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A Administração nas organizações brasileiras

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A Administração nas organizações brasileiras
A administração no Brasil apresenta uma significativa influência americana. Seu desenvolvimento é oriundo não só da história da empresa nacional, mas também da história do capital estrangeiro. Essa influência americana partiu não apenas do campo tecnológico, mas do próprio modo de gestão, em que os administradores tomariam como exemplo a forma de exercer liderança, estimulando e apoiando o aperfeiçoamento social e econômico adotado pelos americanos. Sobre esse aspecto, Lima (2002) afirma que a influência norte-americana é um fato notório, porém, considera lamentável não ter sido atualizada de modo que mostrasse compatibilidade com a realidade. O primeiro momento foi marcado por uma base cultural, científica e tecnológica deficiente, o que levou o Brasil a optar pela diversificação de sua economia e ingressar na era industrial. Nesse momento, destacavam-se os estabelecimentos com caráter artesanal e familiar, sobressaindo-se as indústrias tradicionais.
Vivenciava-se uma estrutura de poucos administradores profissionais, o que comprometia o trabalho desenvolvido à época. Essa estrutura não comportava a administração nas mãos de uma única pessoa, ou seja, administração de forma centralizada, sem que houvesse profissionalização e adaptação à complexidade que se instalava no interior das organizações.
Esse contexto acabou gerando a necessidade de administradores capacitados e aptos a tomarem decisões, sem necessariamente ter que contar com os chefes. Constituía-se um elevado número de filiais de grandes empresas tanto no âmbito nacional quanto multinacional, o que requeria mão de obra qualificada para atuar no mercado.
A partir daí, resultou-se a implantação do IDORT (Instituto de Organização Racional do Trabalho), fundado em São Paulo. O principal destaque para a implantação do IDORT era a sua principal atribuição de divulgar as técnicas da administração científica e clássica, visando à solução de problemas ligados à racionalização das empresas e à qualificação no desempenho gerencial dos profissionais. A divulgação dos teóricos científicos e clássicos, na década de 30, já passava a representar a forte tendência da concepção mecanicista no contexto organizacional brasileiro.
Nicolini (2003) também ressalta a influência norte-americana no contexto da estruturação das organizações brasileiras. Conforme enfatizado anteriormente, o acordo firmado entre Brasil e Estados Unidos foi a solução estratégica para os problemas da atuação gerencial no país. A partir de então, a administração passou a crescer cada vez mais no Brasil.
Para Leal e Freitas (2005), a administração no Brasil surge no contexto após a segunda grande guerra, em resposta às demandas da sociedade (chamada de “nova ordem mundial”), a partir da necessidade de mão de obra qualificada que atendesse ao processo de industrialização, praticamente um século após o seu desenvolvimento nos EUA. A partir de então, a administração torna-se uma ferramenta imprescindível à sociedade e com o passar do tempo, sua tendência foi crescer em resposta à demanda.
Este contexto de transformações exige do gestor a necessidade de aprender novas formas de executar o trabalho, adquirir novos conhecimentos e habilidades, além de operar máquinas cada vez mais modernas. As empresas se apresentam mais enxutas e requerem profissionais mais qualificados e competentes a partir de uma visão de trabalho mais versátil e generalista, um profissional criativo que consiga integrar conceitos de forma lógica e crítica. Até porque a supercompetitividade imposta pela globalização da economia não deixa espaço para o amadorismo.
É válido considerar que o administrador deve atuar como agente transformador, adaptando-se aos avanços tecnológicos e científicos com o propósito de responder às demandas do mercado de trabalho, a partir da construção de uma concepção que vise promover novas relações produtivas e sociais. É a chamada visão de administrador, que é preparado para as empresas do futuro e não para as empresas do passado. Portanto, visão de profissionais que desconsiderem a concepção de racionalidade imutável e homogênea, para ressaltar a concepção de flexibilidade e adaptação aos fatos e meios.
Mais quais seriam esses fatos e meios? De fato, como se apresenta o cenário organizacional brasileiro?
Mesmo com a influência americana, é válido chamar à atenção para o fato de que é necessário se conhecer o contexto cultural de uma organização e adaptar as estratégias empresariais de acordo com a cultura local de cada país.
O contexto econômico e político do país vem influenciando a atividade empresarial brasileira, e quanto a isso, não nos restam dúvidas. O que ocorre é que para o gestor sustentar o seu negócio, ele deverá estar preparado para lidar com uma elevada carga tributária, já que o Brasil é o país com maior percentual de PIB do mundo, e com custos de financiamento ainda muito altos, com taxas de juros que muitas vezes chegam a ser abusivas. Esse fato, inclusive, acaba reduzindo significativamente a abertura de novos negócios. O processo burocrático na gestão dos negócios muitas vezes leva os gestores a gastarem tempo com formalidades do que empreendendo esforços na administração do negócio em si. Esses três aspectos são os principais motivos do crescimento do negócio informal.
Desta forma, o administrador brasileiro moderno deve seguir a lógica da tríade objetivos, recursos e decisões. Isso porque a administração vem se apresentando como um processo que, para se colocar em prática decisões, visando alcançar objetivos, faz-se imprescindível a utilização de recursos. Nessa lógica, começa-se a perceber que, para a concretização dessa tríade, somente a experiência técnica não será suficiente.
Para que as organizações brasileiras ganhem destaque no mercado, os seus dirigentes deverão estar aptos para atuar como gestores empreendedores, com visão estratégica de futuro, na consolidação de seu próprio negócio, administrando, inclusive, variáveis políticas e econômicas. Desta forma, cabe não só se pensar em introduzir novos processos, mas preparar a força de trabalho para desempenhar com eficácia esses novos papéis.

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