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- -1 GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS ASPECTOS TÉCNICOS E SOCIAIS DE RESÍDUOS - -2 Olá! Ao final desta aula, você será capaz de: 1. Reconhecer a coleta seletiva como uma importante ferramenta de gestão de resíduos sólidos, amparada nos aspectos legais; 2. Identificar a coleta seletiva como um processo de inclusão econômica e social; 3. Reconhecer o princípio dos 3Rs. 1 Introdução Na aula anterior, vimos que a condição econômica é um fator preponderante no processo da produção de resíduos sólidos. Nesta aula, vamos ver a política de estímulos e incentivos para os municípios, promovida pelos governos federais e estaduais. Falaremos também sobre a Agenda 21 e a adoção da prática dos 3 Rs e abordaremos a Lei 12.305/2010 na consolidação destas práticas que se relacionam ao gerenciamento de resíduos sólidos. Bons estudos! 2 A produção de resíduos sólidos A produção de resíduos sólidos é um processo inevitável. Vimos, na nossa na aula anterior, que a condição econômica é um fator preponderante neste processo. A Lei Federal que institui a PNRS definiu a coleta seletiva como a coleta de resíduos sólidos previamente separados de acordo com a sua constituição e composição, devendo ser realizada por municípios como forma de encaminhar as ações destinadas ao atendimento do princípio da hierarquia na gestão de resíduos. A limpeza urbana é um termômetro que indica a eficiência da gestão de resíduos sólidos. No Brasil, a PNRS determina que cabe ao poder público local o gerenciamento dos resíduos sólidos produzidos em suas cidades. No entanto, considerando que esse é um objetivo comum da nação, os governos federais e estaduais devem promover uma política de estímulos e incentivos para os municípios. - -3 3 A experiência brasileira A primeira experiência brasileira ainda muito incipiente de teve início em abril de 1985, de coleta seletiva forma voluntária, pelo professor Emilio Eigenheer Francisco, em Niterói (RJ). Os materiais eram recolhidos nas casas por carrocinhas manuais e, em pouco tempo, com o aumento da adesão e, portanto, do volume separado, passou-se a usar microtratores munidos de carreta. Hoje, a coleta é feita por um caminhão da Companhia de Limpeza de Niterói (CLIN), que assumiu o sistema, que já ocorre em todo o município (CEMPRE, 2015). 4 Normas para a execução da PNRS O decreto nº 7.404/2010 estabelece normas para a execução da Política Nacional de Resíduos Sólidos, tendo criado o Comitê Interministerial da Política Nacional de Resíduos Sólidos e o Comitê Orientador para a Implantação dos Sistemas de Logística Reversa. Saiba mais A Agenda 21 — conjunto de resoluções propostas na conferência internacional Eco-92 — sugeriu fortemente a adoção da prática dos 3 Rs: a redução da geração de resíduos sólidos, sua reutilização, bem como sua reciclagem, quando possível. A Lei 12.305/2010 avançou bastante na consolidação dessas práticas, que se relacionam com o gerenciamento de resíduos sólidos. Saiba mais Leia os artigos e saiba mais sobre o trabalho do professor Emilio Eigenheer Francisco. Lixo: a difícil tarefa de reciclar velhos hábitos (https://oglobo.globo.com/rio/lixo-dificil-tarefa- ).de-reciclar-velhos-habitos-4400478 Livros descartados retornam às prateleiras (https://oglobo.globo.com/rio/bairros/livros- ).descartados-retornam-as-prateleiras-8040355 https://oglobo.globo.com/rio/lixo-dificil-tarefa-de-reciclar-velhos-habitos-4400478 https://oglobo.globo.com/rio/lixo-dificil-tarefa-de-reciclar-velhos-habitos-4400478 https://oglobo.globo.com/rio/bairros/livros-descartados-retornam-as-prateleiras-8040355 https://oglobo.globo.com/rio/bairros/livros-descartados-retornam-as-prateleiras-8040355 - -4 Nesse mesmo decreto, em seu capítulo II, é determinada a regulamentação da coleta seletiva, sua importância, seus procedimentos e gestores. Fica evidente que deve haver um sincronismo de ações e interesses entre os participantes desse processo, que resumidamente é mostrado a seguir. Os geradores de resíduos sólidos segregam previamente os resíduos, conforme sua constituição ou composição. Dispõem-nos adequadamente, na forma estabelecida pelo titular do serviço público de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos. 5 Sistema de coleta seletiva O sistema de coleta seletiva será implantado pelo titular do serviço público de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos e deverá estabelecer, no mínimo, a separação de resíduos secos e úmidos. Progressivamente, deve ser estendido à separação dos resíduos secos em suas parcelas específicas, segundo metas estabelecidas nos respectivos planos. É prioritária a participação de cooperativas ou de outras formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis, constituídas por pessoas físicas de baixa renda. Os sujeitos participantes desse processo devem ser devidamente mobilizados para participar do planejamento, devendo desempenhar um papel ativo não só através da coleta, mas como do fornecimento de dados quando necessário, contribuindo nas decisões e atuando como propositores de melhorias nos procedimento. As responsabilidades de cada interessado devem ser claras e bem definidas, para evitar a duplicação de trabalho. - -5 6 Setor informal da reciclagem Relatórios evidenciam que o setor informal começou a se organizar, não apenas no nível local, mas também global, fato este bastante significativo, na medida em que as péssimas condições de trabalho dos catadores causava certo prejuízo na imagem do setor público. A formação de grupos ou conselhos que protegem os direitos do setor informal é um fato que continua crescendo, especialmente na América Latina e Ásia. O Banco Mundial estima que quase 1% da população mundial, ou seja, 50 milhões de pessoas, e somente no Brasil cerca de 800 mil pessoas (Banco mundial, 2013) ganham sua vida dessa forma. De acordo com a ABRELPE, 2013, os empregos diretos gerados por iniciativas de coleta seletiva chegam a 327.777 trabalhadores diretos. Deve-se ter em mente que um importante desafio da gestão de resíduos nos países em desenvolvimento diz respeito a como trabalhar com o setor informal de reciclagem existente, para melhorar as vidas, condições de trabalho e a eficiência da reciclagem. A coleta seletiva é um elemento básico indispensável de todo sistema moderno de gerenciamento de resíduos sólidos, não apenas por razões ambientais, mas também por razões financeiras. Em 2013, dos 5.570 municípios do Brasil, 3.459 indicaram a existência de iniciativas de coleta seletiva. 7 RESOLUÇÃO CONAMA nº 275/2001 A RESOLUÇÃO CONAMA nº 275/2001 estabelece o código de cores para os diferentes tipos de resíduos, a ser adotado na identificação de coletores e transportadores, bem como nas campanhas informativas para a coleta seletiva. - -6 8 Procedimentos para a realização da coleta seletiva Como vimos, a normatização do processo de coleta seletiva deve ser exercido pelo poder público, que estabelecerá regras para o seu devido funcionamento. É importante ressaltar que, em função das peculiaridades de cada município, este deverá propor os procedimentos mais adequados para a realização da coleta seletiva. 9 Princípio dos 3 Rs Durante a realização da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, também conhecida como Cúpula da Terra, Rio 92 ou Eco 92 no Rio de Janeiro, propôs-se adotar o princípio dos 3 Rs. Seu objetivo seria alcançar uma gestão dos resíduos sólidos que tivesse como referências: Redução (do uso de matérias-primas e energia e do desperdício nas fontes geradoras). Reutilização direta dos produtos. Reciclagem de materiais. - -7 Reduzir Significa diminuir a quantidade de resíduos gerados. Os consumidores devem adotar hábitos de consumo saudáveis, como adquirir produtos que realmente serão utilizados e que sejam reutilizáveis. Além disso, significa avaliar tudo que consumimos atualmente, distinguir o que é verdadeiramente importante do que é absolutamente supérfluo e reduzir estesúltimos. Deve-se analisar a qualidade e a quantidade do que se compra. Adquirir produtos simples e duráveis. Reutilizar Significa utilizar novamente o mesmo produto ou embalagem, dando assim um novo uso para as coisas, evitando que gerem lixo. Há um grande número de produtos que podem ser reutilizados. Exemplos comuns são garrafas de plástico/ vidro para o armazenamento de líquidos e recipientes diversos para organizar os materiais de escritório. Hoje, a grande preocupação com relação aos recursos hídricos nos mostra claramente que estes podem ser reutilizados nas mais diferentes atividades que não requeiram a água potável, deixando-a apenas para o consumo humano. Saiba mais O IBAMA indica que o princípio dos 3R's é um caminho para a solução dos problemas relacionados com o lixo, e fatores associados com estes princípios devem ser considerados, como o ideal de prevenção e não geração de resíduos, somados à adoção de padrões de consumo sustentável, visando poupar os recursos naturais e conter o desperdício. - -8 Significa promover a transformação dos materiais para a produção de matéria-prima para outros produtos, por meio de processos industriais ou artesanais. É fabricar um produto a partir de um material usado. Reciclar Podemos produzir papel reciclando papéis usados. Papelão, latas, vidros e plásticos também podem ser reciclados. Para facilitar o trabalho de encaminhar o material pós-consumo para reciclagem, é importante fazer a separação no lugar de origem — a casa, o escritório, a fábrica, o hospital, a escola etc. A separação também é necessária para o descarte adequado de resíduos perigosos. Destes princípios, este é o que envolve uma grande logística para se tornar eficaz. É necessário um sistema de coleta, destinação adequada, tratamento adequado e redistribuição. Demanda um grande esforço e cooperação da sociedade. A prática do princípio dos 3 Rs é altamente relevante para alcançarmos uma série de resultados que nos conduzam à sustentabilidade ambiental. A redução de geração de resíduos implica em menos recursos ambientais a serem explorados para a produção de novos bens, evitando a degradação, contaminação e poluição do ambiente. Além disso, a exploração dos recursos ambientais pode promover o desaparecimento de materiais, desequilíbrios ecológicos e extinção de espécies, dentre elas a humana. O resultado da prática dos 3 Rs é, portanto, uma melhor qualidade de vida. O que vem na próxima aula Na próxima aula, você estudará sobre os seguintes assuntos: • Técnicas de reciclagem; • Logística reversa. Saiba mais Assista aos seguintes vídeos: Agenda ambiental na administração pública. Disponível em: https://www.youtube.com/watch? .v=tOzIFynYxj0 Lixo e coleta seletiva. Disponível em: .https://www.youtube.com/watch?v=vcMkUKlUwcI Princípio dos 3 Rs. Disponível em: .https://www.youtube.com/watch?v=vcMkUKlUwcI • • https://www.youtube.com/watch?v=tOzIFynYxj0 https://www.youtube.com/watch?v=tOzIFynYxj0 https://www.youtube.com/watch?v=vcMkUKlUwcI https://www.youtube.com/watch?v=vcMkUKlUwcI - -9 CONCLUSÃO Nesta aula, você: • Reconheceu a coleta seletiva como uma importante ferramenta de gestão de resíduos sólidos, amparada nos aspectos legais, além de um processo de inclusão econômica e social; • Identificou o princípio dos 3 Rs. Referências ABRELPE. - 2013. Disponível em: Panorama dos resíduos sólidos no Brasil http://www.abrelpe.org.br /panorama_envio.cfm?ano=2013. BANCO MUNDIAL. a global review of solid waste management. What a waste: USA, 2013. Disponível em: http://siteresources.worldbank.org/INTURBANDEVELOPMENT/Resources/336387-1334852610766 /What_a_Waste2012_Final.pdf. BRASIL. Presidência da República. Regulamenta a Lei nºDecreto nº 7.404, de 23 de dezembro de 2010. 12.305 que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, cria o Comitê Interministerial da Política Nacional de Resíduos Sólidos e o Comitê Orientador para a Implantação dos Sistemas de Logística Reversa, e dá outras providências. DOU de 23.12.2010 Brasília, DF. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/Decreto/D7404.htm. CEMPRE. São Paulo, 2015. Disponível em: Compromisso empresarial para a reciclagem. http://cempre.org.br /cempre-informa/id/46/coleta-seletiva-completa-30-anos-no-pais. ______. compromisso empresarial para a reciclagem. Um panorama da reciclagem no Brasil. São Paulo,Review: 2013. Disponível em: http://cempre.org.br/artigo-publicacao/artigos. CONAMA. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Estabelece o código deResolução CONAMA nº 275/2001. cores para os diferentes tipos de resíduos, a ser adotado na identificação de coletores e transportadores, bem como nas campanhas informativas para a coleta seletiva. DOU no 117-E, 2001. Disponível em: http://cempre.org. br/artigo-publicacao/artigos. DIAS, S. M. a parceria Poder Público/ Asmare. In: Jacobi, P. (Org.). GestãoColeta seletiva e inserção cidadã: compartilhada dos resíduos sólidos no Brasil: inovação com inclusão social. São Paulo, 2006. EEA REPORT. European Environment Agency. a review of achievements inManaging municipal solid waste: 32 European countries. Nº 2/2013. Copenhagen, Dinamarca. • • http://www.abrelpe.org.br/panorama_envio.cfm?ano=2013 http://www.abrelpe.org.br/panorama_envio.cfm?ano=2013 http://www.abrelpe.org.br/panorama_envio.cfm?ano=2013 http://siteresources.worldbank.org/INTURBANDEVELOPMENT/Resources/336387-1334852610766/What_a_Waste2012_Final.pdf http://siteresources.worldbank.org/INTURBANDEVELOPMENT/Resources/336387-1334852610766/What_a_Waste2012_Final.pdf http://siteresources.worldbank.org/INTURBANDEVELOPMENT/Resources/336387-1334852610766/What_a_Waste2012_Final.pdf http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/Decreto/D7404.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/Decreto/D7404.htm http://cempre.org.br/cempre-informa/id/46/coleta-seletiva-completa-30-anos-no-pais http://cempre.org.br/cempre-informa/id/46/coleta-seletiva-completa-30-anos-no-pais http://cempre.org.br/cempre-informa/id/46/coleta-seletiva-completa-30-anos-no-pais http://cempre.org.br/artigo-publicacao/artigos http://cempre.org.br/artigo-publicacao/artigos http://cempre.org.br/artigo-publicacao/artigos http://cempre.org.br/artigo-publicacao/artigos http://cempre.org.br/artigo-publicacao/artigos - -10 JURAS, I. da A. G. M. Legislação sobre resíduos sólidos: exemplos da Europa, Estados Unidos e Canadá. Biblioteca Digital da Câmara dos Deputados, 2005. RIO DE JANEIRO. Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro. Decreto Nº 21.305/2002.Regulamenta a Lei n.º 3.273, de 6 de setembro de 2001, que dispõe sobre a Gestão dos Serviços de Limpeza Urbana e dá outras . Disponível em: providências http://www.rio.rj.gov.br/dlstatic/10112/1017211/DLFE-229313.pdf /DECRETON2.1.3.0.5.DE1.9.DEABRILDE2.0.0.2..pdf. UNEP. : an environmentally soundUnited Nations Environmental Program Waste Management Planning approach for sustainable urban waste management - An introductory guide for decision-makers. Division of Technology, Industry and Economics. 2004. Disponível em: http://www.unep.or.jp/ietc/announcements/waste- management-guideline/index.asp. http://www.rio.rj.gov.br/dlstatic/10112/1017211/DLFE-229313.pdf/DECRETON2.1.3.0.5.DE1.9.DEABRILDE2.0.0.2..pdf http://www.rio.rj.gov.br/dlstatic/10112/1017211/DLFE-229313.pdf/DECRETON2.1.3.0.5.DE1.9.DEABRILDE2.0.0.2..pdf http://www.rio.rj.gov.br/dlstatic/10112/1017211/DLFE-229313.pdf/DECRETON2.1.3.0.5.DE1.9.DEABRILDE2.0.0.2..pdf http://www.unep.or.jp/ietc/announcements/waste-management-guideline/index.asp http://www.unep.or.jp/ietc/announcements/waste-management-guideline/index.asp http://www.unep.or.jp/ietc/announcements/waste-management-guideline/index.asp Olá! 1 Introdução 2 A produção de resíduos sólidos 3 A experiência brasileira 4 Normas para a execução da PNRS 5 Sistema de coleta seletiva 6 Setor informal da reciclagem 7 RESOLUÇÃO CONAMA nº 275/2001 8 Procedimentos para a realização da coleta seletiva9 Princípio dos 3 Rs O que vem na próxima aula CONCLUSÃO Referências
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