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Fármacos antivirais Dentro da classe de “antimicrobianos” os antivirais são os fármacos mais diversos devido às variações entre os vírus, de forma que alguns antivirais são criados para combater vírus específicos, que podem sofrer mutações e tornar-se resistente a esses fármacos, deixando-os obsoletos para o tratamento. São fármacos sempre em desenvolvimento, que apresentam vida útil muito curta, sendo um investimento constante sem uma garantia de retorno. Além disso, ao pensar em antivirais, deve-se levar em conta as características virais que facilitam a proliferação, dificultando o tratamento, como tamanho reduzido, aumentando a capacidade de dispersão e dificultando a capacidade de detecção, e alta resistência a ambientes hostis, principalmente os vírus não recobertos por envelope. Também possuem versatilidade em “reprodução” e facilidade em adaptação, em especial pela ausência de proteínas que corrigem alterações no material genético, tornando-os muito propensos a mutações, o que cria variantes numa velocidade muito grande. Além disso, os vírus são organismos relativamente simples, fazendo com que haja poucos alvos virais ao pensar em tratamento farmacológico, o que dificulta a criação de um arsenal suficiente. Alguns desses alvos são “opcionais”, como o envelope, diferentes tipos de material genético, dificultando a criação de um agente antiviral de amplo espectro. (evasão/resistência) Os vírus também são muito heterogêneos/variáveis entre si, o que também reduz o espectro de ação. Dependência do “metabolismo” hospedeiro também deve ser levada em conta, pois a criação de um fármaco sem algum grau de toxicidade é um desafio, visto que os alvos para combate viral muitas vezes se sobrepõem aos nossos componentes normais. • Vírus de interesse humano Em primeiro plano, estão os vírus com implicações respiratórias, como coronavírus, adenovírus, hantavírus, vírus sincicial respiratório (VSR), Rhinovírus (resfriado) e Influenza (gripe) Alguns vírus são de interesse particular no Brasil, por uma questão de permanência e persistência. Entre eles, destacam-se poxvírus (varíolas) e poliovírus (poliomielite), que atualmente estão controlados, togavírus (Chikungunya, rubéola) e flavivírus (febre amarela, dengue, zika) Outros vírus são de importância mundial, como Herpes vírus (CMV, herpes), papilomavírus (HPV), rabdovírus (raiva), hepatites (VHA, VHB, VHC), HIV (AIDS) e HTLV (leucemias) • Componentes básicos virais A partícula viral (vírion) apresenta alguns componentes obrigatórios e outros que são “opcionais”. Os componentes obrigatórios incluem o material genético, que pode ser RNA/DNA e variações dentro desse leque e uma capa proteica, denominada capsídeo, que é formada por monômeros proteicos chamados de capsômeros. Alguns vírus podem conter um envelope lipoproteico formado por glicoproteínas e fosfolipídeos, em geral derivados dos hospedeiros, que pode ser adquirido durante o brotamento, o que confere uma capacidade de evasão muito grande, por mimetizar estruturas superficiais de células dos hospedeiros. Além disso, alguns vírus podem conter em seu interior enzimas, que podem ser específicas dos vírus, que foram sintetizadas na última célula hospedeira, agilizando a infecção viral e a replicação • Ciclo viral O vírus é um parasita intracelular obrigatório, portanto requer “sequestro” metabólico do hospedeiro. Durante todo o ciclo viral, que pode ser variável de acordo com o vírus, mas tende a seguir algumas etapas básicas, alguns reguladores específicos podem ser usados como alvos para tentar controlar o ciclo em alguns vírus gerais. Existem problemas em relação a esse controle, como a existência de alvos variáveis durante o processo e pouco seletivos, pois enzimas virais podem ter homologia com enzimas humanas, portanto, mesmo que haja um fármaco inibidor de enzimas específicas de vírus, não há uma garantia absoluta de que esse fármaco não irá comprometer enzimas humanas, provocando toxicidade. O ciclo viral pode ser dividido em cinco etapas principais: fixação do vírus na superfície na célula do hospedeiro; englobamento do vírus por endocitose ou outro mecanismo, permitindo o desnudamento do material genético viral; ativação do material genético viral, que inclui uma gama de processos; síntese efetiva de proteínas virais pela maquinaria metabólica do hospedeiro; montagem do vírus, juntando proteínas estruturais à enzimas virais e material genético; liberação do vírus, que pode ocorrer por brotamento. → Invasão viral na célula hospedeira Com a chegada do vírus ao tecido-alvo, ocorre uma penetração do vírus na célula, que é mediada por interações entre proteínas de superfície virais ou componentes lipídicos do envelope e receptores ou componentes de membrana do hospedeiro. Essa interação confere o “tropismo tecidual”, ou seja, capacidade do vírus de ter um tecido alvo, já que depende dos componentes da membrana do hospedeiro. 1. Inibidores da entrada viral (fusão) Esses fármacos atuam impedindo a interação adequada vírus-hospedeiro. Existem dois principais exemplos, sendo que ambos são voltados para o tratamento da infecção por HIV. O HIV apresenta uma proteína de superfície com duas porções: a GP41 fica em contato com o capsídeo e é responsável pela fusão com a célula hospedeira e a GP120, importante para o ancoramento do vírus nos componentes de superfície do hospedeiro. A G120 interage com pelo menos duas estruturas de superfície das células humanas: a CD4 e o receptor CCR5, um coativador de citocinas. O Maraviroque se liga ao receptor CCR5, alvo da GP120, impedindo que essa proteína interaja com o receptor, atrapalhando o estabelecimento do ancoramento, o que impossibilita a entrada do vírus na célula. Ele pode ser administrado como comprimido. A enfurvitida se liga ao GP41, dificultando a entrada do vírus por impedir o acesso e a ação da GP41 durante a etapa de fusão. Esse fármaco é um peptídeo, o que dificulta o tratamento, pois a administração precisa ser por via parenteral. → Liberação do DNA/RNA viral Uma vez que o vírus entra na célula hospedeira, ele precisa sofrer algum tipo de degradação do capsídeo para liberação do material genético, possibilitando a ativação viral. Os vírus envelopados podem entrar na célula por endocitose ou por fusão, possibilitando a liberação do capsídeo no interior da célula. Independente da forma como ele entrou, o capsídeo irá cair no citosol e deve ser processado. A classe de vírus que atua sofre essa fase do ciclo viral é mais voltado para vírus cuja estrutura é mais simples e que precisam passar uma degradação dentro do endossomo. Dentro da vesícula endossomal, esse vírus deve passar por um processo de acidificação, por meio da fusão de lisossomos e enzimas do hospedeiro, garantindo um pH baixo que irá degradar o capsídeo e permitir a liberação do material genético viral. A ideia do hospedeiro em fazer isso é tentar degradar o vírus e expor porções da estrutura para que haja processamento e exposição de antígenos virais, via MHC-1 para ativar a resposta imune. No entanto, alguns vírus escapam desse sistema utilizando a acidificação do endossoma para desnudar o material genético, que consegue escapar da degradação, liberar o material genético no citosol e promover a ativação viral. 2. Inibidores da desmontagem viral São fármacos que impedem ou reduzem a acidificação de vesículas endossômicas Em situações normais, ocorre uma entrada significativa de H+ no endossomo, que entra na partícula viral por meio de receptores/canais específicos que o vírus pode expressar na sua superfície, otimizando o processo de degradação dos componentes de superfície viral. Essa degradação permite a dissociação da estrutura viral na matriz do endossomo, permitindo a liberação e ativação do material genético viral. Alguns fármacos,como a amantadina e a rimantadina, podem inibir alostericamente canais presentes na superfície do vírus, como os canais iônicos M2, e, mesmo que o meio endossômico seja acidificado, a entrada de prótons no vírus não é tão eficaz, impedindo a degradação adequada dos componentes de superfície viral. Além disso, alguns fármacos podem inibir a bomba de acidificação do endossoma, mas os representes são mais experimentais por provocar complicações metabólicas. A amantadina é efetiva nos casos de influenza A. Ela pode ser usada no tratamento de infecções ativas, para impedir que as partículas em proliferação infectem ou contaminem novas células, e também para uso profilático em algumas situações. A rimantadina é mais usada, por apresentar menos efeitos no SNC Os efeitos adversos principais são no SNC, como tontura e insônia. → Ativação do material genético Alguns vírus são de DNA, podendo ter fita simples ou dupla. Quando esse material genético está ativado, há a possibilidade de replicação, por ação de DNA-polimerase viral, permitindo a formação de novas partículas virais. Além disso, ele pode ser convertido em RNAm pela ação de RNA- polimerase do hospedeiro. Os vírus podem ter em sua composição RNAm. Dessa forma, eles não precisam transcrever e duplicar esse material genético para que haja produção de proteínas, pois ele pode ser diretamente traduzido (usando enzimas do hospedeiro). Se o material genético precisar ser replicado, isso pode ocorrer por meio de enzimas virais. Alguns vírus apresentam material genético em RNA, que não seja RNAm. Ele precisará ser transcrito em RNAm por meio de RNA-polimerase, tanto viral quanto do hospedeiro, para que haja tradução e síntese proteica. Há ainda alguns vírus de RNA que podem, por ação da transcriptase reversa, uma enzima exclusivamente viral, produzir DNA viral de dupla fita, que poderá ser transcrito em RNAm ou ser integrado no material genético do hospedeiro, formando o pró-virus (partes de DNA viral integrados no material genético do hospedeiro por meio de integrases virais). O pró-vírus praticamente impossibilita a erradicação da infecção e também pode induzir a malignização por meio da indução de oncogenes. 3. Inibidores da DNA-polimerase viral São fármacos que podem ser usados para tratar infecções virais em vírus que apresentam DNA como material genético, a exemplo dos herpes vírus e o vírus da catapora, e impedem a duplicação do material genético viral. São derivados de guanosina, um nucleosídeo nativo. São pró-fármacos que serão ativados por enzimas virais, o que garante uma certa seletividade e redução, por depender de enzimas virais. O valaciclovir, por exemplo, é convertido em aciclovir. Além disso, por serem pró-farmacos, apresentam maior biodisponibilidade e reduzem a toxicidade. Outros exemplos são o fanciclovir, convertido em penciclovir, e o valganciclovir, convertido em ganciclovir. O valaciclovir, após ser convertido em aciclovir, precisa ser ativado pela enzima timidina quinase viral, que formará o trifosfato de aciclovir, que é a forma ativa do fármaco e é 30x mais potente para inibir a DNA-polimerase viral, quando comparada à inibição da DNA-polimerase do hospedeiro. OBS.: o fármaco também pode ser ativo pela timidina quinase do hospedeiro, mas esta apresenta atividade 100x menor do que a viral. Os maiores problemas para o uso desses fármacos é a resistência de diversos vírus e a inefetividade em formas latentes, comum no caso da herpes. 4. Inibidores da transcriptase reversa A transcriptase reversa é uma enzima específica de vírus, portanto esses fármacos apresentam um perfil de toxicidade menor A) Análogos nucleosídicos/nucleotídicos (INTR) Podem ser utilizados em infecções relevantes, como por HIV e na hepatite B. A zidovudina (AZT) foi o fármaco usado como primeira escolha para o tratamento de HIV por muito tempo, mas apresenta alta toxicidade. A lamivudina (3TC) é mais usada atualmente por apresentam um perfil de toxicidade mais ameno, facilitando a adesão ao tratamento. A entricitabina (FTC), por questões cinéticas, pode ser utilizada apenas uma vez por dia. Esses fármacos são administrados em formas inativas e são ativados por meio de fosforilação, que ocorre por ação de enzimas do hospedeiro. Dessa forma, a ativação é não- seletiva, pois ela ocorre em todas as células do hospedeiro, estando elas infectadas ou não. O mecanismo de ação do AZT consiste na incorporação do fármaco na fita nascente de DNA, impedindo a adição de nucleotídeos pela transcriptase, servindo como um sinal de parada, o que impede a formação de material genético viral e, consequentemente, a proliferação dos vírus. No entanto, existe uma possível ação desses fármacos em algumas enzimas que podem ser análogas à transcriptase reversa, como DNA-polimerase (mamíferos) e DNA- polimerase (mitocondrial). A ação na DNA-polimerase mitocontrial é mais problemática, por haver uma maior analogia entre as enzimas, alterando processos metabólicos celulares, que irão ser a maior fonte de efeitos adversos. A zidovudina foi inserida no mercado em 1990 e promove melhoras em vários aspectos no tratamento do HIV, prolongando a vida e reduzindo as sequelas relacionadas ao vírus. Também reduz transmissão vertical. No entanto, ele apresenta uma série de problemas, como um tempo de meia vida muito baixo, acarretando várias administrações, ao longo do dia, o que reduz adesão. O risco de menor adesão facilita a ocorrência de mutações e resistência, por abrir janelas de concentrações sub-efetivas, permitindo o desenvolvimento de cepas resistentes. Além disso, quando usado em monoterapia, ele não impede progressão para AIDS, podendo ocorrer demência por HIV e progressões metabólica, levando a morte. Os efeitos adversos estão relacionados a células com altas demanda metabólica e proliferação, como no TGI, acarretando náuseas; tecidos sanguíneos, causando anemia; e no SNC, provocando insônia e cefaleia. B) Não-nucleosídicos (INNTR) O mecanismo de ação desses fármacos é muito semelhante ao dos INTR, mas não precisam ser ativados pelas células, por apresentarem uma estrutura com maior seletividade pela transcriptase reversa, por atuarem em sítios mais específicos da enzima (a inibição não ocorre no sítio ativo da enzima) São utilizados no tratamento de HIV e também impedem a polimerização da fita de DNA, por inibirem a enzima. O efavirenzo, por exemplo, liga-se a uma região distante do sítio catalítico, conferindo um perfil de toxicidade menor. Também são representantes da classe a etravirina, a nevirapina e a delavirdina. Por apresentarem maior seletividade, eles apresentam menos efeitos tóxicos relacionados à inibição da DNA- polimerase. No entanto, existe a possibilidade de interações farmacocinéticas por indução ou inibição enzimática da CYP450 hepática. Além disso, apresenta efeitos indesejados vastos, na pele, no TGI, no SNC e no metabolismo. O efavirenz apresenta efeito teratogênico descrito. 5. Inibidores da transcrição de RNAM viral São fármacos que atuam inibindo a RNA polimerase viral, podendo afetar tanto a transcrição quanto a replicação do material genético viral. O sofosbuvir atua inibindo a NS5B, uma subunidade da RNA polimerase viral. Declastavir e ledipasvir inibem a porção NS5A. Os três são utilizados no tratamento de hepatite C e o sofosbuvir tem sido estudado para utilização no tratamento de Chikungunya. A seletividade desses fármacos a determinadas subunidades faz com que eles tenham seu uso muito restrito. O remdesivir é usado no tratamento do ebola e atua como um análogo da adenosina, sendo, portanto, relativamente inespecífico, fazendo com que ele possa ser utilizado para infecções relacionadas a outros vírus. O mecanismo de ação da ribavirina não é completamente conhecido, mas ela parece afetar tanto a transcrição viral quanto a replicaçãode material genético viral. Ela pode ser capaz de induzir uma série de erros no material genético nascente, fazendo com que ele se torne não funcional, num processo conhecido como catástrofe por erro, o que, por induzir mutações, pode ser prejudicial por gerar um vírus mais resistente. Ela é um análogo de guanosina, que atua na RNA-polimerase, e pode ser usada contra vírus sincicial respiratório e no tratamento da hepatite C. Assim como o efavirenz, também é contraindicada durante a gestação. 6. Inibidores da integrase Impedem a formação do provírus, uma integração essencial para a replicação de certos vírus. O exemplar dessa classe é o raltegravir, que pode ser usado no tratamento de HIV, em especial quando refratário a outros tratamentos. → Tradução do genoma viral A tradução de proteínas estruturais e não-estruturais é necessária para que novas partículas virais sejam produzidas e liberadas. O genoma viral, em geral, é muito pequeno e sem íntrons. A tradução do genoma irá produzir uma poliproteína precursora/proteína genômica/proteína mãe, que contém diversas porções de outras proteínas. Para que ocorra a formação específica dessas proteínas, é necessária a ação de proteases, sejam elas virais ou do hospedeiro, que clivam a poliproteína em vários pontos, permitindo o processamento das proteínas virais individuais. 7. Inibidores da protease viral Em geral, são fármacos que contêm ligações peptídicas, fazendo com que eles pareçam peptídeos, o que permite a utilização deles como substrato pelas proteases. A interação desses fármacos, que atuam como substratos suicidas, com as proteases é muito intensa, impedindo a ação da enzima na poliproteína viral. São exemplos ritonavir, atazanavir, dafunavir e saquinavir, usados para o tratamento de HIV; e telaprevir, boceprevir e simeprevir, usados para o tratamento de hepatite C Os fármacos usados no tratamento de hepatite C podem promover a degradação de formas funcionais das proteínas NS3 e NS4A. A inibição das proteases pode ocorrer de maneira reversível ou irreversível. Existem proteases virais que podem ser específicas para o vírus. Nesses casos, alguns inibidores de protease podem agir com alta seletividade, o que confere uma baixa toxicidade, como ocorre com os fármacos usados no tratamento da hepatite C, que atuam nas porções NS3 e NS4A das enzimas. No entanto, alguns vírus utilizam proteases humanas, sendo necessária a atuação dos fármacos nessa protease, o que pode provocar uma série de efeitos indesejados, em especial voltados ao metabolismo, visto a importância das proteases para formação de enzimas. Essas alterações no metabolismo podem provocar aumento de colesterol e triglicerideos e hiperglicemia, induzida por dificuldade de produção de insulina e por problemas para desencadear a cascata relacionada ao metabolismo de glicose. A interferência direta em lipídeos pode provocar um remodelamento de tecidos gordurosos, com aumento de lipólise e redução de gordura em determinados locais e acúmulo em outros. Além disso, podem provocar diversas interações medicamentosas, em especial em pacientes com HIV, que usam vários antivirais e podem precisar de tratamentos para infecções oportunistas. → Montagem e liberação viral Depois que o vírus foi montado dentro da célula, é necessário que ele interaja com a face intracelular da membrana para que ele seja capaz de sair da célula. Essa interação pode ocorrer por três mecanismos mais claros: degradação de componentes da membrana e extravasamento viral, representando o ciclo lítico; exocitose, que pode ser promovido por algumas moléculas virais; e brotamento, em que o vírus se funda à membrana e saia levando partes da membrana, o que geralmente ocorre com vírus envelopados. No caso do brotamento, é necessário que ocorra evaginação e fusão da membrana, processos que envolvem a ação de enzimas, para permitir o destacamento da partícula viral da membrana celular. 8. Inibidores da neuraminidase Alguns fármacos irão atuar nessas enzimas que degradam componentes de membrana, a exemplo do ácido siálico, que geralmente interage com a hemaglutinina, por meio da ação da enzima neuraminidase. Os inibidores da neuraminidase também podem impedir a entrada viral, visto que a interação entre hemaglutinina e ácido siálico também ocorre nesse momento. Os exemplos dessa classe são zanamavir e oseltamivir, que apresentam estruturas análogas à do ácido siálico, permitindo o mimetismo da interação com a neuraminidase, inibindo o sítio ativo. São utilizados no tratamento de influenza, principalmente os tipos A e B, como o tamiflu, que pode ser utilizado por via oral. O zanamivir é utilizado por inalação e apresenta como efeito desejado importante o broncoespasmo. 9. Biofármacos antivirais São análogos de substâncias produzidas pelo organismo, na intenção de intensificar a ação do sistema imune. Um exemplo são as imunoglobulinas, administradas como um concentrado a fim de permitir uma neutralização viral antes que ele possa ser ativado e entrar na célula. Vários soros usados para prevenir infecções virais utilizam as imunoglobulinas como componente básico. Elas são utilizadas para prevenção ou para a atenuação de uma infecção em andamento, como ocorre com o uso do palivizumabe, um anticorpo monoclonal que se liga à glicoproteína de superfície no tratamento do vírus sincicial respiratório. Os interferons estão relacionados com a geração de um estado celular antiviral, por meio da produção de componentes celulares que impedem a síntese de proteínas virais e inibir a expressão dos genes virais, e também podem ser administrados em algumas infecções virais, a fim de aumentar MHC-1, estimular a maturação de linfócitos T e citotoxicidade. Eles apresentam meia-vida alta, por serem administrados em formas pequiladas (estruturas grandes). Podem ser utilizados nos casos de hepatites B e C e no sarcoma de Kaposi. Como efeitos adversos, podem provocar um estado semelhante ao de gripe, com febre, mialgia e cefaleia.
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