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3 INTRODUÇÃO O melhoramento genético é uma área da ciência que é utilizada tanto em plantas como em animais, objetivando o aumento de características desejáveis nas populações animais e vegetais. O melhoramento genético vegetal pode trazer grandes vantagens para a agricultura e para a engenharia florestal, ajudando a prevenir pragas em plantações e a preservar o meio ambiente. Esta técnica está presente desde o surgimento da agricultura na rotina do homem. Começou em sua forma mais básica, com métodos clássicos de genética que hoje chamamos de seleção e cruzamento. Essa técnica só foi identificada como um método genético quando o pai da genética, Gregor Mendel, no século 19, separou linhagens de ervilhas por suas diferentes características, e viu como era possível gerar futuras linhagens híbridas. Toda essa evolução aconteceu devido ao desenvolvimento da nossa sociedade como um todo, que demanda de alimentos de maior qualidade, e em abundância. A tendência é que essa tecnologia se desenvolva cada vez mais para que a agricultura atenda às necessidades do nosso planeta, seja por mais alimentos, alimentos mais saborosos, ou alimentos que possam durar mais e a biotecnologia certamente continuará lado a lado desse desenvolvimento. 4 1 MELHORAMENTO GENÉTICO O Melhoramento genético é o processo no qual, intencionalmente, modificamos ou selecionamos o material genético de um ser vivo, visando obter uma ou mais características específicas, como por exemplo a melancia sem semente, que é um organismo geneticamente modificado. Técnicas chamadas de melhoramento genético convencional são os alicerces do desenvolvimento humano e são utilizadas na agricultura e na domesticação animal há vários anos. Com o avanço da tecnologia e o surgimento da biotecnologia, muita coisa mudou, a genética ficou mais precisa, eficiente e, consequentemente, mais rápida. O cientista se tornou capaz de manipular a molécula de DNA, que é a base da hereditariedade dos seres vivos. Ele consegue trocar os genes para alcançar os objetivos esperados para uma planta por exemplo, fazendo com que ela não perca as características que ele pretende conservar, produzindo assim, um OGM (organismo geneticamente modificado). Todo organismo é constituído por células e dentro delas, num espaço chamado núcleo, existem os cromossomos, que armazenam o material genético, ou seja, os genes, eles determinam todas as características dos seres vivos, incluindo-se o potencial agronômico das plantas, como a resistência a pragas e doenças, produtividade, etc. Assim, para qualquer melhoramento genético na produtividade ou na qualidade das plantas teremos mudanças nos genes. Duas etapas básicas são necessárias para a criação de novas variedades de plantas pela engenharia genética: a transformação e a regeneração. A transformação é o processo onde se coloca o gene desejado, o que trará a característica necessária, dentro do cromossomo de uma célula, juntamente com os demais genes existentes. E a regeneração é o processo de formação de uma nova planta, depois que a célula passar pela transformação ela deverá se multiplicar e formar uma nova planta, das quais todas terão uma cópia do novo gene. Existem várias ferramentas utilizadas na biotecnologia para a produção de um OGM, podemos citar a transformação genética, silenciamento gênico e edição genética por meio de CRISPR-Cas9, e o números de técnicas existentes vêm aumentando a cada ano. 5 2 GÊMEAS CHINESAS GENETICAMENTE MODIFICADAS Em Novembro deste ano, o cientista chinês da Universidade de Shenzhen He Jiankui, juntamente de sua equipe, afirmou ter criado os primeiros bebês geneticamente modificados. As duas meninas, Lulu e Nana, nascidas há “várias semanas”, estão em perfeito estado de saúde, segundo Jiankui, que usou a técnica de edição de genes conhecida como CRISPR para modificar um gene e tornar as gêmeas imunes ao vírus causador da AIDS. Essa técnica é um método que serve para intervir no DNA que é onde se armazena toda a informação biológica herdada. O CRISPR permite acrescentar, modificar e interromper sequências genéticas com enorme precisão e de uma maneira muito simples. Começou a ser utilizado em 2013 e desde então é o protagonista de uma autêntica revolução. Mas sua utilização ainda não é perfeita. A afirmação de Jiankui não pôde ser comprovada. Sua pesquisa não foi publicada em nenhuma revista científica especializada, onde deveria ter sido submetida à análise de outros especialistas. Em um vídeo postado no YouTube, o geneticista explicou em um laboratório que “duas encantadoras gêmeas chinesas, Lulu e Nana, nasceram nas últimas semanas em um excelente estado de saúde, para a alegria da mãe, Grace, e do pai, Mark”. Segundo ele, o pai, portador do vírus HIV, nunca pensou que poderia procriar. Jiankui disse também que as meninas foram concebidas por inseminação artificial. Depois da fecundação, a equipe injetou os reagentes CRISPR no embrião para inibir o gene CCR5. O objetivo era modificar o gene pelo qual o vírus adentra o sistema imunológico humano. Ao longo do desenvolvimento dos embriões, primeiro em laboratório e depois no útero da mãe, os especialistas verificaram várias vezes, através de sequenciamento genético, que tudo estava se desenvolvendo como deveria e que as gêmeas não apresentavam mutações além da prevista. “Nenhum outro gene apresentou mudanças”. A comprovação foi repetida após o nascimento em uma declaração exclusiva à agência AP. De acordo com a AP, os pais das gêmeas não foram os únicos a se submeterem aos testes. Seis outros casais, nos quais o homem é o soropositivo — indivíduo portador de 6 anticorpos no sangue que provam a presença de um agente infeccioso —, também aceitaram o programa, que abre a possibilidade de que as duas meninas não sejam as únicas geneticamente modificadas. Jiankui disse estar ciente da polêmica que sua iniciativa despertaria, mas que não lhe parecia que isso poderia apresentar problemas éticos. Tudo o que fez, afirma, foi “abrir uma igualdade de oportunidades para ter famílias saudáveis”. 2.1 Ponto de vista ético O teste teria sido impossível sob a lei norte-americana e ilegal sob as normas europeias. Mas na china as regulações não são tão rigorosas. O país foi o primeiro a modificar genes de embriões humanos (não viáveis) e de macacos com a CRISPR O professor Julian Savulescu, diretor do Centro Uehiro de Ética Prática da Universidade de Oxford, disse à agência Science Media Center que “se for verdade, essa experiência é monstruosa.” “Os embriões eram saudáveis, sem doenças conhecidas. A edição genética em si é experimental e ainda está associada a mutações indesejadas, capazes de causar problemas genéticos em etapas iniciais e posteriores da vida, inclusive o desenvolvimento de câncer.” Ele lembrou também que há formas muito mais eficazes de combater a AIDS, inclusive o sexo protegido, e mesmo que haja contração da síndrome, hoje existem tratamentos eficazes. “Esta experiência expõe crianças normais e saudáveis aos riscos da edição genética em troca de nenhum benefício necessário real.” De acordo com Savulescu, a experiência “contradiz décadas de consenso ético e diretrizes sobre a proteção dos participantes humanos em testes de pesquisa”. Os bebês resultantes dos testes de He “estão sendo usados como cobaias genéticas. Isso é uma roleta russa genética”. Sua técnica, argumentou He Jiankui, é “outro avanço da fertilização in vitro” que será aplicada apenas a um pequeno número de famílias afetadas por uma doença. 7 “Não se trata de criar bebês projetados, apenas uma criança saudável”, afirmou. Não procura “melhorar a inteligência, mudar a cor dos olhos, a aparência ou algo similar. Não se trata disso”. Seu método “pode ser a única maneira de curar alguma doença”. “Entendo que meu trabalho é controvertido, mas acho que as famílias precisam desta tecnologia e estou disposto a aceitar as críticas”, disse ele, destacando que é pai de duas filhas.“Não consigo pensar em um presente mais saudável nem mais bonito para a sociedade do que dar a um casal a oportunidade de começar uma família cheia de amor.” “Não usamos a edição genética para eliminar doenças em humanos porque ainda não sabemos fazê-lo bem o suficiente”, explicou recentemente em um artigo publicado pelo EL PAÍS a pesquisadora Susana Balcells. “Para fazer essas modificações genéticas, ou seja, que as pessoas possam ir para a sua consulta de reprodução assistida e pedir que lhes façam uma pesquisa genética para ter filhos sem doenças, ainda não temos os conhecimentos que permitam que isso seja feito de forma suficientemente eficaz e segura” acrescentou. 8 CONCLUSÃO Não usamos a edição genética para eliminar doenças em humanos porque ainda não sabemos fazê-lo suficientemente bem, de forma eficaz e segura. Embora a modificação genética seja possível em humanos, ainda vai contra comitês de ética e, segundo alguns, viola a dignidade humana. Talvez, em algum momento no futuro, vejamos notícias como a das gêmeas chinesas em maior escala, ou, até, já nem as vejamos. A reflexão que fica é: seria esta uma mera aventura científica? Deveríamos nos arriscar com modificações em nosso patrimônio genético? Que rumo tomaria a humanidade, nesse caso? 9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Cientistas chineses dizem ter criado os primeiros bebês geneticamente modificados. El País, 2018. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2018/11/26/ciencia/1543224768_174686.html. Acesso em: 12 dez. 2018. CALVO, E.S. Biotecnologia e o melhoramento genético de plantas. Londrina: EMBRAPA-CNPSo, 1998. Disponível em: https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/460384/biotecnologia-e-o-melhor amento-genetico-de-plantas. Acesso em: 13 dez. 2018. DEWES, Romero. O que é melhoramento genético?. CIB, 2018. Disponível em: https://cib.org.br/faq/o-que-e-melhoramento-genetico/. Acesso em: 13 dez. 2018. https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/460384/biotecnologia-e-o-melhoramento-genetico-de-plantas https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/460384/biotecnologia-e-o-melhoramento-genetico-de-plantas
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