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Cárie dentária

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Quem fez a primeira observação sobre a influência da saliva
no processo carioso está escondido na poeira do tempo, mas
ao redor de 1900 diversos relatos de casos surgiram sobre
os efeitos deletérios da ausência de saliva. 
Miller, descreveu no início de 1903 uma mulher que sofria
de secura bucal excessiva desta forma: "Os dentes tornam-
se cariados de maneira assustadora, especialmente nas
regiões cervicais e ao longo das margens livres das
restaurações". 
Funções como efeito enxaguatório, limpeza do alimento e
bacteriana, diluição de detritos, lubrificação das superfícies
dentárias, proteção dentária pela neutralização dos ácidos
pela ação tampão, manutenção da supersaturação de
hidroxiapatita, participação na formação da película do
esmalte e defesa antimicrobiana são exemplos dos muitos
papéis que a saliva desempenha na determinação da saúde e
doença bucal. 
Formação da saliva 
Para compreender a relação complexa entre os dentes e
seus fluidos circundantes, é importante entender como a
saliva é secretada e como seu fluxo e sua composição são
parâmetros dinâmicos controlados pelas condições
fisiológicas e patológicas do hospedeiro. Fatores como tipo
de estímulo para formação da saliva, história médica do
hospedeiro, incluindo doenças sistémicas e ingestão diária de
medicamentos, são exemplos das condições que possuem
impacto significativo no fluxo e na composição salivar e,
assim, provavelmente afetam a integridade dos dentes, talvez
levando a um número maior de lesões cariosas. 
O que é a saliva? 
A saliva é composta de mais de 99% de água e menos de 1%
de sólidos, a maioria eletrólitos e proteínas, sendo as
últimas que fornecem a sua viscosidade característica. O
termo "saliva" refere-se à mistura de fluidos na boca em
contato com os dentes e a mucosa oral, geralmente chamada
de "saliva total", noventa por cento da saliva total é
produzido por três pares de glândulas salivares maiores, a
parótida, submandibular e sublingual. Ainda, a saliva total
contém contribuintes de fontes não glandulares como o fluido
crevicular gengival numa quantidade que depende da condição
periodontal de cada paciente. A saliva total, em contraste à
saliva glandular, também contém quantidades vastas de
células epiteliais da mucosa bucal e milhões de bactérias. 
Anatomia da glândula salivar 
A maior glândula salivar é a parótida, sendo uma glândula
puramente serosa que produz uma saliva fina, aquosa e rica
em amilase. No estado não estimulado (secreção basal de
saliva que ocorre sem estimulo bucal), entretanto, as
parótidas contribuem muito menos para o volume de saliva
total, porque as glândulas submandibulares produzem cerca
de dois terços. As glândulas sublinguais, as menores
glândulas principais, consistindo principalmente de células
acinares mucosas, também produzem uma secreção viscosa,
embora contribuam apenas com uma porcentagem menor do
volume de saliva total tanto no estado estimulado como não
estimulado. Apesar da sua contribuição baixa para o
volume total de saliva, as glândulas menores secretam uma
fração importante da secreção proteica total na saliva, como
maior papel na lubrificação oral. O sistema de ductos da
parótida e submandibular humana é bem desenvolvido e
ramificado, contendo ductos intercalados, estriados e
excretórios, onde os ductos estriados dão corpo ao tecido
ductal . Ao redor das porções finais secretoras e ductos
intercalados existem células mioepiteliais contráteis que
ajudam na promoção do fluxo de saliva no sistema de
ductos pela constrição ativada pelo estímulo. A saliva
secretada pelas glândulas submandibular e sublingual
penetra pelo ducto submandibular, que termina na carúncula
sublingual lateral ao frênulo da língua e posterior aos dentes
anteriores inferiores, mas a glândula sublingual também
secreta através de diversos ductos menores ao longo do
recesso sublingual no assoalho bucal lateral ao lado da
língua.
Fisiologia EspecialCárie Dentária
Controle da secreção salivar 
A secreção salivar é iniciada por sinais aferentes dos receptores
sensoriais bucais, transmitidos pelos nervos trigêmeo, facial e
glossofaríngeo. Estes carregam impulsos nervosos dos
mecanoceptores ativados pela mastigação no ligamento periodontal
(reflexo mastigatório-salivar) e dos quimioceptores ativados pelo
paladar nos botões gustativos dentro das papilas linguais (reflexo
gustativo-salivar) para os núcleos salivares na medula oblongata
do cérebro. Os núcleos salivares então reúnem a informação para
a porção eferente do arco reflexo consistindo de duas ramificações,
os feixes nervos autonómicos simpático e parassimpático,
caminhando separadamente pelas glândulas. As fibras simpáticas
seguem os vasos sanguíneos que suprem as glândulas e então as
invernam separadamente, e as fibras parassimpáticas seguem os
nervos facial e glossofaríngeo eferentes. Em função deste controle
central, a salivação não estimulada normalmente é inibida durante
o sono, medo e depressão mental. Assim, a estimulação de um
lado da boca induz a salivação ipsilateral em que a taxa de fluxo
depende da intensidade do estímulo aplicado, seja esta a intensidade
gustativa ou mastigatória. O resultado de tal estimulação é a
saliva com uma taxa de fluxo elevado, a estimulação simpática
gera fluxo menor e uma saliva mais rica em proteínas. Existem
diversos fatores que influenciam a taxa de fluxo salivar, incluindo
equilíbrio aquoso no corpo, natureza e duração do estímulo,
estimulação prévia e tamanho da glândula. No nível periférico
glandular, o controle da salivação depende da liberação de
neurotransmissores das terminações nervosas simpática e
parassimpática na vicinal das glândulas salivares. Os
transmissores clássicos que ativam a secreção de saliva são a
acetilcolina e norepinefrina, mas outras substâncias liberadas das
terminações nervosas periféricas também possuem efeitos
moduladores importantes na formação de saliva pelas glândulas.
A ligação dos neurotransmissores e neuropeptídeos aos receptores
membranicos celulares específicos nas porções terminais secretoras
altamente inervadas e nos sistemas ductais, ativa numerosos
eventos bioquímicos dentro do tecido glandular. 
Secreção salivar: o modelo em duas etapas 
Basicamente, a formação de saliva ocorre em duas etapas e inclui
a ativação de diversos transportadores da membrana plasmática
como os canais iónicos, bombas, cotransportadores e sistemas de
troca. Esta formação é iniciada pela ligação dos
neurotransmissores (ex., acetilcolina ou norepinefrina) aos
receptores específicos da superfície celular no nível das membranas
das células acinares nas porções terminais secretoras. Assim,
ocorrem diversas reações da cascata bioquímica dentro das
membranas celulares e do citoplasma, o que leva à secreção da
saliva primária a partir da porção terminal secretora. Estes
eventos ocorrem em resposta ao aumento intracelular ativado pelo
receptor na concentração de cálcio livre, o que ativa os canais de
potássio e cloro regulados pelo cálcio, localizados nas porções
basolateral e luminal da membrana plasmática, respectiva mente.
No lúmen, o ganho de cloro cria um potencial negativo comparado
às redondezas que transportam o sódio intersticial, numa via
paracelular pelas junções tipo tight seletivas ao cálcio, para o
lúmen, restaurando a eletroneutralidade. Um fluxo de água,
provavelmente ocorrendo peIas vias paracelular e transcelular
devido à permeabilidade elevada da água no tecido acinar, segue o
movimento total dos sais no lúmen por osmose, resultando numa
contração celular dos ácinos. A segunda etapa desse modelo é a
modificação da saliva primária nos ductos. Assim como nas
células acinares, a ligação de neurotransmissores aos receptores
específicos na superfície dos tecidos ductais inicia um número de
cascatas bioquímicas dentro das membranas celulares e citoplasma
que leva à modificação da composição eletrolítica deste fluido no
sistema de ductos. À medida que a saliva passa ao longo do
ducto ela se modifica, mais pela reabsorção seletiva de sódio e
cloro (sem água) que ocorre noducto estriado. Em função da
baixa permeabilidade do ducto à água, a saliva final secretada na
boca se torna hipotónica, com concentrações de sódio e cloro muito
menores que na saliva primária. 
Composição da saliva: um processo dinâmico 
Já que os mecanismos envolvidos no processo de reabsorção
possuem uma capacidade máxima de transporte e os ductos têm
um tempo limitado para modificar a composição eletrolítica em
taxas elevadas de fluxo salivar, a reabsorção de sais diminui e a
saliva estimulada se torna menos hipotónica, com concentrações
maiores de sódio e cloro que na saliva não estimulada. A
concentração de bicarbonato, um tampão importante na saliva, não
é constante, mas varia com a taxa de fluxo de tal forma que a
saliva não estimulada contém apenas alguns milimoles por litro,
enquanto a saliva estimulada contém concentrações muito maiores
dependendo da intensidade do estímulo. 
Fisiologia Especial
Hipofunção das glândulas salivares 
A hipofuncao da glândula salivar pode significar um termo
que envolve tanto os sintomas subjetivos como sinais objetivos
da secura bucal. A xerostomia é definida como um sintoma
subjetivo da secura bucal, que geralmente traz dificuldades às
funções orais, de deglutição e da fala, e, portanto, à qualidade
de vida geral relacionada ao indivíduo. O valor de corte para
a saliva total não estimulada é 0,1 ml/min e o da estimulada
com parafina é 0,5-0,7 ml\min (para homens e mulheres,
respectivamente). As taxas de fluxo são significativamente
mais baixas que os "valores normais", em geral, aceitos em
indivíduos saudáveis ao redor de 0,3 ml/min para a saliva
total não estimulada e de 1,5 ml/min para a saliva estimulada.
A xerostomia pode existir sem o paciente preencher o
diagnóstico de hiposalivação e a hipossalivação pode parecer
assintomática, embora a xerostomia esteja associada ao fluxo
salivar reduzido. Entretanto, a velhice em si não reduz as
taxas de saliva total em adultos saudáveis e não medicados,
apesar do aspecto histológico das glândulas salivares em
pessoas idosas, sugerindo uma função diminuída. 
Causas iatrogênicas e doenças 
Muitos medicamentos induzem queixas de secura bucal e
influenciam a taxa/composição do fluxo salivar. Algumas
destas medicações podem possuir interações periféricas com
os sistemas de receptores colinérgicos muscarínicos da
glândula salivar (antidepressivos e anti-histamínicos),
dificultando o volume de saliva. Outros, como os diuréticos,
podem mudar a composição pela sua ação no equilíbrio de
sais e água no organismo e efeitos inibitórios nos
transportadores eletrolíticos nas glândulas salivares. O risco
de hipofunção na glândula salivar pode aumentar com o
número de medicamentos usados e se torna preocupante
quando mais de três medicamentos diferentes são ingeridos
diariamente. A secreção dificultada de saliva geralmente é
observada nos pacientes idosos devido à alta frequência de
doenças sistémicas e consumo elevado de medicamentos na
população. 
Limpeza oral 
A cavidade oral é exposta com frequência a substancias com
propriedades potencialmente danosas. Algumas destas
substancias possuem efeito direto na cárie, por exemplo,
diversos tipos de carboidratos fermentáveis, especialmente a
sucrose. Assim, uma função importante da saliva é diluir e
eliminar substâncias. Este é um processo fisiológico
normalmente conhecido como limpeza salivar ou, mais
comumente, limpeza oral. O volume total de saliva espalhado
como uma película fina sobre os dentes e mucosa varia
dependendo de diversos fatores, mas geralmente é pequeno,
cerca de 0,8-1,2 mL. Visto que a área superficial da mucosa
é de aproximadamente 200 cm2, o filme de saliva possui 100
prn de espessura e varia entre os sítios na cavidade oral.
Por exemplo, o filme é de 10 pm no palato e nos indivíduos
que experimentam xerostomia representa menos que isto. O
filme de saliva se desloca vagarosamente para a garganta com
uma velocidade que varia de I a 8 mm/min, o movimento mais
lento se encontra à frente da maxila e o mais rápido na
mandíbula. O fluxo principal corre sobre o assoalho bucal de
cada lado da língua com pouca troca entre as duas correntes.
Por exemplo, um tablete de flúor colocado num dos lados da
boca só aumenta a concentração de flúor salivar naquele lado,
e muito pouco flúor passa para o lado oposto. 
 Composição inorgânica da saliva 
A capacidade da saliva em manter o ambiente oral
supersaturado com hidroxiapatita oferece um ambiente protetor
e reparador aos dentes. Os componentes salivares envolvidos
na manutenção da supersaturação são os íons cálcio e fosfato.
Sob condições fisiológicas a capacidade tampão da saliva
trabalha em conjunto com estes íons para manter
supersaturação, com um pH próximo ao neutro no ambiente
oral. 
Cálcio salivar
A concentração de cálcio na saliva aumenta levemente dos
estados não estimulados para os estados estimulados de
secreção, mas permanece dentro de uma faixa de 1 a 2
mmol/L. A forma ionizada e livre do Cálcio num determinado
PH e força iônica é igual a atividade do cálcio na saliva e
combinada todas as três formas (ligadas à proteína e
humanizada e não e organizada) perfazem a concentração
total de cálcio. O cálcio não ironizado que não está ligado as
proteínas fica mais ou menos ligado aos íons inorgânicos,
como fosfato e bicarbonato assim como aos íons orgânicos e
em quando o pH da saliva e a força iônica aumentam nas
altas taxas de fluxo.
Fisiologia Especial
 Haverá mais cálcio na forma não ionizada essas relações
ocorrem em função da probabilidade aumentada dos íons em
encontrar e formar pares com muitos íons em solução (Isto é
alta força iônica) e pela formação de diversos complexos iônicos
com cálcio em PH elevado. O cálcio que carrega duas cargas
positivas também pode ser fortemente ligado a espécies iônicas
com duas cargas negativas e uma configuração adequadamente
estéril formando um anel de quelação, assim a concentração de
cálcio ionizado livre na saliva pode ser reduzida em níveis muito
baixos que afetam o nível de saturação em relação a hidroxiapatia
e posteriormente aceleram a desmineralização dentária.
Fosfato na saliva 
o fosfato inorgânico consiste de ácido fosfórico (HP04),
diidrogénio fosfato (H:POI), hidrogénio fosfato (HPOi) e
fosfato (PO.L). Semelhante ao cálcio, parte do fosfato da saliva
é ionizado, correspondendo à atividade do fosfato (diferente para
cada forma), e parte na forma não ionizada (fosfato ligado).
Quanto menor o pH, menor a concentração de fosfato e maior a
concentração de ácido fosfórico, e vice-versa. Assim, a
concentração do íon individual relativa ao outro é determinada pelo
pH da saliva e pelas constantes de dissociação (pK) para cada
um dos três equilíbrios envolvidos no sistema tampão do fosfato.
A soma de todos os quatro íons iguala a concentração total de
cálcio. Em contraste ao cálcio, a concentração total de fosfato
diminui drasticamente com as taxas aumentadas de fluxo salivar.
Do estado de repouso ao estado de alta estimulação salivar, a
concentração total de fosfato na saliva pode cair de I0 mmol/L
para 2-4 mmol/L. Assim, a concentração total de fosfato é
determinada pela taxa do fluxo salivar. Em contrapartida, a
concentração de fosfato na saliva é determinada pelo pH da saliva
porque será reduzida em níveis muito baixos pelo pH salivar
reduzido. Este é o motivo pelo qual baixos valores de pH salivar
são mais danosos para os dentes do que a concentração total de
fosfato reduzida na saliva. 
Grau de saturação 
É importante a saliva ter uma composição que proteja os dentes
contra a desmineralização, as atividades salivares de cálcio e
fosfato (formas ionizadas) se tornam importantes porque ambos
os íons são parte da unidade celular da hidroxiapatita na forma
repetida. as unidades celulares formam os cristais de
hidroxiapatita que são os componentes inorgânicos principais dos
dentes humanos. Quando as atividades dos íons cálcio, fosfato e
hidroxila são conhecidas, o produto da atividade iónica para a
hidroxiapatita na saliva pode ser calculado por uma fórmula. 
A partirdesta expressão, pode-se ver que o produto da atividade
iónica aumenta com o incremento de atividade destes íons na
saliva e vice-versa. Embora ambas as concentrações totais de
cálcio e fosfato na saliva influenciem o produto da atividade iónica,
o fator mais importante é o pH da saliva. Assim, a diminuição
de uma unidade no pH (de 6 para 5) vai diminuir a atividade do
íon hidroxila I0 vezes e a atividade do íon fosfato em IM)
vezes, reduzindo assim o produto total da atividade em muitas
vezes para a hidroxiapatita. Numa solução aquosa pura, em que
existe um equilíbrio completo entre a água e os dentes, o produto
da atividade iónica será igual ao produto de solubilidade da
substancia dentária. Assim, o produto de solubilidade é uma
constante que precisa ser determinada. À temperatura bucal, o
produto de solubilidade para a substancia dentária é de 10-0'
mol'L-'S. Se o produto da atividade iónica for maior que o
produto de solubilidade, a saliva está supersaturada e pode
ocorrer a remineralização. Se o produto da atividade iónica é
menor que o produto de solubilidade, a saliva está subsaturada e
pode ocorrer desmineralização. Entretanto, a supersaturação ou
subsaturação da saliva não implicam que algo vai ocorrer com a
substância dentária, mas que pode ocorrer. Isto porque a saliva
contém proteínas específicas com efeitos inibitórios nestes
processos. 
pH crítico 
Quando o produto de atividade iónica é igual ao produto de
solubilidade da hidroxiapatita, a solução está saturada e não
ocorre remineralização ou desmineralização. Na literatura
odontológica, o valor do pH que corresponde a este nível de
saturação geralmente é denominado pH crítico. O valor do pH
critico é referido como um valor fixo igual a e usado como limiar
para determinação quando a desmineralização dentária pode
ocorrer na cavidade oral. O valor foi determinado na saliva
humana e assim refere-se apenas a este fluido e não a outros
como as bebidas não alcoólicas ou água com diferentes
composições químicas. Os determinantes principais do pH critico
são as concentrações totais de cálcio e fosfato na saliva. Já que
variações fluxo dependentes nas concentrações totais de cálcio e
fosfato ocorrem na saliva humana, o pH crítico pode variar para
uma unidade acima do pH crítico com diversas taxas de fluxo. A
saliva não estimulada terá pH crítico menor que a saliva
estimulada em função de uma concentração total maior de fosfato
na saliva não estimulada. Diversos indivíduos também podem ter
diferentes valores de pH crítico em função das variações
interindividuais nas concentrações totais de cálcio e fosfato na
saliva. Assim, o pH crítico na saliva não é uma constante, mas
uma variável dinâmica, que fica ao redor de um pH médio igual a
5,5. 
Fisiologia Especial
Capacidade tampão da saliva e controle do pH 
Após a ingestão de alimentos que contém açúcar, o pH da
placa cai e permanece reduzido até que o açúcar seja
removido da boca e as bactérias que produzem ácido sejam
tamponadas. A magnitude da queda no pH é determinada
pela quantidade de ácido produzida pelas bactérias e pela
capacidade tampão da saliva, este último ato contrapondo a
queda no pH. Uma medida mais simples para a capacidade
tampão da saliva é o "efeito tampão", que é determinado pela
adição de uma quantidade fixa de ácido numa quantidade fixa
de saliva e, então, tem-se a leitura do pH final. A partir
das curvas de titulação, a capacidade tampão da saliva pode
ser determinada em milimoles de íons hidrogénio/ (litro de
saliva unidade de pH) num certo intervalo de pH, já que a
capacidade tampão pode ser determinada para uma faixa
limitada pH, este método permite uma descrição detalhada do
tema tampão na saliva humana, que pode ser caracterizado
como fosfato, bicarbonato e proteico. 
O sistema tampão fosfato 
O pK para esse equilíbrio fica ao redor de 7 na saliva
humana, onde o pK é a constante de dissociação que indica
quando metade do sistema tampão está na forma básica e
metade, na forma ácida. Em geral, tampões como o fosfato e
bicarbonato tem seus melhores efeitos na faixa de I unidade
de pH ao redor dos seus valores individuais e com a maior
capacidade no valor do pK. Já que a concentração total de
fosfato na saliva diminui com uma taxa de fluxo aumentada,
a contribuição do fosfato para a capacidade tampão geral
diminui entre 50% na saliva em repouso até 10% na saliva
superestimulada. 
O sistema tampão bicarbonato 
As concentrações de bicarbonato na saliva variam de 3-5
mmol/L na saliva em repouso até o nível plasmático venoso
de 25-28 mmoI/L na saliva superestimulada. Devido às
variações, a contribuição do tampão bicarbonato para a
capacidade geral varia desde menos da metade da saliva com
repouso para mais de 90% na saliva estimulada, produzida
em altas taxas de fluxo. Entretanto, apesar desses efeitos, a
capacidade tampão da saliva humana ainda é moderada,
comparada, por exemplo, com a capacidade tampão do leite.
Após alguma dissolução ter ocorrido, o sistema tampão da
saliva pode superar o desafio ácido remanescente na
produção de ácido pela placa dentária e, assim, aumentar o
pH da placa, como mostrado pela curva de Stephan. 
Saliva e risco de desenvolvimento de lesões cariosas 
Em geral, a cárie pode se desenvolver em todos os
indivíduos, independentemente do fluxo e da composição
salivar. Nos pacientes que receberam radiação na região de
cabeça e pescoço, e também nos pacientes com doenças
autoimunes das glândulas salivares como na síndrome de
Sjógren primária, a ausência de saliva pode levar ao
desenvolvimento rápido de cárie, mesmo em locais atípicos
como superfícies lingual, incisal e ponta de cúspide. Assim, o
conhecimento sobre a condição salivar num determinado
paciente é uma ferramenta valiosa na identificação de
pacientes em risco, e pode dar ao clínico a possibilidade de
avaliar o prognóstico e plano de tratamento individualmente. 
Quantidade de saliva 
Nos pacientes com quantidade reduzida, as propriedades
mecânicas e de limpeza estão dificultadas. Assim, diversos
estudos clínicos têm mostrado que uma capacidade reduzida
na produção de saliva está associada com experiência de
cárie aumentada. Um fluxo salivar baixo e especialmente
uma taxa não estimulada também parecem favorecer uma
microbiota mais acídica e cariogênica rica em bactérias
acidogênicas e acidúricas, como os lactobacilos e
estreptococosmutans. Os efeitos longitudinais do fluxo salivar
baixo são muito mais complexos que as ações puramente
mecanísticas relacionadas aos tempos prolongados de
limpeza. O primeiro passo na identificação de um indivíduo
com potencial hipofunção da glândula salivar inclui um
questionamento abrangente a ele, incluindo questões sobre
ingestão de medicamentos, doenças crónicas e terapia de
irradiação prévia para região de cabeça e pescoço. Ele
também deve incluir questões sobre os sintomas de secura
bucal e funções orais comprometidas relacionadas à secreção
salivar como requisito mínimo, a quantificação da saliva
deveria ser realizada cm pacientes com sintomas de
xerostomia, e nos pacientes em que a inspeção clínica de
rotina mostra uma atividade de cárie aumentada ou
comprometimento da integridade da mucosa (secura ou
infecção por fungos). 
Fisiologia Especial
A qualidade da saliva 
Os dentes que sio mais banhados pela saliva, os incisivos e
caninos inferiores, são menos suscetíveis às cáries que os
dentes em outras regiões bucais. Tais diferenças intraorais
para suscetibilidade de cárie resultam em parte das diferenças
intraorais na limpeza, e também das diversas substancias na
saliva que protegem contra a cárie. Ainda, a introdução de
medidas preventivas poderosas de controles como o dentifrício
fluoretado, pode de alguma forma ter reduzido a importância
dos fatores biológicos mais fracos, como a capacidade tampão
salivar c os níveis de saturação da hidroxiapatita. Uma
melhora no sistema antimicrobiano individual, ou um aumento
na concentraçà0 proteica antimicrobiana salivar (ex., por
alguns produtos de higiene), geralmente não fornece melhor
proteção contracárie nos indivíduos com fluxo salivar normal.
Entretanto, diversos estudos tem mostrado uma relação
inversa entre a atividade aglutinadora da saliva e colonização
por Strcptococcusmutans, e também uma correlação positiva
entre a atividade promotora de adesão para microrganismos
patogénicos da saliva e a cárie dentária. Visto que 0 perfil
individual das proteínas salivares que medeiam a aglutinação c
inibição da adesão bacteriana parece ser geneticamente
determinado, novos aspectos sobre a composição salivar na
cárie dentária podem surgir no futuro. 
Tratamento da hiperfunção das glândulas salivares 
Pacientes com hiperfunção da glândula salivar estuo dispostos
a cárie e infecções na mucosa bucal. aconselhamento sobre
dieta, assim como aplicaçác regular de flúor tópico para
reduzir a atividade de cárie c ajudar na preservação da
dentição. Nos pacientes com fluxo salivar reduzido, o efeito
benéfico do flúor na substancia dentária é prolongado em
função da limpeza oral reduzida. O estímulo gustatório ou
mastigatório com uso regular de doces ou goma de mascar
sem açúcar sio estimulantes ao aumento da secreção salivar.
Sialogogos farmacológicos (ex., pilocarpina e cevimelina),
através da ação dos receptores muscarinicos colinérgicos no
tecido glandular salivar, podem aumentar a secreção nos
pacientes com tecido glandular remanescente. Eles deveriam
ser prescritos somente com a concordância do médico do
paciente, evitando-se efeitos colaterais inesperados como o
agravamento da doença cardíaca ou interações
medicamentosas. 
 
Observações finais 
A saliva possui diversos efeitos na proteção contra cárie,
alguns pela inibiçáo das bactérias, outros pela diluição e
eliminação das bactérias e seus substratos, pelo
tamponamento dos ácidos bacterianos, ou pelo ambiente
reparador depois da desmineralização dentária induzida
por bactérias. Os pacientes que sofrem de hipofunçà0 da
glândula salivar estio em risco de desenvolvimento de
cárie, e riam receber um programa profilático individual.
incluindo tratamento preventivo intenso contra cárie. Isto
representa instruções para melhorar a higiene oral do
paciente, aconselhamento dietético adequado, e uso
direcionado de antimicrobianos e aplicação regular de
flúor tópico para ajudar a preservar a dentição quando a
proteção natural dada estiver reduzida. 
Fisiologia Especial

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