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Artigo - REMIT

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1
RESPOSTA NEUROENDÓCRINA E METABÓLICA AO STRESS 
J. Martins Nunes 
 
INTRODUÇÃO 
 
 “Resposta ao stress” é a designação para o conjunto de alterações hormonais e 
metabólicas que decorrem após qualquer situação de trauma. Tais alterações traduzem-se 
num estado hipercatabólico, com elevação dos níveis plasmáticos das hormonas catabólicas 
(cortisol, glucagon, catecolaminas e liberação de hormonas pelo hipotálamo, as quais 
estimulam a libertação pela hipófise da hormona adrenocorticotrófica (ACTH), hormona do 
crescimento, prolactina, endorfinas e hormona antidiurética (ADH)). 
 A agressão cirúrgica desencadeia uma reacção neuroendócrina e metabólica 
semelhante à encontrada em qualquer situação de stress ou trauma a que o organismo seja 
submetido. 
 A resposta ao stress tem como finalidade manter e/ou restaurar a homeostasia 
interna, nomeadamente a estabilidade hemodinâmica, a preservação do aporte de oxigénio, 
a mobilização de substratos calóricos (glicose) e finalmente a diminuição da dor e a 
manutenção da temperatura. 
 É através do Sistema Nervoso Autónomo (SNA) que podemos controlar as respostas 
dos doentes ao stress cirúrgico, modelando a resposta involuntária dos respectivos órgãos 
efectores. 
 A resposta neuroendócrina do organismo não é única nem constante no tempo, já 
que depende de diversos factores, nomeadamente: características do acto cirúrgico, 
extensão do traumatismo tecidular, técnica anestésica / analgésica, susceptibilidade própria 
do doente e condição pré-operatória. 
 
ACTIVAÇÃO DA RESPOSTA AO STRESS 
 
 A resposta endócrina é activada por estímulos neuronais aferentes a partir do local 
lesado. O impulso viaja ao longo das vias nervosas somatossensoriais e autonómicas até ao 
hipotálamo. O estímulo aferente para o sistema nervoso central pode ser transmitido através 
de mecanismo neural ou humoral. 
 Após o processamento central dos estímulos aferentes, o hipotálamo inicia as 
respostas eferentes através de duas vias distintas. Uma rápida, o eixo autonómico-adrenal, 
que liberta catecolaminas, ADH, renina e aldosterona, e cujo principal objectivo é a 
manutenção do fluxo sanguíneo e o suprimento de energia para órgãos vitais. Outra, de 
actuação mais lenta, o eixo hipotálamo-hipofisário, que através da libertação de hormonas e 
esteróides e da diminuição da secreção e efectividade da insulina, induz alterações 
metabólicas, cujo principal objectivo parece ser a maior utilização de ácidos gordos. Nesta 
fase ocorre mobilização da glicose e gorduras, hiperglicemia, aumento sérico de ácidos 
gordos livres, glicogénese e lipólise. 
 
 
 2
ALTERAÇÕES ENDÓCRINO-METABÓLICAS 
 
Catecolaminas e estimulação adrenérgica 
 
 A activação do eixo simpático-medula suprarrenal pelo stress acarreta acentuada 
elevação dos níveis plasmáticos de noradrenalina, adrenalina, as quais parecem 
correlacionar-se com a intensidade do trauma cirúrgico e varia com os diferentes períodos e 
etapas operatórias (antes da indução, intubação, incisão e recobro). 
 A nível cardiovascular, o acréscimo da actividade simpática generalizada resulta em 
aumento da frequência cardíaca, da pressão arterial e do volume de ejecção. Estas acções 
condicionam por sua vez um aumento do trabalho cardíaco e um aumento do consumo de 
oxigénio pelo miocárdio. Em adição, a função de todos os órgãos e vísceras incluindo o 
fígado, o pâncreas e o rim são modificados quer directamente pela enervação simpática quer 
pela circulação de catecolaminas. Assim observa-se um aumento da glicogenólise, 
neoglicogénese e lipólise, estimulação da secreção da renina e ADH e inibição da secreção de 
insulina. 
 A nível do aparelho respiratório verifica-se um aumento da frequência respiratória e 
broncodilatação, o que leva ao aumento do volume minuto. 
 De um modo geral, há relaxamento de todo o músculo liso e contracção dos 
esfíncteres nos aparelhos digestivo e genito-urinário. 
 Foram descritas alterações da coagulação na resposta ao stress. Incluem aumento da 
adesividade plaquetar, fibrinólise diminuída e promoção de um estado hipercoagulável. 
 
Eixo hipotálamo-hipófise 
 
Hipófise 
 Após a intubação e início da cirurgia, há libertação de factores estimulantes 
(libertadores) das hormonas hipofisárias. Assistimos a um aumento da hormona 
adrenocorticotrófica (ACTH), da hormona de crescimento, da prolactina e da hormona 
estimulante da tiróide (TSH). A hormona luteinizante (LH) e a hormona estimulante do 
folículo (FSH) não produzem actividade metabólica significativa. A vasopressina ou hormona 
antidiurética (ADH) sofre igualmente um aumento da sua secreção. 
 
Cortisol 
 A ACTH estimula o córtex suprarrenal para libertar cortisol. A ACTH e o cortisol 
aumentam rapidamente desde o início da cirurgia com a incisão e outros estímulos cirúrgicos 
e permanecem elevados 5 a 7 dias do pós-operatório. A intensidade e a duração são função 
da gravidade e da dimensão do acto cirúrgico. O mecanismo de feedback negativo está 
inoperacional após a cirurgia, originando altos níveis de cortisol plasmáticos. 
 O cortisol promove o catabolismo proteico, a glicogénese hepática, a lipólise e inibe a 
utilização da glicose pelas células com o respectivo aumento da glicemia. Actua também 
como anti-inflamatório, inibindo a acumulação de macrófagos e neutrófilos nas áreas 
inflamadas. 
 3
 
Hormona do crescimento 
 A hormona de crescimento eleva-se e alcança o pico durante o acto cirúrgico. O seu 
aumento depende da extensão do trauma, não havendo elevações em procedimentos minor. 
Após uma semana, os seus níveis voltam às concentrações basais. 
 Estimula a síntese proteica, promove a lipólise e inibe a captação da glicose pelas 
células, deixando a maior percentagem de glicose para utilização pelos neurónios. 
 
Hormonas tiroideias 
 As hormonas T3 e T4 estimulam o consumo de oxigénio pelos tecidos 
metabolicamente activos. Como resultado, ocorre um aumento da produção de calor e do 
estado metabólico. Existe uma associação entre a actividade hormonal tiroideia e as 
catecolaminas. A adrenalina e a noradrenalina aumentam o metabolismo. As hormonas 
tiroideias aumentam o número e a afinidade dos receptores beta-adrenérgicos no coração e 
aumentam a sensibilidade do coração à acção das catecolaminas. 
 
Hormona antidiurética (ADH) 
 A sua secreção varia directamente com a intensidade do estímulo cirúrgico e 
inversamente com a profundidade anestésica e a analgesia. Os efeitos metabólicos do ADH 
são glicogenólise e gliconeogénese. 
 
 
Sistema renina-angiotensina-aldosterona 
 
 É constante o aparecimento de um hiperaldosteronismo durante uma cirurgia, fruto 
da estimulação do eixo RAA e principalmente da estimulação da ACTH. Este aumento dura 
cerca de 7 dias. O aumento da renina depende mais de alterações hemodinâmicas 
(resultantes de hemorragia, ventilação mecânica, e agentes anestésicos) do que dos 
estímulos dolorosos. 
 
 
Pâncreas endócrino 
 
Glucagon 
 O glucagon é produzido pelas células alfa do pâncreas. Eleva-se durante a cirurgia, 
mantendo-se por pelo menos dois dias. A estimulação simpática e as catecolaminas parecem 
ser a principal fonte de estímulo para a liberação da hormona. A hormona de crescimento e o 
cortisol também estimulam a sua secreção, enquanto que a insulina e a somatostatina 
exercem um papel inibitório. 
 Os efeitos metabólicos do glucagon são semelhantes aos das catecolaminas, 
resultando num aumento da produção de glicose, com redução de sua utilização periférica, 
culminando em hiperglicemia. 
 
 4
 
 
 
Insulina 
 A insulina é uma hormona anabólica, sintetizada pelas células beta dopâncreas. 
Durante o período de stress as acções inibitórias das hormonas libertadas (catecolaminas, 
cortisol, HC) diminuem a secreção de insulina e sua efectividade a nível celular. 
Os níveis plasmáticos de insulina permanecem inalterados durante a cirurgia, mas 
aumentam no pós-operatório. As concentrações plasmáticas de glicose elevam-se durante a 
cirurgia e no pós-operatório imediato, declinando lentamente. 
 
 
 
CONSEQUÊNCIAS METABÓLICAS DA RESPOSTA ENDÓCRINA 
 
 O efeito nuclear da resposta endócrina à cirurgia é o aumento da secreção de 
hormonas catabólicas, que promovem o fornecimento de substratos a partir do catabolismo 
dos hidratos de carbono, lípidos e proteínas. Parece que a resposta ao stress é um 
mecanismo de sobrevivência que permite aos animais feridos aguentarem até que as suas 
feridas sarem. O animal consegue sobreviver sem comida utilizando as suas reservas e 
retendo sal e água até ficar curado. 
 
Metabolismo dos hidratos de carbono 
 A concentração de glicose aumenta após o início da cirurgia. O cortisol e as 
catecolaminas facilitam a produção de glicose a partir da glicogenólise hepática e da 
gluconeogénese. A utilização periférica de insulina está diminuída. 
 A concentração de glicose está relacionada com a intensidade do estímulo cirúrgico. 
O mecanismo habitual de homeostasia da glicose é ineficaz no período perioperatório. A 
hiperglicemia persiste porque as hormonas catabólicas promovem a produção de glicose 
(glucagon, cortisol, hormona de crescimento e adrenalina), a insulina está diminuída e existe 
uma resistência periférica à insulina. 
 Muitos dos potenciais problemas resultantes da hiperglicemia, tais como a diurese 
osmótica, a diminuição da função leucocitária, o aumento da sensibilidade cerebral à lesão 
isquémica e a hipoglicemia por uso agressivo da insulina, estão na origem do aumento da 
morbilidade. 
 
Metabolismo das proteínas 
 O catabolismo das proteínas é estimulado pelo aumento da concentração do cortisol 
e é directamente proporcional à gravidade do estímulo, às complicações, ao estado 
nutricional pré-operatório, à idade e ao sexo. 
 A neoglicogénese a partir dos aminoácidos surge após o esgotamento das reservas 
de glicogénio (glicogenólise) com a finalidade de manter a glicemia. Os aminoácidos podem 
ser utilizados pelo fígado para sintetizar novas proteínas, nomeadamente as proteínas de 
 5
fase aguda. Esta situação é responsável pelo atraso da cicatrização, pela diminuição da 
defesa imunitária e pela diminuição da massa muscular. Alguns autores realçam o interesse 
em administrar suplementos nutricionais não só em doentes críticos como em doentes 
submetidos a grandes cirurgias. 
 A perda de proteínas pode ser quantificado indirectamente por um aumento da 
excreção de nitrogénio na urina. 
 
Metabolismo dos lípidos 
 Como resultado das alterações hormonais durante a cirurgia, as gorduras 
armazenadas como triglicerídios são convertidos por lipólise a glicerol e ácidos gordos. A 
actividade lipolítica é estimulada pelo cortisol, catecolaminas e hormona de crescimento e é 
inibida na presença de insulina. O glicerol é um substrato para a gliconeogénese no fígado. 
Os ácidos gordos podem ser oxidados no fígado ou no músculo e são transformados em 
corpos cetónicos. 
 
Metabolismo da água e electrólitos 
 A vasopressina provoca retenção de água e produção de urina concentrada por acção 
directa no rim. O aumento da secreção de vasopressina continua durante 3-5 dias, 
dependendo da severidade do trauma cirúrgico e do desenvolvimento de complicações. A 
renina é produzida nas células justa-glomerulares do rim como resultado da activação de 
eferências simpáticas. A renina estimula a produção de angiotensina II e esta tem como 
efeito a libertação de aldosterona pelo córtex adrenal, que induz reabsorção de sódio e água 
nos túbulos distais. 
 A hipocalémia é comum nos pós-operatório, não só pela acção da aldosterona como 
também, em grande parte, devido à acção das catecolaminas que desviam o potássio no 
sentido intracelular. 
 
CONSEQUÊNCIAS IMUNOLÓGICAS DA RESPOSTA ENDÓCRINA 
 
Citocinas 
 As citocinas são um grupo de proteínas de baixo peso molecular que inclui 
interleucinas e interferons. São produzidas pelos leucócitos activados, fibroblastos e células 
endoteliais em resposta a uma lesão tecidular, e têm um papel importante na mediação da 
inflamação e da imunidade. 
 Actuam facilitando a activação e a proliferação de polimorfonucleares e promovendo 
a secreção de outras citocinas. A IL-1, IL-6 e o Factor de Necrose Tumoral α (TNF-α) têm 
uma acção pró-inflamatória. A IL-1 e o TNF-α são as citocinas que iniciam as reacções em 
cadeia da inflamação, sendo as responsáveis pela activação do complemento e pela 
libertação de prostaglandinas (PG) e IL-6. A IL-6 liberta-se numa segunda fase e estimula o 
fígado a produzir as proteínas de fase aguda (PFA), que agem como mediadores 
inflamatórios. Exemplos de PFA: a proteína C reactiva, o fibrinogénio, a alfa 2 
macroglobulina. As citocinas podem isoladamente aumentar a secreção de ACTH e de 
cortisol. 
 6
 Outras substâncias intervêm na resposta imunitária à agressão, como as 
prostaglandinas e as bradicinas. Estas últimas parecem desempenhar uma papel importante 
na resposta à agressão, pela acção vascular – vasodilatação e aumento da permeabilidade 
vascular. 
 
 
ANESTESIA E RESPOSTA NEUROENDÓCRINA AO STRESS 
 
 A resposta ao stress é considerada um mecanismo de defesa importante na 
adaptação e 
desenvolvimento de resistência a agressões. Mas as alterações fisiológicas que daí resultam 
podem ser uma ameaça de vida em doentes com patologia coexistente. 
 A modulação da resposta neuroendócrina ao stress cirúrgico, por meio de técnicas 
anestésicas, tem sido objecto de vários trabalhos científicos. Contudo, nenhuma técnica 
anestésica se apresenta totalmente eficaz na tarefa de bloquear a resposta neuroendócrina e 
metabólica. 
 
1.Visita pré-anestésica 
A consulta pré-anestésica com esclarecimentos sobre o acto anestésico, bem como o 
emprego de medicações pré-anestésicas como as benzodiazepinas, são eficazes em diminuir 
o stress pré-operatório e consequentemente a concentração plasmática de catecolaminas. A 
ansiedade induz a libertação de catecolaminas, prejudicando a função cardio-pulmonar 
devido ao aumento do consumo de oxigénio e das respostas hemodinâmicas. A utilização 
pré-operatória de ansiolíticos, bloqueadores beta, anti-hipertensivos e anti-anginosos pode 
prevenir a morbilidade. 
 
2. Conduta perioperatória 
 
2.1. Anestesia geral 
A prevenção de alterações hemodinâmicas durante a indução, a intubação endotraqueal, a 
incisão cutânea e a manutenção de uma anestesia profunda são medidas adequadas para 
atenuar a resposta ao stress. 
A anestesia geral pode limitar a percepção da sensibilidade a uma lesão, mas não abole 
completamente a resposta. O hipotálamo reage aos estímulos nocivos mesmo nos planos 
mais profundos de anestesia. Todos os agentes intravenosos e anestésicos voláteis e em 
doses normais têm pouca influência sobre as funções endócrinas e metabólicas. 
Altas doses de opióides administrados no início da cirurgia, suprimem os aumentos de 
cortisol, adrenalina, noradrenalina, aldosterona, beta-endorfina e ADH. O provável local de 
acção dos opióides na inibição da resposta neuroendócrina e metabólica parece ser o 
hipotálamo. 
 
 
 
 7
2.2. Anestesia loco-regional 
A anestesia loco-regional reduz de maneira eficaz a resposta neuroendócrina à agressão, 
bloqueando a terminações aferentes da zona cirúrgica. Também bloqueia os estímulos 
eferentes a nívelmedular e em especial os de origem simpática. Por isso, a anestesia loco-
regional reduz de maneira eficaz o aumento das catecolaminas relacionadas com o stress 
cirúrgico. A inibição da reacção endócrina está relacionada com a extensão do bloqueio, do 
tipo de cirurgia, bem como, do fármaco utilizado, nomeadamente, anestésico local e/ou 
opióide. Um bloqueio extenso, T4 a S5, em cirurgias abdominais baixas previne a resposta 
do cortisol 
 
3.Analgesia 
 
3.1. Analgesia Preemptiva 
A utilização de anti-inflamatórios não esteróides antes do início da cirurgia pode diminuir a 
libertação das interleucinas no perioperatório, com consequente atenuação da resposta 
neuroendócrina. 
 
3.2 AINEs 
Os AINEs não têm um efeito directo na respsta ao stress mas os metabolitos da cascata 
araquidónica estão envolvidos em diversas etapas da resposta à agressão. 
 
3.3. Opióides sistémicos 
Doses elevadas de fentanil inibem selectivamente o hipotálamo inibindo a resposta endócrina 
e metabólica. 
 
3.4. Infiltração local da ferida 
A infiltração de anestésicos locais na ferida operatória bloqueia completamente a 
transmissão da dor, a inflamação local e a resposta hipofisária. 
 
3.5. Bloqueios periféricos 
 
RESPOSTA AO STRESS E OUTCOME CIRÚRGICO 
 
 Está demonstrado que a analgesia regional tem efeitos benéficos no outcome dos 
doentes cirúrgicos. As técnicas de analgesia loco-regional diminuem a incidência de 
complicações tromboembólicas pós cirúrgicas. Meta-análises mostraram que a administração 
contínua de anestésico local por via epidural diminui a incidência de complicações 
respiratórias. 
 A analgesia epidural contínua a nível torácico diminui o íleus paralítico após 
procedimentos abdominais. A eliminação do íleus permite a introdução precoce da nutrição 
entérica, factor importante na diminuição do risco de complicações infecciosas 
 
 
 8
CONCLUSÕES 
 
 A resposta neuroendócrina e metabólica ao trauma cirúrgico, quando exacerbada, 
pode levar a consequências deletérias para o organismo, exigindo uma grande reserva 
funcional dos principais sistemas orgânicos. 
 A duração e a magnitude da resposta são directamente proporcionais ao trauma 
cirúrgico e ao desenvolvimento de complicações, como a sepsis. 
 A anestesia loco-regional com anestésicos locais, inibe a resposta neuroendócrina ao 
stress traumático e cirúrgico e pode influenciar positivamente o prognóstico. 
 
BIBIOGRAFIA 
 
• Sandra Gestosa; Alterações Endócrinas ao Stress, in Fundamentos de Anestesia em 
Ortopedia; 2006,16; 105-110 
• Renato Mestriner Stocche, Luiz Vicente Garcia, Jyrson Guilherme Klamt; Anestesia e 
Resposta Neuroendócrina e Humoral ao Stress Cirúrgico; Rev Bras Anestesiol 2001; 
51: 1: 59 – 69 
• Charles Weissman; The Metabolic Response to Stress: An Overview and Update; 
Anesthesiology 73;308-327, 1990 
• J.P. Desborough; The stress response to trauma and surgery; British Journal of 
Anaesthesia 85 (1): 109-17 (2000) 
• Zacharias Borges Cheibub; Endocrine responses to anesthesia. Rev Bras Anest 
1991;41;5:357-363 
• Manorama Singh; Stress Response And Anaesthesia; Indian Journal Of Anaesthesia; 
2003; 47 (6): 427-434

Outros materiais