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Classificação de Crimes em Direito Penal

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Aula 01
Direito Penal p/ OAB 1ª Fase XXXII
Exame
Autor:
Cristiano Rodrigues
Aula 01
4 de Fevereiro de 2020
 
 
 
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Sumário 
1 - Considerações Iniciais.................................................................................................................................... 2 
2 - Classificação de Crimes ................................................................................................................................ 2 
2.1 - Quanto ao sujeito ativo .......................................................................................................................... 2 
2.2 - Quanto ao momento de consumação ..................................................................................................... 3 
2.3 - Quanto à forma de consumação ............................................................................................................ 4 
2.4 - Quanto à conduta (crimes omissivos) ...................................................................................................... 5 
3 - Relação de Causalidade e Imputação Objetiva ........................................................................................ 12 
3.1 - Método da Eliminação Hipotética ........................................................................................................ 13 
3.2 - Imputação Objetiva do resultado ........................................................................................................ 14 
4 - Iter Criminis ................................................................................................................................................. 17 
4.1 - Conceito ............................................................................................................................................... 18 
4.2 - Tentativa (Art. 14, II e parágrafo único, do CP) ................................................................................... 20 
5 - Institutos defensivos do Iter Criminis ............................................................................................................ 21 
5.1 - Desistência Voluntária (Art. 15 do CP) ................................................................................................. 22 
5.2 - Arrependimento eficaz (Art. 15 do CP) ................................................................................................ 23 
5.3 - Arrependimento Posterior (Art. 16 do CP) ............................................................................................ 24 
5.4 - Crime Impossível (Art. 17 do CP) .......................................................................................................... 25 
6 - Considerações Finais ................................................................................................................................... 34 
 
 
Cristiano Rodrigues
Aula 01
Direito Penal p/ OAB 1ª Fase XXXII Exame
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1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
Amigos, vamos iniciar o estudo do tema classificação de crimes, que pode parecer algo muito teórico, mas 
acreditem, NÃO É!!! 
Este tema tem inúmeras repercussões práticas, e vocês vão ver que muitas questões da nossa prova se 
resolvem com base nos assuntos e classificações que vamos estudar juntos a seguir. 
Para que possamos focar naquilo que realmente é cobrado no exame da OAB no que tange a este tema, 
preciso lembrar vocês que há diversas classificações de crimes apresentadas pela doutrina, porém, muitas 
delas não possuem qualquer utilidade prática (essas dificilmente serão cobradas na nossa prova), portanto, 
vamos trabalhar com as classificações mais importantes e que possuem aplicação prática, separando-as em 
grupos, de acordo com suas características fundamentais. 
Bom, vamos lá...e vocês vão ver que depois dessa leitura o tema classificação de crimes ficará muito mais 
simples e fácil, e será bastante simples responder às questões referentes a este tema na nossa prova. 
2 - CLASSIFICAÇÃO DE CRIMES 
2.1 - Quanto ao sujeito ativo 
Este primeiro grupo de classificação se refere ao sujeito ativo, logo vamos classificar os crimes quanto a quem 
pode praticar a conduta típica, e assim ficará bem simples pra gente guardar estes conceitos: 
a) Crime comum: é a regra geral para os crimes, sendo aquele que pode ser praticado por qualquer pessoa, 
não havendo restrições ou exigências no tipo penal quanto ao sujeito ativo (ex.: art. 121 do CP). 
b) Crime próprio: é aquele em que o tipo penal exige características específicas do sujeito ativo, ou seja, são 
crimes que, via de regra, só podem ser praticados por quem possua essas características exigidas pelo tipo, 
logo são crimes “próprios de determinada categoria de pessoas”. 
 
De acordo com o art. 30 do CP, é possível imputar um crime próprio a quem não possua as 
características exigidas pelo tipo, isso ocorre quando este atuar como coautor ou partícipe, 
ou seja, em concurso de pessoas com quem possua as características exigidas pelo tipo. 
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As características próprias do sujeito ativo, exigidas pelo crime próprio, são consideradas elementares 
(elementos integrantes do caput) de caráter pessoal destes crimes, devendo, de acordo com o art. 30 do CP, 
comunicar-se a todos os participantes do fato, desde que sejam do seu conhecimento (Ex.: Homem pode 
responder por infanticídio – art. 123 do CP – se ajudar a mãe a matar o filho, logo após o parto sob influência 
do estado puerperal). 
a) Crime de mão própria: é aquele em que o tipo penal exige que o sujeito ativo execute a conduta típica 
pessoalmente, individualmente, com “as próprias mãos”, não admitindo assim, via de regra, coautoria ou 
autoria mediata, embora nada impeça que se fale em participação (ex.: art. 330 e 342 do CP). 
 
Fiquem atentos, por que modernamente esta classificação vem sendo muito contestada, e perdendo força 
na doutrina e jurisprudência (STF já aceitou coautoria no crime de falso testemunho – art. 342 do CP), em 
face da adoção da teoria do domínio final do fato, e suas consequências nas hipóteses de autoria e de 
concurso de pessoas. (Vide nosso livro: “Temas Controvertidos de Direito Penal” – Ed. GEN). 
2.2 - Quanto ao momento de consumação 
Com certeza vocês já ouviram falar muito nessa próxima classificação, pois ela traz características práticas 
muito especificas, e que costumam aparecer muito na nossa prova!!! 
a) Crime instantâneo: são aqueles que se consumam, completam-se de uma vez só em um único instante 
(regra geral), ou seja, a consumação ocorre e nada mais acontece em relação ao bem jurídico tutelado a 
partir daquele momento (ex.: arts. 121, 129 e 155 do CP). 
b) Crime permanente: é aquele que se consuma em determinado momento, porém permanece em estado 
de consumação por certo período de tempo, ou seja, embora já esteja consumado, a consumação se 
prolonga pelo tempo (ex.: arts. 148 e 288 do CP). 
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Não confundir crime permanente (classificação de crime) com crime continuado (art. 71 do 
CP), que não é classificação de crime, mas modalidade de concurso de vários crimes, ou 
seja, forma de se cometer crimes em continuidade. 
Como dissemos, vamos ver agora como esta classificação se aplica na prática e como será cobrada na nossa 
prova! 
b.1) Consequências práticas do crime permanente: 
Se o autor pratica a conduta ainda como menor de idade, mas completa 18 anos durante a permanência, 
diferentemente do que acontece em outras categorias de crime, deverá responder como maior, 
excepcionando a regra geral da teoria da atividade (art. 4º do CP). 
A prisão em flagrante poderá ocorrer a qualquer tempo durante a permanência. 
O prazo prescricional que, por regra, começa a correr na data daconsumação (art. 111 do CP), nos crimes 
permanentes só começará a ser contado a partir da data do término da permanência. 
De acordo com a Súmula 711 do STF, uma lei nova, mesmo que mais severa e posterior à prática da ação, 
aplica-se ao crime permanente, quando essa lei surgir durante a permanência. 
2.3 - Quanto à forma de consumação 
Galera, essas próximas classificações são de grande importância pra nós, pois ser referem a forma como um 
crime se consuma, e por isso ajuda muito na análise prática de certas questões. 
a) Crimes Materiais: é a regra geral, e são aqueles que se consumam com a concreta produção, 
materialização do resultado previsto no mundo fático (ex.: art. 121 do CP – homicídio: com o resultado 
morte); 
b) Crimes Formais: são aqueles que se consumam com a completa realização da conduta formalmente 
proibida, independentemente da produção do resultado previsto no tipo (ex.: extorsão mediante sequestro; 
art. 159 do CP – não há necessidade de obter a vantagem do resgate); 
c) Crimes de mera conduta (mera atividade): são aqueles que se consumam com a completa realização da 
mera conduta proibida, já que não há sequer previsão de resultados concretos no tipo (ex:. arts. 135, 150 e 
330 do CP). 
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Podemos esquematizar esta classificação da seguinte forma: 
 
2.4 - Quanto à conduta (crimes omissivos) 
 
Fique atento a essas classificações, pois já foram cobradas várias vezes no exame de ordem e são de grande 
importância para nós! 
a) Omissivos próprios ou puros: 
Vejam, aqui trata-se da omissão por essência, quando a própria lei prevê a omissão, ou seja, há um verbo de 
não agir previsto na lei como proibido (não atuar, deixar de agir, deixar de fornecer). Dessa forma, ao prever 
que é crime se omitir, surge um dever geral de agir imposto a todos que se encontrem na situação narrada 
pelo tipo. 
Por prever uma conduta omissiva como crime, os crimes omissivos próprios jamais irão imputar resultados 
concretos ao agente, que só responderá por ter se omitido, nunca sendo imputado por qualquer resultado 
fático, como, por exemplo, morte ou lesão. 
Isso se dá pelo fato de que inércia não é capaz de causar nada e, portanto, aquele que apenas se omite não 
pode responder por resultados naturalísticos surgidos no mundo fático. 
QUANTO À FORMA DE 
CONSUMAÇÃO
Crime Material -
regra geral
se consuma com a 
produção do resultado no 
mundo dos fatos
Crime Formal
se consuma com a 
realização da conduta, 
independentemente do 
resultado que pode 
ocorrer
Crime de mera 
conduta
se consuma com a 
realização da conduta 
proibida, sem previsão do 
resultado
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Além disso, como, salvo expressa disposição em contrário (por exemplo, em crimes próprios), as leis penais 
se destinam a todos, e na omissão pura há um dever geral de agir imposto a qualquer pessoa, por isso, nestes 
crimes não haverá qualquer obrigação de enfrentar o perigo diante da situação concreta (ex.: art. 135 do CP 
– omissão de socorro). 
 
 
b) Omissivos impróprios ou impuros: 
Primeiramente quero que vocês entendam que na verdade, não se trata de classificação dada a um ou outro 
crime, mas tão somente de forma criada pela doutrina para se imputar, a título de dolo ou culpa, quaisquer 
resultados previstos na lei através de ação (ex.: arts. 121, 129 e 163), a aqueles que possuírem um dever 
específico de evitar esses resultados, e de enfrentar o perigo (garantidores – art. 13 do CP), caso venham a 
se omitir. 
 
Os garantidores responderão, caso se omitam, dolosa ou culposamente pelos resultados produzidos na 
situação concreta, ou seja, vão responder pelos crimes previstos no código penal por ação, e pelos resultados 
gerados na situação concreta, mas CUIDADO!!! 
Isso só ocorrerá numa questão concreta, desde que haja a concreta possibilidade de ação. 
Vamos agora analisar quem são esses tais garantidores que caracterizam as omissões improprias que 
acabamos de estudar, e de acordo com o art. 13, § 2º, do CP, consideram-se garantidores: 
b.1) quem por lei possua o dever de proteção cuidado ou vigilância: 
• Lei prevê a omissão
• Dever geral de agir
• Não responde pelos resultados
• Não há obrigação de enfrentar o perigo
OMISSIVOS PRÓPRIOS OU PUROS
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Como vocês sabem, essa alínea é a mais importante e abrangente no que tange aos garantidores, pois 
engloba ascendentes, descendentes, cônjuges e irmãos (todos mutuamente), tutores e curadores e, ainda, 
funcionários públicos com esses deveres específicos (médico, bombeiro e policial). 
 
Amigos, embora haja divergência e você possa até já ouvido coisa diferente por aí, não se 
engane, para a maioria da doutrina, o funcionário público só é garantidor, tendo a 
obrigação de enfrentar perigo e responder por resultados, durante o efetivo exercício da 
sua função. Fora dele, é pessoa comum que pode responder apenas por omissão de socorro 
(art. 135 do CP). 
b.2) quem de outra forma se obrigou a evitar resultados: 
Percebam que essa alínea engloba os contratos privados (segurança particular, babá, professora, salva-vidas 
do clube), e ainda os acordos de vontade, mesmo que informais. 
b.3) quem com seu comportamento criar o risco de ocorrência do resultado: 
Nesse caso, estamos falando de qualquer pessoa que, dolosa ou culposamente, criar uma situação de risco 
para terceiros torna-se garantidor, e deverá enfrentar o perigo para evitar esse resultado. 
Para a prova... 
 
 
• Lei prevê ação
• Dever especial de agir
• Responde por resultados (dolo ou culpa)
• Há obrigação de enfrentar o perigo
• Também denominado comissivo por omissão
OMISSIVOS IMPRÓPRIOS OU 
IMPUROS
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CLASSIFICAÇÃO DE CRIMES 
Quanto ao sujeito ativo 
a) Crime comum 
b) Crime próprio 
c) Crime de mão própria 
Quanto ao momento de consumação 
a) Crime instantâneo 
b) Crime permanente 
Quanto à forma de consumação 
a) Crimes Materiais 
b) Crimes Formais 
c) Crimes de mera conduta (mera atividade) 
Quanto à conduta (crime omissivos) 
a) Omissivos próprios ou puros 
b) Omissivos impróprios ou impuros 
OMISSIVO PRÓPRIO/PURO OMISSIVO IMPRÓPRIO/IMPURO 
Lei prevê uma omissão Lei prevê ação 
Dever geral de agir Dever especial de agir (art. 13, § 2º – garantidores) 
Não responde pelos resultados 
Responde por resultados (arts. 121, 129 e 163 do CP). Através 
de dolo ou culpa 
Não há obrigação de enfrentar perigo 
Ex.: art. 135 do CP – omissão de socorro 
Há obrigação de enfrentar perigo 
Também chamado de comissivo por omissão (cometidos pela 
omissão do garantidor) 
 
(FGV/XII Exame de Ordem Unificado) Lucas, funcionário público do Tribunal de Justiça, e Laura, sua noiva, 
estudante de direito, resolveram subtrair notebooks de última geração adquiridos pela serventia onde Lucas 
exerce suas funções. Assim, para conseguir seu intento, combinaram dividir a execução do delito. Lucas, em 
determinado feriado municipal, valendo-se da facilidade que seu cargo lhe proporcionava, identificou-se na 
recepção e disse ao segurança que precisava ir até a serventia para buscar alguns pertences que havia 
esquecido. O segurança, que já conhecia Lucas de vista, não desconfiou de nada e permitiu o acesso. 
Ressalte-se que, além de ser serventuário, Lucas conhecia detalhadamente o prédio público, razão pela qual 
se dirigiu rapidamente ao local desejado, subtraindo todos os notebooks. Após, foi a uma janela e, dali, 
entregou-os a Laura, que os colocou no carro e saiu. Ao final, Lucas conseguiu deixar o edifício sem que 
ninguém suspeitasse de nada. Todavia, cerca de uma semana após,Laura e Lucas têm uma discussão e 
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terminam o noivado. Muito enraivecida, Laura procura a polícia e noticia os fatos, ocasião em que devolve 
todos os notebooks subtraídos. Com base nas informações do caso narrado, assinale a afirmativa correta. 
a) Laura e Lucas devem responder pelo delito de peculato-furto praticado em concurso de agentes. 
b) Laura deve responder por furto qualificado e Lucas deve responder por peculato-furto, dada à 
incomunicabilidade das circunstâncias. 
c) Laura e Lucas serão beneficiados pela causa extintiva de punibilidade, uma vez que houve reparação do 
dano ao erário anteriormente à denúncia. 
d) Laura será beneficiada pelo instituto do arrependimento eficaz, mas Lucas não poderá valer-se de tal 
benefício, pois a restituição dos bens, por parte dele, não foi voluntária. 
Comentários 
Resposta: A 
− No caso concreto narrado, um funcionário público realiza o crime de peculato com o auxílio de sua 
namorada, Laura, sendo que esta não é funcionária pública. Além disso, o enunciado narra que uma semana 
após a consumação do crime Laura devolve voluntariamente o produto do crime, qual seja, vários notebooks. 
Quanto à conduta praticada, pode-se afirmar que houve coautoria, já que há uma divisão de tarefas 
essenciais, mediante acordo de vontades, em que ambos possuem, portanto, o domínio do fato. De acordo 
com o art. 30 do CP, a condição de ser funcionário público, mesmo sendo de caráter pessoal, por ser 
elementar do crime de peculato – art. 312 do CP (elemento essencial do crime e previsto no caput do 
dispositivo) –, deve-se comunicar a todos os participantes do crime, fazendo com que Laura, mesmo sem ser 
funcionária pública, responda pelo crime de peculato (crime próprio) junto com seu coautor Lucas. Não é 
possível se falar em arrependimento eficaz (art. 15 do CP), já que esse instituto pressupõe que o agente atue 
eficazmente impedindo a consumação do crime, algo que não ocorreu no fato narrado, já que o crime de 
peculato se consumou. Não é possível também se falar em extinção da punibilidade pela restituição do bem, 
já que essa extinção só é aplicável à modalidade culposa de peculato prevista no art. 312, § 2º, do CP (art. 
312, § 3º, do CP). 
 
(FGV/XII Exame de Ordem Unificado) Odete é diretora de um orfanato municipal, responsável por oitenta 
meninas em idade de dois a onze anos. Certo dia Odete vê Elisabeth, uma das recreadoras contratada pela 
Prefeitura para trabalhar na instituição, praticar ato libidinoso com Poliana, criança de 9 anos, que ali estava 
abrigada. Mesmo enojada pela situação que presenciava, Odete achou melhor não intervir, porque não 
desejava criar qualquer problema para si. Nesse caso, tendo como base apenas as informações descritas, 
assinale a opção correta. 
a) Odete não pode ser responsabilizada penalmente, embora possa sê-lo no âmbito cível e administrativo. 
b) Odete pode ser responsabilizada pelo crime descrito no art. 244-A, do Estatuto da Criança e do 
Adolescente, verbis: “Submeter criança ou adolescente, como tais defi nidos no caput do art. 2º desta Lei, à 
prostituição ou à exploração sexual”. 
c) Odete pode ser responsabilizada pelo crime de estupro de vulnerável, previsto no art. 217-A do CP, verbis: 
“Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos”. 
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d) Odete pode ser responsabilizada pelo crime de omissão de socorro, previsto no art. 135, do CP, verbis: 
“Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou 
extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses 
casos, o socorro da autoridade pública”. 
Comentários 
Resposta: C 
−Trata-se de questão ligada aos crimes omissivos e suas consequências, nas bases do art. 13 e § 2º do CP. De 
acordo com o enunciado, Odete, diretora da instituição pública, é garantidora, e, portanto, responsável pelas 
crianças, nos termos do referido art. 13, § 2º, do CP. Por isso, responderá pelos resultados produzidos caso 
se omita, dolosa ou culposamente, diante de situações de perigo. Diante do narrado, por presenciar os 
estupros da menina de 9 anos (vulnerável) sem nada fazer para impedi-los, deverá responder por esses 
resultados, ou seja, pelos crimes de estupro de vulnerável (art. 217-A do CP) praticados pela recreadora. 
Trata-se de crime omissivo impróprio ou impuro, também chamado de comissivo por omissão. 
 
(FGV/XIV Exame de Ordem Unificado) Isadora, mãe da adolescente Larissa, de 12 anos de idade, saiu um 
pouco mais cedo do trabalho e, ao chegar à sua casa, da janela da sala, vê seu companheiro, Frederico, 
mantendo relações sexuais com sua filha no sofá. Chocada com a cena, não teve qualquer reação. Não tendo 
sido vista por ambos, Isadora decidiu, a partir de então, chegar à sua residência naquele mesmo horário e 
verificou que o fato se repetia por semanas. Isadora tinha efetiva ciência dos abusos perpetrados por 
Frederico, porém, muito apaixonada por ele, nada fez. Assim, Isadora, sabendo dos abusos cometidos por 
seu companheiro contra sua filha, deixa de agir para impedi-los. 
Nesse caso, é correto afirmar que o crime cometido por Isadora é: 
a) omissivo impróprio. 
b) omissivo próprio. 
c) comissivo. 
d) omissivo por comissão. 
Comentários 
Resposta: A 
− Esta questão se refere aos crimes omissivos e sua classificação em omissivos próprios ou puros e omissivos 
impróprios ou impuros (comissivos por omissão). Os crimes omissivos próprios são aqueles em que a própria 
lei prevê uma conduta omissiva como crime, criando assim um dever geral (para todos) de agir diante da 
situação prevista no tipo, sendo que por prever uma omissão como crime, não há qualquer resultado previsto 
ou imputável ao agente que se omitir. (Ex: Omissão de Socorro – art. 135 CP). Já os omissivos impróprios na 
verdade não se caracterizam como sendo uma classificação dada a um ou outro artigo do CP, mas sim uma 
forma de se imputar resultados concretos, previstos na Lei através de ações (ex.: art. 121, 129, 163, 213 CP) 
em face de uma omissão de certos agentes chamados de garantidores. Os garantidores (art. 13 § 2º CP) 
possuem um dever específico de enfrentar o perigo e de evitar que resultados aconteçam, e caso se omitam 
dolosa ou culposamente responderão pelos resultados (crimes) produzidos. Os ascendentes (Ex: mãe) são 
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garantidores de acordo com a alínea “A” do art. 13 § 2º CP, e deverão responder por qualquer resultado 
lesivo que se produza em face de sua omissão. Sendo assim, de acordo com o narrado, a mãe, mesmo 
sabendo que sua filha estava sendo estuprada, e podendo atuar para impedir isso, omitiu-se, devendo, 
portanto, responder pelo resultado produzido, ou seja, responderá pelo crime de Estupro de Vulnerável (art. 
217 A CP), através da chamada omissão imprópria (crime comissivo por omissão). 
 
(FGV/XXI Exame da OAB) Carlos presta serviço informal como salva-vidas de um clube, não sendo 
regularmente contratado, apesar de receber uma gorjeta para observar os sócios do clube na piscina, 
durante toda a semana. Em seu horário de “serviço”, com várias crianças brincando na piscina, fica 
observando a beleza física da mãe de uma das crianças e, ao mesmo tempo, falando no celular com um 
amigo, acabando por ficar de costas para a piscina. Nesse momento, uma criança vem a falecer por 
afogamento, fato que não foi notado por Carlos. Sobre a conduta de Carlos, diante da situação narrada, 
assinale a afirmativa correta. 
A) Não praticou crime, tendo em vista que, apesar de garantidor, não podia agir, já que concretamente não 
viu a criança se afogando.B) Deve responder pelo crime de homicídio culposo, diante de sua omissão culposa, violando o dever de 
garantidor. 
C) Deve responder pelo crime de homicídio doloso, em razão de sua omissão dolosa, violando o dever de 
garantidor. 
D) Responde apenas pela omissão de socorro, mas não pelo resultado morte, já que não havia contrato 
regular que o obrigasse a agir como garantidor. 
Comentários 
Resposta: B 
No presente caso, Carlos deverá responder pelo crime de homicídio culposo, diante de sua omissão culposa, 
violando o dever de garantidor. Os garantidores responderão, caso se omitam, dolosa ou culposamente pelos 
resultados produzidos na situação concreta, ou seja, vão responder pelos crimes previstos no código penal 
por ação, e pelos resultados gerados na situação concreta, desde que haja a efetiva possibilidade de ação. 
 
(FGV/XXVIII Exame da OAB) David, em dia de sol, levou sua filha, Vivi, de 03 anos, para a piscina do clube. 
Enquanto a filha brincava na piscina infantil, David precisou ir ao banheiro, solicitando, então, que sua amiga 
Carla, que estava no local, ficasse atenta para que nada de mal ocorresse com Vivi. Carla se comprometeu a 
cuidar da filha de David. Naquele momento, Vitor assumiu o posto de salva-vidas da piscina. Carla, que 
sempre fora apaixonada por Vitor, começou a conversar com ele e ambos ficam de costas para a piscina, não 
atentando para as crianças que lá estavam. Vivi começa a brincar com o filtro da piscina e acaba sofrendo 
uma sucção que a deixa embaixo da água por tempo suficiente para causar seu afogamento. David vê quando 
o ato acontece através de pequena janela no banheiro do local, mas o fecho da porta fica emperrado e ele 
não consegue sair. Vitor e Carla não veem o ato de afogamento da criança porque estavam de costas para a 
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piscina conversando. Diante do resultado morte, David, Carla e Vitor ficam preocupados com sua 
responsabilização penal e procuram um advogado, esclarecendo que nenhum deles adotou comportamento 
positivo para gerar o resultado. Considerando as informações narradas, o advogado deverá esclarecer que: 
A) Carla e Vitor, apenas, poderão responder por homicídio culposo, já que podiam atuar e possuíam 
obrigação de agir na situação. 
B) David, apenas, poderá responder por homicídio culposo, já que era o único com dever legal de agir por 
ser pai da criança. 
C) David, Carla, Vitor poderão responder por homicídio culposo, já que os três tinham o dever de agir. 
D) Vitor, apenas, poderá responder pelo crime de omissão de socorro. 
Comentários 
Resposta: A 
Os garantidores responderão, caso se omitam, dolosa ou culposamente pelos resultados produzidos na 
situação concreta, ou seja, vão responder pelos crimes previstos no código penal por ação, e pelos resultados 
gerados na situação concreta, desde que haja a efetiva possibilidade de ação. Por esta razão, Carla e Vitor, 
apenas, poderão responder por homicídio culposo, já que podiam atuar e possuíam obrigação de agir na 
situação. 
3 - RELAÇÃO DE CAUSALIDADE E IMPUTAÇÃO OBJETIVA 
Amigos, vamos entrar agora num dos temas mais complexos e interessantes do Direito Penal, mas não se 
preocupem, este tema quando aparece na nossa prova é cobrado de forma bastante simples. 
Outra coisa, vocês vão ver que os casos concretos que vamos apresentar como exemplos aqui no nosso 
estudo, serão praticamente idênticos aos casos que costumam aparecer na prova da OAB e, por isso, após o 
nosso estudo vocês estarão prontos para resolver qualquer questão a respeito do tema relação de 
causalidade!!! 
De forma bastante simples, podemos afirmar que Causalidade é a relação de causa e efeito entre a conduta 
do agente e o resultado causado no mundo fático, sendo necessário que haja o nexo de causalidade para 
que se possa atribuir um resultado concreto a alguém. 
Porém, de acordo com a estrutura finalista da ação, adotada pelo CP, nada impede que haja crime na 
ausência do nexo de causalidade, como ocorre em certas hipóteses de tentativa, ou em certos crimes em 
que não há resultado concreto sequer previsto no tipo (ex.: omissão de socorro – art. 135 do CP). 
O Código Penal, em seu art. 13, adotou a teoria da equivalência das condições, ou da equivalência dos 
antecedentes, também chamada de “teoria da conditio sine qua non”, para determinar o que é causa de 
certo resultado, e assim estabelecer se há ou não nexo de causalidade entre a conduta e o resultado típico 
produzido no mundo fático. 
Percebam que de acordo com a referida teoria prevista no CP (art. 13 do CP): 
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Causa será toda condição essencial, necessária, sem a qual o resultado não se produziria 
da forma como se produziu. Sendo que, havendo vários fatores essenciais para um 
resultado se produzir, eles se equivalem, e todos serão vistos como causa de um resultado. 
3.1 - Método da Eliminação Hipotética 
Para solucionarmos casos concretos na forma como o examinador costuma perguntar na nossa prova, e nos 
termos da teoria da equivalência dos antecedentes, para determinarmos se a conduta do agente é ou não 
condição essencial para um resultado e, portanto, se é ou não causa, estipulando assim se esse resultado 
pode ser atribuído ao agente, utiliza-se o chamado método da eliminação hipotética. 
Vejam como a ideia é bastante simples!!! 
De acordo com este método elimina-se mentalmente, hipoteticamente, a conduta do agente, e caso o 
resultado mude, deixe de ocorrer da forma como aconteceu, a conduta eliminada será considerada causa, e 
o resultado produzido poderá ser imputado ao agente. 
Porém, se ao eliminar a conduta do agente o resultado permanecer idêntico, esta não será considerada como 
causa e, portanto, não poderá ser atribuído o resultado ao agente, que só responderá pelos atos realizados 
(ex.: tentativa). 
 
Vamos ficar atentos ao art. 13, § 1º, do CP que prevê uma única exceção ao método da eliminação 
hipotética e à teoria da conditio sine qua non, sendo que isto ocorre quando houver um fator, uma condição 
relativamente independente, superveniente (posterior) à conduta do agente, e que, por si só, tenha dado 
causa ao resultado, ou seja, não havendo um desdobramento natural da conduta por ele realizada. 
Relação de causalidade 
 Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem 
lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria 
ocorrido. 
Superveniência de causa independente 
§ 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, 
por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os 
praticou. 
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Neste caso, o sujeito só responderá por aquilo que fez, mas não pelo resultado ocorrido (ex.: agente dispara 
para matar, mas a vítima lesionada vem a morrer em decorrência de um incêndio no hospital ou de um 
acidente de ambulância – responde apenas pela tentativa de homicídio). 
3.2 - Imputação Objetiva do resultado 
Não se preocupem muito com esse tema, pois dificilmente será cobrado na sua prova, porém, precisamos 
ter uma ideia panorâmica a respeito do assunto para não sermos pegos de surpresa em uma eventual 
questão que mencione esta famosa teoria!!! 
Ah, antes que eu me esqueça de falar, essa teoria tem pouquíssima aplicação prática na nossa jurisprudência, 
já que não está prevista em nosso código penal, e o STF e o STJ, em regra, não adotam seus critérios. 
A Imputação Objetiva do Resultado, como uma teoria causal de atribuição de resultado, considera que a 
causalidade natural aferida pela Teoria da Equivalência das Condições deve ser apenas a condição mínima 
para se imputarum fato a alguém, devendo-se analisar também a relevância jurídica entre a conduta do 
sujeito e o resultado, para que se possa atribuir o resultado ao sujeito como obra sua, fundamentando assim 
sua responsabilização individual pela lesão de um bem jurídico tutelado. 
Sendo assim, a imputação objetiva não deve ser considerada um critério de imputação de resultados, mas 
sim um critério para a não imputação de um resultado como fator limitador da causalidade natural, restrin-
gindo a atribuição do resultado através de critérios objetivos que consigam ir além da relação natural de 
causa e efeito. 
Logo, a preocupação deixa de ser somente se o sujeito agiu com dolo ou com culpa no caso concreto, dando 
causa a uma lesão jurídica, mas transfere-se esta análise para um momento anterior para se aferir se o resul-
tado previsto objetivamente no tipo, e realizado, pode ou não ser imputado, atribuído ao autor como obra 
sua. Com isso, separa-se claramente a análise de uma imputação objetiva e subjetiva do fato típico praticado. 
Atualmente, há dois modelos principais de funcionalismo em evidência na Alemanha, o primeiro elaborado 
por Claus Roxin, chamado de funcionalismo personalista, com fortes bases de política criminal e fundamen-
tado na análise de qual significado se deve dar ao tipo penal para que sua aplicação fundamente-se nas 
funções do Direito Penal e em critérios valorativos-sociais ligados aos princípios constitucionais norteadores. 
O segundo modelo é chamado de Funcionalismo da Evitabilidade Pessoal, desenvolvido por Günther Jakobs 
e que tem como fundamento uma análise vinculada aos aspectos sociais, ou melhor, o fato típico deve estar 
ligado à intolerabilidade social de uma conduta praticada. A ação se desvincula exclusivamente do ser huma-
no e passa a ser descrita como parte da Teoria da Imputação. 
Em suma, a finalidade e a essência da imputação objetiva são limitar a Teoria da Equivalência dos 
Antecedentes, não mais restringindo a imputação penal somente a uma causalidade natural, mas também a 
uma causalidade normativa, exigindo assim que, além do resultado ter sido causado pelo agente, seja preciso 
avaliar a possibilidade jurídica e objetiva de que este resultado lhe seja juridicamente atribuído, para que só 
então haja responsabilização. 
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(FGV/IX Exame de Ordem Unificado) José subtrai o carro de um jovem que lhe era totalmente desconhecido, 
chamado João. Tal subtração deu-se mediante o emprego de grave ameaça exercida pela utilização de arma 
de fogo. João, entretanto, rapaz jovem e de boa saúde, sem qualquer histórico de doença cardiovascular, 
assusta-se de tal forma com a arma, que vem a óbito em virtude de ataque cardíaco. Com base no cenário 
acima, assinale a afirmativa correta. 
a) José responde por latrocínio. 
b) José não responde pela morte de João. 
c) José responde em concurso material pelos crimes de roubo e de homicídio culposo. 
d) José praticou crime preterdoloso. 
Comentários 
Resposta: B 
 − Trata-se de questão ligada à relação de causalidade e à exceção à regra estabelecida no art. 13 do CP para 
o tema, prevista no art. 13, § 1º, do CP. Para determinar se o agente pode ou não responder por um 
resultado, adotamos a teoria da conditio sine qua non (art. 13 do CP), pela qual causa é toda condição 
essencial para a produção de um determinado resultado. Sendo assim, utiliza-se o “método da eliminação 
hipotética”: eliminando a conduta do agente narrado na questão, caso o resultado mude, é sinal que sua 
conduta foi essencial para o resultado, e, portanto, causa, devendo ele responder por este resultado. 
Percebe-se que pelo fato narrado há relação de causalidade entre a conduta praticada (roubo com grave 
•Teoria da conditio sine qua non ou da equivalência das condições (art. 13 do Código 
Penal)
RELAÇÃO DE CAUSALIDADE
•Exceção: art. 13, §1º do Código Penal
MÉTODO DA ELIMINAÇÃO HIPOTÉTICA
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ameaça) e a morte do agente, já que este morreu em decorrência do susto produto da ação praticada. 
Entretanto, não basta que haja relação causal entre a conduta e o resultado objetivamente causado (morte) 
para se imputar esse resultado ao agente, pois a responsabilidade penal é exclusivamente subjetiva, e por 
isso depende do agente ter atuado com dolo ou culpa quanto ao resultado produzido. Como no caso narrado, 
o autor do roubo não teve dolo de matar a vítima, e também não se pode considerar que tenha havido culpa, 
ou seja, falta de cuidado e previsibilidade quanto à ocorrência do resultado (morte), pois a vítima possuía 
perfeitas condições de saúde, o resultado (morte) não poderá ser atribuído ao agente, que responderá 
somente pelo crime de roubo, e não pela morte de João. 
 
(FGV/X Exame de Ordem Unificado) João, com intenção de matar, efetua vários disparos de arma de fogo 
contra Antônio, seu desafeto. Ferido, Antônio é internado em um hospital, no qual vem a falecer, não em 
razão dos ferimentos, mas queimado em um incêndio que destrói a enfermaria em que se encontrava. 
Assinale a alternativa que indica o crime pelo qual João será responsabilizado. 
a) Homicídio consumado. 
b) Homicídio tentado. 
c) Lesão corporal. 
d) Lesão corporal seguida de morte. 
Comentários 
Resposta: B 
 Trata-se de questão ligada à relação de causalidade e à exceção à regra estabelecida no art. 13 do CP para 
o tema, prevista no art. 13, § 1º, do CP. Para determinar se o agente pode ou não responder por um 
resultado, adotamos a teoria da conditio sine qua non (art. 13 do CP), pela qual causa é toda condição 
essencial para a produção de um determinado resultado. Sendo assim, utiliza-se o “método da eliminação 
hipotética”: eliminando a conduta do agente narrado na questão, e, caso o resultado mude, é sinal que sua 
conduta foi essencial para o resultado, e, portanto, causa, devendo ele responder por este resultado. A única 
exceção ao método narrado, e à própria teoria, é a hipótese prevista no art. 13, § 1º, do CP, em que um fator 
posterior (superveniente) à conduta do agente por si só tenha sido capaz de gerar o resultado produzido, e, 
nesse caso, o agente não responderá pelo resultado, mas somente pelos atos por ele efetivamente 
realizados. Essa exceção é exatamente o que ocorre na questão, já que o incêndio no hospital foi um fator 
posterior (superveniente) à conduta praticada pelo autor (João) e que “por si só” foi capaz de gerar o 
resultado, ou seja, não foi um desdobramento natural da conduta de disparo, e não precisou da gravidade 
das lesões produzidas para gerar o resultado morte. Logo, de acordo com o art. 13, § 1º, do CP, João não 
poderá responder pelo resultado morte (homicídio consumado), mas responderá somente por aquilo que 
realizou, ou seja, pela tentativa de homicídio, já que, ao agir, seu dolo era de matar. 
 
(FGV/XII Exame de Ordem Unificado) Paula, com intenção de matar Maria, desfere contra ela quinze 
facadas, todas na região do tórax. Cerca de duas horas após a ação de Paula, Maria vem a falecer. Todavia, 
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a causa mortis determinada pelo auto de exame cadavérico foi envenenamento. Posteriormente, soube-se 
que Maria nutria intenções suicidas e que, na manhã dos fatos, havia ingerido veneno. Com base na situação 
descrita, assinale a afirmativa correta. 
a) Paula responderá por homicídio doloso consumado. 
b) Paula responderá por tentativa de homicídio. 
c) O veneno, em relação às facadas, configura concausa relativamente independente superveniente que por 
si só gerou o resultado. 
d) O veneno, em relação às facadas, configura concausa absolutamente independente concomitante. 
Comentários 
Resposta: B 
 − A questão se refere à análiseda relação de causalidade entre a conduta praticada por Paula (facadas) e o 
resultado morte produzido na vítima (Maria), já que se constata que houve um envenenamento prévio 
(causa preexistente absolutamente independente) por conta de uma tentativa de suicídio realizado pela 
própria vítima. De acordo com a teoria da conditio sine qua non, adotada em nosso ordenamento, causa será 
toda condição essencial para que um resultado se produza, e só se pode atribuir um resultado a quem lhe 
dá causa. Sendo assim, utiliza-se o método da eliminação hipotética para se descobrir se determinado fato 
é ou não causa de um resultado, de acordo com as concausas (outros fatores) que possam ter gerado o 
resultado. Por esse método elimina-se a conduta realizada pelo agente e avalia-se se o resultado muda ou 
deixa de ocorrer; caso isso ocorra, a conduta realizada será causa e o agente poderá responder pelo 
resultado. Porém, eliminando-se a conduta do agente, se o resultado permanecer idêntico, é porque esta 
não foi causa do resultado, e o sujeito só poderá responder pelos atos praticados, mas não pelo resultado 
natural causado. Nesse caso concreto, se eliminarmos as facadas, a morte da vítima continuaria acontecendo 
em função do envenenamento, logo, as facadas não são consideradas como causa e o resultado morte não 
poderá ser imputado a agente, que só responderá pelos atos praticados, ou seja, pela tentativa de homicídio. 
 
4 - ITER CRIMINIS 
 
Amigos, o tema deste capítulo está entre os mais importantes para nós, pois, todos, absolutamente todos, 
os diversos institutos que iremos analisar aqui já foram objeto de questões no exame de ordem! 
Além disso, aqui inauguramos o estudo do crime, e de sua realização, o que evidentemente é de 
fundamental importância na nossa matéria e para nossa prova. 
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No estudo que faremos a seguir vocês vão conhecer todos os principais pontos relacionados a realização do 
crime doloso e, por isso, podemos afirmar que de certa forma já estamos dentro daquilo que se chama Teoria 
do Crime em sentido amplo. 
Mas fique atento, pois, a Teoria do Crime propriamente dita (em sentido estrito), que analisa o conceito 
analítico de crime e seus elementos integrantes, vira logo a seguir e pode ser considerada o coração do nosso 
Direito Penal! 
4.1 - Conceito 
Vamos lá!!! 
Como disse a vocês, esse é um dos temas mais cobrados na nossa prova, e envolve diversos institutos muito 
famosos, que vemos toda hora em questões, tanto de 1ª fase como na nossa 2ª fase Penal, sendo que, com 
um estudo cuidadoso e alguns macetes, que vamos ver juntos nessa aula, vai ficar bem fácil de resolvermos 
as questões e detonar quando este assunto aparecer na nossa prova. 
O Iter criminis nada mais é do que o estudo 4 etapas de realização do crime doloso, o que obviamente é de 
grande importância para nossa prova, algumas destas etapas são obrigatórias, outras facultativas, podendo 
ou não aparecer no caso concreto, são elas: 
 
1ª Cogitação: Significa pensar, imaginar, elaborar mentalmente a prática de algo. Sendo uma etapa psíquica, 
que não afeta bem jurídico alheio, é absolutamente impunível, em face do princípio da lesividade. 
2ª Preparação ou atos preparatórios: É etapa concreta, no mundo fático, que visa propiciar, preparar, 
instrumentalizar a realização do crime. Porém, por não ultrapassar a esfera do próprio agente é, via de regra, 
também impunível. 
Cogitação
Preparação
Execução
Consumação
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Há exceções em que o legislador opta por criminalizar autonomamente atos que seriam de 
mera preparação impunível, fazendo que esses atos passem a configurar crimes de forma 
autônoma (ex.: arts. 288 e 291 do CP, Lei 13.260/16 - Terrorismo). 
3ª Atos executórios ou execução: ocorrem quando o agente dá início à realização do crime, passando a 
interferir na esfera do bem jurídico alheio e permitindo a intervenção do direito penal, o que ocorre ao 
menos através da tentativa (art. 14, II e parágrafo único, do CP). 
Não podemos deixar de ressaltar que de acordo com a maioria da doutrina, nosso ordenamento adotou o 
critério objetivo individual para delimitar o início de execução, e possibilitar a intervenção penal, punindo o 
crime. 
Para vocês entenderam a relevância desse critério, percebam que, para ele, os atos executórios começam 
no momento imediatamente anterior à concreta realização do verbo núcleo do tipo penal, quando o agente 
começa a se mover, manifestando seu plano criminoso (dolo), passando assim a interferir na esfera do bem 
jurídico alheio. 
Por isso, afirmamos que, o Direito Penal só pode intervir, criminalizando condutas, a partir da delimitação 
do início dos atos de execução, e isso ocorrerá através de um importante instituto que todos vocês 
conhecem... a famosa TENTATIVA!!! 
4ª Consumação: Vejam que esta etapa ocorre quando o crime está completo, ou seja, quando o agente 
realiza tudo aquilo que o tipo penal proibiu, lesionando o bem jurídico tutelado pela norma, e precisamos 
perceber que isso pode ocorrer de 3 formas: 
a) Com a concreta produção, materialização do resultado previsto no mundo fático (crimes materiais – ex.: 
art. 121 do CP – homicídio com o resultado morte); 
b) Com a completa realização da conduta formalmente proibida, independentemente da produção do 
resultado previsto (crimes formais – ex.: extorsão mediante sequestro; art. 159 do CP – não há necessidade 
de obter a vantagem do resgate); 
c) Com a completa realização da mera conduta proibida, já que não há sequer previsão de resultados (crimes 
de mera conduta – ex:. arts. 135 e 330 do CP). 
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4.2 - Tentativa (Art. 14, II e parágrafo único, do CP) 
Como vocês já puderam perceber, a tentativa nada mais é do que um iter criminis que não se concluiu, e 
ocorre quando o agente inicia a execução, mas não chega à consumação por motivos alheios à sua vontade, 
gerando assim um crime incompleto, que por isso terá sua pena diminuída de 1/3 a 2/3. 
Para ilustrar o que estamos falando vamos analisar juntos o Art. 14 do CP: 
Diz-se o crime: 
[...] 
II – tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à 
vontade do agente. 
Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena 
correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços. 
Quanto a sua natureza jurídica, a tentativa é considerada uma norma de extensão, pois 
permite se tipificar a conduta tentada nas bases do crime consumado previsto, para ter sua 
pena diminuída posteriormente, por isso trata-se de uma norma de adequação típica 
indireta, ou por subordinação mediata, sendo, na prática, uma causa de diminuição de 
pena. 
4.2.1 - Espécies de Tentativa 
Fiquem atentos pois a classificação que vamos estudar a seguir é um dos temas preferidos do examinador e 
um dos mais cobrados em provas em geral!!! 
As tentativas podem ser classificadas de acordo com sua natureza e suas consequências, da seguinte forma, 
e separamos essas especies de forma bastante simples para que você possa gravar, e nunca mais esquecer: 
Grupo 1: 
a) Inacabada ou imperfeita: é aquela em que o agente inicia a execução e, por motivos alheios a sua vontade, 
não consegue completar os atos executórios em curso, que por isso ficam inacabados, ou seja, ainda havia 
atos a realizar e o crime não se consuma (ex.: possui seis munições, atira somente uma e é preso em 
flagrante). 
b) Acabada ou perfeita (crime falho): ocorre quando o agente inicia e completa todos os atos executórios, 
não havendo mais nada a realizar. Porém, por motivos alheios a sua vontade, não se chega a consumação, o 
resultado lesivo não se produz (ex.:dispara toda a munição da arma, mas a vítima sobrevive). 
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Grupo 2: 
a) Tentativa “branca” ou incruenta: é aquela em que o agente atua, mas não gera qualquer lesão à vítima, 
ao bem jurídico tutelado, ou seja, não produz “derramamento de sangue” (ex.: atira para matar e erra o tiro). 
b) Tentativa cruenta ou “vermelha”: é aquela que produz um resultado concreto na vítima, embora esse 
resultado não gere a consumação do crime (ex.: atira para matar e causa lesão corporal). 
 
 
5 - INSTITUTOS DEFENSIVOS DO ITER CRIMINIS 
Galera, agora nós vamos estudar alguns temas que se relacionam diretamente com o Iter criminis, pois 
aparecem ligados às suas etapas, e são considerados institutos defensivos, razão pela qual não preciso nem 
dizer que são SUPER COBRADOS na prova da OAB!!! 
ESPÉCIAS DE 
TENTATIVAS
GRUPO 1
inacabada ou 
imperfeita
possui seis 
munições, atira 
somente uma e é 
preso em flagrante 
acabada ou 
perfeita
dispara toda a 
munição da arma, 
mas vítima 
sobrevive
GRUPO 2
"branca" ou 
incruenta
atira para matar e 
erra o tiro
"vermelha" ou 
cruenta
atira para matar e 
causa lesão corporal
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5.1 - Desistência Voluntária (Art. 15 do CP) 
Vamos começar analisado como este instituto está previsto na Lei, e de acordo com o Art. 15 do CP: 
O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o 
resultado se produza, só responde pelos atos já praticados. 
Com base no nosso Código Penal, a desistência voluntária ocorre quando o agente inicia os atos executórios 
e, durante sua realização, voluntariamente desiste de prosseguir e abandona a prática dos atos em curso. 
Dessa forma, diante de uma situação de desistência voluntária, não há consumação e afasta-se a tentativa 
(tentativa abandonada), já que não há “motivos alheios” para a não ocorrência do resultado, mas sim uma 
escolha voluntária do autor de abandonar a execução em andamento, logo, o fato por ele iniciado será 
considerado atípico. 
 
Porém, fiquem atentos, pois num caso concreto de desistência, nada impede que ele possa responder por 
outros crimes que já tenham ocorrido durante a realização dos atos. 
Vale a pena lembrarmos que, a desistência voluntária (e o arrependimento eficaz) são chamados de “ponte 
de ouro” do direito penal, já que permitem ao agente voltar à legalidade depois de ter iniciado a realização 
de um crime. 
Ex.: Um agente abre a porta de um carro que está destrancado num estacionamento rotativo, e quando está 
subtraindo o rádio resolve parar e ir embora, já que achou que o modelo do rádio não valia a pena. 
Nesse caso, sua conduta será atípica, ou responderá apenas pelo crime de dano (art. 163 do CP), caso tenha 
arrombado a porta do veículo. 
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Para diferenciar, em um caso concreto, uma situação de desistência voluntária de uma 
tentativa, evitando-se confusões relativas ao uso de temos como “desiste”, “abandona” 
(lato sensu) em um enunciado, utiliza-se a famosa Fórmula de Frank: 
“Se posso prosseguir e não quero, haverá desistência voluntária, mas se quero prosseguir 
e não posso, haverá tentativa.” 
5.2 - Arrependimento eficaz (Art. 15 do CP) 
Agora que já vimos a desistência voluntária, podemos estudar o arrependimento eficaz, que ocorre quando 
o agente inicia e completa todos os atos executórios, não havendo mais nada a realizar, porém, por sua 
própria escolha, atua eficazmente e impede a consumação, evitando assim a produção do resultado. 
Percebam que nesse caso, também afasta-se a tentativa (não há motivos alheios) e não havendo 
consumação, o fato iniciado torna-se atípico, podendo apenas se imputar ao agente outros crimes que 
eventualmente tenham ocorrido. 
Vamos a um exemplo concreto de como isso pode aparecer na nossa prova! 
Ex.: Um agente coloca veneno na bebida de seu desafeto e, após este ter tomado o veneno, resolve que não 
quer mais que ele morra, ministrando um antídoto ou levando a vítima a um hospital onde esta é salva. Logo, 
não responde pela tentativa de homicídio (que fica atípico), podendo responder somente por eventuais 
lesões corporais que a vítima tenha sofrido. 
 
Vamos a uma pequena DICA para você diferenciar a desistência 
voluntária do arrependimento eficaz numa situação concreta, para isso 
você deverá utilizar a seguinte frase: 
“Eu desisto apenas do que estou fazendo e me arrependo somente do 
que já fiz.” 
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5.3 - Arrependimento Posterior (Art. 16 do CP) 
Galera, vamos começar nosso estudo de mais este instituto defensivo do Iter criminis fazendo a leitura do 
Art. 16 do CP, que ao tratar do Arrependimento Posterior, afirma: 
 Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou 
restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do 
agente, a pena será reduzida de um a dois terços. 
Vejam como fica fácil: o arrependimento posterior é assim chamado por acontecer posteriormente à 
consumação, quando o agente repara o dano ou restitui a coisa, para receber diminuição de pena de um 
terço a dois terços, desde que preenchidos os seguintes requisitos: 
a) Crime sem violência ou grave ameaça à pessoa; 
b) A reparação do dano deve ser feita até o recebimento da denúncia. 
 
Embora haja divergência, entende-se que a reparação parcial não impossibilita a aplicação do 
arrependimento posterior, desde que seja razoável (STF: mínimo de 50%), obviamente gerando uma 
diminuição menor que o máximo de 2/3, que será usado apenas para as reparações que forem integrais. 
Obs.: CUIDADO!!! Nos crimes tributários a reparação integral do prejuízo poderá ser feita a qualquer tempo, 
mesmo após o trânsito em julgado da sentença, e será causa de extinção da punibilidade, não se aplicando, 
portanto, o arrependimento posterior. 
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5.4 - Crime Impossível (Art. 17 do CP) 
Muito bem pessoal, vamos entrar agora no último instituto defensivo relacionado ao Iter Criminis, o famoso 
crime impossível, que tem exemplos clássicos de serem cobrados em prova, e já adianto a vocês que o 
examinador adora esse tema! 
De acordo com o Art. 17 do CP: 
Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta 
impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime. 
O crime impossível é assim chamado por ser aquele que é impossível de se consumar, já que, diante da 
situação concreta, a lesão do bem jurídico tutelado no tipo específico é absolutamente impossível de ocorrer, 
embora o agente, que não sabe disso, realize a conduta e atue com dolo. 
Isto ocorre de duas formas, quando o meio utilizado para gerar o resultado é absolutamente ineficaz (ex.: 
matar com arma desmuniciada), ou ainda quando o objeto a ser atingido é absolutamente impróprio de 
sofrer o resultado pretendido (ex.: matar o morto). 
Em outras palavras, no crime impossível é impossível de se gerar o resultado pretendido pelo agente, ou 
seja, diante da situação concreta a consumação jamais se produzirá, a lesão ao bem jurídico é impossível, 
por isso, diz-se que o agente atua em situação conhecida como tentativa inidônea, tentativa ineficaz ou 
tentativa imprópria, para gerar ao resultado pretendido, 
Logo, vocês podem perceber que essa “tentativa”, por ser impossível o fato se consumar, terá como 
consequência a atipicidade deste fato, e fiquem atentos pois essa consequência é o que costuma ser 
perguntado em nossa prova. 
Se o meio ou o objeto foremapenas relativamente incapazes de gerar o resultado lesivo, 
não haverá crime impossível, mas sim tentativa punível. Logo, de acordo com a sumula 567 
do STJ a tentativa de furto em lojas com sistema de segurança, vigilância e câmeras será 
punida normalmente, não gerando crime impossível, já que, por menor que seja, sempre 
existe uma chance de o crime se consumar. 
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Ainda, de acordo com o STF, o flagrante preparado, também chamado de delito de ensaio, 
em face da impossibilidade de consumação, configura crime impossível, e não será válido, 
afastando assim a tentativa e tornando o fato atípico (Súmula 145 do STF). 
 
 
 
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(FGV/III Exame de Ordem Unificado) Ao concluir o curso de Engenharia, Arli, visando fazer uma brincadeira, 
inseriu, à caneta, em seu diploma, declaração falsa sobre fato juridicamente relevante. A respeito desse ato, 
é correto afirmar que Arli: 
a) praticou crime de falsificação de documento público. 
b) praticou crime de falsidade ideológica. 
c) praticou crime de falsa identidade. 
d) não praticou crime algum. 
Comentários 
Resposta: D 
− Esta questão narra a conduta de inserir informação falsa em um documento público, qual seja, o diploma 
de graduação em uma faculdade, que, a princípio, caracterizaria o crime de falsidade ideológica (art. 299 do 
CP). Porém, de acordo com o narrado, a inserção de informações falsas no documento se deu por meio de 
uma caneta comum, o que evidentemente caracteriza uma falsificação grosseira, e que é incapaz de iludir e 
afetar a fé pública, bem jurídico tutelado por este crime. Sendo assim, pela ineficácia absoluta do meio 
utilizado pelo agente para realizar a conduta de falsidade, ocorre o chamado Crime Impossível (art. 17 do 
CP), já que o bem jurídico tutelado pelo crime jamais será lesionado por meio dessa forma de conduta. Logo, 
diante da situação de Crime Impossível (art. 17 do CP), considera-se o fato praticado como atípico, não 
havendo crime. 
 
(FGV/VII Exame de Ordem Unificado) Filolau, querendo estuprar Filomena, deu início à execução do crime 
de estupro, empregando grave ameaça à vítima. Ocorre que ao se preparar para o coito vagínico, que era 
sua única intenção, não conseguiu manter seu pênis ereto em virtude de falha fisiológica alheia à sua 
vontade. Por conta disso, desistiu de prosseguir na execução do crime e abandonou o local. Nesse caso, é 
correto afirmar que: 
a) trata-se de caso de desistência voluntária, razão pela qual Filolau não responderá pelo crime de estupro. 
b) trata-se de arrependimento eficaz, fazendo com que Filolau responda tão somente pelos atos praticados. 
c) a conduta de Filolau é atípica. 
d) Filolau deve responder por tentativa de estupro. 
Comentários 
Resposta: D 
 − O enunciado narra a situação em que o agente com dolo de praticar estupro por meio de conjunção carnal 
não consegue dar prosseguimento a seus atos em razão de uma falha fisiológica, ou seja, por uma 
circunstância alheia à sua vontade. Dessa forma, caracteriza-se a situação de tentativa de estupro (art. 14, II 
e parágrafo único, do CP). Deve-se ter cuidado, pois o termo “desiste” está sendo usado em sentido lato, e 
não caracteriza efetivamente uma desistência, sendo, por isso, impossível se considerar a ocorrência de uma 
desistência voluntária (art. 15 do CP) para esta situação. 
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(FGV/III Exame de Ordem Unificado) Marcus, visando roubar Maria, a agride, causando-lhe lesões corporais 
de natureza leve. Antes, contudo, de subtrair qualquer pertence, Marcus decide abandonar a empreitada 
criminosa, pedindo desculpas à vítima e se evadindo do local. Maria, então, comparece à delegacia mais 
próxima e narra os fatos à autoridade policial. 
No caso acima, o delegado de polícia: 
a) deverá instaurar inquérito policial para apurar o crime de roubo tentado, uma vez que o resultado 
pretendido por Marcus não se concretizou. 
b) nada poderá fazer, uma vez que houve a desistência voluntária por parte de Marcus. 
c) deverá lavrar termo circunstanciado pelo crime de lesões corporais de natureza leve. 
d) nada poderá fazer, uma vez que houve arrependimento posterior por parte de Marcus. 
Comentários 
Resposta: C 
 − Na conduta narrada no enunciado, o agente (Marcus), com dolo de subtrair bens da vítima (Maria), realiza 
violência contra ela, causando-lhe lesões corporais leves, entretanto, antes de realizar a subtração, desiste 
de prosseguir na empreitada criminosa, e abandona a execução sem nada levar. Nesse caso ocorreu a 
chamada Desistência Voluntária (art. 15 do CP), que tem como consequência afastar a tipicidade do fato 
iniciado pelo agente no qual houve a desistência, porém, imputando-se ao agente eventuais crimes que já 
tenham ocorrido durante a prática de seus atos. 
Dessa forma, embora o crime de roubo tenha se tornado atípico em face da desistência, a conduta de lesão 
corporal leve praticada deverá ser punida normalmente, e, por se tratar de crime da competência dos 
juizados especiais (Lei 9.099/1995), o delegado deverá lavrar o termo circunstanciado para que, 
posteriormente, haja a audiência de conciliação ou eventual processo em sede de juizado. 
 
 
 
(FGV/XXIV Exame da OAB) Decidido a praticar crime de furto na residência de um vizinho, João procura o 
chaveiro Pablo e informa do seu desejo, pedindo que fizesse uma chave que possibilitasse o ingresso na 
residência, no que foi atendido. No dia do fato, considerando que a porta já estava aberta, João ingressa na 
residência sem utilizar a chave que lhe fora entregue por Pablo, e subtrai uma TV. Chegando em casa, narra 
o fato para sua esposa, que o convence a devolver o aparelho subtraído. No dia seguinte, João atende à 
sugestão da esposa e devolve o bem para a vítima, narrando todo o ocorrido ao lesado, que, por sua vez, 
comparece à delegacia e promove o registro próprio. 
Considerando o fato narrado, na condição de advogado(a), sob o ponto de vista técnico, deverá ser 
esclarecido aos familiares de Pablo e João que 
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A) nenhum deles responderá pelo crime, tendo em vista que houve arrependimento eficaz por parte de João 
e, como causa de excludente da tipicidade, estende-se a Pablo. 
B) ambos deverão responder pelo crime de furto qualificado, aplicando-se a redução de pena apenas a João, 
em razão do arrependimento posterior. 
C) ambos deverão responder pelo crime de furto qualificado, aplicando-se a redução de pena para os dois, 
em razão do arrependimento posterior, tendo em vista que se trata de circunstância objetiva. 
D) João deverá responder pelo crime de furto simples, com causa de diminuição do arrependimento 
posterior, enquanto Pablo não responderá pelo crime contra o patrimônio. 
Comentário 
Resposta: D 
O arrependimento posterior é assim chamado por acontecer posteriormente à consumação, quando o 
agente repara o dano ou restitui a coisa, para receber diminuição de pena de um terço a dois terços, desde 
que o crime cometido seja sem violência ou grave ameaça à pessoa e a reparação do dano seja feita até o 
recebimento da denúncia. Assim, verifica-se que incidiu no caso apresentado pelo enunciado o 
arrependimento posterior por João. Pablo não responderá pelo crime pois Pablo não utilizou a chave por ele 
formulada para ingressar na residência do vizinho. 
 
(FGV/XVII Exame da OAB) Cristiane, revoltada com a traição de seu marido, Pedro, decide matá-lo. Para 
tanto, resolve esperar que ele adormeça para, durante a madrugada, acabar com sua vida. Por volta das 22h, 
Pedro deita para ver futebol na sala daresidência do casal. Quando chega à sala, Cristiane percebe que Pedro 
estava deitado sem se mexer no sofá. Acreditando estar dormindo, desfere 10 facadas em seu peito. Nervosa 
e arrependida, liga para o hospital e, com a chegada dos médicos, é informada que o marido faleceu. O laudo 
de exame cadavérico, porém, constatou que Pedro havia falecido momentos antes das facadas em razão de 
um infarto fulminante. Cristiane, então, foi denunciada por tentativa de homicídio. Você, advogado (a) de 
Cristiane, deverá alegar em seu favor a ocorrência de 
A) crime impossível por absoluta impropriedade do objeto. 
B) desistência voluntária. 
C) arrependimento eficaz. 
D) crime impossível por ineficácia do meio. 
Comentário 
Resposta: A 
O crime impossível é assim chamado por ser aquele que é impossível de se consumar, já que, diante da 
situação concreta, a lesão do bem jurídico tutelado no tipo específico é absolutamente impossível de ocorrer, 
embora o agente, que não sabe disso, realize a conduta e atue com dolo. Em outras palavras, no crime 
impossível é impossível de se gerar o resultado pretendido pelo agente, ou seja, diante da situação concreta 
a consumação jamais se produzirá, a lesão ao bem jurídico é impossível, por isso, diz-se que o agente atua 
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em situação conhecida como tentativa inidônea, tentativa ineficaz ou tentativa imprópria, para gerar ao 
resultado pretendido. 
 
(FGV/XVIII Exame da OAB) Mário subtraiu uma TV do seu local de trabalho. Ao chegar em casa com a coisa 
subtraída, é convencido pela esposa a devolvê-la, o que efetivamente vem a fazer no dia seguinte, quando 
o fato já havia sido registrado na delegacia. O comportamento de Mário, de acordo com a teoria do delito, 
configura 
A) desistência voluntária, não podendo responder por furto. 
B) arrependimento eficaz, não podendo responder por furto. 
C) arrependimento posterior, com reflexo exclusivamente no processo dosimétrico da pena. 
D) furto, sendo totalmente irrelevante a devolução do bem a partir de convencimento da esposa. 
Comentário 
Resposta: C 
O arrependimento posterior é assim chamado por acontecer posteriormente à consumação, quando o 
agente repara o dano ou restitui a coisa, para receber diminuição de pena de um terço a dois terços, desde 
que o crime cometido seja sem violência ou grave ameaça à pessoa e a reparação do dano seja feita até o 
recebimento da denúncia. Haverá reflexo no processo dosimétrico, pois o arrependimento posterior é uma 
causa obrigatória de redução de pena. 
 
(FGV/XIX Exame da OAB) Durante uma discussão, Theodoro, inimigo declarado de Valentim, seu cunhado, 
golpeou a barriga de seu rival com uma faca, com intenção de matá-lo. Ocorre que, após o primeiro golpe, 
pensando em seus sobrinhos, Theodoro percebeu a incorreção de seus atos e optou por não mais continuar 
golpeando Valentim, apesar de saber que aquela única facada não seria suficiente para matá-lo. Neste caso, 
Theodoro 
A) não responderá por crime algum, diante de seu arrependimento. 
B) responderá pelo crime de lesão corporal, em virtude de sua desistência voluntária. 
C) responderá pelo crime de lesão corporal, em virtude de seu arrependimento eficaz. 
D) responderá por tentativa de homicídio. 
Comentários 
Resposta: B 
A desistência voluntária ocorre quando o agente inicia os atos executórios e, durante sua realização, 
voluntariamente desiste de prosseguir e abandona a prática dos atos em curso. Nos termos do Código Penal 
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Dessa forma, diante de uma situação de desistência voluntária, não há consumação e afasta-se a tentativa, 
já que não há “motivos alheios” para a não ocorrência do resultado, mas escolha voluntária do autor de 
abandonar a execução em andamento. 
No caso Theodoro, responderá pelo crime de lesão corporal, em virtude de sua desistência voluntária, nos 
termos do artigo 15, primeira parte do CP, pois desistiu de prosseguir na execução. 
 
(FGV/XXVII Exame da OAB) No dia 05/03/2015, Vinícius, 71 anos, insatisfeito e com ciúmes em relação à 
forma de dançar de sua esposa, Clara, 30 anos mais nova, efetua disparos de arma de fogo contra ela, com 
a intenção de matar. Arrependido, após acertar dois disparos no peito da esposa, Vinícius a leva para o 
hospital, onde ela ficou em coma por uma semana. No dia 12/03/2015, porém, Clara veio a falecer, em razão 
das lesões causadas pelos disparos da arma de fogo. Ao tomar conhecimento dos fatos, o Ministério Público 
ofereceu denúncia em face de Vinícius, imputando-lhe a prática do crime previsto no Art. 121, § 2º, inciso 
VI, do Código Penal, uma vez que, em 09/03/2015, foi publicada a Lei nº 13.104, que previu a qualificadora 
antes mencionada, pelo fato de o crime ter sido praticado contra a mulher por razão de ser ela do gênero 
feminino. Durante a instrução da 1ª fase do procedimento do Tribunal do Júri, antes da pronúncia, todos os 
fatos são confirmados, pugnando o Ministério Público pela pronúncia nos termos da denúncia. Em seguida, 
os autos são encaminhados ao(a) advogado(a) de Vinícius para manifestação. Considerando apenas as 
informações narradas, o(a) advogado(a) de Vinicius poderá, no momento da manifestação para a qual foi 
intimado, pugnar pelo imediato 
A) reconhecimento do arrependimento eficaz. 
B) afastamento da qualificadora do homicídio. 
C) reconhecimento da desistência voluntária. 
D) reconhecimento da causa de diminuição de pena da tentativa. 
Comentários 
Resposta: B 
O Código Penal adotou a teoria da atividade, segundo a qual considera praticado o crime no momento da 
realização da conduta, ainda que outro seja o momento de ocorrência do resultado. Diante disso, deve ser 
considerada a lei que estava em vigor no momento da ação, sendo que a lei penal apenas retroage para 
beneficiar o réu. No caso do enunciado a lei que qualificou o crime de homicídio é posterior à conduta 
delitiva, logo não poderá retroagir para prejudicar o acusado. 
 
(FGV/XXIX Exame da OAB) Em 05/10/2018, Lúcio, com o intuito de obter dinheiro para adquirir uma moto 
em comemoração ao seu aniversário de 18 anos, que aconteceria em 09/10/2018, sequestra Danilo, com a 
ajuda de um amigo ainda não identificado. No mesmo dia, a dupla entra em contato com a família da vítima, 
exigindo o pagamento da quantia de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) para sua liberação. Duas semanas 
após a restrição da liberdade da vítima, período durante o qual os autores permaneceram em constante 
contato com a família da vítima exigindo o pagamento do resgate, a polícia encontrou o local do cativeiro e 
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conseguiu libertar Danilo, encaminhando, de imediato, Lúcio à Delegacia. Em sede policial, Lúcio entra em 
contato com o advogado da família. 
Considerando os fatos narrados, o(a) advogado(a) de Lúcio, em entrevista pessoal e reservada, deverá 
esclarecer que sua conduta: 
 
A) não permite que seja oferecida denúncia pelo Ministério Público, pois o Código Penal adota a Teoria da 
Ação para definição do tempo do crime, sendo Lúcio inimputável para fins penais. 
B) não permite que seja oferecida denúncia pelo órgão ministerial, pois o Código Penal adota a Teoria do 
Resultado para definir o tempo do crime, e, sendo este de natureza formal, sua consumação se deu em 
05/10/2018. 
C) configura fato típico, ilícito e culpável, podendo Lúcio ser responsabilizado, na condição de imputável, 
pelo crime de extorsão mediante sequestro qualificado na forma consumada. 
D) configura fato típico, ilícito e culpável, podendo Lúcio ser responsabilizado, na condição de imputável, 
pelo crime de extorsão mediante sequestro qualificado na forma tentada, já que o crime não se consumou 
porcircunstâncias alheias à sua vontade, pois não houve obtenção da vantagem indevida. 
Comentários 
Resposta: C 
 
- Dois aspectos foram abordados nessa questão: 
 a) O crime de sequestro é crime permanente e, por isso, mesmo tendo sido praticado por pessoa 
menor de idade este crime permanece em consumação durante todo o período de permanência, em que a 
vítima esta com sua liberdade privada. Logo, se o agente completa 18 anos durante a permanência, responde 
como maior de idade. 
 b) O crime de extorsão mediante sequestro (Art.159CP) é crime formal e, por isso, se consuma com 
a simples prática da conduta prevista no tipo, independentemente da produção ou não do resultado previsto 
(obtenção da vantagem). 
Desta forma, o gabarito "C”, estabelece que o agente responda como maior de idade e pelo crime 
consumado. 
 
(FGV/XXIX Exame da OAB) Após discussão em uma casa noturna, Jonas, com a intenção de causar lesão, 
aplicou um golpe de arte marcial em Leonardo, causando fratura em seu braço. Leonardo, então, foi 
encaminhado ao hospital, onde constatou-se a desnecessidade de intervenção cirúrgica e optou-se por um 
tratamento mais conservador com analgésicos para dor, o que permitiria que ele retornasse às suas 
atividades normais em 15 dias. 
A equipe médica, sem observar os devidos cuidados exigidos, ministrou o remédio a Leonardo sem observar 
que era composto por substância à qual o paciente informara ser alérgico em sua ficha de internação. Em 
razão da medicação aplicada, Leonardo sofreu choque anafilático, evoluindo a óbito, conforme demonstrado 
em seu laudo de exame cadavérico. 
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Recebidos os autos do inquérito, o Ministério Público ofereceu denúncia em face de Jonas, imputando-lhe o 
crime de homicídio doloso. 
Diante dos fatos acima narrados e considerando o estudo da teoria da equivalência, o(a) advogado(a) de 
Jonas deverá alegar que a morte de Leonardo decorreu de causa superveniente: 
 
A) absolutamente independente, devendo ocorrer desclassificação para que Jonas responda pelo crime de 
lesão corporal seguida de morte. 
B) relativamente independente, devendo ocorrer desclassificação para o crime de lesão corporal seguida de 
morte, já que a morte teve relação com sua conduta inicial. 
C) relativamente independente, que, por si só, causou o resultado, devendo haver desclassificação para o 
crime de homicídio culposo. 
D) relativamente independente, que, por si só, produziu o resultado, devendo haver desclassificação para o 
crime de lesão corporal, não podendo ser imputado o resultado morte. 
Comentários 
Resposta: D 
 
- Nesta questão aplica-se o Art. 13 par.1º do CP, pois o erro médico de ministrar o medicamento que a vítima 
era alérgica foi uma condição superveniente (ocorreu após o golpe), relativamente independente à conduta 
do agente (sem o golpe o agente não teria ido ao hospital), mas que por si só causou o resultado (não foi 
uma decorrência normal, consequência natural das lesões sofridas, mas sim um fator independente que 
gerou o resultado). Desta forma, afasta-se a imputação do resultado e o agente responde apenas por sua 
conduta e de acordo com seu dolo (lesão corporal), mas não pelo resultado (morte) ocorrido. 
 
(FGV/XXIX Exame da OAB) Durante a madrugada, Lucas ingressou em uma residência e subtraiu um 
computador. Quando se preparava para sair da residência, ainda dentro da casa, foi surpreendido pela 
chegada do proprietário. Assustado, ele o empurrou e conseguiu fugir com a coisa subtraída. 
Na manhã seguinte, arrependeu-se e resolveu devolver a coisa subtraída ao legítimo dono, o que 
efetivamente veio a ocorrer. O proprietário, revoltado com a conduta anterior de Lucas, compareceu em 
sede policial e narrou o ocorrido. Intimado pelo Delegado para comparecer em sede policial, Lucas, 
preocupado com uma possível responsabilização penal, procura o advogado da família e solicita 
esclarecimentos sobre a sua situação jurídica, reiterando que já no dia seguinte devolvera o bem subtraído. 
Na ocasião da assistência jurídica, o(a) advogado(a) deverá informar a Lucas que poderá ser reconhecido(a) 
A) a desistência voluntária, havendo exclusão da tipicidade de sua conduta. 
B) o arrependimento eficaz, respondendo o agente apenas pelos atos até então praticados. 
C) o arrependimento posterior, não sendo afastada a tipicidade da conduta, mas gerando aplicação de causa 
de diminuição de pena. 
D) a atenuante da reparação do dano, apenas, não sendo, porém, afastada a tipicidade da conduta. 
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Resposta: D 
A conduta narrada no enunciado desta questão configura o crime de roubo improprio (Art. 157 par. 1º CP), 
qual seja, aquele em que a violência ocorre após a subtração do bem e com o intuito de garantir a detenção 
da coisa ou assegurar a impunidade do crime. 
A devolução do produto do crime após a consumação e antes do recebimento da denúncia pode caracterizar 
o instituto do arrependimento posterior (Art. 16 CP), porém este não é admitido em crime com violência ou 
grave ameaça a pessoa. 
Desta forma, no roubo improprio, praticado na questão, há violência (empurrar o proprietário do bem) e, 
portanto, não é cabível o arrependimento posterior, devendo-se aplicar ao fato típico praticado apenas a 
atenuante pela reparação do dano, presente no Art. 65 III, “b” do CP. 
6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Muito bem, pessoal, finalizamos este importante capítulo do nosso estudo, que além de muito interessante 
traz temas que toda hora aparecem na nossa prova. 
Como vocês perceberam, aqui se inaugurou o estudo do crime e de sua realização, abrindo as portas para 
que possamos, a seguir, estudar a chamada Teoria do Crime (sentido estrito), que envolve os elementos 
estruturais do conceito analítico de crime, bem como suas características e funções. 
O estudo do Iter criminis, tema que acabamos de analisar, é considerado por muitos como parte integrante 
da teoria do crime em sentido amplo, embora, em sentido estrito, vamos começar o estudo dos elementos 
do crime a partir de agora, e esse é o coração do Direito Penal, e o tema mais importante da nossa matéria!!! 
Vamos lá, amigos, que a partir de agora o bicho vai pegar, e vamos entrar a fundo no ponto mais importante 
de todo o Direito Penal!!! 
 
 
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