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2 20 Unidade 2 Princípios e nomenclaturas de custo Para iniciar seus estudos Nesta unidade, apresentamos os conceitos básicos necessários para o desenvolvimento de nosso estudo, bem como uma visão geral sobre a gestão de custos e sua relevância. Objetivos de Aprendizagem Estudando esta unidade, o aluno poderá • reconhecer os principais conceitos atrelados aos custos; e • compreender os princípios básicos de custos. Tópicos de estudo Esta unidade está composta dos seguintes tópicos: • Histórico da contabilidade de custos; • Objetivos da contabilidade de custos; • Principais usuários da contabilidade gerencial e de custos; • Sistemas de custo em uma visão geral; • Princípios contábeis aplicados à contabilidade de custos; • Algumas�nomenclaturas�para�a�classi�cação�de�custos; • Fases do custeio industrial; e • Alguns�exemplos�da�apuração�de�custos.� 21 Análise de Custos | Unidade de Estudo 2 – Princípios e nomenclaturas de custo 2.1 Histórico da contabilidade de custos Figura�2.1:�Revolução�Industrial. Legenda: Fábricas em atividade. Fonte: <http://tinyurl.com/jm5phm9>. A�contabilidade�de�custos�é�um�ramo�da�Contabilidade�que�visa�levantar,�analisar�e�produzir�informações�geren- ciais�precisas�para�a�tomada�de�decisões�nos�diversos�níveis�de�uma�organização.�Essa�vertente�contábil�surgiu� a�partir�da�Revolução�Industrial,�em�meados�do�século�XVIII,�antes�da�qual�os�registros�contábeis�enfatizavam� somente�a�contabilidade��nanceira.�Com�efeito,�os�levantamentos�e�o�controle�de�estoques�eram�realizados�de� uma forma bastante simples em que os registros de estoque eram feitos a partir apenas do valor da compra. Com�o�início�da�Era�Industrial,�os�processos�de�produção�foram�se�tornando�cada�vez�mais�rápidos�e�complexos,� demandando�novas�ferramentas�de�controle�e�gestão.�Assim�surgiu�a�contabilidade�de�custos,�com�a��nalidade� de�melhorar�as� formas�de�mensuração�dos�estoques�e�a�apuração�dos� resultados�das�empresas.�Nesse�sentido,� Martins�(2010)�enfatiza�que�a�contabilidade�de�custos�possui,�por�sua�vez,�duas�funções�básicas:�auxiliar�o�controle� e�também�a�tomada�de�decisão.�No�que�diz�respeito�ao�controle,�sua�função�visa�fornecer�dados�para�o�estabeleci- mento�de�padrões,�orçamentos�e�outras�formas�de�previsão.�Já�no�que�se�refere�à�tomada�de�decisões,�sua�missão� é�gerar�informações�relevantes�para�medidas�como�descontinuidade�de�produtos�e�formação�de�preços�de�venda.� Atualmente, com a crescente competitividade do mercado, seja nas áreas da indústria, do comércio ou de serviços,�a�gestão�dos�custos�torna-se�imensamente�relevante,�uma�vez�que,�para�se�manter�no�mercado,�uma� empresa�precisa�conservar�seus�preços�compatíveis�com�os�de�seus�concorrentes�sem�perder�sua�rentabilidade.� Com�a�evolução�da�contabilidade�de�custos,�essa�passou�a�ser�aplicada�em�outros�ramos�de�atividade,�e�não�somente� nas�indústrias.�Até�mesmo�prestadoras�de�serviços�passaram�a�adotar�práticas�relativas�à�contabilidade�de�custos� para�a�avaliação�de�estoques�de�materiais�e�insumos�consumidos�na�prestação�de�serviços.�Desse�modo,�podemos� deduzir�que�a�Contabilidade�precisa�ser�constantemente�aperfeiçoada�em�seus�procedimentos�e�métodos�a��m�de� acompanhar�a�dinâmica�das�empresas,�em�um�contexto�de�globalização�e�crescimento�da�competitividade. 22 Análise de Custos | Unidade de Estudo 2 – Princípios e nomenclaturas de custo 2.2 Objetivos da contabilidade de custos Como�vimos,�a�contabilidade�de�custos�surgiu�inicialmente�com�a��nalidade�de�resolver�problemas�com�a�mensu- ração�de�estoques�das�indústrias;�porém,�no�decorrer�do�tempo,�foi�evoluindo�e�tomando�espaço�no�dia�a�dia� empresarial,�rompendo�os�muros�da�indústria�e�se�lançando�em�direção�a�outros�ramos�de�atividade.�De�maneira� geral,�os�objetivos�da�Contabilidade�podem�ser�traçados�em�abordagens�distintas,�conforme�pressupõe�Iudícibus� (2000, p. 19): [...] o estabelecimento dos objetivos da contabilidade pode ser feito na base de duas abordagens distintas: ou consideramos que o objetivo da contabilidade é fornecer aos usuários, independen- temente� de�sua� natureza,�um�conjunto� básico�de� informações�que,�presumivelmente,� deveria� atender igualmente bem a todos os tipos de usuários, ou a contabilidade deveria ser capaz e responsável�pela�apresentação�de�cadastros�de�informações�totalmente�diferenciados,�para�cada� tipo de usuário. Em�termos�especí�cos,�podemos�dizer�que�essa�vertente�contábil�possui�os�seguintes�objetivos:� • mensuração�e�avaliação�de�estoques;� • cumprimento�de�exigências�legais�e��scais; • apuração�do�resultado;� • planejamento estratégico e controle; • subsídios para a tomada de decisão; • formação�de�preços�de�venda;�e • dados�para�o�orçamento. 2.3 Principais usuários da contabilidade gerencial e de custos Podemos�dizer�que�a�contabilidade�gerencial�e��nanceira,�assim�como�seus�desdobramentos�como�a�contabili- dade de custos possuem vários usuários, que podem ser internos ou externos à empresa. Os usuários externos são�todos�os�fornecedores�de�insumos,�serviços�ou�capital�que�precisam�mensurar�a�capacidade��nanceira�da� empresa�para��ns�de�concessão�de�crédito.�Temos,�por�exemplo,�o�governo�como�um�usuário�externo�das�infor- mações�contábeis,�pois�através�dessas�é�que�se�estabelecem�estatísticas�e�políticas��scais.� Já�os�usuários�internos�são�os�gestores,�os�proprietários�e�os�empregados�das�empresas�que�buscam�informações� sobre�rentabilidade,�capacidade�de�pagamento,�crescimento,�redução�de�custos�e�consequente�maximização�de� lucros.�Vale�ressaltar�que�as�informações�geradas�pela�Contabilidade�devem�fornecer�informações�seguras�para� os�seus�usuários,�conforme�determina�a�legislação:� As� informações�geradas�pela�Contabilidade�devem�propiciar�aos� seus�usuários� base�segura�às� suas�decisões�pela�compreensão�do�estado�em�que�se�encontra�a�entidade�ou�a�empresa,�seu� desempenho,�sua�evolução,�riscos�e�oportunidades�que�oferecem.�(CFC,�2008). Desse�modo,� temos�que�a�Contabilidade�pode�ser�considerada�um�sistema�de� informação�que�visa� suprir� seus�usuários�com� informações�precisas�e� fidedignas.�Esse�sistema�deve�ser�capaz�de�produzir�periodica- mente�informações�padronizadas�e,�acima�de�tudo,�úteis�para�aqueles�que�irão�utilizá-las,�conforme�argu- menta Oliveira (2007): 23 Análise de Custos | Unidade de Estudo 2 – Princípios e nomenclaturas de custo A�informação�contábil�deve�ser,�em�geral�e�antes�de�tudo,�veraz�e�eqüitativa�de�forma�a�satisfazer� às necessidades comuns a um grande número de diferentes usuários, não podendo privilegiar deliberadamente nenhum deles, pelo fato desses interesses não serem sempre coincidentes. Figura�2.2:�Alguns�usuários�das�informações�contábeis. FO���C��O��S ��S�O��S ������A �O����O ����S���O��S Legenda:�Usuários�das�informações�contáveis. Fonte: Elaborada pela autora. 2.4 Sistemas de custo em uma visão geral Como�vimos,�com�a�necessidade�de�informações�para�controle�e�tomada�de�decisão,�algumas�empresas�adotam� o�sistema�de�custos,�mas�não�se�atentam�a�algumas�questões�que�são�imprescindíveis.�Para�Martins�(2010),�o� sucesso� de� um� sistema�de� informações� depende� integralmente� das� pessoas� que� estão� responsáveis� por� sua� alimentação.�Nesse�contexto,�o�sistema�é�um�mero�acumulador�de�dados,�encontrando-se�o�maior�desa�o�na� quali�cação�das�pessoas�que�irão�alimentar�e�conduzir�o�processamento.�Outro�problema�que�podemos�encon- trar,�de�acordo�com�o�mesmo�autor,�refere-se�à�burocratização�e�à�padronização�dos�processos,�uma�vez�que�as� informações�deverão�seguir�um�ciclo�padronizado�e�claro�para�a�geração�dos�resultados�esperados.� Figura 2.3: Processamento de dados. Legenda:�Sistema�de�informação.� Fonte:�<https://pixabay.com/en/computer-computer-keyboard-gaming-1844996/>. 24 Análise de Custos | Unidade de Estudo 2 – Princípios e nomenclaturas de custo 2.5 Princípios contábeis aplicados à contabilidade de custos 2.5.1 Princípio da realização das receitas Este princípio determina que o reconhecimentocontábil dos lucros ou dos prejuízos deve ser realizado somente quando�a�receita�for�efetivamente�realizada,�ou�seja,�quando�há�efetiva�transferência�do�bem�ou�do�serviço�para� terceiros.� Isso�faz�com�que�os�gastos� relativos�ao�processo�de� fabricação� se�acumulem�na� forma�de�estoque,� sendo esses somente efetivados enquanto despesas ou custos futuramente. No� entanto,� existem� algumas� exceções,� como�no� caso� da� industrialização� por� encomenda,� que� geralmente� ocorre em longo prazo e, sendo assim, registra-se a receita antes da entrega para terceiros. Nesse caso, os custos também serão reconhecidos antecipadamente. 2.5.2 Princípio da competência ou confrontação entre receitas e despesas Determina�a�forma�com�a�qual�deverão�ser�reconhecidas�as�despesas.�Em�conformidade�com�o�princípio�anterior,� �ca�estipulado�que�ocorrerá�no�momento�da�realização�da�receita.�Nesse�sentido,�são�classi�cados�dois�grupos� de despesas: 1. despesas atreladas às receitas que estão sendo reconhecidas; e 2. despesas atreladas a outras receitas diversas daquelas que estão sendo reconhecidas. Tomemos�um�exemplo:� Despesas�Primeiro�Grupo Comissões�sobre�vendas Despesas�Segundo�Grupo Propaganda e publicidade Seguindo�o�previsto,�devemos,�então,�reconhecer�primeiramente�as�receitas�em�função�de�sua�realização�e�fazer� na�sequência�a�dedução�de�todos�os�gastos�diretamente�relacionados�a�essa�receita.�Posteriormente,�deverão�ser� deduzidas�as�despesas�que�não�possuem�relação�direta�com�a�receita�realizada.� 2.5.3 Princípio do custo histórico com base no valor Caracteriza-se�por�determinar�o�registro�contábil�dos�ativos�pelo�valor�original�de�aquisição,�ou�seja,�o�valor�histó- rico.�No�entanto,�este�princípio�pode�trazer�algumas�alterações�signi�cantes�no�momento�da�venda�devido�à� in�ação,�conforme�observa�Martins�(2010,�p.�32): Quando�há�problemas�de�in�ação,�o�uso�de�valores�históricos�deixa�muito�a�desejar.�Ao�somarmos� todos� os� custos� de� produção� de� determinado� item,� estocá-lo� e� levá-lo� a� balanço� pelo� valor� original, acabamos por ter um ativo que diz quanto custou produzi-lo na época em que foi elabo- rado;�pode�nada�ter�a�ver�com�o�valor�histórico�in�acionado�(de�acionado)�e�muito�menos�ainda� com seu valor de venda. 25 Análise de Custos | Unidade de Estudo 2 – Princípios e nomenclaturas de custo 2.5.4 Princípio da consistência e uniformidade Figura�2.4:�Escolhas�e�consistência. Legenda: Escolhas e consistência. Fonte:�<https://pixabay.com/en/doors-choices-choose-open-decision-1767563/>. De�acordo�com�este� princípio,�no�caso�de�haver�duas�ou�mais�alternativas�válidas�para�o� registro�contábil�de� determinado evento, deve-se optar por uma das alternativas, a qual, uma vez escolhida, será utilizada sempre para o reconhecimento do evento. 2.5.5 Conservadorismo e prudência Figura 2.5: Prudência. Legenda: Bandeira amarela. Fonte:�<https://pixabay.com/en/�ag-beach-coast-shore-waves-846086/>. 26 Análise de Custos | Unidade de Estudo 2 – Princípios e nomenclaturas de custo No�caso�de�dúvidas�em�relação�a�algum�gasto�ou�evento�que�impacte�no�resultado�ou�no�patrimônio�líquido,�o� Princípio�da�precaução�deve�ser�adotado�quando,�por�exemplo,�houver�dúvida�quanto�a�um�recebimento�ativado.� Nesse caso, esse deve ser baixado para o resultado por meio de provisão. Provisão:�estimativas�de�obrigações�ou�perda�de�ativos.�Ativo:�grupo�contábil�formado�por� bens� e� direitos� (aplicação� de� recursos).� Passivo:� grupo� contábil� formado� por� obrigações� (origens de recursos). �lossário Este�princípio�in�uencia�diretamente�a�avaliação�dos�estoques�e�o�tratamento�de�alguns�custos�de�fabricação� (MARTINS,� 2010).�Por�exemplo,�na�dúvida� em� classi�car�alguns� gastos�como� custo�de�produção�ou�despesa,� utiliza-se�o�conservadorismo,�lançando�o�valor�como�despesa�e�não�ativando�na�forma�de�estoque. 2.5.6 Materialidade e relevância Trata-se�de�uma�regra�contábil�relevante�para�a�composição�dos�custos,�pois�desobriga�a�rigorosidade�no�trata- mento�de�gastos�pequenos�em�relação�aos�gastos� totais.�No�entanto,�é�preciso� ter�cuidado�de�não�ocorrer�o� acúmulo de vários desses gastos. A princípio irrisórios, quando somados podem apresentar um valor material signi�cativo�e,�por�conseguinte,�um�tratamento�mais�rigoroso�precisará�ser�aplicado�para�o�registro.� 2.6�Algumas�nomenclaturas�para�a�classi�cação�dos�custos Um�processo�importante�para�a� implantação�de�um�bom�sistema�de�custos�é�a�classi�cação�correta�dos�itens,� identi�cando�aquilo�que�integra�ou�não�o�produto,�a�mercadoria�ou�o�serviço.�Sendo�assim,�retomaremos�alguns� conceitos básicos que nos acompanharão no decorrer do curso. CUSTO E CUSTEIO Custo:�é�o�valor�do�gasto�incorrido,�indispensável�à�obtenção�do�bem�ou�serviço�gerador�de�renda,� enquanto�o�custeio�é�o�método�utilizado�para�a�apuração�dos�custos.� DIFERENÇA ENTRE CUSTO E DESPESA Despesas:�são�bens�ou�serviços�consumidos�para�a�geração�de�receita.� Custo:�gasto�relativo�a�bem�ou�serviço�utilizado�na�produção�de�outros�bens�e�serviços.� 27 Análise de Custos | Unidade de Estudo 2 – Princípios e nomenclaturas de custo Os�custos�ainda�podem�ser�classi�cados�de�acordo�com�o • processo�de�produção; • volume; e • objeto. Vejamos�a�seguir�a�classi�cação�dos�custos�conforme�o�processo�de�produção.� a. Custos primários Estão diretamente relacionados aos produtos, como exemplo podemos citar a mão de obra direta e a matéria-prima. b. Custos secundários São os custos recebidos de outros departamentos através de rateio. c. Custos de transformação São�obtidos�através�da�soma�de�todos�os�custos�de�produção,�mão�de�obra�direta�e�demais�custos�indi- retos�de�fabricação.� Além�disso,�os�custos�podem�ser�classi�cados�de�acordo�com�o�volume�de�produção. a. �Custos��xos� São�os�custos�que�não�variam�conforme�o�nível�de�produção�ou�prestação�de�serviços.�Veja�no�grá�co:��� Grá�co�2.1:�Comportamento�dos�custos��xos. C u st o � � � �olu�e de ��odu��o Legenda:�Comportamento�dos�custos��xos. Fonte:�Veiga�e�Santos�(2012). 28 Análise de Custos | Unidade de Estudo 2 – Princípios e nomenclaturas de custo b. Custos variáveis São�aqueles�custos�que�variam�de�acordo�com�o�nível�de�produção�ou�serviço.�É�o�exemplo�da�matéria-prima:� quanto�mais�se�produz,�mais�matéria-prima�é�consumida.�Veja�no�grá�co:� Grá�co�2.2:�Comportamento�dos�custos�variáveis. C u st o � � � �olu�e de ��odu��o Legenda: Comportamento dos custos variáveis. Fonte:�Veiga�e�Santos�(2012). Os�custos��xos�unitários�(CFU)�são�inversamente�proporcionais�à�quantidade�produzida,�ou� seja,�quanto�mais�se�produz,�menor�será�o�custo��xo�unitário.�Adotemos�o�seguinte�exemplo:� A�empresa�Camisas�Brasil�possui�um�custo��xo�(CF)�relativo�ao�aluguel�da�unidade�produ- tiva� de� R�� 20.000,00�mês:�mensalmente,� sua� produção�é� de� 25.000� camisas,� sendo� seu� custo��xo�unitário�apropriado�referente�ao�aluguel�de�0,80.�Em�determinado�mês,�teve�um� aumento�na�demanda�e�produziu�40.000�camisas,�nesse�caso�seu�custo��xo�unitário�foi�de� 0,50�centavos.�No�exemplo�apresentado,�o�custo��xo�unitário�foi�obtido�através�do�rateio�do� custo��xo�total�(CFT)�pela�quantidade�de�unidades�produzidas.�Em�gestão�de�custos,�além� de�a�otimização�da�capacidade�produtiva�ser�importante,�deve-se�considerar�a�demanda�do� mercado,�a�capacidade�de�estocagem�e�os�desembolsos��nanceiros. 29 Análise de Custos | Unidade de Estudo 2 – Princípios e nomenclaturas de custo 2.7 Fases do custeio industrial Os�materiais� diretamente�consumidos� adicionados� à�mão�de�obra�direta� e� os� custos� indiretos� de� fabricação� formam�os�custos�de�produção�do�período.� CPP = MAT + MOD + CIF Onde: CPP�=�Custos�de�produção�no�período MAT�=�Materiais�diretos�utilizados�na�produção MOD�=�Mão�de�obra�direta CIF�=�Custos�indiretos�de�fabricação/produção Para�apurar�os�custos�da�produção�acabada,�é�preciso�identi�car�qual�foi�o�custo�de�produção�no�período.� O�custo�de�produção� acabada� refere-se�ao�estoque� inicial�de�produtos� em�produção,� adicionado�o� custo� da� produção�no�período�e�subtraídos�os�estoques��nais�de�produtos�em�elaboração.� CPA = EIPE + CPP - EFPE Onde: CPV�=�Custo�dos�produtos�vendidos� EIPAC�=�Estoques�iniciais�de�produtos�acabados� CPA = Custo dos produtos acabados EFPAC�=�Estoque��nal�de�produtos�acabados� A próxima etapa consiste em vender o que foi produzido; portanto, deve que ser calculado o custo do produto vendido.�Para�isso,�é�necessário�apurar�os�estoques,�uma�vez�que,�para�levantar�o�CPV,�precisamos�do�estoque� inicial�de�produtos� acabados�para�adicionar�ao�custo�dos�produtos�acabados�e� subtrair�os�estoques��nais�de� produtos acabados. CPV = EIPAC + CPA - EFPAC Onde: CPV�=�Custo�dos�produtos�vendidos� EIPAC�=�Estoque�inicial�de�produtos�acabados� CPA = Custo dos produtos acabados EFPAC�=�Estoque��nal�dos�produtos�acabados� 30 Análise de Custos | Unidade de Estudo 2 – Princípios e nomenclaturas de custo 2.8 Alguns exemplos de apuração de custos Quando�ocorre�a�realização�das�receitas,�os�custos�atrelados�a�ela�devem�ser�baixados�dos�estoques�e�apro- priados como • custo�das�mercadorias�vendidas�(CMV);� • custo�dos�produtos�vendidos�(CPV);�ou� • custos�dos�serviços�prestados�(CSP).� Para�a�apuração�do�custo�das�mercadorias�vendidas,�pode� ser�utilizada�a�seguinte�equação,� segundo�Veiga�e� Santos (2012): CMV = EI + C + II + FC + S – DC - EF Onde: CMV = Custo da mercadoria vendida C = Compras FC = Frete sobre compras EF = Estoque��nal EI = Estoque�inicial� II = Imposto de importação S = Seguro sobre compra DC = Devolução�de�compras� Vejamos�um�exemplo�prático:� A�apuração�do�CMV�da�Cia�Alfa�Comercial�possuía�em�31/12/x0�R��1,00�de�estoque�(estoque��nal)�e�em�31/12/ x1�R��124,00�de�estoque.�O�total�das�compras�em�x1�foi�de�R��6.000,00,�as�devoluções�no�período�foram�de�R�� 294,00�e�o�valor�do�frete�sobre�compras�foi�de�R��391,00,�ainda�em�x1�o�frete�sobre�venda�foi�de�R��501,00�e�o� total�das�vendas�foi�de�R��9.000,00,�tendo�havido�devolução�de�vendas�no�valor�de�R��500,00.� Então: CMV:�? C�=�6.000,00 FC = 391,00 EI�=�1,00 EF�=�124,00 FV�=�501,00 31 Análise de Custos | Unidade de Estudo 2 – Princípios e nomenclaturas de custo Cálculo: CMV = EI + C + II + FC + S (-) DC (-) EF CMV=�1,00�+�6.000,00�+�0�+�391,00�+�0�-�294,00�-�124,00 CMV = 5.974,00 Segue�o�Demonstrativo�de�Resultado�–�DR�(relatório�contábil��nanceiro�que�demonstra�a�receita�menos�a�dedução� de�todos�os�gastos,�provisões�e�impostos). DR EM X1 Receitas 9.000,00 (-)�Devolução�de�vendas� -500,00 (=)�Vendas�líquidas� 8.500,00� (-)�CMV -5.974,00� (=) Lucro Bruto 2.525,00 (-)�Despesa�comercial -501,00 (=) Lucro operacional 2.024,00� Vejamos�mais�um�exemplo�prático:� Figura�2.6:�Produção�de�calças. Legenda:�Calças�jeans. Fonte:�<https://pixabay.com/en/jeans-pants-blue-shop-shopping-428614/>. 32 Análise de Custos | Unidade de Estudo 2 – Princípios e nomenclaturas de custo Apuração�do�CPV�da�Cia�Alfa�Industrial,�sendo�as�operações�ocorridas�em�x1�e�produzidas�1.000�calças.� • Matéria-prima consumida: R$ 10.000,00. • Embalagens consumidas: R$ 3.000,00. • Mão�de�obra:�R��8.000,00. • Depreciação�de�equipamentos�industriais:�R��5.000,00. • Aluguel de barracão industrial: R$ 3.000,00. • Despesas�administrativas:�R��1.000,00�(não�compõe�o�custo�dos�produtos).� • Vendas�em�x1,�700�calças�a�R��45,00. Total�de�custos:�R��29.000,00 Total�das�despesas:�R��1.000,00 Custo�unitário�=�29.000/1.000�(calças) Custo�unitário�por�calça�=�R��29,00 Total�das�receitas:�700�(unidades)�x�45,00�(valor�unitário) Receita = R$ 31.500,00 CPV�total�=�custo�unitário�x�unidades�vendidas� CPV�=�29,00�x�700 CPV�=�R��20.300,00 Segue�o�Demonstrativo�de�Resultado.� DR EM X1 Receitas 31.500,00 (-)�Devolução�de�vendas� 0,00 (=)�Vendas�líquidas� 31.500,00 (-)�CPV 20.300,00 (=) Lucro bruto 11.200,00 (-)�Despesa�adm. 1.000,00 (=) Lucro operacional 2.024,00� 33 Análise de Custos | Unidade de Estudo 2 – Princípios e nomenclaturas de custo O�valor�da�diferença�entre�o�CPV�e�o�custo�total�da�produção�já�se�encontra�registrado�no� estoque�de�produtos�acabados.�A�apuração�do�resultado�do�período�independe�se�a�receita� foi efetivamente recebida ou se as despesas foram realmente pagas, pois trata-se de uma apuração�econômica�contábil�pelo�regime�de�competência. Figura 2.7: Livro de Contabilidade. Legenda: Registro e contabilidade. Fonte:�<https://pixabay.com/en/ledger-accounting-business-money-1428230/>. A� apuração� correta� de� custos� é� essencial� para� a� formação� dos� preços� e� a� apuração� do� lucro� real� obtido� com� as� vendas.� Veja� outros� exemplos� de� como� fazer� a� apuração� do� custo� de� produtos� e� serviços� em:� <http://blog.mahagestao.com.br/ apuracao-do-custo-de-produtos-e-servicos/>. Encerramos�esta�unidade�reforçando�que�a�contabilidade�de�custos,�com�os�seus�princípios�e�métodos,�vem� contribuindo�de�forma�signi�cativa�para�a�melhoria�das�empresas�em�termos�de�gestão�e�processo�decisório.� Em�tempos�de�globalização�e�concorrência�acirrada,�sobressaem-se�aqueles�pro�ssionais�que�dominam�ferra- mentas�como�a�contabilidade�de�custos,�que,�quando�bem�aplicada,�amplia�a�e�ciência,�a�e�cácia�e�a�efetivi- dade�das�organizações.� 34 Considerações��nais A contabilidade de custos é um ramo da Contabilidade que visa levantar, analisar�e� produzir� informações�gerenciais�precisas�para� a� tomada� de� decisões�nos�diversos�níveis�de�uma�organização.�Nesta�unidade,�vimos� um breve histórico da contabilidade de custos e quais os seus obje- tivos. Analisando os principais objetivos da contabilidade gerencial e de�custos,�você�pôde�aprender�sobre�o�sistema�de�custo�em�uma�visão� geral, os princípios contábeis aplicados à contabilidade de custos, além de�algumas�nomenclaturas�para�a�classi�cação�de�custos�e�exemplos�da� apuração�de�custos. Referências�bibliográ�cas 35 CFC.�Conselho�Federal�de�Contabilidade.�Resolução�CFC�n.�1.121,�de�28� de� março� de� 2008.� Disponível� em:� <http://www.normaslegais.com.br/ legislacao/resolucaocfc1121_2008.htm>.�Acesso�em:�10�fev.�2017. IUDÍCIBUS,�S.�de.�Teoria da Contabilidade. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2010. MARION,�J.�C.�Contabilidade empresarial. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2003. MARTINS,�E. Contabilidade de custos. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2010. OLIVEIRA,�A.�A.�de,�SANTOS,�C.�A.�dos,�ALVES,�E.�L.,�MOREIRA,�S.�Sistemas de informações no processo de gestão das operadoras.� �Disponível� em:� http://www.classecontabil.com.br/artigos/sistemas-de-informa- coes-no-processo-de-gestao-das-operadoras Acesso em 01.mar.2017 VEIGA,� W.� E.;� SANTOS,� F.� de� A.� Contabilidade de custos: gestão em serviços,�comércio�e�indústria.�São�Paulo:�Atlas,�2012.
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