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1 Economia Politica Internacional Sumário AULA 1 – ECONOMIA POLÍTICA INTERNACIONAL 1 AULA 2 – CONTAS NACIONAIS 5 AULA 3 – BALANÇO DE PAGAMENTOS 8 AULA 4 – A CONTA CAPITAL E A CONTA FINANCEIRA 12 AULA 5 – TEORIA DAS VANTAGENS ABSOLUTAS E RELATIVAS 15 AULA 6 – A TEORIA DA ECONOMIA DUAL 18 Aula 1 – Economia Política Internacional Ela é a junção de três disciplinas: economia, ciência política e relações internacionais. É a existência paralela e a interação recíproca do Estado e do mercado que cria, no mundo, a “economia política”. O grande objetivo da economia política de um país consiste em aumentar sua riqueza e seu poder. Separação A separação ocorreu na década de 1970, sendo elas: 2 Economia Internacional: é o estudo do comércio internacional. São modelos econométricos de comércio internacional. Não considera o comportamento do Estado. Política Internacional: se preocupa com a relações entre Estados como política externa. Não é necessariamente vinculada a economia. Escolas Existem duas escolas distintas na teoria da EPI, são elas: Escola Americana: tem como base o realismo, não estando preocupada com grandes mudanças e sim em saber o que de fato ocorre. É a ausência de questionamento sobre a ordem. Escola Britânica: é tida como a teoria crítica, querendo saber o potencial de mudança da estrutura existente. Logo, ela não somente quer ver o que está acontecendo, mas tentar pensar mudanças a cerca disso. Fatos que Mostram Limitações Teóricas das RI As consequências da decisão unilateral dos Estados Unidos em encerrar a paridade cambial ente ouro-dolar, em 1971, pelo presidente Nixon; As oscilações nos preços do petróleo na década de 1970; As demandas por industrialização e desenvolvimento por parte dos países periféricos. Principal Objeto É o impacto da economia mundial de mercado sobre as relações dos Estados e as formas pelas quais estes procuram influenciar as forcas de mercado para a sua própria vantagem. Atores na Arena Internacional Estado, Organizações Internacionais, Organizações Não Governamentais, Empresas Transnacionais, outros etc. Quando se fala de ordem econômica interacional, tem-se em mente que as transações econômicas levadas a efeito entre agentes situados em diferentes países obedecem alguma forma de ordenamento social, isto é, essas transações não são 3 neutras e aleatórias, mas atendem a interesses e visões de ganhos que vão além de resultados imediatos e meramente econômicos. Componentes Tangíveis da OEI São os regimes monetários, comerciais e financeiros internacionais. Componentes Intangíveis da OEI Seriam materializados na distribuição de riqueza e poder na esfera internacional. Regime Comercial (componente tangível) O que é: compreende o conjunto de normas, práticas e instituições que orientam as transações comerciais internacionais. Instituição: OMC, ela serve como juiz nas relações comerciais. Tratados comerciais: Mercosul, União Europeia etc. Regime Monetário (componente tangível) O que é: ele rege como as moedas devem se comportar internacionalmente. No padrão-ouro, a libra era a moeda central, depois, em Bretton Woods, passando para o dólar. Hoje, apesar de o dólar ser central, também há algumas outras moedas (como o euro0 que compõem esse regime. Instituição: FMI Regime Financeiro Internacional (componente tangível) O que é: é a forma como circulam os fluxos financeiros (empréstimos, investimentos etc.) internacionais. Instituições: bancos centrais, bancos privados e públicos, bolsas de valores e investidores institucionais. Ela é uma junção de regimes tangíveis e intangíveis que regem a economia internacional. Entre a predominância de uma ordem e outra, existem os períodos de transição. São mudanças nos elementos intangíveis que geram transformações em uma OEI, havendo uma reconfiguração da economia política internacional. 4 A literatura da EPI diz que existiram três ordens econômicas internacionais: o padrão libra-ouro, Bretton Woods e a Globalização Financeira (atual). Bretton Woods – 1944 O que foi: em 1944, uma série de países se reuniram em Bretton Woods, New Hampshire, EUA, para estabelecer a primeira ordem econômica negociada. Diferencial: ela foi totalmente negociada. Foi uma reunião chamada pelos EUA para discutir como os países deveriam se comportar nas relações econômicas internacionais. Instituições: BIRD, que hoje é o Banco Mundial e FMI, que é o Fundo Monetário Internacional. Fim de Bretton Woods Em 1971, Richard Nixon, então presidente dos Estados Unidos, quebrou, unilateralmente, o padrão-ouro (todo dólar que os Estados Unidos produzissem, eles teriam o equivalente em ouro), dando abertura a um processo de transição para uma nova Ordem Econômica Internacional, a Globalização Financeira. Houve um período de transição entre 1971 até a década de 1990, onde se começa de fato a Globalização Financeira. A nova ordem, que emergiu e se consolidou nos anos de 1990, tinha o Neoliberalismo (diferente do liberalismo clássico, ele prevê que o Estado tem que intervir o mínimo possível na economia mas garantindo o direito de propriedade e que os contratos funcionem) por base política, ideológica e econômica. Nela houve a diminuição do Estado e o desmantelamento do Welfare State. Características Forte reestruturação produtiva com o surgimento de novas tecnologias e formas de gestão; Ampla liberação dos fluxos de capital internacional; 5 Predominância do dólar como moeda central, mas ela é relativa já que outras moedas também passaram a fazer parte; Surgimento de novas alternativas de comércio entre os países. Aula 2 – Contas Nacionais Constituem a base de mensuração dos resultados econômicos de um país, de forma agregada. O Sistema de Contas Nacionais dos países é estabelecido pela ONU, o System of National Accounts (SNA). No Brasil, ele é feito pelo IBGE. Os conceitos são: produto, renda, consumo, poupança, investimento, absorção e despesa. Eles são em valores monetários (real) e preços correntes e constantes. Conceitos de Constas Nacionais Produto: é a soma da produção de bens e serviços de um determinado espaço de tempo. É toda a produção que se tem em um determinado país. O produto principal é o PIB; Renda: é a somatória dos fatores de produção (terra, trabalho e capital); Consumo: é a somatória de bens e serviços consumidos pelos indivíduos, famílias e governo; Poupança: é a somatória da renda que não foi consumida, ou seja, que os indivíduos, famílias e governo pouparam; Investimento: corresponde à aquisição de reposição de máquinas, equipamentos e insumos destinados à ampliação da capacidade produtiva para períodos seguintes; 6 Absorção: é a somatória do consumo e do investimento, correspondendo aos bens e serviços que uma economia absorve em um dado período de referência de tempo; Despesa: corresponde à soma de consumo mais investimentos mais exportações menos importações (saldo em transações correntes). A metodologia consiste em definir as identidades fundamentais e as definições precisas dos agregados, primeiro em uma economia fechada (hipótese abstrata) e depois em uma economia aberta. Economia Fechada I – Produto = despesa = renda II – Despesa = consumo + investimento III – Renda = salários + lucros + juros + aluguéis IV – Investimento = poupança V – Poupança = renda – consumo Economia Aberta II.a – Despesa = consumo + investimento + exportações – importações V.a – Poupança interna = renda – consumo V.b – Poupança externa = importação – exportação Pela identidade I, renda = despesa, então, usando II.a, renda = consumo + investimento + exportações – importações * Se houver muitas exportações a renda irá crescer. Se houver mais importações a renda irá decrescer. Aplicando esse resultado em V.a, temos poupança interna = consumo +investimento + exportações – importações – consumo Temos investimento = importações – exportações + poupança interna, logo, investimento = poupança externa + poupança interna Como é determinado o PIB de um país 7 Despesa = consumo + investimento + gastos do governo + exportação – exportação, temos que produto (Y) = consumo (C) + investimento (I) + gastos do governo (G) + exportação (X) – importação (M). Valor Bruto da Produção (CPB) = preço (p) x quantidade (q) Valor Adicionado (VA) = valor bruto da produção (CPB) – consumo intermediário (CI) O produto A definição de produto está ligada aos bens finais: estes possuem o valor adicionado no último estágio da cadeia produtiva, incluindo todo o consumo intermediário de insumos/ serviços necessários até sua obtenção. Setor Valor Bruto da Produção Consumo Intermediário Valor Adicionado (VA = VBP = CI) Mineração 1.000 0 1.000 Siderurgia 2.500 1.000 1.500 Automóveis 4.000 2.500 1.500 TOTAL 7.500 3.500 4.000 Produto Interno Bruto (PIB) O PIB é a medida do total dos bens e serviços produzidos dentro dos limites do território do país. PIB = VBP – CI Produto Nacional Bruto (PNB) É o produto gerado por maio de nacionais, dentre e, também, fora das fronteiras do país, por meio de filiais de multinacionais domésticas atuando no exterior. PNB = PIB + RLE (liquidez externa). Produto Real e Produto Nominal 8 O produto pode variar tanto em quantidade (real) quanto em apenas por preço (nominal). Produto Real: é o valor do produto medido a preços constantes. É descontada a inflação. Produto Nominal: é o valor do produto medido a preços correntes. Não é descontada a inflação. Deflator do PIB A inflação é um fenômeno natural nas economias, por isso é de suma importância um deflator para o PIB. Um deflator é uma medida da variação média dos preços de um período em relação à de outro período. Deflator Implícito É uma medida indireta da inflação do período de referência em relação ao período anterior. Deflator Implícito do produto (DI) = Produto Nominal (ano t) / Produto Real (ano base) Taxas de Crescimento Taxa de crescimento do PIBt = [(PIBt / PIBt-1) – 1] x 100% Para o cálculo da taxa de crescimento, é importante levar em conta a variação real do produto. Aula 3 – Balanço de Pagamentos É o registro contábil de todas as transações econômicas entre um país e o resto do mundo durante um determinado intervalo de tempo. O balanço de pagamentos é normalmente utilizado para analisar o estado das finanças internacionais de um país. Ele serve para que possamos saber como é a relação comercial e financeira de um país com outro. Os países divulgam seu balanço de pagamentos em dólar. 9 A estrutura do balanço de pagamentos é dividida em quatro grandes pontos: transações correntes, conta capital e financeira, erros e omissões, variação de reservas. No Brasil é de responsabilidade do Banco Central do Brasil fazer o balanço de pagamento e ele segue uma metodologia internacional. Estrutura A – Balança comercial (bens) e Serviços B – Balanço de rendas e transferências C – Saldo em transações correntes = A + B D – Conta capital E – Conta financeira F – Saldo do balanço de capitais e conta financeira = D + E G – Erros e omissões H – Saldo do balanço de pagamentos = C + F + G Conceito de transações correntes As transações correntes registram o comércio de bens e serviços, os pagamentos e os recebimentos de rendas de capital e trabalho e as transferências unilaterais de renda entre o país e o resto do mundo. As Contas Capital e Financeira registram “as transferências unilaterais de ativos reais, ativos financeiros ou ativos intangíveis entre residentes e não residentes” e “todos os tipos de fluxos de capitais entre os países e o resto do mundo”. Identidade contábil – produto = renda = demanda (gastos). Lembrando que PIB – YLE (renda líquida enviada ao exterior) = PNB. Quando o PNB é igual aos gatos internos há equilíbrio na conta corrente do balanço de pagamentos. Porém, isso nunca ocorre. 10 PNB > Gastos Internos – ocorre superávit na conta corrente do balanço de pagamento. PNB < Gastos Internos – ocorre déficit na conta corrente do balanço de pagamentos. Quando há déficit, o resto do munda está financiando, com moeda internacional, o excesso de gastos dos residentes em relação a sua renda. O que é considerado como uma contribuição da poupança externa. Possibilidades de explicação do financiamento externo Contribuição da economia internacional para o desenvolvimento da economia brasileira, que é o caso da entrada de recursos externos para investimento. Empréstimos para financiar os gastos externos, no caso de financiamento de curto ou longo prazo por bancos internacionais. Aposta internacional no crescimento, valorização e lucratividade das empresas, que é o caso de entrada de capitais para especulação em títulos e ações de empresas brasileiras. Utilização da riqueza líquida da economia brasileira para pagar suas despesas externas imediatas, que é o caso da utilização das reservas internacionais. Em geral, os países se baseiam do “Manual de Balanço de Pagamentos e Posição do Investimento Internacional” (Manual do FMI) para fazer o seu balanço de pagamentos. Adoção do sistema de partidas dobradas, que faz de casa transação um lançamento em crédito em uma conta e débito em outra ou vice-versa. Um lançamento como crédito em item da conta corrente, terá um lançamento como débito na conta financeira. Agora o balanço de pagamentos tem que estar em equilíbrio. Débito Crédito Conta Corrente Conta Financeira 11 Empréstimos Aumento de passivo Externo US$ 600 mil Ativo de Reserva Aumento de Ativo: US$ 600 mil Para cada débito nesse balanço, deverá haver um crédito. Se entrar dinheiro em uma coluna, também deverá constar na outra. Conta posição do investimento internacional O Manual do FMI recomenda que as economias nacionais apresentem a conta Posição do Investimento Internacional, utilizando-se dos conceitos contábeis de Ativo e Passivo em um balanço patrimonial. Ativo Externo Passivo Externo Investimento de empresas brasileiras no exterior Investimento direito de empresas estrangeiras no Brasil Investimento de brasileiros em carteira de ativos financeiros no exterior: • Ações • Títulos Investimento de estrangeiros em carteira de ativos financeiros no Brasil: • Ações • Títulos Empréstimos para empresas estrangeiras Empréstimos de bancos estrangeiros para brasileiros Crédito comercial para empresas estrangeiras Crédito comercial de bancos estrangeiros para empresas brasileiras Ativos de reserva internacional É pouco provável que essas contas se encontrem equilibradas no curto prazo. Com isso, déficits temporários na conta corrente podem ser financiados por superávits na conta financeira. Exemplo 1 Caso haja um déficit na conta corrente por um excesso de importações, mas que seja de novas máquinas, tecnologicamente mais avançadas, um investimento tecnológico, mas feito fora do país, pode vir com retornos, a médio prazo, aumento da 12 exportação, o que possibilitaria pagar por um financiamento externo para esse investimento. Exemplo 2 Se uma economia nacional financia seus déficits em conta corrente, fruto de gastos excessivos em consumo de importados, com superávit na conta financeira com empréstimos de curto prazo, poderá ter problemas em breve. Aula 4 – A Conta Capital e a Conta Financeira Conta capital Agrega movimentações que não tem fins de valorização. Relativamente às outras, tem um peso pequeno. Essa conta tem transações relacionadas principalmente com doações, entre governos nacionais, como ajuda humanitária. Conta financeira Registra os movimentos capitais em busca de rentabilidade e valorização, seja em ativosprodutivos, seja em ativos financeiros. Consiste em entradas e saídas de capital relacionadas à obtenção de um interesse “duradouro” por parte de um residente, em um negócio ou atividade residente em outra economia. As empresas são dinâmicas na sua procura por rentabilidade e valorização. Elas podem colocar seu capital em economias nacionais, assim como também retirar parte ou a totalidade de seu capital para investi em outra economia, ou mesmo retornar à matriz. 13 Para serem hospedeiras desse investimento direto estrangeiro, tem que ter condições de atração desse capital. Estas devem ser relacionadas tanto à estrutura de oferta como por exemplo ter infraestrutura para a instalação de novas fábricas e rodovias e novos portos, quanto de demanda como um bom mercado interno. Essa subconta registra a entrada e saída de capital externo aplicado em produtos financeiros, isto é, em ações, títulos e cotas de fundos de investimentos. É uma conta fundamental em uma economia financeirizada e globalizada. A financeirização de uma economia faz com que essa subconta cresça. Com o fenômeno da financeirização da riqueza, uma parcela crescente da riqueza dos indivíduos é alocada em produtos financeiros com expectativas de rentabilidade e valorização futuras. O desenvolvimento dessas instituições financeiras promoveu um duplo fenômeno: de um lado a financeirização da riqueza, isto é, incentivo para alocar boa parte da riqueza individual em produtos financeiros; do outro lado, houve a globalização financeira. Nesse contexto, emerge uma importante instituição da globalização financeira, as agências de ratings, ou de classificação de risco, como a Standard & Poor’s e a Fitch. Itens do investimento em carteira I – As ações, representadas no item “Investimento em Ações” II – As aplicações feitas em fundos de Previdência e Investimentos, subconta “Investimentos em Fundos de Investimento” III – Os títulos com juros fixados, subconta “Títulos de Renda Fixa” O principal item dessa subconta são os empréstimos internacionais, de curto ou longo prazo. Como há o processo de financeirização mundial, os bancos não deixam seu dinheiro parado, emprestado para Estados. 14 Exemplo – A movimentação de dinheiro no mundo impacta em cheio as economias. O título público dos EUA, por exemplo, é tido como um dos ativos mais seguros para investir. Logo, quando o FED (banco central dos EUA) aumenta sua taxa de juros, outras economias sofrem com a perda de capital, que saem de economias mais rentáveis para os EUA. Os ativos de reserva são geralmente moeda estrangeira ou depósitos e títulos de alta liquidez em moeda estrangeira. Funções I – Ser um rápido meio de financiamento de despesas da conta corrente, caso não haja entrada de recursos suficientes nas subcontas da conta financeira; II – Fazer ajustes estabilizadores na taxa de câmbio; III – Servir de garantia implícita para empréstimos realizados por empresas nacionais em bancos internacionais. Conta posição do investimento internacional Controle: Banco Central Ativos importantes que servem de reserva internacional: I – Direitos Especiais de Saque junto ao FMI e II – os títulos de dívida pública garantido pelos Bancos Centrais dos demais países. Erros e omissões Servem para adicionar todas as incongruências do balanço de pagamentos, afinal de contas, são muitos dados de origens diversas, inclusive estrangeiras, o que faz com que nem sempre a conta feche. Liquidez é quando temos um objeto que queremos transformar o mais rápido possível em transacionável. 15 Aula 5 – Teoria das Vantagens Absolutas e Relativas Contraponto: Mercantilismo. Smith: o valor vem do trabalho e a riqueza de uma nação cresce com a divisão de trabalho (produtividade). A lógica do clássico exemplo de Smith, que mostra o crescimento da produção de alfinetes com a divisão do trabalho, é aplicada também em âmbito nacional. Vantagens absolutas Temos uma vantagem absoluta quando um país consegue produzir uma determinada mercadoria com o emprego de menor quantidade de trabalho do que o necessário para produzir esse mesmo bem em outro país. Exemplo Economia A: tem vantagem absoluta em produzir mercadorias industrializadas. Economia B: tem vantagem absoluta em produzir mercadorias agrícolas. Troca entre eles: todos ganham. Vantagens relativas É um modelo teórico de comércio internacional do inglês David Ricardo. Ricardo propôs uma releitura do modelo de Smith, considerando mais especificamente não o volume total produzido, mas a questão das produtividades relativas entre os dois países na produção de cada tipo de bem. Como disse Krugman “um país tem uma vantagem comparativa na produção de um bem se o custo de oportunidade de produzir esse bem, em termos de outros bens, for menos nesse país do que em outros países.” 16 Heckscher e Ohlin, tomando como ponto de partida o modelo de Ricardo, desenvolveram um modelo matemático do equilíbrio geral de comércio internacional ampliado para dois países, dois bens e dois fatores de produção. Os países desenvolveram padrões de comércio e produção com base nas dotações de fatores de produção que tem maior abundância, além de importarem aqueles bens que demandam para a sua produção o fator no qual apresentam maior escassez. Teoria de Rybczynski Qual seria o efeito de mudanças nas dotações dos fatores de cada uma das economias sobre o comércio? Sobre preços relativos constantes e supondo pleno emprego de fatores, um aumento na dotação de um fator leva a uma expansão mais que proporcional da produção no setor que utiliza mais intensamente aquele, e consequentemente um declínio absoluto da produção do outro bem. Paul Krugman produziu um “modelo-padrão” de comércio internacional. A fronteira de possibilidades de produção e curvas de indiferença são combinações de dois ou vários fatores de produção que levam a um nível determinado de produção de bens. Exemplo Como o país produz mais bens agrícolas do que consome, ele poderá exportar seu excedente produtivo. Já as necessidades de industrializados superiores à produção interna significam que os bens serão obtidos via importação. Fatores que alteram as condições do equilíbrio Quando ela cresce, significa que sua FPP se desloca mais para fora, permitindo- a alcançar níveis mais elevados de produção (ou ao contrário). Quando não é simultâneo: mudanças dos preços relativos. 17 Modelos supõe concorrência perfeita e retornos de escala decrescentes. No entanto, o comércio internacional não se baseia em concorrência perfeita, tendendo à concorrência monopolista em escala global. Outra prática é o dumping, quando uma grande empresa cobre a diferença dos preços de seus produtos entre exportações e oferta para vendas domésticas. Essa prática é crime em diversos países, inclusive no Brasil. Característica do mercado global: formação de aglomerações de indústrias. O comércio internacional pode ser benéfico para os países, em termos teóricos, mas a aceitação de seus benefícios não é consensual ou pacificada entre os teóricos. Políticas comerciais Os principais instrumentos de política internacional são: I – aplicação de tarifas, II – subsídios à exportação, III – cotas de importação, IV – restrições voluntárias às exportações (VER)/acordos de restrições voluntárias (ARV), V – necessidades de conteúdo local, VI – barreias comerciais não tarifárias. Argumentos a favor do comércio I – eficácia econômica II – argumentos políticos, com favorecimento de determinados grupos em detrimento de toda a sociedade Argumentos contra o comércio I – proteção à indústria nascente Concorrência perfeita é quando existem diversos produtores de um bem relativamente homogêneo e caso alguém queira aumentar o preço, irá o fazer sozinho. 18 II – falhas de mercado Aula6 – A Teoria da Economia Dual É uma teoria mais identificada como a teoria clássica-liberal. Análise feita a partir de dois setores relativamente independentes: um setor moderno progressista, caracterizado por um nível elevado de eficiência produtiva e integração econômica, e um setor tradicional, atrasado. Essa análise da economia dual pode ser feita tanto para uma economia interna quanto para uma internacional. O processo de desenvolvimento econômico implica a incorporação e a transformação do setor tradicional em um setor moderno por meio do avanço das estruturas econômicas, sociais e políticas. Para essa teoria, o processo de evolução econômica se dá pela competição no mercado e pelos mecanismos de preços, os quais forçam uma maior eficiência produtiva e maximização da riqueza em uma dada economia. Resumindo: ao pensar em uma economia dual lembre-se de que se trata de um setor atrasado e de um setor progressista, sendo que este irá impactar o setor atrasado. Argumento: o funcionamento tanto da história quanto da economia política internacional só pode ser entendido nos termos do Sistema Mundial Moderno (SMM). Immanuel Wallerstein define esse sistema como “uma unidade com uma única divisão do trabalho e muitos sistemas culturais”. Os proponentes do SMM afirmam que a única tarefa primordial dos economistas políticos é a análise das origens, da estrutura e do funcionamento desse sistema. Próximos ao marxismo, no entanto, divergem com o marxismo clássico (que se dá a partir do imperialismo, que é uma função do Estados com as grandes empresas que atuam em outras economias para garantir os interesses da classe dominante). Autores importantes: Paul Baran, Immanuel Wallerstein e André Gunder Frank. 19 Tese central: a economia mundial contém um núcleo dominante e uma periferia dependente que interagem e funcionam como um todo integrado. Os mesmos mecanismos, que no núcleo produzem desenvolvimento e acumulação de capital, na periferia provocam subdesenvolvimento. Diferente da teoria dual, que diz que o desenvolvimento em algum momento chega para todos, nesse caso no núcleo da economia mundial os países desenvolvidos dependem dos países subdesenvolvidos para serem ricos. Então, essa periferia subdesenvolvida é necessária para o desenvolvimento econômico dos países ricos. Em contrate à teoria Dual, que enxerga o núcleo e a periferia como uma tendência favorável, os teóricos do SMM argumentam que centro e periferia são funcionais um para o outro. Ela é identificada com o realismo pois o que interessa para as teorias realistas é o que de fato ocorre. Formulada inicialmente por Charles Kindleberger, afirma que uma economia mundial liberal exige a presença de uma potência dominante, ou mesmo hegemônica. Ele está preocupado com a estabilidade de uma economia liberal, essa teoria vale para momentos e hegemonia de uma economia liberal, onde não existe a presença de uma potência dominante ou mesmo hegemônica. Um tipo partícula de ordem econômica internacional, a ordem liberal, não poderia florescer e alcançar seu pleno desenvolvimento sem a presença de um poder hegemônico. Não basta que haja apenas um poder hegemônico. Outros Estados poderosos também devem ter interesse na manutenção desse sistema. Pré-requisitos: hegemonia, ideologia liberal e interesses em comum. Momentos históricos em que houve a conjuntura favorável à hegemonia liberal: I – a Era de Pax Britannica e II – a liderança dos EUA na pós-Segunda Guerra. Para que a economia mundial tenha estabilidade, precisa de um estabilizador, um país que se disponha a fornecer um mercado para bens de socorro, um fluxo constante de capital – quando não contracíclico - e um mecanismo de um redesconto que ofereça liquidez quando o sistema monetário for congelado pelo pânico. 20 Governança global É mais ampla do que governo, abrangendo instituições governamentais, mas também implicando em mecanismos informais e formais, de caráter não governamental, que façam com que as pessoas e as organizações dentro da sua área de atuação tenham uma conduta determinada, satisfaçam necessidades e respondam a demandas. Ela é como uma forma de que exista algum controle, alguma gestão internacional, ela serve para diminuir o nível de anarquia global. Regimes internacionais Um conjunto de princípios, normas, regras e procedimentos de tomada de decisão ou implícitos, nos quais convergem as expectativas dos atores numa dada área dos regimes internacionais. Independentemente das suas diferenças, tanto a Governança Global quanto os Regimes Internacionais, ao buscarem coordenar a anarquia intrínseca do sistema internacional, necessitam de instituições para isso Organizações internacionais Buscam aumentar a cooperação entre diversos atores econômicos, políticos e sociais, tornando as tomadas de decisões mais previsíveis. Elas são componentes dos Regimes Internacionais. As organizações internacionais foram criadas a partir de acordos ou regimes que são estabelecidos em diferentes áreas (segurança, economia, meio ambiente, questões sociais etc.). Ela é um meio que se utiliza para garantir um ambiente minimamente favorável às relações internacionais, as trocas comerciais e a cooperação internacional. Fundo Monetário Internacional 21 Foi criado em 1944, na Conferência de Bretton Woods, no entanto, passou a funcionar apenas dois anos depois. É preocupado com a estabilidade monetária. Ortodoxo. Quando um país que não tem poupança interna tem um excesso de demanda, ele tanto gera problemas com a inflação quando ao fato dele importar mais do que consegue, então o FMI atua para garantir que esse tipo de país não tenha esses problemas. Organização Mundial do Comércio Surgiu oficialmente em 1995, com o Acordo de Marraquexe, em substituição ao Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT), estabelecido em 1947, com o objetivo de garantir o livre mercado, sugerindo políticas que diminuam o protecionismo comercial de determinados países.
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