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Fratura� d� pelv� Introdução - Em idosos, as fraturas da pelve costumam resultar de traumas de baixa energia, os quais produzem fraturas estáveis, que podem ser tratadas incruentamente, evoluindo sem grandes intercorrências. - Já o trauma de alta energia gera elevada morbimortalidade. Esse tipo de trauma pode apresentar como complicações: lesões de grandes vasos e nervos, lesão de vísceras, desenluvamento de tecidos moles. - Entre as principais causas de fratura de pelve estão: colisões automobilísticas, acidentes com pedestres, quedas de altura e lesões por esmagamento. - A compressão ântero-posterior (AP) ou lesão “em livro aberto” resulta de colisões diretas, frontais ou ligeiramente oblíquas (que abrem o anel pélvico). Ela cursa com disjunção da sínfise púbica, frequentemente acompanhada de rupturas de ligamentos ósseos posteriores (sacroilíaco, sacroespinhoso, ligamento sacrotuberal ou fibromuscular do assoalho pélvico), além de fraturas sacroilíacas com ou sem luxações ou fraturas do sacro. Pode ocorrer ainda hemorragia oriunda do complexo venoso pélvico posterior e, ocasionalmente, de ramos da artéria ilíaca interna. - As principais vítimas do trauma pélvico de alta energia são homens, com idade entre 30 e 40 anos. - Hemorragia e traumatismo craniano são as principais causas de morte precoce de pacientes com fratura pélvica instável (visto que geralmente são vítimas de graves acidentes). Diagnóstico Baseia-se na radiografia na incidência ântero-posterior associada ao exame físico, sendo seus achados suficientes para justificar a alteração hemodinâmica do paciente. ⇒ Exame físico Envolve a avaliação de: - Déficit neurológico envolvendo o plexo lombossacral. - Contusões, equimoses e abrasões na pelve, nos flancos e no períneo. Fratura� d� pelv� - Sangue no meato uretral/hematúria. - Sangue dentro ou ao redor do reto (toque retal). - Feridas abertas na virilha, nádega e períneo. - Lacuna palpável ou separação da sínfise e rotação externa excessiva→ podem indicar lesão anteroposterior (lesão em “livro aberto”). - Encurtamento do membro inferior→ pode indicar lesão do tipo cisalhamento vertical. - Sinal de Destot: hematoma do saco escrotal no homem e hematoma dos grandes lábios na mulher → indica lesão da pelve. ⇒ Exames de Imagem - Para o diagnóstico, é suficiente a radiografia anteroposterior (AP) da pelve, que, junto com as radiografias do tórax e da coluna cervical, deve fazer parte da série trauma inicial. - A qualidade da radiografia AP da bacia é verificada ao ser visualizada a sínfise púbica e os processos espinhosos sacrais colineares. - A assimetria da articulação sacroilíaca e a forma do forame sacral devem alertar sobre a possibilidade de fratura do sacro. - Fraturas do processo transverso de L5 podem indicar uma lesão por cisalhamento vertical (avulsão através do ligamento iliolombar). - Diástase da sínfise e/ou fraturas deslocadas dos ramos são associadas a lesões adicionais no anel posterior. - Após a estabilidade hemodinâmica e respiratória do paciente, podem ser realizadas as radiografias complementares da pelve, que incluem as incidências inlet, outlet, além das incidências oblíquas alar e obturatriz. - A tomografia computadorizada é o exame padrão-ouro e permite estudar com maior precisão as lesões posteriores. Tratamento - Primeiramente, é importante lembrar que em qualquer lesão pélvica instável, o manejo inicial deve objetivar reduzir o volume pélvico e realizar tamponamento mecânico provisório. Isso pode ser realizado por meio da aplicação imediata do lençol pélvico, o qual deve englobar a pelve e os trocânteres maiores. A rotação interna e a adução dos membros também ajudam a reduzir deformidades em rotação externa do anel pélvico. - O tratamento ortopédico com fechamento do anel pélvico na emergência é realizado por meio do fixador externo, que apesar de também poder ser utilizado Fratura� d� pelv� como tratamento definitivo, normalmente associado a outro dispositivo, proporciona estabilidade pélvica temporária e permite o acesso ao abdome e períneo. - Caso a instabilidade hemodinâmica permaneça após a fixação externa da bacia, indica-se a embolização arterial, que pode ser conseguida com uma angiografia digital, porém é um recurso que muitas vezes não está disponível em muitos hospitais. - Outra opção é a realização do tamponamento com compressas (pelvic packing), com colocação de conjuntos de compressas na região retropúbica e sacroilíacas, provisoriamente, para conter o sangramento de forma mecânica, na tentativa de restabelecer o controle hemodinâmico do paciente. - O tratamento definitivo consiste na estabilização da fratura por meio de placas e parafusos. Referência GARCIA, Pedro Braga Linhares; GUIMARÃES, João Antonio Matheus. Lesões do Anel Pélvico: Avaliação, Lesões Associadas, Cuidados na Fase Aguda e Tratamento Definitivo. In: MOTTA FILHO, Geraldo da Rocha; BARROS FILHO, Tarcisio Eloy Pessoa de. Ortopedia e traumatologia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2018. Cap. 2.34. p. 336-348.
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