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APOSTILA DE D DE FAMILIA correta

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UNIDADE I
INTRODUÇÃO AO DIREITO DE FAMÍLIA
Da antiguidade ao estágio atual de família - versão constitucionalizada: 
A idéia de família é um tanto quanto complexa, uma vez que variável no tempo e no espaço. Em outras palavras, cada povo tem sua idéia de família, dependendo do momento histórico vivenciado.
	
Para se ter idéia, no estado primitivo das civilizações o grupo familiar não se assentava em relações individuais. As relações sexuais ocorriam entre todos os membros que integravam a tribo (endogamia). Disto decorria que sempre a mãe era conhecida, mas se desconhecia o pai, o que permite afirmar que a família teve de início um caráter matriarcal, porque a criança ficava sempre junto à mãe, que a alimentava e a educava.
Em prosseguimento ao curso da história, retroagindo no tempo em busca de nossas raízes greco-romanas, também se verifica que, no Ocidente, a família e tudo o que gira em torno dela nem sempre foram como hoje. Tanto na cultura grega quanto em sua continuadora, a cultura romana, a idéia de família era bastante diferente da atual.
	
Para nossos antepassados culturais, a família era corpo que ia muito além dos pais e dos filhos. Sob a liderança do pai, a família era o conglomerado composto da esposa, dos filhos, das filhas solteiras, das noras, dos netos e demais descendentes, além dos escravos e clientes (a clientela era formada por homens livres, normalmente escravos libertos e estrangeiros, que se submetiam ao poder de um senhor, oferecendo-lhe seus préstimos e seu patrimônio em troca de proteção; a clientela desapareceu em Roma no período republicano – 510 a.C. a 27 a.C.). As filhas e netas que se casassem se transferiam para o poder do marido ou do sogro, se fosse vivo.
	
O poder do pater (pater-familias – pai de família), portanto, era exercido sobre a mulher, os filhos, os escravos de maneira quase absoluto. O pai de família era senhor absoluto da domus (significa casa, no sentido de célula familiar). No Direito Romano, assim como no grego (nossas raízes) o afeto natural, embora pudesse existir, não era o elo de ligação entre os membros da família. Nem o nascimento nem a afeição foram fundamento da família romana, vez que os membros da família antiga eram unidos por vínculo mais poderoso que o nascimento: a religião doméstica e o culto dos antepassados do marido. Esse culto era dirigido pelo pater. A mulher, ao se casar, dedicava-se o culto dos antepassados do marido, a quem passava a fazer oferendas. A instituição funda-se no poder paterno ou poder marital (fase patriarcal). 
Com o passar dos séculos, o poder desse pater-familias deixou de ser tão absoluto. Não obstante, a estrutura familiar continuou sendo extremamente patriarcal. Ou seja, a célula básica da família, formada por pais e filhos, não se alterou muito com a sociedade moderna. 
Com o tempo, porém, o patriarcalismo ocidental vê suas estruturas se balançarem, principalmente após as revoluções modernas e a vitória do livre pensar nos países democráticos. O golpe crucial é desferido pela Revolução Industrial, que tem início já no século XVIII. Com ela, a mulher se insere no mercado de trabalho, e a revolução na família começa. O golpe fatal ocorre por volta de 1960, com a chamada Revolução Sexual, em que a mulher reclama, de uma vez por todas, posição de igualdade perante o homem.
	
É também na Revolução Sexual que se põe em xeque os padrões morais da sociedade ocidental. Não podemos esquecer neste contexto, a edição da Lei 4.121/62, o Estatuto da Mulher Casada, que inaugurou entre nós a era da igualdade entre cônjuges. 
	
Com essas forças reacionárias ocorridos no curso da história, a família contemporânea mudou, diferenciando das formas antigas no que concerne a suas finalidades, composição e papel de pais e mães. Daí dizer que, embora continue patriarcal a sociedade, o homem, hoje, já não exerce mais a liderança absoluta em sua casa. O papel da mulher se torna cada vez mais ativo e importante. O sustento do lar é provido por ambos.
Com base nessa tese de que masculino e feminino, ativo e passivo, respectivamente, são na verdade papéis exercidos por homens e mulheres de modo alternado, com base nisso, a concepção de família vem mudando. Há ordenamentos jurídicos que já reconhecem a união entre indivíduos do mesmo sexo como entidade familiar, conferindo-lhe proteção legal adequada. Devemos ter em mente que, se por um lado o sexo genital é o mesmo, por outro os papéis desempenhados pelo casal são diferentes, ou seja, masculino e feminino, alternadamente, ora por um, ora por outro.
	
No Brasil, muito já se avançou desde a laicização (separação da religião) do Direito. A Constituição Federal de 1988 considerou célula familiar a união estável entre homem e mulher ou entre qualquer um dos pais e seus descendentes (família monoparental). Com isso, deu-se o pontapé inicial para nova visão de família. Em outras palavras, o primeiro passo foi dado: desvinculou-se família de casamento. Dado o primeiro passo, o terreno tornou-se fértil para novos avanços, e o legislador não perdeu tempo. Duas novas leis, uma em 1994 (Lei nº 8971, de 29/12/94 ou Lei do Concubinato – para alguns doutrinadores já revogada tacitamente) e outra em 1996 (Lei n° 9278, de 10/05/96 ou Lei da União Estável), foram editadas para regulamentar e dar proteção à união estável ou concubinato puro, não adulterino. O Código Civil também disciplina a matéria. Outras leis ainda virão, em seu devido tempo, a despeito da ferrenha oposição de alguns.
	
Com a Constituição de 1988, atentou-se para um fato importante: não existe apenas um modelo de família, como queriam crer os Códigos (CC/16) e a Igreja Católica, elaborados sob a égide de uma sociedade rural e patriarcal, guardando traços profundos da família da Antiguidade, onde a mulher dedicava-se aos afazeres domésticos e a lei não lhe conferia os mesmos direitos do homem, além de não mais haver a distinção da origem da filiação. 
 
A idéia de família plural, que sempre foi uma realidade, passou a integrar a pauta jurídica constitucional e, portanto, de todo o sistema. Reconhecem-se, majoritariamente hoje, não só a família modelar do antigo Código, formada pelos pai e filhos, mas, além dela, a família monoparental, constituída pelos filhos e por um dos pais; a família fraterna, consistente na vida em comum de dois ou mais irmãos (anaparental); até mesmo as famílias simultâneas (mosaica ou pluriparental), dentre outras, atestando que o rol das entidades familiares previstas na Constituição Federal, segundo a maioria, é exemplificativo. Não podemos esquecer da família isosexual ou homoafetiva – ainda objeto de polêmica. É óbvio que, na esfera da simultaneidade, podem ocorrer ilicitudes, como a de homens que mantêm dois lares com mulher e filhos em cada um. Em relação aos filhos, não há problemas; em relação às mulheres, entretanto, pode ser o caso de bigamia, o que levaria ao adultério e ao concubinato, ambos, direta e indiretamente, ainda repudiados pelo direito.
E por fim, não podemos esquecer que na atualidade, alguns juristas criaram a ficção da família unipessoal, composta por uma pessoa apenas. Esta ficção jurídica vem sendo invocada para a proteção do imóvel residencial da pessoa que vive só. Nesse caso, bastaria invocar o princípio da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III da CF/88) e o conseqüente direito constitucional à moradia (art. 6º da CF/88), para se lograr o mesmo resultado protetivo. 
Diante destas mudanças, não há uma resposta precisa de qual seria o futuro da família ocidental. Trata-se de uma resposta impossível. As injunções históricas são as mais sub-reptícias, mudando o curso de todas as previsões que se possa fazer. As inovações e descobertas médicas revolucionam o mundo moderno a cada instante. Novos temas estão hoje a desafiar o legislador, como as inseminações e fertilizações artificiais, os úteros de aluguel, as cirurgia de mudança de sexo, a clonagem de células e de pessoas etc. O tema deve ser analisado, porém, da forma mais aberta possível, sem preconceitosou falsos critérios religiosos. 
O amor ao próximo deve ser a única regra a nos guiar nesses meandros tão conturbados.
1. Noção de direito de família:
O direito de família é, de todos os ramos do direito, o mais intimamente ligado à própria vida, uma vez que, de modo geral, as pessoas provem de um organismo familiar e a ele conservam-se vinculados durante a sua existência, mesmo que venham a constituir nova família pelo casamento ou pela união estável.
Em qualquer aspecto em que é considerada, aparece a família como uma instituição necessária e sagrada, que vai merecer a mais ampla proteção do Estado. 
Lato sensu, o vocábulo família abrange todas as pessoas ligadas por vinculo de sangue e que procedem, portanto, de um tronco ancestral comum, bem como as unidades pela afinidade e pela adoção. Compreende os cônjuges, os companheiros, os parentes e os afins. Para determinados fins, especialmente sucessórios, o conceito de família limita-se aos parentes consangüíneos em linha reta e aos colaterais até o quarto grau.
As leis em geral referem-se à família como um núcleo mais restrito, constituído pelos pais e sua prole, embora esta não seja essencialmente a sua configuração. É a denominada pequena família, porque o seu núcleo é reduzido ao grupo essencial: pai, mãe, e filhos, correspondendo ao que os romanos chamavam de domus.
Identifica-se na sociedade conjugal estabelecida pelo casamento três ordens de vínculos: a- o conjugal: existente entre os cônjuges; b- de parentesco: que reúne os seus integrantes em torno de um tronco comum, descendendo uns dos outros ou não; c- de afinidade: estabelecido entre um cônjuge e os parentes do outro (art.1595 CC – são parentes por afinidade o sogro, a sogra, nora, genros e os cunhados).
O direito de família regula exatamente as relações entre seus diversos membros e as conseqüências que delas resultam para as pessoas e bens. 
O objeto do direito de família é, pois, o complexo de disposições, pessoais e patrimoniais, que se origina do entrelaçamento das múltiplas relações estabelecidas entre os componentes da entidade familiar.
2. Princípios do direito de família:
O CC/02 procurou adaptar-se a evolução social e aos bons costumes, incorporando também as mudanças legislativas sobrevindas nas últimas décadas do século passado. 
As alterações visam preservar a coesão familiar e os valores culturais, conferindo-se á família moderna um tratamento mais ligado à realidade social, atendendo-se as necessidades da prole e de afeição entre cônjuges ou companheiros e aos interesses da sociedade.
Rege-se o direito de família pelos seguintes princípios: 
a- princípio do respeito a dignidade da pessoa humana (art.1º, III da CF/88): Promulgados novos princípios destinados a promover a releitura de um Direito de Família outrora engessado e hierarquizado, tem-se por revogados todos os dispositivos ainda insertos na legislação ordinária e em especial no vigente Código Civil brasileiro, que ainda contemplem teimosamente, uma relação de privilégio ou no caminho inverso, de discriminação. 
Vive a família de hoje um processo de emancipação de seus componentes, todos disputando espaços próprios de crescimento e de realização de suas personalidades, convertendo-se para o futuro em pessoas socialmente úteis, em qualquer idade, pois ninguém deseja e ninguém mais pode ficar confinado à mesa familiar, e ninguém mais pode ser alijado por diferença de sexo, raça ou idade, da convivência social. 
Direitos fundamentais são “direitos de todos”, segundo J. J. Gomes Canotilho, pois são direitos humanos e não apenas direitos de determinados cidadãos. É uma qualidade inerente a todo e qualquer ser humano, sendo necessário que tais direitos produzam efeitos.
Tal princípio constitui a base da sociedade familiar, garantindo o pleno desenvolvimento e a realização de todos os seus membros, principalmente da criança e do adolescente. 
b- princípio da igualdade jurídica dos cônjuges e dos companheiros (art. 226, §5º, da CF/88 e art. 1.511 do CC/02): A lei reconhece a igualdade entre homens e mulheres no que se refere à sociedade conjugal formada pelo casamento ou pela união estável (art. 226, §§3º e art. 5º, I, da CF/88).
Diante do reconhecimento dessa igualdade, como exemplo prático, o marido/companheiro pode pleitear alimentos da mulher/companheira ou vice-versa. Além disso, um pode utilizar o nome do outro livremente, conforme convenção das partes (art. 1.565, §1º do CC/02).
Outro exemplo da aplicação dessa igualdade pode repercutir no âmbito processual, é o artigo 53, I CPC/2015 que equivale ao artigo 100, I do CPC/73, vejamos:
Art. 53.  É competente o foro:
I - para a ação de divórcio, separação, anulação de casamento e reconhecimento ou dissolução de união estável:
a) de domicílio do guardião de filho incapaz;
b) do último domicílio do casal, caso não haja filho incapaz;
c) de domicílio do réu, se nenhuma das partes residir no antigo domicílio do casal;
De qualquer forma, interessante frisar que a recente Lei 11.340/2006, conhecida como Lei Maria da Penha e que traz mecanismos para coibir a violência doméstica, destaca em seu art. 15 a possibilita que a mulher promova ações cíveis no foro do domicílio ou de sua residência; no foro do lugar da ocorrência do fato que baseou a demanda ou no foro de domicílio do seu agressor. 
 
c- princípio da igualdade jurídica de todos os filhos (art.227, §6º, da CF/88 e art. 1.596 do CC/02): Prevê o art. 227, §6º, da CF/88 que “os filhos, havidos ou não da relação de casamento, ou por adoção terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação”. Complementando o texto constitucional, o art. 1.596 do CC em vigor tem exatamente a mesma redação, consagrando ambos os dispositivos o princípio da igualdade entre filhos.
Em suma, juridicamente, todos os filhos são iguais perante a lei, havidos ou não durante o casamento. Essa igualdade abrange também os filhos adotivos e aqueles havidos por inseminação artificial heteróloga (com material genético de terceiro – veremos em tempo oportuno). Diante disso, não se pode mais utilizar as expressões filho adulterino ou filho incestuoso que são discriminatórias. Também não podem ser utilizadas, em hipótese alguma, as expressões filho espúrio ou filho bastardo. Apenas, para fins didáticos utiliza-se a expressão filho havido fora do casamento, já que juridicamente todos são iguais. 
d- princípio da paternidade responsável e planejamento familiar (ar. 226, §7º CF e art. 1.565 CC): dispõe que o planejamento familiar é de livre decisão do casal, sendo vedado qualquer tipo coerção por parte de instituições públicas ou privadas. 
e- princípio da comunhão plena de vida baseada na afeição entre os cônjuges ou conviventes (art. 1511 CC): tem relação com o aspecto espiritual do casal e com o companheirismo que nele deve existir. Deve haver entre os cônjuges companheirismo espiritual, social, material, e psicológico. 
f- princípio da igualdade na chefia familiar (art. 226, §5º, e 227, §7º, da CF/88 e arts. 1.566, III e IV, 1.631 e 1.634 do CC/02): Como decorrência lógica do princípio da igualdade entre cônjuges e companheiros, temos o princípio da igualdade na chefia familiar, que pode ser exercida tanto pelo homem quanto pela mulher num regime democrático de colaboração, podendo inclusive os filhos opinar (conceito de família democrática). Substitui-se uma hierarquia por uma diarquia. 
Assim, sendo, e isso não é mais novidade para nós, pode-se utilizar a expressão despatriarcalização do Direito de Família, já que a figura paterna não exerce o poder de dominação do passado. O regime é de companheirismo, não de hierarquia, desaparecendo a figura do pai de família (pater famílias – vimos no histórico de família), não podendo sequer se utilizar a expressão pátrio poder, substituída por poder familiar.
3. Evolução histórica do direito de família:
No direito romano a família era organizada sob o princípio da autoridade. 
O pater famílias (paida família) exercia sobre os filhos direito de vida e de morte. Podia deste modo, vendê-los, impor-lhes castigos e penas corporais a até mesmo tirar-lhes a vida. A mulher era totalmente subordinada à autoridade marital e podia ser repudiada por ato unilateral do marido.
O pater exercia a sua autoridade sobre todos os seus descendentes não emancipados, sobre a sua esposa e as mulheres casadas com seus descendentes. 
Com o tempo as regras foram atenuadas. Com o Imperador Constantino, a partir do século IV, instala-se no direito romano a concepção cristã da família, na qual predominam as preocupações de ordem moral. Aos poucos foi então a família romana evoluindo no sentido de restringir progressivamente a autoridade do pater, dando-se maior autonomia a mulher e aos filhos, passando estes a administrar as pecúlios.
Em matéria de casamento, entendiam os romanos necessária a afeição não só no momento de sua celebração, mas enquanto perdurasse. A ausência de convivência, o desaparecimento da afeição era, assim, causa necessária para a dissolução do casamento pelo divórcio. Os canonistas, no entanto, opuseram-se a dissolução do vínculo, pois consideravam o casamento um sacramento, não podendo os homens dissolver a união realizada por Deus.
Durante a Idade Média as relações de família regiam-se exclusivamente pelo direito canônico, sendo o casamento religioso o único conhecido. 
Podemos afirmar que a família brasileira, como hoje é conhecida, sofreu influência da família romana, da família canônica e da família germânica.
4. O direito de família na Constituição de 1988 e no Código Civil de 2002:
Temos na CF/88, de forma expressa, as seguinte espécies de famílias:
1 – família casamentária (advinda do casamento);
2 – familia decorrente da união estável (tanto entre pessoas de sexo diferente como do mesmo sexo);
3 – família monoparental (formada por qualquer dos pais e sua prole).
 
O CC/16 e as leis posteriores, vigentes no século passado, regulavam a família constituída unicamente pelo casamento, de modelo patriarcal e hierarquizada, como foi dito, ao passo que o moderno enfoque pelo qual é identificada tem indicado novos elementos que compõem as relações familiares, destacando-se os vínculos aditivos que norteiam a sua formação. Nessa linha, a família socioafetiva vem sendo priorizada em nossa doutrina e jurisprudência. 
 
A CF/88 absorveu essa transformação e adotou uma nova ordem de valores, privilegiando a dignidade da pessoa humana, realizando uma revolução no Direito de Família a partir de três eixos básicos: 1ª – art. 226 CF afirma que a entidade familiar é plural e não mais singular, tendo várias formas de constituição; 2ª – art. 227, §6ª é a alteração do sistema de filiação, com a conseqüente proibição de designações discriminatórias decorrentes do fato de ter a concepção ocorrida dentro ou fora do casamento; 3ª – art. 5º, I consagração da igualdade entre homens e mulheres.
A CF ainda dedicou especial atenção ao planejamento familiar e à assistência direta à família.
Todas as mudanças sociais havidas na segunda metade do século passado e o advento da CF/88, com as inovações mencionadas, levaram à aprovação do CC/02, com a convocação dos pais a uma paternidade responsável e a assunção de uma realidade familiar concreta, onde os vínculos de afeto se sobrepõem a verdade biológica. 
O CC/02 dedica um título para reger o direito pessoal, e outro para a disciplina do direito patrimonial da família.
O novo diploma amplia, ainda, o conceito de família, com a regulamentação da união estável como entidade familiar; revê os preceitos pertinentes à contestação, pelo marido, da legitimidade do filho nascido de sua mulher, ajustando–se à jurisprudência dominante; reafirma a igualdade entre os filhos; atenua o principio da imutabilidade do regime de bens no casamento; limita o parentesco, na linha colateral, até o quarto grau; introduz novo regime de bens, denominado regime de participação final nos aquestos confere nova disciplina a invalidade do casamento; introduz nova disciplina do instituto da adoção; regula a dissolução da sociedade conjugal, revogando tacitamente as normas de caráter material da Lei do Divórcio, mantidas porém as procedimentais; disciplina a prestação de alimentos; matem a instituição do bem de família e faz uma revisão nas normas referentes a tutela e curatela, acrescentando-se a hipótese de curatela do enfermo ou portador de deficiência física, dentre outras alterações.
Frisa-se que as alterações pertinentes ao direito de família, advindas da CF/88 e do CC/02, demonstram e ressaltam a função social da família do direito brasileiro.
5. Entidade familiar e proteção do Estado
De acordo com a Constituição Federal a entidade familiar protegida pelo Estado é a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes, podendo originar do casamento civil, da união estável e da monoparentalidade. Mas nem sempre teve toda essa extensão, pois durante muito tempo o sistema jurídico brasileiro reconhecia apenas a legitimidade da família unida pelo casamento civil, e os filhos originados dessa união por concepção genética ou através da adoção.
Mas como disse Engels, é através da família que reflete na cultura do sistema social, de modo a modificar a sua primitiva textura fechada em volta do casamento civil, na medida em que a própria ausência do divórcio e a inevitável ruptura e reconstrução dos relacionamentos passou a gerar uniões informais, primeiro marginalizadas pela lei, até que abrigadas pelo texto constitucional de 1988. Na verdade a Constituição brasileira apenas tratou de albergar no plano jurídico a marcante realidade sociológica das uniões informais largamente instituídas no mundo dos fatos, e paulatinamente protegidas pela decisiva e histórica contribuição da jurisprudência.
Portanto, uma das espécies de família reconhecida pela CF é a constituída pelo casamento, mas que não se manteve isolada diante da evolução social da família brasileira que viu constitucionalizada como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher. A união estável não concorre com o casamento, como uma forma “superior” ou “inferior” de entidade familiar, mas representa sim, apenas mais uma opção a ser tomada.
Por fim, a Carta Política brasileira promove no § 4º do artigo 226 o reconhecimento da família monoparental como outra espécie de entidade familiar, fruto, sobretudo, das uniões desfeitas pelo divórcio, pela separação judicial, pelo abandono, pela morte, pela opção de mães ou pais solteiros que decidem criar sua prole apartada da convivência com o outro genitor.
Portanto, acolhe a CF a família biparental do casamento e da união estável e a família monoparental formada por qualquer dos pais e seus descendentes, havendo quem proclame a ampliação da proteção estatal de outras formas existentes de família, que teriam sido negligenciadas pelo legislador, como as relações surgidas da coabitação de madrasta e enteado, das relações familiares entre irmão, entre primos, entre tio e sobrinho, e os relacionamentos homoafetivos.
6 - Família Monoparental
A noção primeira de família é de ela ser bilateral, como modelo ideal na formação da sociedade, com marido e mulher, companheira e companheiro unidos em relação afetiva, como família formal ou informalmente constituídas, cuidando de seus descendentes.
Contudo, as relações familiares foram sofrendo profundas modificações com o transcorrer do tempo, tendo o conceito de família biparental passado a ceder lugar à crescente evidência de uma outra forma de organização de família.
Para Demian Diniz da Costa uma família é considerada monoparental, quando o homem ou a mulher, encontram-se sem cônjuge ou companheiro, e vive com sua prole.
O crescimento da família monoparental decorre de diversas causas, anotando Demian da Costa dois momentos importantes: o primeiro com o Grande Depressão de 1920, e o segundo, em decorrência da Segunda Guerra Mundial, entre 1939 e 1945, responsável pela enorme ocupação da mão de obra feminina no mercado de trabalho,passando a ocupar novas responsabilidade na configuração familiar.
Outros fatores, naturalmente, contribuem para o crescimento demográfico das famílias monoparentais, e uma dessas inquestionáveis causas advém da liberdade com que às pessoas constituem e desfazem suas relações afetivas, rendendo-se a CF a essa evidencia sócio-familiar no art. 226, §4º.
A liberdade e maior autonomia da mulher com o abandono da versão conjugal do marido provedor, em uma relação moldada no passado, na idéia de denominação da mulher pelo homem, sobremodo em função da sua pendência econômica, na qual a mulher terminava arrastando seus filhos, sujeitando-se às alianças de sobrevivência e infelicidade, deixaram de habitar as angústias femininas, anotando Eduardo de Oliveira Leite, que, tais mulheres, “liberadas de uma relação dominante-dominado”, não mais intencionam ver a si e aos seus filhos encerrados em uma relação de autoridade e de coação.
A monoparentalidade, no entanto, não decorre exclusivamente das separações e dissensões conjugais e afetivas, sendo identificada no processo unilateral de adoção, ou na inseminação artificial de mães solteiras ou descompromissadas e doares anônimos de material genético.
Outro fator responsável pela disseminação do modelo monoparental de família certamente origina de reconhecimento constitucional da igualdade da filiação, encerrando o execrável ciclo da legitimidade da prole em razão do casamento e discriminando os filhos do amor, porque adotivos, naturais, incestuosos ou extraconjugais.
A monoparentalidade também pode ter uma causa acidental com o falecimento de um dos cônjuges ou parceiros, ou fatores de ordem econômica, temos pela perda de benefícios previdenciários e descrença em novos relacionamentos, mães solteira assumem a produção independente e ainda as relações de concubinato.
7. Família reconstruída
Embora as estatísticas apontem um crescimento avassalador das famílias monoparentais, muitas delas provenientes da sua assunção por homens e mulheres receosos da formação de vínculos de subordinação, controle, obediência e dependência, dentre outros fatores antes apontados, não há como ser falado em descrença do afeto conjugal e desconstrução da família bilateral. Bem ao revés, sendo o ser humano gregário por natureza, sua tendência é a de refazer os seus vínculos conjugais e afetivos, colhendo novas uniões ou reconstruindo famílias. Essa é a família brasileira reconstruída. 
Famílias refeitas, ou reconstruídas, respeita à organização familiar de pessoas que formam pelas núpcias ou pela união estável novas entidades familiares e nelas agregam, ordinariamente, seus filhos havidos das anteriores relações, criando-se novas figuras e vínculos que o Direito de Família não se dedicou, como a do marido que se torna padrasto, e a esposa vira madastra, e os filhos são denominados de enteado e enteada, criando-se vínculo de afinidade parental. É o que estabelece o art. 1.595 do Código Civil de 2002, ao referir que cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro pelo vínculo de afinidade e, de acordo com o seu §1º, o parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes e aos irmãos do cônjuge ou companheiro. 
Hoje em dia estas famílias recebem designações distintas, como família reconstituída, família recomposta, segunda família, como um remedo das chamadas segundas núpcias. Contudo, o que importa ter presente é que esta nova família, de modo algum significa um retorno, uma reparação, ou uma revisão da família anterior, senão que se trata de uma família com a sua própria identidade. 
A família redesenhada é produto de um processo que requer tempo para encontrar a sua própria identidade, porque traz a história familiar do passado, dependendo da mudança de hábitos e rotinas conduzentes à unificação da nova família, passando por todas as suas etapas de aceitação, autoridade e afetividade. É que o vínculo entre um cônjuge ou convivente com os filhos do outro nasce de uma aliança, construída aos poucos, com filhos já criados e amados em outras relações. Para com estes é preciso tempo para a conquista da confiança e do afeto, e não como ocorre na vinculação biológica, quando já contam desde a concepção os vínculos de sangue. 
Essas famílias reconstruídas fruto de um novo Direito de Família, trazem consigo relações complexas e sobre as quais o direito brasileiro precisa dar mais atenção, porque surgem questões a serem deslindadas nos pretórios com vistas às pretensões de ordem econômica, social e de afeto, surgida de irmãos, meio-irmãos, adoção de patronímico do padrasto ou da madrasta, para se identificarem com os novos irmãos das segundas núpcias, alimentos, visitas e toda uma extensão fática e jurídica a ser demorada e judiciosamente desvendada pelo direito. 
8. Conteúdo do Direito de Família 
Ocupa o Livro IV da Parte Especial do Código Civil, e subdivide-se em quatro títulos: 
1º título: Direito Pessoal (ou Existencial) – arts. 1511 a 1.638 do CC/02;
2º título: Direito Patrimonial – arts. 1.639 a 1.722 do CC/02 
3º título: União estável – arts. 1.723 a 1.727 do CC/02
4º título: Tutela e Curatela – arts. 1.728 a 1.783 do CC/02 
UNIDADE II
DO DIREITO MATRIMONIAL
Casamento:
Disposições Gerais 
1. Conceito:
O casamento como todas as instituições sociais, varia com o tempo e os povos. Inúmeras são as definições de casamento apresentadas pelos escritores a partir da de Modestino, da época clássica do direito romano. 
A definição de Modestino é do século III e reflete as idéias predominantes no período clássico: “casamento é a conjunção do homem e da mulher, que se unem para toda a vida, a comunhão do direito divino e do direito humano”.
Portalis, um dos idealizadores do Código Civil Francês definiu casamento: “é a sociedade de homem e da mulher, que se unem para perpetuar a espécie, para ajudar-se mediante socorros mútuos a carregar o peso da vida, e para compartilhar seu comum destino.
Segundo Josserand “casamento é a união do homem e da mulher, contraída solenemente e de conformidade com a lei civil”.
 
Segundo Clóvis Beviláqua “casamento é um contrato bilateral e solene, pelo qual um homem e uma mulher se unem indissoluvelmente, legalizando por eles suas relações sexuais, estabelecendo a mais estreita comunhão de vida e de interesses, e comprometendo-se a criar e a educar a prole, que de ambos nascer”.
O casamento pode ser conceituado como a união de duas pessoas reconhecida e regulamentada pelo Estado, formada com o objetivo de constituição de uma família e baseada em um vínculo de afeto. (Flavio Tartuce).
2. Natureza jurídica:
São 03 as Teorias que procuram justificar:
- TEORIA INSTITUCIONALISTA (ou Tradicionalista): Defendida por Maria Helena Diniz. Para esta corrente, o matrimônio é uma instituição social, é um estado em que os nubentes ingressam, refletindo uma situação jurídica cujas normas, efeitos e forma encontram-se preestabelecidos em lei;
 	
- TEORIA CONTRATUALISTA (ou individualista): Defendida por Sílvio Rodrigues. O casamento é considerado um contrato civil que depende da vontade das partes e constitui uma sociedade, sendo os cônjuges sócios (há civilistas que vislumbram no casamento um contrato especial ou sui generis); e
- TEORIA MISTA OU ECLÉTICA: Defendida por Eduardo de Oliveira Leite. É uma mescla das teorias acima. Considera o casamento sujeito às normas de ordem pública, porém, reconhece seus aspectos contratuais, assim, o casamento seria um ato complexo, exteriorizando, ao mesmo tempo, um contrato (na sua formação) e uma instituição (no seu conteúdo).
OBS: A maior parte da doutrina se vale da Teoria Mista ou Eclética. 
3. Caracteres jurídicos do casamento:
a- é ato eminentemente solene (formal): o casamento e o testamento constituem os dois atos mais repletos de solenidades do direito civil. Destinam-se elas a dar maior segurança aos referidos atos, para garantir a sua validade e enfatizar a sua seriedade. As formalidades exigidas constituem elementos essenciais e estruturais do casamento, cuja inobservânciatorna o ato inexistente.
b- as normas que o regulam são de ordem pública: não podem ser derrogadas por convenção das partes. O casamento é constituído de um conjunto de normas imperativas, cujo objetivo consiste em dar a família uma organização social moral compatível com as aspirações do Estado e a natureza permanente do homem, definidas em princípios insculpidos na CF e nas leis civis. Por essa razão, não é permitido aos nubentes discutir com o celebrante o conteúdo e a extensão dos seus direitos e deveres, nem impor regras sobre a dissolução do vinculo ou reconhecimento de filho.
c- estabelece comunhão plena de vida, com igualdade de direitos e deveres dos cônjuges (art. 1.511 CC); a aludida comunhão está ligada ao principio da igualdade substancial, que pressupõe o respeito a diferença entre os cônjuges e a conseqüente preservação da igualdade das pessoas casadas.
d- permite liberdade de escolha do nubente
e- bilateral por exigir a participação de duas vontades que não se contrapõem, mas, pelo contrário, caminham na mesma direção, rumo ao mesmo norte.
f- É dissolúvel, uma vez que pode ser desfeito por ato contrário, qual seja, o divórcio.
OBS: Esponsais (ou promessa de casamento ou noivado): Geralmente o casamento é precedido de um noivado, esponsais ou promessa recíproca entre duas pessoas desimpedidas, sexo oposto, com objetivo de que se conheçam melhor.
A simples quebra da promessa de casamento, por si só, não gera direito à indenização. É verdade que o rompimento de um relacionamento geralmente é marcado por dor e frustração. No entanto, não se pode obrigar uma pessoa a se casar com outra, quando o relacionamento apresenta sinais de que não dará certo. Um casamento nessas condições só aumentaria o sofrimento de ambos. Ainda que haja danos emocionais decorrentes do fim do noivado, estes em geral não decorrem de uma atitude culposa do noivo arrependido, mas do próprio fim da relação, em si mesma. Por todos esses motivos, os tribunais brasileiros geralmente não reconhecem a existência de dano moral indenizável decorrente do mero fim da relação amorosa. É necessário que se evidencie uma atitude culposa, em geral revelada por meio de descaso para com os sentimentos da outra pessoa.
Em recente decisão, proferida em agosto de 2011, o Tribunal de Justiça de São Paulo reconheceu que a noiva devia ser indenizada por dano moral pela quebra dos esponsais:
“O noivado, também denominado esponsais, é a promessa recíproca que duas pessoas fazem, entre si e perante a sociedade, de contrair casamento futuro. Enquanto na Roma antiga a sponsalia era uma instituição com ampla tutela jurídica, sendo um ato solene que gerava efeitos às partes, no ordenamento jurídico pátrio não há qualquer disciplina expressa ao instituto; contudo, doutrina e jurisprudência já pacificaram há muito a efetiva tutela ao rompimento desavisado da promessa de casamento feito às vésperas de sua realização, enquadrando-a no ramo da responsabilidade extracontratual, nos moldes dos arts. 186 e 927 do Código Civil. [...] Assegurada a liberdade de qualquer dos noivos de se arrepender da escolha feita, não se pode perder de vista a responsabilidade do arrependido para com o sentimento e a afeição alheios construídos ao longo do caminho percorrido juntos; o ideal seria que toda ruptura fosse marcada pela mesma reverência e respeito que envolveram os dias apaixonados – ‘tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas’, tais são as já eternas palavras de Antoine de Saint-Exupéry. [...] Ausente a devida discrição e justificativa, ainda que se constitua um risco inerente a qualquer relacionamento, sendo possível a qualquer tempo, o fim se torna abrupto, avassalador para a parte que não o esperava, causando profundas e talvez irrecuperáveis marcas em sua integridade emocional, as quais, portanto, podem e devem ser tuteladas pelo direito, gerando presumidamente, ao contrário do entendimento do requerido, dano moral indenizável, afastando-se, portanto, a tese apresentada por este em seu recurso adesivo. Certo o ato ilícito a ensejar reparação, seu quantum deve ser aquilatado com moderação.” (Apelação 9245470-44.2005.8.26.0000; Relator(a): Miguel Brandi; Comarca: Assis; Órgão julgador: 7ª Câmara de Direito Privado; Data do julgamento: 17/08/2011)
Em outra decisão, tendo por relator o Des. José Luiz Gavião de Almeida, o Tribunal de Justiça de São Paulo decidiu não ser devida indenização pelo rompimento do relacionamento, diante da ausência de conduta culposa do noivo arrependido:
“No presente caso o apelante compareceu na casa da apelada para informá-la que não possuía a intenção de casar, pois estava confuso e não sabia o que mais queria para a sua vida. É verdade que o sofrimento emocional da apelada teve como causa o rompimento do noivado. Mas também é verdade que a mágoa, o sofrimento e a desilusão são riscos inerentes aos relacionamentos humanos e que o desfazimento da promessa de casamento, sem a caracterização de conduta acintosa do agente da ruptura em humilhar ou ofender o outro, está inserida nesses riscos. No mais, o direito civil brasileiro, diversamente de outros diplomas alienígenas, não disciplinou os esponsais como instituto autônomo buscando a reparação dos prejuízos causados pelo rompimento da promessa de casamento. Segundo a doutrina, a responsabilidade civil pelo descumprimento da promessa de casamento somente dá causa a danos morais indenizáveis quando verificados os pressupostos do ato ilícito ou abusivo. [...] Dessa forma, o direito não pode usar a indenização por danos morais como subterfúgio ao instituto romanístico dos esponsais, visando compelir que a promessa de casamento seja adimplida, sob pena de pagamento de indenização. Ficou comprovado nos autos que o recorrente se pautou pela discrição ao informar a recorrida da intenção de romper o noivado. Em nenhum momento ele teve o dolo de humilhar ou causar algum dano exagerado à sua ex-noiva. Assim nenhuma indenização por danos morais por ele é devida, no sentido de que não cometeu nenhum ato ilícito, ou mesmo que tenha agido com abuso de direito.” (Apelação 9066099-23.2005.8.26.0000; Relator(a): José Luiz Gavião de Almeida; Comarca: São Paulo ; Órgão julgador: 9ª Câmara de Direito Privado; Data do julgamento: 14/04/2009).
Ninguém está obrigado a casar, mas a depender da circunstância, caso haja dano material ou moral, a ruptura será passível de responsabilidade civil. A regra é que não cabe indenização com a ruptura do noivado. Porém, pode haver dano indenizável devido à forma como ocorreu o rompimento. Para isso, há situações ocasionadas pelo abuso de direito com a quebra da boa-fé objetiva.
O problema, pois, será o exercício abusivo desse direito de não casar, com quebra da boa-fé objetiva, em situações típicas de violação ao patrimônio material e à moral da outra parte. A análise dependerá do caso concreto.
“O noivado não acarreta a obrigação de casar. Todavia, a doutrina com repercussão na própria jurisprudência (REsp 251689/RJ, Apelação Cível 0282469-5 do TJ/PR), tem admitido responsabilidade civil por ruptura injustificada de noivado.”
É o que ocorre quando a pessoa cria na outra fundada expectativa de casamento, animada dia a dia. O exercício do direito ao não ao casamento, nesse caso, pode traduzir quebra de boa-fé, gerando ressarcimento à parte enganada.
STJ: “O nosso ordenamento ainda admite a concessão de indenização à mulher que sofre prejuízo com o descumprimento da promessa de casamento.”
TJ/RJ: “Conduta que infringiu a boa-fé, ocasionando despesas comprovadas, dano moral configurado pela atitude vexatória por que passou a noiva com o casamento marcado, indenização que se justifica, segundo alguns, pela teoria da culpa in contraendo; outros dizem pela teoria do abuso de direito. Embora as tratativas não possuam força vinculante, o prejuízo material ou moral decorrente do seu abrupto rompimento e violador de boa-fé, dá ensejo à pretensão indenizatória.”
Em Goiânia (final do ano de 2008), por exemplo, a 5ª Vara de Família condenou umhomem a pagar indenização de 2 mil reais à titulo de danos morais por ter rompido o noivado sem motivo aparente. E mais R$ 3.415,43 em decorrência das despesas por parte da noiva que descobriu estar grávida. Ele não estava obrigado a casar, mas a depender da análise do caso, ele pode ter criado uma expectativa tão firme que a ruptura para o Judiciário foi injustificada gerando essa responsabilidade civil.
OBS.: Prevalece ainda o entendimento no sentido de que a ruptura de namoro não gera responsabilidade civil (TJ/RS, Apelação Cível 78220634: ‘Os namoros, mesmo prolongados e privando as partes de vida íntima, são fatos da vida, não recepcionados pela lei civil. Somente as relações jurídicas que surgem pelo casamento ou pela constituição de união estável, asseguram direitos pessoais e patrimoniais’.)
O simples fim do afeto, portanto, não gera responsabilidade civil. No caso do noivado, o que gera responsabilidade não é simplesmente o fim do afeto, mas o dano correspondente, ou material ou moral. O simples fim da afetividade é fato da vida.
4. Capacidade para o casamento (arts. 1517 a 1520 CC):
Ao tratar do tema, inicialmente precisamos estabelecer uma premissa: incapacidade para o casamento não se confunde com os impedimentos matrimoniais. 
	
Então, qual a diferença entre incapacidade para o matrimônio e impedimento matrimonial?
Começando pela incapacidade para o casamento: esta significa inaptidão do individuo para casar com quem quer que seja; ao passo que o impedimento se funda na falta de legitimação, e uma inaptidão para o casamento com determinada pessoa. O nubente não é incapaz, somente não pode constituir matrimonio com determinada pessoa. EX: impedimento decorrente de parentesco.
4.1 Idade para contrair casamento e outras questões:
Proclama o art. 1.517 CC que tanto a mulher quanto o homem possuem a mesma idade núbil, qual seja, 16 anos.
Porém, não basta os noivos atingirem a idade de 16 anos; é necessária a autorização de ambos os pais, conforme dispõe o art. 1.517, parte final, do Código Civil. Havendo divergência entre os pais, aplica-se o disposto no parágrafo único do art. 1.631, ou seja, a questão será levada ao juiz, que decidira de acordo com o melhor interesse do menor e da família.
Enunciado 512 do CJF/STJ: art. 1.517: O art. 1.517 do Código Civil, que exige autorização dos pais ou responsáveis para casamento, enquanto não atingida a maioridade civil, não se aplica ao emancipado.
Lembrando que os incapazes para o casamento somente são os menores de 16 anos, nos termos do art. 1517 Cce do novo art. 3º do CC, devidamente atualizado com a Lei 13.146/2015. 
OBS: até a celebração do casamento os pais ou tutores podem revogar a autorização – art. 1518 CC.
Se, entretanto, os pais recusarem o consentimento, injustificadamente, os menores podem recorrer à Autoridade Judiciária para supri-lo, através da ação de suprimento de consentimento, ajuizada por aquele que teve a autorização negada. (art. 1.519, do CC).
O art. 1.520 do CC/02 reza: “Excepcionalmente, será permitido o casamento de quem ainda não alcançou a idade núbil (art. 1.517), para evitar imposição ou cumprimento de pena criminal ou em caso de gravidez.”
Esse artigo traz questão polemica visto as Leis 11.106/2005 e Lei 12.015/2009. 
De inicio da Lei 11.106/05 afastou a extinção de punibilidade nos casos de estupro presumido (art. 107, VII e VIII do CP). Ou seja: Na hipótese de alguém manter relação sexual com uma criança com idade inferior a 14 anos, onde a violência é presumida, e depois se casar com ela, a Lei 11.106/05 afastou a extinção de punibilidade prevista no art. 107, incs. VII e VIII do CP.
A pergunta que não quer calar: Como não há extinção de punibilidade, estaria o art. 1.520 do CC/02 revogado na parte que trata da extinção da pena criminal?
a) Parte da doutrina (expoentes: Inácio Carvalho e Luiz Augusto Zamimer), entende que o art. 1.520 do CC/02 não foi derrogado (revogado parcialmente). O Enunciado 138 do I Jornada de Direito Civil do CJF diz que a vontade do absolutamente incapaz (já que nos referimos à idade inferior a 14 anos), nas hipóteses do art. 3º, inc. I do CC/02 é juridicamente relevante para a concretização de situações existenciais a eles concernentes desde que demonstrem discernimento bastante para tanto. 
Desde modo, manifesta essa corrente, com base neste enunciado, que o magistrado poderá autorizar o casamento se o menor declara que quer viver com o pai da criança, desde que provado por perícia psicológica. Fundamenta também, pelo Princípio do melhor interesse da criança e da função social da família.
 b) Outra parte da doutrina, “chefiada” pela doutrinadora Maria Berenice Dias, entende que o art. 1.520 do CC/02 foi derrogado na parte que trata da extinção da pena criminal, pois pensar em contrário seria uma descriminalização do estupro. Continua: permanece tão só a possibilidade de ser autorizado o casamento quando das relações sexuais com quem ainda não atingiu a idade núbil, quando resulte gravidez.
Mas em agosto de 2009, Lei 12.015, encerrou o debate, não sendo mais possível o casamento da menor com aquele que cometeu o crime de estupro presumido em hipótese alguma. Isso porque o CP, ao tratar dos crimes sexuais contra vulneráveis, passou a prever em seu art. 217-A que é crime “ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 anos”. Mas o crucial é o art. 225, § único do CP, pela qual havendo pessoa vulnerável a ação penal do crime sexual é pública incondicionada. 
Desse modo não sendo mais a ação penal privada, não pode o casamento funcionar como forma de perdão tácito do crime. Como se nota a nova lei bota o Direito Penal em posição de prestigio em relação ao Direito de Família. 
Seguindo este posicionamento entendeu a 3º Seção do STJ, em agosto de 2015 e em sede de recurso repetitivos, que “para a caracterização do crime de estupro de vulnerável, previsto no art. 217-A CP, basta que o agente tenha conjunção carnal ou pratique qualquer ato libidinoso com pessoa menor de 14 anos. O consentimento da vitima, sua eventual experiência sexual anterior ou a existência de relacionamento amoroso entre o agente e a vitima não afastam a ocorrência de crime”. 
OBS: Tanto nas ações de suprimento de consentimento (art. 1519 CC) quanto de suprimento de idade (art. 1520 CC), o regime de bens será o de separação legal ou obrigatório (art. 1.641, III, CC).
Dos impedimentos matrimoniais 
1. Conceito:
Impedimento matrimonial é a existência de determinadas circunstâncias que a lei prevê como proibitivas para o casamento, de forma permanente ou temporária. É relativo a certas pessoas entre si, portanto, não se confunde com a incapacidade para o casamento. Por exemplo, o menor de 10 anos não pode se casar com pessoa alguma (incapacidade para o casamento); o ascendente não pode se casar com os descendentes (impedimento), mas é capaz para casar-se com outra pessoa.
O rol é taxativo no art. 1.521 CC. Incidindo em uma das hipóteses deste artigo, o casamento é nulo (ver art. 1548, II CC002), vez que os casos aqui elencados apresentam uma gravidade, envolvendo interesse de ordem pública, além dos interesses das próprias partes. 
A questão de se tornar nulo o casamento, caso envolvam uma das hipóteses do art. 1.521 é: preservar a eugenia (pureza de raça); moral familiar (obstando a realização de casamentos entre parentes consangüíneos, por afinidade e adoção (CC/02, art. 1.521, incs: I a IV), a monogamia (inc. VI), uniões com raízes no crime (inc. VII).
2. Impedimentos resultantes do parentesco (consangüinidade, afinidade e adoção) (Art. 1521, incs. I a V): 
Não podem casar os ascendentes com os descendentes até o infinito, no caso de parentesco natural. Exemplo: Filhos (descendentes) não podem casar com a sua mãe (ascendente), neto com avó, bisneto com bisavó e assim sucessivamente.
Razões: evitar o incesto, bem como, problemas congênitos à prole (eugenia).
Não podem casar os que tenham parentesco civil: este é o parentesco existente entre adotantee adotado, sendo justificado pelo fato da adoção imitar a família.
Não podem casar os colaterais até o 3º grau (tios; sobrinhos). Exemplo: Não podem casar os irmãos, que são colaterais de 2º grau, sejam bilaterais (mesmo pai e mesmo mãe) ou unilaterais (mesmo pai ou mesma mãe). A regra se estende aos tios (as) e sobrinhas (os), que são colaterais de 3º grau. 
OBS: No CC anterior existia este impedimento entre colaterais de 3º grau. O casamento celebrado entre tio e sobrinha é chamado de casamento avuncular. Mas o Decreto-Lei 3.200/41, permitiu este casamento, desde que se submetessem ao exame pré-nupcial, formada por uma junta médica com 02 profissionais da área, para que ficasse demonstrado o não problema para a prole. 
Mesmo com o CC/02 este decreto ainda prevalece, visto sua especialidade em face do CC/02.
O Enunciado 98 do CJF/STJ aponta a não revogação deste decreto-lei.
Concluímos que a partir do 4º Grau (colateral Ex: primo com prima) pode-se casar.
Não podem casar os afins em linha reta. Haverá o impedimento matrimonial para o casamento. Parentesco por afinidade se dá entre um cônjuge (ou companheiro) e os parentes do outro consorte (ou convivente). Atenção: a) O impedimento somente existe na afinidade em linha reta até o infinito (Ex: sogra e genro; sogro e nora; padrasto e enteada, e etc.). A razão é apenas moral, tanto o é, que os cunhados podem se casar depois de terminado o casamento, pois são parentes afins colaterais. Isso se estende para questão de união estável, como preceitua o art. 1.595, §2º do CC/02). b) Daí dizer que sogra é para vida inteira, já que, com a dissolução do casamento esta forma de parentesco por afinidade em linha reta (Ex: sogra) não se extingue, por isso é impedimento matrimonial. 
No que concerne a afinidade na linha reta descendente, merece destaque a valorização social da afetividade, na relação constituída entre padrastos e madrastas e seus enteados. A lei 11.924/09 passou a admitir que o enteado utilize o sobrenome do padrasto ou madrasta (art. 57, §8º da lei 6.015/67).
OBS: a afinidade não vai além da pessoa do cônjuge. Segundo Lamartine “os tios da minha mulher são meus tios, por afinidade, na linha colateral, mas não são afins de meu irmão. Um homem pode casar-se com a enteada de seu irmão, ou com a sogra de seu filho. 
OBS: não prevalece o impedimento resultante do parentesco espiritual (batismo). Assim padrinho pode casar com afilhada.
Não podem casar o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem foi cônjuge do adotante. Para fins didáticos é importante saber que, a adoção imita a família natural. Da mesma forma, não podem casar o adotado com o filho do adotante, pois ambos seriam irmãos. Todavia, o adotado pode se casar com a irmã do adotante, pois esta seria como sua tia fosse – e nesta situação, por óbvio não precisa da dita Junta Médica, já que não há problemas de vínculo sangüíneos.
3. Impedimento resultante de casamento anterior (art. 1521, inc. VI):
Não podem casar as pessoas casadas.
Procura-se, assim, combater a poligamia e prestigiar a monogamia, sistema que vigora nos países em que domina a civilização cristã.
A infração do impedimento em apreço acarreta a nulidade do segundo casamento. 
	
4. Impedimento resultante do crime (Art. 1521, inc. VII): 
Não podem casar o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte. 
A doutrina unânime considera existir o impedimento somente nos casos de crime doloso e havendo trânsito em julgado da sentença penal condenatória. 
Assim, se o casamento ocorre ainda no curso do processo criminal, será reputado válido, pois quando da celebração não havia a limitação da autonomia privada, que somente pode decorrer de lei. Então o casamento permanece válido, mesmo no caso de sentença penal transitada em julgado superveniente, ou seja, posterior ao matrimônio. 
A razão é de ordem moral, visto aquele criminoso ter destruído a família até então existente.
OBS: vamos gravar:
Nunca poderão casar, sob pena de ser o casamento declarado NULO:
# Os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil. (Ex: Pai e filha, avô e neta não podem casar). OBS: Parentesco civil é o decorrente da adoção.
# Os afins em linha reta. (Ex: Sogra e genro, sogro e nora, padrasto e enteada não podem casar).
# O adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem foi cônjuge do adotante. (Se isto fosse possível, o que não é, por razões de ordem moral, equivaleria a permitir, por exemplo, o casamento entre sogra e genro ou padrasto e enteada, respectivamente).
# Os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive. (Ex: Irmão e irmã não podem casar; cunhado e cunhada não podem casar enquanto durar o cunhadio – após isso, estão autorizados a casar; tio e sobrinha podem casar desde que apresentem um atestado de sanidade que afirme não existir inconveniente para o matrimônio sob o ponto de vista da saúde dos cônjuges e da prole; primo e prima podem casar livremente).
# O adotado com o filho do adotante. (Permitir isso representaria casar irmãos).
# As pessoas casadas. (O casamento no Brasil é monogâmico, sendo a bigamia vedada pelo ordenamento jurídico pátrio).
# O cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte. (Tal impedimento também se dá por razões de ordem moral).
OBS: no caso de adoção não some o impedimento matrimonial para casar – art. 1626 CC.
5. Oposição aos impedimentos matrimoniais (art. 1.522 do CC/02)
Poderá haver oposição ao casamento, arguindo aí, questões relacionadas ao dito impedimento. A oposição se faz no Cartório de Registro de Pessoas Naturais, que poderá ocorrer até o momento da celebração do casamento, levando ao conhecimento do oficial que esta realizando o processo de habilitação, ou pode levar ao conhecimento do juiz de paz que celebra a solenidade. 
A oposição aos impedimentos pode ser suscitada por qualquer pessoa capaz, ainda que não comprove interesse especifico no caso, visto tais causas serem de ordem pública – art. 1.522 CC.
A oposição de impedimento, ou a sua declaração de oficio, susta a realização do casamento até final decisão.
A oposição ao impedimento deverá acontecer em qualquer fase do processo de habilitação e até o momento da celebração do casamento.
A oposição de impedimento deverá seguir a regra do art. 1529 e 1530 CC. 
OBS: Ademais, juiz de direito, Membro do Ministério Público, também, podem de ofício levantar essa oposição. 
OBS: nulo: ação declaratória de nulidade;
A oposição de impedimento por qualquer pessoa capaz, não precisa ter interesse. Já a ação declaratória de nulidade somente aquele que tenha legitimo interesse.
Anulável: ação anulatória de casamento.
 
Das Causas suspensivas
Causas suspensivas são determinadas circunstâncias ou situações capazes de suspender a realização do casamento, se argüidas tempestivamente pelas pessoas legitimadas a fazer, mas que não provocam, quando infringidas, a sua nulidade ou anulabilidade.
O casamento quando realizado sem a observância das causas suspensivas é apenas considerado irregular, tornando-se, porém, obrigatório o regime da separação de bens, como sansão imposta ao infrator – art. 1641, I CC.
As aludidas causas visam proteger interesses de terceiros. Podem por isso, deixarem de se aplicadas pelo juiz, provando-se a inexistência de prejuízos para tais pessoas.
As ditas causas suspensivas somente podem ser argüidas por parente em linha reta (consangüíneos ou afins) e pelos colaterais de 2º grau (consangüíneos ou afins). Isso se dá, pois as causas suspensivas incidem sob questões de interesse particular (art. 1.524 do CC/02).
Assim sendo, não poderão ser declaradas as referidas causas suspensivas para o casamento, de ofício por eventual juiz, Ministério Público, ou oficial do Registro Civil.
Art. 1523 CC:
Inciso I: confusão de patrimônios: o óbice a realização do casamento não desaparece com o fato de haver sido iniciadoo inventário, é necessário que haja partilha julgada por sentença, pois é ela que define claramente o direito de cada um. É necessário, assim, que se homologue a partilha, promovendo a separação dos patrimônios, de modo que, aos herdeiros do cônjuge falecido sejam atribuídos discriminadamente os bens que lhes caibam.
É o único caso com duas sanções: a- impõe-se o regime da separação de bens (art. 1641, I CC); b- incidência de hipoteca em favor dos filhos, sobre os imóveis do pai ou da mãe que passar a outras núpcias, antes de fazer o inventário do casal anterior (art. 1489, II CC). 
Poderá tais sansões deixar de ser aplicadas quando provado a inexistência de prejuízo para os filhos - § único do art. 1523 CC. (ex. inventaria negativo).
Se o filho for somente do cônjuge falecido não se impõe a causa suspensiva ao cônjuge sobrevivente.
 
Inciso II: confusão de sangue: esta se impõe somente a mulher. O objetivo é evitar dúvidas sobre a paternidade. 
Não subsiste a proibição se a nubente provar “nascimento de filho, ou inexistência de gravidez, na fluência do prazo”, segundo proclama o parágrafo único, in fine, do referido art. 1523 CC (ex. aborto, esterilidade).
Inciso III: divórcio: procura-se evitar controvérsia a respeito de bens comuns na hipótese de novo casamento de um dos divorciados, em face do regime de bens adotado.
Interessante é que poderá ser concedido o divórcio sem que haja qualquer partilha de bens (art. 1581 do CC/02). 
Não subsiste a proibição quando provado a inexistência de prejuízo para o ex-cônjuge.
Inciso IV: tutela e curatela: é destinada a afastar a coação moral que possa ser exercida por pessoa que tem ascendência e autoridade sobre o ânimo do incapaz. O tutor é o responsável legal do incapaz menor, o curador é responsável do incapaz maior. A regra tem por finalidade a proteção do patrimônio do incapaz. 
Não subsiste a proibição quando provado a inexistência de prejuízo para o tutelado ou curatelado.
OBS: para gravar:
# O viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros. (O objetivo aqui é evitar a confusão de patrimônios, o que causaria prejuízos aos outros herdeiros. Todavia, o CC autoriza que, nessa hipótese, os nubentes solicitem ao juiz que não seja aplicada a causa suspensiva, provando a inexistência de prejuízo para os herdeiros. Se não houver patrimônio a ser partilhado, por exemplo, não há qualquer prejuízo).
#A viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal. (Aqui se procura evitar dificuldade de identificação da paternidade. Para tal causa suspensiva ser afastada, a nubente deverá provar nascimento de filho ou inexistência de gravidez durante estes 10 meses).
#O divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal. (Também se busca evitar aqui a confusão de patrimônios de ambos os consortes; podendo tal causa suspensiva ser afastada se os nubentes provarem que não haverá prejuízo para o ex-cônjuge). 
# O tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas. (A razão desse impedimento justifica-se pela eventual possibilidade de o incapaz ser obrigado a contrair matrimônio para isentar o administrador de seus bens da prestação de contas. Aqui também poderá ser dispensada judicialmente a causa suspensiva se for provada a inexistência de prejuízos ao tutelado/curatelado).
1. Oposição as causas suspensivas:
O art. 1524 enumera quais as pessoas legitimadas: parentes em linha reta (sanguíneos ou afins); colaterais em segundo grau (consangüíneos ou afins). 
Enunciado 330 CJF: “as causas suspensivas da celebração do casamento poderão ser arguidas inclusive pelos parentes em linha reta de um dos nubentes e pelos colaterais em segundo grau, por vinculo decorrente de parentesco civil”. 
As causas suspensivas devem ser articuladas no curso do processo de habilitação, até o decurso do prazo de 15 dias da publicação dos proclamas (editais). 
A suspensão do casamento só tem lugar, se a causa que a admite é oposta tempestivamente por algum dos legitimados. Caso o casamento se realizar a despeito da causa suspensiva, será válido, mas os nubentes sofrerão as sanções já mencionadas (oposição do regime de separação de bens).
A forma de oposição está regulada no art. 1.529 CC.
OBS: nulo: ação declaratória de nulidade;
 Anulável: ação anulatória de casamento.
Do processo de habilitação para o casamento
Do procedimento para a habilitação (arts. 1525 à 1532CC):
É por meio do processo de habilitação que as partes demonstram, com a apresentação dos documentos exigidos, de estar em condições de convolar as justas núpcias.
Destina-se a aludida medida preventiva a constatar a capacidade para a realização do ato; a inexistência de impedimentos matrimoniais, ou de causas suspensivas; e de dar publicidade, por meio de editais. 
1º passo: O requerimento de habilitação para o casamento será feito de próprio punho por ambos os nubentes, ou a pedido destes por procurador que deverá reunir os documentos do art. 1525 do CC/02.
OBS: Este requerimento de habilitação para o casamento será feito junto ao Cartório de Registro Civil do domicílio dos nubentes, ou de qualquer um deles se domiciliados em municípios diversos. 
2º passo: Feito o requerimento de habilitação para o casamento perante o Oficial de Registro Civil, haverá uma audiência com o Ministério Público, e caso haja necessidade a habilitação será submetida o juiz. (art. 1526 CC).
OBS: a Lei 12.133 de dezembro de 2009 deu nova redação ao citado artigo, ficando o mesmo da seguinte forma: “a habilitação será feita pessoalmente perante o oficial de Registro Civil, com a audiência do Ministério Público. Parágrafo único. Caso haja impugnação do oficial, do Ministério Público ou de terceiro, a habilitação será submetida ao juiz”.
3º passo: Estando em ordem a documentação exigida em lei (a do art. 1525 do CC/02), o oficial do Registro Civil extrairá o edital (proclamas), que se afixará durante 15 dias nas circunscrições do Cartório do Registro Civil de ambos os nubentes e, obrigatoriamente se publicará na imprensa local se houver (art. 1527 do CC/02).
OBS: Este dispositivo prevê a publicação do edital dos proclamas do casamento, que poderá ser dispensado pela autoridade competente para homologação do casamento em caso de urgência (§ único do art. 1527 do CC/02). Ex: um dos nubentes encontra-se em iminente risco de vida. 
Enunciado 513: Art. 1.527, parágrafo único: O juiz não pode dispensar, mesmo fundamentadamente, a publicação do edital de proclamas do casamento, mas sim o decurso do prazo. 
Segundo Flavio Tartuce tal enunciado está distante do texto legal e do principio da operalidade, no sentido de facilitação dos institutos civis, um dos pilares da atual codificação privada.
4º passo: O art. 1528 do CC impulsiona o respectivo processo de habilitação, preceituando que é dever do oficial do Registro esclarecer os nubentes sobre os fatos que podem ocasionar a invalidade do casamento, bem como, sobre os diversos regimes de bens, sob pena de ser responsabilizado civilmente – art. 186 do CC. 
OBS: Caso haja algum impedimento ou causas suspensivas, argüido por terceiro, essas serão reduzidas a termo (declaração escrita) e o procedimento está no art. 67, §5º da Lei 6.015/73. Diante disso, os nubentes podem requerer prazo razoável para fazer prova contrária aos fatos alegados e promover as ações civis e criminais contra o oponente de má-fé.
5º passo: Havendo o cumprimento de todas as formalidades previstas em lei e verificada a inexistência de fato de oposição (como constante acima), o oficial de Registro extrairá o certificado de habilitação (previsto no art. 1531 do CC/02), onde os nubentes em face desta certidãoestão habilitados a se casar dentre 90 dias, sob pena de perda de sua eficácia, conforme art. 1532 do CC/02. 
Da celebração do casamento
O casamento é cercado de um verdadeiro ritual, com significativa incidência de normas de ordem pública. 
Constitui negocio jurídico solene.
A celebração do casamento sem o atendimento dos rigores da lei torna inexistente o ato, salvo casos excepcionais de dispensa.
1. A celebração para o casamento se dá mediante os seguintes passos:
1º: Petição dos contraentes à autoridade competente requerendo a designação de dia, hora e local da celebração do casamento (art. 1533). [OBS: quanto a essa autoridade competente, o ato pode ser celebrado pelo juiz de paz – art. 98, II da CF/88. Não há no Brasil uma uniformidade quanto à Justiça de paz].
2º: No dia, hora e local designado para celebração do casamento, por ser o casamento, um ato solene, este será realizado na sede do cartório com toda a publicidade, as portas abertas, presente pelo menos 02 (duas) testemunhas parentes ou não dos contraentes. Se as partes quiserem, e consentindo a autoridade celebrante, o casamento poderá ser celebrado em outro edifício, público ou privado (art. 1534 do CC).
3º: Estando todos presentes: contraentes pessoalmente ou procurador especial, juntamente com as testemunhas e o oficial de registro, manifestando os contraentes a intenção de casar (obs. Não cabe o silencio), haverá declaração do presente ato mediante fórmula sacramental de que o casamento esta aperfeiçoado (at. 1.535 do CC)
4º: Após a celebração do casamento, será lavrado o assento no livro de registro assinado pelo presidente do ato, pelos cônjuges e as testemunhas, contendo as questões do art. 1.536 do CC/02.
OBS: 
I) O MOMENTO EXATO DA CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO É QUANDO O HOMEM E A MULHER MANIFESTAM, PERANTE O JUIZ, A SUA VONTADE DE ESTABELECER VÍNCULO CONJUGAL E O JUIZ OS DECLARA CASADOS. (ART. 1.514 DO CC/02) 
II) Por outra via, prevê o art. 1538 do CC/02 que a celebração do casamento, será imediatamente suspensa se algum dos contraentes: a) recusar a solene afirmação de sua vontade; b) declarar que esta vontade não é livre e espontânea; c) manifestara-se arrependido.
Aliás, o nubente que der causa a suspensão do ato não poderá retratar-se no mesmo dia. (art. 1.538, §único do CC/02). Esta regra será aplicada mesmo se a manifestação tiver sido feita em um tom jocoso ou de brincadeira. 
2. Espécies de casamento válido, previstas no CC/02. 
a) Casamento nos casos de moléstia grave (art. 1539 do CC/02): nesta espécie pressupõe que já estejam satisfeitas as formalidades preliminares do casamento (processo de habilitação) e o oficial de registro tenha expedido o certificado de habilitação ao casamento, mas a gravidade do estado de saúde de um dos nubentes o impede de locomover-se e de adiar a cerimônia. 
Um dos nubentes acometidos de moléstia grave, o casamento será celebrado, pelo presidente do ato, onde a pessoa impedida estiver, e sendo urgente, ainda que a noite, com 02 (duas) testemunhas.
b) Casamento nuncupativo (in extremis; viva voz) (art. 1.540 do CC/02): neste se dispensa o processo de habilitação e até a presença do celebrante. 
Um dos nubentes estiver em iminente risco de vida, não estando presente a autoridade para o ato, poderá o casamento ser celebrado na presença de 06 (seis) testemunhas. Após o ato, estas testemunhas devem comparecer perante a autoridade judicial mais próxima dentre 10 dias a teor do art. 1.541 do CC/02, para afirmar o porquê da maneira que ocorreu a celebração para o casamento. Isso é para evitar fraude, como enriquecimento sem causa, o que pode motivar nulidade absoluta. Forma-se um processo administrativo (Jurisdição Voluntário – art. 1541 §1º do CC/02).
Serão dispensadas as formalidades ditas, se o enfermo convalescer e puder ratificar o casamento na presença da autoridade competente e do oficial de registro. (art. 1541, §5º do CC/02)
 
c) Casamento por procuração (art. 1.542 do CC/02): Desde que haja instrumento público que outorgue poderes especiais ao mandatário receber, em nome do outorgante, o outro contraente. Se ambos não puderem comparecer deverão nomear procuradores diversos. O mandato pode ser revogado apenas por instrumento público e terá eficácia pelo prazo de 90 (noventa) dias. (§§3º e 4º).
OBS. Se acontecer a revogação da procuração é o casamento mesmo assim se realizar, este será anulável – art. 1550, V CC.
Se acontecer a morte do mandante, e o casamento mesmo assim se realizar, este será inexistente.
d) Casamento religioso com efeito civil: O CC/02 trouxe duas regras quanto aos efeitos jurídicos do casamento religioso. A inovação é parcial, pois já haveria previsão quanto ao casamento religioso com efeitos civis no art. 226, §2º da CF/88.
O casamento religioso pode ser de duas espécies: a) com previa habilitação – art. 1516, §1º; b) com habilitação posterior a celebração religiosa – art. 1516, §2ª.
Em ambas exige-se o processo de habilitação. Somente a celebração é feita pela autoridade religiosa da religião professada pelos nubentes.
A validade do casamento religioso está condicionada a habilitação e ao registro no Registro Civil de Pessoas Naturais, produzindo efeitos a partir da data de sua celebração – art. 1515 CC. 
§ 1º - processada e homologada a habilitação na forma do CC e obtido o certificado de habilitação, será ele apresentado ao religioso que o arquivará. Celebrado o casamento (religioso), deverá ser promovido o registro no prazo decadencial de 90 (noventa) dias contados da sua realização, mediante comunicação do celebrante ao ofício competente ou por iniciativa de qualquer interessado (cônjuges e celebrante). 
§ 2º - celebrado o casamento religioso, os nubentes requererão o registro, a qualquer tempo, instruindo o pedido com a certidão do ato religioso e com os documentos exigidos no art. 1525 CC. Processada e homologada a habilitação e certificada a inexistência de impedimento o oficial fará o registro do casamento, lavrando o assento. Nesse caso, deve ser respeitado o prazo de 90 dias, contados de quando foi extraído o certificado para eficácia dessa habilitação.
e) conversão da união estável em casamento (art. 1726 CC): observe que se exige pedido formulado ao juiz. Tal exigência desatende ao previsto no art. 226, §3º CF/88 de que deve se facilitar a conversão da união estável em casamento. Em vez de se recorrer ao judiciário mais fácil será simplesmente casar, com a observância das formalidades exigidas para a celebração do casamento civil.
OBS: Efeitos da conversão: 
Maria Berenice Dias. "A Constituição recomenda que a lei facilite a conversão da união estável em casamento (CF 226 § 3º), mas deixou o Código Civil de obedecer dita recomendação. Exige a interferência judicial ao determinar que o pedido seja dirigido ao juiz, devendo ser posteriormente averbado no registro civil (CC 1.726). (...) O sentido prático da transformação da união estável em casamento seria para estabelecer seu termo inicial, possibilitando a fixação de regras patrimoniais com efeito retroativo."
Assinala MARCO TÚLIO MURANO GARCIA que o sentido que o novo Código Civil quis dar à conversão, mormente ao condicionar o seu aperfeiçoamento à chancela jurisdicional, o que a Lei nº 9.278/96 não fazia, "foi de que, por força da conversão, o casamento englobasse o tempo já vivido em união estável, protraindo os seus efeitos no tempo. Porque do contrário, seria mais simples que os conviventes simplesmente se casassem ao invés de converter a união estável em casamento. Com a conversão, seria como se o casamento tivesse ocorrido quando surgiu a união estável. Daí que no tal pedido judicial os conviventes teriam que demonstrar a união e o seu termo inicial, requerendo, então, que a união comprovada fosse convertida em casamento. De outro modo a norma fica sem sentido. E as normas, por princípio de hermenêutica, não devem conter disposições inúteis."
Sílvio de Salvo Venosa. "Portanto, a união estável, denominada na doutrina como concubinato puro, passa a ter perfeitacompreensão como aquela união entre o homem e a mulher que pode converter-se em casamento. Tanto assim é que, em complemento ao dispositivo constitucional, o art. 1.726 dispõe que "a união estável poderá converter-se em casamento, mediante pedido dos companheiros ao juiz e assento no registro civil". Essa transformação em casamento não prescinde e depende, é evidente, dos procedimentos preliminares e do processo de habilitação regular. Por essa razão, esse artigo e os demais que o precederam com o mesmo sentido são inócuos e nada acrescentam. Sentido haveria na disposição se dispensasse alguns dos procedimentos prévios para a realização do casamento ou se estabelecesse regras patrimoniais retroativas ao termo inicial da união estável, o que não ocorre entre nós."
Paulo Luiz Neto Lôbo. "A conversão não produz efeitos retroativos. As relações pessoais e patrimoniais da união estável permanecerão com seus efeitos próprios, constituídos durante o período de sua existência até a conversão. Assim, se os agora cônjuges tiverem optado pelo regime de separação total de bens, mediante pacto antenupcial, os bens adquiridos durante a união estável que ingressaram no regime legal de comunhão parcial permanecerão em condomínio."
Da invalidade do casamento
Art. 1548 a 1564 CC
1. Introdução: 
A denominação “Da Invalidade do Casamento” abrange a nulidade e a anulabilidade do matrimonio, ou seja, a nulidade absoluta e a relativa. 
Ao tratar do tema “Da Invalidade do Casamento”, precisamos situá-los nos respectivos planos do negócio jurídico (até porque, o casamento é um negócio jurídico, daí a sua pertinência com os respectivos planos).
O negócio jurídico se apresenta no plano da existência (1º degrau); plano da validade (2º degrau) e no plano da eficácia (3º degrau). 
Cada plano corresponde a um degrau, onde só se fala em negócio jurídico válido (no nosso caso, em casamento válido), quando situado no 2º plano (no 2º degrau), se existir (que é o 1º plano, portanto, 1º degrau); nessa linha de raciocínio, se o negócio jurídico produz efeitos (e isso se dá quando já chegou ao 3º plano, ao 3º degrau) é porque é válido e se o é, é porque existe (ou seja, se o negócio jurídico atingiu o plano da eficácia, passando a produzir efeitos, podemos concluir que o dito negócio existe e é válido). Isso é chamado de Escada Ponteana, trazida por Pontes de Miranda. 
O 1º plano, o da existência, atesta se o ato jurídico é ou não alguma coisa na ordem jurídica. Portanto, verifica-se se há um objeto; vontade; partes e forma (elementos mínimos). Em havendo, falamos que o negócio jurídico existe e aí verificamos o próximo degrau da escada Ponteana, que é o plano da validade. Aqui nesse 2º plano, verifica-se se as partes são capazes, se o objeto é lícito, se a vontade é pura e se a forma é prescrita e não defesa em lei (art. 104 do CC/02). Em atingindo o plano da validade, verifica-se se o ato é NULO ou ANULÁVEL (portanto, é nesse 2º plano, o da Validade, que iremos verificar se o casamento é nulo ou anulável. Daí dizer que casamento Nulo ou Anulável, é casamento existente, pois a análise de nulidade e anulabilidade é feita no 2º plano, e se o é, é porque o 1º plano foi superado, que é exatamente o Plano da Existência, daí o casamento existe).
E por fim, se o negócio jurídico (leia-se, casamento) é válido, então vamos ao 3º degrau (Plano da Eficácia), onde verificaremos a produção de efeitos. 
E é nesse contexto, que enfrentaremos o tema “Da Invalidade do Casamento”, já que o casamento por ser um negócio jurídico, os planos da existência, da validade e da eficácia são observados.
OBS: a aceitação da teoria da inexistência não é unânime da doutrina brasileira. Na verdade, ali foi demonstrado que o CC/02 não adota expressamente o plano da existência, o que pode ser retirado da análise do seu art. 104, que trata diretamente da validade do negocio jurídico. Silvio Rodrigues é um dos autores que sempre criticou a teoria da inexistência.
De qualquer forma, o plano da existência deve ser estudado quando se fala em casamento que, como ressaltado, é um negocio jurídico com natureza especial. Nas prova de concurso publico é comum questões envolvendo a teoria da inexistência, razão pela qual a abordaremos.
2. Casamento inexistente:
O casamento inexistente é considerado um nada para o direito, pois não gera efeitos no âmbito jurídico.
PEREIRA COELHO, na obra Curso de Direito de Família, alude: "Quanto ao regime da inexistência basta dizer que O CASAMENTO INEXISTENTE NÃO PRODUZ EFEITOS – nem mesmo putativos-, e que a inexistência do casamento pode ser invocada a todo tempo, e por qualquer interessado, independentemente de declaração judicial."
Outrossim, a ausência de efeitos do casamento inexistente é absoluta. A própria presunção de paternidade deixa de ocorrer no casamento inexistente. O casamento inexistente é o nada (nihil est) e o nada não pode ser regulado pela lei. 
Não há ação visando o reconhecimento da inexistência do ato, visto que ele é um nada jurídico. Mas em algumas situações será necessário (mediante fraude no registro). Nestes casos as regras para a ação são as mesmas para a ação declaratória de nulidade do casamento. 
Com isso seguindo as breves linhas acima a doutrina aponta a respeito do casamento inexistente três hipóteses: casamento entre pessoas do mesmo sexo; ausência de vontade e celebração por autoridade totalmente incompetente.
A teoria do negocio jurídico inexistente é hoje admitida em nosso direito, malgrado o CC a ela não se refira.
Como tratamos acima, não há hipótese de inexistência no CC/02, por isso o tema é regulado pela doutrina. E como exemplos, podemos elencar:
 Exemplo 1: o STF reconheceu que a união homoafetiva deve ser equiparada a união estável para todos os efeitos, inclusive para a conversão em casamento, aplicando-se o art. 1726 CC. Sendo assim, já surgiram no Brasil decisões judiciais de conversão, admitindo-se o casamento homoafetivo, o que é tendência nos países ocidentais evoluídos. No mesmo sentido, há enunciado tratando também da matéria:
Enunciado 524 - Art. 1.723: As demandas envolvendo união estável entre pessoas do mesmo sexo constituem matéria de Direito de Família.
Enunciado 526 - Art. 1.726: É possível a conversão de união estável entre pessoas do mesmo sexo em casamento, observados os requisitos exigidos para a respectiva habilitação.
Ato contínuo se é possível a conversão em casamento, também o é o casamento homoafetivo celebrado diretamente, sem que haja união estável previa. 
Dando início a essa verdadeira revolução conceitual, repisa-se que o STJ, por 4 votos a 1, concluiu pela viabilidade do casamento entre pessoas do mesmo sexo – Resp. 1.183.378/RS – Informativo n. 486 – “CASAMENTO. PESSOAS. IGUALDADE. SEXO. In casu, duas mulheres alegavam que mantinham relacionamento esável há três anos e requereram habilitação para o casamento junto a dois cartórios de registro civil, mas o pedido foi negado pelos respectivos titulares. Posteriormente ajuizaram pleito de habilitação para o casamento perante a vara de registros públicos e de ações especiais sob o argumento de que não haveria, no ordenamento jurídico pátrio, óbice para o casamento de pessoas do mesmo sexo. Foi-lhes negado o pedido nas instâncias ordinárias. O Min. Relator aduziu que, nos dias de hoje, diferentemente das constituições pretéritas, a concepção constitucional do casamento deve ser plural, porque plurais são as famílias; ademais, não é o casamento o destinatário final da proteção do Estado, mas apenas o intermediário de um propósito maior, qual seja, a proteção da pessoa humana em sua dignidade. Assim sendo, as famílias formadas por pessoas homoafetivas não são menos dignas de proteção do Estado se comparadas com aquelas apoiadas na tradição e formadas por casais heteroafetivos. O que se deve levar em consideração é como aquele arranjo familiar deve ser levado em conta e, evidentemente, o vínculo que mais segurança jurídica confere às famílias é o casamento civil. Assim, se é o casamento

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