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Nayara Brandão – MEDICINA UNIME VIII INLFUENZA A (H1N1) INTRODUÇÃO: • Em abril de 2009 um novo vírus influenza, combinação de vírus suíno, aviário e humano, foi identificado em humanos. • Em 11 de junho de 2009 a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou a situação como pandemia causada por um novo vírus influenza A (H1N1), em razão da disseminação da infecção em mais de dois continentes. • A Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde definiu que todo caso suspeito de influenza A (H1N1) deveria ser notificado, com investigação epidemiológica, realização de exame laboratorial específico e tratamento com antiviral. No primeiro período da epidemia, a definição de caso inclui a paciente com síndrome gripal e história de viagem para região com transmissão ou contato com paciente com infecção confirmada laboratorialmente. EPIDEMIOLOGIA: • A OMS define em seis fases a evolução epidemiológica de uma infecção. A aplicação dessa definição à infecção pelo vírus Influenza pandêmico (H1N1) 2009 reconhece: Probabilidade incerta de pandemia, em que são observadas: fase 1 - ausência de doença no ser humano por vírus Influenza que circula entre animais; fase 2 - doença no ser humano provocada por vírus Influenza que circula em animais selvagens ou domésticos, o que torna esse vírus capaz de provocar pandemia; Probabilidade média para alta de pandemia, em que são observadas: fase 3 - doença esporádica ou em reduzidos surtos, sem evidência de transmissão inter- humana suficiente para manter os surtos, mas com risco potencial de provocar pandemia; fase 4 - pequeno(s) foco(s) de transmissão inter-humana com localização limitada, mas com risco potencial de provocar pandemia; Alta probabilidade de pandemia, em que é observada: fase 5 - maior expansão inter-humana, restrita a dois ou mais países de uma região do planeta, com risco de provocar pandemia; Pandemia em evolução, em que é observada: fase 6 - transmissão inter-humana sustentada e atingindo mais de duas regiões planetárias; Período pós-pico: o nível de transmissão inter-humana encontra-se em diminuição em muitos países que possuem vigilância sanitária confiável em seus registros, abaixo dos valores detectados de infecção no momento de seu máximo; Nova onda possível: o nível de transmissão inter-humana aumenta de novo em muitos países que possuem vigilância sanitária confiável em seus registros; período pós- pandêmico: a transmissão inter-humana retorna aos níveis vistos para a infecção pelo vírus Influenza sazonal em muitos países que possuem vigilância sanitária confiável em seus registros. Nayara Brandão – MEDICINA UNIME VIII • Estudos mostram que os adultos jovens saudáveis e as crianças são proporcionalmente mais afetados que os outros grupos da população. • Mais de 60% dos casos relatados ocorreram entre pacientes de 10 a 29 anos, ao passo que, aproximadamente, nos indivíduos com 65 anos, a taxa foi de 1%. • Talvez esse fato seja consistente com a baixa reação cruzada aos anticorpos do novo vírus A (H1N1) entre adultos jovens e crianças. • A distribuição por sexo foi encontrada de forma comparável entre os casos internados por A (H1N1) e por influenza sazonal. TRANSMISSÃO: • Ocorre de pessoa a pessoa, pela inalação de gotículas eliminadas pela tosse, espirro ou fala de pessoas infectadas ou, ainda, por meio do contato direto com superfícies contaminadas com os vírus da influenza provenientes de secreções respiratórias ou fluidos corporais. • Outra forma de transmissão é o ato de tocar os olhos, o nariz ou a boca com as mãos contaminadas. • O vírus também pode ser transmitido por meio de aerossóis em situações especiais. • O período de incubação do A(H1N1) varia de 1,4 a 4 dias, semelhante ao período de incubação da influenza sazonal, que varia de 1,2 a 2,4 dias. • A excreção viral geralmente se dá um dia antes e perdura até o desaparecimento total dos sintomas, o que varia entre 4 e 8 dias. • O pico da carga viral ocorre no dia do início dos sintomas e, posteriormente, evolui com queda gradativa. • Existem relatos da detecção do vírus nas fezes e na urina em aproximadamente 44 e 7%, respectivamente. É importante salientar que a excreção em crianças e adultos jovens pode alcançar dez dias ou mais. • Os pacientes com condições imunossupressoras graves podem, em teoria, permanecer semanas ou meses eliminando o vírus. • A suspeita de transmissão transplacentária do vírus influenza A(H1N1) foi descrita em alguns casos, mas sem evidência definitiva. • A transmissão para os recém-nascidos de mulheres sintomáticas pode ocorrer durante o período pós-parto. PATOGÊNESE: Ref: Harrison + M.S. ATENÇÃO! Por um fato extremamente obvio, o vírus da Influenza A é um tipo da Influenza, por essa razão, o processo fisiopatológico é o mesmo, entretanto, encontrei algumas observações super bestas no caderno do MS, sobre H1N1, e ai só fiz mencionar. PATOGÊNESE INFLUENZA: • A etapa inicial da influenza é a infecção do epitélio respiratório pelo vírus adquirido por meio das secreções respiratórias dos pacientes com infecção aguda. • Inicialmente, a infecção viral acomete as células do epitélio colunar ciliado, mas também pode envolver outras células do trato respiratório, inclusive células alveolares, células das glândulas mucosas e macrófagos. Nayara Brandão – MEDICINA UNIME VIII • Nas células infectadas, os vírus se replicam dentro de 4 a 6 horas e, em seguida, são liberados para infectar células adjacentes ou próximas. Desse modo, a infecção propaga-se a partir de alguns poucos focos para envolver grandes quantidades de células respiratórias depois de várias horas. • Na infecção induzida experimentalmente, o período de incubação da doença variou de 18 a 72 horas, dependendo do tamanho do inóculo viral. • Exames histopatológicos demonstraram alterações degenerativas, inclusive granulação, vacuolização, edema e núcleos picnóticos nas células ciliadas infectadas. • Por fim, as células sofrem necrose e descamam; em algumas áreas, o epitélio originalmente colunar é substituído por células epiteliais metaplásicas e achatadas. • A gravidade da doença correlaciona-se com a quantidade de vírus disseminado nas secreções; desse modo, o próprio nível de replicação viral pode ser um fator importante à patogênese. • Apesar do desenvolvimento habitual de sinais e sintomas sistêmicos como febre, cefaleia e mialgias, os vírus influenza foram detectados apenas raramente em estruturas extrapulmonares (inclusive na corrente sanguínea). Algumas evidências sugerem que a patogênese dos sintomas sistêmicos da influenza possa estar relacionada com a liberação de algumas citocinas (principalmente o fator de necrose tumoral α, o interferon-α, a interleucina 6 e a interleucina 8) nas secreções respiratórias e na corrente sanguínea. • A resposta do hospedeiro às infecções pelos vírus influenza depende de uma interrelação complexa entre anticorpos séricos e locais, imunidade celular, interferon e outros mecanismos de defesa. As respostas dos anticorpos séricos, as quais podem ser detectadas na segunda semana depois da infecção primária, são avaliadas por várias técnicas: inibição da hemaglutinação (IH), fixação de complemento (FC), neutralização, ensaio imunoabsorvente ligado à enzima (ELISA) e ensaio para anticorpo antineuraminidase. → Os anticorpos contra a hemaglutinina parecem ser os mediadores mais importantes da imunidade; em vários estudos, títulos de IH ≥ 40 estavam associados à proteção contra a infecção. Os anticorpos secretores produzidos no trato respiratório são predominantemente da classe imunoglobulina (Ig) A e títulos de neutralização de anticorpos secretores ≥ 4 também se associam com proteção. • Várias respostas imunes celulares específicas ou inespecíficas para determinadosantígenos podem ser detectadas pouco depois da infecção e dependem do estado imune pregresso do hospedeiro. Essas respostas incluem proliferação das células T, atividade citotóxica dos linfócitos T e atividade das células natural killer. Nos seres humanos, os linfócitos T CD8+ e CD4+ são dirigidos para regiões preservadas das proteínas internas (NP, M e P), assim como para as proteínas de superfície (H e N). Os interferons podem ser detectados nas secreções respiratórias pouco depois do início da disseminação viral e as elevações dos seus níveis coincidem com reduções da quantidade de vírus eliminados. • Os mecanismos de defesa responsáveis pela supressão da disseminação viral e pela regressão da doença ainda não foram definidos explicitamente. Em geral, a disseminação do vírus termina dentro de 2 a 5 dias depois do aparecimento dos primeiros sintomas, ocasião na qual as respostas dos anticorpos séricos e locais não Nayara Brandão – MEDICINA UNIME VIII costumam ser detectáveis pelas técnicas convencionais (embora as elevações dos anticorpos possam ser detectadas antes por meio de técnicas altamente sensíveis, principalmente nos indivíduos que já tinham imunidade contra o vírus). Alguns estudos sugeriram que o interferon, as respostas imunes celulares e/ou as respostas inflamatórias inespecíficas contribuam para a erradicação da doença. As respostas dos linfócitos T citotóxicos CD8+ podem ser particularmente importantes nesse sentido. PATOGÊNESE H1N1: • A capacidade do vírus Influenza Pandêmico (H1N1) de causar doença decorre de sua habilidade em provocar ataque celular ou citotoxicidade direta, por exemplo, acarretando lesão sobre o epitélio respiratório e liberação de citocinas e mediadores inflamatórios secundários à infecção viral. • A resposta individual do hospedeiro à agressão de seus órgãos e tecidos, relacionada à intensidade da sua resposta inflamatória e dos mecanismos de defesa citotóxicos é responsável pela forma como o hospedeiro reage à agressão viral e, em consequência, determina as manifestações e variações clínicas. • A mortalidade associada à infecção pelo vírus Influenza Pandêmico (H1N1) apresenta intensidade similar à da infecção pelo vírus Influenza Sazonal. Associa-se, entretanto, com doença grave em grupos específicos como as gestantes, crianças com menos de dois anos de idade, adultos jovens e em associação com algumas comorbidades. QUADRO CLÍNICO: • A manifestação clínica da doença causada pelo vírus influenza A (H1N1) varia desde casos afebris, formas moderadas do comprometimento do trato respiratório superior até as formas graves e fatais de pneumonia. • A maioria das formas clínicas relatadas tem espectro benigno e autolimitado, com febre súbita e elevada acompanhada de sintomas respiratórios, como tosse produtiva, observada em 20 a 84%. • Os sintomas de dispneia e taquipneia foram observados nos casos que necessitaram de hospitalização e variaram de 30 a 60%. • Os sintomas sistêmicos e constitucionais são frequentes e incluem → cefaleia, mialgia, artralgia e fadiga. • A diarreia é a principal manifestação gastrointestinal e parece ser mais proeminente nas infecções pelo vírus influenza A (H1N1), nas quais foi descrita por alguns autores entre 22 a 56%, comparada a taxas que variam de 10 a 14% na influenza sazonal. • A doença pode se apresentar de maneira indistinguível das formas comuns de afecções respiratórias de etiologia viral e influenza sazonal, e parece não causar formas mais graves. • A maioria dos pacientes que manifestam as formas leves a moderadas da doença evoluem bem sem a necessidade de terapia antiviral específica. • A febre e a tosse são os sintomas mais comuns. • A gravidade dos sintomas é observada nos quatro primeiros dias da doença, com pico dos sintomas no segundo dia de evolução. • É observada rápida melhora dos sintomas respiratórios após o tratamento especifico com antiviral. Nayara Brandão – MEDICINA UNIME VIII • As manifestações do trato respiratório inferior tendem a se resolver em um período de duas semanas. • É importante destacar que o espectro clínico da doença tem variado e depende do local do estudo. Entretanto, evidencias acumuladas sugerem que a forma clínica da infecção pelo vírus influenza A (H1N1) geralmente é branda ou assintomática. • Em recente revisão sistemática das características clínicas da infecção pelo vírus influenza A (H1N1), segundo o critério clínico para definição de doenças semelhantes a influenza (influenzae-like) definido pelo Centers for Disease Control and Prevention (CDC) somente a tosse e a febre foram os sintomas documentados em mais de 80% dos casos confirmados. FORMAS CLÍNICAS ATÍPICAS: • Manifestações neurológicas atípicas como convulsões, encefalite, encefalopatia, hemiplegia, quadriparesia, mielopatia aguda e ataxia foram descritas em casos esporádicos. • Outras formas clínicas complicadas incluem miocardite, insuficiência cardíaca, linfo- histiocitose fagocitica, síndrome de Guilllain-Barre, miosite e rabdomiolise. • A pneumonite viral difusa é outra complicação grave que pode ocorrer → Segundo relatos, essa condição foi responsável por aproximadamente 49 a 72% das admissões nas unidades de terapia intensiva. • Outras formas graves como a miocardite, abdome agudo (apendicite e intuscepcao) e cetoacidose diabética também foram descritas. FATORES DE RISCO PARA COMPLICAÇÕES: • As crianças menores de 2 anos apresentaram maior risco para hospitalização, porém o risco foi inferior quando comparado ao da influenza sazonal. • Pacientes com mais de 65 anos apresentaram maior letalidade, mas menor taxa de infecção, relacionada a proteção cruzada. • A gestação tem sido descrita como importante fator de risco para hospitalização e óbito tanto pela influenza sazonal como pela influenza pandêmica. • Pacientes com obesidade mórbida apresentaram duas vezes maior risco de admissão na UTI ou de óbito quando comparados a pacientes não obesos. • Outras doenças relacionadas ao aumento de hospitalização e óbito foram: doenças cardiovasculares crônicas (insuficiência cardíaca), doenças respiratórias crônicas (asma, doença pulmonar obstrutiva crônica [DPOC] e fibrose cística), diabetes melito, condições neurológicas, imunossupressão e doenças renais crônicas. DIAGNÓSTICO E ACHADOS LABORATORIAIS: • O teste laboratorial recomendado pela OMS para detecção qualitativa do novo vírus influenza A (H1N1) é a PCR em tempo real. A coleta dos espécimes para a realização da técnica deve ser feita a partir do swab combinado de nasofaringe e orofaringe. Para pacientes em ventilação assistida, a coleta deve ser obtida de aspirado endotraqueal. Idealmente, a coleta de amostra de secreção de nasofaringe preferencialmente deve ser feita até o terceiro dia após o início dos sintomas, no máximo até o sétimo dia. • O sequenciamento genômica foi fundamental na investigação da epidemiologia molecular do vírus, importante para avaliar o impacto do padrão genético viral durante a evolução da pandemia quanto as suas variações ao longo do tempo e nas várias regiões do mundo. O Nayara Brandão – MEDICINA UNIME VIII conhecimento do sequenciamento genômica também pode contribuir para a produção de vacina e avaliação de resposta aos antivirais. ACHADOS LABORATORIAIS INESPECÍFICOS: • Hemograma pode revelar o número de leucócitos normais ou leucopenia (com linfopenia), as transaminases, a desidrogenase láctica, creatinoquinase e creatinina apresentam padrão elevado. • Os achados radiográficos variaram desde o padrão normal a alterações intersticiais reticulonodulares, incluindo casos com pacificação do espaço aéreo. • Os aspectos tomográficos, foram revelados pequenos nódulos centrilobulares, inclusive com halo em “vidro fosco”, e áreas de consolidação do parênquima, com distribuiçãosegmentar ou multifocal, localizadas principalmente nas zonas inferiores dos pulmões (Figura 22.3.1). A tomografia computadorizada (TC) parece ser mais sensível na detecção da pneumonia, sobretudo entre imunodeprimidos com broncogramas, nódulos, espessamento de septos interlobulares e consolidação alveolar. • As necropsias de casos confirmados de infecção, que ocorreram no inverno de 2009, mostraram edema pulmonar difuso e graus variáveis de hemorragia, a macroscopia. Ao estudo histológico, observou-se dano alveolar difuso exsudativo e, em alguns casos, bronquiolite necrosante caracterizada por extensa necrose da parede bronquiolar e preenchimento do lúmen bronquiolar por exsudato fibrinoso e leucocitos. TRATAMENTO: • Existem duas classes de drogas antivirais para tratamento das infecções causadas pelos vírus influenza: ✓ Inibidores da neuraminidase (p. ex.: oseltamivir e o zanamivir) e ✓ Inibidores da hemaglutinina (p. ex: amantadina e a rimantadina). • Idealmente o tratamento deve ser iniciado até 48 horas após o início dos sintomas e mantido por cinco dias. Nayara Brandão – MEDICINA UNIME VIII • Os casos suspeitos de infecção pelo vírus influenza A (H1N1) e que cursam com a forma febril não complicada da doença não requerem tratamento, a menos que exista alguma condição que caracterize o paciente em grupo de risco para o desenvolvimento de formas graves. • Deve ser dada atenção especial para os pacientes internados com dispneia ou sinais de gravidade e aos grupos considerados de elevado risco para evolução de complicações graves, descritos a seguir: ✓ Gestantes em qualquer idade gestacional, puérperas até duas semanas após o parto (incluindo as que tiveram aborto ou perda fetal); ✓ Crianças menores de dois anos de idade. ✓ Idosos ≥ 60 anos de idade). ✓ Indivíduos menores de 19 anos de idade em uso prolongado de ácido acetilsalicílico (risco de síndrome de Reye). ✓ Indivíduos que apresentem: pneumopatias (incluindo asma); cardiovasculopatias (excluindo hipertensão arterial sistêmica); nefropatias; hepatopatias; doenças hematológicas (incluindo anemia falciforme); distúrbios metabólicos (incluindo diabetes melito); transtornos neurológicos e do desenvolvimento que podem comprometer a função respiratória ou lesão medular, epilepsia, paralisia cerebral, síndrome de Down, acidente vascular encefalico [AVE] ou doenças neuromusculares). ✓ Imunossupressão associada a medicamentos, neoplasias, HIV/aids ou outros. ✓ Obesidade (índice de massa corporal [IMC] ≥ 40 em adultos). ✓ População indígena aldeada. MEDICAMENTOS: • O Ministério da Saúde do Brasil disponibiliza, no Sistema Unico de Saude (SUS), o tratamento com fosfato de oseltamivir e zanamivir, medicamentos inibidores da neuraminidase. OSELTAMIVIR – TAMIFLU: • A dose de fosfato de oseltamivir (Tamiflu®) para adultos é de 75 mg, duas vezes ao dia, por cinco dias, e atualmente não há evidência cientifica consistente para indicar o aumento da dose ou do tempo de utilização do antiviral. • A posologia para adultos e crianças é apresentada no abaixo; • Os eventos adversos mais comuns são náuseas, vômitos e diarreia; sintomas que não contraindicam a continuidade do tratamento. Obs: Para os pacientes que vomitam até uma hora após a ingestão da medicação deve-se oferecer uma dose adicional. Observações: • Estudos sugerem possível benefício em casos graves ou em imunossuprimidos, com dose dobrada e prolongamento do tratamento por mais de cinco dias. • Em pacientes com clearance de creatinina menor que 30 mL/min é recomendado que a dose seja reduzida para uma capsula de 75 mg uma vez ao dia, durante cinco dias. Nayara Brandão – MEDICINA UNIME VIII • Em pacientes submetidos a hemodiálise, a dose deve ser 30 mg após cada sessão e, em dialise peritoneal, a dose e de 30 mg, uma vez por semana. • Pacientes com insuficiência hepática não necessitam de correção da dose. ZANAMIVIR: • Dose para adultos e crianças é de 75 mg • É contraindicado em menores de cinco anos para tratamento ou para quimioprofilaxia e para todo paciente com doença respiratória crônica pelo risco de broncoespasmo severo. • NÃO pode ser administrado em paciente em ventilação mecânica porque essa medicação pode obstruir os circuitos do ventilador. PREVENÇÃO: VACINAÇÃO E OUTRAS MEDIDAS • A higienização das mãos é umas das principais medidas para prevenir a infecção por influenza, especialmente se o contato ocorrer com superfícies contaminadas com secreções de pessoas infectadas. • Deve-se evitar tocar os olhos, o nariz e a boca e, ao tossir ou espirrar, utilizar lenço para proteger a face. • A vacinação é o método mais eficaz para a prevenção contra influenza e suas complicações. Vacinas especificas monovalentes contra o novo subtipo viral influenza A (H1N1) foram desenvolvidas na pandemia em 2009. Mas, no início da vacinação o comitê assessor para práticas em Imunizações do CDC elegeu cinco grupos-alvo iniciais para receber vacina contra o novo subtipo influenza A (H1N1): gravidas, pessoas que cuidam ou convivem diariamente com crianças abaixo de seis meses (pais, irmãos e funcionários de creches), profissionais da saúde das áreas de emergência, indivíduos entre seis meses e 24 anos e portadores de comorbidades entre 25 e 65 anos. Na avaliação de segurança da vacina, os eventos adversos no local da aplicação (dor e edema) e os sintomas sistêmicos (cefaleia) foram os mais observados em 45% dos indivíduos vacinados. No Brasil, o Programa Nacional de Imunização realizou uma grande campanha nacional de vacinação contra a influenza pandêmica A (H1N1), ocasião em que um total de 88 milhões Nayara Brandão – MEDICINA UNIME VIII de pessoas (46% da população brasileira) foram vacinadas em 20 semanas (a partir de 8 marco a 1 agosto). Foi a maior campanha de vacinação já realizada no Brasil, superando as 67 milhões de pessoas vacinadas contra a rubéola em 2008. Os trabalhadores de saúde (PAS) envolvidos na resposta a pandemia foram o primeiro grupo a ser vacinado, seguidos por mulheres gravidas, populações indígenas, pessoas com doenças crônicas, crianças saudáveis com idade entre 6 e 24 meses, adultos saudáveis com idades entre 20 e 29 anos, idosos, e adultos saudáveis com idades entre 30 e 39 anos. (Só quis colocar isso aqui pra recordar o quanto nosso SUS É TXÓP! VIVA O SUS!) MANEJO CLÍNICO – SÍNDROMES GRIPAIS: SÍNDROME GRIPAL EM PACIENTES COM CONDIÇÕES E FATORES DE RISCO PARA COMPLICAÇÕES O que é Síndrome gripal? Constitui-se em doença inflamatória aguda febril das vias aéreas, altamente contagiosa, com duração máxima de sete dias, caracterizada, em torno de 90% das vezes, pelo desenvolvimento súbito de: calafrios; febre alta, em geral entre 37,9 e 39,6 ºC; mal- estar; cefaleia, seguida de mialgia, dor de garganta, artralgias, prostração, rinorreia e tosse seca. Podem estar presentes diarreia, vômitos e fadiga. MANEJO: • Além dos medicamentos sintomáticos e da hidratação, está indicado o uso de fosfato de oseltamivir (Tamiflu®) para todos os casos de Síndrome Gripal (SG) que tenham condições e fatores de risco para complicações, independentemente da situação vacinal, mesmo em atendimento ambulatorial. • Esta indicação se fundamenta no benefício que a terapêutica precoce proporciona, tanto na redução da duração dos sintomas quanto na ocorrência de complicações da infecção pelos vírus da influenza em pacientes com condições e fatores de risco para complicações. Todos os pacientes com síndrome gripal e com condições/fatores de risco devem ser orientados para retornar ao serviço de saúde para revisão do quadro clínico, quando deverão ser reavaliados quanto aos critérios de SRAG (Síndrome respiratória aguda grave) ou outros sinais de agravamento. Em pacientes com condições e fatores de riscopara complicações e com SRAG, o antiviral ainda apresenta benefícios, mesmo se iniciado até cinco dias do início dos sintomas. Obs: os fatores de risco para complicação já foram descritos lá em cima. SÍNDROME GRIPAL EM PACIENTES SEM CONDIÇÕES E FATORES DE RISCO PARA COMPLICAÇÕES • A prescrição do fosfato de oseltamivir deve ser considerada baseada em julgamento clínico, preferencialmente nas primeira 48 horas após o início da doença, além dos medicamentos sintomáticos e da hidratação. Estes pacientes devem receber orientações sobre retorno ao serviço de saúde se surgirem sinais de agravamento do quadro (vide sinais de agravamento). • Todos os pacientes que apresentarem sinais de agravamento devem também receber de imediato o tratamento com o fosfato de oseltamivir. Nayara Brandão – MEDICINA UNIME VIII SÍNDROME RESPIRATÓRIA AGUDA GRAVE – SRAG CRITÉRIOS PARA SRAG: A existência de pelo menos um dos critérios a seguir deve ser observada como alerta de agravamento da SRAG: a) agravamento dos sinais e sintomas iniciais (febre, mialgia, tosse, dispneia); b) alteração do estado de consciência, sonolência, confusão mental; c) desidratação; d) convulsões; e) taquipneia; f) batimento de asa de nariz; tiragem intercostal, cornagem, sinais de toxemia; g) alteração dos sinais vitais: hipotensão arterial (PAD < 60 mmHg ou PAS < 90 mmHg); FC elevada (> 120 bpm); h) febre (temperatura corpórea > 38ºC) persistente por três a cinco dias; i) leucocitose, leucopenia ou neutrofilia; j) oximetria de pulso: saturação de O2 < 94%; k) radiografia de tórax: infiltrado intersticial localizado ou difuso ou área de condensação; l) crianças: com cianose; desidratação, vômitos, inapetência, letargia; incapazes de ingerir líquidos e de amamentar; dificuldade familiar em medicar e observar cuidadosamente; m) grupos ou fatores de risco: ✓ gestantes, puérperas e nutrizes; ✓ crianças com menos de dois anos de idade; ✓ pessoas com menos de 18 anos de idade, medicadas há longo período com ácido acetilsalicílico; ✓ populações indígenas aldeadas; ✓ adultos jovens; ✓ comorbidades, especialmente pneumopatias (incluindo asma), cardiovasculopatias (incluindo hipertensão arterial sistêmica), nefropatias, hepatopatias, doenças hematológicas (incluindo anemia falciforme), distúrbios metabólicos (incluindo diabetes mellitus, obesidade grau III), disfunção cognitiva, lesões medulares, epilepsia, doenças neuromusculares com risco de insuficiência ventilatória, imunossupressão (neoplasia, quimioterapia e outras drogas, síndrome de imunodeficiência adquirida, síndrome de imunodeficiência primária). MANEJO: • Indicar internação hospitalar. • Realizar avaliação clínica minuciosa e, de acordo com a indicação, iniciar terapêutica imediata de suporte, incluindo hidratação venosa e oxigenoterapia, e manter monitoramento clínico. • A avaliação inicial deve incluir no mínimo aferição dos sinais vitais (pressão arterial, frequência cardíaca, frequência respiratória e temperatura axilar), exame cardiorrespiratório e oximetria de pulso; esta avaliação deve ser frequente (2-4 aferições no prazo de 4 horas). • Deve ser estabelecido em prazo de 4 horas a necessidade de internação em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Nayara Brandão – MEDICINA UNIME VIII • Iniciar imediatamente o tratamento com o fosfato de oseltamivir após a suspeita clínica, independentemente da coleta de material para exame laboratorial. • Coletar amostras de secreções respiratórias para exame laboratorial, preferencialmente antes do início do tratamento. INDICAÇÕES PARA INTERNAÇÃO EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA – UTI • Instabilidade hemodinâmica persistente (pressão arterial que não respondeu à reposição volêmica (30 mL/kg nas primeiras 3 horas), indicando uso de amina vasoativa (exemplo: noradrenalina, dopamina, adrenalina). • Sinais e sintomas de insuficiência respiratória, incluindo hipoxemia (PaO2 abaixo de 60 mmHg) com necessidade de suplementação de oxigênio para manter saturação arterial de oxigênio acima de 90%. • Evolução para outras disfunções orgânicas, como insuficiência renal aguda e disfunção neurológica. Nayara Brandão – MEDICINA UNIME VIII VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA: INFLUENZA: • São objetivos da Vigilância Epidemiológica de Influenza: Monitorar as cepas de vírus que circulam e oferecer resposta rápida a circulação de novos subtipos; Acompanhar a tendência da morbimortalidade para traçar estratégias de redução da carga da doença para a sociedade; Buscar estratégias para reduzir a ocorrência de formas graves e óbitos; Monitorar o padrão de gravidade da doença, detectando eventuais mudanças na virulência do vírus influenza. DEFINIÇÕES OPERACIONAIS CASO DE SÍNDROME RESPIRATÓRIA AGUDA GRAVE (SRAG) • Pessoa, de qualquer idade, internada com Síndrome Gripal E que apresente Dispneia OU Saturação de O2 <95% em ar ambiente OU sinais de desconforto respiratório: Aumento da frequência respiratória (de acordo com a idade) ou piora nas condições clínicas de base; Hipotensão em relação à pressão arterial habitual do paciente; Em crianças além dos itens acima, observar também os batimentos de asa de nariz, cianose, tiragem intercostal, desidratação e inapetência. OU Indivíduo de qualquer idade com quadro de insuficiência respiratória aguda durante o período sazonal, • O quadro clínico pode ou não ser acompanhado de alterações laboratoriais e radiológicas tais como: Alterações laboratoriais: leucocitose, leucopenia ou neutrofilia; Radiografia de tórax: infiltrado intersticial localizado ou difuso ou presença de área de condensação. CASO CONFIRMADO DE SÍNDROME RESPIRATÓRIA AGUDA GRAVE (SRAG) POR INFLUENZA • Diagnóstico laboratorial (RT-PCR) detectável para o vírus influenza ou IF (técnicas de imunofluorescência) positiva para o vírus influenza - critério laboratorial; • Que não foi possível coletar ou processar amostra clínica para diagnóstico laboratorial e seja contato (até sete dias antes do início dos sintomas) com um caso laboratorialmente confirmado - critério clínico-Epidemiológico. NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA • Toda a SRAG hospitalizada ou óbito por SRAG, deve ser notificada no Sivep-gripe e deve ter coleta de amostra clínica de secreções respiratórias (aspirado ou swab). Nayara Brandão – MEDICINA UNIME VIII H1N1: A infecção pelo vírus Influenza pandêmico (H1N1) 2009 é identificada pelas seguintes características: CASO SUSPEITO: • Aumento súbito da temperatura axilar acima de 37,5ºC; e • Tosse ou dor de garganta e • Pelo menos uma das seguintes queixas: cefaleia, mialgia, artralgia, dispneia ou a pessoa que até há 10 dias cuidou, conviveu, tocou em secreção respiratória ou em fluido corporal de alguma pessoa considerada caso suspeito; CASO CONFIRMADO: • Pessoa com infecção pelo vírus Influenza pandêmico (H1N1) 2009 confirmada pela reação em cadeia de polimerase (PCR) em tempo real, realizada pelo laboratório de referência, ou caso suspeito com amostra clínica impossível de coletar ou inviável para diagnóstico laboratorial e que seja contato próximo de caso confirmado laboratorialmente; CASO DESCARTADO: • É o caso suspeito sem confirmação laboratorial da presença do vírus Influenza pandêmico (H1N1) 2009 em amostra clínica ou diagnosticado como influenza sazonal ou outra doença ou, ainda, o contato assintomático próximo de caso laboratorialmente descartado de quem a coleta de amostra é impossível ou inviável; CASO CONTATO PRÓXIMO DE CASO SUSPEITO OU CONFIRMADO: • Pessoa que esteve em local endêmico ou cuidou, conviveu, encostou-se em secreção respiratória ou fluido corporal de caso confirmado ou caso suspeito, no período de 24 horas antes a sete dias do início das queixas desses casos (adultos). • Para crianças, esse prazo se estende a 14 dias. PONTOSIMPORTANTES SOBRE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA: • A consulta médica pode ser suficiente em um único atendimento, entretanto, o acompanhamento deve ser feito diante da ausência de melhora. • Os pacientes que compõem o grupo de risco requerem atenção para a possibilidade de evolução conturbada. • A necessidade de nova consulta médica deve ser observada ao se detectarem dispneia ao repouso ou aos mínimos esforços, dor ou dificuldade ventilatório-dependente, aumento da tosse com hemoptoicos, alteração no nível de consciência, sonolência ou confusão mental, febre e ausência de melhora clínica ou sensação de piora após quatro a cinco dias do início da sintomatologia, sensação de melhora seguida de febre elevada e impressão de piora, ausência de melhora após dois dias de administração de oseltamivir.
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