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Legislação Penal Especial p/ TJ-AC (Juiz Substituto) - Pós-Edital
Professor: Vitor De Luca
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AULA 01
JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS
Sumário
1 - Considerações Iniciais ................................................................................................. 3
2 – Princípios processuais e finalidades do Juizado Especial Criminal ...................................... 7
3 - Critérios para a fixação do Juizado Especial Criminal e conceito de infração penal de menor
potencial ofensivo.........................................................................................................10
4 - Conexão e continência entre crime comum e infração penal de menor potencial ofensivo......24
5- Competência do Juizado Especial Criminal e atos processuais............................................27
6 - Fase preliminar........................................................................................................34
7 - Procedimento comum sumaríssimo..............................................................................50
8 - Sistema recursal nos Juizados Especias........................................................................56
9 - Da execução nos Juizados Especiais.............................................................................68
10 - Das despesas processuais........................................................................................70
11- Suspensão condicional do processo.............................................................................71
12 - Caráter retroativo da Lei nº 9099/95..........................................................................86
13 - Aplicação subsidiária do CP e do CPP na esfera dos Juizados Especiais Criminais................88
14 - Disposições Finais...................................................................................................89
15 - Lista de Questões sem comentários............................................................................90
16 - Lista de Questões com comentários..........................................................................103
17 - Resumo...............................................................................................................128
18 - Gabarito..............................................................................................................131
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JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS
1 - Considerações Iniciais
Com o objetivo de conferir maior celeridade e informalidade à prestação
jurisdicional aos delitos de menor potencial ofensivo, revigorar a figura da
vítima no processo penal (inúmeras vezes deixadas em segundo plano na esfera
criminal), a Constituição Federal de 1988 determinou em seu art. 98, inciso I:
De plano, podemos destacar que o legislador constituinte traçou algumas
diretrizes acerca dos Juizados Especiais Criminais:
• Os Juizados Especiais, providos por juízes togados e leigos, serão competentes
para a conciliação, o julgamento e a execução de infrações penais de menor
potencial ofensivo, ou seja, ficará a cargo desses Juizados crimes catalogados
como de menor gravidade conceituado no art. 61 da Lei 9099/95;
• O procedimento nos Juizados Especiais é oral e sumaríssimo. Com isso, a
Constituição Federal aponta que os primados da celeridade, informalidade,
oralidade, economia processual ganham extrema relevância nesse rito;
• Autorizou nos casos previstos em lei a realização da transação penal, isto é,
acordo entabulado entre o titular da ação penal e o autor do crime de menor
potencial ofensivo, com o escopo de evitar a deflagração de um processo criminal,
tendo como contrapartida a aplicação imediata de uma pena restritiva de direitos
ou multa (penas não privativas de liberdade), sendo todo esse negócio jurídico
acompanhado por um advogado ou um defensor público;
• Com a finalidade de desafogar o trabalho dos Tribunais de Justiça/Tribunais
Regionais Federais, a Constituição Federal preconiza que os meios recursais em
Art. 98 da CF: A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados
criação:
I - Juizados especiais, providos por juízes togados e leigos, competentes para
a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor
complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os
procedimentos oral e sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei,
a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau.
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sede de Juizados Especiais criminais serão apreciados por turmas formadas de
juízes de primeiro grau de jurisdição;
Para dar concretude às linhas gerais traçadas na Constituição Federal, em
26 de novembro de 1995, a Lei 9099 entra em vigor para inaugurar a denominada
jurisdição consensual no âmbito criminal. Reparem que antes do advento
dessa Lei existia no Brasil tão somente a jurisdição contenciosa no aspecto penal,
ou seja, o litígio criminal era solucionado necessariamente por meio de uma
sentença após o devido processo legal e o contraditório entre as partes em
regular processo-crime.
A lei 9099/95 então muda esse paradigma da necessidade de uma
jurisdição de conflito para dar luz à uma jurisdição baseada no consenso, visando
evitar a deflagração de um processo criminal, prestigiando a solução amigável
entre os litigantes e a reparação amigável do dano por seu causador.
Essa jurisdição consensual traz consigo também a alteração de algumas
premissas tradicionais da jurisdição conflitiva. O grande exemplo pode ser
observado em relação ao princípio da obrigatoriedade da ação penal (O Ministério
Público devia sempre ajuizar ação penal pública diante de indícios suficientes de
autoria e prova da materialidade delitiva) que cede lugar para o princípio da
discricionariedade regrada, ou seja, presentes os requisitos da transação
penal delineados no art. 76 da Lei 9099/95, o Ministério Público pode ofertar uma
proposta de transação penal ao invés de oferecer uma denúncia.
A Lei nº 9099/95 também inaugura no ordenamento jurídico uma série de
medidas despenalizadoras que inibem a deflagração do processo criminal ou
suspendem o prosseguimento da ação penal. Vale dizer, o Estado cria medidas
legais que visam evitar o cumprimento da pena privativa de liberdade,
permanecendo intacta a figura criminosa. Daí a denominação de medidas
despenalizadoras1. Foram 4 medidas despenalizadoras estabelecidas por essa lei:
1 Não confunda despenalização com descriminalização. Na despenalização o Estado visa
evitar a imposição e a execução de uma pena de prisão (pena privativa de liberdade),
permanecendo intacta a figura criminosa. Já na descriminalização o Estado deixa de estabelecer
como crime determinado comportamento. A descriminalização pode se dar por via legislativa
(abolitio criminis. Exemplo de descriminalização: O antigo delito de adultério, que deixou de ser
crime com o advento da Lei 11106/2005.) ou por via judicial ou interpretativa (quando se
restringe o âmbito do proibido com fundamento nos princípios limitadores do jus puniendi.
Exemplo: adoção do princípio da insignificância).Vitor De Luca
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1) Composição civil dos danos – gera a renúncia ao direito de queixa na
ação penal privada ou a renúncia à representação na ação penal pública
condicionada, com a consequente extinção da punibilidade (art. 74, parágrafo
único, da Lei 9099/952). Essa medida inibe a instauração do processo criminal.
2) Transação penal – autoriza o cumprimento imediato de uma pena
restritiva de direitos ou multa, em contrapartida evita a instauração do
processo criminal (art. 76 da Lei nº 9099/953).
3) Representação nos delitos de lesões corporais leves e lesões
culposas - A lei nº 9099/95 cria essa condicionante para esses crimes de forma
que a não apresentação da representação no prazo de 6 (seis) meses a contar
da ciência do autor dos fatos gera a decadência, que é uma causa extintiva da
punibilidade (art. 88 da Lei nº 9099/95). Antes da Lei 9099/95, os crimes de
lesão corporal leve e lesão culposa eram de ação penal pública incondicionada.
4) Suspensão condicional do processo – Se houver acordo com o acusado,
depois de recebida a denúncia, o magistrado suspende o andamento da ação
penal e da prescrição. Em contrapartida, durante determinado lapso temporal
(período de prova), o acusado é submetido a certas condições. Encerrado o
período de prova sem a ocorrência de qualquer alteração, o magistrado declara
extinta a punibilidade (art. 89 da Lei 9099/95). Vale ainda destacar que o
instituto da suspensão condicional do processo não se limita aos delitos de
menor potencial ofensivo da Lei 9099/95, ou melhor, vale para todo e qualquer
delito que preencha os requisitos do art. 89 da Lei 9099/95.
Além das medidas despenalizadoras, a Lei nº 9099/95 também cria uma
medida descarcerizadora, ou seja, medida que evita o encarceramento, que é
justamente o termo circunstanciado de ocorrência (TCO), instrumento
investigatório mais simplificado quando comparado com o Inquérito Policial e que
versa sobre delitos de menor potencial ofensivo. Esse termo circunstanciado de
ocorrência está previsto no art. 69, parágrafo único do citado diploma legal4, nos
seguintes termos: “O autor do fato que, após a lavratura do termo, for
imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele
comparecer, não se imporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança.”
2 Art. 74, parágrafo único, da Lei 9099/95: Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de
ação penal de iniciativa privada ou de ação penal pública condicionada à representação, o acordo
homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou representação.
3 Art. 76, caput, da Lei 9099/95: Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal
pública de incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor
a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta.
4 Art. 69, parágrafo único, da Lei 9099/95: Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for
imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se
imporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança. Em caso de violência doméstica, o juiz poderá
determinar, como medida de cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou local de convivência
com a vítima.
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Questão: A Lei 9099/95 é constitucional?
Com o advento da Lei dos Juizados Especiais Criminais (JECRIM) alguns
doutrinadores defendiam a sua inconstitucionalidade por não concordar com a
possibilidade de existir acordos no processo penal. Esses juristas sustentavam
ser totalmente incompatível a aplicação de pena sem a existência de um processo
e sem prévio reconhecimento de culpabilidade, com flagrante violação ao
princípio constitucional do devido processo legal (art. 5º, LIV, da CF5). Todavia,
a posição prevalente na doutrina e na jurisprudência6 foi no sentido de
reconhecer a constitucionalidade da Lei 9099/95. Afinal de contas, a criação
de um Juizado Especial Criminal para processar e julgar os delitos de menor
potencial ofensivo, com a possibilidade de realizar transação penal, foi autorizada
pela própria Constituição Federal (art. 98, I).
Outra questão: Existe Juizado Especial Criminal apenas no âmbito
estadual?
Não. A própria Constituição Federal em seu art. 98, §1º7 ressaltou a criação
do juizado especial no âmbito da Justiça Federal, tema tratado pela lei
10259/2001. No âmbito criminal, a Lei 10259/01 faz expressa remissão a todos
os institutos da Lei 9099/95.
Por fim, é interessante ainda falar sobre a composição dos Juizados
Especiais. De acordo com o art. 60, caput, da Lei 9099/95, o Juizado Especial é
provido por juízes togados ou togado e leigos. Cabe ainda destacar que os juízes
leigos são auxiliares da Justiça, recrutados dentre advogados com mais de 5 anos
de experiência. Esses juízes leigos ficarão impedidos de exercer a advocacia
perante os Juizados Especiais, enquanto no desempenho de suas funções8.
5 Art. 5º, LIV, da CF: ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo
legal.
6 Em Questão de Ordem enfrentada no Inquérito 1055/AM, o STF declarou a constitucionalidade
da Lei nº 9099/95.
7 Art. 98, §1º, da CF: Lei federal disporá sobre a criação de juizados especiais no âmbito da
Justiça Federal.
8 Art. 7º da Lei 9099/95: Os conciliadores e juízes leigos são auxiliares da Justiça, recrutados, os
primeiros, preferentemente, entre os bacharéis em Direito, e os segundos, entre advogados com
mais de 5 (cinco) anos de experiência.
Parágrafo único. Os juízes leigos ficarão impedidos de exercer a advocacia perante os Juizados
Especiais, enquanto no desempenho de suas funções.
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2 – Princípios Processuais e finalidades do Juizado
Especial Criminal
Dispõe os artigos 2º e 62, ambos da Lei 9099/95:
Como se vê do art. 62 da Lei 9099/95, Os Juizados Especiais Criminais têm
o condão de atingir a reparação dos danos causados à vítima, a conciliação
(penal e civil) dos conflitos e a não aplicação da pena de prisão (pena
privativa de liberdade). Além disso, o referido dispositivo legal trouxe os
princípios (critérios) norteadores dos Juizados Especiais Criminais, a saber:
• Oralidade: os atos processuais serão, de preferência, orais, sendo os
essenciais reduzidos a termo ou transcritos por quaisquer meios. Os atos
realizados em audiência de instrução e julgamento poderão ser gravados em fita
magnética ou equivalente. Exemplos de atos processuais que podem ser
Art. 62 da Lei 9099/95. O processo perante o Juizado Especial orientar-se-á
pelos critérios da oralidade, simpliciadade, informalidade, economia
processual e celeridade, objetivando, sempre que possível, a reparação
dos danos sofridos pela vítima e a aplicação de pena não privativa de
liberdade (redação dada pela Lei 13603/18).
Art. 2º da Lei 9099/95: O processo orientar-se-á pelos critérios da oralidade,
simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade,
buscando, sempre que possível, a conciliação ou a transação.
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praticados oralmente: Peça Acusatória (art. 77, caput, e §3, da Lei 9099/959),
Defesa Preliminar (art. 81, caput, da Lei 9099/9510), etc.
• Simplicidade: em virtude desse princípio, o legislador teve grande finalidade
simplificar ao máximo os atos processuais. Exemplos: O termo circunstanciado
substitui o demorado inquérito policial (art. 69, caput, da Lei 9099/9511); para o
oferecimento da denúncia não se exige exame de corpo de delito, podendo a
prova da materialidade delitiva ser substituída por boletim médico ou prova
equivalente (art. 77, §1º, da Lei 9099/9512); se o acusado não for encontrado
para ser citado pessoalmente, os autos serão endereçados ao Juízo Comum (art.
66, parágrafo único13). Esse critério norteador foi incluído pela Lei 13603/18.
• Informalidade: não se exigirá dos atos processuais a observância do rigor
formal do processo, sob pena de nulidade, se a sua finalidade tiver sido
alcançada. Exemplos: As sentenças em sede de Juizado Especial dispensam o
relatório (art. 81, §3º, da Lei 9099/9514); se a sentença for confirmada pelos
próprios fundamentos, a súmula de julgamento servirá de acórdão (art. 82, §5º,
da Lei 9099/9515).
9 Art. 77, caput, da Lei 9099/95: Na ação penal de iniciativa pública, quando não houver aplicação
de pena, pela ausência do autor do fato, ou pela não ocorrência da hipótese prevista no art. 76
desta Lei, o Ministério Público oferecerá ao juiz, de imediato, denúncia oral, se não houver
necessidade de diligências imprescindíveis.
§3º. Na ação penal de iniciativa do ofendido poderá ser oferecida queixa oral, cabendo ao juiz
verificar se a complexidade e as circunstâncias do caso determinam a adoção das providências
previstas no parágrafo único do art. 66 desta Lei.
10 Art. 81, caput, da Lei 9099/95: Aberta a audiência, será dada a palavra ao defensor para
responder à acusação, após o que o juiz receberá, ou não, a denúncia ou queixa; havendo
recebimento, serão ouvidas a vítima e as testemunhas de acusação e defesa, interrogando-se a
seguir o acusado, se presente, passando-se imediatamente aos debates orais e à produção da
sentença.
11 Art. 69, caput, da Lei 9099/95: A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência
lavrará termo circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e
a vítima, providenciando-se as requisições dos exames periciais necessários.
12 Art. 77, §1º, da Lei 9099/95: Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada com base
no termo de ocorrência referido no art. 69 desta Lei, com dispensa do inquérito policial, prescindir-
se-á do exame de corpo de delito quando a materialidade do crime estiver aferida por boletim
médico ou prova equivalente.
13 Art. 66, parágrafo único, da Lei 9099/95: Não encontrado o acusado para ser citado, o Juiz
encaminhará as peças existentes ao Juízo comum para adoção do procedimento previsto em lei.
14 Art. 81, §3º, da Lei 9099/95: A sentença, dispensado o relatório, mencionará os elementos de
convicção do juiz.
15 Art. 82, §5º, da Lei 9099/95: Se a sentença for confirmada pelos próprios fundamentos, a
súmula do julgamento servirá de acórdão.
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• Economia processual: Decorrência do princípio da informalidade, de acordo
com esse primado os atos processuais devem ser praticados no maior número
possível, no menor espaço de tempo e do modo menos oneroso possível. Exemplo
desse princípio: Em audiência de instrução e julgamento, o juiz pode limitar ou
excluir as provas que consideram excessivas, protelatórias ou impertinentes (art.
81, §1º, da Lei 9099/9516).
• Celeridade: esse primado visa uma prestação jurisdicional no menor prazo
possível, sem, por óbvio, atropelar os princípios do devido processo legal, do
contraditório e da ampla defesa.
16 Art. 81, §1º, da Lei 9099/95: Todas as provas serão produzidas na audiência de instrução e
julgamento, podendo o juiz limitar ou excluir as que considerar excessivas, impertinentes ou
protelatórias.
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3 – Critérios para a fixação do Juizado Especial
Criminal e Conceito de Infração Penal de Menor
Potencial Ofensivo
A competência criminal do Juizado Especial é fixada com base em dois
critérios: a) infração penal de menor potencial ofensivo; b) inexistência
de circunstância que desloque a competência para o juízo comum;
Lembre-se que a competência do Juizado Especial se dá com a observância
desses dois critérios concomitantes. Vamos exemplificar para uma melhor
compreensão: O delito de desacato (art. 331 do CP) é um crime de menor
potencial ofensivo (pena máxima não é superior a dois anos). Esse delito será
processado no âmbito do Juizado Especial Criminal? Sim, salvo se existir uma
causa que desloque a competência para o juízo comum. Exemplos: 1) Conexão
e continência (art. 60, parágrafo único, da Lei 9099/9517); 2) Complexidade da
causa (art.77, §2º, da Lei 9099/9518); 3) Se o autor estiver em lugar incerto e
não sabido, sendo impossível a sua citação pessoal. Lembre-se que não há
citação por edital no JECRIM (art.66, parágrafo único, da Lei 9099/9519). Nesses
três casos, mesmo o delito sendo de menor potencial ofensivo, os autos serão
endereçados ao Juízo Comum.
CAUSAS MODIFICADORAS DA COMPETÊNCIA DO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL
O que é infração de menor potencial ofensivo?
Para responder essa pergunta é necessário fazer uma evolução histórica do
conceito de menor potencial ofensivo.
Em 1995, em sua redação original, o artigo 61 da Lei 9099/95 determinava
que as infrações de menor potencial ofensivo eram as contravenções penais e os
crimes em que a lei cominava pena máxima não superior a 1 ano, excetuados os
casos em que a lei previa procedimento especial.
17 Art. 60, parágrafo único: Na reunião de processos, perante o Juízo comum ou tribunal do Júri,
decorrentes da aplicação das regras de conexão e continência, observar-se-ão os institutos da
transação penal e da composição dos danos civis.
18 Art. 77, §2º, da Lei 9099/95: Se a complexidade ou circunstância do caso não permitirem a
formulação da denúncia, o Ministério Público poderá requerer ao juiz o encaminhamento das
peças existentes, na forma do parágrafo único do art. 66 desta Lei.
19 Art. 66, parágrafo único, da Lei 9099/95: Não encontrado o acusado para ser citado, o Juiz
encaminhará as peças existentes ao Juízo comum para adoção do procedimento previsto em lei.
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Ocorre que em 2001, com a edição da lei 10259/0120 (lei federal que cria
os Juizados Especiais Criminais Federais), o conceito de infração penal de menor
potencial ofensivo sofreu substancial alteração. De acordo com essa lei, crime de
menor potencial ofensivo é aquele em que a lei comine pena máxima não superiora dois anos, ou multa (art. 2º, parágrafo único, da Lei 10259/0121).
Notem que, ao contrário da Lei 9099/95, a Lei 10259/01 passou a
considerar como infração de menor potencial ofensivo crime cuja pena máxima
não fosse superior a 2 anos, ou seja, a lei dos juizados especiais criminais
federais elevou esse patamar para 2 anos. Daí surgiu a seguinte questão na
doutrina e jurisprudência: Há quantas definições para a infração de menor
potencial ofensivo? Um conceito para o Juizado Especial Criminal no âmbito
estadual e outro na esfera estadual? Ou a lei 10259/01 alterou as diretrizes
traçadas pela lei 9099/95, revogando-a quanto ao conceito de infração de menor
potencial ofensivo?
À época surgiram 2 correntes.
• Sistema Bipartido – O conceito de infração penal de menor potencial ofensivo
da Lei 10259/01 vale apenas para o Juizado Especial Criminal Federal, em virtude
desse diploma legal ter feito essa ressalva no art. 2º, parágrafo único, da Lei
10259/01 (“para os efeitos desta lei”). Assim existiria dois conceitos de infração
de menor potencial ofensivo, um para os Juizados Especiais Criminais na esfera
estadual e outro no âmbito federal. Essa corrente não foi acolhida pela
jurisprudência.
• Sistema Unitário – Em prol do princípio da isonomia, o conceito de infração
penal de menor potencial deve ser igual tanto para o Juizado Especial Federal
como o Estadual. O delito de desacato (com pena máxima de 2 anos) ilustra bem
a importância de ter um conceito único para a infração de menor potencial
ofensivo. Basta ver o quão desproporcional seria considerar infração penal de
menor potencial ofensivo se o agente cometesse desacato em face de um
funcionário federal e não submeter ao Juizado Especial Criminal Estadual um
desacato praticado em face de um funcionário estadual. Essa foi a posição que
20 Art. 2º da Lei 10259/01: Compete ao Juizado Especial Federal Criminal processar e julgar os
feitos de competência da Justiça Federal relativos às infrações de menor potencial ofensivo.
Parágrafo único. Consideram-se infrações de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei,
os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a dois anos, ou multa.
21 Repare que o artigo 2º, parágrafo único, da Lei 10259/01 não menciona as contravenções
penais. A razão para tanto é simples. Juizado Especial Federal não julga contravenção penal. Em
outras palavras, em primeiro grau de jurisdição, a Justiça Federal não tem competência para
julgar contravenções penais (art. 109, IV, da CF).
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prevaleceu na doutrina e na jurisprudência como muito bem explicou o professor
Luiz Flávio Gomes: Como decorrência do princípio constitucional da igualdade (ou
do tratamento isonômico), do princípio da proporcionalidade ou razoabilidade, e
também porque se tratava de lei nova com conteúdo penal favorável (CP, art.
2º, parágrafo único), acabou prevalecendo a primeira corrente, no sentido que o
conceito de infração de menor potencial ofensivo trazido pela Lei nº 10259/01
seria extensivo aos Juizados Estaduais, com a consequente derrogação do art.
61 da Lei nº 9099/9522.
A questão restou resolvida de uma vez por todas com a nova redação do
art. 61 da Lei nº 9099/95 dada pela Lei 11313/06. Eis o teor do art. 61 da Lei nº
9099/95:
OBS: Essa definição unifica o conceito de infração de menor potencial
ofensivo. Repare ainda que a ressalva contida quanto aos crimes sujeitos à
procedimento especial delineada na redação original do art. 61 da Lei nº 9099/95
22 GOMES, Luiz Flávio. Juizados Criminais Federais, seus reflexos nos Juizados Estaduais e outros
estudos. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2002, p.21.
Infração de menor
potencial ofensivo
contravenções penais
crimes que a lei comine
pena máxima não superior
a 2 anos, cumulada ou não
com multa
Art. 61 da Lei nº 9099/95: Consideram-se infrações penais de menor potencial
ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a
que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou
não com multa.
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deixa de existir, ou seja, são infrações de menor potencial ofensivo todas
as contravenções penais e os crimes a que lei comine pena máxima não
superior a 2 anos, cumulada ou não com multa, submetidos, ou não, os
delitos, a procedimento especial.
OBS 2: Lembre-se também que aos crimes cometidos com violência
doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista,
não se aplica a Lei 9099/95 (art. 41 da Lei 11340/06).
Não confunda crime de menor potencial
ofensivo com o delito de ofensividade
insignificante. Crime de ofensividade
insignificante corresponde ao crime de bagatela, ou seja, são infrações penais
que autorizam a aplicação do princípio da bagatela, gerando a atipicidade
material da conduta, tornando-a atípica. O Supremo Tribunal Federal traçou os 4
vetores para a aplicação do primado da insignificância:
1) Mínima ofensividade da conduta do agente;
2) Nenhuma periculosidade social da ação;
3) Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento;
4) Inexpressividade da lesão jurídica provocada.
Também não confunda crime de menor potencial ofensivo com
delito de médio potencial ofensivo. Delito de médio potencial ofensivo é
aquele que autoriza a aplicação da suspensão condicional do processo (art. 89 da
Lei 9099/95). Dessa forma, podem ser catalogados como delitos de médio
potencial ofensivo os crimes com pena mínima igual ou inferior a 1 ano,
abrangidos ou não pela Lei dos Juizados Especiais. Exemplo de delito de médio
potencial ofensivo: Apropriação indébita simples (art. 168, caput, do CP), em que
a pena mínima é de 1 ano de reclusão.
É importante ainda distinguir crime de menor potencial ofensivo
com o delito de ínfimo potencial ofensivo. Delito de ínfimo potencial
ofensivo são crimes as quais não são cominadas penas privativas de liberdade.
Exemplo: Art. 28 da Lei 11343/06 – porte de entorpecente, cujas penas são:
advertência sobre os efeitos das drogas, prestação de serviços à comunidade e
medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. Em caso
de não cumprimento, o juiz poderá submeter o agente a uma admoestação verbal
e multa.
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Questão: O art. 94 do Estatuto do Idoso (Lei 10741/03) alterou o conceito
de crime de menor potencial ofensivo?
Dispõe o art. 94 do Estatuto do Idoso:
“ Aos crimes previstos nesta Lei, cuja pena máxima privativa de liberdade
não ultrapasse 4 (quatro) anos, aplica-se o procedimento previsto na Lei 9099,
de 26 de setembro de 1995, e, subsidiariamente, no que couber, as disposições
do Código Penal e do Código de Processo Penal.”
Reparem que o Estatuto do Idoso entrou em vigor no ano de 2003. Pois
bem. Do mesmo modo que ocorreu com a entrada em vigor da Lei 10259/01,
alguns doutrinadores passaram a defender que houve elevação do patamar para
4 anos aos crimes de menor potencial ofensivo, ou seja, essa corrente defendia
que crime de menor potencial ofensivo era todo aquele em quea pena máxima
não era superior a 4 anos. Todavia, não foi essa tese que prevaleceu na doutrina
e na jurisprudência. Afinal de contas, o Estatuto do Idoso foi uma criação legal
para proteger o idoso. Assim, seria um contrassenso autorizar a interpretação
acima dada ao conceito de infração penal de menor potencial ofensivo,
porquanto, a rigor, o verdadeiro beneficiário da norma seria o autor de crime em
face de idosos. Essa questão controvertida foi enfrentada pelo Supremo
Tribunal Federal na ADI 3096, ocasião em que o Pretório Excelso
entendeu que o artigo 94 do Estatuto do Idoso não alterou o conceito de
infração de menor potencial ofensivo, mas sim fixou o procedimento da
Lei 9099 (mais célere) aos crimes com pena máxima de 4 anos. Vejamos
o julgado do STF:
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE.
ARTIGOS 39 E 94 DA LEI 10.741/2003
(ESTATUTO DO IDOSO). RESTRIÇÃO À
GRATUIDADE DO TRANSPORTE COLETIVO. SERVIÇOS DE TRANSPORTE
SELETIVOS E ESPECIAIS. APLICABILIDADE DOS PROCEDIMENTOS
PREVISTOS NA LEI 9.099/1995 AOS CRIMES COMETIDOS CONTRA
IDOSOS. 1. No julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade 3.768/DF, o
Supremo Tribunal Federal julgou constitucional o art. 39 da Lei 10.741/2003. Não
conhecimento da ação direta de inconstitucionalidade nessa parte. 2. Art. 94 da
Lei n. 10.741/2003: interpretação conforme à Constituição do Brasil, com
redução de texto, para suprimir a expressão "do Código Penal e". Aplicação
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apenas do procedimento sumaríssimo previsto na Lei n. 9.099/95: benefício do
idoso com a celeridade processual. Impossibilidade de aplicação de quaisquer
medidas despenalizadoras e de interpretação benéfica ao autor do crime. 3. Ação
direta de inconstitucionalidade julgada parcialmente procedente para dar
interpretação conforme à Constituição do Brasil, com redução de texto, ao art.
94 da Lei n. 10.741/2003 (ADI 3096, Relatora: Min. CÁRMEN LÚCIA, Tribunal
Pleno, julgado em 16/06/2010).
Em resumo, 3 situações merecem ser ressaltadas
quando o crime é praticado contra o idoso ou com
previsão no Estatuto do Idoso.
1) Se o crime tiver pena máxima não superior a 2 anos – A competência
será do Juizado Especial Criminal, com a possibilidade de serem adotados os
institutos despenalizadores da Lei 9099/95 (art. 61 da Lei 9099/95).
2) Se o crime tiver pena máxima não superior a 4 anos – Nesse caso
aplica-se o previsto no art. 94 do Estatuto do Idoso, ou seja, a competência
para processar esse crime será do Juízo Comum, porém com o rito
sumaríssimo. Com isso, a resposta estatal a esse crime será dada de forma
mais célere.
3) Se o crime tiver pena superior a 4 anos – A competência será do Juízo
Comum, com adoção do rito ordinário.
Questão: Qual é o órgão jurisdicional competente para processar infração
de menor potencial ofensivo cometido por acusado com prerrogativa de função?
Vamos exemplificar: Se um Senador da República pratica um delito de
menor potencial ofensivo, caberá ao Supremo Tribunal Federal23 aplicar as
medidas despenalizadoras (composição civil dos danos, transação penal,
suspensão condicional do processo e representação nos crimes de lesão corporal
leve e culposa). De acordo com o Supremo Tribunal Federal o âmbito de
incidência dessas normas legais ultrapassa os limites formais e orgânicos dos
Juizados Especiais Criminais, projetando-se sobre os procedimentos penais
23 Art. 102 da CF: Compete ao Supremo Federal, precipuamente, a guarda da Constituição,
cabendo-lhe:
I – processar e julgar, originariamente:
b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do
Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República;
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instaurados perante outros órgãos judiciários ou tribunais, porquanto produzem
evidente reflexo sobre a pretensão punitiva do Estado24.
Questão: A lei 9099/95 pode ser aplicada na Justiça Eleitoral para os
crimes eleitorais?
É possível a aplicação da lei 9099/95 para os crimes eleitorais,
salvo para os crimes que contam com um sistema punitivo especial.
Exemplo: O art. 334 do Código Eleitoral não admite transação penal, pois nesse
delito há a previsão de um sistema punitivo especial. Vejamos o art. 334 do
Código Eleitoral:
Art. 334 do Código Eleitoral: Utilizar organização comercial de vendas,
distribuição de mercadorias, prêmios e sorteios para propaganda ou aliciamento
de eleitores.
Pena – detenção de seis meses a um ano e cassação de registro se o
responsável for candidato.
Exemplo de sistema punitivo especial.
A cassação de registro somente é possível
por meio de sentença penal condenatória.
Não confunda também infração de menor potencial ofensivo com
instrumentos de menor potencial ofensivo. O conceito de instrumento de
menor potencial ofensivo foi previsto pelo art. 4º da Lei nº 13060/14:
“ Para os efeitos desta Lei, consideram-se instrumentos de menor
potencial ofensivo aqueles projetados especificamente para, com baixa
probabilidade de causar mortes ou lesões permanentes, conter, debilitar ou
incapacitar temporariamente pessoas.”
Em resumo, instrumentos de menor potencial ofensivo não tem qualquer
relação com o Juizado Especial Criminal. Instrumento de menor potencial
ofensivo são armas não letais. Exemplo: arma taser, gás lacrimogêneo, etc. A
24 STF, Pleno, Inq. 1055 QO/AM, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 24/05/1996.
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Lei 13060/14 foi editada justamente no contexto em que o Brasil vivia inúmeros
protestos nas ruas. Para evitar o emprego de arma letal pelas forças policiais em
face dessas manifestações entra em vigor a Lei 13060/14. Vejamos o previsto no
art. 2º da Lei 13060/14:
Art. 2º da Lei 13060/14: Os órgãos de segurança pública deverão
priorizar a utilização dos instrumentos de menor potencial ofensivo, desde que o
uso não coloque em risco a integridade física ou psíquica dos policiais, e deverão
obedecer os seguintes princípios:
I – legalidade;
II – necessidade;
III – razoabilidade e proporcionalidade.
Parágrafo único. Não é legítimo o uso de arma de fogo:
I – contra a pessoa em fuga que esteja desarmada ou que não represente
risco imediato de morte ou de lesão aos agentes de segurança pública ou a
terceiros; e
II – contra veículo que desrespeite bloqueio policial em via pública, exceto
quando o ato represente risco de morte ou de lesão aos agentes de segurança
pública ou a terceiros.
Como já mencionamos, a Lei 11340/16 prevê a não aplicação da Lei
9099/95 aos crimes praticados no âmbito da violência doméstica e familiar contra
a mulher. Essa é a redação do art. 41 da Lei 11340/06:
“Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher,
independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei no 9.099, de 26 de
setembro de 1995.”
OBS: Muito embora o artigo 41 da Lei de Violência Doméstica e Familiar
mencione apenas “crimes”, é consenso na doutrina e na jurisprudência queas
contravenções penais também não se sujeitam a Lei 9099/95. Assim, por
exemplo, não será cabível uma transação penal diante de uma contravenção
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penal de vias de fato25 praticado no âmbito doméstico e familiar. Esse é o
entendimento do Supremo Tribunal Federal:
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA – ARTIGO 41 DA LEI
Nº 11.340/06 – ALCANCE. O preceito do artigo
41 da Lei nº 11.340/06 alcança toda e qualquer
prática delituosa contra a mulher, até mesmo
quando consubstancia contravenção penal, como é a relativa a vias de fato.
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA – ARTIGO 41 DA LEI Nº 11.340/06 – AFASTAMENTO DA
LEI Nº 9.099/95 – CONSTITUCIONALIDADE. Ante a opção político-normativa
prevista no artigo 98, inciso I, e a proteção versada no artigo 226, § 8º, ambos
da Constituição Federal, surge harmônico com esta última o afastamento
peremptório da Lei nº 9.099/95 – mediante o artigo 41 da Lei nº 11.340/06 – no
processo-crime a revelar violência contra a mulher.
(HC 106212, Relator: Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em
24/03/2011)
OBS 2: Lembre-se ainda que para saber o real conceito de violência
doméstica é necessário conjugar os artigos 5º e 7º da Lei 11343/06. O art. 5º da
Lei 11343/06 cuida do contexto em que é possível visualizar uma violência
doméstica: I – âmbito familiar; II – âmbito doméstico; III – em qualquer relação
íntima de afeto. Pois bem. Se em alguma dessa situação fática ocorrer o emprego
de violência (física, patrimonial, psicológica, moral e sexual) estaremos diante de
uma violência doméstica e familiar contra a mulher.
Questão: Pode o legislador vedar a aplicação da lei dos Juizados Especiais
Criminais tal como o previsto no art. 41 da Lei nº 11340/06?
O Supremo Tribunal Federal enfrentou o tema na Ação Declaratória de
Constitucionalidade nº 19 e na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 4424,
ocasião em que afirmou existir critério razoável para o estabelecimento desse
tratamento diferenciado ante a vulnerabilidade da mulher (vítima) no âmbito da
unidade familiar, da unidade doméstica e em qualquer relação íntima de afeto.
25 Art. 21 do Decreto-Lei 3688/41: Praticar vias de fato contra alguém:
Pena – prisão simples, de 15 (quinze) dias a 3 (três) meses, ou multa, se o fato não constitui
crime.
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Esses julgados citados acima também foram importantes para o Supremo
Tribunal Federal para reforçar 2 pontos:
1) O delito de lesão corporal leve praticado no âmbito de violência
familiar e doméstica contra a mulher é de ação penal pública
incondicionada. Motivo: Se é vedado a aplicação da Lei dos Juizados
Especiais Criminais em sede de violência doméstica, conclui-se ser
proibido a aplicação do art. 88 da Lei 9099/95 (artigo que prevê a
necessidade de representação para os crimes de lesão corporal leve) aos
crimes de violência doméstica e familiar contra a mulher. OBS: O delito
de lesão corporal culposa ainda necessita de representação ainda que
praticada no âmbito familiar ou doméstico, vez que nesse caso o agente
não almeja praticar uma violência em face de uma mulher, ou seja, o
resultado advém a título de culpa. Destaca-se os julgados do STF nos
autos da ADI4424 e a ADC 19:
AÇÃO PENAL – VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
CONTRA A MULHER – LESÃO CORPORAL –
NATUREZA. A ação penal relativa a lesão
corporal resultante de violência doméstica contra
a mulher é pública incondicionada – considerações. (ADI 4424,
Relator: Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 09/02/2012)
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA – LEI Nº 11.340/06 – GÊNEROS
MASCULINO E FEMININO – TRATAMENTO DIFERENCIADO. O
artigo 1º da Lei nº 11.340/06 surge, sob o ângulo do tratamento
diferenciado entre os gêneros – mulher e homem –, harmônica com a
Constituição Federal, no que necessária a proteção ante as
peculiaridades física e moral da mulher e a cultura brasileira.
COMPETÊNCIA – VIOLÊNCIA DOMÉSTICA – LEI Nº 11.340/06 –
JUIZADOS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER.
O artigo 33 da Lei nº 11.340/06, no que revela a conveniência de criação
dos juizados de violência doméstica e familiar contra a mulher, não
implica usurpação da competência normativa dos estados quanto à
própria organização judiciária. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR
CONTRA A MULHER – REGÊNCIA – LEI Nº 9.099/95 – AFASTAMENTO. O
artigo 41 da Lei nº 11.340/06, a afastar, nos crimes de violência
doméstica contra a mulher, a Lei nº 9.099/95, mostra-se em
consonância com o disposto no § 8º do artigo 226 da Carta da República,
a prever a obrigatoriedade de o Estado adotar mecanismos que coíbam
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a violência no âmbito das relações familiares.
(ADC 19, Relator: Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em
09/02/2012)
2) Os institutos despenalizadores da transação penal e da
suspensão condicional do processo estão descritos na Lei 9099/95.
Logo, não são cabíveis para casos de violência doméstica e
familiar contra a mulher. Ainda sobre o tema, vale também destacar
a súmula 536 do STJ:
É importante ainda abordar outras situações trazidas pela Lei 11340/06
envolvendo os Juizados.
Dispõe o art. 14, caput, da Lei 11340/06: Os Juizados de Violência
Doméstica e Familiar contra a Mulher, órgãos da Justiça Ordinária com
competência cível e criminal, poderão ser criados pela União, no Distrito Federal
e nos Territórios, pelos Estados, para o processo, o julgamento e a execução das
causas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher.
Parágrafo único. Os atos processuais poderão realizar-se em horário
noturno, conforme dispuserem as normas de organização judiciária.
Observem que o art. 14, caput, da Lei 11340/06 emprega a expressão
Juizados. Diante disso, indaga-se: A Lei de Violência Doméstica e Familiar contra
a mulher criou Juizados?
A resposta é negativa. A mens legis foi justamente criar Varas
Especializadas para cuidar da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher,
e não criar Juizados. Onde se lê: Juizados. Entenda-se: Varas Especializadas.
Ainda sobre esse artigo 14 da Lei 11340/06, é crucial ainda destacar que
esse dispositivo legal não cria por lei federal Varas Especializadas no âmbito da
organização da Justiça dos Estados, mas tão somente sugere a implantação
Súmula 536 do STJ: A suspensão condicional do processo e a transação
penal não se aplicam na hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria
da Penha.
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dessas Varas Especializadas no âmbito do Poder Judiciário dos Estados, conforme
se infere dos termos empregados “poderão ser criados” no art.14, caput, da Lei
11340/06. Essa foi a interpretação conforme dada pelo STF quando do
julgamento da ADI 4424 e ADC 19. De tal arte, não há que se falar em
inconstitucionalidade do art. 14 da Lei 11340 por suposta violação à organização
judiciária estadual, matéria de iniciativado Tribunal de Justiça Local (art. 125,
§1º, da CF26), pois a Lei de Violência Doméstica apenas recomendou a criação de
Varas Especializadas.
Questão: A lei 9099/95 tem aplicação aos crimes militares?
Pessoal, esse é um tema que ainda desperta acalorados debates na
doutrina e na jurisprudência.
Com o advento da Lei nº 9.099/95, vários advogados passaram a solicitar
aos Juízos Militares a aplicação dos institutos despenalizadores (transação penal
e suspensão condicional do processo) aos processos militares.
Na data de 24/12/96, o Superior Tribunal Militar reagiu a essa nova tese
defensiva com a edição do verbete sumular de nº 9, com os seguintes termos:
Motivo: A aplicação dos institutos da Lei nº 9.099/95 colocaria em situação
de vulnerabilidade as premissas basilares das Instituições Militares (hierarquia
e disciplina), com prejuízo direto na regularidade das atividades conferidas às
Forças Armadas, sobretudo em razão da enorme quantidade de delitos com pena
diminuta que seriam englobados pela referida lei.
Para atender as peculiaridades na vida na caserna, o legislador
infraconstitucional acrescentou o art. 90-A à Lei dos Juizados Especiais por meio
da Lei de nº 9839, de 27 de setembro de 1999. Tal artigo preconiza:
26 Art. 125, §1º, da CF: A competência dos tribunais será definida na Constituição do Estado,
sendo a lei de organização judiciária de iniciativa do Tribunal de Justiça.
Súmula 9 do STM:A Lei nº 9.099/95, que dispõe sobre os Juizados Especiais
Cíveis e Criminais e dá outras providências, não se aplica à Justiça Militar da
União
Art. 90-A da Lei 9099/95: As disposições dessa lei não se aplicam no âmbito
da Justiça Militar
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E qual é a atual posição do STF sobre o assunto?
No julgamento do HC de nº 99743, o Pleno do Supremo Tribunal
confirmou que os institutos despenalizadores da Lei dos Juizados Especiais não
têm incidência aos crimes militares quando o sujeito da conduta delituosa for
militar.
Todavia, no julgado citado acima realizado no ano de 2011, o STF declarou,
em obter dictum (fundamentos acessórios que não são determinantes para o
julgamento), que autorizaria a aplicação da Lei nº 9.099/95 se o autor da conduta
fosse civil. Vale dizer, o STF deixou aberto a possibilidade de aplicar a transação
penal/suspensão condicional do processo em crimes militares quando envolver
civil como o autor da prática delitiva. Esse foi o julgado:
Ementa: Penal Militar. Habeas corpus.
Deserção – CPM, art. 187. Crime militar próprio.
Suspensão condicional do processo - art. 90-A, da
Lei n. 9.099/95 – Lei dos Juizados Especiais Cíveis
e Criminais. Inaplicabilidade, no âmbito da Justiça Militar. Constitucionalidade,
face ao art. 98, inciso I, § 1º, da Carta da República. Obiter dictum:
inconstitucionalidade da norma em relação a civil processado por crime militar.
O art. 90-A, da n. 9.099/95 - Lei dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais -, com
a redação dada pela Lei n. 9.839/99, não afronta o art. 98, inciso I, § 1º, da
Carta da República no que veda a suspensão condicional do processo ao militar
processado por crime militar. In casu, o pedido e a causa de pedir referem-
se apenas a militar responsabilizado por crime de deserção, definido
como delito militar próprio, não alcançando civil processado por crime
militar. Obiter dictum: inconstitucionalidade da norma que veda a
aplicação da Lei n. 9.099 ao civil processado por crime militar. Ordem
denegada.(HC 99743, Relator: Min. MARCO AURÉLIO, Relator p/ Acórdão: Min.
LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 06/10/2011) (destaquei)
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CAUSAS MODIFICADORAS DA COMPETÊNCIA DO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL
Logo no início desse tópico foi mencionado a existência de 3 hipóteses de
alteração da competência do Juizado Especial Criminal mesmo diante de um
delito de menor potencial ofensivo. Vejamos essas hipóteses:
1ª Hipótese: Quando houver conexão e continência entre um delito de
menor potencial ofensivo e outro delito mais grave. Na espécie, haverá
a reunião de processos perante o Juízo com força atrativa (Juízo comum ou do
Tribunal do Júri), decorrentes da aplicação das regras de conexão e
continência, podendo ser propostos os institutos despenalizadores da transação
penal e da composição dos danos civis (art. 60, parágrafo único, da Lei nº
9099/95). OBS: Esse assunto será aprofundado no tópico seguinte.
2ª Hipótese: Em caso de o acusado não puder ser citado pessoalmente.
É o que estabelece o art. 66 da Lei nº 9099/95: “A citação será pessoal e far-
se-á no próprio Juizado, sempre que possível, ou por mandado. Parágrafo
único. Não encontrado o acusado para ser citado, o Juiz encaminhará as peças
existentes ao Juízo comum para adoção do procedimento previsto em lei.” Por
ser totalmente incompatível com o procedimento célere do Juizado Especial
Criminal, não se admite a citação por edital. Assim, não sendo encontrado o
acusado para ser citado pessoalmente, encaminha-se os autos ao Juízo comum
para adoção do rito sumário, segundo determina o art. 538 do Código de
Processo Penal27.
3ª Hipótese: Complexidade da causa. É o que determina o art. 77, §2º, da
Lei 9099/95: “Se a complexidade ou circunstâncias do caso não permitirem a
formulação da denúncia, o Ministério Público poderá requerer ao juiz o
encaminhamento das peças existentes, na forma do parágrafo único do art. 66
desta lei.” Em regra, a complexidade da causa estará presente em 2 causas:
a) Pluralidade de acusados. Exemplo: Crime de lesão corporal leve praticado
por 15 acusados; b) Necessidade de perícias de maior complexidade. Nessas
circunstâncias o ideal é o encaminhamento dos autos ao Juízo comum para a
adoção do rito sumário.
27 Art. 538 do CPP: Nas infrações de menor potencial ofensivo, quando o juizado especial criminal
encaminhar ao juízo comum as peças existentes para a adoção de outro procedimento, observar-
se-á o procedimento sumário previsto neste Capítulo.
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3 – Conexão e continência entre crime comum e
infração penal de menor potencial ofensivo
Conexão é o instituto processual que liga duas ou mais crimes infrações
penais. O principal efeito da conexão é a reunião de processos para um
julgamento simultâneo (simultaneus processus).
Espécies de conexão:
Conexão
intersubjetiva
a) por simultaneidade (duas ou mais infrações,
tiverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por
várias pessoas reunidas);
b) por concurso (duas ou mais infrações
praticadas por várias pessoas em concurso,
embora diverso o tempo e o lugar);
c) por reciprocidade (duas ou mais infrações
praticadas por várias pessoas, umas contra as
outras)
Conexão objetiva a) teleológica – quando um crime for cometido
para assegurar a execução de outro;
b) consequencial – quando um crime for cometido
para assegurar a ocultação, a impunidade ou
vantagem de outro.
Conexão instrumental Ocorre quando a prova de um crime influir na
prova de outro.
Continência é o instituto processual marcado pelarelação existente entre
o continente (aquilo que contém outra coisa) e o conteúdo (aquilo que é contido).
O principal efeito da continência, assim como o da conexão, é a reunião de
processos para um julgamento simultâneo (simultaneus processus).
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Espécies de continência:
Continência a) por cumulação subjetiva: quando duas ou mais
pessoas forem acusadas da mesma infração
(concurso de pessoas).
c) por cumulação objetiva: quando uma única
pessoa praticar várias infrações em concurso.
(concurso de crimes)
Vamos imaginar a seguinte situação: João da Silva é preso por praticar
homicídio doloso e desacato. Pois bem. O Juízo Natural para julgar o delito de
homicídio é o Tribunal Popular do Júri (art. 5º, XXXVIII, ”d”, da CF), enquanto o
delito de desacato é classificado como delito de menor potencial ofensivo. Indaga-
se: Haverá separação de processos ou existirá reunião de processos?
Fernando Capez defendia que obrigatoriamente deveria ocorrer a cisão dos
processos, “uma vez que a regra da conexão e da continência é de ordem legal,
e a sujeição da infração de menor potencial ofensivo ao procedimento
sumaríssimo dos Juizados Especiais é norma de índole constitucional (CF, art. 98,
I). Assim, cada infração deveria seguir um curso diferente, operando -se a cisão
entre os processos28.”
Todavia, a Lei 11313/06, que entrou em vigor 28 de junho de 2006, alterou
a redação do art. 60 da Lei 9099/95 para resolveu esse problema, determinando
a reunião de processos. Vejamos a redação do art. 60 da Lei 9099/95:
28 CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. Legislação Penal Especial. Volume 4. São Paulo:
Editora Saraiva, 2017, p. 501
Art. 60 da Lei 9099/95: O Juizado Especial Criminal, provido por juízes togados
ou togados e leigos, tem competência para a conciliação, o julgamento, a
execução das infrações penais de menor potencial ofensivo, respeitadas as
regras de conexão e continência.
Parágrafo único. Na reunião de processos, perante o juízo comum ou o
tribunal do Júri, decorrentes da aplicação das regras de conexão e
continência, observar-se-ão os institutos da transação penal e da
composição dos danos civis.
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Então, se existir conexão ou continência entre infração penal de menor
potencial ofensivo e outro crime mais grave, a competência da Justiça Comum
prevalecerá, inclusive em relação ao rito processual. Contudo, isso não
afastará a possibilidade de, diante do juízo comum, serem propostos os institutos
despenalizadores (transação penal e composição civil dos danos), devendo a
infração de menor potencial ofensivo ser analisada isoladamente. No exemplo da
pergunta, o processo tramitará perante a Vara do Júri, porém em relação ao
delito de desacato será proposta a transação penal, se preenchidos os requisitos
legais.
Em resumo, praticada uma infração penal de menor potencial ofensivo, a
competência será do Juizado Especial Criminal. Se, além do crime de menor
potencial ofensivo, também for praticado outra infração penal, aplicar-se-á as
regras de conexão ou continência estabelecida no art. 78 do CPP para
determinação do juízo prevalente (juízo com força atrativa). Nesse último caso,
embora ocorra o afastamento do procedimento sumaríssimo da Lei 9.099/95, não
haverá óbice algum na aplicação dos institutos despenalizadores da transação
penal e da composição civil dos danos no tocante à infração de menor potencial
ofensivo.
Questão: Na hipótese de ocorrência de conexão/continência entre a
infração de menor potencial ofensivo e a infração penal comum, em que momento
serão propostos os institutos despenalizadores?
O Professor Renato Brasileiro de Lima esclarece muito bem essa questão:
“O Juízo com força atrativa – juízo comum ou Tribunal do Júri – deve, pelo menos
em regra, designar uma audiência preliminar para fins de composição dos danos
civis ou transação penal quanto à infração de menor potencial ofensivo. Efetivada
a composição civil ou a transação penal, o Ministério Público oferecerá denúncia
apenas em relação ao crime que exerceu a vis atractiva. Frustrada a composição
civil ou a transação penal, a denúncia também irá abranger a infração de menor
potencial ofensivo. Se, no entanto, mesmo antes da realização da audiência
preliminar, o Ministério Público oferecer denúncia em face do acusado pela prática
de ambos os delitos, manifestando-se contrariamente à concessão da proposta
de transação penal, estará prejudicada a realização da audiência preliminar,
devendo o juiz determinar o prosseguimento do feito de acordo com o
procedimento de maior amplitude.29”
29 BRASILEIRO DE LIMA, Renato. Legislação Criminal Especial Comentada. Salvador: Editora
Juspdvm, 2018, p.390.
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5 – Competência do Juizado Especial Criminal e atos
processuais
Acerca da competência do Juizado Especial Criminal, merece ser destacado
que alguns doutrinadores sustentam ser absoluta a competência do JECRIM,
porquanto deflui da própria Constituição Federal (art. 98, I, da CF), ou seja, a
Carta Magna estabelece ser de competência do JECRIM o processamento e
julgamento das infrações penais de menor potencial ofensivo. Para os adeptos
dessa corrente minoritária, eventual violação à competência do JECRIM será
causa de nulidade absoluta, pois guiada por interesse público, podendo ser
suscitada em qualquer tempo e cujo prejuízo é presumido. Por oportuno, lembre-
se também que as hipóteses de competência absoluta não admitem qualquer
modificação.
Todavia, prevalece na doutrina e na jurisprudência dos Tribunais de que a
competência dos Juizados Especiais Criminais apresenta natureza
relativa. Muito embora a competência do JECRIM decorra da Constituição
Federal (art. 98, I, da CF), nota-se que a própria lei nº 9099/95 admite em 3
hipóteses a alteração de sua competência: a) conexão e continência; b)
complexidade da causa; c) impossibilidade de citação pessoal. Indaga-se: Se a
competência do JECRIM é absoluta, como é possível admitir a alteração de
competência pela própria Lei dos Juizados Especiais Criminais?
A resposta foi dada com maestria pelo Professor Renato Brasileiro de Lima:
“Ora, por mais que a competência dos Juizados para o processo e julgamento de
infrações de menor potencial ofensivo derive do art. 98, inciso I, da Constituição
Federal, é certo que competência dos Juizados admite modificações. Como será
visto nos comentários à Lei nº 9099/95, a própria Lei dos Juizados prevê 3 (três)
hipóteses de modificação de competência – impossibilidade de citação pessoal do
acusado, complexidade da causa e conexão e/ou continência com crime comum-
, do que se infere que a competência dos Juizados tem natureza relativa, e não
absoluta.
De fato, fosse ela de natureza absoluta, não poderia ser modificada pela
lei, nem tampouco pela vontade das partes. Mas não é isso o que ocorre.
Imaginando-se a primeira hipótese de modificação de competência dos Juizados
– impossibilidade de citação pessoal – basta que o acusado não seja encontrado,
que, por consequência,os autos serão remetidos ao juízo comum. Ora, se a
competência dos Juizados possui natureza absoluta, como então se admitir que
a não localização do acusado possa provocar a modificação de competência para
o Juízo Comum? Se assim o é, temos que se trata de uma competência relativa.
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Na verdade, não se trata de discutir se a competência dos Juizados é
absoluta ou relativa. O que realmente interessa diz respeito à aplicação (ou não)
dos institutos despenalizadores trazidos pela Lei 9099/95.
Sem dúvida alguma, cuidando-se de infração de menor potencial ofensivo,
e desde que preenchidos os requisitos legais, eventual sujeição do agente a
processo e julgamento perante o juízo comum, sendo-lhe negadas a transação
penal, a composição dos danos civis e a suspensão condicional do processo, daria
ensejo a evidente nulidade absoluta por violação ao devido processo legal, com
a consequente anulação do processo ab initio. No entanto, se o agente fosse
beneficiado por um desses institutos despenalizadores, ainda que fosse
formalizado o consenso perante o juízo comum, não haveria qualquer mácula no
processo.30” (destaquei)
COMPETÊNCIA TERRITORIAL (RATIONE LOCI)
Estabelece o artigo 63 da Lei nº 9099/95:
Sabemos que o Código de Processo Penal, em seu artigo 7031, determina
que a competência, em regra, é fixada pelo local da consumação do delito.
De forma distinta do CPP, o artigo 63 da Lei dos Juizados Especiais acolheu
a teoria da atividade, ou seja, a competência é fixada pelo lugar em que se deu
a ação ou omissão, sendo irrelevante o local da produção do resultado.
JUIZADOS ESPECIAIS ITINERANTES
A Lei 12726/12 acrescentou um parágrafo único no art. 95 da Lei 9099/95
para deixar bem claro a possibilidade de um Juizado Especial Itinerante no âmbito
criminal. Vejamos.
30 BRASILEIRO DE LIMA, Renato. Legislação Criminal Especial Comentada. Salvador: Editora
Juspdvm, 2018, p.388.
31 Art. 70 do CPP: A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a
infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução.
Art. 63 da Lei nº 9099/95: A competência do Juizado será determinada pelo
lugar em que foi praticada a infração penal.
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Exemplo da aplicação desse dispositivo legal: Em partidas de futebol é
muito comum a existência de Juizado Itinerante para aplicar institutos
despenalizadores aos torcedores que cometem infrações de menor potencial
ofensivo.
HORÁRIO E PUBLICIDADE DOS ATOS PROCESSUAIS
Como se vê, o artigo 64 da Lei 9099 apenas reforça o princípio da
publicidade consagrado no artigo 93, IX, da Constituição Federal, devendo todos
os julgamentos do Poder Judiciário serem públicos, e fundamentadas todas
decisões, sob pena de nulidade, podendo, em hipóteses excepcionais, a lei limitar
a presença às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em
situações nas quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo
não prejudique o interesse público à informação.
Os atos processuais também podem ser praticados em horário noturno e
em qualquer dia da semana. Essa situação também pode ser facilmente em
Juizados instalados em estádios de futebol.
Art.95, parágrafo único, da Lei nº 9099/95: No prazo de 6 (seis) meses,
contado da publicação desta Lei, serão criados e instalados os Juizados
Especiais Itinerantes, que deverão dirimir, prioritariamente, os conflitos
existentes as áreas rurais ou nos locais de menor concentração populacional.
Art.64 da Lei nº 9099/95: Os atos processuais serão públicos e poderão
realizar-se em horário noturno e em qualquer dia da semana, conforme
dispuser as normas de organização judiciária.
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VALIDADE DOS ATOS PROCESSUAIS
Para que os atos processuais sejam invalidados, necessária se faz a prova
do prejuízo. Isso significa dizer que não vigora no âmbito dos Juizados Criminais
o sistema de nulidades absolutas do Código de Processo Penal, segundo o qual
nessas circunstâncias o prejuízo é presumido. Atingida a finalidade a que se
destinava o ato, bem como não demonstrada qualquer espécie de prejuízo, não
há falar em nulidade32.
PRÁTICA DE ATOS PROCESSUAIS EM OUTRA COMARCA
O dispositivo legal reafirma que não é necessária a expedição de carta
precatória para que os atos processuais dos Juizados Especiais Criminais
sejam praticados em outra comarca. O uso de meio eletrônico para o trâmite de
processos judiciais, comunicação de atos, transmissão de peças processuais,
inclusive na esfera dos juizados especiais, são sempre recomendáveis, sobretudo
por ser mais célere e econômico, tudo em consonância com os princípios
norteadores dos Juizados Especiais Criminais. É importante ainda alertar que não
é possível a citação pelo meio eletrônico em processos criminais, segundo
preconiza o art. 6º da Lei nº 11419/0633.
32 CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. Legislação Penal Especial. Volume 4. São Paulo:
Editora Saraiva, 2017, p. 506.
33 Art. 6º da Lei 11419/06: Observadas as formas e as cautelas do art. 5o desta Lei, as citações,
inclusive da Fazenda Pública, excetuadas as dos Direitos Processuais Criminal e Infracional,
poderão ser feitas por meio eletrônico, desde que a íntegra dos autos seja acessível ao citando.
Art.65 da Lei nº 9099/95: Os atos processuais serão válidos sempre que
preencherem as finalidades para as quais foram realizados, atendidos os
critérios indicados no art. 62 desta Lei.
§1º. Não se pronunciará qualquer nulidade sem que tenha havido prejuízo.
Art.65, §2º, da Lei nº 9099/95: A prática de atos processuais em outras
comarcas poderá ser solicitada por qualquer meio hábil de comunicação.
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REGISTRO DE AUDIÊNCIA
Estabelece o art. 65, §3º, da Lei nº 9099/95:
CITAÇÃO
Preconiza o art. 66 da Lei nº 9.099/95:
Citação é o ato processual que tem a missão de chamar o réu em juízo,
dando-lhe ciência da ação penal e oportunidade para se defender dessa
acusação.
Realizada a citação, a relação processual está integrada, com a presença
dos sujeitos principais para o desenvolvimento do feito, ou seja, com o autor que
promove a ação penal, com o réu que se defende e com o juiz que julga o litígio
penal.
Art. 65, §3º, da Lei 9099/95: Serão objeto de registro exclusivamente
os atos havidos por essenciais. Os atos realizados em audiência de
instrução e julgamento poderão ser gravados em fita magnética ou
equivalente.
Art. 66 da Lei 9099/95: A citação será pessoal e far-se-á no próprio
Juizado, sempre que possível, ou por mandado.
Parágrafo único. Não encontrado o acusado para ser citado, o Juiz
encaminharáas peças existentes ao Juízo comum para adoção do
procedimento previsto em lei.
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Como já falamos, no Juizado Especial Criminal a
citação sempre será pessoal. Não é possível a
citação por edital no âmbito do Juizado
Especial Criminal.
Questão: Em que momento a citação será efetivada no próprio Juizado?
Oferecida a denúncia ou queixa, será reduzida a termo, entregando-se
cópia ao acusado, que com ela ficará citado e imediatamente cientificado da
designação de dia e hora para a audiência de instrução e julgamento, da qual
também tomarão ciência o Ministério Público, o ofendido, o responsável civil e
seus advogados (art. 78, §1º, da Lei 9099/95).
E se o acusado não estiver na sede do Juizado no momento em que é
oferecida a peça acusatória?
Se o acusado não estiver presente, será citado na forma dos arts. 66 e 68
da Lei 9099/95 e cientificado da data de audiência de instrução e julgamento,
devendo a ela trazer suas testemunhas ou apresentar requerimento para
intimação, no mínimo 5 (cinco) dias antes de sua realização (art. 78, §1º, da Lei
9099/95). Estamos diante da citação por mandado.
E se não for possível a realização da citação pessoal?
Nessa situação, ante a impossibilidade de citação por edital no Juizado, os
autos serão encaminhados ao juízo comum para adoção do rito sumário (art. 538
do CPP).
INTIMAÇÃO
Dispõe o art. 67 da Lei nº 9099/95:
Art. 67 da Lei 9099/95: a intimação far-se-á por correspondência, com
aviso de recebimento pessoal ou, tratando-se de pessoa jurídica ou firma
individual, mediante entrega ao encarregado da recepção, que será
obrigatoriamente identificado, ou, sendo necessário, por oficial de
justiça, independentemente de mandado ou carta precatória, ou ainda
por qualquer meio idôneo de comunicação.
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Deflui do art. 67 da Lei nº 9099/95 de que no Juizado Especial Criminal,
em regra, a intimação e notificação será feita por carta, com aviso de
recebimento (AR). No caso de pessoa jurídica, a intimação/notificação também
é feita por carta, com aviso de recebimento. Entretanto, nesse caso, a carta pode
ser entregue ao encarregado da recepção, que será obrigatoriamente identificado
e assinará o AR.
Caso seja necessário, nada impede a intimação/notificação por oficial
de justiça, independentemente de mandado ou carta precatória.
Por derradeiro, a lei admite, ainda, a intimação/notificação por
qualquer outro meio idôneo de comunicação, tais como e-mail, telefone,
fax, etc.
As partes, os interessados e os defensores considerar-se-ão desde logo
intimados dos atos praticados nas audiências das quais participarem.
Cabe ainda apontar que do ato de intimação do autor do fato e do mandado
de citação do acusado, constará a necessidade de seu comparecimento
acompanhado de advogado, com a advertência de que, na sua falta, ser-lhe-á
designado defensor público (art. 68 da Lei nº 9099/95)
• é ciência dada às partes de um ato
processual já realizado.Intimação
• é ciência dada a qualquer pessoa para que
compareça em juízo de forma a participar de
um ato procesual. Por esse motivo, o correto
é dizer que as testemunhas deverão ser
notificadas para prestarem seu testemunho em
juízo.
Notificação
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6 – Fase preliminar
A fase preliminar corresponde ao momento em que antecede o
oferecimento da peça acusatória (denúncia ou queixa-crime) e se desenvolve no
âmbito policial e na esfera judicial.
A fase preliminar policial é desenvolvida na esfera da polícia judiciária, ou
seja, nas delegacias de polícia. Praticado um delito de menor potencial ofensivo,
a autoridade policial determina a lavratura do termo circunstanciado de
ocorrência (TCO), ou seja, um procedimento muito mais célere e simplificado
quando cotejado com o inquérito policial. Em outras palavras, não há que se falar
em instauração de inquérito policial para apuração de delito de menor potencial
ofensivo. Todavia, nada obsta que após a lavratura do Termo Circunstanciado de
Ocorrência seja determinada a instauração de um inquérito policial para a análise
da mesma conduta criminosa diante da complexidade da causa (pluralidade de
acusados ou perícia complexa) ou em caso de conexão ou continência de infração
penal de menor potencial ofensivo com infração penal comum.
Então, o que é o termo circunstanciado de ocorrência?
Merece destaque a definição dada pelos professores Nestor Távora e
Rosmar Rodrigues Alencar. Termo circunstanciado de ocorrência consiste
em uma investigação simplificada, com o resumo das declarações das
pessoas envolvidas e das testemunhas e, eventualmente com a juntada
de exame de corpo de delito para os crimes que deixam vestígios.
Objetiva-se como se infere, coligir elementos que atestem autoria e
materialidade delitiva, ainda que de forma sintetizada. Nos autos do termo
circunstanciado de ocorrência, o delegado tomará o compromisso do
autuado de comparecer ao juizado especial em dia e horário designados
previamente.34
Dispõe o artigo 69 da Lei nº 9099/95:
34 TÁVORA, Nestor; RODRIGUES ALENCAR, Rosmar. Curso de Direito Processual Penal. 11ª
edição. Salvador: Editora JusPodvm: 2016, p. 1186
Art. 69 da Lei 9099/95: A autoridade policial que tomar conhecimento da
ocorrência lavrará termo circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao
Juizado, com o autor do fato e a vítima, providenciando-se as requisições dos
exames periciais necessários.
Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for
imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele
comparecer, não se imporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança. Em
caso de violência doméstica, o juiz poderá determinar, como medida de
cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou do local de convivência com a
vítima.
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OBS: A parte final do parágrafo único do art. 69 da Lei 9099 foi revogada
pelo art. 41 da Lei 11340/0635, já que a lei de violência doméstica não admite a
aplicação do procedimento da Lei 9099/95 aos crimes cometido na esfera
doméstica e familiar contra a mulher. A Lei 11340/06, por sua vez, trouxe
inúmeras medidas protetivas de urgência que poderão ser aplicadas ao agressor.
Assim, mesmo havendo crime, em tese, de menor potencial ofensivo no âmbito
da violência doméstica e familiar contra a mulher, não será aplicado o rito do
Juizado Especial Criminal. Deve a autoridade policial instaurar inquérito,
admitindo-se, inclusive, a prisão em flagrante do agressor. Em juízo, não haverá
a aplicação dos institutos despenalizadores da transação penal ou da suspensão
condicional do processo, cabendo ao Ministério Público, se for o caso, oferecer a
peça acusatória (denúncia), com adoção do rito sumário.
Questão: Qual é o alcance da expressãoautoridade policial descrito no art.
69 da Lei nº 9099/95?
Sobre o tema há duas correntes:
1ª Corrente: O Termo circunstanciado de ocorrência é procedimento de
caráter investigatório. Assim, a confecção do TCO pode ser feita apenas pela
autoridade de polícia investigativa (polícia judiciária), quais sejam, Polícias
Civis e Polícia Federal, nos termos do art. 144, §1º, I e §4º, da Constituição
Federal. Logo, a polícia militar não teria poder para lavrar termo
circunstanciado de ocorrência, pois sua função diz respeito ao policiamento
ostensivo e à preservação da ordem pública. Essa é a posição do professor Julio
Fabrini Mirabete (Juizados Especiais Criminais – comentários, jurisprudência,
legislação, 5ª edição. São Paulo: Atlas, 2002, p. 89) e dos Tribunais Superiores
(Ação Direta de Inconstitucionalidade 3614 – STF)
2ª Corrente: Na expressão ‘Autoridade Policial’, contida no art. 69 da Lei n.
9.099/95, estão compreendidos todos os órgãos encarregados da segurança
pública, na forma do art. 144 da Constituição Federal. Essa é a interpretação
que melhor se ajusta aos princípios da celeridade e da informalidade, pois não
teria sentido o policial militar ser obrigado a se deslocar até o distrito policial
apenas para que o delegado de polícia subscrevesse o termo ou lavrasse outro
idêntico, até porque se trata de peça mera mente informativa, cujos eventuais
vícios em nada anulam o procedimento judicial36. Essa é a posição dos
professores Fernando Capez e Renato Brasileiro de Lima.
35 Art. 41 da Lei 11340/06: Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a
mulher, independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei 9099, de 26 de setembro de
1995.
36 CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. Legislação Penal Especial. Volume 4. São Paulo:
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Questão: É possível a lavratura do auto de prisão em flagrante quando
estivermos diante de um delito de menor potencial ofensivo?
A resposta está contida no art. 69, parágrafo único, primeira parte, da Lei
9099/95: Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for
imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a
ele comparecer, não se imporá prisão em flagrante, nem se exigirá
fiança. Em outras palavras, esse agente será capturado e conduzido
coercitivamente, porém não será lavrado o auto de prisão em flagrante e nem
será exigível fiança se esse autor do fato comparecer imediatamente ao
Juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer. O auto de prisão
em flagrante delito será substituído pelo termo circunstanciado de ocorrência.
E se o autor de um delito de menor potencial
ofensivo não assumir o compromisso de
comparecer ao Juizado Especial Criminal?
Nessa situação será lavrado o auto de prisão em flagrante delito. Todavia,
isso não significa necessariamente que esse agente permanecerá preso,
porquanto por estarmos diante de um delito de menor potencial ofensivo
provavelmente será cabível a concessão de fiança pelo delegado de polícia, se a
infração for apenada com pena máxima não superior a 4 anos (art. 322 do CPP37).
Confeccionado o termo circunstanciado de ocorrência, este será
encaminhado ao Juizado Especial Criminal e, sempre que possível, com o autor
do fato e da vítima. Importante ainda destacar que a autoridade que lavrou o
referido termo também deve encaminhar ao Juízo os antecedentes do autor do
fato para melhor aferição do instituto da transação penal.
Com o encaminhamento dos autos ao JECREM inaugura-se a fase preliminar
judicial, com a designação de audiência preliminar.
37 Art. 322 do CPP: A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração
cuja pena privativa de liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) anos.
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Comparecendo o autor do fato e a vítima, e não sendo possível a realização
imediata da audiência preliminar, será designada data próxima, da qual ambos
sairão cientes. Na falta do comparecimento de qualquer dos envolvidos, a
Secretaria providenciaria sua intimação e, se for o caso, a do responsável civil,
na forma dos arts. 67 e 68 da Lei nº 9099/95.
Questão: Qual é a finalidade dessa audiência preliminar?
Na audiência preliminar, presente o representante do Ministério Público, o autor
do fato e a vítima e, se possível, o responsável civil, acompanhados por seus
advogados, o juiz esclarecerá sobre a possibilidade da composição dos danos e
da aceitação imediata de pena não privativa de liberdade (art. 72 da Lei
9099/95). Como se vê, a audiência preliminar antecede o procedimento
sumaríssimo, que somente será deflagrado a depender do resultado da audiência
preliminar. A finalidade dessa audiência é obter a conciliação (cível e penal).
A primeira fase da audiência preliminar
destina-se à conciliação cível, ou seja,
composição civil dos danos. Já a conciliação penal se dá
na segunda fase da audiência preliminar e diz respeito à transação penal,
isto é, um acordo penal formulado entre o titular da ação penal e o autor dos
fatos que aceita cumprir imediatamente uma pena não privativa de liberdade
(pena restritiva de direitos e multa), em contrapartida não é deflagrada a ação
penal.
Na composição civil dos danos (primeira fase da audiência preliminar), o
Ministério Público não participa, salvo se a vítima for incapaz. Essa composição
civil pode abranger danos materiais, morais e estéticos. A conciliação nessa
etapa será realizada pelo juiz ou por colaborador sob sua orientação38. A
composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo Juiz
mediante sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo
civil competente (art. 74, caput, da Lei 9099/95). Se o valor for de até 40
salários mínimos executa-se no próprio Juizado Especial Cível.
38 Art. 73 da Lei nº 9099/95: A conciliação será conduzida pelo Juiz ou por conciliador sob sua
orientação. Parágrafo único. Os conciliadores são auxiliares da Justiça, recrutados, na forma da
lei local, preferentemente entre bacharéis em Direito, excluídos os que exerçam funções na
administração da Justiça Criminal.
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Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou
de ação penal pública condicionada à
representação, o acordo homologado acarreta
renúncia ao direito de queixa ou
representação (art. 74, § único, da Lei 9099/95).
Reparem que a regra estampada no art. 74, § único, da Lei 9099/95 difere
da norma descrita no art. 104, § único do Código Penal39. Enquanto o mero
acordo homologado gera a renúncia ao direito de queixa no âmbito do Juizado
Especial Criminal, no Código Penal a menção expressa que a indenização do dano
causado pelo crime não implica em renúncia tácita ao direito de queixa.
Questão: Apesar da homologação do acordo diante de um crime de menor
potencial ofensivo e de ação penal de iniciativa privada, o que sucede se não
existir o cumprimento do acordo para a reparação do dano pelo autor do delito?O não pagamento do acordo não autoriza o restabelecimento do direito de
queixa. Lembre-se que a mera homologação do acordo já acarreta na renúncia
do direito de queixa. A única saída para a vítima será a execução desse título
judicial no juízo competente (art. 74, caput, da Lei 9099/95).
Questão: É cabível a composição civil dos danos em crimes de menor
potencial ofensivo de ação penal pública incondicionada?
A resposta é positiva. Em nenhum momento o art. 74, caput, da Lei
9099/95 restringiu a possibilidade de composição civil dos danos às ações penais
de iniciativa privada e pública condicionada, abrangendo também as ações penais
públicas incondicionadas. Indaga-se: Qual será a consequência na esfera penal
de quem realizar a composição civil do dano em ação penal pública
incondicionada? Será possível aplicar o instituto do arrependimento posterior
(art. 16 do CP40), que é uma causa de diminuição de pena, se estiver diante de
um delito cometido sem violência ou grave ameaça à pessoa.
Em resumo:
39 Art. 104, parágrafo único, do Código Penal: Importa renúncia tácita ao direito de queixa a
prática de ato incompatível com a vontade de exercê-lo; não a implica, todavia, o fato de receber
o ofendido a indenização do dano causado pelo crime.
40 Art. 16 do Código Penal: Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa,
reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato
voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.
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Vamos imaginar agora a seguinte situação: Um delito de lesão corporal leve
praticado fora do contexto da violência doméstica e familiar contra a mulher.
Como sabemos, cuida-se de um crime de ação penal pública condicionada à
representação do ofendido (art. 88 da Lei 9099/9541). Pois bem. Não obtida a
composição dos danos civis, será dada imediatamente ao ofendido a
oportunidade de exercer o direito de representação verbal, que será
reduzida a termo” (art. 75, caput, da Lei 9099/95). Não o fazendo em audiência
preliminar ou em momento anterior (exemplo: quando da lavratura do termo
circunstanciado de ocorrência), não há falar em decadência, devendo-se
aguardar o decurso do prazo decadencial de que trata o art. 38 do CPP42, ou seja,
6 meses a contar do conhecimento da autoria. Com isso, ainda que não oferecida
na audiência preliminar ou em momento antecedente, a vítima terá ainda o prazo
legal de 6 meses a contar do conhecimento da autoria para fazer, sob pena de
decadência (causa extintiva de punibilidade)43.
41 Art. 88 da Lei 9099/95: Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá
de representação a ação penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas.
42 Art. 38, caput, do CPP: Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal,
decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses,
contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em
que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia.
43 Art. 75 da Lei 9099/95: “Não obtida a composição dos danos civis, será dada imediatamente
ao ofendido a oportunidade de exercer o direito de representação verbal, que será reduzida a
Ação penal de
inciativa privada
A composição civil do dano acarreta a renúncia ao direito de
queixa (art. 74, parágrafo único, da Lei 9099/95), ou seja, causa
extintiva de punibilidade.
Ação penal pública
condicionada à
representação
A composição civil do dano acarreta a renúncia ao direito de
representação (art. 74, parágrafo único, da Lei 9099/95), ou
seja, causa extintiva de punibilidade.
Ação penal
pública
incondiconada
A composição ciivl do dano pode autorizar a aplicação do
instituto do arrependimento posterior (ponte prata) descrito no
art. 16 do Código Penal, se preenchidos os requisitos legal para
tanto, ou seja, causa de diminuição de pena.
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A segunda fase da audiência preliminar refere-se à transação penal,
que tem fundamento no art. 98, I, da Constituição Federal. Dispõe o artigo 76 da
Lei nº 9099/95:
Conceito de Transação Penal. É um acordo penal estabelecido entre o
titular da ação penal e o autor do fato, que concorda em cumprir imediatamente
uma pena não privativa de liberdade (multa ou pena restritiva de direitos), tendo
como contrapartida a não deflagração da ação penal. O autor do fato deve estar
termo. Parágrafo único. O não oferecimento da representação na audiência preliminar não implica
decadência do direito, que poderá ser exercido no prazo previsto em lei.
Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública
incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a
aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta.
§ 1º Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o Juiz poderá reduzi-la
até a metade.
§ 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado:
I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa
de liberdade, por sentença definitiva;
II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela
aplicação de pena restritiva ou multa, nos termos deste artigo;
III - não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente,
bem como os motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da medida.
§ 3º Aceita a proposta pelo autor da infração e seu defensor, será submetida à
apreciação do Juiz.
§ 4º Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita pelo autor da infração, o Juiz
aplicará a pena restritiva de direitos ou multa, que não importará em reincidência, sendo
registrada apenas para impedir novamente o mesmo benefício no prazo de cinco anos.
§ 5º Da sentença prevista no parágrafo anterior caberá a apelação referida no art.
82 desta Lei.
§ 6º A imposição da sanção de que trata o § 4º deste artigo não constará de certidão
de antecedentes criminais, salvo para os fins previstos no mesmo dispositivo, e não terá
efeitos civis, cabendo aos interessados propor ação cabível no juízo cível.
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acompanhado de um advogado ou defensor público para realizar a transação
penal.
A transação penal é um exemplo de mitigação ao princípio da
obrigatoriedade. Na esfera dos Juizados Especiais Criminais, ainda que
preenchidos os requisitos legais para o ajuizamento de uma ação penal (indícios
de autoria e prova da materialidade delitiva), o Promotor de Justiça pode deixar
de oferecer a denúncia e oferecer a proposta de transação penal. É o que doutrina
denomina de princípio da discricionariedade regrada. O professor Fernando
Capez assim lecionou sobre o princípio da discricionariedade regrada: no lugar do
tradicional e inflexível princípio da legalidade, segundoo qual o representante do
Ministério Público tem o dever de propor a ação penal pública, só podendo deixar
de fazê -lo quando não verificada a hipótese de atuação, caso em que promoverá
o arquivamento de modo fundamentado (CPP, art. 28), o procedimento
sumaríssimo dos Juizados Especiais é informado pela discricionariedade
acusatória do órgão ministerial. Com efeito, preenchidos os pressupostos legais,
o representante do Ministério Público pode, movido por critérios de conveniência
e oportunidade, deixar de oferecer a denúncia e propor um acordo penal com o
autor do fato, ainda não acusado. Tal discricionariedade, contudo, não é plena,
ilimitada, absoluta, pois depende de estarem preenchidos os requisitos legais, daí
ser chamada pela doutrina “discricionariedade regrada44”.
Pressupostos para a transação penal:
A) Infração penal de menor potencial ofensivo: contravenções e crime
em que a pena máxima não seja superior a 2 anos, cumulada ou não com multa,
sujeita ou não a procedimento especial, ressalvada a hipótese de violência
doméstica e familiar contra a mulher (súmula 536 do STJ: A suspensão
condicional do processo e a transação penal não se aplica na hipótese de delitos
sujeitos ao rito da Lei da Maria da Penha).
B) Não ser caso de arquivamento do termo circunstanciado: A
proposta de transação penal somente deve ser ofertada se for caso de
oferecimento de denúncia. Seria um contrassenso ser oferecida a transação penal
pelo titular da ação penal que implica no cumprimento de pena restritiva de
direito ou multa se ele não vislumbrar a prática de um crime de menor potencial
ofensivo. OBS: O Juiz não participa da negociação da transação penal. A atuação
do Juiz na transação se limitará a homologação do acordo. Na negociação da
transação penal a lei permite apenas uma única atuação do juiz, qual seja, na
hipótese de ser a pena de multa a única aplicável, o magistrado poderá reduzi-la
até a metade (art. 76, §1º, da Lei 9099/95).
44 CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. Legislação Penal Especial. Volume 4. São Paulo:
Editora Saraiva, 2017, p. 511/512.
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C) Não ter sido o autor da infração condenado, pela prática de
crime, à pena privativa de liberdade, por sentença definitiva (art. 76,
§2º, I, da Lei 9099/95). Onde se lê: sentença definitiva. Leia-se: sentença
irrecorrível.
Questão: Se o autor do fato tiver sido condenado à pena de prisão simples
pela prática de contravenção penal?
Pode ser concedida a transação penal, porquanto o autor da infração não
pode ter sido condenado pela prática de crime por sentença irrecorrível.
Outra questão: Pode fazer jus à transação penal alguém condenado à
pena de multa/restritiva de direitos por sentença irrecorrível?
A resposta é positiva. Afinal de contas o art. 76, §2º, I, da Lei 9099/95
coloca como obstáculo aqueles condenados à pena privativa de liberdade.
D) Não ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de 5
anos, pela transação penal (art. 76, §2º, II, da Lei 9099/95): O agente não
poderá fazer jus a transação penal se ele, no prazo de 5 anos, já celebrou outra
transação penal. Vale ainda destacar que o acordo de transação penal não implica
no reconhecimento de culpabilidade, haja vista que nessa situação sequer há o
enfrentamento do mérito do fato, além de não existir processo criminal.
Pensamento diverso malferiria o princípio do devido processo legal (art. 5º, LIV,
da CF45) e da presunção de inocência (art. 5º, LVII, da CF46). Nesse sentido, o
acordo de transação penal não constará da certidão de antecedentes criminais e
não terá efeitos civis, cabendo aos interessados propor ação cabível no juízo cível
(art. 76, §6º, da Lei 9099/9547).
Assim, o único efeito concreto da transação penal é o impedimento de
celebração de novo acordo de transação penal nos próximos 5 (cinco) anos.
Questão: É possível o confisco de bens numa transação penal?
A resposta é negativa. O confisco é efeito secundário de uma sentença
penal condenatória (art. 91, II, do Código Penal). Logo, a transação penal não
pode cuidar de confisco de bem, notadamente em razão da dita medida
despenalizadora não gerar reconhecimento de culpabilidade, não servir como
45 Art. 5º, LIV, da CF: ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo
legal.
46 Art. 5º, LVII, da CF: ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença
penal condenatória.
47 Art. 76, §6º, da Lei 9099/95: A imposição da sanção de que trata o §4º deste artigo não
constará de certidão de antecedentes criminais, salvo para os fins previstos no mesmo dispositivo,
e não terá efeitos civis, cabendo aos interessados propor ação cabível no juízo cível.
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maus antecedentes e tampouco ser motivo para reincidência. Sobre o assunto,
insta ressaltar a posição do Supremo Tribunal Federal:
CONSTITUCIONAL E PENAL. TRANSAÇÃO
PENAL. CUMPRIMENTO DA PENA RESTRITIVA
DE DIREITO. POSTERIOR DETERMINAÇÃO
JUDICIAL DE CONFISCO DO BEM
APREENDIDO COM BASE NO ART. 91, II, DO CÓDIGO PENAL. AFRONTA À
GARANTIA DO DEVIDO PROCESSO LEGAL CARACTERIZADA.
1. Tese: os efeitos jurídicos previstos no art. 91 do Código Penal são decorrentes
de sentença penal condenatória. Tal não se verifica, portanto, quando há
transação penal (art. 76 da Lei 9.099/95), cuja sentença tem natureza
homologatória, sem qualquer juízo sobre a responsabilidade criminal do
aceitante. As consequências da homologação da transação são aquelas
estipuladas de modo consensual no termo de acordo.
2. Solução do caso: tendo havido transação penal e sendo extinta a punibilidade,
ante o cumprimento das cláusulas nela estabelecidas, é ilegítimo o ato judicial
que decreta o confisco do bem (motocicleta) que teria sido utilizado na prática
delituosa. O confisco constituiria efeito penal muito mais gravoso ao aceitante do
que os encargos que assumiu na transação penal celebrada (fornecimento de
cinco cestas de alimentos).
3. Recurso extraordinário a que se dá provimento. (RE 795567, Relator(a): Min.
TEORI ZAVASCKI, Tribunal Pleno, julgado em 28/05/2015, ACÓRDÃO
ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-177 DIVULG 08-09-2015
PUBLIC 09-09-2015)
E) Antecedentes, conduta social, personalidade do agente, bem
como os motivos e circunstâncias do delito favoráveis ao agente (art. 76,
§2º, III, da Lei 9099/95): As circunstâncias judiciais devem ser favoráveis ao
agente para que a proposta de transação penal seja ofertada pelo titular da ação
penal.
F) Aceitação da proposta por parte do autor da infração de menor
potencial ofensivo e de seu advogado (constituído ou dativo) ou defensor
público: O autor da infração penal de menor potencial ofensivo pode recusar a
transação penal e ter como objetivo a obtenção de uma sentença absolutória.
E se houver divergência entre autor do fato e advogado? Havendo divergência
entre o autor do fato e seu defensor, deve prevalecer a vontade daquele,
aplicando-se subsidiariamente o quanto disposto na Lei dos Juizados em relação
à suspensão condicional do processo, que prevê expressamente que se o acusado
não aceitar a proposta, o processo prosseguirá em seus ulteriores termos. Afinal,
o único destinatário da transação é o autor do fato, que, aliás, deverá cumprir de
imediato pena não privativa de liberdade. Tanto é verdadeque o próprio art. 76,
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§4º, da Lei 9099/95, faz menção apenas à aceitação do autor da infração, sem
ressalvar a manifestação do defensor.48
Para os crimes ambientais de menor potencial
ofensivo, além dos requisitos acima, o art. 27 da Lei
9605/9849 exige mais um pressuposto, qual seja, a
prévia composição do dano ambiental, salvo em
caso de comprovada impossibilidade.
Legitimidade para propor a transação penal: Primeiramente, devemos
pontuar que atualmente é pacífico na doutrina e na jurisprudência o cabimento
da transação penal tanto para as ações penais públicas (incondicionadas e
condicionadas) como para as ações penais de iniciativa privada.
Assim, nas ações penais públicas a legitimidade de oferecer a transação
penal recai sobre o Ministério Público, titular da ação penal pública, consoante
preconiza o art. 129, I, da Constituição Federal50.
Já nas ações penais privadas há 2 correntes doutrinárias.
1ª Corrente: Mesmo em caso de ação penal privada, a legitimidade seria do
Ministério Público. Nesse sentido há inclusive o enunciado 112 do FONAJE
(Fórum Nacional dos Juizados Especiais): Na ação penal de iniciativa privada,
cabem transação penal e suspensão condicional do processo, mediante
proposta do Ministério (XXVII Encontro de Juízes realizado na cidade de
Palmas/TO).
48 BRASILEIRO DE LIMA, Renato. Legislação Criminal Especial Comentada. Volume único. 6ª
edição. Salvador: Editora JusPodvm, 2018, p.421.
49 Art. 27 da Lei 9605/98: Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, a proposta de
aplicação imediata de pena restritivas de direitos ou multa, prevista no art. 76 da Lei 9099, de
26 de setembro de 1995, somente poderá ser formulada desde que tenha havido a prévia
composição do dano ambiental, de que trata o art. 74 da mesma lei, salvo em caso de comprovada
impossibilidade.
50 Art. 129 da CF: São funções institucionais do Ministério Público:
I – promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei;
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2ª Corrente: A legitimidade para oferecer a transação penal é do querelante,
ou seja, é do titular da ação penal de iniciativa privada. Essa é a posição do
Superior Tribunal de Justiça (Ação Penal de nº634):
PENAL E PROCESSUAL PENAL. AÇÃO PENAL ORIGINÁRIA. QUEIXA.
INJÚRIA. TRANSAÇÃO PENAL. AÇÃO PENAL PRIVADA.
POSSIBILIDADE. LEGITIMIDADE DO QUERELANTE. JUSTA CAUSA
EVIDENCIADA. RECEBIMENTO DA PEÇA ACUSATÓRIA.
I - A transação penal, assim como a suspensão condicional do processo, não
se trata de direito público subjetivo do acusado, mas sim de poder-dever do
Ministério Público (Precedentes desta e. Corte e do c. Supremo Tribunal
Federal).
II - A jurisprudência dos Tribunais Superiores admite a aplicação da transação
penal às ações penais privadas. Nesse caso, a legitimidade para formular a
proposta é do ofendido, e o silêncio do querelante não constitui óbice ao
prosseguimento da ação penal.
III - Isso porque, a transação penal, quando aplicada nas ações penais
privadas, assenta-se nos princípios da disponibilidade e da oportunidade, o que
significa que o seu implemento requer o mútuo consentimento das partes.
IV - Na injúria não se imputa fato determinado, mas se formulam juízos de
valor, exteriorizando-se qualidades negativas ou defeitos que importem
menoscabo, ultraje ou vilipêndio de alguém.
V - O exame das declarações proferidas pelo querelado na reunião do Conselho
Deliberativo evidenciam, em juízo de prelibação, que houve, para além do mero
animus criticandi, conduta que, aparentemente, se amolda ao tipo inserto no
art. 140 do Código Penal, o que, por conseguinte, justifica o prosseguimento
da ação penal.
Queixa recebida.
(APn 634/RJ, Rel. Ministro FELIX FISCHER, CORTE ESPECIAL, julgado em
21/03/2012, DJe 03/04/2012)
Questão: Qual é o procedimento a ser adotado se, embora preenchidos os
requisitos legais, o titular da ação penal se recusar a apresentar proposta de
transação penal ao autor da infração de menor potencial ofensivo?
Se o crime de menor potencial ofensivo for de ação penal de iniciativa
privada, nada poderá ser feito, ou seja, o Ministério Público não pode oferecer a
transação penal e tampouco o magistrado pode assim proceder, porquanto a ação
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penal privada é regida pelos princípios da oportunidade e da conveniência. Em
outras palavras, deve-se aguardar então o oferecimento de uma queixa-crime.
De outro lado, se o crime de menor potencial ofensivo for de ação penal
pública, aplica-se o raciocínio da súmula 696 do STF: Reunidos os
pressupostos legais permissivos da suspensão condicional do processo, mas se
recusando o Promotor de Justiça a propô-la, o Juiz, dissentindo, remeterá a
questão ao Procurador-Geral, aplicando-se por analogia o art. 28 do Código de
Processo Penal. OBS: Embora a súmula mencione suspensão condicional do
processo, a doutrina e a jurisprudência entendem também pela sua aplicabilidade
ao instituto da transação penal.
Vale dizer, se a recusa for nos crimes de ação penal pública, o juiz não
poderá de oficio apresentar a proposta de transação penal, mas sim, por
analogia, deve invocar o princípio da devolução consagrado no art. 28 do
CPP51, remetendo os autos ao Procurador-Geral (chefe do MP) para dirimir essa
controvérsia jurídica. OBS: Lembre-se que no âmbito da justiça federal, o
magistrado, ao invés de encaminhar os autos diretamente ao Procurador-Geral,
enviará à Câmara de Coordenação e Revisão (art. 62, IV, da Lei complementar
nº 75/93)
Questão: O juiz pode de ofício propor a transação penal?
A proposta de transação penal não pode ser oferecida de ofício pelo Juiz.
Afinal de contas, o juiz não é parte na relação jurídica processual e tampouco
titular da ação penal. Na transação penal ao magistrado cabe a sua
homologação se preenchidos os requisitos legais (art.76, §3º, da Lei nº
9099/95). Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita pelo autor da
infração, o juiz aplicará a pena restritivas de direitos ou multa, que não
importará em reincidência, sendo registrada apenas para impedir
novamente o mesmo benefício no prazo de 5 (cinco) anos (art. 76, §4º,
da Lei 9099/95).
51 Art. 28 do CPP: Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer
o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de
considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação
ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público
para oferece-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado
a atender.
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Momento para propor a transação penal: Em regra, a transação penal
é oferecida antes do iníciodo processo. Todavia, nada impede a concessão da
transação ao longo do processo criminal nas duas hipóteses abaixo:
A) Desclassificação para um crime de menor potencial ofensivo.
Exemplo: O Ministério Público oferece denúncia em face de alguém pela prática
delitiva de lesão corporal grave (art. 129, I, do Código Penal). No momento de
sentenciar, o magistrado entende ser caso de desclassificar para delito de lesão
corporal leve, que é um crime de menor potencial ofensivo. Nesse caso,
preenchidos os requisitos legais da transação penal, em virtude da emendatio
libelli, por estar diante de um delito de menor potencial ofensivo, o magistrado
não deve sentenciar, mas sim proferir decisão interlocutória para determinar o
encaminhamento do feito ao Juizado Especial Criminal para aplicação do
instituto despenalizador transação penal, ou seja, na esfera do JECRIM será
designada audiência preliminar para que o titular da ação penal (MP ou
querelante) ofereça à transação penal. Há inclusive doutrinadores que
entendem desnecessária essa remessa dos autos ao JECRIM, porquanto é
perfeitamente possível a aplicação dos institutos despenalizadores mesmo em
sede do juízo comum, vez que o que realmente importa é a possibilidade de
serem aplicados os institutos despenalizadores trazidos pela Lei nº 9099/95 e
não o local em que são ofertados tais medidas, sobretudo pela competência do
JECRIM ser de natureza relativa e não absoluta (Posição do Professor Renato
Brasileiro de Lima). Cabe ainda apontar que na espécie aplica-se o mesmo
raciocínio estampado na súmula 337 do STJ: É cabível a suspensão condicional
do processo na desclassificação do crime e na procedência parcial da pretensão
punitiva.
B) Procedência Parcial da Pretensão punitiva.
Descumprimento injustificado da transação penal: O Supremo
Tribunal Federal asseverou que o acordo de transação penal, embora
homologado, não gera coisa julgada material, sendo uma decisão de natureza
homologatória. Dessa forma, o descumprimento injustificado da transação
penal retorna ao status quo, ou seja, volta ao seu estado de origem, podendo o
titular da ação penal (MP ou ofendido) oferecer a peça acusatória ou pode ser
deflagrada a instauração de inquérito policial, enfim, a persecução penal pode
retomar o seu curso normal. Sobre o tema, vale destacar a súmula vinculante
de nº 35: A homologação da transação penal prevista no art. 76 da Lei
9099/95 não faz coisa julgada material e, descumpridas suas cláusulas,
retoma-se a situação anterior, possibilitando-se ao Ministério Público a
continuidade da persecução penal mediante oferecimento de denúncia
ou requisição de inquérito policial.
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Questão: Qual é o recurso cabível da decisão que homologa a transação
penal?
A resposta está contida no artigo 76, §5°, da Lei 9099/95, ou seja, da
sentença homologatória da transação penal será cabível o recurso de apelação
no prazo de 10 dias (art. 82 da Lei 9099/95).
Concurso de crimes e transação penal. Se existir concurso de
infrações penais de menor potencial ofensivo, o resultado desse
concurso deve obedecer ao limite de dois anos para ser concedida a
transação penal. Dessa forma, não será cabível transação penal, bem como não
será da competência do Juizado Especial Criminal se, no concurso material, a
soma das penas máximas cominadas for superior a 2 anos. Igualmente, não será
possível a concessão de transação penal, assim como deixará de ser competência
do Juizado Especial Criminal se, no concurso formal, a exasperação da pena
ultrapassar dois anos. OBS: No momento da exasperação para o concurso formal
e para o crime continuado será levado em conta a fração máxima. Assim, na
análise do cabimento da transação penal para o concurso formal emprega-se a
½ - metade - (fração máxima) e 2/3 – dois terços – para o crime continuado.
Vejamos a posição do Superior Tribunal de Justiça sobre o tema:
PROCESSUAL PENAL E PENAL. RECURSO
ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. AÇÃO
PENAL PRIVADA. CALÚNIA, DIFAMAÇÃO E
INJÚRIA. AUDIÊNCIA PRÉVIA DE
CONCILIAÇÃO. NÃO REALIZAÇÃO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA.
CONCURSO MATERIAL DE INFRAÇÕES DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO.
SOMA DAS PENAS EM ABSTRATO SUPERIOR A DOIS ANOS.
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM. ATIPICIDADE DO FATO. AUSÊNCIA
DE JUSTA CAUSA. IMPOSSIBILIDADE. DESCRIÇÃO RAZOÁVEL DOS
FATOS IMPUTADOS. TESES DEFENSIVAS QUE DEPENDEM DE INSTRUÇÃO.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO EVIDENCIADO. RECURSO IMPROVIDO.
1. As instâncias ordinárias reconheceram que por diversas vezes foi tentado
efetivar a intimação do recorrente sobre a designação da audiência de
conciliação, restando todos aqueles atos judiciais frustrados. Ademais, o
querelante, em duas oportunidades, manifestou perante o Togado que não tinha
interesse em conciliar-se com o ofensor. Tais fatos, demonstram a
prescindibilidade da realização da audiência prévia de conciliação, inexistindo
ofensa ao art. 520 do CPP.
2. A despeito dos delitos em apuração serem de menor potencial ofensivo, deve-
se considerar a soma das penas máximas em abstrato em concurso material, ou,
ainda, a devida exasperação, na hipótese de crime continuado ou concurso
formal, e ao se verificar que o resultado da adição é superior a dois anos, afasta-
se a competência do Juizado Especial Criminal.
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3. Há na inicial razoável descrição dos fatos imputados ao recorrente, tendo sido
devidamente discriminadas as condutas relativas a cada crime e apontadas as
respectivas normas penais infringidas, com, inclusive, o detalhamento das
circunstâncias de modo, tempo e local concernentes a cada delito, como se
denota das fls. 4/6 do apenso.
4. O Tribunal a quo, valendo-se dos fundamentos de trecho extraído do Parecer
da Procuradoria-Geral de Justiça, consignou que "a inicial relata a possibilidade
da ocorrência dos crimes narrados, não havendo, portanto, razão para impedir a
continuidade do feito, já que o relato das condutas realizadas e das palavras
proferidas pode, sim, caracterizar os crimes pelos quais o paciente está sendo
processado". (fl. 57) 5. Com efeito, atestar que a conduta em questão se amolda
ao exercício regular de direito e que houve consunção da difamação pela injúria
implicam necessária dilação probatória a ser realizada no curso da ação penal.
6. Recurso em Habeas Corpus improvido.
(RHC 60.883/SC, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em
09/08/2016, DJe 19/08/2016)
(CESPE/Delegado de Polícia de Goiás/2017). Analise o item
abaixo:
Para a definição da competência do juizado especial criminal no
concurso material de crimes, a soma das penas máximas cominadas para cada
crime não pode exceder a dois anos.
A alternativa está correta. Como vimos, para analisar a competência do
JECRIM e a análise da transação penal leva-se em consideração o resultado do
concurso de crimes.
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7 – Procedimento comum sumaríssimo
A) Peça Acusatória
Dispõe o art. 77, caput, da Lei nº 9099/95:
A primeira observação a ser feita no rito sumaríssimo diz respeito à
possibilidade de a peça acusatória (denúncia equeixa-crime) ser ofertada de
maneira verbal, podendo ser arrolada até 5 testemunhas (em analogia ao
procedimento comum sumário). É claro que nessa situação deverá o ato
processual ser reduzido a termo de forma a garantir ao acusado a observância
dos princípios do contraditório e da ampla defesa.
Não comparecendo o autor do fato à audiência preliminar, ou, tendo
comparecido, não aceitando a proposta de transação, oferecerá o Ministério
Público denúncia oral. Se o acusado estiver presente, será citado no próprio ato.
Se estiver ausente, a citação será feita por mandado.
Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada com base no termo
circunstanciado de ocorrência, com dispensa do inquérito policial, prescindir-
se-á do exame de corpo de delito quando a materialidade do crime estiver
aferida por boletim médico ou prova equivalente (art. 77, §1º, da Lei
9099/95).
Se a complexidade ou circunstâncias do caso não permitirem a formulação
da denúncia, o Ministério Público poderá requerer ao juiz o encaminhamento das
peças existentes ao Juízo comum para adoção do rito sumário (art. 77, §2º, da
Lei 9099/95).
Na ação penal de iniciativa do ofendido poderá ser oferecida queixa oral,
cabendo ao juiz verificar se a complexidade e as circunstâncias do caso
determinam a adoção das providências previstas no parágrafo acima, ou seja,
encaminhamento das peças ao Juízo comum, que seguirá o rito sumário.
Art. 77, caput, da Lei 9099/95: Na ação penal de iniciativa pública, quando
não houver aplicação de pena, pela ausência do autor, ou pela não ocorrência
da hipótese prevista no art. 76 desta Lei, o Ministério Público oferecerá ao
juiz, de imediato, denúncia oral, se não houver necessidade de diligências
imprescindíveis.
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B) Citação
No Juizados Especiais Criminais, em regra a citação será feita de modo
pessoal.
A citação pessoal por mandado somente ocorrerá se o autor dos fatos não
comparecer na sede do Juizado Especial Criminal. É o que determina o art. 66,
caput, da Lei nº 9099/95: A citação será pessoal e far-se-á no próprio Juizado,
sempre que possível, ou por mandado.
No Juizado Especial não há que se falar em
citação por edital. Assim, não encontrado o
acusado para ser citado, o Juiz encaminhará as
peças existentes ao Juízo comum para adoção do
procedimento sumário (art. 66, parágrafo único, da Lei nº 9099/95). Em outras
palavras, a impossibilidade de citação pessoal do acusado é causa de
modificação da competência do JECRIM, com encaminhamento dos autos
ao Juízo comum. Registre-se, por oportuno, que no rito sumário do Juízo
Comum será possível a realização citação por edital.
Questão: Cabe citação por hora certa nos Juizados Especiais?
É certo que são consideradas citações fictas a citação por edital e a citação
por hora certa. Apesar de não admitir a citação por edital, a doutrina e a
Citação pessoal
no Juizado
Na secretaria do
Juizado
Mandado (oficial
de Justiça)
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jurisprudência têm admitido a citação por hora certa nos Juizados Especiais
Criminais, pois, apesar de presumida, a citação por hora certa é célere, o que
não contraria os princípios norteadores dos Juizados Especiais Criminais.
Lembre-se a citação por hora certa exige dois requisitos:
a) O autor do fato tem que procurado em 2 oportunidades e não tiver sido
localizado;
b) Existência de suspeita de ocultação;
Nesse sentido vale a pena destacar o Enunciado 110 do FONAJE: No Juizado
Especial Criminal é cabível a citação por hora certa (XXV Encontro de Juízes
realizado na cidade de São Luís/MA).
Todavia, esse não foi o entendimento do Superior Tribunal de Justiça.
Vejamos.
RECURSO EM HABEAS CORPUS. CRIME
CONTRA A HONRA PRATICADO POR
ADVOGADO. DIFAMAÇÃO. AUSÊNCIA DE
ANIMUS DIFAMANDI. IMPROPRIEDADE DA
VIA ELEITA. DENÚNCIA QUE DESCREVE O
FATO COM AS SUAS CIRCUNSTÂNCIAS. RÉU FORAGIDO. AUSÊNCIA DE
CITAÇÃO POR EDITAL. NULIDADE. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
1. Nos crimes contra a honra, incumbe ao acusador, na denúncia ou queixa,
narrar o fato com as todas as suas circunstâncias, de tal modo que se possa, a
partir dessa narrativa, depreender o elemento subjetivo da conduta do acusado,
o que ocorreu na espécie.
2. Inviável afastar o dolo da conduta difamatória imputada ao advogado, sem um
exame aprofundado da causa, dada a limitação cognitiva do habeas corpus.
3. Iniciado o processo perante o Juizado Especial Criminal, com a denúncia
oferecida pelo Ministério Público, e justificada a ausência de proposta porque o
réu estava foragido, não se apresenta adequado o uso da citação por hora certa,
como meio idôneo para chamar o acusado para a audiência de instrução e
julgamento.
4. Recurso Ordinário de Habeas Corpus parcialmente provido, com o fim de
apenas anular a citação realizada no juízo de origem, para que, mantido o status
de foragido, seja o paciente citado pelo meio próprio, ou seja, por edital, com o
encaminhamento dos autos ao juízo criminal comum, se for o caso.
(RHC 39.059/RJ, Rel. Ministra MARILZA MAYNARD (DESEMBARGADORA
CONVOCADA DO TJ/SE), Rel. p/ Acórdão Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ,
SEXTA TURMA, julgado em 18/02/2014, DJe 01/07/2014)
C) Defesa Preliminar
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A defesa preliminar é uma peça apresentada pela defesa técnica do
acusado entre o oferecimento da denúncia e o recebimento da peça exordial, com
o escopo de reagir à acusação.
Não confunda essa defesa preliminar com a resposta à acusação. A defesa
preliminar, na verdade, instaura um contraditório prévio ao juízo de
admissibilidade da peça acusatória. Em outros termos, é uma oportunidade
conferida à defesa de influenciar ao Estado-Juiz no sentido de rejeitar à peça
acusatória.
Reparem que essa defesa preliminar não tem previsão nos ritos ordinário e
sumário, mas sim apenas em alguns procedimentos especiais (Lei de Drogas,
Procedimento originário dos Tribunais, Crimes funcionais afiançáveis e Juizados
Especiais).
Vejamos o previsto no art. 81, caput, da Lei 9099/95:
Questão: Apresentada a defesa preliminar, ainda assim será necessária a
apresentação de resposta à acusação?
Art. 81. Aberta a audiência, será dada a palavra ao defensor para responder
à acusação, após o que o Juiz receberá, ou não, a denúncia ou queixa; havendo
recebimento, serão ouvidas a vítima e as testemunhas de acusação e defesa,
interrogando-se a seguir o acusado, se presente, passando-se imediatamente
aos debates orais e à prolação da sentença.
§1º Todas as provas serão produzidas na audiência de instrução e julgamento,
podendo o Juiz limitar ou excluir as que considerar excessivas, impertinentes
ou protelatórias.
§2º De todo o ocorrido na audiência será lavrado termo, assinado pelo Juiz e
pelas partes, contendo breve resumo dos fatos relevantes ocorridos em
audiência e a sentença.
§3º A sentença, dispensado o relatório, mencionará os elementos de convicção
do Juiz.
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A resposta à acusação está descrita no art. 396-A do Código de Processo
Penal52 e é apresentada depois do recebimento da peça acusatória, ou seja, a
resposta à acusação é efetuada após a citação. Pois bem. Não é caso de se
admitir resposta à acusação depois de a defesa técnica apresentar defesa
preliminar, devendo a defesa concentrar todas as teses defensiva já na
defesa preliminar. Admitir tanto a defesa preliminar e resposta à
acusação é caminhar em sentido oposto ao primado da celeridade que
dirige a Lei dos Juizados Especiais Criminais.
Questão: É possível a absolvição sumária no Juizado Especial Criminal?
A absolvição sumária foi introduzida pela Lei 13719/08, que alterou o art.
397 do CPP, para reconhecê-la no procedimento comum. Antes do advento dessa
lei, a absolvição sumária somente era possível na primeira fase do rito do Júri.
Atualmente é cabível a absolvição sumária em 4 oportunidades: I – a existência
manifesta de causa excludente da ilicitude do fato; II – a existência manifesta de
causa excludente da culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade; III – que o
fato narrado evidentemente não constitui crime; IV – extinta a punibilidade do
agente. Pois bem. É cabível também a absolvição sumária no Juizado
Especial Criminal, com fundamento no art. 394, §4º, do CPP: As
disposições dos arts. 395 a 398 deste Código aplicam-se a todos os
procedimentos penais de primeiro grau, ainda que não regulados pelo Código.
D) Testemunha:
O rol de testemunha deve ser apresentado pela defesa dentro do prazo de
5 dias antes da realização da audiência de instrução, sob pena de o Juizado ficar
dispensado de intimá-las (art. 78, §1º, da Lei 9099/95).
52 Art. 396-A do CPP: Na resposta, o acusado poderá argüir preliminares e alegar tudo o que interesse à
sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas,
qualificando-as e requerendo sua intimação, quando necessário.
§ 1o A exceção será processada em apartado, nos termos dos arts. 95 a 112 deste Código.
§ 2o Não apresentada a resposta no prazo legal, ou se o acusado, citado, não constituir defensor, o juiz
nomeará defensor para oferecê-la, concedendo-lhe vista dos autos por 10 (dez) dias.
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E) Audiência
Não existindo absolvição sumária, será ouvida em 1º lugar a vítima. Em
seguida, serão ouvidas as testemunhas, a começar pelas indicadas pela
acusação, podendo os depoimentos serem gravados por meios eletrônicos.
Encerradas as oitivas das testemunhas, o acusado será interrogado. Ato contínuo,
os debates orais terão início com a acusação (MP ou querelante) e depois a
defesa, pelo prazo que o magistrado fixar. A sentença, que está dispensada do
relatório, será publicada na própria audiência. Excepcionalmente, por razão
justificada, o magistrado pode determinar a conclusão dos autos para proferir
posteriormente a sentença.
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8 – Sistema recursal nos Juizados Especiais
TURMA RECURSAL
Inicialmente, cumpre destacar que a Constituição Federal em seu art. 98,
I53, autoriza que os meios recursais em sede dos Juizados Especiais
Criminais sejam apreciados por Turmas Recursais, que é composta por juízes
de primeiro grau de jurisdição. Em síntese, a Turma Recursal é um órgão
colegiado formado por juízes de primeiro grau que tem competência para julgar
os recursos na esfera dos Juizados Especiais Criminais. Turma Recursal não é
Tribunal! O Órgão do Ministério Público que atua como custos legis (fiscal da lei)
nos Juizados Especiais não é um Procurador de Justiça (ou Procurador Regional
da República), mas sim um Promotor de Justiça (Procurador da República), enfim,
órgãos ministeriais que atuam em 1º grau de jurisdição.
É importante mencionar que a Turma Recursal apenas julgará os
recursos em face de decisões proferidas em sede dos Juizados Especiais
Criminais. Vale dizer, em situações em que ocorre o deslocamento para o Juízo
Comum (exemplos: complexidade da causa, impossibilidade de citação pessoal,
conexão e continência), os recursos dessas decisões serão apreciados pelo
Tribunal de Justiça/Tribunal Regional Federal, ainda que o tema verse sobre
infração penal de menor potencial ofensivo.
Turma Recursal também não analisa recursos advindos dos Juizados
(Varas) da Violência Doméstica e Familiar contra a mulher. Assim, os recursos
interpostos de decisões proferidas nas Varas de Violência Doméstica e Familiar
contra a mulher serão analisados pelo Tribunal de Justiça.
De acordo com o art. 82, §4º, da Lei 9099/9554, as partes serão
intimadas das sessões de julgamento das Turmas Recursais pela
imprensa. Com isso, resta dizer não há necessidade de notificação pessoal de
membro do Ministério Público, da Defensoria Pública e de advogado, porquanto
53 Art. 98 da CF: A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão:
I – juizados especiais, providos por juízes togados, ou togado e leigos, competentes para a
conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações de
menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumaríssimo, permitidos, nas
hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos, por turmas de juízes de
primeiro grau;
54 Art. 82, §4º, da Lei 9099/95: As partes serão intimadas da data da sessão de julgamento pela
imprensa.
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a lei do JECRIM funciona como norma especial quando em conflito com as regras
gerais do art. 370 do CPP55 e do art. 5º, §5º, da Lei 1060/5056 (Lei da Assistência
Judiciária Gratuita). Outro não é o entendimento do Superior Tribunal de Justiça:
PROCESSO PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM
HABEAS CORPUS. INJÚRIA.AUSÊNCIA DE
INTIMAÇÃO PESSOAL DO DEFENSOR
PÚBLICO. JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL.
AUSÊNCIA DE NULIDADE. RECURSO DESPROVIDO.
I - A jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça consolidou-se no sentido
de que "a ausência de intimação pessoal da Defensoria Pública ou do defensor
dativo sobre os atos do processo, a teor do disposto no artigo 370 do Código de
Processo Penal e do artigo 5º, § 5º, da Lei 1.060/1950, gera, via de regra, a sua
nulidade", uma vez que cerceado o direito de defesa da parte (HC n.
288.517/MG, Quinta Turma, Rel. Min. Jorge Mussi, DJe de 14/5/2014).
II - Por outro lado, no âmbito dos Juizados Especiais criminais, não se exige a
intimação pessoal do defensor público, admitindo-se a intimação na sessão de
julgamento ou pela imprensa oficial (precedentes do STF e do STJ).
Recurso ordinário em habeas corpus desprovido.
(RHC 79.148/MG, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em
18/04/2017, DJe 03/05/2017)
Em perfeita sintonia com o princípio da informalidade, se a sentença for
confirmada pelos próprios fundamentos, a súmula do julgamentoservirá
de acórdão (art. 82, §5º, da Lei 9099/95). Em outras palavras, a Turma
Recursal não é obrigada confeccionar acórdão formal proferido nos moldes do
Tribunal de Justiça, podendo se valer da remissão aos motivos lançados na
sentença quando confirmar o decisum, sem que isso caracterize qualquer ofensa
ao princípio constitucional do dever de fundamentar as decisões judiciais (art. 93,
IX, da CF). Essa é a posição do Supremo Tribunal Federal.
Juizado especial. Parágrafo 5º do art. 82 da Lei nº
9.099/95. Ausência de fundamentação. Artigo 93,
inciso IX, da Constituição Federal. Não ocorrência.
Possibilidade de o colégio recursal fazer remissão
aos fundamentos adotados na sentença.
Jurisprudência pacificada na Corte. Matéria com repercussão geral. Reafirmação
55 Art. 370, §4º, do CPP: A intimação do Ministério Público e do defensor nomeado será pessoal.
56 Art. 5º, §5º, da Lei 1060/50: Nos Estados onde a Assistência Judiciária seja organizada e por
eles mantida, o Defensor Público, ou quem exerça cargo equivalente, será intimado pessoalmente
de todos os atos do processo, em ambas as instâncias, contando-se-lhes em dobro todos os
prazos.
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da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. (RE 635729 RG, Relator: Min.
DIAS TOFFOLI, julgado em 30/06/2011)
Reparem ainda que a Lei nº 9099/95 menciona apenas 2 recursos: apelação
(art. 82 da Lei 9099/95) e embargos de declaração (art. 83.
Questão: É possível a interposição de outros
recursos?
É evidente que sim. Não existindo
incompatibilidade, tanto as normas do Código Penal
como as do Código de Processo Penal são aplicadas de maneira subsidiária aos
processos em trâmite nos Juizados Especiais, conforme determina o art. 92 da
Lei nº 9099/9557. Vamos imaginar a seguinte situação: Durante o processo
criminal, o magistrado declara extinta a punibilidade. Qual será o recurso cabível
dessa decisão? O Recurso em sentido estrito, com aplicação subsidiária do
previsto no art. 581, VIII, do CPP58.
Outra questão: Sabemos que o art. 82, § 3º, da Lei nº 9099/9559 autoriza
as partes solicitarem a transcrição da fita magnética na qual foram gravados os
atos processuais produzidos na audiência de instrução e julgamento. Indaga-se:
Essa regra é constitucional?
É, sem dúvida, uma regra que contraria em cheio o propósito dos Juizados
Especiais Criminais, notadamente os princípios da informalidade e da oralidade
consagrado no art. 98, I, da CF, bem como da razoável duração do processo (art.
5º, LXXVIII, da CF). No mesmo sentido destaco a lição do professor Renato
Brasileiro: “Pensamos que o art. 82, §3º, da Lei 9099/95, para além de
inconstitucional à luz do princípio da oralidade (CF, art. 98, inciso I), e da garantia
razoável duração do processo (CF, art. 5º, LXXVIII), também foi revogado
tacitamente pelo disposto no art. 405, §2º, que prevê que, no caso de registro
por meio audiovisual, basta que seja encaminhado às partes cópia do registro
original, sem necessidade de transcrição (CPP, art. art. 405, §2). Apesar de se
referir ao procedimento comum, pensamos que a decisão a seguir transcrita tem
inteira aplicação no âmbito dos Juizados: “(...) A conversão do julgamento de
apelação em diligência para que a primeira instância providencie a degravação
de conteúdo registrado em meio audiovisual contraria frontalmente o art. 405,
57 Art. 92 da Lei nº 9099/95: Aplicam-se subsidiariamente as disposições dos Códigos Penal e de
Processo
58 Art. 581 do CPP: Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença:
VIII – que decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade.
59 Art. 82, §3º, da Lei nº 9099/95: As partes poderão requerer a transcrição da gravação da fita
magnética a que alude o §3º do art. 65 desta Lei.
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§2, do CPP, assim como o princípio da razoável duração do processo (STJ, 5º
Turma, HC 172840, rel. Min. Gilson Dipp, DJe 03/11/2010)60.
APELAÇÃO NOS JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS
Dispõe o art. 82 da Lei 9099/95:
Quais são as hipóteses de cabimento de apelação nos Juizados
Especiais Criminais?
1) Sentença absolutória ou condenatória – É o mesmo raciocínio do CPP,
ou seja, de sentença absolutória ou condenatória é cabível o recurso de
apelação (art. 82 da Lei nº 9099/95).
60 BRASILEIRO DE LIMA, Renato. Legislação Criminal Especial Comentada. Volume único. 6ª
edição. Salvador: Editora JusPodvm, 2018, p.440.
Art. 82. Da decisão de rejeição da denúncia ou queixa e da sentença
caberá apelação, que poderá ser julgada por turma composta de três Juízes
em exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado.
§ 1º A apelação será interposta no prazo de dez dias, contados da ciência
da sentença pelo Ministério Público, pelo réu e seu defensor, por petição
escrita, da qual constarão as razões e o pedido do recorrente.
§ 2º O recorrido será intimado para oferecer resposta escrita no prazo
de dez dias.
§ 3º As partes poderão requerer a transcrição da gravação da fita
magnética a que alude o § 3º do art. 65 desta Lei.
§ 4º As partes serão intimadas da data da sessão de julgamento pela
imprensa.
§ 5º Se a sentença for confirmada pelos próprios fundamentos, a súmula
do julgamento servirá de acórdão.
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2) Da rejeição da peça acusatória – Enquanto no CPP o recurso cabível da
decisão que rejeita a peça acusatória é o Recurso em sentido estrito (art. 581,
I, do CPP), nos juizados especiais criminais o meio recursal é a apelação, sendo
obrigatória a intimação da parte adversa para apresentar contrarrazões no
prazo de 10 dias (art. 82, §2º, da Lei 9099/95). Lembre-se ainda do teor da
súmula 707 do STF: Constitui nulidade a falta de intimação do denunciado
para oferecer contrarrazões ao recurso interposto da rejeição da denúncia, não
a suprindo a nomeação de defensor dativo.
3) Da decisão homologatória da transação penal: É o que estabelece o
art. 76, §5º, da Lei 9099/95: Da sentença prevista no parágrafo anterior caberá
a apelação referida no art. 82 desta Lei.
Qual é o prazo para interposição de apelação no JECRIM?
O prazo é de 10 dias (art.82, §1º, da Lei nº 9099/95). Enquanto no CPP
o prazo é de 5 dias (art. 593, caput, do CPP), no JECRIM o prazo será de 10 dias.
Outra diferença entre CPP e Lei nº 9099/95: No JECRIM a petição de
interposição do recurso de apelação já deve estar acompanhada das razões
recursais, ao passo que no CPP haverá, em primeiro lugar, a interposição do
recurso no prazo de 5 dias e, em seguida, a parte terá até 8 dias para apresentar
as razões recursais (art. 600 do CPP). Em resumo:
Apelação
no JECRIM
Prazo:
10 dias
A petição de interposição já deve
estar acompanhadas das razões
recursais.
Apelação
no CPP
Prazo: 5
dias
Após a interposição da petição do
recurso de apelação, a parte terá o
prazo de 8 dias para apresentar as
razões recursais. Não háobrigação
de apresentação simultânea de
petição de interposição e razões
recusais.
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Questão: A apelação deve ser conhecida se a parte interpõe o recurso de
apelação desacompanhado das razões recursais?
A não apresentação das razões recursais não impede o
conhecimento do recurso de apelação interposto de modo tempestivo.
Esse é o posicionamento do STJ:
PROCESSUAL PENAL. PENAL. RECURSO EM
HABEAS CORPUS
SUBSTITUTIVO.CONTRAVENÇÃO PENAL DE
PERTURBAÇÃO DO SOSSEGO. APELAÇÃO
INADMITIDA POR AUSÊNCIA DAS RAZÕES.
FALTA DE INTIMAÇÃO DO RÉU PARA CONSTITUIÇÃO DE NOVO
ADVOGADO. NULIDADE RECONHECIDA. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO
PUNITIVA ESTATAL RECONHECIDA DE OFÍCIO. RECURSO PROVIDO.
1. Sendo a apelação, também no rito da Lei nº 9.099/95, uma espécie de recurso,
a ausência ou intempestividade das razões, não induzem ao não-conhecimento
da apelação interposta.
2. Esta Corte Superior tem se posicionado no sentido de que, diante da inércia
da defesa na apresentação das devidas razões recursais, em homenagem ao
princípio da ampla defesa e contraditório, é imprescindível a intimação do réu,
oportunizando a constituição de novo defensor.
3. Recurso em habeas corpus provido para reconhecer a nulidade da decisão de
inadmissão do recurso de apelação pela ausência das razões, para a intimação
do recorrente a fim de que constitua novo defensor para tal fim e, de ofício,
declarar extinta a punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva estatal.
(RHC 25.736/MS, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em
09/06/2015, DJe 03/08/2015)
RECURSO EXTRAORDINÁRIO NOS JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS
É possível a interposição de recurso extraordinário das decisões da
Turmas Recursais ao Supremo Tribunal Federal, nos exatos termos do art. 102,
inciso III, da Constituição Federal. Compete ao Supremo Tribunal Federal julgar,
mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última
instância, quando a decisão recorrida: a) contrariar dispositivo desta
Constituição; b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; c)
julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição;
d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal. Reparem que a Turma
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Recursal dos Juizados é a última instância no âmbito dos Juizados Especiais
Criminais.
Não custa lembrar ainda a existência da súmula 640 do STF:
“ É cabível recurso extraordinário contra decisão proferida por juiz de
primeiro grau nas causas de alçada, ou por turma recursal de juizado especial
cível e criminal.”
RECURSO ESPECIAL NOS JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS
Não é cabível a interposição de recurso especial das decisões oriundas da
Turma Recursal. A razão para tanto está na redação do art. 105, III, da
Constituição Federal, já que o Superior Tribunal de Justiça tem competência para
julgar, em sede de recurso especial, apenas as causas decididas, em única ou
última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos
Estados, do Distrito Federal e Territórios. Notem que a redação do citado
dispositivo constitucional não abrange as decisões advindas da Turma Recursal,
mas apenas de Tribunais. Turma Recursal não é Tribunal. Nesse sentido destaca-
se a súmula 203 do Superior Tribunal de Justiça:
“Não cabe recurso especial contra decisão proferida por órgão de segundo
dos Juizados Especiais.”
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NOS JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS
Dispõe o artigo 83 da Lei nº 9099/95:
Art. 83 da Lei 9099/95: Cabem embargos de declaração quando, em sentença
ou acórdão, houver obscuridade, contradição ou omissão.
§1º Os embargos de declaração serão opostos por escrito ou oralmente, no
prazo de cinco dias, contados da ciência da decisão.
§2º Os embargos de declaração interrompem o prazo para a interposição de
recurso.
§3º Os erros materiais podem ser corrigidos de ofício.
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Os embargos de declaração é o meio recursal destinado a dirimir
eventual dúvida no julgado, ou seja, é um recurso cabível quando a decisão
(sentença ou acórdão) for obscura, omissa ou contraditória. Dessa forma,
ausente os vícios da obscuridade, da omissão e contradição, a decisão não deve
ser impugnada por esse meio recursal.
Notem que os embargos de declaração no âmbito
do Juizados Especiais Criminais podem ser opostos
por escrito ou oralmente, no prazo de 5 dias a
contar da ciência da decisão.
De plano, já podemos observar duas distinções entres os embargos de
declaração do JECRIM e do Código de Processo Penal.
Forma – Os embargos de declaração no JECRIM podem ser opostos tanto por
escrito como por modo oral, ao passo que no CPP tal recurso é possível apenas
por escrito.
Prazo – Os embargos de declaração no JECRIM podem ser opostos no prazo
de 5 dias, ao passo que no CPP tal recurso deve ser interposto no prazo de 2
dias (art. 382 do CPP61)
Os embargos de declaração interrompem o prazo para a interposição de
outros recursos, conforme alteração advinda pelo artigo 1066 do Novo Código de
Processo Civil (Lei 13105/16). Lembre-se que interromper o prazo significa dizer
que o lapso temporal para a interposição de outros recursos é reiniciado (“volta
à estaca zero”).
Chamo ainda a atenção de vocês para lembrar que os erros materiais não
necessitam da oposição de embargos de declaração para serem corrigidos, ou
seja, podem ser retificados de ofício, conforme autorização prevista no art. 83,
§3º, da Lei nº 9099/95. O que são erros materiais?
Erros materiais são aqueles que não comprometem o processo, vez que
não geram nenhum prejuízo a qualquer das partes, notadamente por tal
retificação não ser dotada de caráter decisório. Exemplos de erro material: a
correção do número do processo ou do nome da vítima.
61 Art. 382 do CPP. Qualquer das partes poderá, no prazo de 2 (dois) dias, pedir ao juiz que declare a
sentença, sempre que nela houver obscuridade, ambigüidade, contradição ou omissão.
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HABEAS CORPUS NOS JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS
É cabível habeas corpus nos Juizados Especiais Criminais, desde que ocorra
risco à liberdade de locomoção, consoante determina o art. 5º, LXXVIII, da
Constituição Federal62.
Questão: É cabível a impetração de habeas corpus em face da
contravenção penal que prevê apenas a pena de multa em seu preceito
secundário?
A resposta é negativa, porquanto na espécie não há risco à liberdade de
locomoção. No mesmo sentido vale a pena citar a súmula 693 do STF:
“Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de multa, ou
relativo a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a
única cominada.”
Pois bem. Se a autoridade coatora for o Juiz do Juizado Especial Criminal o
habeascorpus será julgado pela Turma Recursal.
Questão: Qual é o órgão jurisdicional competente para julgar o habeas
corpus quando a autoridade coatora for a Turma Recursal?
É certo que a súmula 690 do STF determina que compete originariamente
ao Supremo Tribunal Federal o julgamento de habeas corpus contra decisão de
turma recursal de juizados especiais criminais. Ocorre que essa súmula,
embora não tenha sido cancelada pelo STF, encontra-se totalmente
ultrapassada em razão de mudança da orientação jurisprudencial do
próprio Supremo Tribunal Federal nos autos do HC de nº 86834, ou seja,
a competência para julgar habeas corpus de ato praticado pela Turma
Recursal é do próprio Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Federal,
pois os integrantes das Turmas Recursais submetem-se à jurisdição
desses Tribunais. Vejamos esse importante julgado do Supremo Tribunal
Federal:
62 Art. 5º, LXVIII, da Constituição Federal: conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém
sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por
ilegalidade ou abuso de poder;
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COMPETÊNCIA - HABEAS CORPUS - DEFINIÇÃO. A
competência para o julgamento do habeas corpus é
definida pelos envolvidos - paciente e impetrante.
COMPETÊNCIA - HABEAS CORPUS - ATO DE TURMA
RECURSAL. Estando os integrantes das turmas
recursais dos juizados especiais submetidos, nos crimes comuns e nos de
responsabilidade, à jurisdição do tribunal de justiça ou do tribunal regional
federal, incumbe a cada qual, conforme o caso, julgar os habeas impetrados
contra ato que tenham praticado. COMPETÊNCIA - HABEAS CORPUS - LIMINAR.
Uma vez ocorrida a declinação da competência, cumpre preservar o quadro
decisório decorrente do deferimento de medida acauteladora, ficando a
manutenção, ou não, a critério do órgão competente. (HC 86834, Relator: Min.
MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 23/08/2006)
REVISÃO CRIMINAL NOS JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS
É certo que a Lei nº 9099/95 não tratou expressamente da possibilidade de
revisão criminal no JECRIM. Todavia, é cabível a revisão criminal contra decisão
definitiva dos Juizados Especiais Criminais (juiz ou turma recursal), cuja
competência será da própria Turma Recursal e não do Tribunal de Justiça. Esse
é o posicionamento do Superior Tribunal de Justiça (CC 47718/RS, Relatora
Ministra Jane Silva, Dje 26/08/2008).
MANDADO DE SEGURANÇA NOS JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS
É perfeitamente cabível a impetração de mandado de segurança nos
Juizados Especiais Criminais, conforme estabelece a súmula 376 do STJ:
“ Compete à turma recursal processar e julgar o mandado de segurança
contra ato de juizado especial.”
Se a autoridade coatora for o juiz do JECRIM a competência para julgar
o mandado de segurança será a Turma Recursal. Se a autoridade coatora for
a Turma Recursal prevalece o entendimento de que a competência igualmente
é da Turma Recursal, aplicando-se, por analogia, o art. 21, VI, da Lei
Complementar nº 35/7963 que estatui ser dos Tribunais a competência originária
63 Art. 21, VI, da Lei Complementar nº 35/79: Compete aos Tribunais, privativamente:
VI – julgar, originariamente, os mandados de segurança contra seus atos, os dos respectivos
Presidentes ou de suas Câmaras, Turmas ou Seções.
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para apreciar os mandados de segurança contra seus atos, os dos respectivos
Presidentes e os de suas Câmaras, Turmas ou Seções. Esse é o posicionamento
do Supremo Tribunal Federal:
AGRAVO REGIMENTAL EM MANDADO DE
SEGURANÇA. ATO DO JUIZ PRESIDENTE DO
COLÉGIO RECURSAL DA 52ª CIRCUNSCRIÇÃO
JUDICIÁRIA DE ITAPECERICA DA SERRA.
INCOMPETÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL. PRECEDENTES. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.
1. À luz do art. 102, I, d, da Constituição da República, compete ao Supremo
Tribunal Federal o julgamento de mandados de segurança contra atos do
Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado
Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do
próprio Supremo Tribunal Federal.
2. O agravante se insurge contra decisão proferida pelo Colégio Recursal da 52ª
Circunscrição Judiciária de Itapecerica da Serra/SP. Evidente, assim, a
incompetência desta Corte para a apreciação do mandamus.
3. Agravo regimental DESPROVIDO. (MS 33994 AgR, Relator: Min. LUIZ FUX,
Primeira Turma, julgado em 31/05/2016)
CONFLITO DE COMPETÊNCIA ENTRE JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL E JUÍZO COMUM
Qual é o órgão jurisdicional competente para decidir um conflito de
competência entre o Juizado especial federal e o Juízo de primeiro grau da Justiça
Federal, ambos vinculados ao mesmo Tribunal Regional Federal?
Por estamos diante de órgãos de primeiro grau de jurisdição atrelados ao
mesmo Tribunal, exsurge como competente o Tribunal Regional Federal para
dirimir esse conflito de competência. É o que determina a súmula 428 do STJ:
“ Compete ao Tribunal Regional Federal decidir os conflitos de competência
entre juizado especial federal e juízo federal da mesma seção judiciária.”
O mesmo raciocínio acima aplica-se aos órgãos de primeiro grau de
jurisdição pertencentes ao mesmo Tribunal de Justiça. Todavia, se os juízos forem
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de Estados diversos, competirá ao Superior Tribunal de Justiça decidir o conflito
de competência (art. 105, I, “d”, da CF64).
Com o advento da Lei 13728, de 31 de
outubro de 2018, houve uma alteração na
contagem do prazo no âmbito dos Juizados
Especiais. Assim, atualmente na contagem de
prazo para a prática de qualquer ato
processual, inclusive para a interposição de recursos, serão computados somente
os dias úteis. Eis a redação do art. 12-A da Lei 9099/95:”Na contagem de prazo
em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, para a prática de qualquer ato
processual, inclusive para interposição de recursos, computar-se-ão somente
os dias úteis.
64 Art. 105 da CF: Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
I – processar e julgar, originariamente:
d) os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no art. 102, I, o,
bem como entre tribunal e juízes a ele não vinculados e entre juízes vinculados a tribunais
diversos.
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9 – Da execução nos Juizados Especiais
Dispõe os artigos 84 e 85 da Lei nº 9.099/95:
Se a pena de multa for a única aplicada, o seu cumprimento, que se dá
mediante pagamento, será feito na própria Secretaria do Juizado. O
adimplemento da multa gera a extinção da punibilidade, nos exatos termos
do parágrafo único do art. 84 da Lei nº 9099/95, sem o registro criminal, salvo
para fins de requisição judicial.
Em quepese a redação do art. 85 da Lei nº 9099/95, é importante
anotar que não se permite mais a conversão da pena de multa em privativa de
liberdade em razão do teor do art. 51 do Código Penal, com redação dada pela
Lei 9269 de 1º abril de 1996, que estabelece que a pena de multa não paga deve
ser convertida em dívida de valor. Houve no ponto a denominada revogação
tácita.
Também não se vislumbra possibilidade da pena de multa não paga
ser convertida em pena restritivas de direitos ante a ausência de um
critério legal disciplinando essa conversão. Essa é a posição do STF: “Se o
paciente foi condenado a pena de multa, não se afigura possível, por ausência de
critério legal aplicável, a conversão da pena pecuniária na de restrição de direito.
Portanto, deve o juiz se limitar a promover a inserção da dívida para cobrança
judicial (HC 78200/SP, Rel. Min. Octavio Gallotti, DJ 27/08/1999).
Ainda sobre a execução, vale a pena destacar o art. 86 da Lei nº 9099/95:
Art. 84 da Lei nº 9099/95: Aplicada exclusivamente a pena de multa, seu
cumprimento far-se-á mediante pagamento na Secretaria do Juizado.
Parágrafo único. Efetuado o pagamento, o Juiz declarará extinta a
punibilidade, determinando que a condenação fique constando dos registros
criminais, exceto para a fins de requisição judicial.
Art. 85 da Lei nº 9099/95: Não efetuado o pagamento de multa, será feita a
conversão em pena privativa de liberdade, ou restritivas de direitos, nos
termos previstos em lei.
Art. 86 da Lei nº 9099/95: A execução das penas privativas de liberdade e
restritivas de direitos, ou de multa cumulada com estas, será processada
perante o órgão competente, nos termos da lei.
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Muito embora o art. 60 da Lei nº 9099/95 ressalte a competência do
Juizados Especial Criminal para a conciliação, o julgamento e a execução das
infrações de menor potencial ofensivo, o art. 86 do referido diploma legal, que é
uma regra especial em relação ao art. 60 da Lei 9099/95, preconiza ser da Vara
de Execuções Penais a competência para execução das penas privativas
de liberdade e restritivas de direitos e as de multa quando cumuladas
com aquelas penas. Em resumo,
Se a pena de multa for
aplicada isoladamente
A execução ocorrerá
perante o Juizado
Especial Criminal
Pena privativa de
liberdade, pena
restritiva de direitos ou
pena de multa
cumulada com essas
penas
A execução ocorrerá
diante do Juízo
Comum (Vara de
Execuções Penais)
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10 – Das despesas processuais
É certo que o assunto de valores de custas e despesas processuais pertence
à organização judiciária e, portanto, de competência legislativa do Estado. O art.
87 da Lei nº 9099/95, na verdade, é sugestão ao legislador estadual de
forma a incentivar a composição (civil e penal) no JECRIM com a redução
das despesas processuais.
Art. 87 da Lei nº 9099/95: Nos casos de homologação do acordo civil e
aplicação de pena restritivas de direitos ou multa (arts. 74 e 76, §4º), as
despesas processuais serão reduzidas, conforme dispuser lei estadual.
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11 – Suspensão condicional do processo
Estabelece o art. 89 da Lei nº 9099/95:
Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a
um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a
denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos,
desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido
condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam
a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal).
§ 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença do Juiz,
este, recebendo a denúncia, poderá suspender o processo, submetendo o
acusado a período de prova, sob as seguintes condições:
I - reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo;
II - proibição de freqüentar determinados lugares;
III - proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do
Juiz;
IV - comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para
informar e justificar suas atividades.
§ 2º O Juiz poderá especificar outras condições a que fica subordinada a
suspensão, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do acusado.
§ 3º A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário vier a
ser processado por outro crime ou não efetuar, sem motivo justificado, a
reparação do dano.
§ 4º A suspensão poderá ser revogada se o acusado vier a ser processado,
no curso do prazo, por contravenção, ou descumprir qualquer outra condição
imposta.
§ 5º Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará extinta a
punibilidade.
§ 6º Não correrá a prescrição durante o prazo de suspensão do processo.
§ 7º Se o acusado não aceitar a proposta prevista neste artigo, o processo
prosseguirá em seus ulteriores termos.
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Suspensão condicional do processo, também conhecida como sursis
processual, é um instituto despenalizador previsto no art. 89 da Lei 9099/95 que
autoriza a suspensão do processo por um período de prova, que pode variar de
2 a 4 anos, mediante o cumprimento de certas condições.
Embora prevista na lei 9099/95, é importante ressaltar que a sua
aplicabilidade não se restringe aos crimes de menor potencial ofensivo e nem aos
Juizados Especiais Criminais, porquanto o legislador fez questão de explicitar que
a sua aplicação se dará aos delitos abrangidos ou não por essa lei (art. 89, caput,
da Lei 9099/95). Significa dizer que é perfeitamente possível ser concedida a
suspensão condicional do processo diante do Juízo comum. Exemplo: O delito de
furto simples, que é um delito de médio potencial ofensivo, tramita no Juízo
Comum, porquanto a sua pena varia de 1 a 4 anos de reclusão. Pois bem. Em
razão da pena mínima ser de 1 ano de reclusão, é possível a sua concessão no
Juízo comum.
Requisitos para a concessão da suspensão condicional do processo
A suspensão condicional do processo será concedida se presentes os
seguintes requisitos: a) Pena mínima não superior a um ano; b) Acusado não
estar sendo processado ou não ter sido condenado por outro crime; c) Presença
dos demais requisitos que autorizam a suspensão condicional da pena (art. 77 do
do Código Penal.
A) Pena mínima igual ou inferior a 1 ano. De acordo com o art. 89,
caput, da Lei nº 9099/95, para fazer jus ao sursis processual a pena privativa de
liberdade cominada ao delito deve ser de até 1 ano, pouco importando se é de
reclusão ou detenção, ressalvada as hipóteses de violência doméstica e familiar
contra a mulher.
Questão: Qual o critério a ser adotado para a aferição da suspensão
condicionaldo processo se existir concurso de crimes?
Se existir concurso de crimes, o resultado desse concurso deve
obedecer ao limite de um ano para a pena mínima de forma a possibilitar
o benefício da suspensão condicional do processo. Dessa forma, não será
cabível sursis processual se, no concurso material, a soma das penas mínimas
cominadas for superior a 1 ano. Igualmente, não será possível a concessão da
suspensão condicional do processo se, no concurso formal, a exasperação da
pena mínima ultrapassar a 1 ano. OBS: No momento da exasperação para o
concurso formal e para o crime continuado será levado em conta a fração
mínima. Assim, na análise do cabimento da suspensão condicional do processo
para o concurso formal e para o crime continuado emprega-se o patamar de 1/6
da pena. Sobre o tema vale destacar a existência de 2 súmulas.
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Embora o art. 89, caput, da Lei 9099/95 limite a
concessão do sursis processual à pena mínima até
1 ano, vale destacar a existência de precedente do
Supremo Tribunal Federal concedendo tal benefício quando para o delito for
previsto, alternativamente, pena de multa e pena privativa de liberdade, ainda
que essa última pena seja superior a 1 (um) ano. Exemplo: Art. 7º da Lei 8137/90
prevê pena de detenção, de 2 a 5 anos, ou multa. Para essa situação, segundo o
Supremo Tribunal Federal, é cabível a suspensão condicional do processo,
porquanto a pena de multa é menos gravosa do que a pena privativa de liberdade
ou restritiva de direitos. Vejamos esse precedente do Supremo Tribunal Federal.
AÇÃO PENAL. Crime contra relações de consumo. Pena. Previsão alternativa de
multa. Suspensão condicional do processo. Admissibilidade. Recusa de proposta
pelo Ministério Público. Constrangimento ilegal caracterizado. HC concedido para
que o MP examine os demais requisitos da medida. Interpretação do art. 89 da
Lei nº 9.099/95. Quando para o crime seja prevista, alternativamente, pena de
multa, que é menos gravosa do que qualquer pena privativa de liberdade ou
restritiva de direito, tem-se por satisfeito um dos requisitos legais para a
suspensão condicional do processo. (HC 83926, Relator: Min. CEZAR PELUSO,
Segunda Turma, julgado em 07/08/2007)
B) Não estar sendo processado ou não ter sido condenado por outro
crime. Vale destacar que não é impeditivo se o agente estiver sendo
processado ou tiver sido condenado por contravenção penal, pois o artigo 89,
caput, da Lei nº 9099/95 menciona a expressamente a prática de crime.
Súmula 723 do STF: Não se admite a suspensão condicional do processo por
crime continuado, se a soma da pena mínima da infração mais grave com o
aumento de um sexto for superior a um ano.
Súmula 243 do STJ: O benefício da suspensão do processo não é aplicável
em relação às infrações penais cometidas em concurso material, concurso
formal ou continuidade delitiva, quando a pena mínima cominada, seja pelo
somatório, seja pela incidência da majorante, ultrapassar o limite de um (01)
ano.
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C) Presença dos demais requisitos que
autorizam a suspensão condicional da pena.
Segundo o art. 77 do Código Penal, a execução da
pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois)
anos, poderá ser suspensa, desde que: I – o condenado não seja reincidente em
crime doloso; II – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a
personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a
concessão do benefício; III – não seja indicada ou cabível a substituição prevista
no art. 44 do CP. Registre-se ainda que a condenação anterior à pena de multa
não é óbice para a concessão da suspensão condicional do processo, porquanto
tal sanção não impede o sursis, nos termos do art. 77, §1º, do CP, aplicando-se,
no ponto, o mesmo raciocínio à suspensão condicional do processo.
OBS: O legislador não estabeleceu qualquer requisito temporal para a
proposta de nova suspensão condicional do processo. Vale dizer, enquanto na
transação penal deve o agente não ter sido beneficiado por outra transação penal
no prazo de 5 anos, na suspensão condicional do processo não há qualquer
pressuposto legal nesse sentido. Pensamento distinto premiaria a analogia in
malam partem em sede de direito penal. Esse é o posicionamento do professor
Renato Brasileiro de Lima: Ao contrário da transação penal, que apresenta
impedimento ao oferecimento da nova proposta caso o agente tenha sido
beneficiado anteriormente por outra transação penal no prazo de 5 (cinco) anos
(Lei nº 9099/95, art. 76, §2º, inciso II, o legislador não estabeleceu qualquer
requisito temporal para a formulação de nova proposta de suspensão condicional
do processo. Diante desse silêncio eloquente, não se pode estender à suspensão
a limitação temporal imposta para a transação penal, sob pena de verdadeira
analogia in malam partem, em clara e evidente afronta ao princípio da legalidade
(CF, art. 5º, XXXIX)65. Todavia, o Superior Tribunal de Justiça firmou
jurisprudência em sentido contrário, ou seja, no sentido de impossibilidade
de aceitação de outra suspensão condicional do processo no período de
cinco anos, aplicando-se, por analogia, a regra proibitiva do art. 76, §2º,
II, da Lei 9099/95 prevista para a transação penal. Eis julgados das 2
Turmas Criminais (Quinta e Sexta Turma) do STJ:
PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS
SUBSTITUTIVO DE RECURSO ESPECIAL. NÃO
CABIMENTO. FALSIDADE IDEOLÓGICA.
AUSÊNCIA DE PROPOSTA DE SUSPENSÃO
CONDICIONAL DO PROCESSO. VIOLAÇÃO DO
ENUNCIADO N. 337, DA SÚMULA DO STJ. INOCORRÊNCIA. INCIDÊNCIA
DE INSTITUTO DESPENALIZADOR HÁ MENOS DE 5 ANOS.
IMPOSSIBILIDADE. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO.
65 BRASILEIRO DE LIMA, Renato. Legislação Criminal Especial Comentada. Volume único. 6ª
edição. Salvador: Editora JusPodvm, 2018, p.455.
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I - A Terceira Seção desta Corte, seguindo entendimento firmado pela Primeira
Turma do col. Pretório Excelso, firmou orientação no sentido de não admitir a
impetração de habeas corpus em substituição ao recurso adequado, situação que
implica o não-conhecimento da impetração, ressalvados casos excepcionais em
que, configurada flagrante ilegalidade apta a gerar constrangimento ilegal, seja
recomendável a concessão da ordem de ofício.
II - O paciente foi denunciado pela prática do crime previsto no art. 69-A, da Lei
n. 9.605/98. No curso da instrução, verificando a ocorrência de outro delito, o d.
magistrado processante abriu vista para o aditamento da denúncia, o que
prontamente se fez, adequando o tipo penal da exordial para o art. 299, caput,
c.c art 71, ambos do Código Penal, sem, no entanto, o oferecimento da suspensão
condicional do processo, em razão da continuidade delitiva a qual, ao final, não
foi reconhecida pela sentença condenatória.
III - Em casos que tais, nos termos da jurisprudência consolidada desta Corte
Superior de Justiça, é possível a proposição da suspensão condicional do
processo, como se evidencia do Enunciado n.
337, da Súmula do STJ, verbis: "É cabível a suspensão condicional do processo
na desclassificação do crime ena procedência parcial da pretensão punitiva".
IV - Entretanto, esta mesma Corte Superior de Justiça já decidiu que o prazo de
5 (cinco) anos para a concessão de nova transação penal, previsto no art. 76, §
2º, inciso II, da Lei n. 9.099/95, aplica-se aos demais institutos despenalizadores
por analogia, estendendo-se, pois, à suspensão condicional do processo, o que
ocorreu no caso concreto. (Precedentes). Habeas corpus não conhecido. (HC
370.047/PR, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em
17/11/2016, DJe 01/12/2016)
PENAL. HABEAS CORPUS. WRIT
SUBSTITUTIVO DE RECURSO ESPECIAL.
INVIABILIDADE. VIA INADEQUADA.
ANTERIOR CONCESSÃO DA SUSPENSÃO
CONDICIONAL DO PROCESSO. NÃO
TRANSCORRIDO O PRAZO DE 5 (CINCO) ANOS. NOVO BENEFÍCIO.
IMPOSSIBILIDADE. ART. 76, § 2.°, II, DA LEI 9.099/95. HABEAS CORPUS
NÃO CONHECIDO.
1. É imperiosa a necessidade de racionalização do emprego do habeas corpus,
em prestígio ao âmbito de cognição da garantia constitucional, e, em louvor à
lógica do sistema recursal. In casu, foi impetrada indevidamente a ordem como
substitutiva de recurso especial.
2. O art. 76, § 2.°, II, da Lei 9.099/95 esclarece sobre a impossibilidade de nova
transação penal, quando houver ocorrido a concessão do benefício em momento
anterior, sem que tenha transcorrido o período de 5 (cinco) anos. Em analogia à
referida disposição, entende-se que o mesmo prazo deverá ser utilizado para
nova concessão de sursis processual. Cuida-se de extensão da disciplina afeta ao
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tratamento de medida mais branda, transação, a medida destinada a fatos mais
graves, suspensão condicional do processo.
3. Habeas corpus não conhecido. (HC 209.541/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA
DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 23/04/2013, DJe 30/04/2013)
Questão: É possível a suspensão condicional do processo em crime de
iniciativa privada?
A resposta é afirmativa. Em que pese a interpretação gramatical do art. 89,
caput, da Lei, apontar para outro sentido, é pacífico na doutrina e na
jurisprudência o cabimento do sursis processual nas ações penais de iniciativa
privada, devendo a proposta do benefício ser formulada pelo querelante. Essa é
a posição do STJ:
HABEAS CORPUS. CRIME CONTRA A HONRA.
ALEGAÇÃO DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL.
PLEITO PELO CABIMENTO DA SUSPENSÃO
PROCESSUAL. IMPETRAÇÃO PELO
MINISTÉRIO PÚBLICO. POSSIBILIDADE, EM
CASO DE LEGITIMAÇÃO CONCORRENTE. INCIDÊNCIA DA SÚMULA Nº
714/STF. AÇÃO PRIVADA. NESTES CRIMES, A LEGITIMIDADE PARA
PROPOR O SURSIS PROCESSUAL É DO QUERELANTE. DENEGAÇÃO DA
ORDEM.
1. É de entendimento uníssono dos Tribunais Superiores que o Ministério Público
pode impetrar o remédio heroico (art. 654, caput, CPP), desde que seja para
atender ao interesse do paciente.
2. Cabe a propositura da queixa-crime ao ofendido que optou em promover a
ação penal privada, não se podendo aceitar que o Ministério Público ingresse no
pólo ativo da demanda, exceto no caso de representação ou flagrante negligência
do titular no seu curso. A referida orientação está cristalizada na edição da
Súmula n.º 714/STF: "É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante
queixa, e do Ministério Público, condicionada à representação do ofendido, para
a ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão do exercício
de suas funções."
3. O Superior Tribunal de Justiça, em remansosos julgados considera crível o
sursis processual (art. 89 da Lei nº 9.099/95) nas ações penais privadas, cabendo
sua propositura ao titular da queixa-crime.
4. A legitimidade para eventual proposta de sursis processual é faculdade do
querelante. Ele decidirá acerca da aplicação do benefício da suspensão
condicional do processo nas ações penais de iniciativa, exclusivamente, privada.
5. Ordem denegada.
(HC 187.090/MG, Rel. Ministro ADILSON VIEIRA MACABU (DESEMBARGADOR
CONVOCADO DO TJ/RJ), QUINTA TURMA, julgado em 01/03/2011, DJe
21/03/2011)
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Outra questão: Qual é o momento para o oferecimento da proposta da
suspensão condicional do processo?
A suspensão condicional do processo deve ser oferecida quando do
ajuizamento da ação penal (denúncia/queixa-crime), porquanto cuida-se de uma
medida despenalizadora que visa justamente o processo criminal.
Natureza jurídica da suspensão condicional do processo
A suspensão condicional do processo é um poder-dever conferido ao titular
da ação penal, não sendo uma obrigação legal imposta ao MP ou ao querelante.
Em razão dessa característica, os Tribunais Superiores entendem que não se
cuida de um direito subjetivo do autor do fato, podendo o titular da ação penal
deixar de propor esse benefício se presentes os requisitos legais para tanto. É o
que diz a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça:
PENAL E PROCESSUAL. SUSPENSÃO
CONDICIONAL DO PROCESSO. REQUISITOS.
AUSÊNCIA. SÚMULA 7 DO STJ.
Consoante entendimento desta Corte, a
suspensão condicional do processo não é
direito subjetivo do acusado, mas sim um poder-dever do Ministério
Público, titular da ação penal, a quem cabe, com exclusividade, analisar a
possibilidade de aplicação do referido instituto, desde que o faça de forma
fundamentada. Hipótese em que a negativa da suspensão condicional do
processo está amparada na ausência dos requisitos previstos no art. 77, II, do
Código Penal, referidos pelo art. 89 da Lei n. 9.099/1995, sendo certo que, para
a eventual desconstituição da conclusão das instâncias ordinárias, seria
necessária a incursão no conjunto probatório dos autos, o que é vedado pela
Súmula 7 do STJ. Agravo regimental desprovido. (AgRg no AREsp 607.902/SP,
Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, QUINTA TURMA, julgado em 10/12/2015, DJe
17/02/2016)
Questão: Qual é o procedimento a ser adotado pelo magistrado se o
Ministério Público se omite ou se recusa a propor a suspensão condicional do
processo?
Se o Juiz entender que é caso de ser oferecido o benefício da suspensão
condicional do processo deve, por analogia, invocar o art. 28 do Código de
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Processo Penal66, com a consequente remessa dos autos ao Procurador-Geral
para resolver essa vexata quaestio. A propósito, vale destacar a súmula 696 do
STF:
“Reunidos os pressupostos legais permissivos da suspensão condicional do
processo, mas se recusando o promotor de justiça a propô-la, o juiz, dissentindo,
remeterá a questão ao Procurador-Geral, aplicando-se por analogia o art. 28 do
Código de Processo Penal.”
OBS: Lembre-se que no âmbito da justiça federal, o magistrado, ao invés
de encaminhar os autos diretamente ao Procurador-Geral, enviará à Câmara de
Coordenação e Revisão (art. 62, IV, da Lei complementar nº 75/93).
Procedência parcial da pretensão punitiva ou desclassificação
De acordo com a súmula 337 do Superior Tribunal de Justiça, “é
cabível a suspensão condicional do processo na desclassificação do crime e na
procedência parcial da pretensão punitiva.”
Exemplo de desclassificação que autoriza a concessão do sursis processual:
O Ministério Público denuncia alguém pela prática delitiva de roubo simples (art.
157 do CP), com pena que varia de 4 a 10 anos dereclusão. No momento de
sentenciar, o magistrado desclassifica a conduta para o crime de furto simples,
delito de médio potencial ofensivo que permite o benefício da suspensão
condicional do processo.
Exemplo de procedência parcial da pretensão punitiva: O Ministério Público
oferece denúncia em face de alguém pelos delitos de furto e roubo, em concurso
material de crimes. Como as penas mínimas somadas desses delitos supera o
limite de 1 ano, o sursis processual deixa de ser oferecido. Pois bem. Ao
sentenciar, caso absolva o agente pelo delito de roubo, o magistrado deve
notificar o Ministério Público para analisar a possibilidade de apresentar proposta
de suspensão condicional do processo no tocante ao delito de furto.
Inaplicabilidade em caso de violência doméstica e familiar contra a
mulher. De acordo com o art. 41 da Lei 11340/06, aos crimes praticados com
violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da pena
prevista, não se aplica a Lei 9099, de 26 de setembro de 1995. De tal sorte, é
66 Art. 28 do CPP: Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer
o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de
considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação
ao procurador-geral, e este designará outro órgão do Ministério Público para oferece-la, ou
insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender.
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forçoso concluir que não se admite suspensão condicional do processo na esfera
da violência doméstica e familiar contra a mulher. Aliás, há uma súmula do STJ
sobre o tema:
Súmula 536 do Superior Tribunal de Justiça: A suspensão condicional
do processo e a transação penal não se aplicam na hipótese de delitos sujeitos
ao rito da Lei Maria da Penha.
Termo inicial da suspensão condicional do processo
Primeiramente, é interessante destacar que a lei exigiu que a aceitação do
sursis processual deve ser feita tanto pelo autor do fato, bem como pelo seu
defensor (público ou privado) – dupla aceitação. E se existir divergência entre
o autor do fato e o advogado? Nessa hipótese a doutrina aponta para a
prevalência da vontade do autor do fato, pois é a pessoa que sofrerá as
consequências da aceitação, ou não, da suspensão condicional do processo. OBS:
O autor do fato pode recusar o sursis processual, porém em caso de aceitação
não há que se falar em reconhecimento de culpa.
Aceita a suspensão condicional do processo, o magistrado recebe a peça
acusatória e suspende o processo pelo prazo de 2 a 4 anos (lapso temporal
denominado de período de prova). Durante o período de prova, o agente terá que
cumprir condições estipuladas pelo magistrado para a suspensão do processo.
Quais são essas condições?
Além das condições legais ou obrigatórias previstas no art. 89, §1º,
da Lei nº 9099/95, o magistrado pode fixar outras condições, desde que
adequadas ao fato e à situação pessoal do acusado (art. 89, §2º, da Lei
9099/95.
São condições legais (ou obrigatórias) impostas durante o período de prova
do sursis processual:
A) Reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo. É importante
salientar, desde já, que a omissão injustificada em reparar o dano é causa de
revogação obrigatória da suspensão condicional do processo. Tal reparação
deve ocorrer imediatamente depois da homologação da proposta do sursis
processual ou em prazo previamente fixado pelo magistrado
B) Proibição de frequentar determinados lugares. O objetivo dessa
condição é evitar locais que possam favorecer a prática de infrações penais. O
Juiz deve especificar os lugares que não deverão ser frequentados pelo
acusado, sendo vedado a menção de locais em termos genéricos, sem a sua
devida especificação.
C) Proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização
do juiz. O acusado não está proibido de ausentar-se da comarca ou de mudar
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de endereço. A condição apenas estabelece o dever de o acusado comunicar
previamente o juiz acerca de seu paradeiro.
D) Comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para
informar e justificar suas atividades. A doutrina indica que a periodicidade
mínima a ser exigida é a mensal, podendo tal lapso temporal ser dilatado
(bimestral, etc.), porém não reduzido (semanal, etc.)
Apesar de não constar expressamente do rol do art. 89, §1º, da Lei
9099/95, é considerada como condição legal implícita do sursis processual o fato
de o acusado não ser processado por outra infração penal (crime ou contravenção
penal), porquanto tal situação autoriza a revogação da suspensão condicional do
processo por superveniência de referida circunstância (art. 89, §§ 3º e 4º, da Lei
9099/95).
Como já mencionado, além das circunstâncias obrigatórias do art. 89, §1º,
da Lei 9099/95, o magistrado pode impor condições facultativas, desde que
adequadas ao fato e à situação pessoal do acusado. Essas condições judiciais
(impostas pelo magistrado) podem ser impostas de modo simultâneo às
condições legais (obrigatórias).
Questão: Podem ser impostas penas restritivas de direitos (prestação de
serviços à comunidade ou prestação pecuniária) como condições judiciais para a
suspensão condicional do processo?
A resposta é afirmativa, segundo a jurisprudência do Superior Tribunal de
Justiça. Vejamos:
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO
ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. ART. 89 DA
LEI N. 9.099/1995. SUSPENSÃO
CONDICIONAL DO PROCESSO. PERDA DA
FIANÇA. OBRIGAÇÕES EQUIVALENTES A
PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS. POSSIBILIDADE. AGRAVO
REGIMENTAL NÃO PROVIDO.
1. Nos termos do que dispõe o art. 89 da Lei n. 9.099/1995, é facultado ao
magistrado estabelecer outras condições para a suspensão condicional do
processo, além das previstas nos incisos I a IV do § 1º do art. 89 da legislação
de regência, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do acusado.
2. Não há óbice legal, segundo o art. 89, § 2º, da Lei n. 9.099/1995, a que o réu
assuma obrigações equivalentes, do ponto de vista prático, a penas restritivas de
direitos (tais como a prestação de serviços comunitários ou a prestação
pecuniária), visto que tais condições são apenas alternativa colocada à sua
disposição para evitar sua sujeição a um processo penal e cuja aceitação depende
de sua livre vontade.
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3. Agravo regimental não provido.(AgRg no RHC 83.810/PR, Rel. Ministro
ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 17/08/2017, DJe
29/08/2017)
Causas de revogação da suspensão condicional do processo
As causas de revogação da suspensão condicional do processo são
divididas em 2 (duas) espécies: obrigatória e facultativa
Causas de revogação obrigatória do sursis processual (art. 89, § 3º, da
Lei 9099/95), ou seja, a suspensão condicional do processo será revogada:
A) Se, no curso do prazo do sursis processual, o acusado vier a
ser processado por outro crime;
B) Se, no curso do prazo do sursis processual, o acusado não
efetuar, sem motivo justificado, a reparação do dano;Causas de revogação facultativa do sursis processual (art. 89, § 3º, da
Lei 9099/95), ou seja, a suspensão condicional do processo poderá ser revogada:
A) Se, no curso do prazo do sursis processual, o acusado vier a ser
processado por contravenção penal;
B) Se, no curso do prazo do sursis processual, o acusado
descumprir qualquer outra condição imposta. Vale dizer, se o
acusado não obedecer às condições judiciais (art. 89, §2º, da Lei
9099/95), ou seja, aquelas impostas pelo magistrado, que deverão
ser adequadas ao fato e à situação pessoal do acusado.
Questão: É possível a revogação (obrigatória ou facultativa) da suspensão
condicional do processo depois de expirado o período de prova?
A resposta é afirmativa, desde que o fato ensejador da revogação tiver
ocorrido durante o período de prova e ainda não tiver sido produzida a decisão
de extinção da punibilidade (art. 89, §5º, da Lei 9099/9567), eis que, nessa última
hipótese, existiria a formação da coisa julgada material, o que impede o
restabelecimento do processo, sob pena de malferir o art. 5, XXXVI, da
67 Art. 89, §5º, da Lei 9099/95: Expirando o prazo sem revogação, o juiz declarará extinta a
punibilidade.
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Constituição Federal68. Exemplo: Encerrado o período de prova, porém antes de
o magistrado declarar extinta a punibilidade chega ao seu conhecimento a
existência de um processo criminal em desfavor do acusado instaurado durante
o período da suspensão. Essa posição também é a do Superior Tribunal de
Justiça:
PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS
SUBSTITUTIVO DE RECURSO
PRÓPRIO.INADEQUAÇÃO. CRIME AMBIENTAL.
SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO.
DESCUMPRIMENTO DE CONDIÇÃO IMPOSTA.
REPARAÇÃO DO DANO. REVOGAÇÃO DA BENESSE APÓS O DECURSO DO
PERÍODO DE PROVA. POSSIBILIDADE. WRIT NÃO CONHECIDO.
1. Esta Corte e o Supremo Tribunal Federal pacificaram orientação no sentido de
que não cabe habeas corpus substitutivo do recurso legalmente previsto para a
hipótese, impondo-se o não conhecimento da impetração, salvo quando
constatada a existência de flagrante ilegalidade no ato judicial impugnado.
2. A jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça está consolidada no sentido
de que o benefício da suspensão condicional do processo pode ser revogado após
o período de prova, desde que o fato que a ensejou tenha ocorrido antes do
término de tal lapso temporal.
3. No caso, o paciente foi intimado a comprovar o cumprimento da condição
imposta para a suspensão condicional do processo, qual seja, a reparação do
dano ambiental por ele causado, tendo permanecido silente, o que justificou a
revogação do benefício do art. 89 da Lei n. 9.099/1995 e o prosseguimento da
persecução penal.
4. Writ não conhecido.(HC 350.480/RS, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA
TURMA, julgado em 27/02/2018, DJe 05/03/2018)
É crucial destacar ainda que o Superior
Tribunal de Justiça tem entendimento no
sentido de que o beneficiário deve ser
intimado previamente para justificar o motivo do descumprimento das condições,
antes da revogação do sursis processual. Vejamos.
RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS.
CRIME AMBIENTAL. ART. 39 DA LEI 9.605/98.
REVOGAÇÃO DA SUSPENSÃO CONDICIONAL
DO PROCESSO APÓS O FIM DO PERÍODO DE
PROVA. POSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE
68 Art. 5º, XXXVI, da CF: a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa
julgada.
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INTIMAÇÃO DO RECORRENTE OU DE SUA DEFESA PARA JUSTIFICAR O
DESCUMPRIMENTO DAS CONDIÇÕES IMPOSTAS. CONSTRANGIMENTO
ILEGAL CONFIGURADO. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
I - A Terceira Seção desta Corte Superior, ao julgar o REsp 1498034/RS, sob a
égide dos recursos repetitivos, fixou a tese de que "Da exegese do § 4º do art.
89 da Lei n. 9.099/1995 ("a suspensão poderá ser revogada se o acusado vier a
ser processado, no curso do prazo, por contravenção, ou descumprir qualquer
outra condição imposta), constata-se ser viável a revogação da suspensão
condicional do processo ante o descumprimento, durante o período de prova, de
condição imposta, mesmo após o fim do prazo legal." (REsp 1498034/RS,
Terceira Seção, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, DJe 02/12/2015, grifei).
II - Em outra vertente, muito embora seja possível a revogação da suspensão
condicional do processo após o fim do período de prova, é necessário oportunizar
à Defesa a manifestação acerca do pedido formulado pelo Ministério Público.
Precedentes.
III - In casu, não houve intimação prévia do recorrente a fim de justificar o
descumprimento das condições, antes da revogação do sursis processual,
configurando o constrangimento ilegal apontado pela Defesa.
Recurso ordinário parcialmente provido para anular a decisão do Juízo de 1º grau
que revogou a suspensão condicional do processo, determinando-se a prévia
intimação do recorrente e de sua Defesa para que possam se manifestar acerca
dos motivos que ensejaram o descumprimento das condições impostas.
(RHC 84.930/RS, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em
03/04/2018, DJe 06/04/2018)
Suspensão condicional do processo em crimes ambientais
Com o objetivo de assegurar a reparação do dano ambiental, o art. 28 da
Lei 9605/95 (Lei dos Crimes Ambientais) preconiza que o sursis processual
também tem aplicação aos crimes de médio potencial ofensivo previsto na
supracitada Lei, todavia com as seguintes modificações:
I - a declaração de extinção de punibilidade, de que trata o art. 89, § 5°, da
Lei 9099/95, dependerá de laudo de constatação de reparação do dano
ambiental, ressalvada os casos de comprovada impossibilidade;
II - na hipótese de o laudo de constatação comprovar não ter sido completa
a reparação, o prazo de suspensão do processo será prorrogado, até o período
máximo de 4 (quatro) anos, acrescido de mais um ano, com suspensão do prazo
da prescrição;
III - no período de prorrogação, não se aplicarão as condições de proibição
de frequentar determinados lugares, de se ausentar da comarca sem autorização
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do juiz e de comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para
informar e justificar suas atividades;
IV - findo o prazo de prorrogação, proceder-se-á à lavratura de novo laudo
de constatação de reparação do dano ambiental, podendo, conforme seu
resultado, ser novamente prorrogado o período de suspensão, até o máximo de
5 anos, e dispensa das condições de proibição de frequentar determinados
lugares, de se ausentar da comarca sem autorização do juiz e de comparecimento
pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas
atividades;
V - esgotado o prazo máximo de prorrogação, a declaração de extinção de
punibilidade dependerá de laudo de constatação que comprove ter o acusado
tomado as providências necessárias à reparação integral do dano. Vale dizer,
transcorrido o prazo máximo de prorrogação (10 anos), será realizado um
terceiro (e último) laudo de constatação de reparação do dano ambiental. 2
situações podem ocorrer:
1) Comprovada a integral reparação do dano ambiental: o juiz declara
extintaa punibilidade (art. 89, §5º, da Lei 9099/95)
2) Restar incompleta a reparação do dano ambiental: a) Se o juiz
entender que o beneficiário tomou todas as providências ao seu alcance para
a integral reparação do dano, o juiz declarará extinta a punibilidade, ainda que
não tenha ocorrido a restauração completa do dano ambiental; b) Se o juiz
entender que o beneficiário não envidou os esforços necessários para reparar
integralmente o dano ambiental, deve o magistrado revogar o sursis processual
e seguir o curso normal do processo.
Extinção da punibilidade. Se o beneficiário cumprir todas as condições
(legais e judiciais) impostas durante o período de prova, sem que tenha ocorrido
a revogação, o magistrado declara extinta a punibilidade, nos exatos termos do
art. 89, § 5º, da Lei 9099/9569. Lembre-se que o sursis processual não gera
reconhecimento de culpa, tampouco configura maus antecedentes, enfim, não
produz efeito na esfera criminal.
Suspensão do prazo prescricional. Dispõe o art. 89, 6º, da Lei 9099/95
que não correrá a prescrição durante o prazo de suspensão do processo. A
suspensão do prazo prescricional tem início no dia da decisão que suspende o
processo e volta a correr da data da decisão que revoga o sursis processual.
Estamos diante de uma causa suspensiva do prazo prescricional não contemplada
no art. 116 do Código Penal. OBS: Suspender o prazo prescricional significa
69 Art. 89, §5º, da Lei 9099/95: Expirando o prazo sem revogação, o juiz declarará extinta a
punibilidade.
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computar no prazo prescricional todo o tempo decorrido antes da causa
ensejadora da suspensão da prescrição.
Não aceitação do sursis processual. Se o acusado não aceitar a proposta
da suspensão condicional do processo, o processo prosseguirá em seus ulteriores
termos (art. 89, §6º, da Lei 9099/95).
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12 – Caráter retroativo da Lei 9099/95
Estabelece o art. 90 da Lei nº 9099/95:
Conforme estabelece o art. 2º do Código de Processo Penal, as normas
processuais têm aplicação imediata, sem prejuízo da validade dos atos realizados
sob a vigência da lei anterior.
O art. 90 da Lei 9099/95, por sua vez, determinou que a Lei do JECRIM não
teria incidência nos processos penais cuja instrução já havia sido iniciada.
Ocorre que a Lei 9099/95 é considerada uma norma processual mista
ou híbrida, isto é, além de conter regras de natureza genuinamente processual,
também reúne dispositivos de cunho material (exemplo: art. 88 da Lei nº
9099/95 que exige representação, condição específica da ação penal, para os
crimes de lesões corporais leves e lesões culposas70. Nos casos em que a Lei
9099/95 exigiu representação para a propositura da ação penal pública, o
ofendido ou seu representante legal seria intimado para oferecê-la no prazo de
trinta dias, sob pena de decadência – art. 91 da Lei 9099/9571). Assim, por
exemplo, as normas que regulam o procedimento sumaríssimo do JECRIM têm
incidência do comando do art. 2º do CPP, pois seu conteúdo é essencialmente
processual.
Questão: As normas com caráter material inseridas na lei 9099/95
retroagem?
O Supremo Tribunal Federal firmou entendimento de que as normas de
conteúdo material inseridas na Lei 9099/95 têm efeito retroativo, por serem mais
70 Art. 88 da Lei 9099/95: Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá
de representação a ação penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas.
OBS: Contravenção penal de vias de fato (art. 21 do Decreto-Lei 3688/41) não sofreu qualquer
alteração com o advento da Lei 9099/95. Vale dizer, tal contravenção penal permanece sendo
pública incondicionada, por força do art. 17 da Decreto-lei 3688/41. Esse também é o
entendimento do STJ (RHC 47253/MS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em
04/12/2014).
71 Na hipótese do art. 91 da Lei 9099/95 a representação funciona como condição de
prosseguibilidade da ação penal, ou seja, como requisito para o prosseguimento da ação penal.
Não confunda com condição de procedibilidade da ação penal, isto é, condição para deflagrar a
ação penal.
Art. 90 da Lei 9099/95: As disposições desta Lei não se aplicam aos processos
penais cuja instrução já estiver iniciada.
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benéficas ao acusado, aplicando-se, no ponto, o previsto no art. 5º, XL, da
Constituição Federal72 (ADI 1719-9, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgado
18/06/2007).
(CESPE/Delegado de Polícia de Mato Grosso/2017)
Quando da entrada em vigor da Lei 9099/95, que dispõe sobre os
juizados especiais cíveis e criminais, foi imposta como condição de
procedibilidade a representação do ofendido nos casos de lesão corporal leve ou
culposa. Nas ações em andamento à época, as vítimas foram notificadas a se
manifestar quanto ao prosseguimento ou não dos feitos. Nesse caso, o critério
adotado no que se refere às leis processuais no tempo foi o da:
a) interpretação extensiva;
b) retroatividade;
c) territorialidade;
d) extraterritorialidade;
e) irretroatividade.
A alternativa correta é a letra B. Lembre-se que norma processual híbrida,
por apresentar também natureza de direito material, retroage para alcançar
fatos praticados antes de sua vigência se for para beneficiar o acusado, como
ocorre no caso concreto. Cuida-se da adoção do princípio da retroatividade da lei
penal mais benéfica (art. 5º, XL, da CF).
72 Art. 5º, XL, da CF: a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
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13 – Aplicação subsidiária do CP e do CPP na esfera
dos Juizados Especiais Criminais
Prevê o art. 92 da Lei nº 9099/95:
No silêncio da Lei especial (Lei 9099/95) sobre determinado assunto,
aplica-se, de modo subsidiário, o previsto no Código Penal e no Código
de Processo Penal (regras gerais). É a adoção do princípio da especialidade
consagrado no art. 12 do Código Penal (As regras gerais deste Código aplicam-
se aos fatos incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo diverso).
Art. 92 da Lei 9099/95: Aplicam-se subsidiariamente as disposições dos
Códigos Penal e de Processo Penal, no que não forem compatíveis com essa
Lei.
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14 – Disposições finais
Vamos comentar os principais dispositivos legais desse capítulo
(Disposições Finais da Lei 9099/95), a saber:Compete aos Estados-Membros editarem leis para cuidar da organização,
composição e competência do Juizado Especial Criminal, não podendo, em
hipótese alguma, tais leis estaduais entrarem conflito com o previsto na Lei
9099/95.
A lei prevê a criação de Juizados Especiais Criminais Itinerantes, com o
escopo de levar o sistema de justiça a todos os locais do território nacional. Nota-
se ainda que o JECRIM itinerante não se limita às áreas rurais ou locais de menor
concentração populacional, devendo alcançar também lugares em que há
carência de distribuição de justiça.
Art. 93 da Lei nº 9099/95: Lei estadual disporá sobre o sistema de Juizados
Especiais Cíveis e Criminais, sua organização, composição e competência.
Art. 94 da Lei nº 9099/95: Os serviços de cartório poderão ser prestados, e
as audiências realizadas fora da sede da Comarca, em bairros ou cidades a ela
pertencentes, ocupando instalações de prédios públicos, de acordo com
audiências previamente anunciadas. Lei estadual disporá sobre o sistema de
Juizados Especiais Cíveis e Criminais, sua organização, composição e
competência.
Art. 95 da Lei nº 9099/95: Os Estados, Distrito Federal e Territórios criarão e
instalarão os Juizados Especiais no prazo de seis meses, a contar da vigência
desta Lei.
Parágrafo único. No prazo de 6 (seis) meses, contado da publicação desta Lei,
serão criados e instalados os Juizados Especiais Itinerantes, que deverão
dirimir, prioritariamente, os conflitos existentes nas áreas rurais ou nos locais
de menor concentração populacional. (Acréscimo feito lei 12.726/12)
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15 – Lista de Questões sem comentários
1. (VUNESP/Delegado de Polícia do Ceará/2015) Com relação aos Juizados
Especiais Criminais, instituídos pela Lei nº 9.099/95, pode-se afirmar que
a) têm competência para crimes e contravenções penais cuja pena máxima não
seja superior a um ano.
b) se o autor do fato não for localizado para sua citação pessoal, os autos serão
redistribuídos para o juízo comum.
c) têm competência para processar e julgar crime e contravenções penais que se
iniciam por ação penal pública, com exclusão das ações penais privadas.
d) não têm competência para processar e julgar réus reincidentes.
e) não têm competência para processar e julgar delitos praticados com violência
ou ameaça à pessoa.
2. (CESPE/Defensor Público Federal/2007). Analise o item abaixo:
A prática de conduta delituosa, com causa de aumento de pena, deve ser
considerado o acréscimo, em adição a pena em abstrato, para efeito da concessão
da suspensão condicional do processo.
3. (CESPE/ Defensor Público do Acre/ 2017) De acordo com a Lei 9099/95 e com
o entendimento doutrinário e jurisprudencial dominantes, a proposta de
transação penal:
a) configura hipótese de retratação da ação penal já oferecida;
b) é cabível nos crimes de ação penal privada, caso não haja prévia composição
dos danos cíveis.
c) deve ser ofertada, de ofício, pelo juiz ao autor do crime quando não tiver sido
apresentada pelo MP.
d) depende de consentimento prévio do ofendido ou de quem o represente na
ação penal pública condicionada à representação.
e) prescinde da presença de defensor público para a aceitação pelo autor do fato.
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4. (IBADE/ Delegado de Polícia do Acre/2017):
Nas infrações penais de menor potencial ofensivo, ao autor do fato que, após
a lavratura do termo, for imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir
o compromisso de a ele comparecer, não se imporá prisão em flagrante, nem
se exigirá fiança.
5. (FCC/Juiz Substituto de Pernambuco/2011) A suspensão condicional do
processo prevista no art. 89 da Lei no 9.099/95:
a) é aplicável tão-somente às infrações de menor potencial ofensivo.
b) é cabível na desclassificação do crime e na procedência parcial da pretensão
punitiva, segundo entendimento sumulado do Superior Tribunal de Justiça.
c) exige necessariamente a reparação do dano.
d) é cabível no crime continuado, ainda que a soma da pena mínima da infração
mais grave com o aumento mínimo de um sexto seja superior a um ano, conforme
súmula do Supremo Tribunal Federal.
e) conduz à absolvição se expirado o prazo sem revogação.
6. (FUNDEP/Promotor de Justiça de Minas Gerais/2017) O juizado especial
criminal julga as infrações penais de menor potencial ofensivo, prorrogando
sua competência nos casos de concurso de infrações que eventualmente
ultrapassem a pena cominada de 2 (dois) anos.
_______________________________________________________________
7. (FGV -OAB 2011.1) À luz da lei que dispõe sobre os Juizados Especiais
Criminais (Lei 9.099/95), assinale a alternativa correta.
a) A competência do juizado será determinada pelo lugar em que se consumar a
Infração penal
b) A citação será pessoal e se fará no próprio juizado, sempre que possível, ou
por edital.
c) O instituto da transação penal pode ser concedido pelo juiz sem a anuência do
Ministério Público.
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d) Tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso
de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena
restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta.
_______________________________________________________________
8. (MPE/RS/ Promotor de Justiça do Rio Grande do Sul/2017) Petrônio, réu em
processo por furto simples, reúne todos os pressupostos legais permissivos da
suspensão condicional do processo. Ainda assim, fundamentadamente, o
Promotor de Justiça deixa de oferecer-lhe o benefício. Nesse caso, dissentindo do
membro do Ministério Público, deve o Juiz:
a) remeter os autos ao Procurador-Geral de Justiça, aplicando-se por analogia o
art. 28 do Código de Processo Penal.
b) conceder o benefício de ofício, já que se trata de direito subjetivo do réu.
c) comunicar a Corregedoria-Geral do Ministério Público face o comportamento
do Promotor de Justiça.
d) solicitar ao Procurador-Geral de Justiça que designe outro membro do
Ministério Público para reexaminar os autos.
e) remeter os autos para as Turmas Recursais do Juizado Especial Criminal.
_______________________________________________________________
9. (CESPE/Defensor Público de Pernambuco/2018 - Adaptada) Acerca dos
procedimentos nos juizados especiais criminais, assinale a opção correta.
A) A citação do acusado pode se dar por edital, não havendo deslocamento da
competência para o juízo criminal comum.
B) No caso de causa complexa, haverá o deslocamento da competência para o
juízo criminal comum, mantendo-se o procedimento sumaríssimo.
C) A medida processual cabível contra a decisão que rejeitar a denúncia ou a
queixa-crime será o recurso em sentido estrito, que deverá ser interposto no
prazo de dez dias.
D) De acordo com o STJ, no caso de ação penal privada, são aplicáveis os
benefícios da transação penal e da suspensão condicional do processo.
_______________________________________________________________
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10. (CESPE/Defensor Público de Alagoas/2017) Considerando a jurisprudência
dos tribunais superiores, assinale a opção correta relativa à suspensão
condicional do processo.
A) O juiz fixará a suspensão condicional do processo pelo prazo de um a três
anos, podendo revogá-la a qualquer tempo, se o beneficiário do sursis vier a ser
processado por outro crime.
B) O juiz não poderá revogar a suspensão condicional do processo se o
beneficiário do sursis vier a ser processado por contravenção penal.
C)Tratando-se de crimes de ação penal pública, somente o Ministério Público é
legitimado a ofertar a suspensão condicional do processo.
D)Como o sursis processual é ato discricionário, caso o promotor de justiça não
proponha a suspensão condicional do processo, restará ao juiz dar-lhe
continuidade.
E) A suspensão condicional do processo depende exclusivamente do
preenchimento dos requisitos objetivos fixados para o reconhecimento de
infrações de menor potencial ofensivo.
_______________________________________________________________
11. (CONSULPLAN/ Titular de Serviços de Notas e Registros de Minas
Gerais/2017)
No que concerne aos Juizados Especiais Criminais - Lei nº. 9.099/1995, é
correto afirmar que impede a transação penal:
A) A condenação definitiva anterior pela prática de crime, independentemente
da pena imposta.
B) A condenação definitiva anterior à pena de multa pela prática de crime.
C) A condenação anterior ainda não definitiva à pena de reclusão.
D) A condenação definitiva anterior à pena de detenção.
_______________________________________________________________
12. (CESPE/Delegado de Polícia de Mato Grosso/2017) Quando da entrada em
vigor da Lei 9099/95, que dispõe sobre os juizados especiais cíveis e criminais,
foi imposta como condição de procedibilidade a representação do ofendido nos
casos de lesão corporal leve ou culposa. Nas ações em andamento à época, as
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vítimas foram notificadas a se manifestar quanto ao prosseguimento ou não dos
feitos. Nesse caso, o critério adotado no que se refere às leis processuais no
tempo foi o da:
a) interpretação extensiva;
b) retroatividade;
c) territorialidade;
d) extraterritorialidade;
e) irretroatividade.
_______________________________________________________________
13. (VUNESP/Defensor Público de Rondônia/ 2017). Nos Juizados Especiais
Criminais,
A) da decisão de rejeição da denúncia ou queixa e da sentença caberá apelação,
que poderá ser julgada por turma composta de três Juízes em exercício no
primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado.
B) a competência do Juizado será determinada pelo lugar em que foi consumada
a infração penal.
C) a apelação será interposta no prazo de cinco dias, contados da ciência da
sentença pelo Ministério Público, pelo réu e seu defensor, por petição escrita, da
qual constarão as razões e o pedido do recorrente.
D) o processo perante o Juizado Especial orientar-se-á pelos critérios da
oralidade, informalidade, economia processual e celeridade, objetivando, sempre
que possível, a reparação dos danos sofridos pela vítima e a aplicação de pena
privativa de liberdade.
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E) consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo apenas e tão
somente os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos,
cumulada ou não com multa.
_____________________________________________________________
14. (VUNESP/Juiz de Direito de São Paulo/2017) A suspensão condicional do
processo é
A) inadmissível, em qualquer caso, se a lesão corporal for praticada contra
ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva
ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações
domésticas, de coabitação ou de hospitalidade.
B) admissível nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, mas a
declaração de extinção da punibilidade dependerá de laudo de constatação de
reparação do dano ambiental, salvo impossibilidade de fazê-lo, permitida a
prorrogação do prazo, se incompleta a reparação, com suspensão da prescrição.
C) aplicável em relação às infrações penais cometidas em concurso de crimes,
excetuado o concurso material, quando a pena mínima cominada, pela incidência
da majorante, não ultrapassar o limite de um (1) ano.
D) cabível na desclassificação do crime e na procedência parcial da pretensão
punitiva, se reunidos os pressupostos legais permissivos, com remessa
necessária da questão ao Procurador Geral de Justiça, ainda que ausente
dissenso, aplicando-se por analogia o art. 28 do Código de Processo Penal.
_______________________________________________________________
15. (VUNESP/ Juiz de Direito de São Paulo) No tocante aos juizados especiais
criminais, é correto afirmar que
a) cabe recurso especial, mas não extraordinário, contra decisão proferida por
turma recursal.
b)cabe revisão criminal de decisão do juizado especial e, por expressa disposição
legal, compete à turma recursal julgá-la.
c) compete ao Supremo Tribunal Federal o julgamento de habeas corpus contra
decisão de turma recursal.
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d) compete à turma recursal processar e julgar o mandado de segurança contra
ato de juizado especial.
_______________________________________________________________
16. (VUNESP/ Juiz de Direito de São Paulo/2015) A sentença de transação
penal, nos termos do artigo 76, parágrafo 5º, da Lei nº 9.099/95, tem as
seguintes características:
A) tem natureza homologatória e não faz coisa julgada material.
B) tem natureza condenatória e gera eficácia de coisa julgada apenas material.
C) possui natureza condenatória e gera eficácia de coisa julgada formal e
material.
D) possui natureza absolutória e não faz coisa julgada formal e material.
_______________________________________________________________
17. (VUNESP/ Juiz de Direito de Mato Grosso do Sul/2015) No que se refere aos
Juizados Especiais Criminais, nos termos da Lei no 9.099/95, é correto afirmar
que da decisão
A) de rejeição da denúncia ou queixa caberá recurso em sentido estrito, que
poderá ser julgado por turma composta de três Juízes em exercício no primeiro
grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado e da sentença caberá apelação,
que será julgada necessariamente pela Câmara Especial do Tribunal de Justiça
do Mato Grosso do Sul, composta de três Desembargadores.
B) de rejeição da denúncia ou queixa caberá recurso em sentido estrito e da
sentença caberá apelação, que será julgada necessariamente pela Câmara
Especial do Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul, composta de três
Desembargadores.
C) de rejeição da denúncia ou queixa caberá recurso em sentido estrito e da
sentença caberá apelação, que poderá ser julgada por turma composta de três
Juízes em exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado.
D) de rejeição da denúncia ou queixa e da sentença caberá apelação, que será
julgada necessariamentepela Câmara Especial do Tribunal de Justiça do Mato
Grosso do Sul, composta de três Desembargadores.
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E) de rejeição da denúncia ou queixa e da sentença caberá apelação, que poderá
ser julgada por Turma composta de três Juízes em exercício no primeiro grau de
jurisdição, reunidos na sede do Juizado.
_______________________________________________________________
18. (CESPE/Delegado de Polícia de Goiás/2017). Analise o item abaixo:
Para a definição da competência do juizado especial criminal no concurso material
de crimes, a soma das penas máximas cominadas para cada crime não pode
exceder a dois anos.
_______________________________________________________________
19. (FUNDEP/Promotor de Justiça de Minas Gerais/2017) A ausência de coisa
julgada de transação penal permite retornar-se à situação anterior, possibilitando
ao Ministério Público o oferecimento de denúncia ou requisição de inquérito
policial, se forem descumpridas as cláusulas de acordo.
_______________________________________________________________
20. (IBADE/Delegado de Polícia do Acre/2017) No que concerne à legislação que
dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais (Lei 9099/95), pode-se
afirmar que:
a) A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo juiz
mediante sentença irrecorrível, não pode ser executado no juízo cível
competente.
b) a autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo
circunstanciado e o encaminhará em até 24 (vinte e quatro) horas ao Juizado,
com o autor do fato e a vítima, providenciando-se as requisições dos exames
periciais necessários.
c) ao autor do fato que, após a lavratura do termo circunstanciado, for
imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele
comparecer, não se imporá prisão em flagrante, podendo-se exigir fiança a
critério da autoridade policial.
d) consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos
desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima
não superior a 1(um) ano, cumulada ou não com multa.
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e) havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública
incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá
propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser
especificada na proposta.
_______________________________________________________________
21. (PUC-PR/Juiz de Direito Substituto de Mato Grosso do Sul/2012) Em relação
ao procedimento nos Juizados Especiais Criminais, é correto afirmar:
a) Após aberta a audiência e ofertada a palavra ao advogado defensor para
responder à acusação, o juiz, caso venha a receber a denúncia ou queixa,
designará imediatamente audiência, para a próxima data disponível na pauta,
para a qual todos serão intimados - o acusado e a vítima - imediatamente.
b) Torna-se imprescindível o inquérito policial prévio para oferecimento da
denúncia quando esta for embasada em registro de ocorrência policial.
c) O exame de corpo de delito é obrigatório, para qualquer crime que deixe
vestígio como forma de provar a materialidade delitiva.
d) É necessário mandado a ser cumprido por Oficial de Justiça para intimar
testemunhas.
e) Na ação penal de iniciativa pública, quando inexistir aplicação de pena, pela
ausência do noticiado ou pela inocorrência de transação penal, o representante
do Ministério Público oferecerá, de imediato, denúncia oral ao juiz, caso sejam
desnecessárias outras diligências.
_______________________________________________________________
22. (MPE-SC/Promotor de Justiça de Santa Catarina/2014). Analise o item a
seguir:
Segundo a Lei nº 9099/95, as suas disposições não se aplicam no âmbito da
Justiça Militar.
_______________________________________________________________
23. (VUNESP/ Juiz de Direito do Pará/2014) Acerca do rito sumaríssimo, são
regras procedimentais expressamente previstas na Lei nº 9099/95:
a) desnecessidade de relatório na sentença; impossibilidade de expedição de
cartas precatórias e rogatórias.
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b) possibilidade de oferecimento de denúncia oral; necessidade de apresentação
concomitante de interposição e razões em caso de apelação.
c) intimação das testemunhas por carta com aviso de recebimento pessoal;
desnecessidade de intimação das partes para o julgamento da apelação.
d) possibilidade de oferecimento de queixa oral; impossibilidade de nomeação de
assistente técnico.
e) impossibilidade de condução coercitiva de testemunha; impossibilidade de
embargos de declaração.
_______________________________________________________________
24. (MPE-RS/Promotor de Justiça do Rio Grande do Sul/2017) Assinale a
alternativa INCORRETA.
A) Não se admite oferta de proposta de transação se ficar comprovado ter sido o
autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena restritiva de direitos,
por sentença definitiva.
B) Os conciliadores no Juizado Especial Criminal são recrutados
preferencialmente entre bacharéis em Direito (art. 73, parágrafo único, da Lei n.
9099/95).
C) Da decisão que homologa proposta de transação (art. 76 da Lei n. 9099/95)
oferecida pelo Ministério Público e aceita pelo autor do fato, cabe recurso de
apelação.
D) Da decisão que rejeita a denúncia no Juizado Especial Criminal, cabe recurso
de apelação.
E) A não reparação do dano causado pelo crime, injustificada, é causa de
revogação da suspensão condicional do processo.
_______________________________________________________________
25. (CESPE- Juiz de Direito Substituto- MA/2013) De acordo com as normas que
regem os juizados especiais, assinale a opção correta.
a) A competência do juizado especial criminal é determinada pelo lugar em que
tenha sido praticada a infração penal, ou pelo lugar em que se tenha produzido
seu resultado.
b) Sempre que possível, a citação do autor do fato deverá ser feita pessoalmente
no próprio juizado, ou por mandado, e, não sendo ele encontrado para ser citado,
o juiz deverá encaminhar as peças existentes ao juízo criminal comum.
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c) Os atos processuais praticados nos juizados especiais criminais devem ser
públicos, podendo realizar-se em horário noturno, em qualquer dia da semana,
ressalvados domingos e feriados.
d) O instituto da transação penal não se aplica no âmbito da justiça militar, salvo
nos crimes militares próprios.
_______________________________________________________________
26. (MPF/Procurador da República/2013) Em relação aos juizados especiais
criminais assinale a alternativa correta:
a) infrações penais de menor potencial ofensivo admitem suspensão condicional
do processo, mas não transação penal;
b) Quando o representante do Ministério Público verificar, no termo
circunstanciado, que não há informaçõessuficientes ao oferecimento da
denúncia, deve propor transação penal;
c) Compete ao Tribunal Regional Federal julgamento de habeas corpus impetrado
contra decisão singular do juiz do juizado especial criminal;
d) A lei 9099/95 prevê recurso de apelação da decisão que rejeitar a denúncia.
_______________________________________________________________
27. (FCC - Promotor de Justiça - PE/2014) No que toca à composição dos danos
civis nos juizados especiais criminais, possível assegurar que
a) não implica decadência o não oferecimento da representação na audiência
preliminar, se não obtido o acordo.
b) é incabível na ação penal pública incondicionada.
c) é cabível apenas na ação penal privada e, se operada, conduz à absolvição.
d) é cabível apenas na ação penal pública condicionada e, se operada, conduz à
extinção da punibilidade pela renúncia ao direito de representação.
e) conduz à extinção da punibilidade pelo perdão aceito nos crimes de ação
privada.
_______________________________________________________________
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28. (IBADE/Delegado de Polícia do Acre/2017) No crime de lesão corporal no
âmbito de violência doméstica contra a mulher, a autoridade policial, lavrará o
termo circunstanciado, porém este não será encaminhado ao juizado especial
criminal e sim ao juizado de violência doméstica familiar.
_______________________________________________________________
29. (FCC - Defensor Público do Paraná/2012) Marcelino, primário e de bons
antecedentes, é denunciado pelo crime de furto simples, oportunidade em que é
citado para responder aos termos da acusação. Neste caso, de acordo com o
entendimento jurisprudencial dominante no Supremo Tribunal Federal e com
base na Lei nº 9.099/95,
a) na ausência de proposta de suspensão condicional do processo, deve o juiz
aplicar analogicamente o art. 28 do CPP.
b) a proposta de suspensão condicional do processo é ato privativo do Ministério
Público e o crime de furto, por não ser da competência do Juizado Especial
Criminal, não comporta o oferecimento do sursis processual.
c) caso seja oferecida a proposta de sursis processual, o processo ficará suspenso
pelo período de 1 (um) ano, devendo o acusado, durante o período de prova,
observar as condições estabelecidas na proposta.
d) a suspensão será revogada se, no curso do processo, o beneficiário vier a ser
processado por contravenção.
e) a prescrição será interrompida durante o prazo da suspensão condicional do
processo.
_______________________________________________________________
30. (FCC/Consultor Legislativo da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul/
2016) À luz da Lei n° 9.099/95, presentes os demais requisitos legais
necessários, poderá ser beneficiado com a transação penal
A) Ricardo, que cometeu crime de sequestro e cárcere privado, com pena prevista
de 1 a 3 anos de reclusão.
B) Moisés, que cometeu crime de contrabando, com pena prevista de 2 a 5 anos
de reclusão.
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C) Talita, que cometeu crime de estelionato, com pena prevista de 1 a 5 anos de
reclusão.
D) Manoel, que cometeu crime de resistência, com pena prevista de 6 meses a 2
anos de detenção.
E) Paulo, que cometeu crime de ordenação de despesa não autorizada, com pena
prevista de 1 a 4 anos de reclusão.
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18 – Lista de Questões com comentários
1. (VUNESP/Delegado de Polícia do Ceará/2015) Com relação aos Juizados
Especiais Criminais, instituídos pela Lei nº 9.099/95, pode-se afirmar que
a) têm competência para crimes e contravenções penais cuja pena máxima não
seja superior a um ano.
b) se o autor do fato não for localizado para sua citação pessoal, os autos serão
redistribuídos para o juízo comum.
c) têm competência para processar e julgar crime e contravenções penais que se
iniciam por ação penal pública, com exclusão das ações penais privadas.
d) não têm competência para processar e julgar réus reincidentes.
e) não têm competência para processar e julgar delitos praticados com violência
ou ameaça à pessoa.
Comentário: A alternativa correta é a letra B. Motivo: Em caso de
impossibilidade de citação pessoal do acusado, os autos serão encaminhados
ao Juízo Comum para a adoção do rito sumário (art. 538 do CPP). Lembre-se
que não existe citação por edital no Juizado Especial Criminal (art. 66,
parágrafo único, da Lei 9099/95.
Alternativa A está errada: De acordo com o art. 61 da Lei 9099/95, é de
competência do JECRIM as infrações penais de menor potencial ofensivo, cuja
pena máxima não seja superior a 2 anos.
Alternativa C está errada: Os crimes de ação penal de iniciativa privada não estão
excluídos da competência do JECRIM. A competência do Juizado não é
determinada pela competência pela natureza da ação penal, mas sim pelo
máximo da pena cominada ao delito (2 anos).
Alternativa D está errada: Não há qualquer relação entre reincidentes e a
competência do JECRIM.
Alternativa E está errada: Salvo os crimes cometidos no âmbito da violência
doméstica e familiar contra a mulher (art. 41 da Lei 9099/95), não há qualquer
óbice para o JECRIM julgar delito cometido com violência ou grave ameaça, cuja
pena máxima não seja superior a 2 anos. Exemplo: Delito de ameaça (art. 147
do CP).
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2. (CESPE/Defensor Público Federal/2007). Analise o item abaixo:
“A prática de conduta delituosa, com causa de aumento de pena, deve ser
considerado o acréscimo, em adição a pena em abstrato, para efeito da concessão
da suspensão condicional do processo.
Comentário: O item está correto. Motivo: O acréscimo advindo da causa
de aumento deve ser levado em conta para a análise da suspensão condicional
do processo. Essa conclusão deriva de 2 súmulas. Súmula 243 do STJ: O
benefício da suspensão do processo não é aplicável em relação às infrações
penais cometidas em concurso material, concurso formal ou continuidade
delitiva, quando a pena mínima cominada, seja pelo somatório, seja pela
incidência da majorante, ultrapassar o limite de um (01) ano. Súmula 723 do
STF: Não se admite a suspensão condicional do processo por crime continuado,
se a soma da pena mínima da infração mais grave com o aumento mínimo de um
sexto for superior a um ano.
3. (CESPE/ Defensor Público do Acre/2017) De acordo com a Lei 9099/95 e com
o entendimento doutrinário e jurisprudencial dominantes, a proposta de
transação penal:
a) configura hipótese de retratação da ação penal já oferecida;
b) é cabível nos crimes de ação penal privada, caso não haja prévia composição
dos danos cíveis.
c) deve ser ofertada, de ofício, pelo juiz ao autor do crime quando não tiver sido
apresentada pelo MP.
d) depende de consentimento prévio do ofendido ou de quem o represente na
ação penal pública condicionada à representação.e) prescinde da presença de defensor público para a aceitação pelo autor do fato.
Comentário: A alternativa correra é a letra B. Motivo: É perfeitamente
possível a transação penal nos crimes de ação penal de iniciativa privada,
sendo incumbência do querelante apresentar a proposta. Para que exista a
transação é necessário não ter ocorrido a prévia composição dos danos civis,
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situação essa que se presente acarretaria à renúncia ao direito de queixa-
crime.
Alternativa A está errada: A transação, que é um acordo firmado entre o titular
da ação penal e o autor dos fatos com o escopo de evitar a instauração do
processo criminal, não é hipótese de retratação de ação penal já oferecida.
Alternativa C está errada: O magistrado não pode de ofício apresentar proposta
de transação penal. Caso haja recursa do MP em apresentá-la deve o magistrado
encaminhar os autos ao Procurador-Geral, com invocação do artigo 28 do CPP
por analogia.
Alternativa D está errada: O ofendido não tem qualquer ingerência para a
efetivação da proposta de transação penal em crime de ação penal pública.
Alternativa E está errada: O art. 76, §3º, da Lei 9099/95 exige a presença de
defensor (público ou privado).
4. (IBADE/ Delegado de Polícia do Acre/2017):
Nas infrações penais de menor potencial ofensivo, ao autor do fato que, após
a lavratura do termo, for imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir
o compromisso de a ele comparecer, não se imporá prisão em flagrante, nem
se exigirá fiança.
Comentário: O item está correto, porquanto em perfeita sintonia com o
previsto no art. 69, parágrafo único, da Lei 9099/95.
5. (FCC/Juiz Substituto de Pernambuco/2011) A suspensão condicional do
processo prevista no art. 89 da Lei no 9.099/95:
a) é aplicável tão-somente às infrações de menor potencial ofensivo.
b) é cabível na desclassificação do crime e na procedência parcial da pretensão
punitiva, segundo entendimento sumulado do Superior Tribunal de Justiça.
c) exige necessariamente a reparação do dano.
d) é cabível no crime continuado, ainda que a soma da pena mínima da infração
mais grave com o aumento mínimo de um sexto seja superior a um ano, conforme
súmula do Supremo Tribunal Federal.
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e) conduz à absolvição se expirado o prazo sem revogação.
Comentários: A alternativa correta é a letra B. Aliás, é a redação da Súmula
337 do STJ: É cabível a suspensão condicional do processo na desclassificação do
crime e na procedência parcial da pretensão punitiva.
Alternativa A está errada: O instituto despenalizador aplica-se não só aos crimes
de menor potencial ofensivo, mas também aos delitos de médio potencial
ofensivo, conforme conclusão decorrente do art. 89, caput, da Lei 9099 (nos
crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a 1 (um) ano,
abrangidas ou não por esta Lei)
Alternativa C está errada: É condição obrigatória (legal) para a concessão do
sursis processual a reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo (art. 89,
§1º, I, da Lei 9099/95)
Alternativa D está errada: A súmula 723 do STF preconiza que não se admite a
suspensão condicional do processo por crime continuado, se a soma da pena
mínima da infração mais grave com o aumento mínimo de 1/6 (um sexto) for
superior a 1 (um) ano.
Alternativa E está errada: Expirando o prazo sem revogação, o Juiz declarará
extinta a punibilidade e não confeccionará uma sentença absolutória (art. 89, §
5º, da Lei 9099/95).
6. (FUNDEP/Promotor de Justiça de Minas Gerais/2017) O juizado especial
criminal julga as infrações penais de menor potencial ofensivo, prorrogando
sua competência nos casos de concurso de infrações que eventualmente
ultrapassem a pena cominada de 2 (dois) anos.
Comentário: O item está errado. Se o somatório das penas máximas em
abstrato dos crimes em concurso ultrapassarem o limite legal de 2 anos,
exsurgirá a competência do Juízo comum para o processamento e julgamento
da ação penal. Em outras palavras, o JECRIM não terá competência para tanto.
_______________________________________________________________
7. (FGV -OAB 2011.1) À luz da lei que dispõe sobre os Juizados Especiais
Criminais (Lei 9.099/95), assinale a alternativa correta.
a) A competência do juizado será determinada pelo lugar em que se consumar a
Infração penal
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b) A citação será pessoal e se fará no próprio juizado, sempre que possível, ou
por edital.
c) O instituto da transação penal pode ser concedido pelo juiz sem a anuência do
Ministério Público.
d) Tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso
de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena
restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta.
Comentário: A alternativa correta é a letra D, segundo determina o art.
76, caput, da Lei 9099/95: Havendo representação ou tratando-se de crime
de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o
Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de
direitos, a ser especificada na proposta.
A alternativa A está errada. O art. 63 da Lei 9099/95 determina que a
competência do juizado será determinada pelo lugar em que foi praticada a
infração penal. Repare que a Lei do JECRIM não adotou o mesmo critério
previsto no art. 70, caput, do CPP (local onde o delito se consumou).
A alternativa B está errada. Não há que se falar em citação por edital no
JECRIM. Em caso de impossibilidade de citação pessoal, os autos serão
encaminhados ao Juízo comum, que adotará o rito sumário (art. 538 do CPP)
A alternativa C está errada. Segundo determina o art. 76 da Lei 9099/95, a
proposta de transação penal é formulada pelo Ministério Público nos casos de
crimes de ação penal pública. O juiz não pode conceder de ofício a proposta
de transação penal. Assim, em caso de recusa do membro do MP, o magistrado
deve, por analogia, aplicar o princípio da devolução consagrado no art. 28 do
CPP.
_______________________________________________________________
8. (MPE/RS/ Promotor de Justiça do Rio Grande do Sul/2017) Petrônio, réu em
processo por furto simples, reúne todos os pressupostos legais permissivos da
suspensão condicional do processo. Ainda assim, fundamentadamente, o
Promotor de Justiça deixa de oferecer-lhe o benefício. Nesse caso, dissentindo do
membro do Ministério Público, deve o Juiz:
a) remeter os autos ao Procurador-Geral de Justiça, aplicando-se por analogia o
art. 28 do Código de Processo Penal.
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b) conceder o benefício de ofício, já que se trata de direito subjetivo do réu.
c) comunicar a Corregedoria-Geral do Ministério Público face o comportamento
do Promotor de Justiça.
d) solicitar ao Procurador-Geral de Justiça que designe outro membro do
Ministério Público parareexaminar os autos.
e) remeter os autos para as Turmas Recursais do Juizado Especial Criminal.
Comentário: A alternativa correta é a letra A. Se o juiz discorda do
posicionamento do membro do Ministério Público acerca do não oferecimento da
proposta da suspensão condicional do processo, aplica-se, por analogia, o art. 28
do CPP, ou seja, os autos são encaminhados ao Procurador-Geral que deliberará
sobre a formulação, ou não, da proposta de sursis processual. Lembre-se que na
esfera federal, o magistrado deve encaminhar os autos para a Câmara de
Coordenação e Revisão do MPF.
A alternativa B está errada. Motivo: O magistrado não pode conceder de ofício o
sursis processual.
A alternativa C está errada. Motivo: Os autos não devem ser encaminhados à
Corregedoria-Geral do MP, pois não houve falta funcional do integrante do
Parquet.
A alternativa D está errada. Motivo: A deliberação acerca da formulação, ou não,
da suspensão condicional do processo é do chefe da Instituição (Procurador-
Geral), segundo aplicação analógica do art. 28 do CPP.
A alternativa E está errada. Motivo: Os autos não devem ser encaminhados pelo
magistrado às Turmas Recursais, mas sim ao Procurador-Geral.
_______________________________________________________________
9. (CESPE/Defensor Público de Pernambuco/2018 - Adaptada) Acerca dos
procedimentos nos juizados especiais criminais, assinale a opção correta.
A) A citação do acusado pode se dar por edital, não havendo deslocamento da
competência para o juízo criminal comum.
B) No caso de causa complexa, haverá o deslocamento da competência para o
juízo criminal comum, mantendo-se o procedimento sumaríssimo.
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C) A medida processual cabível contra a decisão que rejeitar a denúncia ou a
queixa-crime será o recurso em sentido estrito, que deverá ser interposto no
prazo de dez dias.
D) De acordo com o STJ, no caso de ação penal privada, são aplicáveis os
benefícios da transação penal e da suspensão condicional do processo.
Comentário: A alternativa correta é a letra D. Os institutos despenalizadores
da transação penal e da suspensão condicional do processo também são
aplicáveis à ação penal de iniciativa privada, segundo jurisprudência do STJ (HC
147.251 e HC 187090).
A alternativa A está errada. Não existe citação por edital no JECRIM. Em caso de
impossibilidade de citação pessoal, os autos são encaminhados ao Juízo comum,
com adoção do rito sumário (art. 538 do CPP).
A alternativa B está errada. Em razão da complexidade da causa, os autos serão
encaminhados ao Juízo comum (art. 77, §2º, da Lei 9099/95), que adotará o rito
sumário (art. 538 do CPP).
A alternativa C está errada. No JECRIM é cabível o recurso de apelação da decisão
que rejeita a denúncia ou a queixa-crime (art. 82 da Lei 9099/95).
_______________________________________________________________
10. (CESPE/Defensor Público de Alagoas/2017) Considerando a jurisprudência
dos tribunais superiores, assinale a opção correta relativa à suspensão
condicional do processo.
A) O juiz fixará a suspensão condicional do processo pelo prazo de um a três
anos, podendo revogá-la a qualquer tempo, se o beneficiário do sursis vier a ser
processado por outro crime.
B) O juiz não poderá revogar a suspensão condicional do processo se o
beneficiário do sursis vier a ser processado por contravenção penal.
C)Tratando-se de crimes de ação penal pública, somente o Ministério Público é
legitimado a ofertar a suspensão condicional do processo.
D)Como o sursis processual é ato discricionário, caso o promotor de justiça não
proponha a suspensão condicional do processo, restará ao juiz dar-lhe
continuidade.
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E) A suspensão condicional do processo depende exclusivamente do
preenchimento dos requisitos objetivos fixados para o reconhecimento de
infrações de menor potencial ofensivo.
Comentário: A alternativa correta é a letra C. Nos crimes de ação penal
pública é o Ministério Público o órgão legitimado para propor o sursis processual
(art. 89, caput, da Lei 9099/95).
A alternativa A está errada, pois o período de prova no sursis processual varia de
2 a 4 anos. Além do mais, é causa de revogação obrigatória do referido instituto
despenalizador se o acusado vier a ser processado por outro delito (art. 89, §3º,
da Lei 9099/95).
A alternativa B está errada, é motivo de revogação facultativa o fato de o acusado
vier a ser processado por contravenção penal (art. 89, §4º, da Lei 9099/95).
A alternativa D está errada, pois o magistrado não pode conceder o sursis
processual de ofício. Assim, em caso de recusa do membro do MP, o juiz deve
encaminhar os autos ao Procurador-Geral, com adoção analógica do art. 28 do
CP.
A alternativa E está errada, haja vista que o sursis processual não se restringe
aos crimes de menor potencial ofensivo, mais sim aos delitos com pena mínima
igual ou inferior a 1 ano, abrangidas ou não pela Lei 9099/95.
_______________________________________________________________
11. (CONSULPLAN/ Titular de Serviços de Notas e Registros de Minas
Gerais/2017)
No que concerne aos Juizados Especiais Criminais - Lei nº. 9.099/1995, é
correto afirmar que impede a transação penal:
A) A condenação definitiva anterior pela prática de crime, independentemente
da pena imposta.
B) A condenação definitiva anterior à pena de multa pela prática de crime.
C) A condenação anterior ainda não definitiva à pena de reclusão.
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D) A condenação definitiva anterior à pena de detenção.
Comentário: A alternativa correta é a letra D. De acordo com o art. 76, §2º,
I, da Lei 9099/95, não se admitirá a proposta de transação penal se ficar
comprovado ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena
privativa de liberdade (reclusão/detenção), por sentença definitiva.
A alternativa A está errada, pois a apenas a pena privativa de liberdade impede
a transação penal. Vale dizer, se o agente tiver sido condenado anteriormente à
pena de multa, tal situação não será óbice para a transação penal.
A alternativa B está errada. Se o agente tiver sido condenado anteriormente à
pena de multa, tal situação não será óbice para a transação penal.
A alternativa C está errada, pois o art. 76, §2º, I, da Lei 9099/95 estabelece
como obstáculo apenas a condenação definitiva à pena de reclusão para não ser
oferecida a transação penal.
_______________________________________________________________
12. (CESPE/Delegado de Polícia de Mato Grosso/2017) Quando da entrada em
vigor da Lei 9099/95, que dispõe sobre os juizados especiais cíveis e criminais,
foi imposta como condição de procedibilidade a representação do ofendido nos
casos de lesão corporal leve ou culposa. Nas ações em andamento à época, as
vítimas foram notificadas a se manifestar quanto ao prosseguimento ou não dos
feitos. Nesse caso, o critério adotado no que se refere às leis processuais no
tempo foi o da:
a) interpretação extensiva;
b) retroatividade;
c) territorialidade;
d) extraterritorialidade;
e) irretroatividade.
A alternativa corretaé a letra B. Lembre-se que norma processual híbrida,
por apresentar também natureza de direito material, retroage para alcançar
fatos praticados antes de sua vigência se for para beneficiar o acusado, como
ocorre no caso concreto. Cuida-se da adoção do princípio da retroatividade da lei
penal mais benéfica (art. 5º, XL, da CF).
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As alternativas A, C, D e E estão erradas, eis que destoam do princípio da
retroatividade da lei penal mais benéfica (art. 5º, XL, da Constituição Federal),
aplicável às normas processuais híbridas.
_______________________________________________________________
13. (VUNESP/Defensor Público de Rondônia/2017). Nos Juizados Especiais
Criminais,
A) da decisão de rejeição da denúncia ou queixa e da sentença caberá apelação,
que poderá ser julgada por turma composta de três Juízes em exercício no
primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado.
B) a competência do Juizado será determinada pelo lugar em que foi consumada
a infração penal.
C) a apelação será interposta no prazo de cinco dias, contados da ciência da
sentença pelo Ministério Público, pelo réu e seu defensor, por petição escrita, da
qual constarão as razões e o pedido do recorrente.
D) o processo perante o Juizado Especial orientar-se-á pelos critérios da
oralidade, informalidade, economia processual e celeridade, objetivando, sempre
que possível, a reparação dos danos sofridos pela vítima e a aplicação de pena
privativa de liberdade.
E) consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo apenas e tão
somente os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos,
cumulada ou não com multa.
Comentário: A alternativa correta é a letra A. De modo diverso do CPP, a Lei
9099/95 estabelece o recurso de apelação da decisão que rejeita a peça
acusatória no JECRIM, sendo a Turma Recursal o órgão jurisdicional competente
para apreciar esse inconformismo. De acordo com o art. 98, I, da CF, a Turma
Recursal é constituída por juízes de primeiro grau de jurisdição.
A alternativa B está errada, a competência no JECRIM será determinada pelo
lugar em que for praticada a infração penal (art. 63 da Lei 9099/95).
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A alternativa C está errada, porquanto a apelação será interposta no prazo de 10
dias, contados da ciência da sentença pelo MP, réu e seu defensor, por petição
escrita, da qual constarão as razões e o pedido do recorrente (art. 82, §1º, da
Lei 9099/95).
A alternativa D está errada, porquanto o JECRIM visa a aplicação de pena não
privativa de liberdade (art. 62 da Lei 9099/95)
A alternativa E está errada. Consideram-se infrações penais de menor potencial
ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a
lei comine pena máxima não superior a 2 anos, cumulada ou não com multa (art.
61 da Lei 9099/95).
_____________________________________________________________
14. (VUNESP/Juiz de Direito de São Paulo/2017) A suspensão condicional do
processo é
A) inadmissível, em qualquer caso, se a lesão corporal for praticada contra
ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva
ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações
domésticas, de coabitação ou de hospitalidade.
B) admissível nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, mas a
declaração de extinção da punibilidade dependerá de laudo de constatação de
reparação do dano ambiental, salvo impossibilidade de fazê-lo, permitida a
prorrogação do prazo, se incompleta a reparação, com suspensão da prescrição.
C) aplicável em relação às infrações penais cometidas em concurso de crimes,
excetuado o concurso material, quando a pena mínima cominada, pela incidência
da majorante, não ultrapassar o limite de um (1) ano.
D) cabível na desclassificação do crime e na procedência parcial da pretensão
punitiva, se reunidos os pressupostos legais permissivos, com remessa
necessária da questão ao Procurador Geral de Justiça, ainda que ausente
dissenso, aplicando-se por analogia o art. 28 do Código de Processo Penal.
Comentários: A alternativa correta é a letra B, eis que em perfeita sintonia
com o estipulado pelo art. 28 da Lei 9605/98, ou seja, a declaração de extinção
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de punibilidade dependerá de laudo de constatação de reparação do dano
ambiental, ressalvada a impossibilidade de fazê-lo. Além do mais, é permitida
prorrogação pelo prazo máximo de 10 anos, não correndo a prescrição durante o
período de prova.
A alternativa A está errada, a suspensão condicional do processo somente não é
cabível quando estivermos diante de uma hipótese de lesão corporal, ainda que
leve, praticada no âmbito da violência doméstica e familiar contra a mulher (art.
41 da Lei 11340/06).
A alternativa C está errada, pois a suspensão condicional do processo pode ser
aplicada aos casos de concurso material de infrações penais quando as penas
mínimas somada não ultrapassar a 1 ano.
A alternativa D está errada, pois o magistrado somente encaminhará os autos ao
Procurador-Geral, com aplicação da regra do art. 28 do CPP, se houver recusa do
MP em oferecer a suspensão condicional do processo.
_______________________________________________________________
15. (VUNESP/ Juiz de Direito de São Paulo) No tocante aos juizados especiais
criminais, é correto afirmar que
a) cabe recurso especial, mas não extraordinário, contra decisão proferida por
turma recursal.
b)cabe revisão criminal de decisão do juizado especial e, por expressa disposição
legal, compete à turma recursal julgá-la.
c) compete ao Supremo Tribunal Federal o julgamento de habeas corpus contra
decisão de turma recursal.
d) compete à turma recursal processar e julgar o mandado de segurança contra
ato de juizado especial.
Comentários: A alternativa correta é a letra D. Compete à Turma Recursal
julgar mandado de segurança contra ato praticado por magistrado do JECRIM.
Aliás, se o ato impugnado for da Turma Recursal, a competência para julgar o
mandado de segurança também recai sobre a Turma Recursal, aplicando-se, por
analogia, o previsto no art. 21, VI, da Lei Complementar nº 35/79.
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A alternativa A está errada, pois não é cabível recurso especial de decisões
proferidas em sede de JECRIM, pois o art. 105, III, da CF estabelece como
pressuposto recursal de que a decisão seja proferida por TRFs ou por Tribunal de
Justiça. De outro giro, é cabível recurso extraordinário de decisões advindas da
Turma Recursal (súmula 640 do STF).
A alternativa B está errada, pois não há expressa previsão legal acerca do
cabimento da revisão criminal. Todavia, a doutrina e jurisprudência têm aceitado
tal ação impugnativa contra atos praticados por juiz ou pela Turma Recursal, em
homenagem ao princípio do favor rei. A competência será da própria TurmaRecursal.
A alternativa C está errada, pois as ordens de habeas corpus impetrados contra
ato do juiz do JECRIM deve ser julgado pela Turma Recursal. Já o ato da Turma
Recursal pode ser impugnado por habeas corpus que será apreciado pelo Tribunal
de Justiça ou Tribunal Regional Federal, em que os integrantes das Turmas
Recursais estiverem subordinados.
_______________________________________________________________
16. (VUNESP/ Juiz de Direito de São Paulo/2015) A sentença de transação
penal, nos termos do artigo 76, parágrafo 5º , da Lei nº 9.099/95, tem as
seguintes características:
A) tem natureza homologatória e não faz coisa julgada material.
B) tem natureza condenatória e gera eficácia de coisa julgada apenas material.
C) possui natureza condenatória e gera eficácia de coisa julgada formal e
material.
D) possui natureza absolutória e não faz coisa julgada formal e material.
Comentários: A alternativa correta é a letra A. A sentença de transação penal
é homologada pelo magistrado e não faz coisa julgada material. Assim, em caso
de descumprimento do acordo pelo autor do fato, o titular da ação penal pode
oferecer a peça acusatória. Esse é o teor da súmula vinculante 35 do STF: A
homologação da transação penal prevista no artigo 76 da Lei 9.099/1995 não faz
coisa julgada material e, descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação
anterior, possibilitando-se ao Ministério Público a continuidade da persecução
penal mediante oferecimento de denúncia ou requisição de inquérito policial.
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As alternativas B, C e D estão erradas, vez que contrariam a súmula vinculante
35.
_______________________________________________________________
17. (VUNESP/ Juiz de Direito de Mato Grosso do Sul/2015) No que se refere aos
Juizados Especiais Criminais, nos termos da Lei no 9.099/95, é correto afirmar
que da decisão
A) de rejeição da denúncia ou queixa caberá recurso em sentido estrito, que
poderá ser julgado por turma composta de três Juízes em exercício no primeiro
grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado e da sentença caberá apelação,
que será julgada necessariamente pela Câmara Especial do Tribunal de Justiça
do Mato Grosso do Sul, composta de três Desembargadores.
B) de rejeição da denúncia ou queixa caberá recurso em sentido estrito e da
sentença caberá apelação, que será julgada necessariamente pela Câmara
Especial do Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul, composta de três
Desembargadores.
C) de rejeição da denúncia ou queixa caberá recurso em sentido estrito e da
sentença caberá apelação, que poderá ser julgada por turma composta de três
Juízes em exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado.
D) de rejeição da denúncia ou queixa e da sentença caberá apelação, que será
julgada necessariamente pela Câmara Especial do Tribunal de Justiça do Mato
Grosso do Sul, composta de três Desembargadores.
E) de rejeição da denúncia ou queixa e da sentença caberá apelação, que poderá
ser julgada por Turma composta de três Juízes em exercício no primeiro grau de
jurisdição, reunidos na sede do Juizado.
Comentários: A alternativa correta é a letra E. De acordo com o art. 82,
caput, da Lei 9099/95, de rejeição da denúncia ou queixa-crime é cabível o
recurso de apelação, que será julgada pela Turma Recursal, que é um colegiado
composto de magistrados de primeiro grau de jurisdição (art. 98, I, da CF).
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As alternativas A e B estão erradas, pois destoam do previsto no art. 82, caput,
da Lei 9099/95 e art. 98, I, da CF.
A alternativa C está errada, porquanto contraria o disposto no art. 82, caput, da
Lei 9099/95.
A alternativa D está errada, haja vista ser contrária ao previsto no art. 98, I, da
CF.
_______________________________________________________________
18. (CESPE/Delegado de Polícia de Goiás/2017). Analise o item abaixo:
Para a definição da competência do juizado especial criminal no concurso material
de crimes, a soma das penas máximas cominadas para cada crime não pode
exceder a dois anos.
Comentário: O item está correto. Como vimos, para analisar a competência
do JECRIM e a análise da transação penal leva-se em consideração o resultado
do concurso de crimes.
_______________________________________________________________
19. (FUNDEP/Promotor de Justiça de Minas Gerais/2017) A ausência de coisa
julgada de transação penal permite retornar-se à situação anterior, possibilitando
ao Ministério Público o oferecimento de denúncia ou requisição de inquérito
policial, se forem descumpridas as cláusulas de acordo.
Comentário: O item está correto, eis que a assertiva está em sintonia com a
súmula vinculante 35: A homologação da transação penal prevista no artigo 76
da Lei 9.099/1995 não faz coisa julgada material e, descumpridas suas cláusulas,
retoma-se a situação anterior, possibilitando-se ao Ministério Público a
continuidade da persecução penal mediante oferecimento de denúncia ou
requisição de inquérito policial.
_______________________________________________________________
20. (IBADE/Delegado de Polícia do Acre/2017) No que concerne à legislação que
dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais (Lei 9099/95), pode-se
afirmar que:
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a) A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo juiz
mediante sentença irrecorrível, não pode ser executado no juízo cível
competente.
b) a autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo
circunstanciado e o encaminhará em até 24 (vinte e quatro) horas ao Juizado,
com o autor do fato e a vítima, providenciando-se as requisições dos exames
periciais necessários.
c) ao autor do fato que, após a lavratura do termo circunstanciado, for
imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele
comparecer, não se imporá prisão em flagrante, podendo-se exigir fiança a
critério da autoridade policial.
d) consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos
desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima
não superior a 1(um) ano, cumulada ou não com multa.
e) havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública
incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá
propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser
especificada na proposta.
Comentários: A alternativa correta é a letra E, sendo mera reprodução do
art. 76, caput, da Lei 9099/95.
A alternativa A está errada, a composição civil dos danos civis será reduzida a
escrito e, homologada pelo Juiz mediante sentença irrecorrível, terá eficácia de
título a ser executado no juízo cível competente (art. 74, caput, da Lei 9099/95).
A alternativa B está errada, a autoridade policial que tomar conhecimento da
ocorrência lavrará termo circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao
Juizado, com o autor do fato e a vítima, providenciando-se as requisições dos
exames periciais necessários (art. 69, caput, da Lei 9099/95).
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A alternativa C está errada, pois ao autor do fato que, após a lavratura do termo
circunstanciado, for imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o
compromisso de a ele comparecer, não se imporá prisão em flagrante, nem se
exigirá fiança (art. 69, parágrafo único, da Lei 9099/95).
A alternativa D está errada, vez que consideram-se infrações penais de menor
potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes
a que a lei comina pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não
com multa (art. 61 da Lei 9099/95).
_______________________________________________________________
21. (PUC-PR/Juiz de Direito Substituto de Mato Grosso do Sul/2012) Em relação
ao procedimento nos Juizados Especiais Criminais, é correto afirmar:
a) Após aberta a audiência e ofertada a palavra ao advogado defensor para
responder à acusação, o juiz, caso venha a receber a denúncia ou queixa,
designará imediatamente audiência, para a próxima data disponível na pauta,
para a qual todos serão intimados - o acusado e a vítima - imediatamente.
b) Torna-se imprescindível o inquérito policial prévio para oferecimento da
denúncia quando esta for embasada em registro de ocorrência policial.
c) O exame de corpo de delito é obrigatório, para qualquer crime que deixe
vestígio como forma de provar a materialidade delitiva.
d) É necessário mandado a ser cumprido por Oficial de Justiça para intimar
testemunhas.
e) Na ação penal de iniciativa pública, quando inexistir aplicação de pena, pela
ausência do noticiado ou pela inocorrência de transação penal, o representante
do Ministério Público oferecerá, de imediato, denúncia oral ao juiz, caso sejam
desnecessárias outras diligências.
Comentários: A alternativa correta é a letra E, sendo mera reprodução do
art. 77, caput, da Lei 9099/95.
A alternativa A está errada, pois aberta a audiência, será dada palavra ao
defensor para responder à acusação, após o que o Juiz receberá, ou não, a
denúncia ou queixa; havendo recebimento, serão ouvidas a vítima e as
testemunhas de acusação e defesa, interrogando-se a seguir o acusado, se
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presente, passando-se imediatamente aos debates orais e à prolação da sentença
(art. 81, caput, da Lei 9099/95).
A alternativa B está errada, pois o procedimento investigatório no âmbito do
JECRIM é o termo circunstanciado de ocorrência (art. 69, caput, da Lei 9099/95).
Em caso de complexidade da causa, o Ministério Público poderá requerer ao Juiz
o encaminhamento dos autos ao Juízo comum (art. 77, §2º, da Lei 9099/95).
A alternativa C está errada, pois, de acordo com o art. 77, §1º, da Lei 9099/95,
o oferecimento da denúncia, que será elaborada com base no termo
circunstanciado de ocorrência, com dispensa do inquérito policial, prescindirá do
exame de corpo de delito quando a prova da materialidade delitiva estiver
demonstrada por boletim médico ou prova equivalente.
A alternativa D está errada, vez que o art. 67 da Lei 9099/95 permite várias
formas informais de intimação da testemunha. Além do mais, quando a intimação
é realizada por oficial de justiça não é necessária a intimação por mandado.
_______________________________________________________________
22. (MPE-SC/Promotor de Justiça de Santa Catarina/2014). Analise o item a
seguir:
Segundo a Lei nº 9099/95, as suas disposições não se aplicam no âmbito da
Justiça Militar.
Comentário: O item está correto, eis que o art. 90-A da Lei 9099/95 deixou
expresso a inaplicabilidade da Lei 9099/95 aos delitos militares. Tal dispositivo
legal foi acrescentado na Lei do JECRIM pela lei 9839/99.
_______________________________________________________________
23. (VUNESP/ Juiz de Direito do Pará/2014) Acerca do rito sumaríssimo, são
regras procedimentais expressamente previstas na Lei nº 9099/95:
a) desnecessidade de relatório na sentença; impossibilidade de expedição de
cartas precatórias e rogatórias.
b) possibilidade de oferecimento de denúncia oral; necessidade de apresentação
concomitante de interposição e razões em caso de apelação.
c) intimação das testemunhas por carta com aviso de recebimento pessoal;
desnecessidade de intimação das partes para o julgamento da apelação.
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d) possibilidade de oferecimento de queixa oral; impossibilidade de nomeação de
assistente técnico.
e) impossibilidade de condução coercitiva de testemunha; impossibilidade de
embargos de declaração.
Comentários: A alternativa correta é a letra B. É possível o oferecimento
oral da denúncia e da queixa-crime de modo oral (art. 77 da Lei 9099/95). A
apelação será interposta no prazo de 10 (dez) dias, contados da ciência da
sentença pelo Ministério Público, pelo réu e seu defensor, por petição escrita, da
qual constarão as razões e o pedido do recorrente.
A alternativa A está errada. De fato, o relatório é dispensável no JECRIM (art. 81,
§3º, da Lei 9099/95). Todavia, não há qualquer óbice legal para a expedição de
precatória e de rogatória no JECRIM.
A alternativa C está errada. De fato, é possível a intimação de testemunha por
carta com aviso de recebimento (art. 67, caput, da Lei 9099/95). Já as partes
deverão ser intimadas da sessão de julgamento pela imprensa (art. 82, §4º, da
Lei 9099/95).
A alternativa D está errada. É possível o oferecimento oral da denúncia e da
queixa-crime de modo oral (art. 77 da Lei 9099/95). A lei 9099/95 não proíbe a
nomeação de assistente técnico.
A alternativa E está errada. De fato, o art. 80 da Lei 9099/95 preconiza que
nenhum ato será adiado, determinando o juiz, quando imprescindível, a conduta
coercitiva de quem deva comparecer. Todavia, é possível a oposição de embargos
de declaração no JECRIM (art. 83 da Lei 9099/95).
_______________________________________________________________
24. (MPE-RS/Promotor de Justiça do Rio Grande do Sul/2017) Assinale a
alternativa INCORRETA.
A) Não se admite oferta de proposta de transação se ficar comprovado ter sido o
autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena restritiva de direitos,
por sentença definitiva.
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B) Os conciliadores no Juizado Especial Criminal são recrutados
preferencialmente entre bacharéis em Direito (art. 73, parágrafo único, da Lei n.
9099/95).
C) Da decisão que homologa proposta de transação (art. 76 da Lei n. 9099/95)
oferecida pelo Ministério Público e aceita pelo autor do fato, cabe recurso de
apelação.
D) Da decisão que rejeita a denúncia no Juizado Especial Criminal, cabe recurso
de apelação.
E) A não reparação do dano causado pelo crime, injustificada, é causa de
revogação da suspensão condicional do processo.
Comentários: A alternativa incorreta é a letra A. O art. 76, §2, I, da Lei
9099/95 veda a transação penal se o autor da infração for condenado pela prática
de crime à pena privativade liberdade, por sentença definitiva.
As alternativa B, C, D e E estão corretas (arts. 73, § único, 76, 82 e 89, §3º,
todos da Lei 9099/95).
_______________________________________________________________
25. (CESPE- Juiz de Direito Substituto- MA/2013) De acordo com as normas que
regem os juizados especiais, assinale a opção correta.
a) A competência do juizado especial criminal é determinada pelo lugar em que
tenha sido praticada a infração penal, ou pelo lugar em que se tenha produzido
seu resultado.
b) Sempre que possível, a citação do autor do fato deverá ser feita pessoalmente
no próprio juizado, ou por mandado, e, não sendo ele encontrado para ser citado,
o juiz deverá encaminhar as peças existentes ao juízo criminal comum.
c) Os atos processuais praticados nos juizados especiais criminais devem ser
públicos, podendo realizar-se em horário noturno, em qualquer dia da semana,
ressalvados domingos e feriados.
d) O instituto da transação penal não se aplica no âmbito da justiça militar, salvo
nos crimes militares próprios.
Comentários: A alternativa correta é a letra B, eis que em perfeita sintonia
com o previsto no art. 66 da Lei 9099/95. Vale dizer, em caso de impossibilidade
de citação pessoal, os autos serão encaminhados para o Juízo comum (rito
sumário – art. 538 do CPP), ante a inexistência de citação por edital no JECRIM.
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A alternativa A está errada. A competência do JECRIM será determinada pelo
lugar em que foi praticada a infração penal (art. 63 da Lei 9099/95).
A alternativa C está errada. Os atos processuais serão públicos e poderão
realizar-se em horário noturno e em qualquer dia da semana, conforme
dispuserem as normas de organização judiciárias. Vale dizer, não há impedimento
legal para tais atos não serem realizados em domingos e feriados.
A alternativa D está errada. O instituto da transação penal não é cabível nos
crimes militares, quer próprios (previstos apenas no CPM), quer impróprios
(previstos no CPM e no CP comum), segundo determina o art. 90-A da Lei
9099/95.
_______________________________________________________________
26. (MPF/Procurador da República/2013) Em relação aos juizados especiais
criminais assinale a alternativa correta:
a) infrações penais de menor potencial ofensivo admitem suspensão condicional
do processo, mas não transação penal;
b) Quando o representante do Ministério Público verificar, no termo
circunstanciado, que não há informações suficientes ao oferecimento da
denúncia, deve propor transação penal;
c) Compete ao Tribunal Regional Federal julgamento de habeas corpus impetrado
contra decisão singular do juiz do juizado especial criminal;
d) A lei 9099/95 prevê recurso de apelação da decisão que rejeitar a denúncia.
Comentários: A alternativa correta é a letra D. Enquanto no CPP o recurso
cabível de decisão que rejeita a peça acusatória é o recurso em sentido estrito,
na Lei 9099/95 a sistemática é diversa, porquanto da referida situação é cabível
o recurso de apelação (art. 82, caput, da Lei 9099/95).
A alternativa A está errada. Infrações de menor potencial ofensivo abrange as
contravenções penais e os crimes cuja pena máxima não seja superior a 2 anos.
Assim, tais infrações penais admitem tanto a transação penal como a suspensão
condicional do processo. Lembre-se ainda que haverá crimes em que não será
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possível a formulação de proposta de transação penal em virtude da pena
máxima extrapolar 2 anos, porém admitirá o beneplácito do sursis processual
(pena mínima de 1 ano). Exemplo: furto (art. 155 do CP). É denominado delito
de médio potencial ofensivo aqueles que podem ser agraciados com a suspensão
condicional do processo.
A alternativa B está errada. Se o MP não tiver informações necessárias para
ajuizar a ação penal, a transação penal não deve por ele proposta. Afinal de
contas, após reunir tais informes, o MP pode concluir que é caso de arquivamento.
Logo, não faz sentido propor esse acordo penal se o MP tiver convencido que
sequer era caso de propor a ação penal.
A alternativa C está errada. O habeas corpus contra ato de juiz do JECRIM deve
ser julgado pela Turma Recursal e não pelo Tribunal Regional Federal.
_______________________________________________________________
27. (FCC/Promotor de Justiça de Pernambuco/2014) No que toca à composição
dos danos civis nos juizados especiais criminais, possível assegurar que
a) não implica decadência o não oferecimento da representação na audiência
preliminar, se não obtido o acordo.
b) é incabível na ação penal pública incondicionada.
c) é cabível apenas na ação penal privada e, se operada, conduz à absolvição.
d) é cabível apenas na ação penal pública condicionada e, se operada, conduz à
extinção da punibilidade pela renúncia ao direito de representação.
e) conduz à extinção da punibilidade pelo perdão aceito nos crimes de ação
privada.
Comentários: A alternativa correta é a letra A. Não obtida a composição dos
danos civis, será dada imediatamente ao ofendido a oportunidade de exercer o
direito de representação verbal, que será reduzida a termo. O não oferecimento
da representação na audiência preliminar não implica decadência do direito, que
poderá ser exercido no prazo previsto em lei (art. 75 da Lei 9099/95).
A alternativa B está errada. É perfeitamente possível a composição dos danos
civis nos crimes de menor potencial ofensivo de ação penal pública incondicional,
porém essa situação não obsta a transação penal. Já nos crimes cometidos sem
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violência ou grave é possível a incidência da causa de diminuição referente ao
arrependimento posterior (art. 16 do CP).
A alternativa C está errada. A composição civil dos danos é possível tanto nos
crimes de ação penal pública (incondicionada ou condicionada) e de ação penal
de iniciativa privada. A reparação do dano nos casos de ação penal de iniciativa
privada acarreta a renúncia ao direito de queixa-crime (art. 74, parágrafo único,
da Lei 9099/95).
A alternativa D está errada. A composição civil dos danos é possível tanto nos
crimes de ação penal pública (incondicionada ou condicionada) e de ação penal
de iniciativa privada. A reparação do dano nos casos de ação penal pública
condicionada à representação acarreta a renúncia ao direito de representação
(art. 74, parágrafo único, da Lei 9099/95).
A alternativa E está errada. A composição civil dos danos é possível tanto nos
crimes de ação penal pública (incondicionada ou condicionada) e de ação penal
de iniciativa privada. A reparação do dano nos casos de ação penal de iniciativa
privada acarreta a renúncia ao direito de queixa (art. 74, parágrafo único, da Lei
9099/95). O perdão do ofendido é possível apenas depois de instaurado o
processo criminal e cabível apenas na ação penal de iniciativa privada.
_______________________________________________________________
28. (IBADE/Delegado de Polícia do Acre/2017) No crime de lesão corporal no
âmbito de violência doméstica contra a mulher, a autoridade policial, lavrará o
termo circunstanciado,porém este não será encaminhado ao juizado especial
criminal e sim ao juizado de violência doméstica familiar.
Comentário: O item está errado. O crime de lesão corporal, ainda que leve ou
culposa, praticado contra a mulher, no âmbito das relações domésticas, deve ser
processado mediante ação penal pública incondicionada. No julgamento da ADI
4424, o Supremo Tribunal Federal declarou a constitucionalidade do art. 41 da
Lei 11340/06, afastando a incidência das regras descritas na Lei 9099/95 aos
delitos de violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da
pena prevista. Logo, não há que se falar em termo circunstanciado na esfera da
violência doméstica e familiar contra a mulher.
_______________________________________________________________
29. (FCC - Defensor Público do Paraná/2012) Marcelino, primário e de bons
antecedentes, é denunciado pelo crime de furto simples, oportunidade em que é
citado para responder aos termos da acusação. Neste caso, de acordo com o
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entendimento jurisprudencial dominante no Supremo Tribunal Federal e com
base na Lei nº 9.099/95,
a) na ausência de proposta de suspensão condicional do processo, deve o juiz
aplicar analogicamente o art. 28 do CPP.
b) a proposta de suspensão condicional do processo é ato privativo do Ministério
Público e o crime de furto, por não ser da competência do Juizado Especial
Criminal, não comporta o oferecimento do sursis processual.
c) caso seja oferecida a proposta de sursis processual, o processo ficará suspenso
pelo período de 1 (um) ano, devendo o acusado, durante o período de prova,
observar as condições estabelecidas na proposta.
d) a suspensão será revogada se, no curso do processo, o beneficiário vier a ser
processado por contravenção.
e) a prescrição será interrompida durante o prazo da suspensão condicional do
processo.
Comentários: A alternativa correta é a letra A. Na ausência de proposta de
suspensão condicional do processo pelo membro do MP, o juiz deve encaminhar
os autos ao chefe da Instituição ministerial (Procurador-Geral da
Justiça/Procurador-Geral da República), em analogia ao art. 28 do CPP. Essa é
redação da súmula 696 do STF.
A alternativa B está errada. Nos crimes de ação penal pública cabe ao Ministério
Público propor o sursis processual. Em razão de o delito de furto ter pena mínima
de 1 ano é cabível a suspensão condicional do processo.
A alternativa C está errada. O período de prova do sursis processual varia de 2 a
4 anos.
A alternativa D está errada. O sursis processual pode ser revogado se o
beneficiário vier a ser processado por contravenção penal, ou seja, estamos
diante de causa facultativa de revogação da suspensão condicional do processo
(art. 89, §4º, da Lei 9099/95).
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A alternativa E está errada. Durante o sursis processual o prazo prescricional é
suspenso (art. 89, §6º, da Lei 9099/95).
_______________________________________________________________
30. (FCC/Consultor Legislativo da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul/
2016) À luz da Lei n° 9.099/95, presentes os demais requisitos legais
necessários, poderá ser beneficiado com a transação penal
A) Ricardo, que cometeu crime de sequestro e cárcere privado, com pena prevista
de 1 a 3 anos de reclusão.
B) Moisés, que cometeu crime de contrabando, com pena prevista de 2 a 5 anos
de reclusão.
C) Talita, que cometeu crime de estelionato, com pena prevista de 1 a 5 anos de
reclusão.
D) Manoel, que cometeu crime de resistência, com pena prevista de 6 meses a 2
anos de detenção.
E) Paulo, que cometeu crime de ordenação de despesa não autorizada, com pena
prevista de 1 a 4 anos de reclusão.
Comentários: A alternativa correta é a letra D. A transação penal é cabível
apenas aos delitos em que a lei comine pena máxima não superior a 2 anos,
preenchidos os demais requisitos estampados no art. 76 da Lei 9099/95.
As alternativas A, B, C e E estão erradas, pois não versam sobre delitos de menor
potencial ofensivo (art. 61 da Lei 9099/95), o que torne impossível a concessão
da transação penal.
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19– Resumo
Previsão constitucional : O artigo 98, I, da Constituição Federal autorizou a criação dos
Juizados especiais criminais, providos por juízes togados e leigos, que serão competentes para a
conciliação, o julgamento e a execução de infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante
os procedimentos oral e sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e
o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau. A lei 9099/95 restou encarregada
de instituir o Juizado Especial criminal no âmbito estadual, enquanto na esfera federal essa missão
coube à lei 10259/01. Os dois principais objetivos do JECRIM, sempre que possível, são a
reparação dos danos causados à vítima e a aplicação de pena não privativa de liberdade
Critérios norteadores do JECRIM – Oralidade, informalidade, simplicidade, economia
processual e celeridade.
Crime de menor potencial ofensivo – São todas as contravenções penais e os crimes a que a
lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa, previsto ou
não em procedimento especial. A lei 9099/95 não tem aplicação aos processos da Justiça Militar.
Competência do JECRIM – A competência do Juizado será determinada pelo lugar em que foi
praticada a infração penal.
Citação no JECRIM - A citação será pessoal e será feita no próprio Juízo, sempre que possível,
ou por mandado. Não encontrado o acusado para ser citado, o Juiz encaminhará as peças
existentes ao Juízo comum para adoção do rito sumário (art. 538 do CPP).
Fase preliminar – A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo
circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima,
providenciando-se as requisições dos exames periciais necessários. Ao autor do fato que, após a
lavratura do termo, for imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a
ele comparecer, não se imporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança.
Composição dos danos civis – A composição dos danos civis será reduzida a escrito e,
homologada pelo juiz mediante sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no
juízo civil competente. Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal pública
condicionada à representação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou
representação.
Transação penal – Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública
incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação
imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta. Nas hipóteses
de ser a pena de multa a única aplicável, o Juiz poderá reduzi-la até a metade. Não se admitirá
a proposta se ficar comprovado: I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime,
à pena privativa de liberdade, por sentença definitiva; II - ter sido o agente beneficiado
anteriormente, no prazo de cinco anos,pela aplicação de pena restritiva ou multa, nos termos
deste artigo; III - não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente,
bem como os motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da medida. Aceita
a proposta pelo autor da infração e seu defensor, será submetida à apreciação do Juiz. Acolhendo
a proposta do Ministério Público aceita pelo autor da infração, o Juiz aplicará a pena restritiva de
direitos ou multa, que não importará em reincidência, sendo registrada apenas para impedir
novamente o mesmo benefício no prazo de cinco anos. Da sentença que homologa a transação
penal caberá a apelação. A transação penal não constará de certidão de antecedentes criminais,
salvo para análise de outra transação penal, e não terá efeitos civis, cabendo aos interessados
propor ação cabível no juízo cível.
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Rito sumaríssimo - Na ação penal de iniciativa pública, quando não houver aplicação de pena,
pela ausência do autor do fato, ou pela não ocorrência da transação penal, o Ministério Público
oferecerá ao Juiz, de imediato, denúncia oral, se não houver necessidade de diligências
imprescindíveis. Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada com base no termo
circunstanciado de ocorrência, com dispensa do inquérito policial, prescindir-se-á do exame do
corpo de delito quando a materialidade do crime estiver aferida por boletim médico ou prova
equivalente. Se a complexidade ou circunstâncias do caso não permitirem a formulação da
denúncia, o Ministério Público poderá requerer ao Juiz o encaminhamento das peças existentes
ao Juízo Comum, que adotará o rito sumário (art. 538 do CPP). Já na ação penal de iniciativa do
ofendido poderá ser oferecida queixa oral.
Audiência no rito sumaríssimo - Aberta a audiência, será dada a palavra ao defensor para
responder à acusação, após o que o Juiz receberá, ou não, a denúncia ou queixa; havendo
recebimento, serão ouvidas a vítima e as testemunhas de acusação e defesa, interrogando-se a
seguir o acusado, se presente, passando-se imediatamente aos debates orais e à prolação da
sentença. Todas as provas serão produzidas na audiência de instrução e julgamento, podendo o
Juiz limitar ou excluir as que considerar excessivas, impertinentes ou protelatórias. De todo o
ocorrido na audiência será lavrado termo, assinado pelo Juiz e pelas partes, contendo breve
resumo dos fatos relevantes ocorridos em audiência e a sentença. A sentença, dispensado o
relatório, mencionará os elementos de convicção do Juiz.
Apelação no JECRIM - Da decisão de rejeição da denúncia ou queixa e da sentença caberá
apelação, que poderá ser julgada por turma composta de três Juízes em exercício no primeiro
grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado. A apelação será interposta no prazo de dez dias,
contados da ciência da sentença pelo Ministério Público, pelo réu e seu defensor, por petição
escrita, da qual constarão as razões e o pedido do recorrente. O recorrido será intimado para
oferecer resposta escrita no prazo de dez dias. As partes poderão requerer a transcrição da
gravação da fita magnética. As partes serão intimadas da data da sessão de julgamento pela
imprensa. Se a sentença for confirmada pelos próprios fundamentos, a súmula do julgamento
servirá de acórdão.
Embargos de declaração no JECRIM – Cabem embargos de declaração quando, em sentença
ou acórdão, houver obscuridade, contradição ou omissão. Os embargos de declaração serão
opostos por escrito ou oralmente, no prazo de cinco dias, contados da ciência da decisão. Os
embargos de declaração interrompem o prazo para a interposição de recurso. Os erros materiais
podem ser corrigidos de ofício.
Suspensão condicional do proces so - Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual
ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia,
poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja
sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos
que autorizariam a suspensão condicional da pena. Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor,
na presença do Juiz, este, recebendo a denúncia, poderá suspender o processo, submetendo o
acusado a período de prova, sob as seguintes condições: I - reparação do dano, salvo
impossibilidade de fazê-lo; II - proibição de freqüentar determinados lugares; III - proibição de
ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do Juiz; IV - comparecimento pessoal e
obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades. O Juiz poderá
especificar outras condições a que fica subordinada a suspensão, desde que adequadas ao fato e
à situação pessoal do acusado. A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário
vier a ser processado por outro crime ou não efetuar, sem motivo justificado, a reparação do
dano (causas de revogação obrigatória do sursis processual). A suspensão poderá ser revogada
se o acusado vier a ser processado, no curso do prazo, por contravenção, ou descumprir qualquer
outra condição imposta (causas de revogação facultativa do sursis processual). Expirado o prazo
sem revogação, o Juiz declarará extinta a punibilidade. Não correrá a prescrição durante o prazo
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de suspensão do processo. Se o acusado não aceitar a proposta do sursis processual, o processo
prosseguirá em seus ulteriores termos.
SÚMULAS:
Súmula 203 do Superior Tribunal de Justiça: Não cabe recurso especial contra decisão proferida
por órgão de segundo dos Juizados Especiais.
Súmula 243 do Superior Tribunal de Justiça: O benefício da suspensão do processo não é aplicável
em relação às infrações penais cometidas em concurso material, concurso formal ou continuidade
delitiva, quando a pena mínima cominada, seja pelo somatório, seja pela incidência da majorante,
ultrapassar o limite de um (01) ano.
Súmula 337 do Superior Tribunal de Justiça: É cabível a suspensão condicional do processo na
desclassificação do crime e na procedência parcial da pretensão punitiva.
Súmula 376 do Superior Tribunal de Justiça: Compete à turma recursal processar e julgar o
mandado de segurança contra ato de juizado especial.
Súmula 428 do Superior Tribunal de Justiça: Compete ao Tribunal Regional Federal decidir os
conflitos de competência entre juizado especial federal e juízo federal da mesma seção judiciária.
Súmula 536 do Superior Tribunal de Justiça: A suspensão condicional do processo e a transação
penal não se aplicam na hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha.
Súmula 640 do Supremo Tribunal Federal: É cabível recurso extraordinário contra decisão
proferida por juiz de primeiro grau nas causas de alçada, ou por turma recursal de juizado especial
cível e criminal.
Súmula 693 do Supremo Tribunal Federal: Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória
a pena de multa, ou relativo a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a
única cominada.
Súmula 696 do Supremo Tribunal Federal: Reunidos os pressupostos legais permissivos da
suspensão condicional do processo, mas se recusando o Promotor de Justiça a propô-la, o Juiz,
dissentindo, remeterá a questão ao Procurador-Geral, aplicando-se por analogia o art. 28 do Código
de Processo Penal. Súmula 723 do Supremo Tribunal Federal: Não se admite a suspensão condicional do processo
por crime continuado, se a soma da pena mínima da infração mais grave com o aumento de um sexto
for superior a um ano.
Súmula vinculante 35 A homologação da transação penal prevista no art. 76 da Lei 9099/95 não
faz coisa julgada material e, descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação anterior,
possibilitando-se ao Ministério Público a continuidade da persecução penal mediante oferecimento de
denúncia ou requisição de inquérito policial.
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131
20 - Gabarito
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
B Certo B Certo B Errado D A D C
11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
D B A B D A E Certo Certo E
21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
E Certo B A B D A Errado A D
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