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❖ Definição de classe II: De acordo com Black, são cavidades que acometem as faces proximais de pré molares e molares. Normalmente ocorrem abaixo do ponto de contato, pelo acúmulo de placa que dificilmente é removida apenas com a escovação, sem o uso do fio dental. Essas cavidades podem ser restauradas com amálgama ou resina, a depender das condições do paciente, tanto fisiológicas quanto financeiras. ❖ Classe II ampla com acesso oclusal – sequência clínica: 1. Seleção da liga de amálgama; 2. Anestesia; 3. Isolamento absoluto; 4. Preparo cavitário* 5. Limpeza da cavidade; 6. Proteção do complexo dentino pulpar; 7. Adaptação de matrizes e dispositivos auxiliares**(Importante para o restabelecimento da parede proximal e do ponto de contato); 8. Trituração do amálgama; 9. Inserção do amálgama e procedimento restaurador***; 10. Ajuste oclusal/acabamento e polimento Portfólio Teórico Preparo cavitário (assemelha-se a um degrau): 1. Forma de conveniência: Utilizar tiras metálicas entre o dente preparado e os dentes adjacentes, para evitar que os dentes adjacentes sejam danificados, durante o preparo da parede proximal. Também se utiliza a broca 245. A profundidade da caixa proximal deve abranger toda a ponta ativa da broca. 2. Forma de contorno (abertura/área do dente que será delimitada pelo preparo cavitário): Ocluso – distal; Depende da extensão e da localização da cárie. Broca 245 (tronco-cônica invertida, já deixa as paredes do preparo convergente para a oclusal, formando ângulos de 70°-90°, isso garante uma resistência as paredes do preparo e ao amálgama, além de deixar os ângulos internos da cavidade já arredondados. Ponta ativa de 3 mm – a profundidade da cavidade deve ser de no mínimo 1,5 mm, metade da ponta ativa da broca). Pode ser utilizado também as brocas 246, 330 ou 329, sendo a 245 e a 246 as mais comumente utilizadas. O preparo circunda a cúspide e adentra um pouco nos sulcos, garantindo, também, resistência ao preparo. OBS: O preparo da caixa oclusal (possui os mesmos princípios cavitários de uma cavidade de classe I) é realizada primeiro, logo seguido do preparo da caixa proximal 3. Remoção da dentina cariada remanescente Pode ser realizada com broca ou com colher de dentina. 4. Forma de resistência (objetiva evitar fraturas do dente e da restauração) • Curva reversa de Hollemback - Realizada na parede vestibular da caixa proximal dos preparos de classe II - Garante que não haverá fraturas nem na restauração e nem no remanescente dentário - Feita para permitir uma margem de amálgama em 90° em relação a superfície externa proximal 5. Forma de retenção (para evitar o deslocamento do amálgama dentro do preparo); 6. Acabamento das paredes de esmalte – passar um recortador na parede cervical. A ponta de recortador fica voltada para fora do preparo. O ângulo axio-pulpar também deve ser recortado por que ele precisa ser arredondado, evitando ângulos vivos dentro do preparo, pois aumenta a concentração de forças, podendo levar a fratura do material restaurador ou de alguma porção do dente. 7. Limpeza da cavidade. OBS: A depender da cavidade e do desafio restaurador enfrentado essa sequência pode ser alterada. • Características da caixa oclusal - A abertura vestíbulo-lingual deve possuir ¼ da distância do istmo (distância de uma ponta de cúspide a outra); se essa distância for maior que ¼ pode resultar em prejuízos de resistência ao remanescente dentário, levando a sua fratura. - Profundidade mínima da cavidade de 1,5 mm, profundidade mínima que o amálgama necessita para suportar as cargas mastigatórias; - As paredes circundantes devem ser convergentes para a oclusal (ângulo de 70°-90°) – Forma de retenção e de resistência, dada pela própria broca 245. - Ângulos internos arredondados (já dados pela própria broca 245) e o ângulo cavossuperficial agudo (sem bisel); - Parede pulpar deve ser plana e perpendicular ao longo eixo do dente; se ela se encontrar inclinada pode afetar na profundidade da cavidade e interferir no suporte de cargas do amálgama, levando a fratura da restauração. • Características da caixa proximal: - Proteção do dente adjacente, com matriz metálica (forma de conveniência); - Paredes circundantes convergentes para a oclusal e formando um ângulo de 70°-90° com a porção externa do dente. Evita fratura do remanescente dentário e do amálgama. Essa angulação já é realizada pela broca 245. • Formas de resistência da caixa proximal - Ângulo internos arredondados e o cavossuperficial agudo (sem bisel); Forma de resistência, pois evita que o amálgama frature; - Ângulo áxio-pulpar arredondado, realizado com o recortador de margem gengival OBS: Todos os ângulos da cavidade devem ser arredondados, exceto o ângulo cavossuperficial que deve ser agudo e que não está dentro da cavidade ✓ O arredondamento dos ângulos (realizado já pela broca 245): - Facilita a condensação do amálgama; - Diminui a concentração de esforços/tensão; - Permite maior volume de material na região. - Remoção dos prismas de esmalte friáveis da parede gengival (acabamento da parede gengival, importante para aumentar a longevidade da restauração) – forma de resistência. Realizado com o recortador de margem gengival, que deve ter sua ponta voltada, SEMPRE, para fora do preparo. - A parede gengival deve ser plana e paralela à parede pulpar e ambas perpendiculares ao longo eixo do dente; - Confecção da curva reversa de hollemback na parede vestibular (curva em forma de S), garante que todos os prismas de esmalte do dente estejam repousando em dentina, não fraturando o dente, e que a espessura do amálgama seja suficiente para suportar as cargas mastigatórias sem fraturar. Realizada apenas em cavidades de classe II para amálgama. • Formas de retenção da caixa proximal: - Paredes circundantes convergentes para oclusal, obtida naturalmente com a broca 245. • Formas de contorno da parede proximal: - A extensão ideal da parede gengival dos preparos cavitários seria o mais longe possível da margem gengival, deixando-a supragengival, o que facilita o trabalho por visualização, facilita um melhor acabamento da região, e facilita ao paciente realizar uma melhor higienização do local. Depende da extensão da cárie. Deve ser realizada sempre que possível. - Sempre que possível a distância da caixa proximal e do dente adjacente deve ser de 0,2 a 0,5 mm, para que seja possível estabelecer um ponto de contato ideal entre os dentes. Se essa distância for menor, será preciso estabelecer uma face de contato e não um ponto de contato, o que pode impedir o paciente de realizar a higienização do local com fio dental. Nesses casos realizar uma restauração provisória e colocar um afastador para conseguir estabelecer esse espaço adequado para devolver o ponto de contato ideal entre os dentes, seguido da restauração definitiva. Se o espaço for maior que 0,5 mm o ponto de contato também não será possível ser realizado, nesses casos o profissional deve devolver a anatomia correta do dente e realizar tratamento ortodôntico para que o dente se aproxime do valor ideal entre 0,2 a 0,5mm de um dente e outro, sendo possível restabelecer o ponto de contato ideal. OBS: Normalmente os pontos de contato são vestibularizados, o que garante que a ameia vestibular seja um pouco menor que as ameias linguais ou palatinas, que costumam ser mais volumosas, por isso quando necessário introduzir cunhas de madeira, esta deve ser inserida pela ameia palatina/lingual IMPORTANTE: a ausência do ponto de contato pode causar dor, injúria periodontal, cárie – secundária e halitose. Além que pode ocasionar, também, reabsorção de crista óssea. Adaptação de matrizes e dispositivos auxiliares 1. Matrizes: • Tipos: - Metálicas retas/universais (banda matriz):Possui as seguintes características: tamanho (altura) entre 5 e 7 mm, essas alturas diferentes se devem pelas diferentes alturas encontradas entre os dentes, espessura entre 0,03 e 0,05mm, quanto mais fino o aço, melhor a matriz, e sua forma de apresentação pode vir em rolos de 50 cm Colocada de forma reta, mas no ponto de contato ela deve ser brunida de forma que ela se adapte e estabeleça um ponto de contato com o dente ao lado. - Forma de V/bumerangue: Possui as seguintes características: são prontas para uso, possui espessuras entre 0,03 e 0,05 mm, não possui rebarbas, possui melhor adaptação cervical, garantem uma melhor adaptação cervical do que as matrizes retas, devido seu formato, muito utilizadas, principalmente, em cavidades que se realiza aumento de coroa clínico, mesmo assim é importante que seja realizado uma brunidura para ajustar a altura do ponto de contato. IMPORTANTE: tanto as matrizes universais quanto as pré cortadas (bumerangue) necessitam de brunimento, para estabelecer o ponto de contato no lugar adequado. - Matriz seccional: Em formato riniforme – lembra um rim, não precisa de brunimento, possui tamanhos variados, suas espessuras também são variadas entre 0,02 e 0,05 mm, são pré- encurvadas, pré-contornadas e garante uma excelente adaptação gengival • Função das matrizes: - Substituir a parede que falta (proximal); - Permite a adequação do material de forma adequada; - Formar o ponto de contato com o dente adjacente; - Evitar excesso cervical da restauração, para isso precisa vedar o espaço cervical, com uma matriz e logo após inserir uma cunha de madeira pela região palatina/lingual. • Posicionamento das matrizes, de forma geral: - Deve passar cerca de 0,5 a 1 mm da margem gengival da cavidade, para que a cunha de madeira consiga travar a matriz e que nenhum material consiga criar um acesso. - Na porção superior a matriz deve passar entre 1 e 2 mm para que seja possível escupir a crista marginal (estrutura de reforço do dente). 2. Retentores de matrizes: • Responsáveis para manter as matrizes fixas em contato com o dente. • Tipos - Porta matriz universal/porta matriz de Tofflemire – mais utilizados (servem para adaptar matrizes universais convencionais ou as universais pré cortadas) - Anéis de separação – mais tecnológicos, utilizadas para matrizes seccionadas. Vantagens melhor adaptação da matriz ao dente, facilita o estabelecimento de ponto de contato, pois promove, dependendo do anel utilizado, uma separação dentária, fácil manuseio, esterilizáveis (+ de 1000 ciclos) 3. Cunhas ✓ Tipos: - Madeira – mais utilizadas, cada cor simboliza um tamanho de cunha diferente (amarela menor tamanho e a cor de “madeira” maior tamanho, variando de acordo com a marca), a parte reta/base fica sempre voltada para a gengiva do paciente e a parte triangular para a oclusal dos dentes. - Elásticas, podem ser colocadas com a pinça porta grampo ou com fio dental, consegue vedar toda a margem gengival, evitando que o material escoe e crie um excesso. ✓ Quando não utilizadas pode gerar um excesso da restauração, que pode levar a lesões de cárie secundária, reabsorção das cristas ósseas e estabelecimento de doenças periodontais. OBS: O sistema de matrizes mais utilizados para amálgama é: Matriz universal convencional + porta matriz de tofflemire + cunhas de madeira Porém esse não é o sistema mais eficiente que tem. Procedimento restaurador 1. Adaptação do conjunto porta matriz + matriz entre os contatos proximais, apertando-o até que ele fique bem ajustado ao dente, em todos os seus contatos proximais; 2. Adaptação da cunha de madeira pela ameia gengival, por lingual. ✓ Vedamento da caixa restauradora 3. A inserção e condensação do amálgama devem ser realizadas, primeiramente, sempre pela caixa proximal. 4. Iniciando a condensação com condensadores de menores diâmetros, de forma vigorosa/com força, aumentando o tamanho do condensador de forma gradativa, porém sempre de forma vigorosa para que as camadas de amalgama se unam. 5. Colocar o amálgama sempre em excesso. 6. Remoção do excesso de amálgama que ficou sobre as cúspides 7. Delimitar a altura da crista marginal com uma sonda exploratória, de forma cautelosa para evitar a ruptura do material. 8. Após realizar todas essas etapas de condensação, estabelecimento da altura, brunimento, deve-se retirar o porta matriz para terminar a escultura. 9. Para remover o porta matriz primeiro inicia a remoção da cunha de madeira. 10. Depois deve ser retirado o porta matriz e por fim deve ser retirado, de forma delicada a fita metálica, para evitar que quebre a crista marginal, caso isso ocorra é preciso que a restauração seja refeita. 11. A escultura é realizada com o esculpidor de hollemback 3s, com a lateral do instrumento, devolvendo vertentes de cúspides, arestas de cúspides e a junção das cúspides, que formam os sulcos principais. Sempre da crista marginal para o centro do dente. 12. Retirar os excessos de amálgama com um algodão ou gaze, nunca com jato de ar para não espalhar o amálgama. 13. Brunimento pós escultura, deve ser realizado de forma leve, para deixar a restauração lisa e brilhante, para que a anatomia construída na escultura seja preservada. 14. O polimento e acabamento da restauração de amálgama só é realizada após a cristalização do material, que ocorre após 7 dias. Boas em cavidades pequenas, pois a resina é um material que se comporta como uma dentina artificial, como: - Slot horizontal; - Slot vertical; - Cavidade em túnel - Cavidade ampla Sequência clínica 1. Seleção da cor, tipos de resinas compostas e sistema adesivo; 2. Anestesia; 3. Isolamento absoluto; 4. Preparo cavitário*; 5. Limpeza da cavidade; 6. Proteção do complexo dentino-pulpar; 7. Adaptação de matrizes e dispositivos auxiliares **; 8. Procedimento adesivo; 9. Inserção da resina composta***; 10. Ajuste oclusal/acabamento e polimento Preparo cavitário: - Estabelecer uma forma de contorno, forma de resistência e forma de retenção; - Utilizar sempre pontas diamantadas (em alta rotação) para realizar acesso a lesão cariosa; Remoção de dentina cariada – brocas esféricas, em BAIXA rotação, ou colher de dentina; Acabamento das paredes de esmalte com recortador de margem gengival, com a borda cortante sempre voltada pra fora do preparo. ➢ Forma de contorno: - Slot horizontal e Slot vertical: ocorrem em cavidades de classe II que são localizadas apenas na face proximal dos dentes, descobertas apenas em radiografias ou pela visualização clínica de um sombreamento estranho. Se a distância entre a lesão de cárie e a crista marginal for de até 2 mm, a forma de contorno deve ser slot horizontal, com a broca na horizontal. Mas se a distância for menor que 2 mm, a crista marginal já esta fragilizada, então deve ser realizado um slot vertical, sem preservação da mesma, com a broca na vertical. A broca já garante um formato arredondado a cavidade, garantindo a longevidade da restauração. - Cavidades em túnel (abertura oclusal que se estende até a proximal, com preservação da crista marginal) são aquelas que ocorrem lesões de cárie separadas, uma na proximal e outra na oclusal, que conforme as lesões progrediram ambas se encontraram, nesse caso faz-se a cavidade tipo túnel, para preservar a crista marginal, com a broca remove-se toda a lesão cariosa até a região proximal. Esse tipo de cavidade só é possível ser tratada com resina restauradora, que funciona como dentina artificial. ➢ Preparo cavitário: Preservam mais estrutura dentária; Mais fáceis do que preparos para amálgamas ➢ Procedimento restaurador – dificuldades: - Estabelecimento do ponto de contato é mais difícil: Cavidade de baixo risco slot horizontal e cavidadeem túnel, normalmente restauradas com dois incrementos, tornando o processo mais simplificado. Cavidade de alto risco – cavidades amplas, possui chances de várias falhas, como o estabelecimento do ponto de contato, levando a uma falta de previsibilidade. Como restabelecer o ponto de contato de forma eficiente: Afastamento dentário com anéis de separação + matrizes convexas e delgadas = ponto de contato Quando houver apenas a matriz universal convencional e o porta matriz de tofflemire, pode-se associar instrumentos auxiliares como o contact pro que auxilia no restabelecimento do ponto de contato, mas é importante lembrar que o contact pro não promove separação dentária O sistema de matriz seccional + anel de separação e cunha é o conjunto mais eficiente para o estabelecimento do ponto de contato, em resina composta. - Tensões de contração de polimerização: O processo de polimerização das resinas compostas resultará em uma contração volumétrica. Essas tensões ocorrem durante a polimerização da resina dentro da cavidade. Pode ser calculada pela tensão = contração de polimerização da resina x módulo de elasticidade Consequências clínicas = formação de fendas, levando a sensibilidade pós operatória e cárie secundária, formação de trincas levando a fratura de cúspide (eventos mais raros, mas que podem acontecer) Para reduzir essas tensões pode-se utilizar resinas compostas com baixo módulo de elasticidade (como resinas fluídas/flow) ou resinas compostas com baixa contração de polimerização; utilização de técnicas de fotoativação gradual (modular ou soft-start, iniciando com uma potência mais baixa, aumentando de forma gradual); técnica incremental, ou seja, inserir a resina em pequenos incrementos, essa técnica reduz o fator C (fator de configuração cavitaria – relação da superfície do dente aderido a resina dividido pela área do dente que não possui resina aderida, lembrar que quanto maior – elevado a partir de 1,5 – o fator C maior as tensões de polimerização), melhora o estabelecimento da anatomia dentária e ajuda na estratificação da cor. - Estética (mimetização).
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