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Também conhecida como “Febre negra”, é uma doença crônica e potencialmente grave, que pode levar ao óbito até 90% dos casos sem tratamento. É uma endemia rural com transmissão domiciliar e peridomiciliar devido a urbanização. Além disso é uma doença de notificação compulsória. Epidemiologia: acomete recorrentemente crianças desnutridas, exceto nos surtos e epidemias. Sua distribuição mundial se concentra em seis países: Índia, Nepal, Sudão, Bangladesh, Brasil e Etiópia. No Brasil, as regiões mais acometidas são no Nordeste. Transmissão: é transmitida através do mosquito palha (fêmeas de flebotomíneos – Lutzomya longipalpais) portadoras de parasitas Leishmania spp. Dentro da espécie Leishmania spp., a forma L. chagasi e a L. donovani são os principais gêneros causadores. São parasitas de células fagocitárias do sistema fagocítico mononuclear, sendo intracelulares obrigatórios e com morfologia dividida em formas amastigotas (após infecção) e promastigostas (forma infectante). Reservatórios: Homens, cães domésticos, marsupiais e roedores. Ciclo de vida do parasita: O hospedeiro vertebrado é infectado com promastigotas quando picados pelo mosquito, seguidamente elas penetram nos macrófagos circulantes e multiplicam- se como amastigotas. Os macrófagos morrem e as amastigotas são liberadas infectando outros macrófagos. O vetor ingere macrófagos infectados durante o repasto sanguíneo, as amastigotas são liberadas no intestino do mosquito e multiplicam-se como promastigotas, reiniciando o ciclo. O período de incubação no homem varia de 10 dias a 24 meses, com média de 2-6 meses e nos cachorros varia de 3 meses a vários anos, com média de 3-7 meses. Formas clínicas: No espectro clínico, a Leishmaniose pode ser visceral ou mucocutâneas (tegumentar americana). Manifestações clínicas: Na leishmaniose visceral, o quadro geral inclui febre alta e intermitente, perda de peso, asternia. Com a evolução da doença, surge hepatoesplenomegalia, pancitopenia com invasão da medula e hiperesplenismo, com a presença de anemia, infecções secundárias e hemorragia. Além disso, pode haver linfoadenopatia, diarreia, dor abdominal, icterícia, tosse seca, edema, derrames cavitários (perda de peso, hipoalbuminemia), insuficiência renal (glomerulonefrite por imunocompelxos) e cardíaca. Há outras complicações como insuficiência hepática, infecção bacteriana e hemorragia. Sinais de alerta 6-12 meses de idade 50-65 anos de idade Suspeita de infecção bacteriana Recidiva ou reativação Diarreia ou vômitos Edema localizado Febre > 60 dias Sinais de gravidade Idade < 6 meses e > 65 anos Icterícia Anasarca Toxemia Desnutrição grave Comorbidades e infecção bacteriana Diagnóstico diferencial: hepatoesplenomegalias febris (doenças hematológicas – linfomas, leucemias), doenças infecciosas (malária, enterobacteriose septicêmica prolongada, febre tifoide, Endocardite infecciosa, doença de Chagas, tuberculose disseminada, Histoplasmose, Mononucleose, entre outros). Diagnóstico: visualização direta ou cultura (NNN) são o padrão ouro. Faz-se um aspirado de medula óssea e o resultado é amastigota positivo. Porém, o fato de não está positivo, não afasta a doença. Há também a possibilidade de fazer biópsia de fígado e baço. As lesões de pele auxiliam mais para o diagnóstico da forma mucocutânea. Além disso, as sorologias e o teste rápido já ajudam a identificar que o paciente teve contato coma leishmaniose. O teste de Montenegro não é muito utilizado de rotina para essa avaliação. Resultados de exames complementares: hemograma completo (pancitopenia), albumina baixa, gamaglobulina alta, transaminases normais e pouco levadas, hematúria e proteinúria. Outros exames solicitados: ECG, RX tórax, amilase, função renal. Tratamento: 1. Antimonial pentavalente (glucantime) 20mg/kg/dia EV, 1x dia. Diluir em SF ou SG 5% e correr em 1-2h. Tempo de tratamento de 21-28 dias. Efeitos colaterais: mialgia, artralgia, sintomas TGI, pancreatite, cardiotoxicididade, IR. Dar seguimento ao tratamento com acompanhamento de ECG. 2. Anfotericina B lipossomal: drogas de escolha nos países desenvolvidos. Duração de tratamento de 5-7 dias. No brasil é utilizado em casos de refratariedade a Anfo B doxicolato, IR, e transplantados renais 3. Antibioticoterapia 4. Antibioticoprofilaxia (menores de 2 anos e <500 neutrófilos) 5. Hemotransfusões em casos de Hb< 7g/dl, repercussões hemodinâmicas e plaquetas < 20.000 mm³ Seguimento: • Melhora evidente até 1 ano sem tratamento • Regressão mais lenta das megalias (podem persistir por mais de 1 ano) • Repetir exames 1x na semana • Acompanhamento ambulatorial por 1 ano
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