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As doenças dos vasos, em particular das artérias, são a principal causa de morte no mundo todo, inclusive no Brasil. Hipertensão arterial sistêmica e aterosclerose são as principais responsáveis pela morbidade e mortalidade. A aterosclerose é a principal causa de infartos do miocárdio e do encéfalo. Cardiopatia isquêmica (também chamada de Doença Arterial Coronariana) está relacionada a síndromes associadas à isquemia miocárdia (cardiopatia isquêmica ocorre quando um quadro de isquemia acomete o coração e provoca patologias). Em 90% dos casos a isquemia é resultante da redução do fluxo sanguíneo devido a lesões ateroscleróticas obstrutivas nas artérias coronárias epicárdicas. O acúmulo de placa na artéria coronária bloqueia o fluxo sanguíneo e o oxigênio destinado a nutrir as células cardíacas, provocando danos e morte ao tecido cardíaco. As cardiopatias isquêmicas ocorrem quando há um desequilíbrio entre oferta e demanda. Demanda > Oferta Quadro isquêmico OFERTA: quantidade de sangue arterial que chega no coração DEMANDA: necessidades metabólicas do coração Angina pectoris É a dor precordial, sem ocorrer, necessariamente, morte celular expressiva. Pode haver irradiação para o braço esquerdo, colo, ombro, braços, mandíbula, abdomên, costas e pescoço (a dor no pescoço auxilia para diferenciar de dissecção aórtica). São conhecidos e classificados três tipos: estável/típica, instável/crescente e prinzmetal/variante O frio e qualquer tipo de estimulante provocam vasoespasmos. Alteração de posição, dependendo da forma como é feita (levantou dor restaurante após algum tempo sentado) Esforço físico (subir escada e carregar a mala) Tabagismo aumenta de 2-3x a chance de um problema cardíaco, devido à formação de radicais livres. • ESTÁVEL: Placa reduz o aporte de oxigênio Fatores de risco → exercícios mais vigorosos ou estresse Sintomas → melhora com repouso ou nitroglicerina (redução da demanda), dor em aperto esmagadora que pode irradiar para braço esquerdo e mandíbula, a dor é sempre a mesma Razão → obstrução aterosclerótica fixa coronária Classe I Angina ocorre com esforços físicos prolongados e intensos (após uma maratona, por exemplo). Atividade física habitual, como caminhar e subir escadas, não provoca angina Classe II Discreta limitação para atividades habituais. Ocorre ao caminhar ou subir escadas rapidamente, após refeição, no frio, ao vento, sob estresse emocional, após caminhar 2 quarteirões planos ou ao subir mais de um lance de escadas Classe III Limitação com atividades habituais, como caminhar um quarteirão plano ou subir um lance de escadas Classe IV Incapacidade de realizar qualquer atividade habitual. Os sintomas podem surgir em repouso. Isquemia: redução do fluxo sanguíneo Anóxia: não têm O2 e nutrientes Ex.: Torniquete Hipóxia: O2 e nutrientes insuficientes Ex.: Aterosclerose • INSTÁVEL Placa sofre ruptura e provoca um trombo, reduzindo o aporte de oxigênio Fator de risco → precipitada por esforços menores (subir escada, segurar nenéns no colo, pequenas caminhadas) Sintomas → apresentam uma duração maior e mais intensa (dor geralmente dura mais de 20 min), não são aliviados por repouso ou nitroglicerina, apresenta um padrão de crescimento com piora da intensidade, duração e frequência dos episódios Razão → dor causada por alteração aguda da placa do trombo “Angina pré-infarto”: devido à maior probabilidade de ocorrer um infarto do miocárdio. Recomenda-se mudança de estilo de vida para tentar reduzir a obstrução • PRINZMETAL Vasoespasmo próximo ao trombo, reduzindo ainda mais o aporte de oxigênio Ocorre em repouso, podendo acordar o paciente do sono. O tipo de desencadeador pode alterar um pouco a farmacologia. Não responde a vasodilatadores (nitroglicerina). Ocorrem vasoespasmos próximos à placa aterosclerótica, reduzindo o calibre e, consequentemente, a quantidade de sangue, o que reduz ainda mais o aporte sanguíneo após a placa. Desencadeadores importantes são frio, cocaína (mais comum) e outros estimulantes. - Indivíduo com histórico pregresso de placa aterosclerótica/cardiopatia isquêmica na família sente dor intensa, sem alivio por 30/40 minutos, ao subir escadas – Angina instável cujo mecanismo desencadeador mais provável foi placa aterosclerótica com ruptura e trombo associado - Indivíduo estava realizando maratona e quando alcançou 18 km de percurso começou a sentir uma dor intensa. Foi atingido pelos paramédicos rapidamente e colocado em repouso, o que aliviou a dor – Angina Estável por presença de placa aterosclerótica, diminuindo a oferta. - Indivíduo correndo sente dor intensa, é colocado em repouso, mas não apresenta melhora do quadro – administrar nitroglicerina para fazer diagnóstico diferencial Infarto Área de necrose isquêmica de uma região do miocárdio causada por isquemia prolongada (a isquemia prolongada faz com que a lesão celular seja do tipo irreversível). Ocorre normalmente em decorrência de alteração aguda da placa aterosclerótica (ruptura, trombo associado) que induz uma oclusão trombótica súbita, resultando em necrose do miocárdio. Ruptura de placa aterosclerótica vulnerável → exposição de substâncias trombogênicas → formação de trombo → obstrução da coronária → isquemia → morte de músculo cardíaco → necrose Com o passar dos minutos, há uma redução da quantidade de ATP, devido à redução da quantidade de oxigênio que alcança as células e há um aumento da produção de lactato, produzido durante a glicólise, aumentando o pH da célula, o que ativa enzimas envolvidas no processo morte da célula. Pelo fato de o coração ser um órgão que demanda muito oxigênio, a ocorrência de lesões reversível não é alta. • PADRÕES DE INFARTO Existem basicamente dois padrões: os transmurais e os não- transmurais. A distribuição da necrose está relacionada com a localização e a causa da perfusão reduzida. Hipotensão global provoca oclusão de todas as coronárias, pois não chega sangue suficiente em nenhuma delas para nutrir o coração. Transmurais: são caracterizados por abranger todas as paredes do coração. Ocorre uma oclusão completa da coronária. Provocam elevação do segmento ST no ECG. Não-transmurais: ocorrem quando não há necrose de todas as paredes, mas sim de regiões subendocárdicas. Nesse caso, não há oclusão completa da coronária. Nesse caso, só há necrose de regiões subendocárdicas pois elas estão mais distantes das coronárias. Quando há obstrução apenas as células mais próximas são nutridas. Não provocam elevação do segmento ST. • REPERFUSÃO: Consiste na restauração do fluxo sanguíneo ao miocárdio isquêmico ameaçado por infarto, cujo objetivo é salvar o músculo cardíaco em risco e limitar o tamanho da área de infarto Quando há uma oclusão permanente e não há possibilidade de restauração do fluxo sanguíneo, a viabilidade das células cardíacas e a função cardíaca caem. Quando há uma oclusão temporária, mas com possibilidade de reperfusão, haverá um declínio da viabilidade das células devido à reperfusão realizada (EROs lesionam ainda mais), mas há também um reparo do tecido. Se for possível reperfundir, não haverá necessariamente lesão das camadas mais profundas do coração, portanto haveria um infarto do tipo não-transmural. Na parte em que houve isquemia, apenas as células que não estão em lesão irreversível são capazes de retomar o seu funcionamento. • PRÉ-CONDICIONAMENTO ISQUÊMICO: São curtos períodos de isquemia do miocárdio seguidos de reperfusão, induzindo um mecanismo de cardioproteção quando este é submetido posteriormente a um período de isquêmica prolongada. • BIOMARCADORES Os principais são proteína do miocárdio no plasma, troponina T e I, fração MB da creatina quinase(CK-MB: fração presente quase exclusivamente no cardiomiócito). Após 1h de isquemia, há aumento de mioglobina plasmática, mas não é um marcador específico. A troponina começa a aumentar após 2-3h, mas não pode ser usada como marcador em caso de infarto reincidente, pois as troponinas só são degradadas e saem do sangue após 10-14 dias. Em casos de reinfarto, o principal marcador é a CK-MB, que aumenta sua quantidade após 2-3h de isquemia, mas há redução dos níveis plasmáticos após 2 ou 3 dias. Início do infarto do miocárdio → membrana plasmática dos miócitos necrosados torna-se permeável → moléculas extravasam da célula e entram na circulação → essas moléculas podem ser usadas como biomarcadores para o diagnóstico de infarto do miocárdio
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