antes das facadas em razão de um infarto fulminante. Cristiane, então, foi denunciada por tentativa de homicídio. Você, advogado (a) de Cristiane, deverá alegar em seu favor a ocorrência de A) crime impossível por absoluta impropriedade do objeto. B) desistência voluntária. C) arrependimento eficaz. D) crime impossível por ineficácia do meio. Comentário Resposta: A O crime impossível é assim chamado por ser aquele que é impossível de se consumar, já que, diante da situação concreta, a lesão do bem jurídico tutelado no tipo específico é absolutamente impossível de ocorrer, embora o agente, que não sabe disso, realize a conduta e atue com dolo. Em outras palavras, no crime impossível é impossível de se gerar o resultado pretendido pelo agente, ou seja, diante da situação concreta a consumação jamais se produzirá, a lesão ao bem jurídico é impossível, por isso, diz-se que o agente atua Cristiano Rodrigues Aula 01 Direito Penal p/ OAB 1ª Fase XXXII Exame www.estrategiaconcursos.com.br 30 34 em situação conhecida como tentativa inidônea, tentativa ineficaz ou tentativa imprópria, para gerar ao resultado pretendido. (FGV/XVIII Exame da OAB) Mário subtraiu uma TV do seu local de trabalho. Ao chegar em casa com a coisa subtraída, é convencido pela esposa a devolvê-la, o que efetivamente vem a fazer no dia seguinte, quando o fato já havia sido registrado na delegacia. O comportamento de Mário, de acordo com a teoria do delito, configura A) desistência voluntária, não podendo responder por furto. B) arrependimento eficaz, não podendo responder por furto. C) arrependimento posterior, com reflexo exclusivamente no processo dosimétrico da pena. D) furto, sendo totalmente irrelevante a devolução do bem a partir de convencimento da esposa. Comentário Resposta: C O arrependimento posterior é assim chamado por acontecer posteriormente à consumação, quando o agente repara o dano ou restitui a coisa, para receber diminuição de pena de um terço a dois terços, desde que o crime cometido seja sem violência ou grave ameaça à pessoa e a reparação do dano seja feita até o recebimento da denúncia. Haverá reflexo no processo dosimétrico, pois o arrependimento posterior é uma causa obrigatória de redução de pena. (FGV/XIX Exame da OAB) Durante uma discussão, Theodoro, inimigo declarado de Valentim, seu cunhado, golpeou a barriga de seu rival com uma faca, com intenção de matá-lo. Ocorre que, após o primeiro golpe, pensando em seus sobrinhos, Theodoro percebeu a incorreção de seus atos e optou por não mais continuar golpeando Valentim, apesar de saber que aquela única facada não seria suficiente para matá-lo. Neste caso, Theodoro A) não responderá por crime algum, diante de seu arrependimento. B) responderá pelo crime de lesão corporal, em virtude de sua desistência voluntária. C) responderá pelo crime de lesão corporal, em virtude de seu arrependimento eficaz. D) responderá por tentativa de homicídio. Comentários Resposta: B A desistência voluntária ocorre quando o agente inicia os atos executórios e, durante sua realização, voluntariamente desiste de prosseguir e abandona a prática dos atos em curso. Nos termos do Código Penal Cristiano Rodrigues Aula 01 Direito Penal p/ OAB 1ª Fase XXXII Exame www.estrategiaconcursos.com.br 31 34 Dessa forma, diante de uma situação de desistência voluntária, não há consumação e afasta-se a tentativa, já que não há “motivos alheios” para a não ocorrência do resultado, mas escolha voluntária do autor de abandonar a execução em andamento. No caso Theodoro, responderá pelo crime de lesão corporal, em virtude de sua desistência voluntária, nos termos do artigo 15, primeira parte do CP, pois desistiu de prosseguir na execução. (FGV/XXVII Exame da OAB) No dia 05/03/2015, Vinícius, 71 anos, insatisfeito e com ciúmes em relação à forma de dançar de sua esposa, Clara, 30 anos mais nova, efetua disparos de arma de fogo contra ela, com a intenção de matar. Arrependido, após acertar dois disparos no peito da esposa, Vinícius a leva para o hospital, onde ela ficou em coma por uma semana. No dia 12/03/2015, porém, Clara veio a falecer, em razão das lesões causadas pelos disparos da arma de fogo. Ao tomar conhecimento dos fatos, o Ministério Público ofereceu denúncia em face de Vinícius, imputando-lhe a prática do crime previsto no Art. 121, § 2º, inciso VI, do Código Penal, uma vez que, em 09/03/2015, foi publicada a Lei nº 13.104, que previu a qualificadora antes mencionada, pelo fato de o crime ter sido praticado contra a mulher por razão de ser ela do gênero feminino. Durante a instrução da 1ª fase do procedimento do Tribunal do Júri, antes da pronúncia, todos os fatos são confirmados, pugnando o Ministério Público pela pronúncia nos termos da denúncia. Em seguida, os autos são encaminhados ao(a) advogado(a) de Vinícius para manifestação. Considerando apenas as informações narradas, o(a) advogado(a) de Vinicius poderá, no momento da manifestação para a qual foi intimado, pugnar pelo imediato A) reconhecimento do arrependimento eficaz. B) afastamento da qualificadora do homicídio. C) reconhecimento da desistência voluntária. D) reconhecimento da causa de diminuição de pena da tentativa. Comentários Resposta: B O Código Penal adotou a teoria da atividade, segundo a qual considera praticado o crime no momento da realização da conduta, ainda que outro seja o momento de ocorrência do resultado. Diante disso, deve ser considerada a lei que estava em vigor no momento da ação, sendo que a lei penal apenas retroage para beneficiar o réu. No caso do enunciado a lei que qualificou o crime de homicídio é posterior à conduta delitiva, logo não poderá retroagir para prejudicar o acusado. (FGV/XXIX Exame da OAB) Em 05/10/2018, Lúcio, com o intuito de obter dinheiro para adquirir uma moto em comemoração ao seu aniversário de 18 anos, que aconteceria em 09/10/2018, sequestra Danilo, com a ajuda de um amigo ainda não identificado. No mesmo dia, a dupla entra em contato com a família da vítima, exigindo o pagamento da quantia de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) para sua liberação. Duas semanas após a restrição da liberdade da vítima, período durante o qual os autores permaneceram em constante contato com a família da vítima exigindo o pagamento do resgate, a polícia encontrou o local do cativeiro e Cristiano Rodrigues Aula 01 Direito Penal p/ OAB 1ª Fase XXXII Exame www.estrategiaconcursos.com.br 32 34 conseguiu libertar Danilo, encaminhando, de imediato, Lúcio à Delegacia. Em sede policial, Lúcio entra em contato com o advogado da família. Considerando os fatos narrados, o(a) advogado(a) de Lúcio, em entrevista pessoal e reservada, deverá esclarecer que sua conduta: A) não permite que seja oferecida denúncia pelo Ministério Público, pois o Código Penal adota a Teoria da Ação para definição do tempo do crime, sendo Lúcio inimputável para fins penais. B) não permite que seja oferecida denúncia pelo órgão ministerial, pois o Código Penal adota a Teoria do Resultado para definir o tempo do crime, e, sendo este de natureza formal, sua consumação se deu em 05/10/2018. C) configura fato típico, ilícito e culpável, podendo Lúcio ser responsabilizado, na condição de imputável, pelo crime de extorsão mediante sequestro qualificado na forma consumada. D) configura fato típico, ilícito e culpável, podendo Lúcio ser responsabilizado, na condição de imputável, pelo crime de extorsão mediante sequestro qualificado na forma tentada, já que o crime não se consumou porcircunstâncias alheias à sua vontade, pois não houve obtenção da vantagem indevida. Comentários Resposta: C - Dois aspectos foram abordados nessa questão: a) O crime de sequestro é crime permanente e, por isso, mesmo tendo sido praticado por pessoa menor de idade este crime permanece em consumação durante todo o período de permanência, em que a vítima esta com sua liberdade privada. Logo, se o agente completa 18 anos durante a permanência, responde como maior de idade. b) O crime de extorsão mediante sequestro (Art.159CP) é crime formal e, por isso, se consuma com a simples prática da conduta prevista no tipo, independentemente da produção ou não do resultado previsto (obtenção da vantagem). Desta forma, o gabarito "C”, estabelece que o agente responda como maior de idade e pelo crime consumado. (FGV/XXIX Exame da OAB) Após discussão em uma casa noturna, Jonas, com a intenção de causar lesão, aplicou um golpe de arte marcial em Leonardo, causando fratura em seu braço. Leonardo, então, foi encaminhado ao hospital, onde constatou-se a desnecessidade de intervenção cirúrgica e optou-se por um tratamento mais conservador com analgésicos para dor, o que permitiria que ele retornasse às suas atividades normais em 15 dias. A equipe médica, sem observar os devidos cuidados exigidos, ministrou o remédio a Leonardo sem observar que era composto por substância à qual o paciente informara ser alérgico em sua ficha de internação. Em razão da medicação aplicada, Leonardo sofreu choque anafilático, evoluindo a óbito, conforme demonstrado em seu laudo de exame cadavérico. Cristiano Rodrigues Aula 01 Direito Penal p/ OAB 1ª Fase XXXII Exame www.estrategiaconcursos.com.br 33 34 Recebidos os autos do inquérito, o Ministério Público ofereceu denúncia em face de Jonas, imputando-lhe o crime de homicídio doloso. Diante dos fatos acima narrados e considerando o estudo da teoria da equivalência, o(a) advogado(a) de Jonas deverá alegar que a morte de Leonardo decorreu de causa superveniente: A) absolutamente independente, devendo ocorrer desclassificação para que Jonas responda pelo crime de lesão corporal seguida de morte. B) relativamente independente, devendo ocorrer desclassificação para o crime de lesão corporal seguida de morte, já que a morte teve relação com sua conduta inicial. C) relativamente independente, que, por si só, causou o resultado, devendo haver desclassificação para o crime de homicídio culposo. D) relativamente independente, que, por si só, produziu o resultado, devendo haver desclassificação para o crime de lesão corporal, não podendo ser imputado o resultado morte. Comentários Resposta: D - Nesta questão aplica-se o Art. 13 par.1º do CP, pois o erro médico de ministrar o medicamento que a vítima era alérgica foi uma condição superveniente (ocorreu após o golpe), relativamente independente à conduta do agente (sem o golpe o agente não teria ido ao hospital), mas que por si só causou o resultado (não foi uma decorrência normal, consequência natural das lesões sofridas, mas sim um fator independente que gerou o resultado). Desta forma, afasta-se a imputação do resultado e o agente responde apenas por sua conduta e de acordo com seu dolo (lesão corporal), mas não pelo resultado (morte) ocorrido. (FGV/XXIX Exame da OAB) Durante a madrugada, Lucas ingressou em uma residência e subtraiu um computador. Quando se preparava para sair da residência, ainda dentro da casa, foi surpreendido pela chegada do proprietário. Assustado, ele o empurrou e conseguiu fugir com a coisa subtraída. Na manhã seguinte, arrependeu-se e resolveu devolver a coisa subtraída ao legítimo dono, o que efetivamente veio a ocorrer. O proprietário, revoltado com a conduta anterior de Lucas, compareceu em sede policial e narrou o ocorrido. Intimado pelo Delegado para comparecer em sede policial, Lucas, preocupado com uma possível responsabilização penal, procura o advogado da família e solicita esclarecimentos sobre a sua situação jurídica, reiterando que já no dia seguinte devolvera o bem subtraído. Na ocasião da assistência jurídica, o(a) advogado(a) deverá informar a Lucas que poderá ser reconhecido(a) A) a desistência voluntária, havendo exclusão da tipicidade de sua conduta. B) o arrependimento eficaz, respondendo o agente apenas pelos atos até então praticados. C) o arrependimento posterior, não sendo afastada a tipicidade da conduta, mas gerando aplicação de causa de diminuição de pena. D) a atenuante da reparação do dano, apenas, não sendo, porém, afastada a tipicidade da conduta. Cristiano Rodrigues Aula 01 Direito Penal p/ OAB 1ª Fase XXXII Exame www.estrategiaconcursos.com.br 34 34 Comentários Resposta: D A conduta narrada no enunciado desta questão configura o crime de roubo improprio (Art. 157 par. 1º CP), qual seja, aquele em que a violência ocorre após a subtração do bem e com o intuito de garantir a detenção da coisa ou assegurar a impunidade do crime. A devolução do produto do crime após a consumação e antes do recebimento da denúncia pode caracterizar o instituto do arrependimento posterior (Art. 16 CP), porém este não é admitido em crime com violência ou grave ameaça a pessoa. Desta forma, no roubo improprio, praticado na questão, há violência (empurrar o proprietário do bem) e, portanto, não é cabível o arrependimento posterior, devendo-se aplicar ao fato típico praticado apenas a atenuante pela reparação do dano, presente no Art. 65 III, “b” do CP. 6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS Muito bem, pessoal, finalizamos este importante capítulo do nosso estudo, que além de muito interessante traz temas que toda hora aparecem na nossa prova. Como vocês perceberam, aqui se inaugurou o estudo do crime e de sua realização, abrindo as portas para que possamos, a seguir, estudar a chamada Teoria do Crime (sentido estrito), que envolve os elementos estruturais do conceito analítico de crime, bem como suas características e funções. O estudo do Iter criminis, tema que acabamos de analisar, é considerado por muitos como parte integrante da teoria do crime em sentido amplo, embora, em sentido estrito, vamos começar o estudo dos elementos do crime a partir de agora, e esse é o coração do Direito Penal, e o tema mais importante da nossa matéria!!! Vamos lá, amigos, que a partir de agora o bicho vai pegar, e vamos entrar a fundo no ponto mais importante de todo o Direito Penal!!! Cristiano Rodrigues Aula 01 Direito Penal p/ OAB 1ª Fase XXXII Exame www.estrategiaconcursos.com.br
Compartilhar