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Hiperplasia Adrenal Congênita por deficiência de 21-hidroxilase Caroline Fernandes- T79 As hiperplasias adrenais congênitas consistem em um grupo de distúrbios autossômicos recessivos, decorrentes de mutação genética, que afetam as vias metabólicas da biossíntese de cortisol e aldosterona, pela deficiência de enzimas necessárias, interferindo adequado funcionamento das glândulas adrenais. A deficiência da enzima 21-hidroxilase como resultado de mutações no gene CYP21A2 é a forma mais comum de hiperplasia adrenal congênita (HAC). Essa deficiência impede a produção de cortisol em quantidades suficientes para inibir a secreção do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) pela hipófise, resultando no acúmulo do precursor 17-hidroxiprogesterona e aumento na síntese de andrógenos adrenais. As adrenais fazem parte do sistema endócrino e dividem-se em duas partes: córtex e medula. Estão situadas na cavidade abdominal, acima dos rins. Sua principal função → produção de hormônios (Aldosterona; Cortisol; Deidroepiandrosterona (DHEA); Catecolaminas, especialmente a adrenalina e a noradrenalina). A Hiperplasia adrenal congênita por deficiência de 21-hidroxilase: ✓ Resultado de mutações no gene CYP21A2; ✓ Forma mais comum de hiperplasia adrenal congênita (HAC)- 90 a 95% dos casos → causada por uma mutação no gene CYP21A2 localizado no cromossomo 6p21.3; ✓ Impede a produção de cortisol → aumento da secreção do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) pela hipófise → acúmulo do precursor 17-hidroxiprogesterona e aumento na síntese de andrógenos adrenais. Histórico: Em 1865, Luigi de Crecchio fez a primeira descrição documentada de um paciente com deficiência de 21-hidroxilase. Em 1957, a forma não clássica da deficiência de 21-hidroxilase foi descrita por Jacques Decourt, Max-Fernand Jayle e Ettiene Baulieu. Epidemiologia: A incidência global de HAC descrita na literatura é de 1:15.000 em recém‐nascidos vivos. A prevalência de HAC‐NC é estimada em 1:1.000 indivíduos. Em 2/3 dos casos das formas clássicas, a perda de sal afeta ambos os gêneros e os sintomas começam na segunda semana de vida, reforçando a importância do diagnóstico precoce. No Brasil, a prevalência varia de 1:10.000 a 1:18.000 nascidos vivos. Aspectos genéticos: possuem herança autossômica recessiva e a maioria dos indivíduos afetados são heterozigotos compostos com diferentes mutações em cada alelo. O fenótipo dos indivíduos afetados geralmente reflete o resíduo da atividade enzimática mais branda. O Gene CYP21A2 codifica a 21-hidroxilase e está localizado no locus do complexo principal de histocompatibilidade, no braço curto do cromossomo 6p21. 3. Possui 10 éxons. O CYP21A2 possui um pseudogene o CYP21A1P, um subproduto não funcional da função do gene tradicional, que não codifica uma proteína, devido à presença de aproximadamente 11 mutações deletérias em sua codificação. A localização e a alta taxa de homologia entre o gene ativo e seu pseudogene, facilita o desalinhamento que resulta em recombinação entre o gene ativo e o pseudogene e favorece as mutações. O gene CYP21A2, juntamente com os genes serina/treonina quinase RP, complemento C4, e tenascina TNX, são organizados como uma unidade genética denominada módulo RCCX (RP, C4, CYP21, TNX). Com exceção de C4, cada um dos outros genes funcionais (RP1, CYP21A2 e TNXB) tem um correspondente altamente homologo pseudogene (RP2, CYP21A1P e TNXA). C4A e C4B (codificam o quarto componente do complemento sérico); TNXR (codifica tenascina X); RP (codifica proteínas fosfatases) Mais de 200 mutações no Gene CYP21A2 foram descritas; ✓ 70% das mutações no Gene CYP21A2 são causadas por mutações presentes no pseudogene CYP21AP e transferidas para o gene funcional CYP21A2*; ✓ 25% a 30 % deleção do gene CYP21A2; ✓ 1 % a 2 % mutação de novo; ✓ Dissomia uniparental do cromossomo 6 raro. *A conversão gênica ocorre por emparelhamento desigual dos genes durante a meiose. Neste caso ocorre a troca de somente uma fita de DNA entre os genes CYP21A2 e CYP21P, transferindo sequências deletérias do pseudogene para o gene ativo. Foram descritas mais de 40 mutações em ponto responsáveis pela deficiência da 21 OH. Destas 9 são as mais frequentes, e estão presentes no pseudogene sugerindo que foram transferidas para o gene ativo, através de eventos de microconversões, devidas ao emparelhamento desigual destes genes durante a meiose. Mutações do pseudogene mais comuns, encontradas no CYP21A2. Deleção do gene CYP21A2 leva ao emparelhamento desigual dos cromossomos durante a meiose, ocorre a formação de um alelo com duplicação da unidade C4B-CYP21A1P e outro com perda desta unidade, que é o alelo responsável pela HAC-21OH. Assim, o alelo resultante é um híbrido onde a porção 5’ apresenta a sequência do CYP21P e seu extremo 3’ a sequência do CYP21. A exclusão completa de CYP21A2 que se estende para o gene TNX pode acarretar uma forma recessiva de síndrome Ehlers-Danlos causada por deficiência de tenascina –X. A EDS é normalmente causada por mutações autossômicas dominantes no colágeno, mas as formas recessivas podem ser causadas por mutações em genes para fatores modificadores do colágeno, como o TNX, que está associado e estabiliza as fibrilas de colágeno. Manifestações clínicas: hipermobilidade de pequenas e grandes articulações. A HAD representa um espectro de heterogeneidade fenotípica, com uma correlação genótipo-fenótipo observada em aproximadamente 90% dos casos. As mutações no gene CYP21A2 podem provocar diferentes tipos de danos a enzima 21- hidroxilase, podendo causar desde prejuízos que comprometem totalmente o seu funcionamento até efeitos menos drásticos. Foi realizada uma classificação de acordo com os efeitos sobre a atividade enzimática: Zero (Grupo Nulo) e menor que 2% (Grupo A) = perdedora de sal; Entre 2 e 10 % (Grupo B) = virilizante simples; Entre 20 e 60% (Grupo C) = NC (não clássica). Fisiopatologia: A enzima 21-hidroxilase (21-OH) participa da síntese dos glicocorticóides (cortisol) e mineralocorticóides (aldosterona). Sua ação é converter a progesterona em desoxicorticosterona que posteriormente resultará em aldosterona e converter a 17-OH-progesterona em 11-desoxicortisol, que por sua vez é convertido em cortisol. A redução da atividade da 21-OH acarreta a diminuição da síntese de cortisol, que não inibe por feedback negativo a liberação do hormônio liberador da adrenocorticotrófica (ACTH) → desregulação do Eixo hipotálamo-hipófise-adrenal pela estimulação crônica do córtex adrenal pelo ACTH, acarretando hiperplasia adrenal e superprodução dos precursores do cortisol. Esses precursores são desviados para a biossíntese dos andrógenos, que não necessita da atividade da 21OH, causando os sinais de virilização característicos em indivíduos com esta deficiência enzimática. O Excesso de 17-hidroxiprogesterona “transborda” para a via do andrógeno, acarreta no feto: XX -Virilização da genitália (altamente sensível a esteróides durante o desenvolvimento fetal) XY- normalmente não é aparente no nascimento porque os testículos fetais produzem testosterona que é um andrógeno muito mais potente que o DEAH (Deidroepiandrosterona). ✓ Mutação → Deficiência da enzima 21OH → prejuízo da síntese de cortisol e aldosterona → Desregulação do Eixo hipotálamo-hipófise- adrenal → Hiperplasia da adrenal → Aumento da concentração de progesterona e 17OH → Via androgênica. A aldosterona promove Reabsorção de Na+ e Excreção de K+. Portanto, a deficiência da aldosterona → ↑ eliminação de Na+ ↓ da excreção de K+ → hiponatremia e hipercalemia → hipotensão, desidratação, batimentos cardíacos irregulares. Tipos de HAC: HAC por deficiência da 21-hidroxilase: ↓ secreção de aldosterona → perda de sal → hiponatremia, hiperpotassemia e maior atividade da renina plasmática (catalisa angiotensinogênio → angiotensina I → angiotensina II nos pulmões e rins → ↑reabsorção de Na + e HCO3-; ↑vasoconstrição das arteríolas, que ↑ pressão arterial); Forma clássica atualmente é a causa mais comum de genitália ambígua emneonatos 46,XX; Ocorre em 1:10.000-1:20.000 nascidos vivos; Divide-se em duas formas: Perdedora de sal: mais grave, corresponde a 70% dos casos clássicos de deficiência da 21-hidroxilase; É caracterizada pela deficiência total da atividade enzimática → baixos níveis de cortisol e aldosterona; ↓ secreção de aldosterona → perda de sal → hiponatremia, hiperpotassemia e maior atividade da renina plasmática; Meninas nascem com genitália ambígua. Virilizante simples: síntese de cortisol prejudicada. Resulta em maior atividade de androgênios; ↓ nível de cortisol faz com que os bebês tenham baixos níveis de açúcar no sangue e ↓ P.A.; Atividade enzimática suficiente da 21-hidroxilase para manter a produção de aldosterona em níveis normais/ levemente reduzidos; Meninas podem nascer com genitália ambígua; Se não tratados precocemente, os afetados podem ter puberdade precoce e não crescer como o esperado. Forma não clássica: menos grave, não necessariamente sintomática. Mais comum do que as formas clássicas; possui de 0-50% de atividade da 21-hidroxilase; Sem perda de sal (níveis de aldosterona e cortisol normais); Hiperandrogenismo → pode cursar com surgimento precoce de pelos pubianos; Prevalência de 1/200 - 1/1000 nascidos vivos em pessoas brancas. Apresentação clínica: Crianças de até 1 ano: Má alimentação; Perda de peso; Desidratação → ↓ teor de Na+ ↑ teor de K+. *Cerca de 75% das crianças com HAC clássica têm uma crise adrenal de perda de sal nas primeiras semanas após o nascimento → condição grave que pode ser fatal se não for diagnosticada e tratada. ♀: os elevados níveis de androgênios afetam o desenvolvimento da genitália externa em neonatas 46,XX, iniciando ainda no primeiro trimestre. • Clitóris aumentado; • Grandes lábios parcialmente fundidos; • Presença do seio urogenital no lugar das aberturas da uretra e do canal vaginal separadamente. O útero, as tubas uterinas e ovários são formados normalmente. Na forma mais severa, deficiência na produção de cortisol intra-uterina pode afetar o desenvolvimento da medula adrenal, levando à deficiência de adrenalina. Crianças acima de 1 ano: Afetados que não foram diagnosticados e devidamente tratados vão apresentar sinais de hiperandrogenismo, como: • Surgimento de pelos pubianos; • Crescimento linear acelerado; • Meninas podem apresentar citóris expandido ou seio urogenital, não percebidos anteriormente. Em aproximadamente 25% dos pacientes com HAC clássica a produção de aldosterona é o suficiente para manter o balanço de sódio na primeira infância. Adolescentes e adultos: Os sinais e sintomas podem envolver (♀): Hirsutismo; Acne; Disfunção menstrual; Subfertilidade; Abortamentos espontâneos recorrentes; Baixa estatura (♀/♂) O hiperandrogenismo leve associado à forma não clássica da HAC pode se desenvolver em adolescentes e adultos afetados do sexo feminino, ao passo que é assintomático em indivíduos do sexo masculino em idade pós puberal Escala de Prader, avaliadora do grau de virilização. Em razão das disfunções hormonais podem ocorrer eventos adversos ao longo da vida dos pacientes com HAC. A maior parte deles deve-se à deficiência de cortisol e pelo desafio de substituir os glicocorticóides e evitar exposição excessiva a esses medicamentos. Crise adrenal: Emergência médica → exige diagnóstico rápido e preciso; Pacientes de todas as idades são considerados de risco; Crises adrenais em pacientes com HAC não clássica têm sido reportadas apenas no contexto da terapia com glicocorticoide (iatrogenia); Desencadeada por doenças infecciosas na maior parte das vezes; Estudo na Suécia apontou que a crise adrenal foi a principal causa de morte dentre 588 pacientes com HAC. Itens destacados são os mais frequentes Crescimento: Os pacientes adultos em tratamento para a HAC apresentaram pontuação média de altura de -1,4 DP (10 cm) abaixo da média da população. A baixa estatura na fase adulta em pacientes com HAC decorre: 1. Do hiperandrogenismo congênito → acelera a maturação óssea; 2. Do tratamento com glicocorticoide → a longo prazo suprime o crescimento. Pacientes com a forma não comum da doença também podem apresentar diminuição do crescimento, apesar de ser menos severa. Aspectos psicológicos: Estudos apontaram que em pacientes com HAC clássica em comparação com grupos controle há maior prevalência de: Ansiedade; Depressão; Abuso de álcool; Distúrbios de personalidade; Suicídio. ♀: Transtornos de adaptação, comportamento mais agressivo, melhores habilidades de navegação espacial. *Pacientes com a forma não clássica (↓ distúrbios hormonais), eles não são tão bem estudados. Subfertilidade: Desafios para a concepção em mulheres com HAC clássica: ✓ Impedimentos anatômicos → fusão labioescrotal e presença do seio urogenital; ✓ Distúrbios hormonais → maior obstáculo é a elevada produção de progesterona pela adrenal, além de altos níveis de andrógenos, oligovulação/ anovulação e ovários policísticos secundária; ✓ Efeitos psicológicos. HAC não clássica por vezes é percebida durante avaliação de oligomenorreia/ amenorreia e infertilidade. Uma vez que começam a tentar, em torno de 83% das afetadas com HCA não clássica conseguem engravidar em até um ano, com ou sem terapia de glicocorticóides. Mulheres com HAC não clássica têm, em média, 25% de risco de aborto espontâneo, quando sem tratamento, ao passo que essa taxa é de cerca de 10% para aquelas em tratamento com hidrocortisona. Muitos homens com HAC clássica apresentam oligospermia/ azoospermia (hipogonadismo hipogonadotrófico), por pelo menos duas causas principais: ✓ Diminuição da espermatogênese: níveis elevados de andrógenos derivados da adrenal → feedback negativo para o eixo hipotalâmico-pituitário-testicular → suprime a secreção de gonadotrofina e a produção de espermatozoides pelas células de Leydig. ✓ Tumor testicular por hiperplasia de restos adrenais: desenvolve-se entre 30-50% dos jovens com a forma clássica da HAC, principalmente depois de períodos de pouco controle ou não aderência ao tratamento. Pode causar danos irreversíveis às células de Sertoli e ao desenvolvimento de células germinativas. Diagnóstico: ✓ Ultrassonografia: detecção ultrassonográfica do sexo fetal. Morfologia da genitália externa é observada; ✓ Determinação sexual: baseado no cariótipo da célula fetal; ✓ Testes bioquímicos - líquido amniótico: é possível a verificação de níveis elevados de 17OHP no líquido amniótico da mãe com feto portador de deficiência de 21OHase. ✓ Triagem neonatal: a coleta de sangue para a quantificação da 17-hidroxiprogesterona deverá ser realizada em papel-filtro entre o 3º e 5ª dias de vida. ✓ Os valores de 17-OH-progesterona em neonatos dependem da idade gestacional ao nascimento, da idade de coleta do exame, do peso de nascimento e do sexo. ✓ Confirmatório → soro: 17-OHP (Radioimunoensaio o espectrometria de massa), cortisol, androstenediona, testosterona, sódio e potássio (ionograma) - deverão ser realizados em amostra de sangue venoso, obtida o mais precocemente possível, após os resultados positivos iniciais. Enquanto mulheres adultas com a FC já carregam o diagnóstico de D21OH desde a infância, a maioria daquelas com a FNC só será identificada e investigada se e quando apresentar manifestações clínicas de hiperandrogenismo (incluindo irregularidade menstrual) e/ou infertilidade. O marcador diagnóstico da D21OH é a 17-hidroxiprogesterona sérica (17OHP), precursor imediato da 21-hidroxilase. Para contornar as flutuações dos seus valores, a coleta para 17OHP deve ser feita na fase folicular precoce, em torno das 8 horas da manhã. Níveis basais muito elevados da 17OHP (em geral 20 a 100 vezes o valor máximo de referência) são diagnósticos para a FC da D21OH, porém valores basais pouco elevados e mesmo normais podem ocorrer na FNC. Da mesma maneira, mulheres com diagnóstico clínico de hiperandrogenismo não relacionado à D21OH podem ter níveis basais de 17OHP pouco elevados. Tratamento: O tratamento está indicado para todos os casos na forma clássica e na formanão clássica da HAC só deverá ser indicado para pacientes sintomáticos. ✓ Suprir as deficiências de glicocorticóide e mineralocorticóide; ✓ Controlar os sinais/sintomas da hiperandrogenemia; ✓ Evitar a crise de insuficiência adrenocortical, preservando a altura final e a fertilidade. Glicocorticóides na faixa etária Pediátrica (fase de crescimento): Hidrocortisona; Adultos (crescimento finalizado): Dexametasona; Prednisona; Prednisolona; Hidrocortisona. Mineralocorticoide: Fludrocortisona (Florinef®: 9 flúor- hidrocortisona). Tratamento cosmético; Correção cirúrgica da genitália externa; Adrenalectomia bilateral; Aspectos psicossociais e psicossexuais; Aconselhamento genético. Fertilidade e a fecundidade encontram-se reduzidas nas mulheres com a FC da D21OH; A fertilidade na FNC encontra-se menos afetada e pode estar relacionada principalmente ao desbalanço hormonal causado pelo hiperandrogenismo adrenal; Relatos recentes demonstraram que o uso de GC nessas pacientes está associado a uma menor taxa de abortamento, enfatizando a importância da corticoterapia nas mulheres com a FNC que tenham a fertilidade comprometida. PROTOCOLO CLÍNICO E DIRETRIZES TERAPÊUTICAS - HIPERPLASIA ADRENAL CONGÊNITA. O objetivo da portaria é explanar o conceito geral da Hiperplasia Adrenal Congênita, critérios de diagnóstico, critérios de inclusão e de exclusão, tratamento e mecanismos de regulação, controle e avaliação. É competência dos gestores estaduais e municipais do Sistema Único de Saúde - SUS estruturar a rede assistencial, definir os serviços referenciais e estabelecer os fluxos para o atendimento dos indivíduos com HAC em todas as etapas descritas no Anexo da Portaria. Clinical trial: Comparação de Chronocort® com terapia glicocorticoide padrão em pacientes com Hiperplasia Adrenal Congênita. Chronocort® melhorou o controle bioquímico da doença em adultos com redução na dose de esteróides ao longo do tempo e benefício relatado pelo paciente. *Consequências da deficiência de cortisol e aldosterona: má formação cardíaca, baixa resposta vascular às catecolaminas e aumento da secreção do hormônio antidiurético; hipercalemia, devido a diminuição na eficácia da excreção do potássio; a falta de exposição pré-natal ao cortisol interfere no desenvolvimento adrenomedular e pode estar associada à deficiência de adrenalina e a hipoglicemia. • HAC clássica perdedora de sal: as glândulas adrenais não conseguem produzir quantidades suficientes de cortisol e aldosterona, é a forma mais comum, cerca de 60% dos casos. Nesse caso, há deficiência mineralocorticóide, e a apresentação se dá nos primeiros dias de vida com crise adrenal: depleção de volume, desidratação, hipotensão, hiponatremia e hiperpotassemia, sendo uma doença potencialmente fatal. • HAC virilizantes simples ou “não perdedora de sal”: as glândulas adrenais produzem quantidades suficientes de aldosterona, mas não suficientes de cortisol. • HAC não clássica: é leve e não ameaça a vida, os sinais e sintomas podem não aparecer na infância e nem na vida adulta, a apresentação pode ser por aumento discreto do clítoris, pubarca precoce, ciclos menstruais irregulares, hirsutismo e infertilidade. A gravidade da doença e a apresentação fenotípica variam dependendo da localização e extensão das mutações genéticas. Sexo masculino (bebês): ● Hiperpigmentação; ●Desenvolvimento genital externo normal ou macrogenitossomia; ●Desenvolvem vômito, taquicardia, perda ponderal, hipotensão, hiponatremia e hipercalemia nos primeiros 10 a 14 dias de vida. Sexo feminino (crianças): ●Desenvolvimento prematuro de pelos pubianos, axilares e odor apócrino antes dos 8 anos (pubarca prematura); ●Alta estatura, velocidade de crescimento linear acelerada e maturação esquelética avançada; ●Clitoromegalia. Sexo masculino (crianças): ● Desenvolvimento prematuro de pelos pubianos, axilares e odor apócrino antes dos 9 anos (pubarca prematura); ● Alta estatura, velocidade de crescimento linear acelerada e maturação esquelética avançada; ● Aumento fálico com testículos do tamanho pré-púbere. Sexo feminino (adultos): ●Hirsutismo (mais comum) e acne; ●Menstruação irregular ● Anovulação crônica e infertilidade; ●Baixa estatura devido a puberdade precoce; ●Devido às características clínicas semelhantes, pode ser difícil distinguir a NCAH da síndrome dos ovários policísticos. Sexo masculino (adultos): ●Tipicamente identificados através de estudos familiares; ●Não apresentam concentrações elevadas de ACTH (assim como as mulheres); ●Baixa estatura devido a puberdade precoce. OBS: O uso de corticóide antenatal pela mãe, devido a passagem transplacentária, pode suprimir a produção de 17-OH-progesterona no neonato, podendo ocasionar resultados falso-negativos. •Em todas as consultas de acompanhamento deve ser avaliada a velocidade de crescimento e sinais clínicos de excesso de glicocorticoide, como ganho de peso excessivo, fragilidade capilar, presença de giba, estrias violáceas, fácies de lua cheia, fraqueza muscular proximal e hipertensão.
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