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Tensão superficial de solutos tensoativos Equação de Szyszkowsky Introdução A variação da tensão superficial de um solvente com a adição do soluto é descrita pela isoterma de Gibbs (considerando soluções diluídas ideais): 2 = − 1 𝑅𝑇 𝑑𝛾 𝑑 ln 𝐶 = − 𝐶 𝑅𝑇 𝑑𝛾 𝑑𝐶 [1] onde 2 é o número de mols em excesso do soluto por unidade de área superficial, S, 2 = (𝑛2 𝑠𝑢𝑝 − 𝑛1 𝑠𝑢𝑝𝑛2 𝑛1 ) 𝑆⁄ [2] R é a constante dos gases, T é a temperatura absoluta da solução, é a tensão superficial da solução, C é a concentração da solução, 𝑛2 𝑠𝑢𝑝 e 𝑛1 𝑠𝑢𝑝 são os números de mols do soluto e do solvente, respectivamente, na superfície da solução, e 𝑛2 e 𝑛1 são os números de mols do soluto e do solvente, respectivamente, no seio da solução. A isoterma de Gibbs relaciona a variação da tensão superficial do sistema com a adsorção de um dado soluto na interface (superfície). No caso de solutos que possuem adsorção positiva, 2 > 0, chamados tensoativos, 𝑑𝛾 𝑑𝐶 < 0 indicando que a tensão superficial diminui com o aumento da concentração da solução. Por outro lado, no caso de solutos superficialmente inertes, como, por exemplo, sais iônicos, a adsorção é negativa, 2 < 0, 𝑑𝛾 𝑑𝐶 > 0 ou seja, a tensão superficial aumenta com o aumento da concentração da solução. Equação de Szyszkowsky Estudando soluções aquosas de n-álcools, Szyszkowsky observou que a tensão superficial das soluções variava em função da concentração através da equação 𝛾 = 𝛾0 − 𝐴 ln(1 + 34 𝐶) [3] onde A é uma constante e 𝛾0 é a tensão superficial da água pura. Esta equação é conhecida como equação de Szyszkowsky e a sua revida em relação a concentração permite obter que 𝑑𝛾 𝑑𝑐 = −𝐴 34 1 + 34 𝐶 Substituindo este resultado na isoterma de Gibbs, temos 2 = = − 𝐶 𝑅𝑇 (−𝐴 34 1 + 34 𝐶 ) ou 2 = 𝐴 𝑅𝑇 34 1 𝐶 + 34 Quando a concentração da solução é suficientemente elevada para que toda a superfície fique recoberta pelas moléculas do soluto, 2 alcança o valor máximo e se torna constante. Este resultado indica que 𝑠𝑒 2 = 2,𝑚á𝑥 → 1 𝐶 → 0 Portanto, 2,𝑚á𝑥 = 𝐴 𝑅𝑇 Mas, de acordo com a Eq. [2], 2,𝑚á𝑥 = 𝑛2,𝑚á𝑥 𝑠𝑢𝑝 𝑆 onde 𝑛2,𝑚á𝑥 𝑠𝑢𝑝 é o número de mols de soluto que recobre inteiramente a superfície da solução formando um filme monomolecular. Através das duas últimas equação obtemos que 𝑛2,𝑚á𝑥 𝑠𝑢𝑝 𝑆 = 𝐴 𝑅𝑇 Multiplicando ambos os membros da equação pelo número de Avogadro 𝑁𝐴𝑣 𝑛2,𝑚á𝑥 𝑠𝑢𝑝 𝑆 = 𝑁𝐴𝑣𝐴 𝑅𝑇 Mas, 𝑁𝐴𝑣 𝑛2,𝑚á𝑥 𝑠𝑢𝑝 = 𝑁 onde N é o número de moléculas de soluto que recobrem a superfície. Este número de moléculas vezes a área que uma molécula ocupa na superfície, s, resulta na área da superfície, 𝑆 = 𝑁 𝑠 Logo, através das equações anteriores, temos 𝑁 𝑁 𝑠 = 𝑁𝐴𝑣𝐴 𝑅𝑇 ou 𝑠 = 𝑅𝑇 𝑁𝐴𝑣𝐴 = 𝑘𝑇 𝐴 [4] onde k é a constante de Boltzmann. Objetivo Através da Eq. [4] podemos determinar a área que uma molécula ocupa na superfície da solução desde que o coeficiente angular da Eq. [3] (equação de Szyszkowsky), A, seja conhecido. O objetivo desta prática é medir tensões superficiais de soluções aquosas de butanol e traçar o gráfico destas tensões superficiais contra o ln(1 + 34 𝐶). De acordo com a Eq. [4], podemos interpolar linearmente os pontos experimentais e o coeficiente angular da reta obtida por interpolação será o valor de A. A partir do valor de A, é possível obter a área que uma molécula de butanol ocupa na superfície da solução com o auxílio da Eq. [4] 𝑠 = 𝑅𝑇 𝑁𝐴𝑣𝐴 . Como esta área é dada por 𝑠 = 𝜋𝑟2 podemos então, calcular o diâmetro da molécula de butanol adsorvida na superfície da solução: 𝑑 = 2√ 𝑅𝑇 𝜋 𝑁𝐴𝑣 𝐴 [5] sendo: R = 8,31107 erg/mol.K NAv = 6,0210 23 moléculas/mol T = temperatura absoluta da solução Medida da Tensão Superficial As medidas de tensão superficial das soluções de butanol serão realizadas num instrumento – o tensiômetro de Du Noüy – cujo princípio de funcionamento é muito simples: um anel metálico circular, usualmente de platina, adere à superfície do líquido. O anel é ligado a uma balança de torção, em que se mede a força necessária para arrancá- lo da superfície. O anel é arrancado da superfície quando o menisco torna-se instável, ou seja, quando sua curvatura fica negativa, situação em que, de acordo com a equação de Laplace e Young, a pressão externa consegue sobrepujar a pressão dentro do filme líquido que prende o anel à superfície, quebrando-o. Assim, o limiar do destacamento do anel ocorre quando as colunas de líquido encontram-se na vertical, situação em que temos o seguinte balando de forças, obtido da representação esquemática do sistema, dada na figura 1: 𝑑𝑊 = 𝐹𝑑𝑥 = 𝛾𝑑𝐴 = 𝛾2𝐿 𝑑𝑥 onde W é o trabalho, F é a força medida na balança de torção, γ é a tensão superficial, A é a área superficial, L é a circunferência do anel e x é o deslocamento vertical do anel em relação à superfície do líquido esquematizado na figura 1. Assim, temos que a tensão superficial é dada por γ = F/2L , onde o fator 2 aparece pois o filme encontra-se em contato com a periferia interna e externa do anel, e F pode ser determinada por calibração, utilizando os pesos disponíveis (F=m.g). Observa-se que a fórmula anterior não é rigorosamente válida, mas frequentemente deve ser multiplicada por um parâmetro de correção tabelado (tabelas de correção de Harkins e Jura). Entretanto, nos casos usuais a correção introduzida é da ordem de 1% e pode ser desprezada. Procedimento Experimental TENHA CUIDADO!! PROCURE MANIPULAR O MENOS POSSÍVEL O ANEL PARA EVITAR DEFORMÁ-LO!!!! O esquema do aparelho é o da figura 2 abaixo. Ao fio de aço B é presa uma haste D que sustenta o anel C. Uma força aplicada ao anel C provoca o aparecimento de um par de torção no fio B. Este fio também pode ser torcido através do comando A, que é solidário com um ponteiro que se desloca sobre a escala do aparelho gravada sobre o disco F, onde são feitas as leituras. O líquido é colocado em uma pequena cubeta, cuja distância do anel pode ser regulada pelos parafusos G e G’. É indispensável que o anel e a cuba da solução estejam completamente isentos de quaisquer traços de gordura. Recomenda-se lavá-los com mistura sulfocrômica e ter o máximo de cuidado para que não ocorra contaminação durante as medidas. No caso do anel, é ainda recomendável flambá-lo (estes dois procedimentos, entretanto, não serão realizados durante a prática). 1. Para zerar o instrumento, opere da seguinte maneira: com o anel suspenso à haste D, desloque o comando A até que o fiel coincida com a linha no espelho. Abra então o parafuso E, e gire o disco F contendo a escala de leitura até que a primeira marcação do ponteiro ligado ao comando A coincida com o zero, fechando em seguida o parafuso E. O instrumento estará então ajustado e não se deve mais deslocar o parafuso E. 2. Para obter a curva de calibração do aparelho, opere assim: de posse de pelo menos três massas diferentes e aferidas coloque-as, uma a uma, sobre o anel (pendure-as na parte mais grossa do mesmo). Movimente o comando A até que o fiel coincida novamente com a linha no espelho. A balança estará equilibrada. Faça a leitura na escala do aparelho. A esta leitura corresponde uma tensão superficial dada por: 𝛾 = 𝑚𝑔 2 𝐿 onde m é a massa dos pesos aferidos, g é a aceleração da gravidade (g = 979 cm.s−2) e L é o perímetro do anel. Com os dados obtidos, faça um gráfico de γ vs. leitura na escala e interpole linearmente. 3. Coloque água destilada na cuba limpa e desengordurada (CUIDADO para não contaminar a mesma durante a manipulação). Ajuste a cuba na plataforma de modo que asuperfície do líquido fique bem próxima do anel. Acione então o parafuso G’ até que o anel entre em contato com a superfície do líquido; nesta ocasião, a haste é puxada para baixo, saindo da posição de equilíbrio – restabeleça-o por meio do comando A; continue imprimindo uma torção ao fio por meio de A e, ao mesmo tempo, abaixe lentamente a plataforma que sustenta o líquido por meio de G’. É necessário proceder de modo que a haste esteja sempre na posição de equilíbrio. Proceda desta forma até o anel desprender- se do líquido; é importante fazer a manobra bem devagar, especialmente nas proximidades do destacamento do anel, para garantir a precisão da medida. Anote o valor para a tensão superficial da água. Repita a medição (é conveniente mudar a água da cuba entre as medidas), não sendo necessário zerar o instrumento de novo. 4. Prepare soluções de n-butanol com as seguintes concentrações: 0,20 M; 0,10 M e 0,05 M; através de diluições sucessivas da solução-mãe com concentração 0,40 M: 0,40 M (solução-mãe) → 0,20 M → 0,10 M 0,05M 5. Substitua a água na cuba pelas soluções de butanol e meça a tensão superficial destas. Faça sempre medidas em duplicata para cada solução; não se esqueça de rinsar a cuba com cada solução a ser medida. Com todo o cuidado, retire o anel com a pinça. 6. Ao terminar, deixe os instrumentos em ordem e o material usado limpo. Cálculos e Relatório Com o gráfico de calibração do aparelho e as leituras obtidas, ache a tensão superficial das diversas soluções. Adote o sistema C.G.S. Organize seus dados sob a forma de uma tabela, como a apresentada a seguir: Solução no Concentração molar Tensão superficial - dina/cm ln (1 + 34 C) 1 0,00 0,000 2 0,05 0,993 3 0,10 1.482 4 0,20 2,054 5 0,40 2,681 Com os dados faça um gráfico de γ vs. ln (1+34C) e interpole linearmente. Com o coeficiente angular da reta (A = ______ dinas/cm) obtido, estime o valor do diâmetro da molécula de butanol, utilizando a Eq. [5]. Não se esqueça de medir a temperatura das soluções.
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