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Análise Reflexiva filme Frankenstein de Mary Shelley

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Análise Reflexiva filme 2 (Frankenstein de Mary Shelley, 1994) 
 
 O primeiro ponto que me intriga no filme Frankenstein de Mary Shelley, 
foi o fato da história ser criação de uma jovem inglesa, de apenas 18 anos, que 
em uma noite chuvosa em 1818, criou uma história tão complexa, inteligente e 
ao mesmo tempo moderna e atual. A produção de Mary Shelley aborda a 
temática científica com suporte na medicina, na anatomia e nos conhecimentos 
físicos e químicos. Somada às noções de Ciência, a autora trouxe para a 
narrativa uma carga de drama com dimensões moral e filosófica. O filme que 
assisti de 1994 é estrelado por Kenneth Branagh que, além de diretor, também 
assume o papel de Victor Frankenstein; Robert de Niro atua como o monstro; e 
Helena Carter interpreta Elizabeth. A narrativa fílmica de Branagh segue uma 
linha semelhante à apresentada no livro de Mary Shelley, especialmente ao 
modo como a história se desenvolve, com Victor Frankenstein sendo encontrado 
no Polo Norte pelo capitão Robert Walton, quando aquele passa a relatar a sua 
história desde o princípio. 
 Inicialmente, Victor Frankenstein é apresentado como um jovem 
estudioso. Porém, notei que a morte da mãe, no parto do irmão mais novo, criou 
um motivo para o personagem desejar a vida eterna e pôr fim ao sofrimento 
humano. Assim, na faculdade de medicina ele conhece o amigo Henry Clerval e 
o professor Krempe, com quem compartilha experiências eletromagnéticas com 
o intuito de gerar a vida em matéria morta. Após a morte de Krempe, Victor herda 
a tarefa de continuar os seus estudos e constrói uma máquina capaz de realizar 
o seu desejo. 
 Na minha opinião, a história lida muito com as noções filosóficas e de 
questionamentos sobre a vida e a morte, além de que tanto Victor quanto o 
capitão Walton, queriam eternizar seus nomes na história e transcender os 
limites, o primeiro por meio de colocar um fim à finitude da vida, passando por 
cima de tudo e todos para conseguir esse feito, até mesmo deixando de lado sua 
família, seu amor e sua vida, deixando assim de viver genuinamente em uma 
busca utópica de colocar fim à morte. No segundo caso, o capitão queria entrar 
para a história, superando os limites humanos, assim como Victor, mas no 
sentido de querer conquistar um feito que ninguém teria conseguido até então, 
que seria chegar até o polo norte, novamente colocando vidas em risco em nome 
de uma vontade própria e egoísta. Isso faz com que as histórias deles se 
encontrem em dado momento do filme. 
 Para mim, a história de um personagem me chamou muita atenção, 
apesar de não girar em torno do núcleo principal, que foi a de foi Henry Clerval, 
o amigo do Victor, que apesar deste personagem ter dificuldades com aulas de 
anatomia – o filme mostra como a medicina era voltada apenas para a parte 
biológica- é um exemplo de futuro médico genuíno e humanizado, o que destoa 
dos outros médicos ao redor. Fato esse bem representado em uma cena que 
mostra a quantidade de pessoas afetadas pela epidemia da cólera e ele se 
dispõe a ajudar, com muita empatia, diversos doentes, enquanto a população 
em geral e os outros médicos, apenas reprimiam os doentes. Como na cena em 
que o professor Krempe, ao invés de explicar para um paciente a importância da 
vacina e acolhe-lo, apenas grita com ele e faz com que ele seja vacinado à força. 
 Além disso, a história me trouxe um questionamento sobre a questão de 
quem foi a criação e quem foi a criatura. Victor Frankenstein mesmo 
desaconselhado pelo amigo Henry Clerval, dedica-se à missão de descobrir o 
segredo da vida. Ele fabrica um ser a partir de diferentes partes de cadáveres e 
usa o cérebro do próprio professor Krempe para concluir seu trabalho. Com o 
sucesso do experimento, Victor percebe que sua criação, no entanto, consistia 
em um erro, um defeito que jamais poderia ser posto em prática. Após o 
nascimento do monstro, Victor, acreditando que ele estaria morto, retorna para 
Genebra onde, finalmente, casar-se-ia com Elizabeth. Nessa parte em questão, 
percebo que o problema está no fato de Victor ter pensado em construir um ser 
humano, apenas pensando em sua parte fisiológica e anatômica e ter deixado 
de lado o fato de que o indivíduo é um ser muito mais complexo, dotado de 
histórias, costumes, hábitos, culturas, sentimentos, crenças, entendimentos, 
heranças sociais e tantos outros fatores biopsicossociais. Assim como mostra na 
cena em que Frankenstein questiona ao Victor o fato dele ter lhe dado vida, mas 
sem ter lhe ensinado a viver, e ele tinha duas questões bem afloradas, o amor e 
o ódio, e uma delas deveria ser satisfeita. 
 Por fim, uma das cenas mais chocantes é quando a narrativa se encerra 
no Polo Norte, local onde Victor havia sido encontrado pelo capitão Walton. 
Victor morre logo após terminar de contar a sua história. O monstro, por sua vez, 
chora a perda do seu “pai”. A sequência final do filme apresenta a criatura com 
o corpo do seu criador nos braços, enquanto as chamas consomem ambos. 
 Frankenstein revela muitos desafios médicos e sociais que a nossa 
sociedade enfrenta hoje. Logo, a obra de Shelley me desperta uma série de 
questionamentos éticos, dentre eles: Qual a essência do ser humano? Até que 
ponto a ciência e os experimentos podem ir? Quais os reais problemas na 
experimentação científica com a vida (pesquisas com células-tronco 
embrionárias, manipulação genética, etc.)? O que é ciência aceitável, e quando 
ela vai longe demais? Mary Shelley, nessa obra, além de condenar o cientista 
ambicioso, critica duramente a ciência que deflagrou a sede de Victor por viajar 
em território proibido e perigoso, com terríveis consequências para si e toda 
a sua família. Frankenstein é um conto moral que adverte, em tom de horror, que 
a ciência pode ser também uma forma de ignorância. 
 A bioética se dá quando as biociências encontram a vida humana, em sua 
condição individual e social. O propósito: discernir como a ciência e seus 
contingentes podem beneficiar os indivíduos com o mínimo de danos. Numa era 
de avanços à biologia sintética, refletir sobre o significado da vida é também dar 
sentido aos intentos científicos. Frankenstein é, entre outros, uma lição acerca 
das consequências da ética (ou de sua carência), com relação à vida humana. O 
Prometeu Moderno, eternizado por Mary Shelley, é em alusão ao titã criador da 
humanidade segundo a mitologia grega, personificou-se em Frankenstein. Hoje, 
200 anos após a publicação de Shelley, discutimos o provável surgimento do 
Prometeu Contemporâneo, cujas consequências podem ser eticamente 
imprevisíveis.

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