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SÍNDROME DE IMOBILIDADE DEFINIÇÃO Indivíduos que têm mais de 75 anos, dependem de terceiros para AVDs, vivem geralmente em instituições, são incapazes de se movimentar, usam múltiplos fármacos, são desnutridos e apresentam alterações nos exames laboratoriais. Esses idosos fragilizados são geralmente mantidos confinados no leito e, devido a esta imobilidade, adquirem e evoluem para outras complicações, que chamamos de síndrome de imobilidade (SI). Síndrome de imobilidade: deriva, principalmente, do fato de que todos os órgãos e aparelhos podem ressentir-se, gravemente, da própria imobilidade e de suas consequências, a começar pela deterioração intelectual e comportamental, dos estados depressivos, dos distúrbios cardiovasculares, respiratórios, digestivos e metabólicos, constipação intestinal, hipotonia muscular, osteoporose, desnutrição, distúrbios metabólicos, contratura e negativação do balanço nitrogenado. Trata-se, portanto, de todo um complexo de alterações que repercutem negativamente sobre o organismo, tendo origem na imobilidade. Síndrome: conjunto ou complexo de sinais e sintomas que ocorrem ao mesmo tempo, que individualizam uma entidade mórbida e podem ter mais de uma etiologia. Imobilidade: ato ou efeito resultante da supressão de todos os movimentos de uma ou mais articulações em decorrência da diminuição das funções motoras, impedindo a mudança de posição ou translocação corporal. Síndrome de imobilidade: complexo de sinais e sintomas resultantes da supressão de todos os movimentos articulares, que, por conseguinte, prejudica a mudança postural, compromete a independência, leva à incapacidade, à fragilidade e à morte. CRITÉRIOS PARA IDENTIFICAR A SI Repouso (permanência no leito de 7-10 dias); imobilização (10-15 dias); decúbito de longa duração (mais de 15 dias). Critério maior: déficit cognitivo moderado a grave e múltiplas contraturas. Critérios menores: sinais de sofrimento cutâneo ou úlceras de decúbito; disfagia leve a grave; dupla incontinência; afasia. SI = presença das características do critério maior e, pelo menos, 2 características dos critérios menores. CAUSAS DA SI Doenças osteoarticulares, cardiorrespiratórias, vasculares, musculares, neurológicas, psíquica, dos pés, iatrogenia medicamentosa, déficit neurossensorial. Isoladamente, não necessariamente levam à SI. PREVALÊNCIA E MORTALIDADE Canadá e AUS: 25% dos idosos que vivem na comunidade e 75% dos que vivem em ILPI tem deficiência ou incapacidade grave; não há dados específicos para SI Custos elevados: necessidade de dieta especial por sonda, uso de antibióticos de última geração, requerem curativos especiais. Mortalidade: alta (+-40%), causa mortis = quase sempre falência múltipla de órgãos, mas também pneumonia, TEP, sepse. COMPLICAÇÕES DA SI Sistema tegumentar: atrofia de pele, úlcera de decúbito, escoriação, equimose, dermatite, micose. Sistema esquelético: osteoporose, artrose, fraturas. Sistema muscular: atrofia, encurtamento de tendões, hipertonias, contraturas. Sistema cardiovascular: trombose venosa profunda, embolia pulmonar, isquemia arterial, hipotensão postural, edema linfático. Sistema urinário: incontinência, ITU, retenção urinária. Sistema nervoso: depressão, piora do déficit cognitivo (demência), inversão do ritmo do sono, delirium. Sistema respiratório: pneumonia, insuficiência respiratória. Sistema endócrino e metabólico: resposta diminuída à insulina; resposta diminuída da suprarrenal; diminuição da excreção de Na+, K+ e fosfato; retenção hídrica; capacidade aeróbica diminuída; eritropoiese diminuída; VO2 máximo diminuído; síntese de vitamina D diminuída. CONCLUSÃO • É um momento de grande sofrimento para o paciente e familiares. • Fase de degradação da qualidade de vida ao limite do tolerável ou aceitável; quadro irreversível. • Cabe à equipe multiprofissional o máximo de empenho a fim de trazer certo conforto para os familiares e para aquele que está próximo da morte. • Deve-se discutir ortotanásia x distanásia x eutanásia. • Uso de O2, sondas para hidratação e alimentação, analgésicos, bom aquecimento, posicionamento adequado no leito, higiene, opioides e a presença constante de familiares dividindo os últimos cuidados são essenciais. • Não se deve isolar o paciente num ambiente frio e distante (CTI), entubá-lo, ressuscitá-lo, indicar procedimentos cirúrgicos ou hemotransfusão, a fim de evitar o óbito. SÍNDROME DE FRAGILIDADE DEFINIÇÃO Fragilidade: estado de vulnerabilidade fisiológica relacionado à idade, resultante de reservas homeostáticas comprometidas e uma capacidade reduzida do organismo de resistir a estressores. Síndrome da fragilidade: é uma síndrome biológica de diminuição da capacidade de reserva homeostática do organismo e da resistência aos estressores, que resultam em declínios cumulativos em múltiplos sistemas fisiológicos, causando vulnerabilidade e desfechos clínicos adversos. EPIDEMIOLOGIA 10-20% dos pacientes acima dos 65 anos são considerados frágeis; aproximadamente, 46% nos pacientes com ≥ 85 anos; risco aumentado de hospitalização, quedas, institucionalização e óbito. CARACTERÍSTICAS DA FRAGILIDADE NO IDOSO 1. Perda de peso, fadiga, fraqueza, inatividade, redução da ingesta alimentar. 2. Sarcopenia, redução do equilíbrio, do condicionamento e osteopenia. 3. Desregulação neuroendócrina e disfunção imunológica. FISIOLOGIA DA SARCOPENIA Diminuição da massa muscular que ocorre com o envelhecimento. Fatores: ingesta alimentar deficiente; declínio na produção de proteína muscular mista, cadeia pesada de miosina e proteínas mitocondriais; genéticos – receptor de IGF-1 (15q), receptor do neuropeptídeo Y e do hormônio liberador de GH no 7P; declínio da testosterona. São fisiológicos do envelhecimento. CARACTERÍSTICAS PARA DIAGNÓSTICO DE FRAGILIDADE 1. Perda de peso não intencional: maior de 4,5kg ou superior a 5% do peso corporal no último ano. 2. Diminuição da força de preensão palmar: medida com dinamômetro e ajustada para gênero e índice de massa corporal (IMC). 3. Diminuição da velocidade de marcha em segundos. 4. Exaustão a queixas: faz todas as atividades com muito cansaço, não consegue continuar as atividades, entre outros. 5. Baixo nível de atividade física: medida pelo dispêndio semanal de energia em kcal (com base no autorrelato das atividades e exercícios físicos específicos realizados) e ajustada conforme o gênero. Três ou mais critérios: frágil. Um ou dois critérios: pré-frágil. Zero critérios: não frágil. Deve-se agir em: nutrição; fator neuroendócrino. Não se sabe qual dessas é causa mais importante para a síndrome; uma interfere na outra e leva à síndrome. EXAME CLÍNICO É mais complicado do que de idosos não frágeis; o ideal é identificar o idoso pré-frágil. Deve-se avaliar: manifestações atípicas de doenças agudas; polifarmácia; exame da mobilidade; questionário dirigido sobre cognição, humor, comunicação, mobilidade, equilíbrio, eliminações, funções e recursos sociais e ambientais. OLHAR GERIÁTRICO Avaliação da boca e Acesso à alimentação. Controle das doenças crônicas e busca de novas. Medicações com potencial impacto sobre a fragilidade (metformina, amiodarona, aminofilina, glifozinas, bzd, análogos de GLP-1, corticoesteroides, estatinas, AINEs). TRATAMENTO Exercícios contra resistência; testosterona nos pacientes com hipogonadismo; suporte nutricional agressivo; tratamento da dor; suporte social.
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